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Com presença de Lia de Itamaracá, Império da Tijuca realiza desfile com boas soluções plásticas, mas com inúmeros problemas de evolução

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

Segunda escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro, o Império da Tijuca fez uma apresentação com inúmeros problemas de evolução e dois grandes buracos foram observados, ambos em frente a módulos de julgamento. A escola também sofreu com o espaçamento e a falta de alinhamento de algumas alas. Apesar dos problemas, a escola do Morro da Formiga apresentou um bom conjunto visual, com destaque para as alegorias, que além de bem acabadas, contaram com o bom uso dailuminação. A grande homenageada do enredo, Lia de Itamaracá, desfilou em posição de destaque no abre-alas, com semblante de felicidade, ela encantou a todos durante sua passagem.

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Este pode ter sido o último desfile de Tê como presidente da agremiação, segundo apuração da Rádio Tupi, Regina Celi, ex-presidente do Salgueiro, tomará posse em breve do comando da verde e branco.

Apresentando o enredo “Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar”, desenvolvido pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, a escola do Morro da Formiga passeou pela história de Lia de Itamaracá, rainha da ciranda, que completou 80 anos de vida e tem mais de seis décadas de serviço à música brasileira. A agremiação terminou sua apresentação com 55 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Jardel Lemos foi intitulada “Mar e mangue: inspirações para Lia” e composta por 15 componentes mistos entre homens e mulheres, uma menina de 13 anos e a grande sensação, Tia Surica da Portela. De forma poética, criativa e metafórica, a comissão de frente deu vida à infância de Maria Madalena Correia do Nascimento, que desde pequena era conhecida por Lia do Itamaracá e a sua origem entre o mar e o mangue. O encontro das águas do mar, do rio, do mangue, das areias brancas e os altos coqueirais que inspiraram Lia no passado e que a presenteiam com belas canções e cirandas até hoje. A apresentação foi feita em três atos e foi utilizado um tripé que contribuiu para que a história fosse contada.

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No geral, a comissão teve bons momentos, a história foi contada de forma clara e os elementos presentes tinham fácil leitura, porém, ocorreram alguns problemas durante as apresentações nos módulos de julgamento, na primeira cabine logo no início a menina que representava Lia enroscou o vestido ao descer do tripé, já no final da apresentação, o efeito dos caranguejos no chão não funciona, nem todos pegaram os elementos. Já durante a apresentação na cabine três um dos componentes que representavam os mangues se apresentou sem a cabeça (caranguejo), o tripé em que estava Tia Surica teve dificuldade de locomoção e até mesmo no efeito de giro que mostrava a baluarte da Portela. O ponto positivo foi a dança e a fantasia dos componentes, que apesar de simples, estavam bem confeccionadas e com boa leitura.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Renan Oliveira Laís Ramos estiveram presentes no primeiro setor da verde e branca, a fantasia deles representou os recifes de coral, apesar de simples, a indumentária foi de fácil leitura, o que contribuiu para que o bailado fosse solto e espontâneo. As apresentações nos módulos de julgamento foram corretas, a dupla foi segura e esbanjou carisma durante toda a avenida, o início da apresentação foi marcado pela letra do samba que dizia “Vim aqui me apresentar”, a bandeira se manteve esticada em todo momento.

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Enredo

O carnavalesco Júnior Pernambucano foi o responsável por desenvolver o enredo “Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar”, o tema passeou sobre a história e vida da cantora, compositora e maior representante da ciranda brasileira. Ícone da cultura popular do país, Lia completou 80 anos no último dia 12 de janeiro.

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O enredo contou de forma correta e de fácil leitura a história de Lia. Júnior optou por dividir a escola em quatro setores, sendo eles: “Águas da Inspiração”, “Itamaracá: Pedra Que Canta”, “Lia e Sua Musicalidade: Nasce uma Artista” e “Folias de Lia: O Carnaval abraça a Rainha no Cirandar do seu Povo!”.

Alegorias e Adereços

A escola contou com três alegorias e um tripé, no geral, o conjunto alegórico apresentado foi satisfatório. O uso de cores foi de extremo bom gosto e o enredo foi passado com clareza. Lia de Itamaracá, grande homenageada da noite, esteve presente no abre-alas, denominado “Nos Braços da Linda Mãe Sereia”, ele representou o mar e trouxe ainda a figura de Yemanjá, a iluminação valorizou muito a alegoria, que trouxe ainda uma grande coroa, símbolo da escola, de negativo, a falta de um adereço de cabeça na destaque que estava justamente em cima da coroa.

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A segunda alegoria “Gira a Colher na Panela, Gira a Ciranda no Forte”, chamou atenção pela presença de uma grande escultura da homenageada, o acabamento estava bem feito, assim como os traços que claramente faziam referência a Lia, novamente o uso da iluminação favoreceu o carro. O tripé “O Maracatu de Baque Solto” se destacou pelo uso de cores fortes, como o vermelho e laranja. Para finalizar, o Império da Tijuca apresentou o carro “O Carnaval Abraça a Rainha da Ciranda”, extremamente colorido e com referências ao carnaval Pernambucano, a alegoria teve um princípio de incêndio um pouco antes do setor seis, por conta disso, os destaques que estavam no lado ímpar desceram da alegoria e desfilaram no chão, alguns integrantes do corpo de bombeiro passaram em cima e observaram de perto.

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Fantasias

Conhecido pelo bom uso de materiais e cores, o carnavalesco Júnior Pernambucano levou para avenida 21 alas, o conjunto apresentado foi de extremo bom gosto, com destaque para a abertura da escola, a primeira ala da escola foi a de baianas, chamada “Mãe das águas”, o capricho foi nítido, assim como o acabamento, as senhoras desfilaram confortavelmente, já que a roupa não era pesada.

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As alas subsequentes também causaram um bom impacto, principalmente a ala “Ondas do Mar”, que tinha adereços de mãos que piscavam. Como mencionado, o uso de cores foi muito bem empregado, o início da escola foi predominante azul, porém, ao longo da apresentação as cores mais fortes foram surgindo, como na ala sete, “Buscadas Bom Jesus dos passos”, 14, “O Reisado” e 15, “Maracatu Leão coroado”. Outras alas que se destacaram pelo cuidado foram as alas que estavam com componentes maquiados, sendo elas, a 18, “Papangus” e a ala das crianças, “Alegre Burrinha”.

Como ponto negativo, vale destacar a ala 10, intitulada “O pastoril”, que passou com duas componentes sem o chapéu, o que acabou destoando de todo o conjunto apresentado.

Harmonia

O canto da escola foi regular e alternou entre bons momentos e outros com menos intensidade, o início do desfile foi forte, com as baianas interagindo com o samba e cantando de forma satisfatória, porém, ao longo da apresentação o nível diminuiu, as alas mais distantes da bateria não cantavam, a exemplo da ala oito, “Engenho de São João”, que passou com vários componentes sem cantar parte alguma do samba. O desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Daniel Silva se apresentou bem e o entrosamento com a bateria de mestre Jordan foi o ponto alto do conjunto harmônico da escola.

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Samba-Enredo

O samba de autoria de Eduardo Katata, JC Couto, Henrique Badá, Ferreti Ponte, Sergio Gil, Gilsinho Oliveira, Gabriel Machado Charuto, Gabriel Cascardo Gavião passou pela avenida de forma linear, a performance do intérprete Daniel Silva contribuiu para que a obra passasse tivesse um bom rendimento. O enredo foi contado de forma clara através da letra, a medida que a escola se apresentava, o samba fazia sentido para o que era visto, principalmente no início que dizia “Vim aqui me apresentar, sou filha das águas, mulher guerreira, a inspiração vem do mar”, a abertura da escola foi justamente essa. A bateria de mestre Jordan também contribiu para o bom andamento da obra, algumas paradinhas fizeram o canto da comunidade aflorar, principalmente, no refrão de meio.

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Evolução

O quesito de maior preocupação para a agremiação foi a evolução, durante todo o desfile foram observados alguns descompassos no andamento dos componentes, alguns buracos se formaram durante a apresentação, sendo alguns deles em frente a módulos de julgamento. Durante a apresentação da bateria no setor três (equivalente a módulos um e dois), a escola seguiu normalmente, o que ocasionou um grande espaçamento entre a ala de passistas e a própria bateria, a rainha Laynara Teles tentou ocupar o espaço, porém, foi em vão.

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No setor seis (equivalente ao módulo três), um outro buraco foi observado, dessa vez causado após a entrada da bateria no segundo recuo, a escola apressou o passo e a ala das crianças não conseguiu acompanhar. Além desses problemas, muitas alas estavam desalinhadas e espaçadas, como a própria ala das crianças e a das passistas.

Outros Destaques

A presença de Lia de Itamaracá engrandeceu o desfile do Império, a posição de destaque da homenageada foi algo positivo, assim como a recepção do público. Outra presença muito festejada foi a de Tia Surica na comissão de frente.

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Vigário Geral: fotos do desfile no Carnaval 2024

Freddy Ferreira analisa a bateria da União do Parque Acari no desfile

Uma apresentação correta da bateria da União do Parque Acari, dirigida pelos mestres estreantes Erik Castro e Daniel Silva. Uma boa conjunção sonora foi produzida, junto de bossas com pressão sonora, provocada pelo impacto dos surdos.

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Uma bateria da Acari bem afinada foi notada. Destaque para a maceta do surdo de primeira, com diâmetro maior que o de costume, originada na bateria do Vai Vai e que deixa o som com aspecto grave peculiar. Marcadores de primeira e de segunda foram firmes durante o cortejo. O balanço envolvente dos surdos de terceira ajudou no preenchimento musical dos graves. Ja pelos naipes médios, repiques coesos tocaram de forma integradas a um naipe de caixas ressonantes, que serviu de base musical para todo o ritmo. A cozinha da bateria ainda contou com atabaques.

A parte da frente do ritmo da União do Parque Acari exibiu um naipe de tamborins de virtude técnica, que executou um desenho ritmo simples de modo eficaz. Uma ala de chocalhos de qualidade também auxiliou na musicalidade das peças leves, assim como um naipe de cuícas sólido demonstrou funcionalidade.

As bossas da Parque Acari eram baseadas nas nuances melódicas no samba-enredo da escola, contribuindo com pressão, graças ao impacto sonoro envolvendo os surdos nos arranjos musicais. O ritmo era consolidado através das variações melódicas da obra, com destaque sonoro para o swing produzido na bossa do refrão do meio, bastante dançante, além da boa execução. Já a paradinha iniciada no final da segunda do samba teve um solo de atabaques logo no início do arranjo, com certo grau de complexidade.

A apresentação na primeira cabine de julgadores foi correta, embora muito longa em duração, o que não costuma ser bom para a bateria por deixar o julgador avaliar por mais tempo o ritmo. A exibição na segunda cabine poderia ter sido melhor, já que um pequeno deslize envolvendo um surdo que acabou sobrando numa bossa colocou em risco a apresentação no terceiro módulo. Foi bem sutil e não há garantias que o equívoco sonoro possa chegar ao jurado, que fica no alto e afastado. Sem dúvida a apresentação na terceira e última cabine (quarto módulo) foi a mais segura e firme, na boa estreia dos mestres Erik Castro e Daniel Silva, comandando a bateria da União do Parque Acari.

União do Parque Acari estreia na Sapucaí com plástica surpreendente em desfile regular, mas fantasia atrapalha casal

Por Raphael Lacerda e fotos de Nelson Malfacini

Estreante na Marquês de Sapucaí, a União do Parque Acari abriu a primeira noite de desfiles da Série Ouro do carnaval carioca. Mesmo com as arquibancadas ainda vazias, a agremiação fez um desfile positivo, mas que destacou os problemas enfrentados pelas agremiações do Acesso. Afetada pelas chuvas que atingiram o barracão, a agremiação perdeu fantasias e teve parte das alegorias danificadas há poucas semanas do desfile. Apesar disso, a entrega da comunidade, a comissão de frente e a alegria de estrear na Passarela do Samba foram destaques da noite. Por outro lado, a fantasia da porta-bandeira Layne Ribeiro atrapalhou a apresentação do casal.

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Comissão de Frente

Sob o comando do coreógrafo Valci Pelé, o grupo representou “O Ritual de Obaluaiê no Sagrado da Mãe Hilda de Jitolú”, e retratou os filhos de Ilê Aiyê. Com 15 bailarinos – dez homens e cinco mulheres -, a apresentação foi dividida em dois atos. No primeiro, os componentes iniciaram a dança no ritual do Candomblé, com a representação do orixá Obaluaiê.

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O segundo momento foi marcado pelo aparecimento de Mãe Hilda, que trouxe em suas mãos a representação de uma pomba branca acoplada a um drone, que sobrevoava até o término da apresentação. Para auxiliar na encenação, a equipe utilizou um elemento cenográfico com quatro guarda-sóis que representavam a ancestralidade dos cultos religiosos. Durante a apresentação aos módulos de jurados, a comissão passou de forma correta e foi aplaudida pelo público. Foi um dos destaques da agremiação.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A dupla formada por Vinicius Jesus e Layne Ribeiro representou Olorum Ayê, a ligação entre o céu e a terra. Nas duas primeiras cabines a porta-bandeira apresentou dificuldade na execução dos giros, por conta do peso da fantasia. A apresentação do casal foi marcada pelo bailado mais clássico, além do estilo expressivo do mestre-sala.

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Enredo

Com o enredo “Ilê Aiyê – 50 anos de luta e resistência”, desenvolvido pelo carnavalesco André Tabuquine, a Acari celebrou os 50 anos do bloco afro mais antigo do Brasil. Para retratar a história, o desfile da agremiação foi dividido em três setores: o primeiro, denominado “A religiosidade”, representou a espiritualidade do bloco e de mãe hIlda. Já no segundo, a escola trouxe a “Negritude Africana”, que homenageou a Deusa do Ébano. O setor contou os enredos do Ilê Aiyê. O último setor foi denominado de “A Ancestralidade Baiana”, encerrou a festividade baiana e também simbolizou a Ladeira do Curuzu. O enredo levou para a Avenida um apanhado da ancestralidade e festividade – representada pelo Ilê Aiyê.

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Alegorias

A União do Parque Acari levou para o Sambódromo três alegorias e um elemento cenográfico da comissão de frente. No geral, o conjunto visual da agremiação chamou a atenção antes mesmo do desfiles, já que é uma agremiação que estreou na Marquês de Sapucaí. Destaque para o segundo carro, que representou “A noite da beleza negra”. O bom acabamento da alegoria era realçado pela iluminação. Já o primeiro carro apresentou problemas leves de acabamento, com algumas emendas de revestimento aparentes.

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Fantasias

Para fazer jus a agremiação, vale ressaltar que a escola foi diretamente impactada pelos problemas enfrentados nos barracões da Série Ouro. As fortes chuvas do mês de janeiro fizeram com que a escola perdesse mais de 100 fantasias. Apesar disso, a escola conseguiu se recuperar bem e teve um desempenho razoável no segmento, trazendo roupas com leitura e bom acabamento.

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Harmonia

O carro de som da agremiação foi comandado por Leozinho Nunes e Tainara Martins. A dupla teve boa participação no desfile. Como de praxe em boa parte dos desfiles da Série Ouro, a primeira agremiação desfilou com as arquibancadas ainda vazias e foi recebida de forma morna pelo público presente. Apesar disso, os componentes desfilaram com o canto regular e mostraram a alegria de estrear na Passarela do Samba. No geral, não houve discrepância entre as alas.

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Samba-enredo

A obra foi composta por Jorginho Moreira, Professor JR., Raphael Krek, Márcio de Deus, Madalena, Alexandre Reis, Odmar do banjo, Cléber Araújo, Telmo Augusto, Gigi da Estiva, Professor Laranjo, Leozinho Nunes e Tainara Martins. A obra passou de forma satisfatória na Avenida. O trecho que teve o melhor desempenho foi o refrão “Parque Acari// Meu maior tesouro// Cintilar teu pavilhão. Os componentes cantavam o samba por inteiro, o refrão principal era o ápice. Entre a comunidade passou bem. Na Avenida, como falado no quesito Harmonia, foi morno.

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Evolução

Se por um lado abrir a noite de desfiles impacta na recepção do público, por outro, evita o cansaço dos componentes. A alegria de estrear na Sapucaí contagiou os componentes, que evoluíram de forma fluída e espontânea. O quesito teve um desempenho positivo. O desfile terminou aos 54 minutos.

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Outros Destaques

Mesmo com os problemas enfrentados durante o pré-carnaval, a União do Parque Acari lutou e fez um desfile marcado pela força de vontade da comunidade e a alegria de estrear no solo sagrado do samba.

Uma apresentação correta da bateria da União do Parque Acari, dirigida pelos mestres estreantes Erik Castro e Daniel Silva. Uma boa conjunção sonora foi produzida, junto de bossas com pressão sonora, provocada pelo impacto dos surdos.

‘Gosto de andar igual perua e de andar de chinelo’, diz Betinha, a popular presidente da Vigário Geral

Vigario Geral Esp02002“Eu vou levar meu povo para Maracanaú”, foi isso que Betinha disse ao site CARNAVALESCO ao apresentar a sua comissão de frente. Ela, que veio representada por um componente do quesito, teve até seu look e penteado imitados para uma representação à altura da presidente popular que ela é.

“Eles estão indo para Maracanaú, tem até uma pessoa que está me representando. Me perguntaram como eu estaria vestida, para ela vir me representando na comissão de frente, levando a escola para Maracanaú. Está até trazendo a sandália que perdi ano passado, acho que foi ela que roubou”, disse a presidente aos risos.

Betinha, que viralizou na internet ano passado, com o seu discurso de arrancada, dizendo que estava “bolada”, pois tinha perdido a sua sandália, não nega que é popular, mas justifica o porquê de tanta popularidade.

Vigario Geral Esp02001“Eu me sinto popular sim, não do jeito que o povo fala, mas eu sou popular porque eu sou uma presidente de pé no chão, gosto de andar com o meu bonde, ir ao pagode. Eu não sou uma presidente nariz em pé, eu sou eu, Betinha. Gosto de andar igual perua, a cada hora eu mudo o look e também ando de chinelo igual aos outros. Hoje eu vim de trem com o meu bonde, todo ensaio técnico e desfile eu só venho de trem ou metrô, mesmo tendo a opção de ônibus com ar condicionado”, conta Betinha.

No ano passado, houve um incidente com a sua sandália, esse ano quase foi o vestido. Mas Betinha conseguiu resolver.

“Eu queria vir com um desfile de franja, comprei, mas não chegou, atrasou lá em Florianópolis, mas consegui esse aqui que está lindo”, disse a presidente rodando com seu vestido branco de franjinha.

Comprovando ser uma presidente pé no chão, Betinha dedica a sua popularidade ao seu povo da comunidade de Vigário Geral.

“É meu povo que me faz popular, a minha comunidade, eu me sinto popular lá, na minha comunidade. Tudo eu estou dentro, gosto de samba, pagode, funk, carnaval”, finaliza a presidente.

O maior São João do planeta, retratado no maior espetáculo da terra: Maracanáu representado pela Vigário Geral na Sapucaí

Vigario Geral Esp01003Para os componentes da Vigário Geral, não há dúvidas de que a festa de São João da cidade de Maracanáu, no Ceará, é o maior do planeta. Os componentes da escola que apresentou o enredo “Maracanaú – bem -vindos ao maior São João do planeta”, contaram ao site CARNAVALESCO o que o desfile representa e a importância de contar sobre a cultura nordestina na avenida carnavalesca mais famosa do Brasil.

Claudete Duarte, de 64 anos, que saiu do estado de Santa Catarina para estrear na Vigário Geral, conta que ama as duas festas, São João e carnaval.

Vigario Geral Esp01002“Eu amo o carnaval, saio em 8 escolas esse ano, e a segunda festa que eu mais amo é São João. Então é um sonho sair no carnaval contanto sobre outra festa que eu amo, São João é uma festa muito querida, a escola está muito linda pelo que eu vi, muito colorida e vai arrepiar, com certeza, Maracanaú é o maior São João do planeta, os outros agregam, é tudo alegria, é tudo de bom, mas o maior é lá no Ceará”, afirma a catarinense que desfilará nos outros três dias de Sapucaí.

A servente de obras, Maria Isabel de Jesus, de 40 anos, que há 4 desfila como baiana na agremiação, desfilar em um enredo sobre São João é emocionante, pois mexe com a sua história.

“Como eu já fui quadrilheira, falar de São João é puxar a minha raiz de quadrilheira, eu chego a ficar meio arrepiada. Porque, eu moro no interior de Bangu e lá eu aprendi a gostar de dançar quadrilha. E lá em Bangu mesmo eu aprendi a gostar de samba. Minha mãe me levou para o samba e hoje em dia eu sou baiana com a minha mãe e minha irmã, até as minhas filhas já foram baianas comigo também, então está na raiz, está no sangue. É o povo brasileiro, brasilidade, São João, carnaval, Vigário Geral, até rimou”, disse a baiana.

Vigario Geral Esp01001O terceiro carro da Vigário Geral, chamado “O maior São João do planeta”, veio todo colorido, decorado com estampas e balões de festa junina. Algumas componentes do carro falaram da representatividade do nordestino para o Brasil, tanto na cultura, quanto na formação do país.

“O carro vem falando dessa tradição de São João, a valorização do nordeste enquanto cultura popular brasileira, o respeito a cultura do nordestino, trazer o nordestino para o Rio de Janeiro. Porque esse nordestino vem para o sudeste trabalhar e o sudeste está recebendo, está abraçando esse nordestino, a gente vem falando sobre isso também. Além de falar da maior festa junina do Brasil, que é o São João de Maracanaú, a gente também vai falar sobre essa questão do nordestino inserido na cultura popular enquanto cidadão, a valorização desse nordeste”, afirma a professora de história Tânia dos Santos, que tem 53 anos e desfila há 4 carnavais na tricolor.

A também professora Brenda Arroco, de 42 anos, que desfila há 6 anos pela agremiação, segue o mesmo raciocínio da colega de profissão e de carro alegórico.

“Esse carro é a personificação da cultura nordestina, tem até uma parte do enredo que fala que o Ceará é o tronco que alimenta as flores do país, as folhas do país, e eu acredito que isso é a força que o nordestino traz para a gente e que acaba sendo a base de todo o país, em relação ao trabalho, em relação ao crescimento do Brasil. Apesar das pessoas menosprezarem o nordeste, eu creio que o enredo vem para mostrar a diferença a partir da festa, mas com a alegria que eles trazem para gente. O nordestino, apesar do muito trabalho, apesar das dificuldades todas que passa, tem essa alegria que é trazida para a gente. Pela força dos padroeiros, que o enredo ainda traz isso, o São João, o santo”, comenta a professora.

Lia de Itamaracá: A sereia do abre alas da Império da Tijuca

Imperio da Tijuca Esp02002O abre alas da Império da Tijuca, representando “nos braços da linda mãe sereia”, trouxe um carro com o mar como um portal para a espiritualidade e a expressão artística de Lia, destacando suas canções em homenagem a Iemanjá, estabelecendo uma conexão entre música, devoção e natureza. O carro foi elaborado em tons de azul, com detalhes nos corais e recifes feitos com seis mil garrafas de PET, confeccionadas pelos estudantes do Instituto Federal do Rio de Janeiro, sob a coordenação dos professores André Wonder e Flávio Sabrá.

O carnavalesco Junior Pernambucano contou sobre alguns imprevistos que aconteceram, também falou um pouco sobre o carro abre alas e expressou sua felicidade com o Carnaval de 2024: “A gente teve uns imprevistos aí, mas contornamos e vai dar tudo certo. O Abre Alas é uma novidade com a Lia de sereia e eu estou feliz com essa grande homenagem à Lia e a gente está realizado com o resultado”.

Imperio da Tijuca Esp02001Sebastião, conhecido como Tiãozinho, compartilhou toda a sua emoção em desfilar no abre alas ao lado de Lia e tudo que a escola representa em sua vida: “Eu desfilo há 67 anos na escola. Saí por um momento, mas eles se lembraram de mim e eu retorno ao lado da Lia, porque sou o mais antigo da escola. Meu nome é Sebastião, mas todos me chamam de Tiãozinho. Já fui presidente da escola e conquistei o primeiro campeonato para ela. Fui presidente da velha guarda e da ala de compositores por 21 anos. O reconhecimento deles para comigo é algo muito especial. Eu nasci no Morro da Formiga e tenho orgulho disso. Minha filha e minha neta agora desfilam comigo.”

“Para mim é um sonho, desde criança eu sonhei em participar e hoje eu vou controlar para não chorar, porque a emoção é imensa, imensa, não tem palavra. É só aproveitar e brilhar e sentir essa emoção, essa energia, já sinto eu tenho certeza que lá vai ser algo muito mais incrível. Mas já as expectativas são grandes para mim estar aqui”, desabafou Elizabeth de 37 anos.

Imperio da Tijuca Esp02003Juan Junior Rodrigues de Andrade de 27 anos e grande fã de Lia, expressou seus sentimentos em viver esse momento: “Eu como fã de Lia de Itamaracá, estou muito contente, emocionado, muito feliz, porque ela representa uma gigante da nossa música, da nossa arte, da nossa cultura. Então, eu estou realmente muito feliz de estar participando do desfile da escola, que está homenageando Lia de Itamaracá, e de estar no carro abre alas juntamente com a Lia de Itamaracá, que era um dos meus sonhos, conhecer ela. Então, eu estou muito contente e eu acredito que esse desfile vai ser maravilhoso. As expectativas são altíssimas. Pelo que eu vi, as fantasias estão maravilhosas, o samba-enredo é maravilhoso, o tema do desfile, o enredo por si só, já é muito grandioso, e ter a presença de Lia de Itamaracá aqui é motivo para causar muita alegria, muita emoção, muita… sem palavras, é uma coisa muito verdadeira, muito íntima, que vem do coração”.

Império da Tijuca: fotos do desfile no Carnaval 2024

União do Parque Acari: fotos do desfile no Carnaval 2024