Luxo da Tatuapé e harmonia irretocável de Rosas de Ouro e Tom Maior são os destaques da primeira noite do Carnaval SP
A primeira noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo exibiu para os presentes um verdadeiro espetáculo visual, com pinceladas em aulas de história e bom gosto musical. As agremiações, dirigentes e comunidades, mostraram que apesar do curto espaço de tempo entre o “Carnaval fora de época” de 2022, que aconteceu em abril, e o Carnaval oficial de 2023 não prejudicaram na elaboração de grandes enredos. Vimos sete belos desfiles, com alegorias cada vez maiores e acabamentos minuciosos.
Três escolas se destacaram positivamente e superaram as demais coirmãs na noite desta sexta: Tatuapé, Rosas de Ouro e Tom Maior. A azul e branco recuperou sua gana de vencer após uma má colocação no último carnaval devido ao incidente em uma de suas alegorias. As alegorias imponentes e bem acabadas foram um dos destaques. Ao lado de harmonia, e mais uma grande atuação do cantor Celsinho Mody. O intérprete fez com que o samba crescesse ainda mais e valorizou com muita precisão o canto de sua comunidade com diversos “apagões” bem executados da bateria Qualidade Especial de Mestre Higor. * LEIA AQUI SOBRE O DESFILE DO TATUAPÉ
A Rosas de Ouro, quinta escola a passar pelo Anhembi, levou durante os 62 minutos que esteve na avenida reflexões antirracistas. “Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome”, era o título do enredo que foi construído a partir de um samba perdedor em disputa, ainda em 2006, mas que mesmo assim caiu no gosto da comunidade da roseira. Isso ficou ainda mais evidente do primeiro componente que pisou na avenida ao último. A harmonia da escola teve um excelente desempenho com todas as alas cantando fervorosamente o samba-enredo. Samba esse que parece ter sido criado para a dobradinha Royce do Cavaco e “Bateria com Identidade”, de mestre Rafa. Quem também se destacou foi o casal Everson Sena e Isabel Casagrande. Vestidos com uma das indumentárias mais bonitas dessa primeira noite, o casal executou movimentos de precisão, com bastante segurança do que estavam fazendo. Seja nos rodopios dela, ou nos passos elegantes do rapaz. A comissão de frente, que prometeu muito nos ensaios técnicos, entregou tudo e um pouco mais. A começar pelo figurino que possuía extrema riqueza de detalhes, junto da pintura corporal dos bailarinos e da grandiosidade do objeto cenográfico. * LEIA AQUI SOBRE O DESFILE DO ROSAS
Sexta e penúltima escola da noite, a Tom Maior consolidou ainda mais um projeto que vem sendo realizado há pelo menos 6 anos. Uma escola coesa, que pisa no Anhembi sabendo o que precisa ser feito para alcançar seu principal objetivo: o sonhado campeonato. Cultuando as mães pretas ancestrais, o desfile foi fluido do início ao fim. Uma evolução impecável da escola do Sumaré. O samba-enredo que já era muito comentado positivamente no pré-desfile, foi muito bem conduzido pelo consagrado intérprete Gilsinho – que faz dobradinha entre Portela e Tom -, resultando numa harmonia bastante positiva entre cantor, bateria e comunidade. * LEIA AQUI SOBRE O DESFILE DA TOM MAIOR
Se por um lado as agremiações acima foram quase perfeitas nos 9 quesitos, as outras quatro agremiações passaram por alguns problemas. A Independente Tricolor (LEIA AQUI SOBRE O DESFILE) fez um desfile sem ousadias, típica apresentação da escola que prefere não arriscar para manter-se no grupo. Barroca Zona Sul (LEIA AQUI SOBRE O DESFILE), Vila Maria (LEIA AQUI SOBRE O DESFILE) e Gaviões da Fiel (LEIA AQUI SOBRE O DESFILE) passaram por percalços na evolução de cada uma. A chuva torrencial que atingiu o Anhembi enquanto a verde e rosa passava dificultou o controle dos diretores de alas, com isso, alguns buracos ficaram visíveis na segunda metade do desfile. A Vila Maria ficou parada na pista por um tempo devido à falha de comunicação dos rádios de comunicação dos diretores e depois precisou correr, com isso, algumas alas também ficaram bagunçadas. Fechando a primeira noite, a Gaviões, além dos problemas em evolução, que resultaram em correria, levou para o desfile fantasias muito simples, prejudicando a leitura de cada uma delas.
Coloraboraram Fábio Martins, Gustavo Lima Lucas Sampaio, Vinicius Vasconcelos e Will Ferreira
Unidos de Padre Miguel e São Clemente dominam a sexta-feira
A primeira noite de desfiles da Série Ouro colocou na briga pelo acesso ao Grupo Especial a Unidos de Padre Miguel e a São Clemente que fizeram desfiles acima das outras cinco, acordando dessa forma a briga pelo título e jogando a responsabilidade para as escolas que desfilam neste Sábado de carnaval. A São Clemente encerrou a noite com um enredo bem a sua cara irreverente e lúdico. Destaque para a comissão de frente, o samba e a qualidade das alegorias e fantasias. Já a Unidos de Padre Miguel voltou a mostrar muita qualidade estética em seu carnaval além do samba impulsionada pela dobradinha mestre Dinho e o estreante Bruno Ribas.
A Acadêmicos de Niterói, estreante da noite fez um bom desfile, sem errar, e briga pelas primeiras posições ainda que seja difícil imaginar um acesso. A Vigário apostou na nostalgia e fez um desfile divertido. E a Estácio de Sá surpreendeu dando uma resposta às críticas e aos comentários que recebeu ao longo do pré-carnaval. Já na outra ponta de disputa, Arranco, de volta a Sapucaí após 10 anos e Lins tiveram muitos problemas na pista que ameaçam a permanência na Série Ouro, já que as duas últimas vão cair para a Série Prata e desfilaram na Intendente em 2024.
ARRANCO
Marcando seu retorno à Marquês de Sapucaí, o Arranco do Engenho de Dentro teve a missão de abrir o primeiro dia de desfiles da Série Ouro em 2023. Foram mais de 10 anos longe do palco principal do carnaval carioca e alguns erros estiveram presentes na apresentação da azul e branca, o maior deles, a evolução, o carro abre-alas travou no início do desfile e passou por toda a avenida com lentidão, ao menos dois grandes buracos foram observados na altura do primeiro e segundo módulos de julgamento. O último carro também teve problemas e um buraco foi formado no primeiro módulo. Outro grande problema foi com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Yuri Souzah e Gislaine Lira, no segundo módulo, ao realizar um bandeirada no final da apresentação, Gislaine enrolou a bandeira e ao ficar nervosa, demorou para conseguir desfraldar o pavilhão. O destaque positivo foi o conjunto de fantasias da agremiação, em sua estreia como carnavalesco, Antônio Gonzaga caprichou no uso de cores. O enredo, que festejou os cinquenta anos de fundação do Arranco e homenageou o Zé Espinguela, se mostrou um acerto. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
LINS IMPERIAL
Nem mesmo o samba elogiado, o carro de som entrosado ou a bateria ousada, com várias paradinhas, foi suficiente para garantir uma boa apresentação da Lins Imperial na Avenida. A verde rosa do bairro de Lins de Vasconcelos foi a segunda escola a passar pela Marquês de Sapucaí nesta sexta-feira de Carnaval e acumulou problemas ao longo desta passagem. O primeiro deles ocorreu ainda na concentração, quando a barra de direção da segunda alegoria, intitulada de “A Lapa de Madame Satã”, quebrou e precisou ser rebocada, com apenas a parte do carro desfilando. Depois, os problemas prosseguiram nos chamados quesitos de chão, com uma harmonia de canto irregular e uma evolução repleta de falhas. Após ficar em ritmo lento no início, a escola precisou correr para cumprir o tempo, terminando o desfile no limite máximo de 55 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
VIGÁRIO GERAL
A Acadêmicos de Vigário Geral foi a terceira agremiação a desfilar nesta sexta-feira de carnaval, com enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria”. O que se viu pela Sapucaí foi uma abordagem bem leve e divertida do universo infantil. Os destaques do desfile ficaram por conta da bateria Swing Puro de mestre Luygui e do casal de mestre-sala e porta-bandeira Diego Jenkins e Thainá Teixeira, porém a parte plástica da tricolor deixou um pouco a desejar. A escola encerrou sua passagem pela avenida com 53 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
ESTÁCIO DE SÁ
A Estácio de Sá foi a quarta escola a desfilar na noite de sexta-feira e apresentou um excelente trabalho visual de Mauro Leite em sua estreia, produzindo um carnaval solo no Berço do Samba, após dividir os últimos desfiles com Wagner Gonçalves e auxiliar o trabalho de Rosa Magalhães em 2020. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Feliciano Júnior e Alcione Carvalho também produziram uma bonita apresentação recheada de referências à musicalidade do tema apresentado na Sapucaí. A comissão de frente e a evolução da escola também foram pontos positivos. O ponto negativo foi o canto irregular da escola que teve algumas alas se destacando, mas outras nem tanto. Com o enredo “São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração”, a Estácio de Sá encerrou seu desfile com 54 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
UNIDOS DE PADRE MIGUEL
A Unidos de Padre Miguel entrou na Marquês de Sapucaí com muita garra e mostrou que está disposta a brigar novamente pelo título da Série Ouro. O desfile provou que a escola tem estrutura e uma comunidade apaixonada que almeja chegar ao Grupo Especial. Vários foram os destaques positivos desta noite, a começar pelo samba, muito elogiado no pré-carnaval, foi impulsionado pelo desempenho de Bruno Ribas e seu entrosamento com a bateria de mestre Dinho. O conjunto visual foi um bálsamo para os olhos e impressionou pela riqueza no acabamento, cada ala que pisou na avenida tinha um detalhe único, assim como as alegorias. Vale destacar ainda a apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira. O desfile da Unidos uniu a técnica com emoção e conquistou o público que soltou gritos de “é campeã”. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
ACADÊMICOS DE NITERÓI
A Acadêmicos de Niterói estreou com o pé direito na Marquês de Sapucaí. Em um desfile sem grandes erros, a azul e branca apostou fortemente na plástica, com alegorias gigantescas e um conjunto de fantasias bem-acabadas, se mostrando disposta a entrar na briga pelo título da Série Ouro e o acesso ao Grupo Especial. No entanto, o samba mediano e o canto irregular dos componentes pode ser um dificultador na hora de sonhar com voos maiores.Com o enredo intitulado de “O Carnaval da Vitória”, assinado pelo carnavalesco André Rodrigues, a agremiação foi a sexta a passar pelo Sambódromo na primeira noite de desfiles da Série Ouro. A escola encerrou a apresentação pouco antes das 05h, aos 54 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
SÃO CLEMENTE
Sétima e última escola a desfilar na primeira noite de desfiles da Série Ouro, a São Clemente apresentou o enredo “O Achamento do Velho mundo”, desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira. Após mais de uma década no Grupo Especial, a Preta e Amarela não perdeu o porte da elite do carnaval e realizou um desfile leve e bem humorado, com destaque para a Comissão de Frente, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e o bom desenvolvimento e clareza do enredo. A agremiação da Zona Sul mostrou um reencontro com suas características e se colocou na briga pelo título. A irregularidade no canto em alguns momentos pode ser o único senão na apuração. A escola terminou sua apresentação com 55 minutos de duração, já ao amanhecer. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE // LEIA AQUI A ANÁLISE COMPLETA DO DESFILE
Bola Preta arrasta multidão no Centro do Rio
Com mais de 100 anos de história no carnaval carioca, o Cordão da Bola Preta abriu o sabado de carnaval saudando a volta dos desfiles de rua e exaltando a democracia.
“Somos um clube de carnaval em sua essência. Depois desses anos de perdas é muita tristeza, temos a volta às pessoas nas ruas. Queremos que as pessoas curtam, se abraçam, beijem na boca, mas sem esquecer que não é não. E viva a democracia”, declarou Pedro Ernesto, presidente do Cordão da Bola Preta.

Rainha do cordão, a atriz Paolla Oliveira era so alegria junto aos foliões que lotaram a rua Primeiro de Março e a Av. Pres. Antonio Carlos. Sorridente, tirou fotos e distribuiu simpatia junto aos foliões que gritavam seu nome:
“Esse carinho é muito bom. Ser prestigiada por quem me assiste e é fã é maravilhoso. E eu chego aqui e sinto esse amor diferente”, comemorou.
A frente dos ritmistas a cantora e atriz Emanuele Araújo falou da alegria de desfilar no Bola. “É uma bateria centenaria. É uma honra estar à frente desses ritmistas que são a nossa historia”.
Porta-estandarte do Bola Preta, a atriz Leandra Leal, cuja história de vida se mistura com a do cordão, ela que desfila desde que era criança, tinha motivos de sobra para comemorar: “É um ano para celebrar a volta do Carnaval, da vida, da democracia, de tudo”.
Com mais de 40 anos de história com o Bola Preta, dona Deusa de Souza acompanha os desfiles do bloco desde a década de 1970. Só deixou de vir nos dois anos de pandemia. Para comemorar a volta, trouxe a neta, Beatriz, de 8 anos, além de filhos e noras.
“O Bola Preta é a alegria da cidade. Quando não tem Bola como se a vida ficasse mais triste. Mas Hoje é só felicidade”, definiu.