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Com presença de Lia de Itamaracá, Império da Tijuca realiza desfile com boas soluções plásticas, mas com inúmeros problemas de evolução

Evolução problemática comprometeu bela homenagem da escola do Morro da Formiga à cirandeira Lia de Itamaracá

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

Segunda escola a pisar na avenida na primeira noite de desfiles da Série Ouro, o Império da Tijuca fez uma apresentação com inúmeros problemas de evolução e dois grandes buracos foram observados, ambos em frente a módulos de julgamento. A escola também sofreu com o espaçamento e a falta de alinhamento de algumas alas. Apesar dos problemas, a escola do Morro da Formiga apresentou um bom conjunto visual, com destaque para as alegorias, que além de bem acabadas, contaram com o bom uso dailuminação. A grande homenageada do enredo, Lia de Itamaracá, desfilou em posição de destaque no abre-alas, com semblante de felicidade, ela encantou a todos durante sua passagem.

Este pode ter sido o último desfile de Tê como presidente da agremiação, segundo apuração da Rádio Tupi, Regina Celi, ex-presidente do Salgueiro, tomará posse em breve do comando da verde e branco.

Apresentando o enredo “Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar”, desenvolvido pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, a escola do Morro da Formiga passeou pela história de Lia de Itamaracá, rainha da ciranda, que completou 80 anos de vida e tem mais de seis décadas de serviço à música brasileira. A agremiação terminou sua apresentação com 55 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Jardel Lemos foi intitulada “Mar e mangue: inspirações para Lia” e composta por 15 componentes mistos entre homens e mulheres, uma menina de 13 anos e a grande sensação, Tia Surica da Portela. De forma poética, criativa e metafórica, a comissão de frente deu vida à infância de Maria Madalena Correia do Nascimento, que desde pequena era conhecida por Lia do Itamaracá e a sua origem entre o mar e o mangue. O encontro das águas do mar, do rio, do mangue, das areias brancas e os altos coqueirais que inspiraram Lia no passado e que a presenteiam com belas canções e cirandas até hoje. A apresentação foi feita em três atos e foi utilizado um tripé que contribuiu para que a história fosse contada.

No geral, a comissão teve bons momentos, a história foi contada de forma clara e os elementos presentes tinham fácil leitura, porém, ocorreram alguns problemas durante as apresentações nos módulos de julgamento, na primeira cabine logo no início a menina que representava Lia enroscou o vestido ao descer do tripé, já no final da apresentação, o efeito dos caranguejos no chão não funciona, nem todos pegaram os elementos. Já durante a apresentação na cabine três um dos componentes que representavam os mangues se apresentou sem a cabeça (caranguejo), o tripé em que estava Tia Surica teve dificuldade de locomoção e até mesmo no efeito de giro que mostrava a baluarte da Portela. O ponto positivo foi a dança e a fantasia dos componentes, que apesar de simples, estavam bem confeccionadas e com boa leitura.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Renan Oliveira Laís Ramos estiveram presentes no primeiro setor da verde e branca, a fantasia deles representou os recifes de coral, apesar de simples, a indumentária foi de fácil leitura, o que contribuiu para que o bailado fosse solto e espontâneo. As apresentações nos módulos de julgamento foram corretas, a dupla foi segura e esbanjou carisma durante toda a avenida, o início da apresentação foi marcado pela letra do samba que dizia “Vim aqui me apresentar”, a bandeira se manteve esticada em todo momento.

Enredo

O carnavalesco Júnior Pernambucano foi o responsável por desenvolver o enredo “Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar”, o tema passeou sobre a história e vida da cantora, compositora e maior representante da ciranda brasileira. Ícone da cultura popular do país, Lia completou 80 anos no último dia 12 de janeiro.

O enredo contou de forma correta e de fácil leitura a história de Lia. Júnior optou por dividir a escola em quatro setores, sendo eles: “Águas da Inspiração”, “Itamaracá: Pedra Que Canta”, “Lia e Sua Musicalidade: Nasce uma Artista” e “Folias de Lia: O Carnaval abraça a Rainha no Cirandar do seu Povo!”.

Alegorias e Adereços

A escola contou com três alegorias e um tripé, no geral, o conjunto alegórico apresentado foi satisfatório. O uso de cores foi de extremo bom gosto e o enredo foi passado com clareza. Lia de Itamaracá, grande homenageada da noite, esteve presente no abre-alas, denominado “Nos Braços da Linda Mãe Sereia”, ele representou o mar e trouxe ainda a figura de Yemanjá, a iluminação valorizou muito a alegoria, que trouxe ainda uma grande coroa, símbolo da escola, de negativo, a falta de um adereço de cabeça na destaque que estava justamente em cima da coroa.

A segunda alegoria “Gira a Colher na Panela, Gira a Ciranda no Forte”, chamou atenção pela presença de uma grande escultura da homenageada, o acabamento estava bem feito, assim como os traços que claramente faziam referência a Lia, novamente o uso da iluminação favoreceu o carro. O tripé “O Maracatu de Baque Solto” se destacou pelo uso de cores fortes, como o vermelho e laranja. Para finalizar, o Império da Tijuca apresentou o carro “O Carnaval Abraça a Rainha da Ciranda”, extremamente colorido e com referências ao carnaval Pernambucano, a alegoria teve um princípio de incêndio um pouco antes do setor seis, por conta disso, os destaques que estavam no lado ímpar desceram da alegoria e desfilaram no chão, alguns integrantes do corpo de bombeiro passaram em cima e observaram de perto.

Fantasias

Conhecido pelo bom uso de materiais e cores, o carnavalesco Júnior Pernambucano levou para avenida 21 alas, o conjunto apresentado foi de extremo bom gosto, com destaque para a abertura da escola, a primeira ala da escola foi a de baianas, chamada “Mãe das águas”, o capricho foi nítido, assim como o acabamento, as senhoras desfilaram confortavelmente, já que a roupa não era pesada.

As alas subsequentes também causaram um bom impacto, principalmente a ala “Ondas do Mar”, que tinha adereços de mãos que piscavam. Como mencionado, o uso de cores foi muito bem empregado, o início da escola foi predominante azul, porém, ao longo da apresentação as cores mais fortes foram surgindo, como na ala sete, “Buscadas Bom Jesus dos passos”, 14, “O Reisado” e 15, “Maracatu Leão coroado”. Outras alas que se destacaram pelo cuidado foram as alas que estavam com componentes maquiados, sendo elas, a 18, “Papangus” e a ala das crianças, “Alegre Burrinha”.

Como ponto negativo, vale destacar a ala 10, intitulada “O pastoril”, que passou com duas componentes sem o chapéu, o que acabou destoando de todo o conjunto apresentado.

Harmonia

O canto da escola foi regular e alternou entre bons momentos e outros com menos intensidade, o início do desfile foi forte, com as baianas interagindo com o samba e cantando de forma satisfatória, porém, ao longo da apresentação o nível diminuiu, as alas mais distantes da bateria não cantavam, a exemplo da ala oito, “Engenho de São João”, que passou com vários componentes sem cantar parte alguma do samba. O desempenho do carro de som comandado pelo intérprete Daniel Silva se apresentou bem e o entrosamento com a bateria de mestre Jordan foi o ponto alto do conjunto harmônico da escola.

Samba-Enredo

O samba de autoria de Eduardo Katata, JC Couto, Henrique Badá, Ferreti Ponte, Sergio Gil, Gilsinho Oliveira, Gabriel Machado Charuto, Gabriel Cascardo Gavião passou pela avenida de forma linear, a performance do intérprete Daniel Silva contribuiu para que a obra passasse tivesse um bom rendimento. O enredo foi contado de forma clara através da letra, a medida que a escola se apresentava, o samba fazia sentido para o que era visto, principalmente no início que dizia “Vim aqui me apresentar, sou filha das águas, mulher guerreira, a inspiração vem do mar”, a abertura da escola foi justamente essa. A bateria de mestre Jordan também contribiu para o bom andamento da obra, algumas paradinhas fizeram o canto da comunidade aflorar, principalmente, no refrão de meio.

Evolução

O quesito de maior preocupação para a agremiação foi a evolução, durante todo o desfile foram observados alguns descompassos no andamento dos componentes, alguns buracos se formaram durante a apresentação, sendo alguns deles em frente a módulos de julgamento. Durante a apresentação da bateria no setor três (equivalente a módulos um e dois), a escola seguiu normalmente, o que ocasionou um grande espaçamento entre a ala de passistas e a própria bateria, a rainha Laynara Teles tentou ocupar o espaço, porém, foi em vão.

No setor seis (equivalente ao módulo três), um outro buraco foi observado, dessa vez causado após a entrada da bateria no segundo recuo, a escola apressou o passo e a ala das crianças não conseguiu acompanhar. Além desses problemas, muitas alas estavam desalinhadas e espaçadas, como a própria ala das crianças e a das passistas.

Outros Destaques

A presença de Lia de Itamaracá engrandeceu o desfile do Império, a posição de destaque da homenageada foi algo positivo, assim como a recepção do público. Outra presença muito festejada foi a de Tia Surica na comissão de frente.

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