InícioSão PauloCabeça da escola impressiona, mas Uirapuru da Mooca estoura tempo em desfile

Cabeça da escola impressiona, mas Uirapuru da Mooca estoura tempo em desfile

Com comissão de frente bastante criativa e abre-alas imponente, agremiação começou a exibição com muita força, mas segundos excedentes prejudicarão a instituição

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

O começo do desfile da Uirapuru da Mooca em 2024 foi arrebatador. Com uma comissão de frente bastante criativa e um abre-alas bastante bonito, a agremiação impressionou quem estava observando a apresentação. O final, entretanto, foi cruel: o tempo-limite de cinquenta minutos para concluir a exibição foi estourado em dezesseis segundos – e, pelo regulamento, faz com que a agremiação perca três décimos em obrigatoriedades, de acordo com o regulamento. Fazendo uma homenagem a uma ilustríssima coirmã carioca, a agremiação defendeu o enredo “Da Estrela Guia Que Brilha No Céu, Vem Aí a Mocidade Independente de Padre Miguel”, sendo a quinta a se apresentar no Grupo de Acesso II da folia paulistana neste sábado.

Comissão de Frente

Um dos grandes mistérios do Grupo de Acesso II era a fantasia da comissão de frente da escola que homenagearia a Mocidade Independente de Padre Miguel. Aladdin? Escafandristas? A revelação da surpresa foi a memória dos títulos da instituição, com algumas comissões de frente históricas da escola do Rio de Janeiro, como os escafandristas de “Chuê Chuá, As Águas Vão Rolar” (1991), os robôs de “Ziriguidum 2001, Um Carnaval Nas Estrelas (1985) e o Aladdin de “As Mil e Uma Noites de Uma Mocidade Pra Lá de Marrakesh” (2017). Além, é claro, de fazer menção a um momento histórico da Zona Oeste carioca, o segmento, coreografado por Giovanna Lacerda, fazia coreografias marcando o samba em um único ato. Sem tripés, todas as figuras se apresentavam e um personagem vestido como Castor de Andrade sambava e até abria espacates na passarela.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira 

De ótima exibição no ensaio técnico da escola da Zona Leste, Anderson Guedes e Pâmela Yuri, mais uma vez, tiveram boa exibição nos quatro módulos de jurados. O casal, com giros mais cadenciados, buscou a segurança e a correção ao bailar. Na segunda cabine, entretanto, Anderson demorou alguns instantes para desfraldar o pavilhão oferecido por Pâmela. Vale destacar a fantasia utilizada por eles, que remetia ao Independente Futebol Clube, equipe amadora que foi a inspiração tanto para o nome quanto para a histórica parte estética da instituição – já que tinha listras alviverdes na vertical e uma estrela solitária no símbolo. Na roupa, também havia espaço para algumas bolas de futebol, deixando a associação ainda mais evidente.

Enredo

O já citado primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira veio homenageando a origem da Mocidade Independente, ligada a um time de futebol da Zona Oeste carioca. A fundação da agremiação, no terreiro de Tia Chica, também foi exaltada. Desfiles históricos (e não necessariamente campeões, como é o caso de “Beijim, Beijim, bye bye Brasil”, de 1988) também foram lembrados da agremiação. A “Não Existe Mais Quente”, bateria da instituição carioca, também foi homenageada pelos próprios ritmistas na fantasia “Homenagem ao Saudoso Mestre André e ao herdeiro de Coé”, relembrando dois históricos mestres do segmento – e, indiretamente, citando Dudu, atual comandante do “coração” da Mocidade. No fim, a Uirapuru fez um misto entre referências a desfiles históricos e exaltações, com a cronologia sendo utilizada para contar a fundação da instituição homenageada.

Alegorias

Os dois carros da agremiação foram, certamente, alguns dos grandes destaques da agremiação. O primeiro, “Aos Braços do Cristo Redentor Brilha a Estrela Guia de Padre Miguel”, como o próprio nome dizia, trazia uma imensa escultura do ponto turístico carioca e uma iluminação inteira verde; majoritariamente prateado, a alegoria remetia à estética do histórico “Ziriguidum 2001, Um Carnaval Nas Estrelas), de 1985. Na parte mais abaixo da alegoria, uma série de fotos de grandes baluartes da agremiação – como Tião Miquimba, Ney Vianna, Elza Soares, Mestre Coé e Castor de Andrade. Já o segundo fazia um mix de dois desfiles quase que diametralmente diferente: “Como Era Verde Meu Xingu” (1983) e “Namastê: A Estrela Que Habita Em Mim Saúda a Que Existe Em Você (2017). Apesar dos desfiles bastante distintos, o efeito visual foi bastante interessante. Não foram notados erros de execução nem de acabamento.

Fantasias

Ao longo de todo o desfile, um padrão foi percebido em relação às fantasias: as partes que cobriam o corpo e as pernas eram mais simples, tal qual roupas, nas mais diversas cores. O luxo aparecia nos costeiros, sempre remetendo a algo relacionado à agremiação carioca – seja algo histórico, seja em relação a um desfile marcante.

Harmonia

Assim como acontece em muitas coirmãs, a cabeça (ou seja, os primeiros segmentos) não teve desempenho adequado no canto. A surpresa veio após o carro abre-alas: as alas seguintes também não cantaram a contento, prejudicando o quesito. A situação melhorou bastante no terceiro setor, já que, sem exceção, todos os componentes cantaram em bom volume o samba da agremiação.

Samba-enredo

Se o desfile trouxe várias referências a desfiles históricos da Mocidade Independente, o refrão dava o tom da homenagem: “A mão da bomba fez chuê chuá/Nas viradas dessa vida, descobriram o Brasil/São mil e uma noites de ziriguidum/Padre Miguel, Uirapuru” – fazendo menções a grandes exibições da coirmã carioca. A primeira estrofe inteira foca no sentimento e na fundação da agremiação, o refrão do meio exalta a Não Existe Mais Quente e a segunda parte do samba-enredo volta a fazer menções a outros desfiles da escola carioca. No misto entre referências e cronologia, a exaltação a exibições históricas saiu-se em maioria numérica. André Ricardo, intérprete da agremiação, teve atuação bastante interessante, sustentando o samba composto por André Ricardo, Tchelo, Diego Nicolau, Digo Sá, Maradona, Márcio André, Turko, Rafa do Cavaco, Fábio e Beto Colorado.

Evolução

Certamente, um dos grandes calcanhares de Aquiles da escola da Zona Leste foi tal quesito. A escola, que optou pela compactação e por um andamento mais moroso, teve alguma dificuldade com o segundo carro, que teve caminhada com alguns solavancos – sobretudo na parte final da passarela. E, por conta de tal situação, a agremiação estourou o tempo-limite de 50 minutos em dezesseis segundos – o que, se seguido o regulamento, acarretará perda de décimos.

Outros destaques

Quando a escola começou a se apresentar no Setor E (o último do Anhembi), diversos refletores se apagaram. Na corte de bateria, três destaques: Acassia Nascimento (rainha), Sheila Neves (musa) e Tati Reis (madrinha).

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