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Freddy Ferreira analisa a bateria da São Clemente no desfile

A “Fiel Bateria” da São Clemente, regida por mestre Caliquinho, fez um desfile excelente. Um ritmo que mesclou o aspecto tradicional e paradinhas de nítido bom gosto. Mesmo sendo somente duas bossas, a construção e concepção musical dos arranjos merece exaltação. Paradinhas plenamente integradas ao irreverente samba clementiano.

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Na cabeça da bateria, um trabalho de destaque musical foi evidenciado nas peças leves. Uma ala de cuícas de alta qualidade preencheu a sonoridade com eficácia. Um naipe de chocalhos de inegável técnica musical deu valor sonoro à parte da frente do ritmo. Bem como a ala de tamborins acima da média executou um desenho rítmico pautado pela melodia do samba com precisão e firmeza, agregando imensamente a “Fiel Bateria”.

A cozinha da bateria teve uma afinação de surdos levemente grave, além de marcadores de primeira e segunda firmes e seguros. Caixas de guerra ressonantes e seguras auxiliaram na musicalidade, assim como repiques coesos complementaram a sonoridade. Surdos de terceira proporcionaram um balanço de qualidade tanto no ritmo, quanto nos arranjos musicais.

A tradicional subida de quatro dos surdos transcorreu de forma segura durante todo o cortejo, dando uma invariável pressão ao ritmo clementiano. Após o movimento rítmico, inclusive, foi possível notar uma boa fluência entre os mais diversos naipes.

A bossa do refrão do meio deu um molho envolvente junto ao impacto sonoro. Na primeira parte da convenção, uma pegada de Afoxé com um toque moderno dos surdos de terceiras foi realizado de forma bem genuína, principalmente para uma escola que tem na própria subida tradicional uma finalização com levada remetendo ao Afoxé. Na segunda parte da bossa, os repiques chamam o ritmo pra voltar num momento musical marcado pelo balanço irrepreensível do desenho rítmico do surdos de terceira no arranjo. Vale mencionar que a conclusão da convenção tem uma pitada de ousadia, já nos primeiros versos da segunda.

A paradinha de maior destaque musical foi a que começa em ritmo de Funk, conforme pede a música, no refrão principal. Uma integração musical enxuta, que além de dar ao samba o que ele solicita, se aproveita das nuances melódicas da obra clementiana. O arranjo musical possui em sua totalidade os surdos consolidando o ritmo, com precisão e principalmente com o balanço vindo das terceiras. Nos dois versos finais do estribilho possuía uma frase rítmica plenamente integrada ao samba-enredo, numa construção musical que deixou explícito bom gosto.

As apresentações nos dois primeiros módulos foram seguras e consistentes, sem problemas a serem evidenciados pela pista. Já na última cabine, infelizmente o tempo de apresentação foi limitado, dando para apresentar somente uma única bossa. Nada que tire o brilho de uma exibição da “Fiel Bateria” da São Clemente de mestre Caliquinho marcada pela leveza, fluidez e um ritmo totalmente conectado ao samba-enredo da escola preta e amarela de Botafogo.

As iguarias do Rio foram apresentadas com leveza e alegria na São Clemente

Sao Clemente02 1Quando se fala praia e Rio de Janeiro, a cabeça do carioca ou do turista passa por iguarias que marcam a Cidade Maravilhosa: o mate gelado, o biscoito Globo, a caipirinha, o camarão. Não seria diferente no verão de Pindorama, na ficção elaborada pelo carnavalesco Jorge Silveira. Alas 10 e 11 representavam respectivamente as “Iguarias de Pindorama” e o “Patrimônio Cultural de Pindorama”. Na ala da frente, os desfilantes passaram “equilibrando” uma bandeja de caipirinhas. Na ala de trás, os componentes desfilaram com os clássicos dois galões de mate, o natural e o com limão.

Um destaque para as fantasias foi a leveza que permitiu os clementianos brincarem carnaval. Para Elizabeth Landim, de 62 anos, que já desfila há 10 anos pela São Clemente, a iguaria que não pode faltar na sua praia é o espetinho de camarão.
“As iguarias do verão são as caipirinhas, os vendedores de mate. Eu prefiro o camarão, porque eu não bebo caipirinha. As iguarias são tudo que vende na praia do Rio”, comentou Elizabeth.

Sao Clemente01 1O turista que descobre o Rio de Janeiro não quer voltar. O goiano João Pedro, de 22 anos, disse que se sentiu carioca ao vestir e desfilar pela São Clemente, na ala “Iguarias de Pindorama”.

“Foi uma surpresa! Eu não sabia que eu ia desfilar, mas assim que surgiu a oportunidade eu falei ‘Claro que sim’, ainda mais sendo a São Clemente, uma escola que tem história. A primeira coisa que eu quero consumir quando eu chego ao Rio de Janeiro, é o Sol, depois um bom pastel, um milho, um mate e um biscoito Globo”, disse João que pretende desfilar em mais escolas nos próximos anos.

Os amigos Mauro Veloso e Anderson Lírio desfilaram na 11º ala já estão acostumados à Marquês de Sapucaí. A felicidade de desfilar com uma roupa mais leve deixou a dupla feliz para festejar na avenida.

“A fantasia está leve, bem acabada, fresquinha para o Rio de Janeiro. Não tem nada melhor que demonstre o que é Rio de Janeiro que ser vendedor de mate. É a primeira vez que eu desfilo na São Clemente e senti uma diferença enorme na qualidade e no peso da fantasia. Parece que eles pensam muito em nós que estamos desfilando. A gente vê um esmero, um capricho, muito grande da escola”, apontou Mauro.

O amigo Anderson acredita que a ala representa a cara do Rio de Janeiro e reafirma bem o enredo. Ele já havia desfilado na Rocinha e na Mangueira e está feliz com a experiência na São Clemente.

“O verão carioca para quem chega é a caipirinha. Mas, para quem está aqui, é a cerveja e o churrasco e, quem vai à praia, é o mate e o biscoito Globo”, contou o componente.

Encerrando a primeira noite, casal é destaque no desfile dos Gaviões da Fiel

Os Gaviões da Fiel encerraram os desfiles deste primeiro dia. Levando a religiosidade para o Anhembi, a agremiação teve uma arrancada fenomenal embalada pelo intérprete Ernesto Teixeira e sua arquibancada, que agitavam suas bandeiras. A festa da torcida também contou com shows pirotécnicos como de costume. Na pista, o principal destaque foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira Gabriela Mondijan e Wagner Lima. A dupla está crescendo cada vez mais, principalmente a porta-bandeira que está ostentando o pavilhão da agremiação alvinegra pelo terceiro ano seguido. O canto da comunidade foi resolvido com o samba escolhido para 2023. Anteriormente, a escola tinha um desempenho de cair ao decorrer de sua apresentação na pista, mas desta vez, deu certo e a entidade conseguiu manter a regularidade de sua harmonia. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Comissão de frente

A ala, coreografada por Sérgio Cardoso, mostrou uma coreografia muito complexa. Aparentemente os integrantes de preto entravam em uma forte luta contra os personagens dos fantasiados de vermelho e, após, saía um componente principal de um elemento alegórico que representava uma fogueira. Depois, a luta começava novamente e o integrante de preto era preso. O contexto que se analisa é a guerra entre as religiões e o espírito divino indo apartar tudo.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Wagner Lima e Gabriela Mondijan, representando “Arautos do novo tempo”, foi o destaque da escola no desfile. Analisando a dupla em frente ao recuo de bateria, notou-se uma apresentação recheada de simpatia e nítida proteção ao pavilhão. O casal realizou os passos horários e anti-horários e mostrou o pavilhão para a cabine de jurados.

Após, evoluíram em mais um pedaço da pista, repetiram a dose e concluíram mandando beijos. É um casal simpático e que deu um grande espetáculo já nesta manhã de sábado.

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Harmonia

Foi outro quesito destaque da escola. O samba-enredo pegou e, diferente de outros anos, o ritmo e empolgação do canto se manteve até o final. Algumas partes do samba se destacam, mas o refrão principal, que teve uma mudança importante, teve sucesso. A arquibancada também foi junto com a comunidade.

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O “Amém meu coração corinthiano” reflete bem o enredo religioso, pois segundo os componentes o time também é uma religião a ser seguida.

Enredo

A ideia do desfile foi seguir uma cronologia com o nome do enredo: “Em nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!”. Em nome do pai: O abre-alas levou a paz de Deus. Em nome dos filhos: Significa a união entre todas as religiões. Interpreta-se que é a junção de todas as pessoas. Dos espíritos: Falou de toda a religiosidade de espiritualidade. A maior representação disso foi a escultura de Chico Xavier na frente da terceira alegoria.

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Dos Santos… Amém: A ideia foi levar a santidade. Assim como a ideia de levar a espiritualidade através de Chico Xavier, na última alegoria a agremiação alvinegra esculpiu a santa Irmã Dulce

Evolução

Ao todo, a escola deixou a desejar neste quesito. Talvez estava dentro dos planos, mas a bateria, por exemplo, entrou no recuo por volta dos 30 minutos. Deu para notar as alas paradas por um determinado tempo também. Devido a isso, houve a correria indesejada que todas as escolas nunca querem fazer.

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Por outro lado, dentro das alas, tudo ocorreu de forma satisfatória. Como o canto fluiu com força, a evolução acompanhou o ritmo de tudo e a comunidade dançava de um lado para o outro com intensidade.

Samba-Enredo

Como dito anteriormente, o samba-enredo pegou e a comunidade junto à arquibancada embalaram o hino. O longevo intérprete Ernesto Teixeira novamente comandou o carro de som e colocou a escola para cima com seus cacos.

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De fatos a se tirar proveitos dos Gaviões da Fiel, o samba-enredo junto a sua harmonia foi totalmente satisfatório.

Fantasias

As vestimentas dos Gaviões da Fiel, em sua maioria, tiveram como adjetivo uma simplicidade. Além disso, a leitura ficou um tanto complicada. Só dava para notar fantasias específicas em alas que se tratava de religiões mais conhecidas, como o catolicismo.

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Alegorias

A primeira alegoria representou a paz de Deus. Na frente, como em todos os desfiles, veio a tradicional escultura do gavião, que é o símbolo maior da escola. Porém, na parte de trás, havia uma encenação de uma espécie de ‘enforcamento’. Não condiz em nada com a proposta do carro alegórico.

O segundo carro alegórico levou a união de todos. Há duas esculturas na parte de cima em que duas figuras estão abraçadas e, aparentemente, isso remete às religiões se unindo.

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A terceira alegoria teve como objetivo levar toda a espiritualidade, visto que há uma grande escultura de Chico Xavier, além da imagem do pavão que também está ligado a isso.

A última alegoria representou os santos. Destaque para a escultura de Irmã Dulce.

Outros destaques

A bateria ‘Ritimão’, regida pelo mestre Ciro, teve grande desempenho nesta noite. Realizaram bossas, sendo a principal a do último verso que vira para o refrão principal.

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A rainha de bateria Sabrina Sato arrastou o público com o seu samba no pé com sua fantasia toda em vermelho representando o dragão de São Jorge.

O espírito do verão brilhou nas baianas da São Clemente

Sao Clemente02Na São Clemente, até as baianas são irreverentes. Na fábula do Achamento do Velho Mundo criada pelo carnavalesco Jorge Silveira, a ala veio de “É verão em Pindorama”, trazendo o espírito da estação mais quente do ano para a Avenida. O segmento desfilou com cores quentes, como amarelo e laranja, leveza e surpresas para o público. Em seu segundo ano liderando a ala das baianas, Carol Assis, de 39 anos, acredita que as componentes estão a “cara do Rio”.

“É uma coisa leve, com uma paleta de cores bem legais bem verãozão. O carnavalesco foi um querido. Geralmente, as fantasias de baiana são pesadas, mas teve um carinho de fazer algo leve e com muita cor. O verão delas é o calor do Rio, estar junto na praia. São Clemente é uma escola da Zona Sul, muito querida por todo mundo. Para nós, o verão é isso: alegria e irreverência que a escola traz todo ano”, afirmou a presidente da ala.

Sao Clemente03Um acidente fez a passista Jussiara, de 45 anos, deixar a sua ala e integrar o grupo das baianas no Carnaval 2023. Ao se ver entre suas novas colegas, ela curtiu o novo papel na São Clemente. Independente se for verão ou inverno, Neném, seu apelido, vai curtir o Rio de Janeiro.

“O espírito do verão é tudo de bom, porque, o que Deus manda, eu aceito. No verão, eu faço a mesma coisa que faço no inverno: tudo! Eu adoro curtir. Faço dança, zumba, ginástica. Eu gosto”, comentou a passista e baiana.

Já Fabiana de Paula, de 41 anos, é baiana há 18 anos e se compromete em fazer uma maratona para desfilar em diversas escolas durante este Carnaval. Inclusive o volume de ensaios impediu, Fabiana de viver esse verão, que para ela é a melhor estação do ano.

“Normalmente, no verão, a gente está na correria do carnaval, tem que usar menos roupa possível para ensaiar melhor. Não dá tempo de pegar bronze. Eu desfilo em duas hoje, duas amanhã [sábado], uma domingo, uma na Intendente e uma em São Paulo e na sexta (24) tem mais três”, contou a baiana.

Quando o assunto é pegar um bronze, Paula Aguiar, de 67 anos, está dentro. O espírito de verão, para ela, representa a praia, o Sol, a alegria e o Carnaval.

“Eu sou fanática por praia. Gosto de Copacabana, Ipanema. Eu sou coroa, mas eu gosto. É lógico que eu gosto do verão. No Rio de Janeiro, o inverno praticamente não existe”, brincou a baiana.
Além de irreverente, o segmento teve ousadia de inovar no movimento de giro e brincar no refrão para surpreender o público.

Gaviões da Fiel 2023: galeria de fotos

Abre-alas da São Clemente trouxe a irreverência da escola e do carioca em seu hábitat natural, a praia

Sao Clemente002 1O retorno do carnavalesco Jorge Silveira à Preta e Amarela da Zona Sul pretendeu também ser um resgate da agremiação com a sua identidade irreverente, brincalhona e jocosa. Jorge produziu três carnavais para a São Clemente entre 2018 e 2020, todos no Grupo Especial. A missão agora é levar a escola de volta para o grupo de elite do carnaval carioca. E o enredo escolhido teve a cara da São Clemente. “O Achamento do Velho Mundo” propos ser uma viagem lúdica e divertida, levantando o hipotético e delirante questionamento: O que aconteceria se os nossos povos originários tivessem ido para as terras europeias e não o contrário?

A história se passa em um período de um dia começando pela manhã, assim que o sol aparece, e terminando em uma grande festa à noite, nas novas terras chamadas de “Euroca”, em vez de Europa. Um dos pontos altos desta exótica narrativa foi o carro abre-alas da São Clemente “Porto do Pindorama”, que representou o porto da nação Pindorama, é o local de onde partem as canoas em direção ao Velho Mundo. Segundo a explicação da própria agremiação, é o “point” do verão com Guaraci “bola de fogo” brilhando no céu, pronto para bronzear as peles dos nativos. Guaraci foi representando na alegoria com umas escultura de índio usando óculos escuros.

O carro trouxe em sua maioria as cores da escola, mas brincando um pouco com alguns detalhes no tom laranja e fazendo referência aos aspectos praianos como coqueiros e as pranchas de surf enfeitadas de forma indígena. Além de apresentar o enredo, a alegoria fez uma referência à paixão que o carioca tem pela praia, nesse caso a praia de Botafogo é a retratada. Uma das composições do carro eram os “nativos nas canoas”, jovens do Pindorama pegando onda em suas canoas. Raniere Fernandes,que dá aula de alongamentos de unha, inclusive da Rainha da agremiação, Raphaela Gomes, veio na alegoria e falou sobre a fantasia e a irreverência da Amarela e Preta.

Sao Clemente007” Eu estou vindo de indígena que usa a canoa na praia de Botafogo. Eu acho que esse enredo foi de uma ironia divertida, de brincar com a colonização, trocar os papéis, a ideia de oferecer biscoito ‘O Globo’ para o português, essa coisa do povo da praia, misturando com os indígenas. O índio oferecendo o biscoito que é uma coisa muito carioca. Acho bem irreverente e um pouco irônico de uma forma divertida”, contou o professor.

Raniere revelou ao site CARNAVALESCO antes do desfile que ama a praia e mora próximo de uma das mais famosas, inclusive.

” Eu amo e moro perto da praia, sou do Leblon. Eu gosto muito do posto 12, porque é muito mais tranquilo. Mas gosto também de ficar lá no oito, tenho uns amigos que ficam lá, mas ali já é Ipanema e eu tenho muitas amizades. Eu acho que a São Clemente e o Rio é tudo a ver”, conclui o componente.

Sao Clemente001 1Outro que também veio na alegoria foi o personal trainer Silvio Guimarães, morador de outro bairro praiano, Copacabana. O carioca desfila em escolas de samba desde 1987, e é torcedor da Mocidade, mas conta que adorou o enredo da São Clemente

” Achei essa relação indígena e a praia uma sacada legal. A São Clemente é muito irreverente, acho que é essa pegada humorista sempre, a São Clemente é isso. É muito legal. Acho que esse carro em si traz essa coisa da praia de Botafogo, que é região da São Clemente . É a volta da São Clemente que sempre foi. Essa coisa do Rio de Janeiro. Acho que ela retrata muito bem o Rio, e o samba já fala tudo, traz muito daquilo que a gente gosta, nossas características. É o jeito carioca ainda mais no “Samba de ladinho” do refrão”, opinou aos risos o personal.

A frente da alegoria, veio a ala “canoas ao mar”, como modelito e significado parecido com as composições que vinham no abre-alas. A psicóloga e professora, Jamile Melo, também falou da relação dela e do carioca em geral com a praia, que também está presente de forma irreverente no enredo.

Sao Clemente007” Gosto de praia, carioca gosta de praia. Eu gosto de ir na praia do Recreio , é a minha preferida, é mais tranquila, é uma praia mais vazia. Acho que o carioca também gosta das praias lá para o lado do Recreio, apesar de a gente apreciar bastante as praias da Zona Sul, a gente as vezes quer um pouquinho de tranquilidade”, acredita a foliã.

Jamile também ressaltou a relação do samba com o jeito que o carioca fala, as gírias, além de elogiar a ideia do enredo por parte do carnavalesco Jorge Silveira.

“O samba traz muitos elementos de gírias cariocas, a gente mostrou bastante o que é ser carioca, como seria legal se a gente tivesse chegado na Europa. Acho que os europeus iam gostar bastante. A gente trouxe o elemento como se os índios tivesse saído daqui da praia de Botafogo para descobrir o Velho Mundo” , explica Jamile.

Agora na Série Ouro depois de mais de 10 anos no Grupo Especial, a São Clemente encerrou a primeira noite de desfiles das escolas da Liga RJ.

São Clemente traz o batidão do funk carioca na terceira alegoria

Sao Clemente001Em seu retorno à Série Ouro do carnaval carioca, a São Clemente apresentou o enredo “O Achamento do Velho Mundo”, de autoria do carnavalesco Jorge Luiz Silveira. A proposta da agremiação foi de realizar uma viagem imaginária na avenida, misturando o tempo e o espaço. É uma expedição indígena partindo das praias de Pindorama até o Velho Mundo, numa espécie de ‘achamento às avessas’ que se torna possível devido a magia dos desfiles das escolas de samba.

“Quando o tambor tocar, quebra até o chão! Samba de ladinho, vem pro batidão”, diz o samba-enredo da São Clemente. A terceira alegoria veio toda revestida em tons de azul, preto e prata, recebendo o nome de “Vem pro Batidão – Um Baile para Jaci”. O carro é uma grande festa realizada pelo povo de Pindorama no velho continente, aos moldes do caloroso verão de Botafogo.

Sao Clemente002A estética tribal e futurista deu o tom da alegoria, que deu um show de brilho iluminação, mesmo desfilando com o dia já raiando. Na parte frontal do terceiro carro, havia quatro tambores e um grande ‘paredão treme-terra’, típico dos bailes funk do Rio de Janeiro. Três esculturas de rostos indígenas com um fone de ouvido ‘on-ear’ também faziam parte do carro. Nas laterais, três estrelas faziam a decoração da parte inferior.

Hágatta Gomes, de 35 anos, é passista da escola, mas neste carnaval veio em cima da alegoria como composição. Ela afirmou gostar de ouvir todos os estilos musicais. “Hoje em dia está tudo misturado… Sou carioca, né?”. As composições estavam vestidas de “As Preparadas”, fazendo referência a uma conhecida música de funk.

Sao Clemente003Outra musa que veio como composição é Jéssica Fernanda, de 35 anos, que desfilou na São Clemente pela primeira vez em 2008. Cria de favela, ela confessou ter o costume de ouvir bastante funk. “Eu curto funk sim… Hoje, só não tenho ido à baile, mas ja curti muito”. Ela ainda revelou que não tem muita preferência musical: “o que tocar estou lá dançando”.

Integrantes da velha guarda da São Clemente também compunham o terceiro carro. Lizete da Conceição, de 80 anos, é uma das fundadoras da escola de Botafogo. Desfilando na preta e amarela desde os 15 anos de idade, dona Lizete aprova a interação entre os ritmos do samba e do funk, a exemplo da bossa da Fiel Bateria de mestre Caliquinho: “é muito bom, eu gosto bastante e ainda me divirto”.

Bruna Almeida desfilou no chão, diante da terceira alegoria, vivendo o papel de Jaci, com a fantasia “A Dona do Baile”, interagindo com público que ainda marcava presença na Sapucaí. O destaque central do alto do carro era Nilcemar Pires, representando “A noite”.

Cubango recebe homenagem no desfile da Acadêmicos de Niterói

niteroi desfile 2023 46A escola do Grupo de Acesso, Acadêmicos de Niterói, homenageia em seu desfile, a sua coirmã Acadêmicos do Cubango, rebaixada do último carnaval. A escola separou a 17° ala para representar a verde e branca na avenida nesta sexta-feira, com componentes de ala apaixonados pela escola e fantasiados com a cor da sua coirmã.

Com fantasias verdes e brancas e capacetes dourados, os componentes em maioria eram torcedores apaixonados pela Cubango. “Eu sofri bastante com o rebaixamento, acredito que ela vai voltar logo e espero que essa injustiça não aconteça de novo”, diz Gabriela Araujo, componente da ala há cinco anos e torcedora da Cubango onde desfilou por mais de três anos.

Os componentes da ala acreditam que a escola foi injustiçada no último carnaval. Com o sorriso alegre pela emoção de desfilar na Sapucaí, Delson dos Santos desfila ao lado do seu namorado, Davi Machado. Ambos estão participando da homenagem para a escola rebaixada e ambos são apaixonados pela Acadêmicos do Cubango. “Foi muito injustiçada. A competição a gente deixa para os jurados, aqui na avenida, nós somos coirmãs mesmo” explica Delson.

A escola vai desfilar na Intendente Magalhães este ano mas os torcedores não perdem a esperança de ver a escola no Grupo de Acesso novamente. “Torço para que ela suba. A gente achou muito injustiçado e pelo histórico da escola, a gente fica inconformado. Ela tem muito cacique pra conseguir subir”, diz Davi Machado.

A escola é a sexta a desfilar na Sapucaí pelo Grupo de Acesso, representando as festas da cidade de Araribóia como um marco do carnaval, a escola trouxe em seu desfile uma homenagem ao Cubango para representar o carnaval Niteroiense. ”Torcer por uma incentivando a outra. Carnaval é coletivo, é alegria. Não é felicidade de um, é felicidade de todos” diz Estanlei Varela, componente de ala há cinco anos.

Desfilantes da Viradouro se emocionam com homenagem em ala da Acadêmicos de Niterói

Niteroi002 2Com componentes fantasiados de azul e rosa, a Acadêmicos de Niterói homenageou a Viradouro na ala “O azul e rosa da Viradouro”. As cores das fantasias são da padroeira da Vermelha e Branca de Niterói, Nossa Senhora Auxiliadora. Os desfilantes ficaram empolgados com a homenagem da co-irmã.

Deise Santos, torcedora fanática da Viradouro, se emocionou ao desfilar na ala homenageando sua escola de coração.

“Eu sou fã incondicional da Viradouro. Estou aqui hoje representando a minha escola que está sendo homenageada pela Acadêmicos de Niterói. É uma satisfação, porque faz parte também da nossa cidade. O niteroiense veste a camisa da cidade. Estar aqui representando a escola, e Niterói como um todo, é motivo de muito orgulho”, disse Deise.

Daniele Fiuza, componente da ala e torcedora da Vermelho e Branco de Niterói, também veste a camisa da cidade.

“Muito feliz, não poderia ser diferente. Eu tenho um carinho enorme pela Viradouro, desfilo há alguns anos (…) Estar aqui hoje na Acadêmicos de Niterói, homenageando a Viradouro é emocionante”, falou Daniele.

Niteroi001 2Ed Almeida anualmente desfila na Viradouro. Essa é a primeira vez dele desfilando em outra escola, justamente por causa da homenagem. O sonho de Ed é ver todas as agremiações da região no Grupo Especial.

“A comunidade toda de Niterói está muito feliz com essa homenagem. Isso mostra que a cidade toda está unida em prol do samba (…) Quero que as três escolas estejam no Grupo Especial (Cubango, Viradouro e Acadêmicos de Niterói), que a Porto da Pedra também suba para o Grupo Especial. Quem sabe, no futuro, teremos quatro escolas no Grupo Especial”, expressou Ed.

Célia Cunha, funcionária pública de 60 anos, desfila na Viradouro desde os 20 anos. Como componente da Vermelha e Branca de Niterói, Célia se sente muito honrada em participar dessa homenagem.

“É um grande prazer. A ala da Viradouro está aqui prestigiando a Acadêmicos de Niterói (…) Estamos muito feliz em prestar essa homenagem a Niterói e a co-irmã”, pronunciou Célia.