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Governador Cláudio Castro anuncia novo patrocínio de R$ 13 milhões para escolas do Especial e Série Ouro

O Governo do Estado vai repassar para as escolas de samba do Grupo Especial e para a Série Ouro R$ 13 milhões para a subvenção dos desfiles. O valor será somado ao investimento do Poder Executivo feito por meio da Lei de Incentivo à Cultura e ao pacote de fomento Folia RJ 2023, garantindo ao Maior Espetáculo da Terra o investimento de R$ 38 milhões.

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Segundo a Liesa, o subsídio vai possibilitar, pela primeira vez na história, as contas no azul após o desfile (Foto: Rafael Campos)

“Esse aporte vai fazer com que as escolas possam entregar um Carnaval mais bonito, que leva positivamente a imagem do Rio, assim como o Réveillon, para todo o mundo. Este ano não tenho dúvidas que será o maior Carnaval da história, e o Rio de Janeiro retoma seu protagonismo como vitrine do Brasil”, comemora o governador Cláudio Castro.

De acordo com o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, o subsídio do Governo do Estado para o Carnaval vai possibilitar, pela primeira vez na história, as contas no azul após o desfile.

“Esse recurso permite que terminemos o Carnaval zerado pela primeira vez, para que a gente possa em abril começar a preparação dos 40 anos da Liga. Vamos corresponder este gesto importante com muito trabalho. E a nossa entrega é na Avenida, com um belo espetáculo para o público”, disse Perlingeiro.

Assédio e violência contra a mulher na mira do Estado

Além do aporte financeiro, o Governo do Estado planejou um Carnaval seguro para todos, em especial para as mulheres. Por isso, no mesmo dia do anúncio do aumento da verba para as agremiações, em ação conjunta, as secretarias de Estado da Mulher, de Cultura e Economia Criativa e das polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro lançaram, no auditório da Biblioteca Parque Estadual, no Centro do Rio, a campanha institucional “Ouviu um não? Respeite a decisão”.

O encontro foi realizado em parceria com projetos premiados no edital “Bloco nas Ruas RJ”, que premiou 65 blocos do estado com aporte de R$ 3,1 milhões.

A secretária da Mulher, Heloisa Aguiar, ressaltou que a parceria entre os órgãos foi fundamental para o sucesso das ações.

“Trabalhamos para que a mulher seja orientada e protegida. Estamos todas de mãos dadas numa grande corrente para que o assédio seja reduzido e a mulher possa ter liberdade para se divertir no Carnaval”, destacou.

Para Danielle Barros, secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, o Carnaval é o palco para todas as ações de conscientização.

“Mais importante do que garantir o aporte financeiro, que vai movimentar a economia criativa com mais de R$ 38 milhões, gerando emprego, renda e oportunidade para as pessoas, temos que trabalhar em conjunto para que tenhamos um Carnaval com conscientização e respeito ao próximo, além da valorização da nossa arte, da nossa cultura e do nosso povo”, disse Danielle.

Sobre a campanha

“Ouviu um não? Respeite a decisão” é o slogan da campanha que o Governo do Rio está lançando neste Carnaval. Nela, são pontuadas atitudes de assédio contra a mulher – como puxar o cabelo, braço e a fantasia – e destacado o aplicativo Rede Mulher. Baixada gratuitamente no celular, a ferramenta tem um botão de emergência que aciona eletronicamente o 190, da Polícia Militar. “Seja um folião de respeito”, convoca uma das peças, divulgadas em redes sociais, rádios, jornais impressos, outdoors e pontos de ônibus, entre outros locais.

Especial Barracões SP: Morro da Casa Verde viaja por impérios e reinos guiada pelos Guardiões de Dynasteia

A série “Barracões” do site CARNAVALESCO viajará pela história da humanidade guiada pela Morro da Casa Verde e sob a proteção dos guardiões da palavra dinastia. Com o enredo “Dynasteia. História, Poder e Nobreza”, assinado pelo carnavalesco Danilo Dantas, a Verde e Rosa da Zona Norte ensinará ao público que comparecer ao Sambódromo do Anhembi o que significa essa palavra e as ligações que ela tem com o próprio mundo do samba.

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Fotos: Divulgação

Enredo a muito guardado esperando a oportunidade certa

O desejo de Danilo Dantas de levar este enredo não é recente. O carnavalesco demonstrou que sempre teve um interesse especial de contribuir com a Morro da Casa Verde, e para 2023 surgiu essa oportunidade quando a escola o convidou para assinar o projeto.

“Meu namoro com o Morro já faz alguns anos. Desde quando eu fui pela primeira vez conversar, já tinha a ideia desse enredo por ser uma escola de família, que mantém essa tradição familiar. A estrutura dela ainda é muito familiar em todos os setores da escola. Eu percebi que ali era uma dinastia mesmo, que passa de pai para filho, de filho para neto. Quando eu tive a ideia desse enredo, cerca de três a quatro atrás, falei que agora é hora de mostrar isso para a escola. Meu interesse de vir para o Morro da Casa Verde principalmente foi para mudar a estética da escola. Quando eu apresentei a proposta, junto de outros quatro enredos, esse foi o primeiro aceito, nem precisei mostrar os demais. Eles entenderam a proposta, e sabiam que é uma estrutura de desfile totalmente diferente do que a escola tem apresentado nos últimos 20, 30 anos. É um choque de estética e de leitura, mas é o que eles queriam. Graças a Deus foi bem aceito pela direção da escola e também pela escola”, declarou.

Enredo diferente, mas capaz de homenagear a própria escola

Para uma comunidade que está acostumada com uma mesma linha de desfiles por tanto tempo, receber uma nova roupagem pode soar estranho de início. Mas Danilo garante que os componentes da Morro com o tempo abraçaram a proposta ao entenderem seu teor histórico, sempre ouvindo as diferentes opiniões de cada um.

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“Toda mudança gera coisas positivas e negativas. Lógico que tem aqueles que falaram que não é a cara da escola, mas outros acharam que era isso que precisávamos para brigar de vez pelo título. A recepção de início foi de estranheza, mas depois as pessoas entenderam que o enredo fala basicamente de impérios e reinos que formaram a humanidade, passou a ser aceito de uma forma boa. No final fizemos uma mudança no planejamento para poder entrar e encaixar na proposta da escola. Inicialmente não tinha nenhuma dinastia ou ligação africana no enredo. No final, coloquei uma ligação da escola com a sua raiz africana e também uma das dinastias africanas, que é a do Império Mali, que inclusive é a nossa bateria, dando aquele toque de africanidade que faltava no enredo. Fora o samba, que ficou com a cara que o Morro tem”, afirmou.

A parte final do samba, que fala da Rainha com samba no pé, é uma clara homenagem a Dona Guga, filha de Zezinho do Banjo, que por 26 anos defendeu o legado do pai tal como uma dinastia. O desfecho do desfile da Morro lembrará não apenas da própria escola, mas de coirmãs que mantém esse elo familiar dentro de suas comunidades.

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“Deixamos o enredo, numa parte final, para que não falassem que não falamos de samba. Fiz uma pesquisa, e devem ter outras escolas pelo Brasil ou na UESP com essa ligação familiar. Mas como o Carnaval é amplo e estamos na Liga, fizemos uma pesquisa entre as escolas dos primeiros grupos da Liga e da UESP. Identificamos que somente o Morro, o Rosas de Ouro e a Mocidade Alegre são escolas que tem, alguém na sua presidência, alguém que tem ligação com o fundador da escola. Foi o gancho que encontrei para fazer essa ligação com o samba. Fazemos no final do enredo uma homenagem ao Rosas de Ouro e a família Basílio com a Angelina, à Mocidade Alegre e a família Bichara com a Solange e ao Morro da Casa Verde, com elas duas abraçando as três dinastias mais antigas junto ao Morro da Casa Verde, que continua com a família até hoje. Uma forma de homenagear a Dona Guga, que mantém com pulso forte a escola até hoje”, exaltou Danilo.

Tomada do poder pelos ‘guiados por Deus’

Ao longo dos séculos, diferentes dinastias surgiram e se perpetuaram. Algumas seguem a mesma tradição até os dias de hoje, como é o caso da Família Real Britânica. Danilo Dantas considera este um elemento de destaque ao longo das pesquisas realizadas para concepção do enredo.

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“O quanto a humanidade se pautou pela ganância e sede de poder, e sempre com uma desculpa: a religião. Fui pesquisando todas as dinastias, todos os impérios e reinos, e todos eles tinham como premissa e desculpa que eles eram “guiados por Deus”. Era Deus que dava a direção para eles se perpetuarem no poder. Era Deus que também, na maioria deles, independente do Deus que nós cremos ou que eles criam, ou que os Deuses que eles inventavam, sempre eram com a base do discurso de que eles precisavam tomar o poder porque foi Deus que destinou a eles. Todas as dinastias têm essa ligação, uma ligação muito forte da religião com os impérios. É por isso que eu começo o enredo com a expressão “Óh, Pai, derrame sobre nós a divina inspiração”, para que nós não usemos a divina inspiração de forma errada. Foi essa a deixa que tivemos para colocar essa inspiração que, segundo eles, era divina”, revelou.

Guardiões de Dynasteia

A comissão de frente da Morro da Casa Verde será o único momento totalmente lúdico do desfile, ao trazer os chamados “Guardiões de Dynasteia”. O objetivo é ensinar ao público desde o começo o significado da palavra dinastia de forma teatralizada, agindo como fio condutor da história a ser contada pela escola.

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“Todo o enredo tem uma leitura histórica. A única que eu me permiti fazer uma leitura lúdica, com liberdade poética e artística foi na comissão de frente. A palavra dinastia deriva do grego “dynasteia”, que significa poder de dominação, dominar. A nossa comissão de frente, de forma lúdica, brinca que eles são os guardiões dessa palavra. Faremos ela com um figurino ligado à era medieval, mas é uma liberdade artística que fizemos para dar o pontapé inicial do enredo. Todo mundo fala de dinastia, mas não sabe o que é a palavra de fato. Pensam que é a perpetuação do poder apenas, mas é se perpetuar no poder tendo laços familiares. Os “Guardiões de Dynasteia” são como os guardiões do mistério que permeia essa palavra. São a licença poética que usamos para destrinchar o restante do enredo”, concluiu Danilo.

Conheça o desfile da Morro da Casa Verde

Setor 1: “A comissão de frente traz os Guardiões de Dynasteia, onde pouco se verá o rosto dos atores, porque ela é misteriosa e brincará com o mistério que tem a palavra e as dinastias da humanidade. Neste setor falamos dos impérios, tanto os medievais quanto os pós-medievais. O primeiro casal vem representando o Império Romano”.

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Setor 2: “Falamos de reinos, desde o período neobabilônico até a dinastia argéada, que é a grega e macedônica. O segundo casal vem representando a Casa de Windsor, de onde vem a família real britânica”.

Setor 3: “Falamos das dinastias do samba, que nos demos a liberdade de colocar a parte lúdica do enredo sem deixar de ser histórico. Uma homenagem às escolas de samba que tem a sua ligação familiar”.

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Ficha técnica
Enredo: “Dynasteia. História, Poder e Nobreza”
Alas: 17
Alegorias: 3 + 1 elemento cênico
Componentes: 1200
Ordem de desfile: 5ª escola a desfilar no dia 19 de fevereiro de 2023 pelo Grupo de Acesso

Dados da Prefeitura do Rio revelam importância da imprensa especializada na cobertura das escolas de samba

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), que tem à frente o secretário Chicão Bulhões, em parceria com a Fundação João Goulart (FJG) e a Riotur, divulga a segunda edição do Carnaval de Dados. O estudo traz dados econômicos, números da operação do Carnaval, curiosidades da festa e também o quantitativo de trabalhadores envolvidos no evento, incluindo a imprensa especializada no Carnaval.

Segundo a pesquisa, em 2022 no Youtube houve aproximadamente 10 milhões de visualizações de conteúdos ligados ao Carnaval, considerando diversos eventos ocorridos ao longo do ano: mini desfiles (em fevereiro, visando os desfiles de 2022; e em dezembro, com os enredos para o Carnaval 2023) do Grupo Especial; mini desfiles da Série Ouro; ensaios técnicos de 2022 na Marquês de Sapucaí; desfiles oficiais de 2022 no Sambódromo (Liesa e Liga-RJ) e na Intendente Magalhães (Superliga Carnavalesca); a apuração das diferentes ligas em 2022; e sambas-enredos para o Carnaval 2023. Os números mostram a força do Carnaval Carioca.

Ao se considerar os principais veículos de comunicação da imprensa especializada, além dos canais oficiais da Liesa e Liga-RJ, há mais de 430 mil pessoas inscritas nesses canais no Youtube. Se somadas todas as redes sociais desses veículos, o número total de seguidores fica na casa dos milhões.

Mais um dado relevante sobre a força das Escolas de Samba, é a quantidade de seguidores ou inscritos nas redes sociais. Somando canais e perfis de Youtube, Instagram e Twitter, das 12 Escolas de Samba do Grupo Especial e das 15 Escolas de Samba da Série Ouro, além das redes sociais da Liesa, Liga-RJ e Superliga Carnavalesca (responsável pelos desfiles das Escolas de Samba da Intendente Magalhães), chega-se num número total de 3,5 milhões de seguidores / inscritos.

Especial Barracões SP: Vai-Vai contará histórias que remetem a imortalidade através da reedição de desfile aclamado

A série “Barracões” do site CARNAVALESCO testemunhou o andamento do processo de renascimento do Vai-Vai através do enredo “Eu também sou imortal”, assinado pela Comissão de Carnaval da Escola do Povo. O tema é a reedição do desfile que disputou o Grupo Especial em 2005, que retorna para o Carnaval de 2023 com a missão de inspirar a comunidade da Bela Vista na missão de retornar aos tempos áureos.

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Fotos: Lucas Sampaio/Site CARNAVALESCO

Escolha por trás da reedição de um carnaval passado

Em 2022, o Vai-Vai voltou a sofrer o duro golpe causado por um rebaixamento. O cenário contrastante com a história de glórias da mais tradicional e maior vencedora das escolas de samba de São Paulo fez com que a diretoria pensasse na melhor forma de construir um projeto à altura, mas ao mesmo tempo dentro da realidade atual da agremiação. Luiz Robles, diretor de marketing e um dos membros da Comissão de Carnaval do Vai-Vai, contou para a equipe do site CARNAVALESCO o que levou a decisão por reeditar um tema já abordado no passado.

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“Quando temos o revés do descenso, já na sequência, semanas depois, estávamos no barracão trabalhando, desmontando alegorias. Começamos a conversar sobre o que poderíamos trazer para o carnaval que fosse algo que mexesse com o orgulho da escola. Quando começamos essa conversa, a primeira ideia que surgiu foi o enredo de 2005 porque além de ser bacana, ele marcou aquela época pelo fato de termos sido aclamados pelo público. Pegamos um quinto lugar, e o presidente da época, o Sólon, resolve não desfilar. Fizemos um protesto e não voltamos para o desfile das campeãs. Aquilo marcou o carnaval, e o samba por si só já tinha marcado. Quando resolvemos trazer esse enredo de volta foi para eliminar algumas etapas também, porque sabemos que uma disputa de samba-enredo é um pouco difícil por conta de negativas que acontecem entre os derrotados. Queríamos evitar esse tipo de racha na escola porque acontece. O primeiro passo foi eliminar o concurso de samba, então fomos por uma reedição”, revelou.

Reedição contada de forma diferente

Reedições não são comuns no Carnaval de São Paulo, e trazer para os tempos atuais um carnaval construído em outra época é um desafio que conta com um repertório pequeno de processos criativos para se ter como base. O objetivo do projeto para 2023 é se aproveitar de um samba aclamado pela comunidade para trazer de volta as pessoas que se afastaram do Vai-Vai ao longo do tempo.

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“O presidente de início era contrário, porque ele acredita que temos potencial de fazer um enredo novo, mas fomos conversando com ele e mostrando que nesse enredo traríamos uma roupagem nova, apenas reaproveitando o samba, que descartaríamos a eliminatória colocando um samba que já está na boca do povo, e traríamos histórias de pessoas que viveram aquele carnaval para a atualidade, trazer até componentes que não desfilam mais a voltarem a desfilar conosco. Foi um tiro muito certo quando batemos o martelo e fomos para o “Imortal”, até porque não era a única opção. O povo queria bastante 2009 por conta de tudo que ocorreu, a questão das vacinas, mas optamos pelo 2005 porque estamos em uma nova fase. O Vai-Vai está em uma nova roupagem, um novo momento, e o enredo da imortalidade também traz o renascimento disso tudo, casou com o momento da escola. Deu super certo por isso, para renascermos, nos reinventar, mas não só pelo fato de ter caído. Quando subimos em 2020, eu achava que ainda não estávamos preparados, e hoje eu acho que a escola está muito mais preparada para quando voltar ela ficar no Grupo Especial, e o enredo nos ajuda nisso aí”, explicou Robles.

De acordo com o diretor, o enredo se baseia no samba de 2005 para construir uma nova história que se encaixa também ao contexto atual do Vai-Vai, contada de forma clara e objetiva.

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“Já tínhamos a sinopse e todo o trabalho de 2005, mas resolvemos mudar tudo. Não descartando tudo totalmente, mas queríamos realmente o zero. Fomos com a cabeça fresca, do zero, sem olhar o que foi feito lá para fazer o novo. Até a sinopse é diferente. Quando você vir o que colocaremos na pista e comparar com o que fizemos em 2005, não tem nada parecido. Não foi nem uma adaptação, colocamos na sinopse o que o samba acaba nos trazendo, ou seja, o que formos cantar você verá na pista, ficará simples de identificar”, disse.

Consciência do que é preciso ser feito

Na primeira passagem do Vai-Vai pelo Grupo de Acesso, a escola encarou antes um turbulento processo político de troca na presidência, que se estendeu por muito mais tempo do que o esperado. A Saracura precisou apostar em um desfile bastante protocolar, com o mínimo necessário para garantir as notas para retornar à elite. Luiz Robles garante que desta vez será diferente.

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“Acho que estamos muito mais conscientes do que precisamos fazer e para onde temos que ir. Quando pego a escola em 2019, com a nova gestão, a escola ainda estava muito conturbada. Fizemos um carnaval muito às pressas, o carnaval do “Álamo” foi produzido em três meses, a partir do final de novembro. Queríamos resgatar a escola, mas por dentro ainda não estávamos 100%. Em 2022, começamos a nos reestruturar um pouco, mas o descenso fez com que parássemos, reavaliássemos e planejássemos corretamente todos os projetos de trabalho, tanto em concepção quanto em compras, tudo que envolve esse processo de fazer o carnaval nos adequamos melhor”, revelou.

Para Robles, o que mais chamou sua atenção durante o processo de construção do desfile para 2023 foi a maneira como a comunidade se envolveu com o projeto.

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“O envolvimento das pessoas. Essa parte de brilhar os olhos dos profissionais com esse enredo foi o que mais pegou em nós. Eles se emocionarem vendo as coisas prontas, a forma como as coisas estão se tomando, o tamanho que a escola está criando, o corpo que a escola está voltando a ter de uma escola vencedora. A concepção e a criação todo mundo acaba participando um pouco antes, mas esse envolvimento faz com que as pessoas começassem a comprar a ideia, tomar o emocional das pessoas, e acho que isso foi o que mais chamou atenção”, declarou.

Conheça o desfile do Vai-Vai

“Faremos um passeio pela criação do universo, pela imortalidade e o espiritualismo. O primeiro setor da escola é uma situação que impactará bastante pelo que nós apresentaremos. Acho que o primeiro setor é muito impactante, porque foi uma aposta da comissão de carnaval para podermos mostrar essa nova roupagem da escola. Desde a comissão de frente, que não tem nada a ver com a de 2005. Em 2005 era um meteoro que se abria para revelar a fênix que havia dentro, e a nossa agora é completamente diferente. Tem uma citação na passagem do enredo que faz uma menção bacana que o pessoal que conhece o carnaval de 2005 irá se lembrar, porque não deixaremos de usar o tema para imortalizar algumas passagens. O enredo irá nos ajudar a imortalizar algumas situações, e no meio dos setores quem conhece o carnaval vai perceber”.

Ficha técnica
Enredo: “Eu também sou imortal”
Alas: 21
Alegorias: 3 + 2 tripés
Componentes: 1600
Setor 1: A criação do universo
Setor 2: Os povos imortalizados
Setor 3: A espiritualidade
Setor 4: O corpo humano
Setor 5: O renascimento do Vai-Vai

Série Barracões: União de Jacarepaguá aposta novamente em enredo afro-brasileiro para se firmar na Série Ouro

A campeã da Série Prata, União de Jacarepaguá, volta a Marquês de Sapucaí depois de sete anos na Intendente de Magalhães com o desafio de se firmar na Série Ouro. A Verde e Branco de Jacarepaguá aposta no enredo “Manoel Congo e Marianna Crioula: Heróis da liberdade no vale do café”. A escola optou novamente por um enredo afro-brasileiro na linha do enredo de 2022 que levou a União de Jacarepaguá de volta à Série Ouro. Para pensar o enredo, a União de Jacarepaguá aposta em uma dupla de carnavalescos: Lucas Lopes, já parte do campeonato da Série Prata, e Rodrigo Meiners, contratado para esse carnaval.

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Fotos: Augusto Werneck/Site CARNAVALESCO

Enredo

O carnavalesco Lucas Lopes, em entrevista ao site CARNAVALESCO, contou como a ideia do enredo chegou às mãos da dupla. “Esse enredo chegou para a escola como uma proposta para a gente, já que a gente tem um contato muito grande com o Vale do Café. Esses dois personagens eram dessa região. Chegou, porque a gente já tem esse currículo de falar sobre Vassouras, aquela região. Nós montamos esse enredo todo, eu e o Rodrigo. Foi um trabalho muito tranquilo que acabou fluindo de uma maneira que a gente não esperava.”

O intuito é usar o carnaval para mais pessoas conhecerem a história de Manoel Congo e Marianna Crioula. A falta de literatura sobre o tema dificultou o processo de pesquisa dos carnavalescos. Porém, mesmo com as dificuldades, a dupla conseguiu conteúdo suficiente para montar o desfile.

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“O que mais me impressionou é não ter conhecido esses dois personagens antes. Por causa desse apagamento histórico que é tão popular no nosso país. Tem tantas outras histórias apagadas que merecem ser mostradas a todo Brasil e ao mundo pelo carnaval. Foi uma pesquisa difícil por conta desse apagamento. A gente não tem tanto conhecimento histórico da vida dos dois, só durante e depois da revolta. Nós não tivemos muito conteúdo para rechear o enredo, mas conseguimos nos virar e montar o enredo perfeitamente”, disse Lucas. O carnavalesco também revelou a parte da história que mais se identificou. “A revolta. Foram duas pessoas que lutaram contra o fim da escravidão, aquela tristeza, aquele sofrimento dos seus irmãos. Cansados dessa violência, acabaram se rebelando e criando o segundo maior quilombo do Brasil”.

Coroação de Manoel Congo e Marianna Crioula

O último setor da União de Jacarepaguá promete uma bela homenagem a ancestralidade do povo negro. O desfile fechará com a coroação de Manoel Congo e Marianna Crioula. Trazendo o legado do casal nos dias de hoje.

“Nosso último setor vai trazer toda ancestralidade, toda a herança cultural que partiu dos negros e está aí até hoje muito presente na região do Vale do Café. Essa coroação vai ser proposta no final do desfile”, enfatizou Lucas.

Dupla de carnavalescos da União de Jacarepaguá

Virou uma tendência entre escolas de samba cariocas apostarem em duplas de carnavalescos. No caso de Rodrigo Meiners e Lucas Lopes na União de Jacarepaguá, a logística acaba sendo à distância. Isso acontece por conta de compromissos de Rodrigo em São Paulo.

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“É bom, porque tem uma divisão de tarefas.. Hoje eu e Rodrigo temos uma amizade muito legal. Ele mesmo trabalhando em São Paulo, faz de lá as coisas aqui da União. A parte mais escrita, a narrativa, os desenhos foi ele que fez. Eu estou aqui mais no trabalho braçal, já que eu moro aqui, venho todo dia para o barracão”, disse Lucas sobre a divisão dos trabalhos.

Conheça o desfile da União de Jacarepaguá

A União de Jacarepaguá vai ser a primeira escola a desfilar no sábado, dia 18 de fevereiro. Terá 19 alas com 80 pessoas cada, totalizando entre 1800 e 2000 componentes. A grande novidade da escola será uma ala com 100 baianas. Além de três carros alegóricos e dois tripés, incluindo o da comissão de frente.

Setor 1: “A África e a ancestralidade de Manoel Congo e Marianna Crioula”.

Setor 2: “A travessia dos negros para o Brasil até a chegada no Cais do Valongo”.

Setor 3: “Vale do Café, o trabalho escravo na região. Partindo para a revolta até chegar no quilombo”.

Setor 4: “Vai ser toda essa herança cultural e ancestral que veio dos negros de Manoel e Marianna. E a coroação deles dois como heróis da liberdade”.

Série Barracões: Niterói estreia na Sapucaí com a responsabilidade de representar os 450 anos da cidade

Estreando na Marquês de Sapucaí após a cessão de direitos feita pela Acadêmicos do Sossego, a Acadêmicos de Niterói chega na Avenida homenageando os 450 anos da sua cidade natal. Com o enredo “O carnaval da vitória”, a agremiação abordará o carnaval de Niterói, que já chegou a ser um dos maiores do País. A ideia, segundo a escola, é mostrar a força, história e importância do espetáculo da cidade que vai desde os blocos de rua até os desfiles organizados. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o enredista João Vitor Silveira contou um pouco da proposta do enredo da Acadêmicos de Niterói. Ele também falou sobre a importância de trazer o carnaval da cidade para a Sapucaí em meio aos 450 de Niterói. O enredista contou que a ideia surgiu após uma longa pesquisa e buscando um desfile mais leve e solto. Com o enredo, a escola conseguirá homenagear Niterói e o carnaval histórico da cidade.

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Fotos: Raphael Lacerda/Site CARNAVALESCO

“A ideia veio para a gente porque a cidade de Niterói está completando 450 anos e estávamos pensando em fazer alguma coisa que fugisse dessa dinâmica de ser aquela coisa de data de fundação ou fundador. Daí, estudando sobre a cidade e pesquisando, a gente se viu de frente a um carnaval grandioso. Por um período de tempo, o carnaval de Niterói foi considerado o segundo maior do país. É um carnaval que tem muita história. Também é um caminho que acredito que a gente consiga dar conta de homenagear a cidade e, ao mesmo tempo, conseguir fazer um carnaval ‘solto’, alegre, divertido e sem ser aquela coisa muito ‘quadrada’ e muito pragmática”, contou João Vitor.

Um carnaval que vai desde os Entrudos e batalha de confetes até os desfiles organizados. João Vitor contou que o espetáculo niteroiense era marcado pela defesa da territorialidade e pela valorização da cidade.

“Tem alguns pontos muito interessantes. Acredito que um deles é que o carnaval de Niterói, talvez, como nenhum outro, tem uma dinâmica muito interessante de você observar os picos dessas manifestações carnavalescas. A gente consegue observar com clareza o pico das mais antigas – Entrudo e a batalha de confetes, por exemplo. Vimos os blocos de carnaval chegando com muita força e quando eles perdem essa força, surgem as escolas de samba e assumem esse papel de ser o carro chefe do carnaval. Essa é uma dinâmica muito interessante no carnaval de Niterói. Outro fator interessante é como os blocos e o próprio carnaval refletem muito a cidade – muitos blocos levam no nome o bairro de origem. Tem uma questão muito forte de defesa do próprio bairro e da própria territorialidade. Também tem as conexões com as ruas. Diversos lugares são conhecidos por terem feito parte do carnaval de Niterói, como a Avenida Amaral Peixoto e a Praça Arariboia. São vários lugares que tem uma grande territorialidade com o carnaval”, destacou o enredista.

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Para João Vitor, o grande trunfo deste desfile será a leveza, evitando fantasias e adereços enormes. A ideia, segundo ele, é possibilitar que os componentes possam brincar carnaval, levando a ideia do carnaval de rua para a Marquês de Sapucaí.

“Eu acho que, junto com o André (carnavalesco) e a Beatriz Chaves, em relação a questão estética, é a oportunidade de fazer um carnaval bem leve. As pessoas vão perceber que as fantasias não tem costeiros enormes e nem muitos adereços de mão. É tudo para privilegiar que as pessoas possam brincar carnaval, porque parece muito estranho para a gente pensar em fazer um carnaval que tenha uma grande quantidade de conexão com o carnaval de rua e até pelo período, que é de um carnaval mais antigo, trazendo efeitos muito espetaculares e costeiras enormes que não fazem muito sentido. A gente quer que as pessoas pulem carnaval, por isso são fantasias leves e coloridas. Até mesmo colocar o carnaval de rua na Sapucaí”, revelou o enredista da Acadêmicos de Niterói.

Um enredo de cunho informativo que se disfarça em uma brincadeira. Segundo o enredista, a proposta é levar ao público novas experiências de desfile, valorizando assim o movimento cultural da cidade.

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“Acredito que, principalmente para o carnaval carioca, é uma oportunidade de conhecer novas experiências de desfile. Como nós somos parte integrante do carnaval carioca, temos muito uma definição de como proceder das coisas que a gente conhece. Acabamos se aprofundando, até mesmo de forma natural, nas coisas mais próximas de casa. Acredito que é muito interessante a oportunidade de conhecer outros carnavais. Essa é a grande importância desse enredo, porque além de ser um enredo leve e brincante – que estamos fazendo para poder disputar o carnaval – é um enredo que tem um cunho informativo que se disfarça muito bem em uma brincadeira. Conseguimos captar novas informações brincando de carnaval. É o mais importante”, ressaltou.

Conheça o desfile da Acadêmicos de Niterói

A Acadêmicos de Niterói será a sexta escola a desfilar no próximo dia 17, primeira noite de desfiles da Série Ouro. A agremiação levará para a Avenida cerca de 1400 componentes, três alegorias, e dois tripés.

João Vitor Silveira explicou que a dinâmica do desfile se inicia mostrando a experiência de alguém que sai da capital para Niterói. Esse é um dos destaques do abre-alas da escola.

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“A nossa dinâmica foi pensar em alguém do Rio de Janeiro indo conhecer o carnaval de Niterói. Por isso, o início dele é a galera chegando. Vai ter o tripé da barca representando essa travessia. O abre-alas é o Arariboia, porque quando pensamos na viagem de barca, a primeira coisa que a gente vê é a estátua de Araribóia na estação. Ele está vindo no abre-alas e está bem legal e carnavalizado, o que é muito importante”, revelou.

SETOR 1: “Nós iremos falar dessas manifestações de carnaval mais antigas e que foram muito fortes na cidade de Niterói, como o Entrudo, as batalhas de confete, os blocos de sujos e avulsos e etc”.

SETOR 2: “Vamos poder falar dos blocos de carnaval mais organizados, que tinham séries e bolavam temas para desfilar”.

SETOR 3: Vamos falar das escolas de samba de Niterói Nós vamos falar da ‘Corações Unidos’, que foi a primeira escola da cidade e da ‘’Sabiá’, que foi a primeira campeã. Iremos trabalhar com essa dinâmica de realmente seguir o que a linha de pesquisa nos trouxe: ver que o carnaval tem suas fases; nós iremos apresentar essas fases para o público”.

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O presidente da Acadêmicos de Niterói, Hugo Júnior, estava acompanhando os trabalhos finais no barracão e também conversou com o site CARNAVALESCO. Hugo Júnior falou sobre a mudança de nome da agremiação, a relação com a cidade de Niterói, importância do auxílio da prefeitura da cidade e o impacto das chuvas no barracão da escola.

Segundo o presidente da escola de samba, a mudança de nome e o enredo são fundamentais para realçar a importância da cidade de Niterói para o carnaval carioca e o estado do Rio de Janeiro. Ele ressaltou que a escola chega com a missão de ir para a elite dos desfiles.

“Com esse momento que o município de Niterói passa, que é a confraternização de seus 450 anos, a vinda de uma escola de samba com o nome do município só engrandece a importância da cidade. E falar da história do carnaval de Niterói é uma grande missão para nós, porque foram grandes carnavais, desde a época de 1940, que a gente retrata em nosso enredo. É um momento de confraternização e que o município abraçou a causa. Os desfilantes estão muito felizes e também temos um samba que cresceu muito agora na reta final – fizemos um grande ensaio técnico na Marquês de Sapucaí. É um grande momento de festa e de comemorar os 450 anos do município com essa escola que nasce já grande – estamos em uma Série Ouro do carnaval e com uma missão de chegar e brigar por uma vaga na elite do carnaval. O barracão está 98% pronto e estamos fazendo os últimos detalhes. Esperamos um grande carnaval e, se Deus quiser, poder estar comemorando bastante, junto com Niterói 450 anos, uma grande colocação”, disse o presidente da agremiação.

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Hugo Júnior também afirmou que a mudança de nome – de Acadêmicos do Sossego para Acadêmicos de Niterói – não atrapalha em nada, e sim, contribui.

“Essa mudança de nome não atrapalha em nada. Foi tudo bem pensado, uma cessão de direitos que a Sossego tinha na Série Ouro. Foi tudo legalmente ok, juntamente com a Liga-RJ. Foi tudo muito bem pensado. A repercussão do nome Niterói foi muito boa. Agora é um município representado, e não uma comunidade ou determinado público. Agora temos a missão de levar o nome de Niterói nos quatro cantos do mundo e temos muita gente de várias localidades da cidade. A gente se expandiu, todo mundo se sentiu bastante abraçado com essa nova escola”, enfatizou.

Além do apoio da população de Niterói, que abraçou a escola, a Acadêmicos de Niterói também conta com o apoio financeiro que recebe da prefeitura da cidade. O presidente da agremiação comentou sobre a importância desta ajuda para engrandecer o trabalho da escola de samba e o município.

“É de suma importância. Acredito que todos os governantes deveriam incentivar essa arte. Sem esse aporte, com certeza ficaria muito difícil a gente levar o que estamos levando. Precisamos sim do apoio – todo apoio é bem vindo – e o apoio que a prefeitura de Niterói nos proporciona é o ponto chave para a gente finalizar e poder investir um pouco mais. Tudo é um casamento: é a ajuda que vem e a gente retorna com essa projeção maravilhosa”, declarou o presidente Hugo Júnior.

Na reta final para os desfiles, as fortes chuvas que atingiram a região metropolitana do Rio de Janeiro se tornaram um problema para muitas escolas da Série Ouro. Com elas, veio também uma chuva de reclamações de componentes e de diretorias das agremiações sobre as condições precárias de alguns barracões. O presidente da Niterói comentou sobre o ocorrido, além da importância do cuidado por parte do poder público.

“Eu acredito que tenha afetado todos. Até ouvi relatos até da Cidade do Samba. Foi uma chuva atípica e muito forte em que todas as escolas – e com a Niterói não foi diferente – foram afetadas. Tivemos dores de cabeça com a chuva, mas nada que comprometesse o resultado final. É claro que a gente pede para os governantes, como a prefeitura do Rio, para olhar com carinho para a Série Ouro, porque ali nós conseguimos crescer o espetáculo. Cada vez mais, com mais estrutura, tenho certeza que nós vamos poder, cada vez mais, engrandecer o espetáculo. Com isso, o carnaval sai ganhando em todos os lados”, salientou.