Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Fechando os desfiles do Grupo de Acesso II, entrou em jogo o pavilhão mais pesado da divisão, a Unidos do Peruche. Com um enredo afro, a abertura da agremiação foi forte, já com uma comissão de frente trazendo a figura de Exú e um abre-alas nas cores douradas e uma escultura negra imponente, que aparentemente representava a rainha Ronke, título do enredo. Outro destaque do desfile foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Gabriel Vullen e Joice Prado. Os dois realizaram uma apresentação digna do tema, com coreografias afro e execução satisfatórias dentro de uma dança do quesito. A bateria “Rolo Compressor”, de mestre Marcel, executou bossas diferenciadas e deu um andamento correto para a escola.

Com o enredo “Da Cultura do Reino de Ifé, Ao Legado da Rainha Ronke”, assinado pelo carnavalesco Mauro Xuxa, a Unidos do Peruche encerrou os desfiles do Grupo de Acesso II.

Comissão de frente

A ala, coreografada por Fernando Lee, representou a “Criação do Mundo na Cultura Yorubá”. Na coreografia, havia uma figura principal simbolizando a entidade Exú. Outras figuras tinham como representação pássaros com fantasias nas cores laranja e marrom. Esses componentes vestidos de aves ficavam juntos o tempo todo e em determinado momento da apresentação se juntavam a Exú. aparentemente, davam energia ou poder para a figura, que transitava pelo espaço da comissão.

Também na ala, tinha integrantes vestidos de brancos. A dança deles era intensa, mas como personagem, não deu para identificar ao certo o que representava.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal que fez o seu primeiro desfile oficial pela ‘Filial do Samba’, Gabriel Vullen e Joice Prado, teve como participação dentro do contexto do desfile a “Ancestralidade”, sendo a sua fantasia. A dupla mesclou os giros horário e anti-horário com as coreografias dentro do samba. Grande apresentação do casal, colocando passes afro na dança. O ponto-destaque ficou no terceiro módulo, onde deu para ver que Gabriel e Joice se soltaram mais.

Enredo

A Unidos do Peruche, para 2024, levou ao Anhembi a história da rainha Ronke, uma realeza da Nigéria onde foi exaltada no desfile a religiosidade e a história da mulher. Também foi bastante citada a moda, que a rainha teve como carreira em sua vida. Por exemplo, alas foram ao desfile nomeadas como “São Paulo/África” e “África Fashion Week”, pois Ronke fez parte do desfile ‘São Paulo Fashion Week’, que é um dos eventos de moda mais famosos do Brasil e do mundo.

Alegorias

O abre-alas, que veio simbolizando o “Reino de Ilê Ifé” – no carro, vinha uma escultura de uma mulher negra com asas e a cor dourada predominante. Suponha-se que seja a rainha como uma espécie de anjo. A escola levou um tripé entre as alas. Consistia em uma escultura de uma mulher batendo um tambor.

A segunda alegoria, retratou a “Coroação da Rainha Ronke no Samba pelo Quilombo Perucheano” com esculturas de um homem negro na frente.

Fantasias

A agremiação apresentou um conjunto satisfatório de vestimentas. Nada de luxo, porém era uma safra que dava para os desfilantes dançarem com facilidade. O destaque fica para o segundo setor, após o tripé. Materiais como plumas apareceram discretamente. A maioria foi visto nos adereços de cabeça.

Harmonia

No ensaio técnico, o Peruche havia mostrado dificuldades no canto. Elas apareceram nas primeiras alas, mas depois as vozes fortes começaram a aparecer. O refrão de cabeça, que tem uma melodia empolgante e bela, foi a parte mais cantada pelos desfilantes.

Samba-enredo

O samba foi composto por Fredy Vianna, Jorge Alckmista, Ronny Potolski, Nando do Cavaco, Dr. Edson, André Filosofia, Rodrigo Atração, Alcides Júnior, Edson Liz, Dema, Everton Barbosa e Xandinho Nocera. Foi bem interpretado na voz do intérprete Renan Bier. O cantor estreou em um desfile oficial com o Peruche e conduziu a sua ala musical de forma satisfatória. O samba teve como o seu ponto alto o refrão de cabeça.

Evolução

A evolução oscilou. Começou bem, porém deu alguns sustos. Um exemplo foi um grande espaçamento após o recuo. Não se sabe se foi buraco ou não, mas o fato é que estava depois da visão do segundo módulo e mais perto da visão do terceiro. Aparentemente não dava para ver, mas vale o destaque, pois isso pode configurar deduções. Outra questão foi o tempo. O Peruche fechou o desfile com 50 minutos, ou seja, em cima da hora. Teve que apertar o passo no final. Uma problemática no quesito. Entretanto, vale destacar que no decorrer do desfile, entre as fileiras, os componentes tiveram a liberdade de se mover alinhados, compactos e soltos.

Outros destaques

Baianas desfilaram representando o “Textil Adirê”, com uma fantasia em tom marrom. A bateria “Rolo Compressor”, comandada por mestre Marcel, que fez a sua estreia, realizou várias bossas e rendeu bastante no desfile.

A corte de bateria foi recheada. Esteve presente a rainha Andreya Venâncio. Ao lado delas, a princesa Yasmin Lagatta e a madrinha Susana. Outra participante foi a menina Danda – Todas bem fantasiadas.