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Série Barracões: Beija-Flor traz novo olhar sobre a independência do Brasil em nova dobradinha André e Louzada

O quadro de Pedro Américo “Grito do Ipiranga” que está no Museu do Ipiranga em São Paulo retrata uma ideia de independência que por quase dois séculos foi ensinada nas escolas e moldou a forma como a ruptura oficial entre o país e a Monarquia Portuguesa chegou foi passada de geração em geração. Ainda aproveitando as discussões acerca do Bicentenário da independência comemorado em 2022, a Beija-Flor, de maneira nenhuma está atrasada, ao retomar o tema no carnaval 2023, mas aproveitando para colocar nos debates a ideia de uma nova data a ser lembrada para formação de uma ideia de independência. O dia 2 de julho de 1823 até hoje é feriado na Bahia comemorando justamente a data conhecida como independência do estado. A Soberana de Nilópolis vem propor um novo olhar sobre este e outros movimentos similares e o seu lugar na história do Brasil. André Rodrigues, que em 2023, fará seu trabalho, agora com o status de carnavalesco ao lado de Alexandre Louzada, explicou como surgiu a ideia do enredo e a mensagem que o desfile pretende passar.

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Fotos: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO

“Esse enredo surge a partir de uma provocação da própria Flávia Oliveira sobre as escolas acabarem perdendo o time de falar sobre o bicentenário da independência. Acho que a maior mensagem deste enredo talvez seja a manutenção da esperança do povo brasileiro. Seja sobre a gente se manter sonhando, se manter esperando um país melhor e criando maneiras de driblar esse sistema, esse bloqueio, essa hegemonia na construção do país, construindo outros Brasis a partir daquilo que a gente tem para construir. Valorizar essa manutenção da esperança que parte muito através da arte, da cultura”, acredita o carnavalesco.

Alexandre Louzada lembra que a construção do enredo foi desenvolvida por André Rodrigues e o pesquisador Mauro Cordeiro. O carnavalesco multicampeão, que agora terá oficialmente companhia na execução do trabalho, conta o que mais lhe encantou no tema escolhido.

“Este enredo é de autoria do André Rodrigues e do Mauro Cordeiro, porque aqui na Beija-Flor acontece de forma democrática, todos podem apresentar uma ideia de enredo. O que mais me encantou realmente é que eu conhecia todas as insurreições, mas ainda não tinha me aprofundado no assunto, e achei bastante interessante, como acho a formatação de uma proposta diferente de visual da Beija-Flor. Mostra a preocupação da escola com os anseios da sociedade como um todo, da sua comunidade principalmente. Acho que qualquer enredo que vai tocar o coração das pessoas, ou que vai despertar o orgulho, a alegria, isso aí vai me contagiar”, define Louzada.

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André Rodrigues revela que o trabalho ao lado do pesquisador Mauro Cordeiro foi uma construção coletiva acerca de um tema que lhes trouxe algumas descobertas para o desfile durante o processo de pesquisa.

“Eu pesquisei o enredo junto com o Mauro Cordeiro, nós escrevemos a sinopse de maneira coletiva, e foi muito legal isso porque nós queríamos encontrar um tom para o desfile. Pegamos cinco pessoas diferentes, escrevemos cinco sinopses diferentes, analisamos o que seria a visão de cada um sobre essa sinopse e depois acabamos juntando em um outro texto que virou a convocação e transformamos como sinopse. E a sinopse oficial que está indo para os jurados também é uma junção destes cinco textos. Tudo neste carnaval tem sido construído de maneira muito coletiva. O que tem dado a dimensão das diferenças de visões que existem sobre o que é para cada um a perspectiva de independência. O nosso trabalho tem sido juntar tudo isso em um desfile só e que tenha uma leitura clara, objetiva e que abrace todas essas ideias. Acho que o que a gente não esperava encontrar foi o final desse desfile. Todo o restante, não era óbvio, mas nas primeiras pesquisas a gente já entendia o que viria por aí. Mas o final do desfile tem algo de muito interessante como desfecho da narrativa. Ele explica na verdade que é uma narrativa que não tem desfecho mas ele consegue concluir muito bem o pensamento”, esclarece André.

Louzada acredita que o uso de teatralizações e o clima de ato cívico presente na forma da construção do desfile serão diferenciais neste carnaval da Beija-Flor e vão mexer muito com o público.

“A gente não pensou em nada mirabolante. A gente pensou na mensagem, em passar a verdade. O que eu acho das teatralizações que vão acontecer na Beija-Flor, é que vão despertar esse clima de manifestação, ou seja de ato cívico. É uma convocação que a gente está fazendo. O enredo se torna claro com essas teatralizações”.

Desfile de 2023 será completamente diferente de 2018 e de Mangueira 2019

Com o cunho político e com a intenção de trazer um novo olhar, uma nova perspectiva de um fato histórico, o enredo da Beija-Flor 2023 poderia ser confundido com outros enredos que também partilharam dessa concepção. Em 2019, a Mangueira, com Leandro Vieira trouxe uma nova construção da história do Brasil a partir das perspectivas de povos excluídos historicamente, como indígenas e populações pretas, reescrevendo fatos como o descobrimento, a colonização, a abolição da escravidão, a atuação dos bandeirantes, entre outros. O carnavalesco André Rodrigues acredita que a Beija-Flor 2023 não tentará reescrever nenhuma história, mas trazer alguns fatos importantes para o seu devido lugar.

“Tem um pouco de a gente reconstruir a história que sofreu uma dominação hegemônica na forma que ela é contada, mas eu cheguei a conclusão que não é só sobre uma história não contada. Porque essas histórias, acho que boa parte das pessoas conhecem. Mas existe um fio, que é a construção da narrativa do Brasil que não coloca essas histórias em seu devido lugar de construção. Não é só sobre essa história ser contada ou não. Por exemplo, muitas pessoas conhecem a história da cabanagem a partir da história do Pará, mas não conseguem compreender o tamanho que é a cabanagem para essa construção amazônica de cultura, e não conseguem colocar a cabanagem dentro do fio da construção da independência do Brasil. Não é um enredo sobre história inéditas. Mas é um enredo sobre uma abordagem inédita a partir de uma outra perspectiva”, explica o artista.

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Neste pensamento, André continua e entende que a Beija-Flor, neste enredo, pretende mostrar uma nova construção coletiva de país. “A gente não se propõe a contar uma história que a história não conta. O foco do enredo é mostrar uma construção coletiva de país, mostrar como a hegemonia daquilo que tocou esse país até então fez com a gente de violência no trato da história. Sempre digo que um dos nossos maiores desejos é que as pessoas compreendam o tamanho que é a violência da construção das narrativas. Não tem a ver com tentar contar histórias inéditas. Tem um outro viés, uma outra história, a construção do desfile é completamente diferente”, aponta o carnavalesco.

Outro desfile que vem a lembrança, mas dessa vez na própria Soberana, é o titulo de 2018 com “Monstro é aquele que não sabe amar”. Naquele ano, a Azul e Branca de Nilópolis colocou o dedo na ferida, expôs as mazelas do país, criticou a corrupção por parte de políticos, isso tudo em paralelo com uma versão da história do clássico literário ” O monstro de Frankenstein”. Apesar da permanência do tema político, Louzada rechaça a comparação e entende que até esteticamente, a concepção de desfile é completamente diferente para este ano.

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“A Beija-Flor naquele ano desfilou com uma proposta estética bem diferente do que ela estava acostumada, mas naquele momento era tudo aquilo que o povo queria dizer, queria gritar, e o desfile contagiou e aconteceu aquela catarse. Mas hoje será uma concepção estética completamente diferente, é outra visão, até porque os assuntos tratados são diferentes. Eu digo que ela vai passear por vários estilos, será possível ver quando ela entrar na Avenida, porque precisa, não é uma opção, porque são fatos relatados completamente diferentes. A gente não pode retratar uma manifestação, uma passeata com plumas e paetês. Tem momentos em que ela traz a realidade, tenta se fantasiar mais perto da realidade”, esclarece Alexandre Louzada.

Estética opulenta estará presente, mas Beija-Flor vai mostrar estilos diferentes

Em 2022, o abre-alas da Beija-Flor em tons de azul e preto, trazendo o símbolo da escola e fazendo referência a opulência do antigo Egito foi um dos pontos altos do desfile. O luxo, o impacto, a manutenção e ao mesmo tempo o resgate de uma agremiação imponente em um passado recente desejado pelo torcedor da Azul e Branca de Nilópolis e do mundo do samba, como um todo, segue presente para 2023. No ano passado, André Rodrigues, ainda que não fosse oficialmente carnavalesco, era o braço direito de Louzada e teve bastante autonomia no processo de desenvolvimento do carnaval da escola. Agora como carnavalesco, o artista segue ao lado de Louzada, nessa intenção de trazer uma agremiação rica e opulenta para a Sapucaí, a fim de satisfazer o desejo da comunidade e componentes.

“É uma Beija-Flor grande, opulenta, rica, mas que presa muito por passar a mensagem. A construção estética do desfile faz parte da construção da história. A gente não trata igual todos os momentos do desfile porque há mensagens diferentes. A gente não deixa pasteurizado as mensagens. Cada uma tem uma tratativa, uma abordagem, uma concepção, mas todas elas estão completamente ligadas. O desfile da Beija-Flor tem que estar dentro do imaginário do componente porque é uma escola que tem uma cara não é de hoje. Existe uma identidade que vem desde 1976 quando ela ganha o primeiro campeonato, que é de se tornar a escola mais rica que todas as outras. A Beija-Flor foi tendo vários tipos de luxo ao longo da história. E os componentes se identificam com isso, uma escola robusta, opulenta, amedrontadora. Tudo isso faz parte do ego do desfilante. Eu percebo que esse ego deles não é só da fantasia ou da alegoria bem feita, mas do impacto também. Acho que o desfile desse ano vai atender bastante a comunidade”, espera o artista.

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Sobre a divisão de trabalho da dupla de carnavalescos, André explica que a concepção visual inicial foi sua por ter desenvolvido o enredo, mas que o processo se desenrolou sempre existindo com muito diálogo e com a anuência de Alexandre Louzada.

“No início, como o enredo foi meu, o Louzada me deixou livre para criar as primeiras páginas, primeiras folhas desse visual, e depois de criado ele vinha e dava a cara dele. Funcionou mais ou menos assim, a concepção inicial artística acabou sendo minha, e depois ele vinha e dava a cara dele daquilo que achava que cabe, ‘isso aqui precisa mais daquilo’, etc. Algumas coisas voltaram. Ele dava sugestões. Foi construído através do debate, da conversa principalmente. A divisão na verdade foi feita para que não existissem dois desfiles. Apesar de ser um desfile que de forma provocativa ele tem uma inversão de abordagem estética, mas a nossa preocupação era não ter dois desfiles. Começou a partir de uma cabeça e depois a outra cabeça foi tornando aquilo mais real”, indica André.

Já Louzada fala de uma escola para 2023 não tão homogênea por conta da diversidade do enredo, mas que não vai perder a sua força, o seu luxo e a suas características imponentes que estão presentes na história da agremiação.

“Ela passeia por vários estilos visuais. Mas não vai perder a imponência não. No abre-alas da Beija-Flor a gente ergue um monumento a quem acreditamos que seriam os heróis da nossa independência. O povo, os caboclos, os índios, os brasileiros daquele levante do ‘dois de julho’. A Beija-Flor abre ‘grandona’ como sempre veio e por uma característica do André Rodrigues, ele sempre tem muita teatralização. A Beija-Flor se utiliza de várias cenas isoladas de carros alegóricos, tripés, elementos cênicos utilizados pelos próprios componentes na ala para ilustrar cada passagem do nosso enredo. Acho que a comissão é uma parte importante da leitura do nosso enredo. Eu confio muito nesta mensagem, através desses fragmentos que são inseridos em nosso desfile, a opulência do abre-alas que muda completamente a estética de um ano para o outro. Não vai ser uma escola reconhecida por uma marca estética, mas uma marca de opulência, de grandeza, mas ela prova que é capaz de passear por outros estilos também, mais modernos, mais de vanguarda”, define o carnavalesco.

Mensagem mais uma vez será um dos grande trunfos da Beija-Flor

Se em 2022, claramente a escola tinha uma mensagem para deixar como legado no final do desfile, em 2023 não será diferente. Dar uma nova perspectiva aos movimentos retratados neste enredo e recolocar o seu devido lugar na história é uma das intenções da Beija-Flor. O carnavalesco André Rodrigues espera que a mensagem possa sair do universo das escolas de samba e atingir novos contextos como as salas de aula.

“Acho que será um desfile muito bem amarrado e cada setor tem algo diferente, cada carro tem uma abordagem diferente, cada conjunto de fantasias por setor é diferente. Acho que isso é o grande trunfo. De como a escola não fica monótona, mas ao mesmo tempo ela tem uma linearidade de impacto. Toda hora ela vai te levando para lugares diferentes, para sensações diferentes, sem perder o nível de desfile. Acho que é uma outra formação de brasileiros e brasileiras. E, se isso realmente for uma nova perspectiva de abordagem da independência nas escolas, se isso ajudar, nós vamos ter cidadãos diferentes crescendo. Não é só uma questão de empoderamento a partir da informação, mas é uma questão de você realmente mudar o seu espaço. Você olhar dentro da sua casa e entender que a minha vida é assim por causa disso e daquilo. Eu não posso mais ser passivo desse sistema por causa disso e disso. Isso é o que para mim talvez seja o mais bonito. Se esse desfile ganhar essa coisa do ensino, e ir realmente para as escolas, acho que é formar uma nova geração”, aposta o artista.

André revela que o enredo que fala de uma temática nacional também infere implicações do tipo regionais. A escola trará movimentos do seu próprio entorno para falar da independência do Brasil.

“A gente está conversando muito com movimentos sociais da Baixada Fluminense. Esse enredo tem uma preocupação de nível nacional, mas a escola de samba trouxe isso para a realidade dela. Nós fomos atrás dos coletivos e movimentos sociais da Baixada, trouxemos eles para a escola e debatemos a independência do Brasil a partir da perspectiva da Baixada Fluminense. Aconteceram três reuniões muito produtivas e agora a gente usa a escola de samba para falar desses coletivos da Baixada porque eles vão desfilar com a gente. Vão passar na Avenida coletivos sociais que atuam na Baixada, território da Beija-Flor, e isso volta para eles. É uma coisa de usar o espetáculo para fazer coisas que importam também fora dele”, acredita André.

Sem o tão esperado título desde 2018, a Beija-Flor já tem o seu maior jejum neste século. Em anos corridos já é o maior. Em termos de carnavais iguala ao período sem ganhar entre as conquistas de 2011 e 2015. Por isso é de se imaginar uma certa ansiedade pela vitória. O carnavalesco Alexandre Louzada minimiza uma possível pressão pela conquista por conta do jejum, definindo o próprio tamanho da agremiação como uma fator pertencente ao sempre desejo do torcedor pela vitória.

“Acho que a pressão é inerente ao fato de estarmos na Beija-Flor. Ano passado nós raspamos, perdemos por erros nossos. Talvez o jejum não seja tão doloroso diante do quase campeonato do ano passado. Estamos no caminho, e a Beija-Flor é uma escola que sempre está na briga pelo título. Só que os tempos são outros também. Hoje nós temos grandes potências disputando carnaval. Não está fácil para ninguém. Espero que no dia do desfile da Beija-Flor, a agremiação seja tudo aquilo que o povo quer gritar como foi no ano do monstro(2018)”.

Conheça o desfile da Beija-Flor

A Soberana de Nilópolis vai levar para Sapucaí neste carnaval, seis carros, 3 tripés e 23 alas. Os carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues falaram mais sobre como estão divididos os setores de “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da independência”.

Abertura: “A gente começa fazendo uma alusão ao quadro de Pedro Américo, ali mesmo você não enxerga o povo. É uma cena militar da época e essa data que é escolhida para ser o marco da independência. No ano seguinte, durante esse período, várias insurreições aconteceram no Brasil que culminaram com esse levante na Bahia em 2 de julho. O Abre-alas da Beija-Flor ergue um monumento a quem acreditamos que seriam os heróis da nossa independência. O povo, os caboclos, os índios, os brasileiros daquele levante.

Primeiro Setor: “É uma provocação entre o ‘7 de setembro’ e o ‘2 de julho’ “.

Segundo Setor: “São as principais revoltas depois de 1823 até a abolição da escravidão e consequentemente a virada para a república”.

Terceiro Setor: “É a república e a negação da nossa cidadania”.

Quarto Setor: “São os movimentos sociais que atuam na nova República até os dias de hoje nessa busca por direitos”.

Final do Desfile: “A cultura como mecanismo de sobrevivência brasileira”.

Nota 10 em Sustentabilidade! Águas do Rio fará a distribuição de copos ecológicos na Sapucaí durante o carnaval

No quesito sustentabilidade, as ações da Águas do Rio no Carnaval de 2023 vão tirar nota 10. Assim como no ano passado, a concessionária distribuirá copos reutilizáveis. Dessa vez, 90 mil unidades serão entregues ao público presente ao longo dos cinco dias de desfiles no Sambódromo. A iniciativa vai evitar a produção de 1.6 tonelada de lixo plástico ao todo. Patrocinadora do carnaval da Marquês da Sapucaí e dos blocos de rua oficiais, a empresa programou diversas iniciativas para a festa.

Copo 2023

“O carnaval é uma potência cultural que movimenta milhares de pessoas e impulsiona setores fundamentais para o desenvolvimento econômico do nosso estado, principalmente o turismo. Ou seja: patrocinar o carnaval é apoiar a criatividade e a geração de renda em nossa área de atuação. Claro que fazemos isso do nosso jeito, investindo em iniciativas sustentáveis, mostrando que folia e consciência ambiental podem e devem caminhar juntas”, destacou o presidente da empresa, Alexandre Bianchini.

Consciência na avenida e no Carnaval de rua

A concessionária também estará presente nos setores 1, 2 e 9 da avenida, distribuindo água gelada ao público e integrantes das escolas de samba, e ainda disponibilizará 10 bebedouros, em pontos estratégicos, entre eles, na dispersão do desfile.

Para incentivar o reuso e promover ainda mais o consumo consciente, o folião que levar seu ecocopo da Águas do Rio do Carnaval de 2022 mostrando que merece boa nota em evolução, ganhará de brinde um cordão porta-copo personalizado. Além disso, no local, maquiadores estarão prontos no estande da concessionária para atender o público com muita purpurina.

Um dos braços mais importantes do Carnaval carioca, a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) também não ficará de fora das iniciativas da concessionária. Em reconhecimento ao trabalho essencial que realizam, a Águas do Rio distribuirá squeezes (garrafa reutilizável) para aqueles que estiverem trabalhando na Marquês de Sapucaí.

Além disso, antes mesmo do início do trabalho na limpeza, eles poderão passar no estande da concessionária para garantir maquiagem e ficarem no clima da festa.

Blocos de rua mais sustentáveis

Neste ano, a Águas do Rio também patrocina o Carnaval dos blocos oficiais na capital. Todo o esgoto dos 34 mil banheiros químicos distribuídos pelos dias de folia será tratado nas Estações Alegria e Pavuna, na Zona Norte da cidade.

O apoio da Águas do Rio deixa o carnaval mais sustentável em vários sentidos. Nos blocos de rua, por exemplo, todos os resíduos recicláveis serão recolhidos por uma empresa especializada em coleta seletiva e entregues para cooperativas associadas que receberão o material e gerarão renda com eles.

Credenciamento do Camarote do King não tem fila e ingressos de acesso ao Sambódromo são integrados ao aplicativo

Não é de hoje que o credenciamento do King deixa os clientes satisfeitos pela forma ágil como entrega camisas e ingressos. Neste ano, praticamente não houve filas, já que o aplicativo King Ingressos fez uma integração com o sistema da Liesa. Desse modo, o cliente já chega ao meeting point com o cadastro no aplicativo, valida o reconhecimento facial, retira as camisas e, automaticamente, o QR code que dá acesso ao sambódromo é gerado no aplicativo. A diretora executiva, Lilian Martins explica:

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“Esse ano o cliente não precisa nem passar pelo nosso atendimento no computador, aqui no meeting point. Se ele chegar com o cadastro feito no King Ingressos, é só retirar a camisa e no próprio balcão nós já confirmamos o face Id [reconhecimento facial], que é como o cliente consegue entrar e sair do camarote, assim que essa verificação é feita, o QR Code da Liesa chega no celular dele.”, explicou.

Além da rapidez, o cliente do camarote já pode começar a experimentar os serviços que estarão à disposição nas noites dos desfiles. São geladeiras repletas de cerveja e refrigerante, além de salgadinhos e picolés. O casal Camille e Henrique Barbieri estão acostumados a assistir aos desfiles e já tiveram experiências boas em outros camarotes, mas neste ano resolveram ir ao Camarote do King pela primeira vez.

Camille e Henrique Barbieri

“A gente sempre ouviu falar muito bem do camarote, falam que é organizado, tem um preço bacana, serviço de boa qualidade. As fotos que a gente vê confirmam que é um camarote diferenciado. A gente está indo assistir aos desfiles, mas estamos animados para curtir o camarote nos intervalos das escolas”, explicou Camille.

Já Viviane Oliveira e Alexandre Bartkevihi são frequentadores assíduos e vão ao King há 4 anos. Eles recomendam para os amigos e familiares pela organização. “A gente escolheu o King, porque é um camarote que prioriza o desfile, não é bagunçado e muito menos lotado. Você pode ver pelo credenciamento, que igual aos outros anos, foi rápido e costuma ser muito tranquilo”, relatou Viviane.

Viviane Oliveira e Alexandre Bartkevihi

Também é no credenciamento que os clientes podem fazer extravagâncias com as camisas no quesito personalização. A única regra é manter a logo do King inteira, sem cortes e na parte da frente, o restante vai da criatividade da clientela e das costureiras. Lenia Glauss é diretora da Lenia Criações, empresa que cuida das customizações desde o surgimento do camarote, em 2017.

“A nossa equipe tem 12 pessoas que cuidam de costura, colagem e personalização. A gente faz em média 800 peças personalizadas para o camarote do King, mas se consideramos a feijoada, preparamos até mil camisas. As blusas deste ano estão ficando lindíssimas e sempre é muito bacana ver os clientes felizes com o resultado”, relatou Lenia.

As customizações vão de R$ 80 a R$ 250, de acordo com os modelos. Lilian Martins e Dona Eliane fazem as customizações das próprias camisas e shorts que usam durante o carnaval.

“Eu sempre gostei de fazer e no meu caso não é uma questão de inspiração, mas eu me sinto bem fazendo. Eu paro um tempo para colar as pedras, contornar a logo. Já a minha mãe gosta de customizar as camisas dela com mais criatividade, as camisas delas são mais enfeitadas, bem carnaval.”, brincou Lilian.

Lenia Glauss

Já as camisas deste ano de João King e Gabriel Martins foram estilizadas pela Philipp Plein. O hotel Wyndham Rio, em frente à praia da Barra da Tijuca, recebe o credenciamento do Camarote do King pelo 2º ano. A família toda fica presente na operação do credenciamento, fazendo atendimentos, liberando acessos e de olho nos últimos ajustes para o carnaval.

“Passos os dias aqui no hotel na semana do carnaval no credenciamento, mas me mudo para cá na quinta-feira e só saio na quarta de cinzas, mas na sexta já estou de volta para o credenciamento das campeãs”, revelou Lilian.

O credenciamento funciona de segunda à quinta-feira, das 14h às 20h. De sexta à segunda-feira, dias de desfiles das 10h às 17h. Na véspera do desfile das campeãs, sexta-feira (24/02) o funcionamento é das 14h às 20h. Já no sábado, dia do desfile, das 10h às 17h.

Preocupa! Frente fria passará no Rio nos dias de carnaval

Os meteorologistas apontam que o Carnaval 2023 deve ter dias chuvosos na cidade do Rio de Janeiro. Como vem acontecendo nos últimos dias, durante o dia, o clima deve ser de calor absurdo, mas podem ocorrer pancadas de chuva no período da noite.

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Foto: Divulgação

Na sexta-feira, abertura dos desfiles da Série Ouro, o dia será com 40ºC, mas com possibilidade de chuva, pancada, no fim do dia. No sábado, a chegada da frente fria na cidade. Meteorologistas esperam até 50mm de chuva.

O clima melhora no domingo, primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial. O sol apareça durante o dia. A tempetura não deve passar de 30ºC. Na segunda, a previsão é do dia apenas com pancadas leves de chuva.

Série Barracões: Vigário Geral espera emocionar o público com memórias da infância

Após desfiles emblemáticos nos últimos anos, a Acadêmicos de Vigário Geral prova não ter medo de ousar e chega ao carnaval de 2023 com uma proposta completamente diferente. Almejando uma vaga no Grupo Especial, a escola aposta na emoção para conquistar o público e os jurados.

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Fotos: Luisa Alves/Site CARNAVALESCO

Desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Costa, Lino Salles e Marcus do Val, o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria” vai contar a história de um menino que encontra um bilhete premiado e é transportado para um ambiente de inocência, leveza e diversão.

“Fomos inspirados pela Praça Catolé do Rocha, que fica na frente da nossa quadra. As crianças brincam muito lá, como nós fazíamos antigamente. É estranho porque é tão difícil ver isso nos tempos de hoje, ainda mais com a violência e a chegada da tecnologia. Mesmo assim, pique bandeira e queimado são brincadeiras que seguem existindo naquela praça”, comenta Alexandre Costa.

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Segundo o carnavalesco, a parte mais demorada do processo foi encontrar um fio condutor que transmitisse a essência do enredo. A partir do momento que fizeram a associação com o filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, as pesquisas fluíram naturalmente.

“Na atualidade, as crianças enxergam o mundo de forma muito mais séria. Elas têm noção de coisas que não tínhamos, e isso pode ser duro”, continua. “Por isso, escolhemos um menino, um personagem que vai representar todos os outros. Queremos levar saudosismo para a Avenida”.

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Conheça o desfile da Acadêmicos de Vigário Geral

Com 1.500 componentes e três alegorias, a agremiação será a terceira a desfilar na sexta-feira, dia 17 de fevereiro. A narrativa será apresentada em três setores e promete cativar a todos.

Setor 1: “Vamos mostrar a busca pela alegria. O mundo está chato, todos trabalham demais e algumas crianças sequer recebem atenção. É quando o bilhete premiado é encontrado e muda tudo”.

Setor 2: “Vai retratar bem as brincadeiras, cirandas, brinquedos… Tudo será explorado no interior da fábrica. Traz nostalgia para quem estiver assistindo”.

Setor 3: “O foco é estimular a imaginação das pessoas. Filmes, musicais e livros. As crianças podem descobrir que o mundo, além da tecnologia, continua muito divertido. Basta ter a oportunidade”.

Especial Barracões SP: Nenê de Vila Matilde aposta na mistura da Bahia com o Egito para sucesso em seu desfile

Continuando com a Série Barracões São Paulo, o site CARNAVALESCO visitou o barracão da Nenê de Vila Matilde, que abrirá a noite de domingo, voltando a disputar o Grupo de Acesso I, visto que no ano de 2022 a Vila foi campeã da divisão inferior. Para o carnaval de 2023, a agremiação irá levar o enredo “Faraó Bahia”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Gouveia. O artista conversou com a equipe e detalhou o desfile que a Águia da Zona Leste irá levar para o Anhembi.

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Fotos: Gustavo Lima/Site CARNAVALESCO

“Faraó-Bahia vem do hit de carnaval onde todo mundo imagina que é a música que a Margareth Menezes eternizou, mas que tem um outro lado. Não é só a festa. Ela fala do empoderamento. Vem de encontro do não aos 100 anos de abolição da escravidão. O autor, juntamente com o Olodum, quer algo para ir contra. Não há o que comemorar. O nosso povo não foi liberto. Houve uma falsa história contada. E aí a música vem na contramão, porque antes o carnaval para os negros era só puxar a cordinha. O que mudou com essa abolição? Nada. Nós vivemos uma mordaça social e isso que a música quer dizer. Nós descendemos de reis e rainhas. De deuses do Egito antigo. A música nos empodera e diz que vamos substituir os turbantes por tranças. Vamos colocar as nossas caras nas ruas. O Faraó-Bahia faz isso. Ele pega esse norte sobre essa luta, empoderamento negro e começa a dar espaço para outras ações”, explicou.

Como surgiu

O tema chegou para a escola sob a ideia do carnavalesco Fábio Gouveia. De acordo com o artista, é uma ideia antiga, planejada em outra escola, mas que resolveu guardar para a Nenê de Vila Matilde, caso um dia fosse contratado. Finalmente aconteceu. “Esse enredo já havia sido discutido há cinco anos atrás. Eu estava na Imperador do Ipiranga junto com o Márcio Telles e ele disse para a gente guardar esse enredo um dia para a Nenê. Jogamos ao vento, porque tem muito a cara da escola. Eu não tinha projeto de vir e ele não tinha projeto de estar no carnaval, mas aconteceu. Quando nós tivemos a oportunidade de colocar isso na Nenê, a comunidade acolheu, porque nós já estávamos fazendo esses resgates. Aí casou de termos o enredista Diego Araújo, que é parceiro nosso que havia feito algo semelhante no carnaval virtual. Nós juntamos as ideias e discutimos o enredo. Era um tema já pensado e aqui na Vila tomou essa proporção”, contou.

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Pesquisa do enredo

Segundo Fábio, tudo foi baseado na questão da negritude. Em sua maioria, não houve uma pesquisa padronizada. Diferente de notar isso, pois realmente requer um conhecimento notório do tema. “Não houve uma pesquisa direta da construção, porque é muito do nosso dia a dia. Nós que militamos a causa negra nós temos esse assunto na ponta da língua. Temos essa identificação com a Nenê de Vila Matilde. Juntou as informações pontuais do Diego para desenvolver a parte técnica da sinopse, as ideias do Márcio quanto artista e a mim quanto carnavalesco. A partir disso nós discutimos o que é funcional e o que vai acontecer. Nós vamos partir daqui, falando de uma escola com empoderamento negro, mas sem ser agressivo. Sem falar de dor e sofrimento. Tudo isso que todo mundo já cansou de ouvir falar. Nós resolvemos falar da alegria cantando essas várias áfricas que existe dentro da Bahia”, declarou.

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Ponto alto do desfile

Com um desfile rico em detalhes, sempre se pergunta qual parte devemos ficar atentos. O carnavalesco disse que a abertura promete um impacto maior. “Nós temos muitos pontos ao longo do desfile, mas a frente da escola tem muita novidade. Temos alegorias totalmente diferentes do que é o carnaval de São Paulo. Temos muita coisa artística, encenação e dança em cima dos carros. A abertura é o ponto chave, que conclama os deuses do Egito na Bahia”, pontuou.

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Conheça o desfile

Setor 1: “O primeiro setor é a conclamação dos deuses do Egito na Bahia. Trazemos todas essas características do Egito, fazemos uma mescla com os personagens da Bahia e abrimos o nosso desfile. O enredo já fala ‘Nenê de Vila Matilde anuncia, Faraó-Bahia’. O maior símbolo da escola de samba vai estar à frente anunciando que o Egito vai estar na Bahia”.

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Setor 2: “O segundo setor já vai falar da luta dos negros para preservar a religiosidade. Nós vamos de encontro ao Ilê Aiyê. Os primeiros blocos, cortejos afros. A ideia de se vestirem de palha para pegarem suas histórias e tradições. Nesse setor é falado do Ilê Aiyê. Tem muita palha, colorido, mas sem perder a ideia do que é o Ilê Aiyê, que é o preto, amarelo e vermelho. Falamos também do empoderamento negro, que a beleza negra toma maior evidência com o Ilê Aiyê”.

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Setor 3: “O último setor nós trazemos essa luta pela paz. Nós já evidenciamos o nosso povo, mostramos o que foi capaz para se reconstruir e se reerguer e se tornar motivo de orgulho. nós vamos falar da luta contra a intolerância, contra o racismo. É um setor inteiro branco pontuado de azul porque também tem essa ligação da Nenê com tudo isso, que é a porta-voz de toda essa história. Ela vai de encontro aos filhos de Gandhi e aos blocos que foram para as ruas para pedir paz. Aquela multidão que desce o cortejo sentido a igreja do Bonfim para que tudo seja melhor. A gente fala que a cidade de Salvador, assim como o Brasil, foi construído com o sangue de todos esses negros”.

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Ficha técnica
Três alegorias
1200 componentes
Diretor de carnaval e ateliê: Bruna Moreira
Carnavalesco: Fábio Gouveia

Vote: Qual escola da Série Ouro você mais aguarda pelo desfile em 2023?

Está chegando a hora! As 15 escolas da Série Ouro do Rio de Janeiro desfilam sexta e sábado pelo Carnaval 2023. Abaixo, você pode votar e apontar qual é a agremiação mais aguardada. Vamos divulgar o resultado na sexta-feira.

Chuva e ventania afeta alegoria de três escolas de samba em São Paulo

Nesta tarde, uma forte chuva acompanhada de ventania derrubou duas alegorias da Mocidade Unida da Mooca e outra da Pérola Negra no espaço de alegorias da Olavo Fontoura. O local, que fica ao lado do sambódromo do Anhembi, serve para a concentração dos carros alegóricos das escolas que desfilam nos dias posteriores. No caso, ambas as agremiações irão desfilar no domingo pelo Grupo de Acesso I.

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Foto: Reprodução/redes sociais

A Mocidade Unida da Mooca soltou uma nota dizendo que tudo será restaurado a tempo do desfile: “Por conta da força da chuva e da intensidade do vento, tivemos duas alegorias, carro 01 e carro 02, danificados na tarde de hoje. Tudo será restaurado a tempo do desfile”. E em seguida postou um mutirão a partir das 21 horas no terreno das alegorias.

A agremiação da Vila Madalena também soltou uma nota: “Devido à chuva e aos fortes ventos desta tarde na cidade de São Paulo, nossas alegorias sofreram danos em algumas peças e composições para o Carnaval 2023. Já estamos trabalhando nos reparos e restaurações das peças danificadas”.

Outra escola prejudicada foi o Morro da Casa Verde que soltou: “Graças ao axé dos nossos orixás, vai ficar tudo bem! Como é de conhecimento público, as fortes chuvas que aconteceram hoje na cidade de São Paulo no fim do dia danificaram alegorias do Morro e de outras co-irmãs. Os reparos estão sendo calculados e o plano de ação para o nosso desfile já está em prática. O nosso bem maior que são as PESSOAS e os profissionais que ali trabalhavam , nada sofreram. O trabalho continua incessantemente até o momento do nosso desfile oficial, nos solidarizamos com as escolas afetadas e a luta continua! Contamos com a nação Verde e Rosa para continuarmos firmes , falta pouco”!

Em breve mais informações.