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Escola de respeito! Brilho da comunidade e show da bateria são destaques em ensaio vibrante da Beija-Flor na Sapucaí

Criticado no pré carnaval o samba funcionou na Avenida e escola de Nilópolis mostrou canto forte aliado a quesitos bem estruturados

Por Luan Costa, Lucas Santos, Maria Clara Marcelo, Rafael Soares, Raphael Lacerda e fotos de Allan Duffes

A Beija-Flor de Nilópolis foi a segunda escola a pisar na Sapucaí na noite deste sábado para realizar o seu ensaio técnico. Às vésperas do desfile oficial, a escola deixou ótimas credenciais e mostrou que deseja novamente ser a grande protagonista da festa, dessa vez apostando em algo mais leve e vibrante. O ensaio foi marcado pelo brilho e alegria da comunidade, que juntamente com a incrível bateria comandada pelos mestres Plínio e Rodney foram os principais destaques da noite, ao lado do consagrado casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso, que novamente tiveram uma noite memorável.

Mesmo criticado no pré carnaval, o samba da azul e branca passou pela avenida como uma avalanche e o “doa a quem doer” não comprometeu o belíssimo treino realizado pela agremiação, foi um ótimo teste e a sensação de que a aposta em um desfile com características mais leves fez bem aos componentes e a escola. Nem mesmo a ausência de Neguinho da Beija-Flor foi capaz de diminuir a intensidade do ensaio.

A Beija-Flor será a segunda escola a desfilar no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, com o enredo “Um Delírio de Carnaval na Maceió de Ras Gonguila”, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo, que faz sua estreia na azul e branca.

“É o que a gente vem falando sempre, quem vai lá na Mirandela percebe que o canto é muito forte, a gente trabalha muito o canto, faz muitos ensaios na quinta. A proposta do samba da Beija-Flor era ter evolução, era cantar, brincar, se divertir, ter alegria. Eu peida muito isso nos ensaios e hoje eu conto com a Simone e com o Walber, com uma equipe deslumbrante. Temos uma grande evolução nas alas e é muito gostoso de ver, e isso faz com que haja uma interação muito grande entre o público e a gente. A escola evoluiu muito bem na Avenida, paramos, cantamos, desfilamos e atingimos os nossos objetivos. Agora eu vou conversar com todos os meus pares, eu vim na frente da escola, cada uma vem no seu lugar, cada um vê uma coisa, comigo aqui foi tudo muito tranquilo, mas vamos conversar, ver tudo direitinho para ver se estamos prontos mesmo”, explicou Dudu Azevedo, diretor de carnaval, que falou sobre a ausência de Neguinho na Avenida.

“O Neguinho teve hoje uma agenda, um compromisso particular dele. A gente tem um ícone do carnaval, o maior expoente do carnaval carioca que é o Neguinho. É difícil chegar no patamar dele. Mas a gente tem uma galera trabalhadora que toda vez que é chamada eles dão conta. Foi uma apresentação deslumbrante, que carro de som, que sintonia, modulações, terças, oitavas, perfeitas”.

Comissão de frente

Pelo segundo ano consecutivo os coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon são os responsáveis pelo comando da comissão de frente da Beija-Flor, a dupla adiantou que para o desfile oficial não contatará com um grande elemento cenográfico, indo na contramão do que temos visto no quesito ultimamente, pelo o que foi mostrado no ensaio desta noite a dança é a grande protagonista da apresentação. No total 15 componentes realizaram diversos movimentos intensos ao longo da apresentação, em alguns momentos do samba um membro era jogado pro alto, em outro momento eles representavam brincadeiras, na parte do samba que faz menção ao ofício de Rás Gonguila eles encenam que estão engraxando sapatos.

A fantasia era simples, porém, funcional para facilitar a mobilidade dos bailarinos, um macacão branco com detalhes floridos, eles também carregavam um adereço de mão com fitas coloridas. O ápice da comissão foi quando parte do grupo se entrelaçou e girou durante a parte do samba que diz: “Gira, mundo, feito pião que Gonguila do jeito”, foi um movimento teoricamente simples, mas que causou curiosidade e aplausos por ter sido tão bem executado.

“Já era esperada a emoção, além da energia e uma comissão alegre e dinâmica. Deu tudo certo coreograficamente – os espaços que a gente vem ensaiando há meses na Avenida, o decorrer e também a entrada e saída da Selminha. Foi perfeito e emocionante”, avaliou Saulo.

“Como é um ensaio técnico, a questão técnica foi o esperávamos e ensaiamos. Não ocorreram problemas na entrada e saída. A avaliação é bastante positiva, foi melhor do que estávamos esperando. A coreografia de avanço será essa, mas a de jurados não. O desfile será muito especial”, completou Jorge.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Já são mais de 30 anos de uma parceria vitoriosa, mas ao pisarem no chão sagrado da Marquês de Sapucaí para o ensaio desta noite, a dupla Claudinho e Selminha Sorriso entraram com a certeza de que os anos podem até ter passado, mas o vigor, a firmeza nos movimentos e a precisão nos giros continuam os mesmos. Eles foram mais uma vez hipnotizantes, todos os holofotes estavam na dupla, o público presente assistiu feliz a todas as três apresentações. Enquanto Claudinho estava predominantemente de azul, Selminha bailou com um vestido rendado branco que tinha um efeito incrível a cada giro. Foi mais uma noite para eles e o torcedor nilopolitano guardarem na memória, se baseando na dança clássica, os dois esbanjaram sintonia e leveza, o alto número de giros impressionou, assim como a destreza de Selminha para manter a bandeira esticada mesmo com o forte vento.

“Você já está vendo pelos meus olhos, eu estou chorando de emoção. Quando a gente coloca o propósito que a gente fez durante o ano todo, o ensaio, e a gente consegue 100% de acerto, é sinal que a gente está no caminho certo. Só que hoje é só o ensaio técnico, mas a gente conseguiu pontuar as questões que a gente queria. Só agradeço a Deus e meus orixás por isso, a minha equipe, que está sempre comigo, minha filha, minha esposa. E, agora, em busca da nota 40 que é no dia 11, no domingo de carnaval”, disse o mestre-sala.

“Eu sempre dou nota 10, porque só de estar aqui já é tão maravilhoso. É a razão de agradecimento daquele sonho da menina, é por ter saúde, por pertencer a essa cultura que transforma vidas, que é a resistência cultural do nosso povo, que é a empregabilidade, o trabalho social, o compromisso da sua comunidade. Cada vez que eu adentro aqui, portando o pavilhão da Beija-Flor, eu olho para trás e falo: ‘nossa, que agradecimento, como eu sou feliz’. E a Beija-Flor toda preparada para semana que vem, domingo que vem, vamos fazer história, estamos confiando. Eu sou uma pessoa que me cobro muito, então cada vez eu sempre acho que tem que melhorar mais. Foi maravilhoso, foi tudo certinho, a coreografia, o tempo, o andamento, sabe? A energia, mas sempre tem que melhorar, quem diz que sabe, tudo não sabe nada, você está sempre buscando aperfeiçoar, melhorar cada vez mais, fazer história e dar continuidade a um sonho de infância”, completou Selminha.

Samba-enredo

Criticado desde sua escolha como hino oficial da escola, a obra dos compositores Kirazinho, Lucas Gringo, Wilsinho Paz, Venir Vieira, Marquinhos Beija-Flor e Dr. Rogério passou pela avenida sem comprometer o bom ensaio da azul e branca, fugindo da linha de sambas densos e aguerridos que a escola apresentou nos últimos carnavais, o samba desse aposta na leveza e simplicidade, algo que a escola não está habituada, mas a ver pelo ensaio desta noite tem tudo para ser um ótimo encontro.

O refrão principal possui características que mexe com o brio do nilopolitano, o “doa a quem doer” fez com que a comunidade explodisse a cada passada, o componente cantou até mesmo algumas partes da obra que são de difícil compreensão e mais complicadas em termos de letra, como por exemplo nos versos “Gira, mundo, feito pião que Gonguila do jeito, que me eterniza o bendito dos plebeus” e “Um coco, um pouco de samba de roda”, embora o nível não seja o mesmo apresentado nos refrões principais, a resposta ainda assim foi positiva.

“A pressão é sempre a melhor possível, a gente já tem as prévias do que vai acontecer na avenida, os ensaios de quadra, a gente vê essa comunidade cantar. Tenho certeza que aqui a comunidade repetiu isso com mais garra, porque quando essa escola pisa na avenida, a escola vem para rasgar esse chão. Sem contar que é uma responsabilidade enorme para nós desfilarmos sem o nosso querido ídolo Neguinho da Beija-Flor. Mas o trabalho foi feito, nossa comunidade berrou o samba junto com a gente e se Deus quiser tudo vai dar certo e a Beija-Flor vai se sagrar campeã do carnaval. Essa dinâmica do samba com a comunidade, um samba que muita gente falou muita coisa. Mas a gente sabe que carnaval se ganha na avenida. Uma comunidade que veio aqui berrou esse samba, cantou, comprou a briga, comprou a ideia. A gente tem um barracão que vai falar por si só aqui na avenida. A Beija-Flor sabe como fazer carnaval aqui nesse chão. A gente tem certeza que a gente vai vir para abrilhantar esse espetáculo, para fazer bonito, para a gente brigar, para ser aquela competição em alto nível que o Carnaval do Rio de Janeiro merece. E hoje a nossa comunidade deu o recado. O rolo compressor está aí. A gente mostrou um pouquinho do que tá sendo feito na quadra. E hoje foi só um aperitivo do que vai rolar no domingo que vem”, disse Igor Pitta, integrante do carro de som da escola.

Harmonia

Falar que a comunidade da Beija-Flor canta é chover no molhado, mas no ensaio desta noite a escola conseguiu superar todas as expectativas, existia uma desconfiança por conta do samba que foi deixada de lado logo nos primeiros acordes, do início ao fim o que se viu (e ouviu) foi uma comunidade gritando o samba com muita raça e principalmente alegria, como mencionado no tópico acima, a obra possui momentos que poderiam atrapalhar o canto uniforme, mas o trabalho realizado neste pré carnaval surtiu efeito.

A ausência de Neguinho da Beija-Flor poderia ser outro complicador para a agremiação, porém, o carro de som deu conta do recado e mostrou total entrosamento com a bateria soberana, os ritmistas de mestre Plínio e Rodney foram incríveis e deram o tom para que a escola explodisse a cada passada do samba, eles fizeram ainda um enorme paradão que teve resposta imediata da comunidade e também do público do presente no Sambódromo.

Evolução

O componente da Beija-Flor sabe desfilar, é algo já enraizado em cada um dos brincantes de Nilópolis, foram anos sob o comando firme de Laíla, aquela antiga Beija-Flor estava lá:
organizada, bem dividida e com todos sabendo o seu papel, porém, no ensaio desta noite vimos uma escola mais solta, mais leve e até mesmo mais vibrante, o enredo pede isso, assim como o samba. A escola levou diversos elementos que remetiam a cidade de Maceió para demarcar os setores, foi possível observar uma enorme placa com os dizeres “eu amo Maceió” é um elemento cênico que representava uma enorme cadeira de praia.

A empolgação e leveza esteve presente em todo o ensaio da azul e branca, várias alas levaram adereços de mãos e brincaram o carnaval, nota-se a presença de algumas alas coreografadas por toda a escola, como por exemplo na abertura, essa inclusive tendo destaque por sua evolução e canto. Como contratempo foi observado apenas um pequeno descompasso após a entrada da bateria no primeiro recuo quando alguns componentes apressaram o passo um pouco acima do ideal.

Outros Destaques

O ensaio da azul e branca foi prestigiado por algumas figuras públicas, sendo a principal delas o ator Samuel de Assis, que no desfile da próxima semana representará a figura central do enredo: Rás Gonguila. Outra figura muito festejada foi Brunna Gonçalves, esposa da cantora Ludmilla, que no carnaval de 2023 cantou ao lado de Neguinho.

À frente da bateria soberana desde o ano passado, a jovem Lorena Raíssa mais uma vez encantou a Sapucaí com seu carisma e muito samba no pé, mesmo tão jovem ela não parece sentir o peso do cargo e se diverte naturalmente.

“Estamos em uma crescente que vai culminar no próximo domingo. Será um grande espetáculo. É um surpresa! Domingo todo mundo vai descobrir se vamos ter o paradão no desfile. Não tenho o que melhorar. Nós fomos muito bem e fizemos o que estava proposto. Você vê pelo semblante do ritmista. Tivemos um andamento perfeito, as conversões muito bem casadas e o componente interagindo. A escola cantou muito. Estamos no caminho certo. Serão 240 ritmistas. O grande lance é no dia que vamos fazer muito melhor que hoje. A fantasia está aprovada e é belíssima. É uma referência a uma tribo da Etiópia”, disse mestre Rodney.

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