Início Site Página 449

Vai-Vai canta forte e coroa manos, minas e o povo da Bela Vista em ensaio de rua

Por Gustavo Lima e Will Ferreira

Uma das alcunhas mais tradicionais quando se pensa no Vai-Vai é “Escola do Povo”. A agremiação, que quase sempre ensaiou na rua ao longo da história, voltou a pisar o asfalto na tarde do último sábado. E, junto de tal ensaio, uma das características mais marcantes da Alvinegra se fez presente: o canto fortíssimo da comunidade. Cantando o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, abrindo o sábado de carnaval (10 de fevereiro), a agremiação já tem nova atividade marcada no próximo domingo, já em ritmo forte visando o carnaval de 2024.

Integrante da comissão de carnaval da escola, Luiz Robles focou na retomada de uma tradição da Saracura – nome de um córrego que foi canalizado na região da Bela Vista, espaço onde a escola cresceu e como também a agremiação pode ser chamada. “Para nós, não é só uma avaliação. É uma reconexão com o bairro e com a rua. A gente necessita disso, já que ficamos presos na quadra do Sindicato dos Bancários e a gente acaba perdendo uma referência. Vir para a rua é se reconectar com tudo que sabemos fazer e trazer esse ensaio belíssimo, debaixo de um tempo adverso. A palavra certa é conexão, na verdade. Avaliando alguns pontos de andamento e de tempo, tivemos algo positivo para um primeiro ensaio em uma escola que veio grande”, destacou, relembrando o fato de que a Alvinegra, após ter sua quadra demolida para a construção da futura estação 14 Bis do metrô – muito embora segmentos da sociedade queiram a mudança da nomenclatura para Saracura/Vai-Vai.

Também um dos diretores de Harmonia da agremiação, juntamente com Paulo Melo, Robles mostrou-se bastante satisfeito com o que ouviu no ensaio de rua – e aproveitou para fazer uma crítica ao equipamento locado. “Foi positivo para nós verificar o canto forte da comunidade no ensaio de rua. Acho que o samba está ajudando bastante, ele cresceu muito. Da primeira apresentação dele na quadra após a escolha, sentimos que teríamos um canto muito mais forte do que a gente imaginava por ser um samba novo – quando comparamos com o samba anterior é até desleal, já que era um samba que estava na boca do povo. O samba de 2024 pegou e hoje o carro de som não ajudou muito, o que elevou ainda mais o canto. Para nós, não temos o que falar. Foi super positivo”, destacou, relembrando “Eu Também Sou Imortal”, samba de 2005 reeditado pela escola com o qual foi campeão do Grupo de Acesso I de 2023.

vaivai rua24 1

Intérprete da agremiação, Luiz Felipe, também comemorou o resultado da atividade. “Primeiro ensaio maravilhoso! A gente não precisa pedir nada para essa escola, o povo vem junto e abraça, como sempre. A tendência é melhorar. Temos setenta dias para o carnaval e a tendência é melhorarmos cada vez mais para buscar um grande resultado no dia 10 de fevereiro”, finalizou.

vaivai rua24 3

Nem mesmo as condições climáticas, com céu nublado e garoa, tirou o ânimo de Clarício Gonçalves, presidente do Vai-Vai. “Eu só tenho gratidão a esse povo. Saímos dos Gaviões às 5h da manhã, mas honraram com o compromisso do ensaio e chegou com esse tempinho agradável. A comunidade chegou em peso e, como sempre, é gratificante saber que todo mundo está cantando o samba. Estamos nos preparando para o Carnaval 2024 trabalhando para errar menos e alcançar o nosso objetivo”, afirmou, relembrando um evento na noite anterior com presença da escola. Sobre as diferenças de um ensaio na rua para um de quadra, ele mesmo explica. “A diferença do ensaio de quadra é que lá nós fazemos em dois setores. Dividimos o ensaio em duas partes. O interessante é que agora conseguimos fazer o ensaio completo”, finalizou.

vaivai rua24 4

Vale destacar que o ensaio de rua teve concentração na esquina das ruas Manoel Dutra e João Passalacqua, subindo dois quarteirões e se dispersando na praça Dom Orione – ambos os pontos localizados na Bela Vista, reduto da escola.

Comissão de frente

Com cerca de seis componentes, o primeiro setor do Vai-Vai veio sem fantasias e executando passos coreográficos, sem avançar muito em relação à ala seguinte. Não foram notados tripés e foi possível perceber muito cuidado ao executar a dança por conta do asfalto úmido graças à garoa que caiu ao longo de toda a tarde paulistana.

vaivai rua24 2

Mestre-sala e Porta-bandeira

Experientíssimos e com quatro títulos na escola, Renatinho e Fabíola Trindade tiveram mais uma apresentação segura junto à escola. Desde antes do ensaio, por sinal: na roda de samba antes da atividade começar, o mestre-sala era um dos mais animados, cantando, pedindo o canto da comunidade e tocando pandeiro. Altamente sincronizados, a rua escolhida pela direção da escola, sem grandes buracos e/ou ondulações, ajudou o desempenho da dupla, que tinha muito espaço para fazer os cadenciados e graciosos giros. Vale destacar, também, que Fabíola não precisou segurar o pavilhão em momento algum e que ela estava com uma bota para dar mais estabilidade ao pé. Com um vento gelado, mas não tão forte assim, a exibição foi segura, arrancando aplausos a cada vez que o pavilhão era desfraldado.

vaivai rua24 5

Harmonia

Certamente o grande destaque do ensaio de rua. Mesmo as primeiras alas, que por vezes não são das mais animadas, tiveram bastante força ao cantar – com destaque para a Ala das Baianas, a “Somos Todos Irmãos” e a “Resplandeceu”. O canto ficou sempre forte ao longo da atividade, mas era fortíssimo no início da exibição e nos agrupamentos mais próximos à bateria – quando ela entrou no recuo, feito na rua Conselheiro Carrão, era visível a empolgação de cada desfilante ao passar em tal esquina. Se não foi uniforme, a comunidade do Bixiga (região que não mais existe oficialmente, mas fica dentro da Bela Vista e até hoje é citado pelos componentes) superou muitas expectativas e contagiou quem se divertia ao ver a escola passar. Vale destacar, também, a cobrança de vários Harmonia para que que cada componente cantasse – a reportagem notou que até mesmo uma pré-adolescente, que fazia coreografias, foi chamada atenção por uma diretora de ala para que cantasse. Quem também se destacou foi a Velha Guarda, tradicionalmente uma das últimas alas, que cantava e interagia com todos.

Evolução

Era perceptível a preocupação dos Harmonia do Vai-Vai com o espaço entre as alas. As alsa logo após o segundo carro, por exemplo, ficavam muitas vezes próximas demais. Uma das alas coreografadas, que vinha à frente do conjunto de passistas, também requeriu especial atenção. Sem buraco algum ao longo da apresentação, a escola já tinha coreografias bastante definidas. A ala dos passistas, por sinal, chamou atenção por um pedido da diretora do contingente: ela pediu para que quatro deles estivessem na frente, liberando as demais fileiras para terem número diferente. Também é importante pontuar que, embora não houvesse pressão dos staffs para formação de fileiras, elas se formavam de maneira natural.

vaivai rua24 6

Samba

Se não é um dos favoritos da comunidade do samba paulistano, a canção foi cantada de maneira forte pelos componentes. Como destacado por Luiz, um dos diretores de Harmonia da instituição, a música foi bem recebida pelos componentes da escola. Além do refrão principal (“Olha ‘nóis’ aí de novo, coroa de rei/Capítulo quatro, versículo três/Vai-Vai manifesta o povo da rua/É tradição e o samba continua”), os primeiros versos da segunda estrofe (“Solta o som, alô DJ/Que eu mando a rima para embalar manos e minas”) também tinham especial força, principalmente por movimentações executadas pela “Pegada de Macaco” – bateria da escola. Vale pontuar, também, que muitas vezes o canto de Luiz Felipe, intérprete da escola, encontrava-se distante – na entrevista de Luiz Robles, ficaram evidentes problemas no carro de som utilizado.

Outros Destaques

A “Pegada de Macaco” não contou com integrantes da corte da bateria – formada pela rainha Madu Fraga, pela madrinha Negra Li e pela princesa Giuliana Silva. A rainha esteve presente no já citado evento na quadra dos Gaviões da Fiel, na madrugada de sexta para sábado; e já informou pelas redes sociais que estará presente no ensaio no próximo domingo. Os ritmistas, por sinal, fizeram o que é tradicional do Vai-Vai: poucas convenções, levantando o povo presente mesmo assim.

São Paulo elege a Corte do Carnaval 2024 em noite de discursos fortes e muito samba no pé

Por Lucas Sampaio e Fábio Martins

A cidade de São Paulo conheceu na noite do último sábado a Corte do Carnaval 2024, eleita em concurso realizado na Fábrica do Samba. A comunidade do carnaval compareceu em peso para reverenciar os novos monarcas, com todos os participantes contando com volumosas torcidas para dar apoio. Ricardo Lima, da Tom Maior, foi eleito Rei Momo em uma disputa envolvendo sete candidatos. Entre as doze mulheres postulantes, foram eleitas a Rainha do Carnaval Jennifer Weida, da Mocidade Unida da Mooca, a Primeira Princesa Bruna Negreska, da Tom Maior e a Segunda Princesa Tatá Soares, da Unidos do Peruche. Os vencedores foram escolhidos após o julgamento de três diferentes atuações para o júri que contou com a participação da atriz Rita Cadillac compondo o corpo de sete jurados.

CorteCarnaval et CorteCarnaval2024
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Rainha que quebrou paradigmas

Quando subiu ao palco para se apresentar no quesito Comunicação e Elegância, a Rainha Jennifer Weida começou a manifestar sua majestade. “Se presenteie com a chance de ao menos tentar” foi uma das marcantes frases de seu cativante discurso, com direito a uma risada sutil ao final que levou o público ao delírio e conquistou aplausos dos jurados. A apresentação da dança no ritmo do Partido Alto e Samba Rasgado foi o suficiente para tirar qualquer dúvida que o júri poderia ter, também marcada por um desempenho de alto nível. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a vencedora maior do concurso falou sobre o que representou para ela a conquista.

CorteCarnaval et RainhaWeidaCoroa

“É representatividade de quebrar barreiras, paradigmas. É como eu falei, eu tenho um perfil diferente do que geralmente o carnaval, o samba adota para uma Rainha do Carnaval de São Paulo. A mulher alta, grandona, do corpão. Eu quebrei essa barreira, essa era a intenção. Existem muitas outras meninas com o mesmo perfil que eu que sonham em subir nesse palco e se tornar da Côrte Real, se tornar uma grande Rainha, mas infelizmente o seu perfil não é adotado por mais talento que ela tenha. Uma precisava vir, enfrentar todas as dificuldades e dar o seu melhor para as demais falarem: ‘na próxima vez sou eu’. Para mim está sendo grandioso, estou muito feliz com essa oportunidade. Agradeço à torcida, agradeço à Mocidade Unida da Mooca e ao presidente Falanga pela oportunidade. Eu sou prata da casa da escola de samba do Vai-Vai, sou prata da Unidos de Guaianazes, mas foi a MUM que me deu a oportunidade para realizar o meu sonho. Chegar aqui com o pensamento que eu sempre mantive desde o começo de quebrar essa barreira. Da menina magrinha, pequenininha, mirradinha se tornar uma grande Rainha. Eu espero que as portas sejam abertas para outras meninas. Para mim está sendo gratificante”, declarou.

CorteCarnaval et RainhaWeida

A preparação para o concurso contou com o apoio de seus professores como suporte, além da necessidade de superar os tantos questionamentos feitos a sua capacidade para ser uma candidata competitiva.

“Comecei em abril. Eu ia o ano passado caso a minha escola, Unidos de Guaianazes, conseguisse subir. Não aconteceu, e foi quando esse ano os meninos conversaram comigo, meus professores Marcus Prado e Victor Allonzo: ‘vamos para o Rainha’. ‘Tem certeza?’. ‘Tenho’. ‘Tá comigo, tô com você’, e eles fecharam comigo. De lá para cá a gente vem enfrentando algumas dificuldades, mas eles não largaram da minha mão, me apoiaram. Bem agora nesse período final de dois, três meses do concurso, essa preparação mais intensa, eles foram fazer turnê lá fora. Foi assim: eles lá e eu aqui, online, sem perder o foco, sempre conversando. Continuar na persistência não foi fácil, enfrentei muitas dificuldades. Como falei, você se preparar para um concurso de tal tamanho como esse e tendo muitos nãos, muitas pessoas desacreditando de você, não é fácil. Não é fácil, de verdade. Eu chorava bastante. Falei: ‘meu Deus, o que que está acontecendo?’, mas eu não podia desistir do meu sonho. Eu não podia desistir. Acabei blindando tudo isso e comecei a trabalhar com o que eu tinha, ensaiar com o que eu tinha, como eu podia. Era trabalho, era sair tarde do serviço para poder ir procurar um espaço para poder ensaiar às altas da noite, dormindo sempre de madrugada… Deu, deu certo”, detalhou.

CorteCarnaval et CorteCarnaval2024
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

A Rainha do Carnaval 2024 demonstrou grande apreço a festa que tanto ama, clamando pela alegria e respeito às diferenças ao falar sobre suas expectativas para o próximo ano.

“Eu espero o que sempre nós esperamos como sambistas do carnaval. Com ele, o maior espetáculo da Terra, cheio de energia, cheio de alegria, de diferenças. Todos os padrões, todos os perfis se encaixam em um só. Que a gente possa comemorar essa festa que a gente trabalha incansavelmente todo ano para poder fazer acontecer. Cada um no seu setor, mas trabalha grandiosamente para fazer acontecer. Para receber o folião que vem lá de fora do Brasil, de todo canto do mundo, para ver de perto o mais lindo show, o maior espetáculo da Terra, de pertinho. Eu espero que seja tudo maravilhoso. Já está sendo, já começou muito bonito para mim e vou dar o meu melhor, vou me dedicar junto da minha Côrte para fazer o diferencial nessa festa linda”, concluiu.

CorteCarnaval et FotoGeral

Verde e Amarelo em dose dupla

A comunidade da Tom Maior, que compareceu em peso para torcer por seus candidatos saiu da Fábrica do Samba em estado de graça com Ricardo Lima coroado como Rei Momo e Bruna Negreska como Primeira Princesa. Seus discursos orgulhosos em defesa da ancestralidade somados à leveza na dança foram fundamentais para convencer os jurados e garantirem suas conquistas.

O monarca eleito para reinar no carnaval de 2024 falou a respeito da emoção de vencer o concurso.

CorteCarnaval et ReiMomoRicardo

“É uma emoção única, não tem como descrever. Você não sente nem as pernas, nem o palco, nem nada. Você sente só entrando e o mais gostoso é saber que a gente tá fazendo pelo carnaval, pelo samba e pela nossa ancestralidade. É isso que eu sinto muito no meu coração pulsar muito. Eu acho que a minha missão é abrir os desfiles trazendo alegria pra todos os públicos que estão ali receber a escola com muita alegria, com muito mais amor.

Ricardo anseia para o próximo carnaval uma festa repleta de paz em nome do elemento maior que é o samba.

“Um Carnaval perfeito, com muita paz, com muito amor, fazendo tudo igual fazer sempre, sempre pelo samba. Quando a gente faz pelo samba e traz com paz, tudo flui normalmente. E quando flui normalmente acaba sendo muito mais fácil”, completou.

CorteCarnaval et ReiMomo1

Há dez anos defendendo o pavilhão da Tom Maior, Bruna Negreska demonstrou sua emoção ao falar sobre ser a Primeira Princesa do Carnaval 2024.

“Eu estou em êxtase. Poder vir pela segunda vez nesse concurso, que eu vim em 2020. Não entrei na corte, mas foi uma comunicação marcante as pessoas lembrando esse dia. Poder vir esse ano e ser coroada é sobre não desistir. É sobre resiliência, é representar a Tom Maior em dez anos que eu estou nessa escola. Isso aqui é deles, essa coroa, essa faixa são deles. Eles me receberam há dez anos e estão ali sentados me esperando. É só a união de uma família mesmo, e eu poder levar um pouquinho dessa alegria para eles não tem preço”, disse.

CorteCarnaval et PrincesaBruna

Bruna fez questão de clamar para que os sambistas compareçam aos desfiles das escolas de samba para também celebrarem esse momento tão especial.

“Há 10 anos em carnavais maravilhosos, mas esse vai ter um gostinho muito especial, com certeza. Estou vindo também de musa da minha escola, e poder ser coroada como princesa é um misto de emoções. Eu espero que nossos sambistas venham para o Anhembi e se divirtam, que a gente vai estar lá, esperando por eles”, completou.

CorteCarnaval et PrimeiraPrincesaBruna

Emoção da princesa confeiteira

Com direito a um forte discurso demonstrando o orgulho de suas conquistas ao empunhar um fuê, uma de suas ferramentas de trabalho, Tatá Soares conquistou a coroa de Segunda Princesa do Carnaval 2024 somando palavras encorajadoras com muito samba no pé. A confeiteira falou a respeito da emoção dessa importante conquista.

CorteCarnaval et PrimeirasPrincesas23e24

“Como eu estava falando eu tive vários momentos de superação, passei por algumas dificuldades em relação à saúde e por estar aqui hoje representando os meus amigos que me apoiaram, a minha religião da Umbanda, dos meus orixás, por Deus no universo que conspirou o meu favor por estar aqui hoje. É uma emoção que eu ainda não estou sabendo explicar, não estou sabendo mensurar, porque poder lembrar da Talita que tinha 12 anos e hoje, no auge dos 35 anos, estar aqui hoje liberando tudo e ter conquistado como segunda princesa não tem, eu não tenho como mensurar a felicidade que eu estou, estou tendo gratidão e obrigado pela oportunidade de vocês me entrevistarem”, declarou.

Questionada sobre o que significará para ela a conquista a partir de agora, Tatá fará da coroa de princesa mais um item de seu trabalho, além de garantir que cumprirá com sua missão de maneira honrada.

CorteCarnaval et PrincesaBruna 2

“Vai ter Tatá Soares na cozinha, de faixa e coroa, que não sou obrigada. Eu vou pegar metrô e trem também porque eu não obrigada. Essa segunda-feira eu trabalho, então temos a realidade. Vocês podem esperar muito de mim na Avenida porque eu vou sambar, vou curtir com todo mundo e vou poder mostrar o lado realmente que eu sou e vender meus brigadeiros, que eu vendo bastante brigadeiros”, afirmou.

Tatá falou sobre a necessidade de acelerar a recuperação de uma cirurgia para conseguir se apresentar em alto nível.

CorteCarnaval et Apresentacao

“Eu fiz uma cirurgia diária umbilical tem dois meses e o médico falou que eu só podia sambar depois de seis. Então eu tive trinta dias para poder me preparar, quando eu fiquei sabendo do concurso foi a corrida para poder me recuperar e para poder preparar a comunicação e tudo e deu tudo certo. Então assim, foi trinta dias de loucura e superação, mas deu tudo certo”, explicou.

Tatá pretende demonstrar no carnaval de 2024 a força da superação que fez a diferença para se tornar Segunda Princesa.

“É mais fácil o que o carnaval espera da Tatá, porque com certeza que com essa superação e essa conquista que eu tive hoje, eles podem esperar muita coisa boa que realmente vou representar todo mundo na Avenida”, concluiu.

Mais fotos

CorteCarnaval et SegundaPrincesaTataSoares CorteCarnaval et SegundaPrincesaTata2 CorteCarnaval et ReiMomo1 CorteCarnaval et RainhaWeida3 CorteCarnaval et RainhaWeida1 CorteCarnaval et RainhaWeida CorteCarnaval et PrincesaTataSores CorteCarnaval et PrincesaTata CorteCarnaval et PrincesaBruna1 CorteCarnaval et JuradaRitaCadillac CorteCarnaval et Escolhidos

CorteCarnaval et CorteCarnaval2024
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

CorteCarnaval et FotoGeral CorteCarnaval et CorteCarnaval2023 CorteCarnaval et CoroaPrincesa CorteCarnaval et CandidatosReiMomo CorteCarnaval et CandidatasRainha CorteCarnaval et Apresentacao CorteCarnaval et AdrianaLessa CorteCarnaval et AdrianaLessa 2 CorteCarnaval et 19

Leve, cheia de sensualidade e alegria, Mocidade faz primeiro ensaio com direito a ‘pós’ na quadra

A Mocidade Independente de Padre Miguel deu início nesteo último sábado à sua temporada de ensaios de rua em preparação ao Carnaval 2024. Aproveitando a temática do enredo e procurando dar um charme a mais, a escola chamou o evento de “Caju Folia”, não se configurando só no treino propriamente dito, mas também com o “after” tendo roda de samba na quadra da Vintém. Neste primeiro teste, a agremiação concentrou seu desfile, na praça Guilherme da Silveira, e teve de tudo: ala evoluindo de patins, carro de som novinho em folha, fogos, Castorzinho, Zé Paulo Sierra alucinado cantando de cima da passarela, compositores da obra 2024, a “Não Existe Mais Quente” cheia de paradinhas, segmentos completos, sensualidade na comissão de frente, caju e até a chuva que quis dar o ar da graça, mas pelo bem da noite não se firmou. No final, a comunidade feliz ainda foi curtir um pagode na quadra mais antiga da Verde e Branca da Zona Oeste, completando “os embalos de sábado à noite”.

mocidade rua2511 10
Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

Buscando apagar a imagem deixada após dois carnavais com resultados ruins no Grupo Especial, em 2022 e 2023, e desfiles marcados por problemas, a Mocidade inicia a preparação na rua com novo dia de ensaio, tendo a proposta de aproximar mais os componentes. O vice-presidente Luiz Claudio definiu a iniciativa da agremiação algo inerente ao enredo e enfatizou mais uma vez a importância de um tema leve, até mesmo para influenciar a organização de treinos na rua da Estrela Guia de Padre Miguel.

“É muito importante logo após a nossa disputa de samba já termos começado os ensaios de canto na quadra, e hoje já estar dando o pontapé inicial para a gente começar a trabalhar firme a técnica da escola juntamente com o canto. Sem dúvida nenhuma, a gente acaba o ensaio e vamos para a nossa quadra da Vila Vintém para poder fazer uma grande confraternização com todos do ensaio, com toda a comunidade e com todos os independentes. Esse enredo pede muito isso, o mundo do carnaval abraçou o nosso enredo e tenho certeza que vai ser um sucesso e como já falei outras vezes, acredito que depois do que a gente passar na Avenida em 2024, a tendência do carnaval nos próximos anos, pode voltar a ser uma ideia que a Mocidade retorna, ao ter um enredo leve, um enredo sexy, um enredo suculento e tudo que hoje o nosso país, e o nosso mundo do samba, as pessoas que vão à Sapucaí querem encontrar a felicidade. E o enredo da Mocidade retrata isso, a felicidade do povo brasileiro”, define o dirigente.

Novidade para o carnaval 2024, a comissão de carnaval é formada pelo carnavalesco Marcus Ferreira e o trio de diretores Wilker Jorge, Vânia Reis e Marcelo Plácido. Ocupada em apresentar o primeiro casal, além de organizar alas e a dinâmica de entrada dos componentes, Vânia também explicou o que a diretoria levou em consideração para definir os treinos da rua no sábado à noite.

mocidade rua2511 5

“É uma aposta nova para esse ano, nós nunca fizemos ensaio dessa forma, já ensaiamos as segundas-feiras, já ensaiamos no Campo do Bangu, no campo da Castelo Branco, na Praça do Canhão e aqui por último, tradicionalmente, os nossos ensaios eram sempre aos domingos, é uma proposta nova, porque quando acabava o ensaio no domingo, de fato, todo mundo dispersava, ia embora, porque na segunda-feira estava todo mundo na labuta, mesmo a gente fazendo um pagodinho na quadra, nem todo mundo podia ficar. É uma maneira da gente entrar para quadra e até avaliar como foi o ensaio, mas de uma forma mais descontraída, podendo curtir um pagode, essa é a intenção. É para a gente confraternizar. É uma alegria, e comentar como foi o ensaio, ainda fresco na memória, aquele sentimento e lá a gente conversa também e apara as arestas”, revela a diretora.

Vânia também explicou a importância da escola vir logo para a rua para treinar movimentos, evolução, canto em deslocamento, além de elogiar o trabalho de preparação desenvolvido pelos profissionais da Mocidade.

mocidade rua2511 14

“A gente já tinha uma expectativa muito positiva porque começamos os ensaios de canto na quadra. A comunidade abraçou o nosso samba, é uma obra fácil, leve, todo mundo cantando com muita alegria. Hoje deu uma preocupada por conta do mau tempo, mas isso também já serve como ensaio, porque se chover no dia a gente vai ter que estar com a mesma garra, a expectativa é muito grande de ver a Praça da Guilherme cheia dos independentes cantando com muita garra o nosso samba. Nós temos dialogado bastante, o fato de ser uma comissão de carnaval foi muito bom porque ninguém fica sobrecarregado, e a gente divide as tarefas. Nós quatro, cada um com uma fatia do bolo, não fica pesado para ninguém. E o diálogo sobretudo, o nosso vice-presidente e o nosso presidente, o Luiz Claudio e o Flávio Santos, estão dialogando bastante com a comissão, nada está sendo imposto, todas as decisões são tomadas em conjunto e isso tem feito com que o trabalho flua. Está bem agradável trabalhar”, assegura a diretora de carnaval.

mocidade rua2511 4

“Pede caju que dou… Pé de caju que dá!” é o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira. Por força do regulamento, após terminar a apuração de 2023 em décimo primeiro lugar, a escola terá a missão de abrir as apresentações na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio.

Duda buscando a excelência e Zé Paulo nos braços da escola

Com quase 20h da noite, a “Não Existe Mais Quente” fazia o seu deslocamento para entrar no primeiro recuo ainda na Rua Sidnei que corta a praça e desemboca na Coronel Tamarindo, via de deslocamento do ensaio da Mocidade. Dos ritmistas de Dudu também veio o início do samba 2024 neste primeiro treino, antes do primeiro acorde. Feliz com a obra escolhida para o próximo desfile, mestre Dudu enfatizou a importância da obra para um bom desfile da escola, já gerando grande expectativa pelo seu brilho nos treinos nos arredores de Padre Miguel e da Vila Vintém.

mocidade rua2511 1

“A gente vem de dois carnavais um pouco complicados e para a nossa felicidade a escola acertou no samba. A gente sabe que um samba bem escolhido é um grande passo, acho que é metade do carnaval, e eu sempre falo dentro da escola que se cada uma fizer a sua parte a Mocidade vai voltar para o lugar de onde não deveria ter saído. Estou muito feliz por esse momento de retorno a rua, tivemos todos tristes pelo o que passou, mas passou, beleza, e falando de bateria, a escola gabaritou esse ano, depois de muitos anos sem gabaritar, então, um momento muito feliz ‘Não Existe Mais Quente’ como um todo, e é o que eu falo para todos, a gente tem que manter esse legado. Hoje eu vou de fato atender a esse samba, o samba é bom , mas hoje que eu vou colocar a bateria na rua, vou andar, sentir o clima do samba, vou dar o trabalho para escola, o trabalho que ela merece, e na bateria um trabalho sempre esperado pelo escola”, promete o comandante da Não Existe Mais Quente.

mocidade rua2511 2

Com os arranjos já pensados desde a disputa de samba, mestre Dudu já começou a trazer para o ensaio de rua aquilo que vai levar para a Sapucaí. O diretor de bateria explicou ao site CARNAVALESCO como vê este processo de inserção de paradinhas, bossas e convenções.

“O andamento a gente também vê a partir do ensaio de rua, mas a nossa proposta, desde que eu assumi a bateria em 2016, é fatiar o samba em quatro partes, a cabeça do samba, refrão do meio, a segunda do samba e o refrão de baixo, para que a gente possa a qualquer momento mostrar a bossa para o jurado. Está tudo muito rápido, parece que o carnaval já é amanhã, está tudo muito rápido, já conseguimos executar duas, temos duas bossas já montadas, ensaiamos com a bateria, vou largar o aço, deixar algumas passadas sem bossa para poder entender o desenho do tamborim, da cuíca, chocalho e também fazemos ensaio só de bateria também. A proposta para o desfile é quatro paradinhas e dois arranjos, o trabalho vai ficar bonito, pode aguardar a Mocidade”, garante mestre Dudu.

mocidade rua2511 13

Debutando nos ensaios na Guilherme da Silveira, o intérprete Zé Paulo Sierra confessou sobre o frio na barriga antes deste primeiro treino, mas no que externou no canto e performance foi um artista já bastante entrosado com os independentes e a comunidade da Vila Vintém. O cantor, adepto de estar próximo a galera, como vinha fazendo nos ensaios de quadra, esteve sempre ao lado, ou no meio dos componentes. Até no inusitado, subiu para cantar em uma passarela que durante os ensaios na Rua Coronel Tamarindo, virá arquibancada com fogos e bandeiras penduradas. As ações são resultado de um profissional já bem à vontade em sua nova casa.

mocidade rua2511 7

“Estou muito feliz porque também é muito novo para mim hoje aqui, primeira vez que eu venho, o clima, o astral é muito bom, você estar dentro da comunidade de uma escola de samba que é gigantesca como é a Mocidade, você já sente esse clima, essa energia boa, a expectativa é a melhor possível, coração disparado ,com muita vontade de começar logo tudo para poder fazer bonito na Guilherme”, falou o intérprete ainda antes de sua estreia nos ensaios da famosa praça em Bangu.

mocidade rua2511 8

E o samba, com toda a sua leveza, irreverência e alegria permitiu a Zé Paulo extravasar e ser o tempo todo o artista que a gente conheceu em tempos de Viradouro, mas que nos últimos anos estava um pouco mais contido. O cantor elogiou bastante a obra da Mocidade para o carnaval 2024 e projetou a música como “sucesso” sempre bastante esperado nos eventos de carnaval.

mocidade rua2511 15

“Estamos com uma expectativa grande do nosso samba, até para sábado que vem no lançamento do álbum da Liesa na Cidade do Samba, que vai se grande porque as pessoas esperam o samba da Mocidade, a gente teve isso no Guardiões da Favela, foi bem legal porque fomos a última a se apresentar, mas tinha bastante gente esperando a gente cantar, muito por ser a Mocidade, mas também pelo samba que tem um apelo muito forte com o público. Hoje a gente já vai ter esse termômetro bacana, que já tivemos na quadra, a gente acabou gravando o samba ao vivo na quadra, o pessoal está muito empolgado e feliz com o samba que a gente escolheu. A expectativa pelo alto rendimento do samba, não só das pessoas da comunidade, mas das que vieram. Estou muito confiante que a gente faça um grande desfile porque temos um grande samba”, conclui Zé Paulo Sierra.

Casal adiantado na coreografia e comissão de frente ‘causando’ em ensaio

Puro suco da arte. O mestre-sala Diogo Jesus e a porta-bandeira da Mocidade Bruna Santos, garantias de notas e grandes destaques da escola nos últimos anos, se fizeram presentes no primeiro ensaio de rua para o Carnaval 2024 já mostrando um pouco do que pretendem levar para a Sapucaí. Com vestimentas predominantemente na cor branca, a dupla foi muito aplaudida e ouviu sempre palavras de incentivo a cada movimento executado. Já com o trabalho adiantado, o casal contou mais sobre o andamento da preparação.

mocidade rua2511 11

“Nós fizemos uma base de coreografia, a gente acredita que a nossa coreógrafa vai mudar muito ainda daqui para o desfile. Mas assim, é bom ter a base, porque a gente vai incrementando e pegando os pontos positivos da coreografia, e tirando os pontos negativos. O bom é que a gente já tem a base e vamos ver se vai mudar, não vai. Hoje viemos fazer um teste para ver se o espaçamento físico está bom, se não está. A gente espera mudar e mudar para melhor”, explica Diogo.

“A gente já está com a coreografia pronta, mas ainda deve mudar muitas coisas, porque a gente idealiza uma coisa, mas quando a gente coloca na prática, algumas coisas se sente a necessidade de serem mudadas, mas 60 por cento da coreografia já está pronta”, entende Bruna.

O casal também ressaltou a importância do treino na rua como ensaio técnico, mas também como encontro para receber o calor da comunidade e dos independentes.

“É muito bom estar de volta aqui no ensaio de rua, agora é um novo dia, no sábado, um dia de festa de alegria, onde todo mundo aproveita para curtir um pagodinho, um samba, é muito bom então os ensaios terem voltado dessa forma, mas temos que batalhar, toda comunidade, para fazermos um grande desfile, eu e o Diogo hoje vamos começar a fazer algumas coisinhas do desfile, e esperamos que dê tudo certo daqui para frente”, projeta Bruna.

“A expectativa é sempre boa, para a gente encontrar a nossa comunidade, para treinarmos juntos da comunidade na rua, é um ensaio técnico que a gente visualiza o nosso andamento, para gente é importante, esse contato também com o público em geral de Padre Miguel, a gente sentir esse calor, essa emoção que eles nos passam. Por incrível que pareça, eu nunca achei a Mocidade internamente com esse aspecto de ter que ir para a Sapucaí para fazer um grande trabalho a ponto de superação, pelo contrário, acho sempre muito leve, e esse ano não foi diferente. Porém, a gente como casal sabe que a nossa responsabilidade é maior, mas eu tenho certeza que vamos chegar na Sapucaí prontos para garantir a nossa nota, e a escola também garantir os pontos que ela precisa garantir”, acredita o mestre-sala da Mocidade.

mocidade rua2511 6

Quem também mexeu muito com o público que assistia o ensaio e recebeu muitos aplausos foram os bailarinos da comissão de frente de Paulo Pina. Com uma coreografia que trazia muita irreverência, intensidade, mas sobretudo sensualidade, a comissão abriu muito bem o desfile na Rua Coronel Tamarindo. Em um momento no trecho “Tarsila pinta a sanha modernista…”, os dançarinos faziam pose como se fossem um retrato arrancando mais aplausos e gargalhadas de quem acompanhava nas calçadas. Sobre o enredo, Paulo Pina definiu que a temática ajudou bastante a desenvolver seu trabalho até aqui.

mocidade rua2511 9

“O enredo bem mais leve, samba bem mais gostoso de trabalhar, no meu segmento particularmente, estou muito satisfeito com o que venho fazendo para o próximo desfile, como ideia, como projeto e com certeza, esse ano, está uma vibe muito mais tranquila, estou muito confiante, e espero entregar um bom trabalho”, espera o coreógrafo.

Paulo também elogiou os ensaios de rua, definindo-os como etapa importante do seu planejamento e preparação para o desfile.

“Eu ama ensaio de rua, trago sempre a comissão, acho que é o ensaio técnico, não deixa de ser, e a partir do público eu vejo se a galera está sentindo a coreografia, se está de acordo com o que as pessoas esperam, acho que é um termômetro muito bom para o meu trabalho saber se estou agradando a galera, como está o andamento na comunidade, que é diferente do ensaio técnico na Sapucaí. Eu particularmente amo o ensaio de rua e conto como ensaio técnico para mim”, conclui.

Com o Dia Nacional do Samba se aproximando e a Mocidade abrindo o segundo dia de apresentações na Cidade do Samba na festa de lançamento do álbum com os sambas da Liesa, a Verde e Branca de Padre Miguel só irá realizar seu próximo ensaio de rua no dia 09 de dezembro na Praça Guilherme da Silveira.

Em homenagem, Rosas de Ouro tem grande noite de ala musical em ensaio

Por Will Ferreira e Lucas Sampaio

A sexta-feira fria na Zona Norte de São Paulo foi de homenagens na quadra do Rosas de Ouro, na Freguesia do Ó. Para homenagear Bahia, integrante do departamento de Alegorias da escola e vítima de um infarto horas antes do ensaio da semana começar, a escola contou com uma potente ala musical, honrando o baluarte que se foi. Para defender o enredo “Ibira 70 – A Rosas de Ouro é São Paulo no Carnaval 2024”, a agremiação teve noite inspirada da equipe de canto e da bateria.

rosas ensaio quadra6

Com a palavra, a ala musical

O bom desempenho dos ritmistas, na visão do mestre Rafael Oliveira, popularmente conhecido como Rafa, vem da sequência do trabalho desenvolvido pela equipe comandada por ele. “Nós não mudamos nada no nosso trabalho, ele é sempre intenso. Em 2023, fizemos seis bossas; para o ano que vem, já estamos com quatro – e vamos colocar mais uma, além de um arranjinho. Para nós, não muda nada: são dois ensaios por semana, daqui a pouco serão três ou quatro… e será assim até o carnaval”, destacou o comandante do segmento na agremiação desde 2014.

Ainda na linha da sequência de trabalho, Rafa pontuou que o segmento comandado por ele não terá grandes alterações em relação ao desfile desse ano. “Não usamos nenhum instrumento diferente e não temos um instrumento específico, as bossas são em cima de todos os instrumentos, com pergunta e resposta e coisas com chocalho desenhando junto com o tamborim e com o surdo de terceiro. Mas não temos uma ênfase especial em algum naipe. É uma Bateria com Identidade tradicional e com ousadia, mas sem novidades de instrumentos nesse ano”, comentou, aproveitando para destacar alguns instrumentos.

Já Carlos Junior, intérprete da agremiação, buscou o autoencorajamento para se inspirar. “Eu sempre me baseio pela motivação. Ontem mesmo eu estava tendo essa conversa com o vice-presidente Osmar. Eu falei: ‘Osmar, eu só preciso estar motivado de energia e sinergia’. A gente vai trabalhar de manhã, e faz tempo que eu não desfilo de manhã. O Rosas trabalhou de manhã mais recente que eu. Acho que a última vez que eu trabalhei de manhã foi quando teve aquele atraso por conta de carro da Dragões que quebrou, lá na império, mas eu estava totalmente preparado porque já estava duas, três horas ali já conversando. Eu estava totalmente preparado, só que eu senti que a escola não estava pronta para aquele episódio, e aí eu tentei o que? A motivação. Eu busquei a motivação. Eu tenho o microfone na mão. Eu aprendi a motivar. Apesar de hoje em dia isso ser uma coisa meio que ultrapassada, eu entendo dessa forma. Acredito que se você olhar, por exemplo, para o futebol, se você olhar para a Fórmula 1, eles ainda continuam sendo pessoas motivadas a chegarem no melhor lugar possível pelos seus dirigentes, pelos seus técnicos. Eu me sinto na obrigação de passar isso para o Rosas de Ouro, do que é trabalhar de manhã em busca de algo”, comentou.

rosas ensaio quadra2

Amizade que engaja

Uma das tantas curiosidades sobre o atual quadro do Rosas de Ouro está na parceria entre o comandante da bateria e o intérprete da agremiação. Citando antigos cantores da azul e rosa, mestre Rafa falou de Carlos Junior. “O Carlão é um grande amigo desde sempre, amigo particular. Como foi com o Royce e outros cantores, era um sonho trabalhar com ele e estamos realizando. Está sendo super bacana, porque estamos trabalhando com um ídolo. É como eu tocar com um grande artista fora do mundo do samba. Ele está se adaptando bem, é um cantor super agressivo no palco, com uma pegada diferente e que nos proporciona jogar a bateria mais para frente, com uma melodia mais aguerrida. Estamos curtindo para caramba, acho que vai ser um grande desfile e um grande renascimento dele – já que, em toda escola que você passa, é um tipo de trabalho e execução. Acho que ele vai ser feliz aqui no Rosas junto com a Bateria com Identidade e com a comunidade. É um cantor diferente de todos que passaram nos últimos anos. Estou aqui há onze anos e trabalhei com o Darlan, que foi muito bom, ele foi um dos grandes responsáveis por eu ser mestre hoje. Trabalhei com o Royce, que era um sonho. E, agora, estamos sendo felizes com o Carlos Junior bem como fui com os outros dois”, comentou.

rosas ensaio quadra4

O poder da união também foi destacado pro Carlos Júnior. “para chegar ao nosso objetivo é preciso isso, é preciso aquilo, é preciso seguir algumas coisas que são informadas da Harmonia, algumas coisas relacionadas à comissão de carnaval. Precisamos estar em sintonia e comunicação, e essa comunicação eu vou dar o tempo todo mesmo que alguém ache ruim. É o meu jeito”, afirmou.

Leveza que traz resultados

Outro ingrediente para o sucesso da ala musical no ensaio foi dado por Evandro Souza, um dos diretores de carnaval da azul e rosa – juntamente com Leandro Lion e Victor Lebro. Na visão dele, a escola resgatou uma característica da agremeiação. “Depois dos dois últimos carnavais, que a gente levou enredos com mensagens, eram enredos mais densos, a gente sentou, conversou e falou assim: ‘eu acho que a gente precisa resgatar um pouco da essência da escola de enredos mais leves e divertidos’. Não só por questão de resultado, mas a gente esteve desenvolvendo alguns enredos mais sérios nos últimos anos, e eu acho que voltar a falar de São Paulo acho que foi um grande acerto. Um enredo que até então inédito no Grupo Especial. Falar de São Paulo, que é uma característica da Rosas de Ouro, então a gente conseguiu juntar tudo isso. O samba vem crescendo. No início a gente recebeu algumas críticas, mas a gente tinha certeza de que o samba ia acontecer e está fluindo, está sendo legal. Eu acho que o clima da escola está vindo na proposta que a gente tinha de enredo, ou seja, uma coisa mais leve, mais alegre. Acho que a gente vai chegar em janeiro com uma energia superbacana”, pontuou.

rosas ensaio quadra1

Revelando uma ação bastante especial que a escola falará, Evandro também destacou qual ponto, na visão dele, ainda pode ser melhorado pela agremiação. “Eu acho que a gente está nesse processo agora de trazer o povo para a quadra. As alas estão se movimentando, ensaiando em separado., e essa semana a gente começou a juntar a escola para fazer o primeiro ensaio de canto. Justamente na semana que vem a gente tem a festa do lançamento do carnaval lá na Fábrica do Samba. Em dezembro a gente tem ensaio no Ibirapuera, o que seria um ensaio de rua aqui a gente vai levar para lá e fazer um ensaio lá no Ibirapuera no dia 17. Estamos nesse momento de unir as pessoas, trazer as pessoas, juntar realmente a escola para a gente sentir isso e ver o ponto que a gente precisa aplicar algum tipo de trabalho especial”, destacou.

Aqui, é importante destacar que o tamanho da quadra do Rosas, uma das maiores da cidade de São Paulo, impacta na impressão sobre número total de pessoas no ensaio – bem como o fato do espaço ter diversos ambientes. Também é válido pontuar que, ao contrário de outras agremiações, havia número semelhante de pessoas assistindo ao desfile em relação a que, de fato, estava ensaiando.

Novos trabalhos

Se a bateria está mantendo um ritmo há uma década, outros segmentos estão com novidades na Roseira. Um deles é o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Desde 2016 na escola, Isabel Casagrande bailará ao lado de Uilian Cesário a partir de 2014. E, para o entrosamento vir rápido, eles estão cada vez mais próximos. “A frequência de ensaios aumentou! A gente até tenta ensaiar mais vezes, mas estamos tentanto, no mínimo, duas ou três vezes na semana. E domingo tem feijoada aqui no Rosas, então, nessa semana, ensaiaremos quatro vezes. Estamos dançando, nos encontrando… e o ritmo vai aumentar até o carnaval”, confirmou Isabel. O parceiro dela preferiu focar no samba-enredo ao falar da importância de tais eventos. “Agora, estamos mais familiarizados com o samba, conseguimos dar corpo para coreografia da pista, focar nas finalizações e segurar o regulamento debaixo do braço, para que a gente não tenha nenhum risco no dia do desfile”, disse.

Sem dramas

Assunto de diversas rodas de discussão no samba paulistano, o novo regulamento para o carnaval 2024 também foi tema de entrevistas. Citando a principal característica dos ritmistas da agremiação, mestre Rafa destacou que as novas regras já estão sendo seguidas pelos comandados. “O samba de 2023 não proporcionava tantas bossas. Nele, fazendo uma análise, se for pegar o samba, era para ser algo mais conservador. Mas a nossa característica é a de fazer muitas bossas, com muita ousadia. É onde a gente acredita em que nos sobressaímos. A melodia daquele samba não proporcionava tudo isso, mas nós fizemos bastante coisa. Já em 2024, é novamente um samba melodioso… mas, não tem jeito: gostamos de fazer isso, é algo que foi criado como nossa identidade, nos tornamos isso de 2017 para cá. É o nosso estilo: bossa atrás de bossa. É isso que dá uma abrilhantada no samba, já que não colocamos nada sem sentido. Fazemos tudo dentro da melodia, não inventamos o que não é para inventar, apenas exploramos o que dá para fazer”, afirmou.

rosas ensaio quadra5

Ao citar o novo julgamento, Carlos Junior preferiu ser enfático. “Quando se mexe em regulamento em qualquer quesito é para pegar alguém ou alguma escola. Eu não sei quem é a vítima dessa vez, mas alguém vai ser pego, e tomara que não seja o Rosas. Eu vou rezar todo dia para que a gente esteja enquadrado dentro desse item que mudou, mas era isso que o povo também pedia. Mas eu vou tranquilo, não vou preocupado com o que está escrito ou não, a não ser que a diretoria me chame a atenção sobre essa questão. A gente vai alinhado, até porque é uma comissão de carnaval. O dever dessa comissão é está a par de tudo que está escrito nesse regulamento, essa é a minha opinião”, disparou.

rosas ensaio quadra3

O grau de dificuldade também foi citado pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. “O regulamento está mais desafiador. Ele está pedindo o trabalho individual – e, dessa maneira, os casais ficarão diferentes um do outro. Estávamos habituados a ver na pista coreografias, movimentos de braço e corporais muito parecidos. Agora, com as novas adaptações e exigências, cada casal vai precisar se cobrar mais e fazer um trabalho diferenciado na pista para agradar os jurados”, destacou Uilian. Isabel mostrou mais simpatia ao novo texto. “Eu gostei do novo regulamento. Achei que vai ser desafiador, e alguns pontos que não eram obrigatórios e tinham casais que não faziam (instrumento de mão, largura do pavilhão padronizada) passavam despercebidos porque não estava sendo julgado. Agora, quem não seguir a cartilha não vai ter sucesso. Nós gostamos, para a gente está tranquilo e estamos seguindo tudo certinho”, determinou.

Visando 2024

Para Evandro, o Rosas está cumprindo o cronograma pensado pela escola – e dividido internamente. “A gente tem dois processos diferentes. A gente tem o processo de competição do carnaval, que acontece na Fábrica do Samba, e nesse gente está vendo o vapor. A gente tem uma agenda para cumprir, pretendemos chegar em janeiro para cuidar somente de pista. Nosso cronograma está super dentro do que a gente tinha planejado. Estamos com as alegorias já em fase de finalização, e as fantasias a mesma coisa. Acredito que, dentro do nosso cronograma, no final de dezembro a gente já deve estar encerrando a nossa confecção para o desfile, e aí é cuidar de pista, ensaiar. Graças a Deus está muito legal o nosso projeto”, comentou.

rosas ensaio quadra7

Já para a fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, de acordo com os próprios, o público pode esperar muita beleza. “Já vimos o figurinho, ainda não está pronto. Já tiramos medidas e ainda está tudo em um processo de construção. Podemos falar que é linda, estamos apaixonados pela nossa fantasia. Espero que o pessoal goste, sobretudo os jurados. Estamos encantados”, pontuou Isabel, sendo seguida por Uilian. “Estamos bem felizes e supresos com o presente que o croqui que chegou na nossa mão. Agora, a expectativa é para ver o figurino pronto. Estamos bem confiantes e seguros, já que estamos na mão de um bom ateliê”, finalizou.

Desenhos de tamborim: a importância de evitar excessos e impulsionar desfilantes

O desenho do tamborim de uma escola é parte incontestável da assinatura rítmica de uma bateria. Seja ouvindo áudios ao vivo ou assistindo gravações de desfiles é plenamente viável perceber essa sonoridade de forma destacada, por causa do timbre agudo. Está inserida em nossa cultura musical ouvirmos a subida curta dos tamborins da Beija-Flor após a virada do refrão principal, ou mesmo aquele telecoteco genuinamente mangueirense tocado de forma peculiar num trecho da segunda do samba, isso sem contar as subidas atrasadas do naipe da Mocidade Independente, entre tantas outras inegáveis batidas ligadas ao DNA musical das agremiações. Toda ala de tamborim, portanto, tem uma missão no que tange a preservação de determinadas características musicais, bem como na propagação da cultura de desenhos rítmicos.

É vital mencionar que o tamborim é um naipe de apoio. Uma ala que complementa com coletividade e uma peça bastante aguda, acompanhando o ritmo da bateria e consolidando seu desenho rítmico através da melodia do samba. Serve, inclusive, de referência para os demais naipes. Em qual trecho do samba está? A resposta normalmente se encontra facilmente ouvindo com atenção as frases musicais dos tamborins.

Exatamente por servir como referência é que o tamborim ganha uma projeção dentro das escolas que extrapola a importância rítmica para a bateria. Pois essa referência também é notada, assimilada e constantemente utilizada por componentes durante os ensaios. Um desenho rítmico de tamborim influencia, sobretudo, no jeito como a agremiação irá evoluir, dançar e de certa forma até cantar o samba. Importante citar a eficácia inestimável envolvendo o toque do carreteiro (aquele pacaticapá frenético e constante), pois o mesmo impulsiona desfilantes em aspectos primordiais de um cortejo, como canto e dança. Quanto mais simples forem os desenhos, mais o componente irá absorver musicalmente e atrelar a batida do naipe de tamborins à sua cultura performática de ensaios.

Uma questão específica a ser contornada é que a evolução técnica dos ritmistas de tamborim tem provocado desenhos cada vez mais complexos e bem elaborados, com dificuldade de execução praticamente crescente. Inúmeros são os momentos, em diversas batidas de tamborim, que um grande volume de informação rítmica é colocado em trechos musicais que mal cabem. Essa falta de integração musical, por vezes, ocasiona desenhos rítmicos executados de modo mecânico e não orgânico, pois o ritmista irá fazer a batida, mas sem sentir e se entregar de forma apropriada a energia da música. É necessário um cuidado ainda maior quando inserir floreios no desenho de tamborim, pois os mesmos exigem capacidade técnica unida a alto poder de concentração, além de andamento confortável, para garantir a execução mais limpa e natural possível.

A fluidez musical é imprescindível como norte para criação de uma batida de tamborim. É importante buscar soluções intuitivas ao criar o desenho rítmico. Deixar a melodia do samba guiar a convenção acaba sendo a maneira mais ritmicamente inspirada de sentir a música, além de buscar que os ritmistas responsáveis por tocar o desenho façam isso da forma mais orgânica e espontânea possível. Indica coerência possuir um desenho alinhado com a capacidade técnica de toda ala, evitando que os ritmistas desfilem presos ou com medo de executarem determinados trechos. Quanto mais o ambiente da ala for leve e o ritmista desfilar solto melhor será para a mais perfeita execução da batida, garantindo ainda por cima uma entrega energética, além de rítmica. Fazer ritmo é bom demais, mas poder tocar curtindo o desfile certamente é ainda mais.

Talvez exatamente pela questão envolvendo a assinatura musical é que algumas alas tenham buscado um caminho de crescimento rítmico constante. Mas já estamos num ponto que deixamos de refletir sobre as bases fundamentais que sempre nortearam o toque dos tamborins dentro das baterias cariocas, na criação de suas convenções. É urgente que deixem o ego de lado e busquem soluções musicais simples e eficazes, de melhor assimilação geral, contribuindo assim ritmicamente com a bateria e animicamente com os componentes das escolas. Tamborim é naipe rítmico de complemento e a bateria responsável pela execução musical de acompanhamento a um cortejo e seus desfilantes. Mais do que nunca se faz necessário olhar para o passado com muito carinho, para avaliar se estamos de fato evoluindo ou simplesmente descaracterizando, cada vez mais, nossos ritmos.

Alberto João: ‘Escolas de samba passam por momento financeiro preocupante’

Escolas de samba passam por momento preocupante. Faltando menos de 80 dias para os desfiles o clima é de preocupação. Poder público ainda não deu nenhum centavo da subvenção para o Carnaval 2024 e agremiações estão com a corda no pescoço. Veja mais no vídeo com a opinião.

Especial gravações 2024: Com Supersom afiada, Paraíso do Tuiuti dá destaque a mais um grande samba

O Paraíso do Tuiuti vem apostando nos últimos anos em trazer sambas de um grupo que faz parte da ala de compositores da Azul e Amarela de São Cristóvão. Vitoriosos nos últimos dois carnavais quando houve disputa de samba, Claudio Russo, Moacyr Luz e Cia desta vez fizeram a obra a pedido do presidente Renato Thor, modelo que a agremiação já vinha recorrendo antes da pandemia e que tem gerado grandes composições para a escola, além de facilitar o trabalho. Com o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, a agremiação pretende fazer uma homenagem a vida e história de João Cândido, marinheiro brasileiro que se empenhou na luta contra os maus-tratos, a má alimentação e as chibatas sofridas pelos colegas. O Paraíso do Tuiuti focou na musicalidade do samba no trabalho realizado na Cidade das Artes. Pelo terceiro desfile seguido como comandante da bateria SuperSom, mestre Marcão, explicou as vantagens que a agremiação tem ao produzir sua obra através do processo de encomenda.

tuiuti grava24 6
Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Acho que a gente já vem trabalhando há quase cinco meses. Quando o samba é encomendado vem mais rápido, a gente trabalha melhor, produz as coisas bem mais rápido do que as outras. A gente vem desenvolvendo um projeto junto com a rapaziada, com a diretoria. Estamos com o pé no chão, apenas fazendo o nosso trabalho e seja o que Deus quiser. Agora é trabalhar mais um pouquinho, ainda tem ensaio técnico, treino é treino, jogo é jogo, a gente vai treinar para poder no dia do nosso desfile a gente ir bem”, projeta o profissional.

Com a excelência de ter gabaritado o quesito em 2023, mestre Marcão, não se deixa descansar e quer mais em 2024. Por isso, o comandante da SuperSom revela à reportagem do CARNAVALESCO que para a gravação no complexo cultural da Prefeitura do Rio, houve muita conversa entre o mestre, diretores da bateria, ritmistas e a própria direção da escola para chegar bem afiado no estúdio.

tuiuti grava24 7

“Trabalhamos a gravação com a cara do Tuiuti. Colocamos um andamento bom, porque a nossa bateria tem um andamento característico, 141, 142, e não adianta colocar 144, porque a rapaziada não vai correr. Cada samba é um samba, botamos um pouco mais para frente, conversamos isso. O samba é muito melodioso, temos que vir com um entrosamento em relação ao carro de som, junto com a bateria, junto com a harmonia, para podermos chegar em um denominador comum”, explica Marcão.

O diretor de carnaval André Gonçalves aproveitou para esclarecer as vantagens que a escolha do Tuiuti por retornar a este modelo de confecção do samba proporcionou para o processo de carnaval da Azul e Amarela de São Cristóvão, demonstrando confiança em que a agremiação possa superar seu maior desfile.

tuiuti grava24 4

“O modelo vem do nosso presidente e passa a ser muito bom porque a gente ganha um tempo bem maior para poder trabalhar esse samba. Nossos ensaios de canto começaram em agosto. Isso é muito bom, pois já estamos com um trabalho de canto adiantado. Aguardem belíssimas surpresas que iremos apresentar na Avenida, nosso trabalho no barracão já está a todo vapor. A gente está vindo com o objetivo de superar 2018 e recuperar aquele décimo que faltou para o tão sonhado título”, deseja o dirigente.

Responsável pelo arranjo do samba, Kaio Calado, membro do carro de som da escola, explicou como desenvolveu a harmonia musical da obra e o que priorizou neste trabalho.

tuiuti grava24 10

“Eu tive contato com o samba através dos compositores e ali eu tentei me aprofundar na ideia que eles queriam passar com o samba. Embora a obra fale bem do que o enredo precisa dizer, eu tentei pegar o que os poetas quiseram dizer quando fizeram o samba. Posteriormente eu sentei com o Marcão e com o Pixulé juntos, um pouco antes de uma gravação própria da escola. Fizemos para entender o samba e ali eu consegui pegar as nuances que o Marcão queria e colocar um arranjo bem a cara do Pixulé, que está chegando na escola e tinha que chegar com força total, com um arranjo bem trabalhado para a voz dele. E a obra representa um samba bem melodioso e que valorizou bastante o coro. E quis aproveitar isso e coloquei as vozes de coro já na cara por parte do grito de guerra. O coro vem o samba todo fazendo umas nuances bem bonitas e acho que foi o que mais priorizei, a melodia e deixando uns ‘suspenses’ bem legais para que a harmonia pudesse andar bem”, esclarece o profissional.

tuiuti grava24 8

Tuiuti terá estreia no microfone oficial em 2024

No último desfile, o Paraíso do Tuiuti teve como voz oficial o grande Wander Pires. Muito visada pelo excelente trabalho que vem fazendo no Grupo Especial, a escola tem se acostumado a perder profissionais que se destacam ano a ano e despertam o interesse de agremiações com maior recurso financeiro. Mas, também tem dado uma resposta bastante satisfatória ao mercado, sempre realizando a reposição a altura e apresentando ao carnaval profissionais ou dando oportunidade a talentos que se destacam em outros grupos. Desde 2014 fora do Grupo Especial, já estava demorando para se ver o ótimo Pixulé de volta à elite do carnaval carioca. E parece que o cantor e o Paraíso têm muito em comum. Focado em fazer uma grande gravação do samba, Pixulé definiu a obra como um presente que recebeu dos compositores, e se disse muito feliz por estar vivendo esse momento.

tuiuti grava24 1

“É uma emoção muito grande a gente chegar no Grupo Especial, no Paraíso do Tuiuti, e interpretar este belíssimo samba que eu ganhei de presente. Estou bastante emocionado. É um samba emotivo que vai tocar todo mundo no dia do desfile, preparem-se que vai vir pancadão. Está sendo uma experiência maravilhosa, eu debutando no Tuiuti, com um samba maravilhoso, eu não tenho palavras para expressar a minha emoção e a minha felicidade de estar fazendo parte do Grupo Especial”, admite o intérprete.

Já integrado ao “Quilombo do Tuiuti”, o cantor falou sobre sua relação com Marcão e como esse período de adaptação a agremiação desde que foi anunciado após o carnaval 2024, o fez desenvolver um entrosamento com o mestre e com a SuperSom.

tuiuti grava24 5

“O Marcão está preparando várias bossas, várias nuances dentro do samba, que será uma pedrada na Avenida, vai pegar todo mundo de surpresa. Quem está esperando que o Tuiuti vai passar igual um arroz com feijão, se engana, vai passar uma feijoada completa, vai ser brabo de segurar o Tuiuti na Avenida. Estou muito feliz por essa oportunidade que o presidente Renato Thor me deu. E eu e o mestre Marcão já estamos trabalhando no olho. Marcão é um grande mestre que eu o respeito muito e reverencio ele pela capacidade e pelo profissionalismo dele. Sintonia perfeita de Pixulé com bateria SuperSom”, garante o cantor.

Cláudio Russo e Moacyr Luz por mais um ano na confecção do samba

“Liberdade no coração/O dragão de João e Aldir/À Cidade em louvação/Desce o Morro do Tuiuti” são os versos do refrão principal da obra composta pelos poetas Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia. Pelo sexto desfile seguido assinando o samba do Paraíso do Tuiuti, o poeta Moacyr Luz também foi conferir e participar das gravações da Azul e Amarela na Cidade das Artes. Moacyr definiu o Tuiuti como sua casa e explicou que o processo foi muito prazeroso, mais uma vez.

tuiuti grava24 2

“Tuiuti já é minha casa, desde 2018 com aquele ” Meu Deus, Meu Deus” , e o meu relacionamento com o Cláudio Russo, com a rapaziada toda, com o Gustavo Clarão, já tem um tempo que a gente trabalha, não tem distância, vai pelo whatsapp mesmo, se encontra uma hora, para resolver as arestas, e o tema é muito bom, falar do meu parceiro Aldir Blanc, com quem eu fiz tantas músicas juntos, com João Bosco e a gente poder citá-los no samba, no refrão, eu estou com uma expectativa muito boa. É um samba clássico, a novidade é manter a tradição”, define o poeta.

Sobre cantar o samba produzido pela parceria da dupla Cláudio Russo e Moacyr Luz, Pixulé se disse tranquilo com o processo e foi outro profissional a ver as vantagens que este tipo de modelo permite à agremiação, além de contar mais sobre sua preparação para este importante momento.

tuiuti grava24 3

“Pode esperar um belíssimo samba e uma belíssima gravação. Não muda muita coisa não, a responsabilidade é a mesma, fica até mais fácil para a gente trabalhar o samba, a gente vem acompanhando a confecção desse samba até o momento da gravação. Não tem mistério nenhum. Tenho certeza que a comunidade vai cantar um belíssimo samba e acreditem que o Pixulé vai dar tudo de si para que tudo corra bem no desfile.E em relação aos cuidados para esta gravação, a preparação de um cantor é o sono. Tem que dormir bem. Esse é o principal”, revela o profissional.

Ensaios de rua tão esperados devem fazer crescer a obra

Sempre buscando estar um passo à frente das demais escolas, por mais um ano, o Tuiuti foi uma das primeiras agremiações a iniciar os ensaios de rua. Depois de alguns meses trabalhando o samba na quadra, o diretor geral de harmonia, Jeferson Carlos, revelou ao site CARNAVALESCO os próximos passos da agremiação em sua preparação para o desfile de fevereiro de 2024 após esse momento de gravação.

tuiuti grava24 11

“Independente da gravação oficial que a gente esteve produzindo, a gente já faz o nosso ensaio dentro da quadra, ensaio de canto, bateria, carro de som ajustando as coisas para ficar tudo certinho e render bem nos ensaios de rua. Já temos mais de dois meses com o samba definido e todas as segundas-feiras estamos trabalhando a obra. E a cada semana percebemos uma evolução interessante”, avalia Jeferson.

Outro que promete um grande trabalho é o diretor de carnaval André Gonçalves convocando os componentes e o mundo do samba a participar dos ensaios de rua que começaram no final de setembro.

tuiuti grava24 9

“Esperem um belíssimo trabalho, esperem uma belíssima gravação, tivemos o nosso primeiro momento na Cidade das Artes, foi uma gravação muito boa, com um clima muito bom, e coisas bem diferentes dos últimos anos. Já estamos com o nosso calendário pronto, começamos nossos ensaios de rua no final de setembro, acontecendo ali perto do Colégio Pedro II no Campo de São Cristóvão, é um ensaio muito esperado todo ano, não só do Tuiuti, da comunidade, mas de todo aquele que gosta de carnaval e gosta de samba”, define André.

No próximo carnaval, o Paraíso do Tuiuti será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Musas da Porto da Pedra visitam barracão da escola na Cidade do Samba

Estreando como musa no carnaval 2024, Giovana Cordeiro visitou o barracão da Porto da Pedra na tarde de quinta para conferir os preparativos da vermelha e branca para o desfile que marca o seu retorno ao Grupo Especial. Recebida pelo carnavalesco Mauro Quintaes, a atriz protagonista da novela Fuzuê, fez um tour pelas dependências do espaço onde estão sendo construídas as alegorias que representarão o enredo “Lunário Perpétuo: a profética do saber popular” e, impressionou-se com o que viu durante o passeio, que contou também com a presença das musas Paolla Nascimento, representante da comunidade, e Isadora Marino, que igualmente, fará sua estreia na Sapucaí.

musa pp
Foto: Ana Victoria/Divulgação

O trio de beldades do Tigre recebeu o figurino e algumas explicações sobre o que cada uma representará no desfile que acontecerá no dia 11 de fevereiro. Apesar da agenda lotada por conta das gravações da novela, Giovana tem se mostrado bastante engajada nas atividades da escola. Do barracão, ela seguiu direto para a quadra da escola onde participou do ensaio realizado semanalmente com a comunidade. Mostrando muito samba no pé, a musa da escola de São Gonçalo se juntou ao time de beldades da agremiação que tem Tati Minerato como rainha.

Vilma Nascimento é vítima de ato racista em aeroporto de Brasília

A eterna porta-bandeira Vilma Nascimento, de 85 anos, foi vítima de racismo, na terça-feira, na loja Duty Free, do Aeroporto de Brasília, ao ser parada por funcionárias que impediram sua saída do calo, por suspostamente, “portar um objeto que não havia sido pago”. A sambista tinha ido para capital do país para ser homenageada na Câmara dos Deputados pelo Dia da Consciência Negra.

vilma
Foto: Reprodução

“Comprei chocolates, paguei e quando estávamos passando novamente pela porta da loja a fiscal me abordou dizendo que eu peguei produto da loja sem pagar e pediu para acompanhá-la. No meio do caminho ela recebeu informação pelo rádio de que era para revistar a bolsa da minha mãe. Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada. Foi muito constrangedor. Pedia para chamar a polícia, polícia não apareceu. Tivemos que ir embora para não perder o nosso embarque, que quase perdermos”, disse a porta-bandeira Danielle Nascimento, filha de Vilma.

Ao jornal O DIA, a empresa Duty se pronunciou. “A Dufry Brasil, uma empresa do Grupo Avolta, pede publicamente desculpas pelo lamentável incidente ocorrido na loja do aeroporto de Brasília. A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão. Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa.