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Bateria e casal de mestre-sala e porta-bandeira se destacam no segundo ensaio técnico da Mancha Verde

Realizado na noite de sexta-feira, o segundo ensaio técnico da Mancha Verde no Anhembi teve muitas similaridades com o primeiro. Ainda antes do início da apresentação, Paulo Serdan, presidente da escola, pediu para que os componentes brincassem e “tirassem onda”. O peso tirado das costas dos foliões rendeu frutos, mas acendeu alertas na agremiação, que cantará o enredo “Oxente – Sou Nordeste, Sou Xaxado, Sou Brasil” no carnaval 2023.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Até a Arquibancada Monumental (ou seja, nos dois primeiros setores do Anhembi), Marcelo Silva e Adriana Gomes fizeram questão de mostrar entrosamento com o samba-enredo, marcando alguns versos. Em outros momentos, ambos faziam passos que remetiam a ritmos nordestinos – como o xaxado, citado no enredo e no samba.

A partir do Setor C do Sambódromo, entretanto, eles passaram a girar diversas vezes, bastante soltos e em grande sincronia – a apresentação para a segunda cabine de jurados, por sinal, não teve um erro técnico sequer, com o desfraldamento do pavilhão executado de maneira sublime, sem problemas com ventos ou com os giros.

ManchaVerde et Casal 1

Uma curiosidade: Marcelo possui um raio de dança bastante raro. Ele começa cortejando a porta-bandeira de maneira bem próxima, se afasta e, depois, volta a ficar perto da dupla. A apresentação rendeu efusivos aplausos em todos os setores do Anhembi.

“Para mim nesse ensaio conseguimos cumprir tudo aquilo que viemos ensaiando desde agosto, mesmo com o problema do vento que para mim não atrapalha, mas atrapalha a minha parceira. Eu preciso tentar conduzir da melhor forma para ela dar uma segurada, conseguir dar uma relaxada no braço. Não que ela vá deixar de exibir o pavilhão, mas dar uma maneirada. Acho que a gente conseguiu, dentro da dança, dar aquela aliviada para na hora de chegar perto dos jurados fazermos a apresentação com tudo aquilo que ensaiamos desde agosto. Acho que foi com perfeição os quatro jurados e o decorrer da Avenida”, pontuou Marcelo.

ManchaVerde et PrimeiroCasal

Adriana relembrou o primeiro ensaio, apenas cinco dias distante do segundo: “Um erro a gente conserta, o que não deu certo a gente tenta de novo, o que rolou a gente muda. Foi exatamente o que aconteceu. Foi um ensaio muito mais tranquilo. Conseguimos nessa semana, entre domingo e hoje, ajustar aquilo que entendemos que não deu certo no primeiro ensaio. Porque é aquilo que a gente fala, criamos, trazemos para cá, mas com o andamento da escola e de outras coisas, vamos percebendo aquilo que dá certo. Hoje eu saio tranquila. Aquilo que construiu, reconstruímos, realizamos, e vamos indo até chegar o dia do desfile”, afirmou.

Aproveitando para falar sobre perfeição, Adriana mostrou-se bastante perfeccionista: “A gente nunca chega no 100%, mas sempre vamos em busca de. O mais interessante é irmos buscar, porque é claro que achamos que é perfeito, mas não somos perfeitos. Somos passíveis de erros. A pista é muito louca, na pista tudo acontece. Eu acredito que, claro, o tempo de pista que temos ajuda, mas a gente tem que sempre ir atrás da perfeição, e vamos sempre atrás da perfeição”, comentou.

Comissão de Frente

Logo de cara, uma novidade na comissão-de-frente coreografada por Wender Lustosa e Marcos dos Santos: os integrantes tinham roupas mais a caráter, com chapéus de cangaceiros. Também foi possível identificar personagens bastante identificados com o Nordeste – casos de Lampião, Maria Bonita e Luis Gonzaga.

A comissão de frente optou por uma coreografia longa, sem marcar muito o samba – para realizar todos os passos, quase um setor foi necessário. Os integrantes não tiveram erros nas cabines de jurados e ainda executaram um delírio: Lampião se casando em plena avenida com Maria Bonita sob as bênçãos de Padre Cícero e com Luis Gonzaga na sanfona.

ManchaVerde et Comissao 1

Também vale destacar algo raríssimo em comissões de frente: em dado momento da coreografia, sempre próximo do refrão principal, todos os integrantes se reúnem e ficam parados, como se estivessem posando para uma foto. O momento estático, entretanto, não prejudica a Evolução da escola, já que dura apenas alguns segundos e, para tal ação, ambos se deslocam para frente.

Chamou atenção um espaço considerável entre a comissão de frente e a primeira ala da escola – coreografada. Ficou a dúvida se ele é intencional ou se tal espaçamento foi ensaiado pensando em um tripé.

Samba-Enredo

Com um samba elogiado, a Mancha Verde começou o desfile com a energia de uma bicampeã que venceu duas das três últimas edições do carnaval paulistano – e foi vice na que não conquistou o título. Se não teve problema algum na ala musical (com grandes noites do carro de som; de Freddy Viana, intérprete da escola; e da Puro Balanço), a canção foi perdendo rendimento entre os componentes conforme a apresentação acontecia. O andamento, entretanto, seguiu firme e linear.

Na visão de Guma Sena, mestre de bateria da Mancha Verde, o ensaio teve como principal característica a linearidade: “Do meu ponto de vista, em frente da bateria, o andamento da escola, veio muito tranquilo e cadenciado. A escola com volume, não percebi nenhuma ocorrência em questão de Evolução. Temos uma noção que às vezes acelera um pouco o passo, aperta um pouco mais, às vezes diminui, mas hoje veio muito tranquilo. Viemos marcando mesmo o time da escola, sem acelerar, sem diminuir passos. A bateria também, pelo que a gente ouviu, passou direitinho. Agora, com o material, vamos dar uma ouvida. Sempre tem algo. Vamos corrigir para, no grande dia, cumprir com excelência no desfile”, afirmou.

Guma também destacou os ajustes feitos em tão pouco tempo entre o primeiro ensaio técnico, no último domingo, e o da sexta-feira: “Menos de uma semana, analisamos todos os materiais (principalmente a bateria) e sempre tem ajuste. Ajustamos algumas coisas. Hoje, antes de descer à pista, nosso time se reuniu com os diretores e ajustamos o que precisava. O que no primeiro achamos que não estava bom. E acredito que tenha funcionado. Vamos ver agora”, destacou.

ManchaVerde et MestreBateria

O carro de som, por sinal, foi destacado até pelo casal de mestre-sala e porta-bandeira. Os novos instrumentos foram notados por eles: “Acho que cada coisa que vamos entendendo e conhecemos do desfile, porque a gente não sabe de tudo, às vezes também é surpresa, mas vai nos deixando empolgados. Acho que o componente também, fazendo com que ele se empolgue mais a cada ensaio, a cada momento da escola para chegar no desfile no ápice”, pontuou Adriana.

Marcelo aproveitou para remeter à temática do desfile: “Acho que esse enredo dá para a gente criar muita coisa. A escola, o casal, a bateria, os componentes em si. Esses instrumentos vieram complementar, inclusive algumas partes da dança do casal, que vai nos ajudar. Temos algumas cenas na dança da nossa coreografia que remete ao xaxado. Isso nos ajudou em muito. Não sabíamos, mas ajudou e acabou influenciando naquilo que a gente criou dentro do enredo também”, arrematou.

Harmonia

O canto da escola foi sofrendo alterações conforme a apresentação acontecia. Com público razoável no Anhembi, a escola começou empolgada e com sustentação vocal, empolgando quem estava nas arquibancadas. Até mesmo as duas primeiras alas da escola, coreografadas, cantavam bem o samba. Conforme o ensaio técnico rolava, entretanto, o canto tornou-se irregular: alguns grupos cantavam mais forte, outros tinham menos força.

Sobretudo, a partir do segundo carro alegórico, mesmo quase sem alas coreografadas, o componente não correspondeu como no primeiro ensaio. Aqui, é importante relembrar que apenas cinco dias separaram o primeiro do segundo ensaio técnico da agremiação – o que tende a deixar todos menos empolgados por natureza.

ManchaVerde et Coreografada

Já ciente de que tal situação poderia acontecer, Guma fez questão de exaltar o papel dos ritmistas em ajudar a escola. “São várias situações positivas dentro da pista, mas a principal é a sustentação e a cadência para o componente cantar, evoluir, não oscilar. Sabemos que é difícil manter o ‘time’ da bateria para dar essa sustentação. Conseguimos manter, desde a largada até o final. Deve ter alguma alteraçãozinha que normalmente ocorreu, é muito orgânica. O ponto alto é a sustentação do ritmo junto com o carro de som para nosso povo evoluir”, pontuou.

É claro que Freddy Vianna, intérprete da escola, também comentou sobre os instrumentos inseridos: “Cada ano é um ano. Esse ano, como é um enredo regional, o Guma decidiu colocar instrumentos novos, regionais. Acho que dará muito certo. Ainda não fizemos, mas na largada do samba mesmo nós vamos fazer uma surpresa bem legal, bem regional, que vocês vão gostar. Dependendo do enredo, agrega muito. Nós temos um enredo super rico, nordestino, arretado, por que não, né? Ele está certíssimo”, respondeu.

Evolução

Paulo Rogério de Aquino, o Paulo Serdan, presidente da Mancha Verde, foi bastante sincero ao comentar o que viu da agremiação: “Hoje eu não gostei, sinceramente. Eu não achei legal. A pancada que a gente deu no domingo passado, hoje, não foi a mesma coisa. Algumas situações de alinhamento de ala, que não está combinando, eu não sei o que aconteceu. Tem algumas questõezinhas que vamos conversar para corrigir. Não é isso que estamos fazendo todos os anos, não é dessa forma que estamos desfilando. Hoje, mesmo descontraído, deu para enxergar que não é o que queremos para nós”, desabafou.

ManchaVerde et Componente

Além dos já citados alinhamentos, a reportagem também notou certa paralisação, de cerca de três ou quatro minutos, da escola enquanto a Puro Balanço entrava no recuo. Mesmo com a ala subsequente (das baianas, muito bem trajadas em tons de verde, por sinal) já ocupando todo o espaço, a instituição levou alguns instantes para voltar a evoluir. Serdan, entretanto, não viu dessa maneira – mas apontou algo que não foi observado: “Na verdade, eles abriram um pouquinho na hora de fazer o movimento, a curva foi um pouco a mais, só. Mas ali foi tranquilo”, destacou.

Novamente: é necessário lembrar que, de acordo com o próprio Serdan, em discurso na concentração, o segundo ensaio técnico também seria utilizado para uma certa descompressão dos componentes, por assim dizer. E, nas palavras do próprio presidente, a última apresentação será “Dia 04 vai ser de verdade, até a Viviane [Araújo, rainha da bateria] está indo para a quadra. Largada, tudo dentro do tempo… é lógico que não temos as alegorias, temos o espaçamento, mudamos até mesmo o andamento por causa disso, mas dia 04 vamos sair com a referência perfeita”, garantiu.

Outros destaques

– Serdan passou por alto sobre a largada. Pois bem: quando a sirene que anuncia o começo do desfile tocou, a escola ainda executava o hino da agremiação – o que não é permitido pelo regulamento. E, enquanto o samba-enredo de 2023 não começava a ser executado, a comissão de frente não saiu do lugar.

– Ao todo, a Puro Balanço fez dois apagões ao longo do ensaio técnico.

– Depois da saída da bateria do recuo, ainda vinham o último carro alegórico e uma ala.

– Na dispersão, a bateria foi para o lado direito – e não para o esquerdo, onde tradicionalmente os ritmistas costumam ficar. Por sinal, ao final do ensaio técnico, não houve execução do hino do Palmeiras – algo que aconteceu no primeiro ensaio.

– Se Serdan mostrou-se cético em relação ao ensaio técnico, Freddy gostou bastante: “Eu gostei de tudo. Eu gosto da minha comunidade, gosto do samba, gosto da bateria, desse clima de Anhembi. Esse clima é maravilhoso, dos ensaios. Eu estou muito feliz. Acho que a Mancha Verde vem muito forte para brigar, e no último ensaio podem esperar grandes surpresas que viremos comendo o chão por aí”, finalizou.

ManchaVerde et InterpreteFredViana

– Ao ser perguntado sobre o ensaio como um todo, o intérprete citou o conhecido delay ocasionado pelo sistema de som do Anhembi: “O time de canto é um time muito doutrinado. Tenho muito orgulho deles. São cantores de alto nível, graças a Deus. O presidente Paulo Serdan me dá essa liberdade de escolher quem eu quero para colocar no carro de som. A gente tem ensaiado desde setembro. Estamos acostumados a fazer aberturas, contracantos, e isso está dando muito certo esse ano, ainda mais com um samba tão regional como esse. Tenho que agradecer a Deus e a eles, que se empenham bastante. Acho que foi muito positivo. Acho que o som deixou um pouquinho a desejar, porque nós estamos servindo de cobaias. É o primeiro dia que estão ligando o som, então houve um atraso do som do carro de som para a bateria, com as caixas de som da Avenida, mas não é culpa deles. Eles estão fazendo o máximo para fazer o melhor para a gente. Só que atrasou um pouquinho, realmente tinha um ‘delayzinho’ aí, mas acho que de forma geral foi muito positivo, graças a Deus”, finalizou o cantor.

Colaboraram Fábio Martins, Gustavo Lima e Lucas Sampaio

Comissão de frente, ala musical e casal se destacam no ensaio técnico da Tucuruvi

O Acadêmicos do Tucuruvi realizou o seu primeiro ensaio técnico, na noite de sexta-feira, visando o carnaval de 2023. A comissão de frente com o seu repertório de danças e grande elemento alegórico foi o que mais chamou atenção no ensaio. Destaque também para o bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Luan Caliel e Waleska Gomes. O treino também marcou a estreia do intérprete Carlos Júnior no Anhembi com a comunidade do ‘Zaca’. Toda a ala musical e o carro de som tiveram grande desempenho, especialmente com o time de cordas, que realizou as notas de acordo com o enredo.

“Como todo ensaio, sempre tem coisas a se acertar, mas o que me fascina e que me motiva cada vez mais, é a alegria e espontaneidade das pessoas que largaram os seus afazeres, seus compromissos e vieram aqui cumprir o objetivo que a Tucuruvi tinha essa noite. Tecnicamente, nós vamos para casa ver alguns vídeos e até rever algumas coisas na pista também, mas eu saio daqui muito feliz. Sobre o canto, ao meu ver, é nessa parte que na minha visão eu acho que ainda temos que melhorar um pouquinho no ensaio geral e na pista. Ainda tem um delay, ainda é aquém do que a gente deseja, mas eu tenho certeza que no próximo vamos voltar aqui bem afinados e com o canto bem mais forte do que já é”, avaliou Rodrigo Delduque, vice-presidente e diretor de carnaval da agremiação.

Comissão de frente

A ala teve uma grande apresentação nesta noite. Uma encenação bem criativa com os integrantes interpretando sambistas dançando pela pista. Havia também um grande tripé, que aparentemente simbolizava a favela de Bezerra da Silva. Porém o momento-chave foi em cima do elemento alegórico, onde por lá eles saudavam o público e faziam uma coreografia carregando diversos tipos de instrumentos de roda de samba, como tamborim, reco-reco, pandeiro e outros. Todos estavam combinados com uma roupa inteiramente branca.

Tucuruvi et 16

Harmonia

A comunidade do ‘Zaca’ é famosa por desempenhar grandes performances no canto. Porém deu para notar que, desta vez, os componentes não pegaram o samba-enredo de forma empolgante. É uma novidade para a escola, pois está acostumada com versos fáceis e que coincidem entre si rapidamente. O hino para 2023 é complexo. É irreverente e tem uma grande letra, mas possui um estilo melódico que oscila bastante entre ser rápido e devagar. É mais “complicado” de pegar o jeito, tanto é que o refrão principal e os últimos versos são as partes fortes dentro do canto. Porém, dentro deste contexto, há de se destacar a ala ‘Entrelaçados no Samba’, que além de cantar bastante, o grupo se trata de uma ala coreografada.

“Por ser o primeiro foi um belíssimo ensaio. A comunidade veio firme, feliz e o importante é que veio gostoso e para fazer a alegria do povo. O nosso canto veio bom, mas no próximo vamos melhorar, assim como a evolução. Vamos vir em um grande dia”, disse a diretora de harmonia, Fabiana Lopes.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Luan Caliel e Waleska Gomes tiveram uma grande performance na noite. A dupla está se consolidando cada vez mais como uma dupla totalmente entrosada no carnaval paulistano. A porta-bandeira, principalmente, esbanjou simpatia. Desfilou muito leve e fez questão de interagir com o público durante toda a apresentação da escola. Sobre as questões técnicas, em análise frente ao setor B, o casal realizou os movimentos dentro do samba com sincronia. Também fizeram os giros horário e anti-horário de forma protocolar e, após, estenderam o pavilhão corretamente.

Tucuruvi et PrimeiroCasal

“Olha, eu vou falar. Para eu falar isso, é porque foi muito bom, porque eu sou muito rígida, o Luan sofre. Mas eu acho que todo o nosso empenho, que viemos ensaiando sete dias na semana, quem acompanha a gente sabe, valeu a pena, porque hoje o nosso ensaio foi incrível. Eu gostei muito, filho, muito mesmo. Você está de parabéns porque você arrasa, meu filho, de verdade. Eu estou muito feliz com o nosso desempenho hoje. É impressionante, eu também não estou acreditando que estou te falando isso”, disse a porta-bandeira

“Primeiramente agradecer a minha Porta-Bandeira, não tenho palavras para ela. Eu sou bem rígido também, bem criterioso também. Acho que só no comecinho temos que acertar alguns pontos de cabeça. Eu tenho esse lance de cabeça, eu e ela temos que ser tipo um espelho. Então é só no comecinho que tem uma coisinha aqui que depois daremos uma acertada. Em questão a jurados, foi praticamente perfeito. Acho que cumprimos o que o critério pede. Finalizações eu e ela sincronizadas, nenhuma sem sincronismo. E questão de andamento da escola, que nos influencia bastante, sentimos que estava perfeito para dançar. Então, avaliado esse ensaio praticamente perfeito, é só acertar mais um pouquinho as coisas, afinal a dança nunca é perfeita, sempre é uma questão de evolução. Acho que é isso, ajustar uns detalhezinhos de leve e preparar para o próximo ensaio técnico no dia quatro”, completou o mestre-sala.

Evolução

A comunidade da Cantareira evoluiu de forma satisfatória. O alinhamento das alas foi executado de maneira correta e, assim, permaneceram intactas. A escola adotou uma linha de não fazer coreografias dentro do samba. Aparentemente estão deixando os componentes mais soltos para desfilar. As alas coreografadas sempre tiveram papel importante na Tucuruvi, levando contextos e coreografias criativas. No entanto, apenas uma ala é identificada totalmente como tal, que fica localizada no último setor.

Samba-Enredo

É um samba muito interessante. Não conta a história de Bezerra da Silva em si. O fato é que utiliza da figura dele, da malandragem e dos feitos para se transformar em uma obra crítica. O samba foi cantado pelo intérprete Carlos Júnior, que pisou no Anhembi pela primeira vez vestindo as cores da Tucuruvi. Foi um ensaio grandioso, como sempre no estilo de colocar a comunidade para cima o tempo todo. Um grande reforço e uma voz referência paulistana agregando totalmente na escola.

Tucuruvi et InterpreteCarlosJr

O intérprete Carlos Júnior comentou sobre o ensaio. “Eu sou estreante, primeira vez no Tucuruvi. Foi melhor do que eu esperava, porque a quadra da escola é pequena, não comporta a escola inteira. Quando eu cheguei, fiquei meio ansioso com a possibilidade de ter uma escola pequena, não vir os componentes ou algo assim. Mas me surpreendeu muito. Tem algumas escolas que já estão prontas há anos, e nós estamos com uma diretoria de carnaval e vice-presidente novos. Acho que a gente vai ter que fazer um trabalho a curto prazo e não sei como foi par o público, mas, internamente, acho que a gente fez mais do que esperávamos. Não é agora que a gente vai conseguir ganhar das grandes escolas de São Paulo, mas, talvez, como treino é treino e jogo é jogo, talvez caia no nosso colo. Vamos fazer de tudo para isso acontecer”, declarou.

Carlos Júnior ainda falou do hino cantado. “Tem uma mensagem muito grande, até pelo momento que a gente vive no Brasil, polarização, que é ‘Um monte de dedos de seta/Canalhas que a pátria pariu’… esses canalhas não são de Direita ou Esquerda: em todo lugar existe um canalha querendo passar a perna no trabalhador, no operário, na pessoa de baixo. Se a gente tem uma população tão rica, por que tem gente na rua, passando fome e pedindo cesta básica? Porque está cheio de canalha no Planalto. Não acho que tem que ter destruição, mas acho que tem que ter reivindicação, revolução. O Brasil não pode passar fome. Não é de hoje, é de séculos atrás, nos acostumamos com uma cultura de canalhas. Tomara Deus que, um dia, quem sabe uma nova geração, consiga limpar essa imagem que a gente tem de que a gente tem que chegar num Congresso, ou na política, ou em toda e qualquer instituição. A mensagem que tem na Tucuruvi que eu mais gosto, que eu vou bater no dia do desfile, é essa. Canalhocratas não são democratas. Canalhocratas!”, completou.

Outros destaques

A ‘Bateria do Zaca’, comandada pelo mestre Serginho, tem uma característica estratégica. Na maioria das vezes, apenas marcam o samba com o andamento e, depois, realizam as bossas em momentos estratégicos. Foram três breques, com destaque para o que fica localizado no refrão do meio.

Tucuruvi et Rainha

“Melhorou comparado ao ensaio específico. O som ajuda muito. Tem uma galera que não consegue ensaiar direito, chega com o samba mais ou menos na ponta da língua, mas nós melhoramos, temos algumas coisas para acertar. Teve uma bossa que a gente correu um pouco ali e aqui. Vamos acertar e ver bastantes vídeos. Sobre as bossas, para nós não muda nada. É só ensaiar os caras direto. Temos uma bossa no refrão do meio, uma lá em cima do ‘pagodinho’ e outra que faz parte da introdução”, avaliou o mestre Serginho.

O intérprete Carlos Júnior tomou as rédeas e deu o discurso antes da entrada da escola na avenida e incentivou os componentes. No primeiro verso, após o refrão principal, o cavaco fez o som da música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso.

Colaboraram Fábio Martins, Lucas Sampaio e Will Ferreira

Águia de Ouro faz do céu seu carnaval com destaque para harmonia no ensaio técnico

A Águia de Ouro abriu a noite de ensaios técnicos na noite de sexta-feira em preparação para os desfiles do Grupo Especial do Carnaval 2023. O destaque maior do treino da Pompéia foi a harmonia afiada da comunidade, que compareceu em grande número. Ela será a sexta escola a se passar pela Avenida no dia 18 de fevereiro com o enredo “Um Pedaço do Céu”.

Comissão de Frente

A comissão de frente da Águia de Ouro é dividida em atos que se passam ao todo por quatro passagens do samba. O tempo grande da apresentação é contestável, levando em conta o fato de trazerem um elemento alegórico bem alto, impedindo a visão por todos os ângulos, muitas pessoas presentes nas arquibancadas do Sambódromo terão dificuldade para acompanhar toda a evolução do quesito.

Dito isso, são até 15 pessoas contracenando, porém, o total de pessoas é maior. Parte do elenco fica escondida por dentro do corpo da alegoria, que hoje veio sem acabamentos, mas no desfile oficial os esconderá. É um recurso utilizado para que o limite de atores previsto pelo regulamento não seja ultrapassado, fazendo eles alternarem suas aparições na Avenida.

AguiaDeOuro et Comissao

A coreografia é leve, rica em expressões e com muitos elementos em referência a brincadeiras de criança. Sem as fantasias, vários momentos não são interpretáveis com clareza, o que é positivo na ideia de esconder a surpresa para o desfile. Os atores estão muito entrosados, tornando a dramatização ainda mais leve.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O quesito defendido por João Camargo e Lyssandra Grooters, mais uma vez, precisou encarar os ventos incômodos vindos das margens do Rio Tietê. O casal teve uma apresentação crescente no ensaio, conforme evoluíra pela Avenida. Na reta final, a dupla ganhou confiança, melhorando muito o ritmo no quarto setor. Quanto a sincronia, mais um casal de excelente desempenho, que demonstra alegria com a função que exercem e transmitem nas expressões corporais.

“Eu não peguei muito vento, na verdade. Eu peguei um pouco mais de vento no recuo da bateria, onde é mais aberto. Lá foi a minha maior dificuldade. No resto, graças a Deus, eu consegui driblar. Deu tudo certo!”, disse Lyssandra.

AguiaDeOuro et PrimeiroCasal

“Foi tranquilo! O ensaio é para isso. Às vezes, as dificuldades fazem com que a gente se supere nos próximos ensaios. A escola está engajada em fazer um grande campeonato, já estamos há oito meses trabalhando. Hoje, foi um ensaio muito bom. E, com certeza, no dia 04 será muito melhor. Não senti muita dificuldade com o vento. O Águia de Ouro, com certeza, veio para a briga com as outras escolas”, afirmou João.

Lyssandra está de volta à Águia de Ouro para formar dupla com João Camargo. De acordo com a porta-bandeira, o trabalho está evoluindo gradualmente. “Estamos em um processo muito bom de trabalho e estamos em busca da perfeição. Ainda não chegamos lá, mas nosso objetivo é esse. Estamos trabalhando para ajudar o Águia de Ouro a ser campeão”, garantiu.

“É o retorno da Lyssandra, e é exatamente o que ela disse: ninguém é perfeito, mas, dentro dos pontos de balizamento que temos que cumprir, cumprimos todos. É óbvio que nós, como casal, nos cobramos muito mais para que, no dia do desfile, a gente beire a perfeição, ao ponto de os jurados darem as notas dez que merecemos de acordo com o nosso trabalho”, finalizou João.

Harmonia

A bateria da Águia de Ouro realizou vários apagões ao longo do ensaio em momentos específicos do samba, como no verso “Águia guerreira seu samba é imortal”. Logo no primeiro, uma leve atravessada no canto foi percebida nas alas presentes na pista, mas ao que parece a direção de harmonia da Pompéia sabe como lidar com problemas, e o erro não mais se repetiu por todo o ensaio.

A escola foi a primeira da temporada a ensaiar com o sistema de som do Sambódromo instalado pelos setores, o que dificultou a análise plena do quesito. Das posições onde o canto foi verificado, a comunidade da Azul e Branca realizou bela apresentação, com os componentes cantando forte e de forma vigorosa. Destaque para a quinta ala da agremiação, que exalava simpatia e felicidade de representar o pavilhão da Águia de Ouro.

O presidente Sidnei Carriuolo fez um balanço geral do que viu do desempenho da escola após o fim do ensaio. “Às vezes a gente fica muito em um lugar só. Não corremos a escola inteira, então você acaba setorizando o que está vendo. Na cabeça da escola, eu gostei. Ela sempre é mais problemática, mas gostei. Conforme as alas vieram passando, acho que concluiu com aquilo que ensaiamos, o que queríamos mesmo, com a escola toda cantando. Cantando, que é o que a gente gosta mesmo de fazer, não é cantando baixinho, no “me engana que eu gosto”. Acho que foi muito legal, e a gente espera no dia quatro fazer um ensaio melhor ainda do que o de hoje. Faremos realmente um ensaio final, mesmo, de estourar a boca do balão”, avaliou.

Na opinião de Sidnei, é preciso ter cautela na hora de externar opiniões sobre pontos a serem melhorados, pois algumas pessoas podem distorcer a realidade e fazer julgamentos inadequados. “Sempre tem algumas coisinhas a ajustar, mas acho que não convém tornar público. Hoje temos que tomar muito cuidado com as pessoas, tem muita gente maldosa. Tiveram algumas coisas, mas nada muito gritante, porque se fosse, todos teriam visto. Mas sabemos que estamos nos preparando na quadra, sabemos o que estamos ensaiando. Sabemos que tem muito ainda para melhorar, muito para cobrar de alguns setores, e acho que no dia quatro chegaremos bem mais afinados”, explicou.

Por se tratar de um enredo com um teor lúdico, a presença de crianças no desfile já seria esperada. O presidente garante que elas estarão presentes em determinados pontos, de modo que possam se divertir com o carnaval da Águia de Ouro.

AguiaDeOuro et InterpretesPresidente

“Nós teremos em dois setores da escola, nos carros. Optamos por colocar elas em cima dos carros porque às vezes é judiar muito delas atravessar a Avenida no chão. Mas temos uma leitura muito lúdica mesmo do carnaval, desse nosso enredo, o que acaba se tornando uma coisa muito leve, muito gostosa. Você terá o prazer de ver a plástica do carnaval, que irá completar tudo isso que estamos cantando”, afirmou.

Sidnei Carriuolo é um presidente muito ativo dentro de sua comunidade, tendo papel fundamental em diferentes setores da própria equipe de desfile da escola, como a direção de Carnaval. Ao opinar do que mais gostou no ensaio da Águia de Ouro, Sidnei fez questão de exaltar os componentes da escola.

“Meu povo. Meu povo é maravilhoso. É o maior patrimônio do Águia de Ouro. Não é quadra, nem nada. É o nosso povo, nosso componente, pessoas apaixonadas pela escola. Ver o povo feliz, o povo cantando, para mim não tem coisa melhor”, concluiu.

Evolução

No início houve certa preocupação. A Pompéia veio enorme, com muita gente. Contingente de desfile, com certeza. Mesmo assim, a escola brincou com o tempo, finalizando o ensaio com tranquilos 58 minutos.

AguiaDeOuro et Rainha

Com exceção de um espaço um pouco exagerado para apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira no primeiro setor, toda a escola fluiu de maneira constante, com liberdade para os componentes brincarem e fazerem seu papel. O alto nível do quesito será forte aliado no dia do desfile oficial.

Samba-Enredo

Dentro da safra de 2023, que no geral é uma das melhores dos últimos tempos, o samba da Águia de Ouro é um dos que se destacam. Animado, voltado ao lúdico, permite apagões pontuais de forma fácil e consegue agradar muito nas vozes de Douglinhas, Serginho do Porto e Chitão Martins. A obra funcionou na avenida e contribuiu para o sucesso do ensaio da escola, provando que a Pompéia continua acertando ao apostar em uma trinca de peso para liderar o carro de som. Ao conversar com a equipe do site CARNAVALESCO, cada um deles fez um balanço sobre este primeiro ensaio da Águia de Ouro.

Chitão: “Estamos muito feliz, primeiro ensaio nosso no Anhembi, mas já estamos ensaiando na quadra. O entrosamento é maravilhoso, o clima está muito bom. É difícil trabalhar em trio, mas com a gente está tão fácil, um respeitando o espaço do outro, um admira o trabalho do outro. Só tenho a agradecer ao Douglinhas pelo convite, e só falar que vamos fazer um espetáculo maravilhoso no desfile, pode aguardar que semana que vem tem mais. Tendência é melhorar, conseguimos começar e terminar no mesmo clima, mesmo andamento, mesma alegria, isso é importante”.

AguiaDeOuro et Comunidade 2

Douglinhas: “É uma honra cantar com Serginho do Porto e Chitão, duas estrelas do carnaval do Brasil. Cumprimos aquilo que viemos aqui fazer, um ensaio leve, com alegria, com dinamismo do começo ao fim, não senti em momento nenhum a peteca cair, dar aquela assentada. Pelo contrário, chegamos no final do desfile com muita garra, vigor, valeu, temos mais um ensaio no dia 4, e tem os ensaios de quadro. Esses ajustes pequenos iremos fazer no decorrer, e está tudo certo”.

Serginho do Porto: “Já trabalhei em trio mais de seis anos no Salgueiro, e assim, quando trabalha em trio com três ideais iguais, com mesmo objetivo, tudo fica fácil. Por que fica fácil? Sabemos que cada um o que tem de fazer, o que o outro vai fazer. Por isso deu certo, e vai dar certo, por isso está do jeito que está. Saímos daqui com a sensação e um ensaio desfile, a escola toda cantando, evoluindo, a bateria dentro do que a gente queria. Aguardar sábado que vem, outro ensaio, para fazer a coisa acontecer. E no dia 18 para 19, o coro vai comer, o bicho vai pegar”.

Após encerrarem a apresentação, o trio teve uma breve conversa sobre elementos nos quais acertaram e podem melhorar para o segundo ensaio. Ao citarem os pontos chave deste primeiro treino no Anhembi, exaltaram as mudanças realizadas pela bateria.

AguiaDeOuro et Comunidade

“Os apagões, vemos a resposta da arquibancada, ver eles vindo com a gente dá um gás para nós. Ver todo mundo cantando o samba, um trecho da poesia que você está cantando, tentando demonstrar essa emoção, para nós é gratificante”, exaltou Chitão.

“Mudamos a batida de caixa, sentimos que o andamento do samba hoje em dia está um pouquinho mais para frente. A batida de caixa que fazíamos exigia muitas notas, e daí estava dificultando um pouco andamento da bateria. Em determinado ponto do desfile caia um pouco ritmo, mudou, tranquilo, vocês notaram, foi muito boa a bateria”, concluiu Douglinhas.

Outros destaques

A bateria “Batucada da Pompéia” realizou vários apagões ao longo da apresentação, o que somado a imponente presença da Rainha Vanessa Alves, contribuiu para temperar ainda mais o espetáculo. Mestre Juca, comandante maior dos ritmistas do Águia de Ouro, fez um balanço geral do quesito no ensaio.

“Bom, muito bom. O andamento que a gente se propôs a fazer, do começo ao fim, se manteve. A escola cantou muito! A gente saiu no tempo que tínhamos que sair, que vamos sair no dia do desfile, e com sobras. Foi muito bom”, avaliou.

A bateria irá para o desfile oficial com 240 ritmistas e um arranjo de 36 compassos, e uma bossa com 32 compassos. Juca garante que o repertório já está pronto, focando no objetivo de conquistar o carnaval.

AguiaDeOuro et MestreJuca

“A gente vai vir com o que a gente apresentou hoje. Já está firme e bem ensaiadinho, então a gente vem com o que mostramos. Se a gente inventar demais, por causa de um décimo, com o carnaval tão parelho, de repente a gente cai ou é campeão do carnaval. Vamos manter o arroz com feijão que está legal”, declarou.

O mestre exaltou o novo reforço do carro de som e o casamento que o trio de cantores fez com a “Batucada da Pompéia”. “Ajuda demais! São dois monstros! E, agora, junto, vem o Chitão, está muito legal e muito entrosados. Um negócio que é muito legal na nossa ala musical é que não tem vaidade, um ajuda o outro. O Chitão já tinha passado pelo Águia de Ouro, ele está retornado e já é da casa, a comunidade já abraçou. Douglinhas e Serginho nem preciso nem falar, são super identificados. Ajuda demais a gente. Se tem um setor que a gente não problema algum é a ala musical”.

A Águia de Ouro é uma escola que vem marcando sua história recente com grandes Carnavais, o que faz o rebaixamento de 2017 parecer um mero erro de percurso em uma trajetória brilhante. São desfiles fantásticos em sequência a pelo menos uma década, independente da colocação final na tabela. Após a primeira passagem da comunidade da Pompéia pelo Sambódromo do Anhembi em 2023, a sensação que fica é de que mais uma vez o público será agraciado com um grande Carnaval da Águia guerreira.

Colaboraram Fábio Martins, Gustavo Lima e Will Ferreira

Chegou, chegou! Nenê apresenta bom conjunto em seu segundo ensaio e destaque principal vai para Agnaldo Amaral

A Nenê de Vila Matilde foi a última escola a entrar no Sambódromo do Anhembi, na noite de sexta-feira, para o seu segundo ensaio técnico. A agremiação azul e branco mostrou uma leveza, destaque para a ala musical comandada por Agnaldo Amaral, fluiu muito bem com o samba, conjunto da escola tem pontos positivos. A Nenê de Vila Matilde que será a primeira escola a desfilar no dia 19 de fevereiro com o enredo “Faraó-Bahia”.

Comissão de Frente

A comissão de frente vestida com camisas coloridas, fitas do Bonfim como se fosse uma saia, era muito interessante o jogo, e outro detalhe visual, o rosto com detalhes pintados de branco. Um dançarino era o principal e conduzia todos os outros durante os atos. Por uma hora faziam um círculo e ele girava, com uma dança que se assemelhava ao Olodum. Outro ato era quando centralizava ao principal componente, em linha reta ao centro da pista e as duas primeiras ajoelharam, faziam uma escada com as mãos, cada uma levantando em puro entrosamento no seu tempo, ‘efeito dominó’.

NeneVilaMatilde et 6

A dança era bem intensa nos passos dos componentes, principalmente do principal, que ia perto do público, dançando rápido, com movimentos africanos, condizente com o que está por vir em seu enredo. Um detalhe, os primeiros passos na avenida foram tranquilos, quando explodiu ‘Brilhou azul do céu’, a escola começou a coreografia na pista. Dava para ver a comissão, quase que total, cantando o samba, não alto, mas marcando o samba com a voz, era perceptível pela leitura labial.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Cley Ferreira e Thayla apresentou muito durante o Setor B e durante o recuo da bateria. Com muito destaque no giro do Mestre sala e conectando o toque da mão com a porta bandeira, entrosamento impecável que resume muito do que apresentaram na avenida. Troca de olhares, uma dança muito envolvente e sincronizada nos passos, mãos, o mestre-sala Cley tem um olhar penetrante e uma movimentação ágil que se conecta com a porta-bandeira Thayla. Passaram muito bem pelos primeiros setores do Anhembi, o pavilhão apresentado por alguns momentos durante o Setor B, nem o vento que batia por vezes, incomodou o trabalho.

NeneVilaMatilde et Casal

Harmonia

O samba fluindo levemente, carro de som e bateria sustentando, a harmonia funcionou bem, e não podia ser diferente. A comunidade interagiu com o samba, brincou, desfilou mostrando leveza, totalmente adaptada ao tema que está proposto na avenida. Muitas alas com pinturas corporais brancas dentro do enredo, seja no rosto ou braço, foi algo bem notável. Acessórios também foram usados, muitas alas com bastões, em geral que compunham a apresentação dos componentes, das alas. Senti um pouco da falta de canto da Ala Realce no começo da escola perto do recuo da bateria, diretoria até pedia mais o canto, mas não era uma ala tão grande. No mais, a escola veio tranquila, seguindo bem o samba e com pontos a elogiar dentro da harmonia.

Evolução

Quando abriu o portão, o presidente discursava, o samba subiu com quase cinco minutos pelo nosso cronômetro, e a escola entrou com cerca de cinco minutos e quinze segundos. Mas nada que atrapalhe dentro do ensaio, faz parte do processo. A escola evoluiu bem, compacta, mas sem ficar presa no alinhamento, tanto que percebemos componentes de harmonia e direção leves, parece que a escola ligou o piloto automático ao entrar na pista, desfilando sem erros. Terminou sua apresentação com 56 minutos e 37 segundos, pela nossa contagem. Uniu a técnica necessária para a evolução, e também a leveza dos componentes soltos, dançando, brincando dentro do ensaio, importante, por isso com um bom desempenho de modo geral.

NeneVilaMatilde et PrincesaPalmares

Samba-Enredo

O destaque da crônica ficou para o time de som, então o samba realmente fluiu com maestria nas vozes de Agnaldo Amaral e a ala musical. Que veio acompanhada da ala dos compositores, bem grande na agremiação da Zona Leste. Enfim, na pista, a apresentação fluiu dentro do time de canto, e também no entrosamento com a bateria. A voz do Agnaldo Amaral no samba, funcionou com êxito, bem afinados e entrosados na passagem. Deu até um gostinho de quero mais nesta apresentação, devido a leveza que foi tirada na apresentação. Com destaque para o refrão “Chegou, chegou, na ‘batida do tambor’. É samba de verdade “no pelô”. Faraó-Bahia, água de cheiro e dendê. Tem que respeitar, lá vem Nenê”.

NeneVilaMatilde et Rainha

Outros destaques

A bateria de ‘Bamba’, comandada pelo jovem Matheus Machado, é um ponto a ser destacado. Cito um momento especial, as bossas perto do penúltimo setor, alavancaram a escola na reta final do ensaio, o que é um ponto positivo. De fato, o treino fluía bem, obrigado, mas as bossas deram um gás a mais no fim da apresentação e destacou o trabalho apresentado.

As passistas e malandros mostraram muito samba, destaques com uma roupa azul, mas cheia de detalhes. O visual em geral da escola estava cheio de símbolos remetendo ao Brasil com Egito, era muito interessante ver toda essa conexão que deve vir no dia. Três destaques logo após a primeira ala chamaram atenção com dança afro, samba no pé e visual bem marcante. Assim como uma destaque de chão à frente da ala Princesa dos Palmares, com uma pintura corporal com o Olodum nos seios, chamou muita atenção com a pintura e claro, com o samba.

NeneVilaMatilde et MestreMatheus

É preciso falar sobre a rainha Gabriela Ribeiro e sua conexão com a comunidade, samba muito, mas além disso, é simpática, apresenta a bateria, a escola, vai para o setor B, ou na sua torcida, faz gesto e mostra como se fosse ‘olha minha bateria’, é de se destacar toda sua presença. Os brincos com a marca associada ao Olodum despertaram atenção, aliás, o símbolo foi bem recorrente em diversos setores, inclusive no olho da Água da Nenê.

A velha guarda veio no último carro junto com crianças, e mostra mais um fator curioso que deve vir no dia do desfile. Por fim, uma bandeira de mastro do Seu Nenê foi tremula no fim do ensaio da Nenê de Vila Matilde, hoje, o fundador da escola com certeza tem pontos a comemorar, onde quer que esteja.

Atriz Clara Santhana vai interpretar Clara Nunes no desfile da Portela

O desfile do centenário da Portela está mais que especial! E temos o prazer de anunciar que a atriz Clara Santhana, portelense de coração, viverá Clara Nunes na Sapucaí, em 2023.

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Foto: Divulgação/Portela

Não será uma estreia porque a artista já interpreta o papel da Sabiá há dez anos nos palcos, com o espetáculo “Deixa Clarear”. Apesar da longa trajetória, Clara está ansiosa para dar vida ao ícone portelense na Marquês de Sapucaí.

“Pra mim é uma bênção. Muito honroso esse convite. Uma grande responsabilidade! Estou muito grata pela confiança por terem me convidado para ser a Clara Nunes, uma figura muito importante pra Portela, madrinha da Velha Guarda. E, logo nesse desfile, que vem homenageando o centenário da nossa escola amada de coração!”, celebra a atriz que emenda.

“Vai ser um presente entrar de Clara Nunes na Avenida, eu que já venho interpretando ela há dez anos… Então são duas datas importantes pra mim: dez anos de ‘Deixa Clarear’ e cem anos da nossa Portela! Um presente sem igual! Estou muito feliz, com muito amor no coração! Vou representar a Clara com todo axé!”, promete a portelense que já desfila na escola há dez anos.

Justiça exige 24 horas para entrega de documentação para evitar interdição do Sambódromo

A Justiça do Rio, através da juíza Mirela Erbisti, da 3ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro, determinou que seja apresentada em 24 horas a documentação do Corpo de Bombeiros para evitar que o Sambódromo da Marquês de Sapucaí seja interditado. Ao site G1, o coronel Leandro Monteiro, comandante-geral dos bombeiros, lembrou que foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Riotur e os Bombeiros para regularização da documentação, mas que os documentos não foram entregues pelo órgão municipal.

A Liesa emitiu um pronunciamento sobre a questão: “A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) comunica que, até às 20h desta sexta-feira, não foi intimada de qualquer decisão judicial acerca do Sambódromo do Rio. Uma vez que isso aconteça, a entidade se manifestará em juízo e, se necessário, se comunicará com o público a respeito”.

Estão programados para o fim de semana os ensaios técnicos da Série Ouro e do Grupo Especial. A Prefeitura do Rio ainda não se pronciou sobre a possível interdição. No sábado ensaiam: União de Jacarepaguá, Acadêmicos de Vigário Geral, Unidos de Padre Miguel e Unidos Porto da Pedra. No domingo a Mocidade e a Mangueira.

Em fevereiro de 2022, a Prefeitura do Rio entregou as obras de melhorias no Sambódromo. Além da troca do asfalto da pista dos desfiles, foi feita toda readequação pedida pelo Corpo de Bombeiros, além de impermeabilização de setores das arquibancadas. Após dez anos, a pista dos desfiles das escolas de samba foi totalmente recapeada. Foram aplicadas mais de 1.850 toneladas de massa asfáltica. Além disso, o número de caixas de ralo mais do que dobrou: dos 33 existentes, passou para 70.

“O Sambódromo, pela primeira vez, terá o certificado dos Bombeiros. Só de imaginar que passou tantos anos sem isso é um absurdo. A Sapucaí passou por uma reforma importante, com a recuperação da estrutura. Toda recuperação e fresagem da pista. Estamos trocando a iluminação, terá uma iluminação cênica. O Sambódromo está pronto. A partir de março começam os ensaios técnicos”, afirmou o prefeito na época.

Blocos vão tomar conta do Rio no fim de semana; veja a programação completa

As semanas anteriores ao carnaval no Rio são pura animação. Antes mesmo da folia oficial, não faltam opções de blocos e ensaios de escolas de samba por toda a cidade. Até domingo, o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio apresenta a exposição “O Carnaval que Ninguém Vê: O Encanto da Arte Fotográfica na Marquês de Sapucaí”, idealizada pelo fotógrafo italiano Riccardo Giovanni. O material da mostra reúne 50 painéis fotográficos de grande porte, nos quais o artista retrata personagens usando técnicas monocromáticas com as cores das escolas de samba. Durante o evento será apresentado também o Carnaval Summit, série de painéis de discussão abordando temáticas de mobilização cultural, social e econômica do carnaval do Rio. Outras informações em https://mam.rio/.

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Foto: Divulgação/Riotur

No circuito pré-carnavalesco estão previstos desfiles de sete blocos neste fim de semana. Animarão a cidade no sábado os grupos 20 de Ouro do Mestre Odilon, em Zumbi, na Zona Norte; Chame Gente, em São Conrado, Zona Sul; Soul da Gema, na Barra da Tijuca, Zona Oeste e Seu Kuka É do Grajaú. No domingo desfilam o Bloco Carnavalesco Xodó da Piedade, Piedade, Zona Norte; Bloco Me Chama, na Barra; e o Só Caminha, no Humaitá, Zona Sul.

A CET-Rio montou uma operação especial de trânsito para viabilizar, neste sábado (28/01) e no domingo (29/01), o desfile de blocos autorizados pela Prefeitura.

Sábado (28/01):

– Chame Gente, das 9h às 15h – Av. Prefeito Mendes de Moraes, na altura da Rua Herbert Moses – São Conrado;

– Soul da Gema, das 14h às 20h – Av. Lúcio Costa, 3.360 – Barra;

– Seu Kuka é eu do Grajaú, das 16h às 22h – Praça Professor Francisco Daurea – Grajaú;

– 20 de ouro do Mestre Odilon, das 15h às 21h – Estrada do Rio Jequiá, 729 – Zumbi.

Domingo (29/01):

– Bloco me chama, das 9h às 14h – Av. Lúcio Costa, 3.360 – Barra;

– Só Caminha, das 12h às 18h – Largo dos Leões – Humaitá;

– Bloco carnavalesco Xodó da Piedade, das 14h às 20h – Rua Silvana, 226 – Piedade.

A seguir, a apresentação da operação de trânsito dos blocos com maior possibilidade de interferência no trânsito da cidade. As interdições serão efetuadas inicialmente na área de concentração dos blocos e serão gradativamente ampliadas conforme o deslocamento dos foliões. A liberação se dará após a dispersão do público, condicionada ao término da limpeza das vias pela Comlurb.

A operação de trânsito deste fim de semana contará com 80 pessoas, entre agentes da CET-Rio, Guardas Municipais e apoiadores de tráfego, 14 veículos operacionais e 25 motocicletas. As equipes trabalharão para ordenar os cruzamentos, orientar os pedestres, coibir o estacionamento irregular e executar bloqueios necessários para manter a fluidez da rede viária e a segurança de pedestres, foliões e motoristas.

Além disso, reboques da CET-Rio estarão posicionados para imediata desobstrução das vias, em caso de acidentes ou veículos enguiçados nas rotas de desvio.

O Centro de Operações Rio (COR) estará monitorando todos os eventos com câmeras para que técnicos da CET-Rio implantem ajustes na programação dos sinais, se necessário. Planos semafóricos especiais serão usados para garantir a fluidez nas rotas alternativas em função do bloqueio de vias.

Serão utilizados 9 painéis de mensagens variáveis, que informarão sobre as condições de trânsito e desvios necessários.

SÁBADO (28/01)

CHAME GENTE – SÃO CONRADO

A concentração será às 9h, na Avenida Prefeito Mendes de Moraes, na altura da Rua Herbert Moses. O desfile será das 10h às 15h e seguirá pela Avenida Prefeito Mendes de Moraes até a Rua Engenheiro Amandino de Carvalho. Para viabilizar o desfile, a Avenida Prefeito Mendes de Morais será interditada, em ambos os sentidos, no trecho entre a Rua Herbert Moses e a Rua Engenheiro Amandino de Carvalho.

Desvios: os veículos devem usar preferencialmente a Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell para fazer a ligação entre Barra e Zona Sul. Para acessar a Av. Niemeyer por São Conrado, os veículos devem utilizar a Av. Aquarela do Brasil.

Proibição de estacionamento: Avenida Prefeito Mendes de Moraes, no trecho compreendido entre a Rua Herbert Moses e a Avenida Niemeyer, ao longo do bordo das edificações, das 18h de sexta-feira (27/01) às 22h do sábado (28/01).

SOUL DA GEMA – BARRA DA TIJUCA

A concentração será às 14h na Avenida Lúcio Costa, pista junto à orla da praia, na projeção do número 3.360. O desfile será das 16h às 20h e seguirá pela Avenida Lúcio Costa, pista junto à orla até o Posto 3. Para viabilizar o desfile, a Avenida Lúcio Costa será interditada, sentido Praça do Ó, no trecho entre a Ponte Lúcio Costa e o Posto 3.

Desvios: os veículos devem utilizar preferencialmente a Av. das Américas para os seus deslocamentos. Veículos em direção a Praça do Ó serão desviados para a ponte Lúcio Costa.

20 DE OURO DO MESTRE ODILON – ZUMBI

A concentração será às 15h na Estrada Rio Jequiá 729. O desfile será das 17h às 21h e percorrerá a Rua Maldonado e Praça Iaiá. Para viabilizar o desfile, será necessário interditar:
-Estrada do Rio Jequiá, entre a Rua Formosa do Zumbi e Rua Maldonado;
-Rua Maldonado, entre a Estrada do Rio Jequiá e a Rua Paramopama;
-Rua Paramopama, entre a Rua Maldonado e a Rua Fernandes da Fonseca;
-Dispersão na Praça Iaiá Garcia.

Desvios: veículos procedentes da alça de retorno da Est. Rio Jequiá, com destino à Rua Formosa do Zumbi, seguirão pela Rua Gaspar de Souza, Praia do Zumbi e Rua Formosa do Zumbi. Veículos procedentes da Rua Gaspar de Souza, com destino à Rua Formosa do Zumbi, seguirão pela Rua Serrão, Rua Peixoto de Carvalho, Praia do Zumbi e Rua Formosa do Zumbi.

DOMINGO (29/01)

ME CHAMA – BARRA DA TIJUCA

A concentração será às 9h na Avenida Lúcio Costa, pista junto à orla da praia, na projeção do número 3.360. O desfile será das 11h às 14h e seguirá pela Avenida Lúcio Costa, pista junto à orla até o Posto 3. Para viabilizar o desfile, a Avenida Lúcio Costa será interditada, sentido Praça do Ó, no trecho entre a Ponte Lúcio Costa e o Posto 3.

Desvios: os veículos devem utilizar preferencialmente a Av. das Américas para os seus deslocamentos. Veículos em direção a Praça do Ó serão desviados para a ponte Lúcio Costa.

SÓ CAMINHA – HUMAITÁ

A concentração será às 12h no Largo dos Leões. O desfile será das 14h às 18h e percorrerá a Rua Marques, Rua Capistrano de Abreu, Rua Conde de Irajá e retorna para o Largo dos Leões. Para viabilizar o desfile, será necessário interditar:
-Rua Marques, entre Rua Humaitá e Rua Capistrano de Abreu;
-Rua Capistrano de Abreu;
-Rua Conde de Irajá;
-Largo dos Leões, pista interna, junto ao lado esquerdo.

Desvios: os veículos devem usar preferencialmente a Rua Real Grandeza e Rua Visconde de Silva para seguir em direção à Lagoa.

Proibição de estacionamento: das 18h de sábado (28/01) às 22h do domingo (29/01):
-Rua Marques, entre Rua Humaitá e Rua Capistrano de Abreu;
-Rua Capistrano de Abreu;
-Rua Conde de Irajá, entre a Rua Capistrano de Abreu e a Rua São Clemente.

RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES

-Utilizar os transportes públicos como ônibus e metrô;
-Respeitar os locais e horários de proibição de estacionamento;
-Sempre que possível, evitar circular de carros pelas regiões onde ocorrerão os desfiles.

Beija-Flor recebe Giovanna Lancellotti, Viviane Araújo e Natália Deodato em noite estrelada

Em mais um ensaio de quadra da temporada rumo ao Rio Carnaval 2023, a Beija-Flor recebeu na quinta-feira, 26, um grupo estrelado de beldades: Giovanna Lancellotti e Natália Deodato, destaques da escola, e Viviane Araújo, rainha de bateria do Salgueiro. O trio participou do treino e se esbaldou ao som da bateria “Soberana” e do samba-enredo do ano (“Brava Gente! O Grito dos Excluídos no Bicentenário da Independência”).

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Fotos: Eduardo Hollanda/Divulgação

Giovanna, que ocupará o posto de primeiro destaque da azul e branca à convite da sogra, Fabíola David, estava acompanhada do namorado, Gabriel David, diretor de Marketing do Rio Carnaval e ex-conselheiro da agremiação. Ela foi saudada pelos ritmistas comandados pelos mestres Plínio e Rodney e pela rainha Raíssa Lorena, cria da comunidade.

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Natália Deodato, que vai para o segundo ano consecutivo de Beija-Flor, também sambou ao lado da atriz. As duas são parte do espetáculo que a escola prepara para a Segunda-Feira de Carnaval, 20 de fevereiro, quando será a quinta a cruzar a Marquês de Sapucaí.

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Durante o evento, também se apresentaram o casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso e as alas de baianas, passistas, Velha Guarda e demais segmentos. Todos estão focados na conquista do 15º campeonato da Beija-Flor, que completou 74 anos no mês passado.

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Os ensaios da Beija-Flor acontecem todas as quintas, às 21h, com ingressos a R$ 20. Camarotes estão disponíveis por R$ 2 mil (para 15 pessoas, com R$ 500 de consumação). Os detalhes completos estão nos canais de comunicação oficiais da escola.

Grande Rio seleciona gêmeos para desfilar em carro alegórico

O Acadêmicos do Grande Rio está com vagas abertas para interessados em participar da seleção de uma dupla de gêmeos idênticos para desfilar em um dos seus carros alegóricos no Carnaval de 2023. A escola, que vai levar para a Avenida o enredo “Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar”, em homenagem a Zeca Pagodinho, apresentará, em seu desfile, um percurso pelos subúrbios cariocas e suas tradições.

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Nele, uma alegoria representará a infância do artista nos bairros de Irajá e Del Castilho, com suas brincadeiras e referências ao universo infantil e à religiosidade ligada a ele, como a devoção aos santos Cosme e Damião.

Os candidatos devem ser homens negros de 14 a 35 anos, com altura mínima de 1,70m e, de preferência, serem moradores do município de Duque de Caxias. Para participar, basta enviar uma foto da dupla para o e-mail [email protected] com nome, idade, altura e telefone de contato. A Grande Rio será a segunda escola a desfilar no domingo de Carnaval, dia 19 de fevereiro de 2023.

Após disputa por quadra, Rafael Falanga tranquiliza MUM: ‘É questão de tempo ganhar esse processo’

Os últimos dias do mês de janeiro de 2023 foram bastante agitados para a Mocidade Unida da Mooca. E isso não engloba apenas o desfile da agremiação da Zona Leste de São Paulo, que levará para a avenida o enredo “O Santo Negro da Liberdade”. O cerne da questão é uma ação do Ministério Público de São Paulo, que pede a reintegração de posse da área em que está instalada a quadra da escola de samba.

O local, que fica abaixo do Viaduto Bresser, foi solicitado pelo poder público no dia 23 de janeiro. Em comunicado via redes sociais, a escola informou a comunidade e o grande público, também conclamando para uma manifestação no local:

Horas depois, porém, um recurso pedido pela escola foi acatado. Ou seja: nada aconteceria com o local. Também via redes sociais, a MUM comemorou:

Mas… o que de fato aconteceu para que toda essa celeuma acontecesse há cerca de vinte dias do desfile da escola no carnaval 2023? O que a Mocidade Unida da Mooca tinha para falar? Para responder a todas essas perguntas, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com exclusividade com Rafael Falanga, presidente da agremiação, após o primeiro ensaio técnico da instituição no Anhembi, no dia 25 de janeiro.

Visão da Mooca 

Desde o começo de 1990 no mesmo importante local para o bairro da Mooca, já que o Viaduto Bresser liga o bairro da Zona Leste à região central de São Paulo, a área em que a escola está instalada é motivo de polêmicas há tempos, de acordo com Falanga. A agremiação, entretanto, na visão dele, está agindo sempre de acordo com a legislação vigente.

“A MUM tem direito adquirido sobre aquela área, que sempre foi considerada insalubre. Nós tivemos diversos subprefeitos que passaram pela Mooca, diversos problemas quanto à reintegração, mas chegamos em um acordo. O que aconteceu é que nós temos uma nova configuração na municipalidade e, aí, eu não sei porque cargas d’água foram levantar esse processo de 2015, que, para mim, já estava até finalizado e arquivado. A verdade é que em 2017 nós fomos reintegrados, até com o subprefeito pedindo para a gente retornar, oficiando o juiz do Ministério Público e com o documento pedindo esse retorno em anexo por risco de invasão de moradores em condição de rua dessa área. Em 2019 ou 2020 sai a lei das áreas sancionadas pela Câmara dos Vereadores, do então vereador Milton Leite. A gente entra com o pedido de área e ganha, com tudo oficiado no Diário Oficial. Foi nisso que o nosso advogado se apegou e defendeu. O juiz do tribunal acatou na hora, já que a juíza primeira instância não quis analisar o caso. Com o agravo no tribunal, a liminar foi concedida na hora. Há uma contradição nesse caso: a Prefeitura pede, depois reintegra, aí pede pra gente voltar, publica no Diário Oficial por quarenta anos a área em cima de uma lei e, depois, pede a área de volta. É questão de tempo a gente ganhar esse processo, tenho muita fé que, depois do carnaval, a gente vai comemorar ainda mais”, explica, pormenorizadamente.

Se serve de consolo após tanta polêmica, a Mocidade Unida da Mooca não deve sofrer mais por motivos jurídicos envolvendo a área da quadra da escola até o desfile de 2023. “A gente tem, como prazo jurídico, cerca de sessenta dias. Então é só depois do carnaval, mesmo. Quinze dias para a Prefeitura responder, quinze para a gente de se defender, quinze para o juiz analisar. A gente sabe que a Justiça, aqui, é… não vamos falar da Justiça, mas, quando falam de quinze a trinta, espero que se resolva rápido. Tenho certeza que a gente vai ganhar aquela área definitivamente”, comemorou Falanga.

Mobilização da comunidade 

Como a própria postagem no Instagram deixou claro, todos os ligados à Mocidade Unida da Mooca se uniram em prol da manutenção da área onde está localizada a quadra da escola de samba. A manifestação dos componentes e simpatizantes, de fato, aconteceu – e, claro, foi exaltada pelo presidente. “A comunidade da MUM é muito unida. Eu nem gosto de chamar o meu pessoal de componente ou desfilante, aqui a gente conhece as pessoas pelo nome. Isso é uma alavanca. Essa é a grande realidade. A gente transformou essa adversidade em uma alavanca. O povo está motivadíssimo, foi para a quadra em um manifesto, se abraçou, teve peito para encarar. Graças a Deus saiu a liminar na hora certa, a gente comemorou e vai fazer desse desafio uma alavanca para ir para o Grupo Especial”, destacou.

A força da comunidade mooquense é tanta que sequer passa pela cabeça do presidente da escola de samba ir para outro local caso algo aconteça envolvendo a ação de reintegração de posse da quadra. “O plano B é ir para a rua, porque a Mooca ela começa na rua, é oriunda da rua. A gente inicia as nossas atividades em 1987 na Rua dos Trilhos, somos remanejados em 1991 para o viaduto e damos continuidade aos nossos trabalhos lá. A gente entra naquele viaduto e não tinha um tijolo de parede, construímos tudo em uma luta de mais de trinta anos aquilo ali. Mas, se for preciso, vamos para o lado de fora, na porta da quadra, do jeito que a gente começou, com um palanque de madeira, uma caixa de som e a batucada de rua”, relembrou e orgulhou-se Falanga.

Carinho pela e orgulho da quadra 

O que faz de uma área ligada à escola de samba única? Tamanho suficiente? Conforto? Na Mocidade Unida da Mooca, o local de ensaios e sede de projetos culturais ligados à agremiação é simples, de acordo com o próprio presidente. E isso não é problema algum. Mais do que isso: essa é uma característica bastante bem quista por todos na instituição – a começar por Falanga: “”Ali é o nosso reduto: sendo simples, é do jeito que a gente gosta. É corpo a corpo, é viaduto mesmo. Não tenho intenção nenhuma de sair de lá. Muitas pessoas me perguntam para saber se a MUM não está crescendo a nível de ter uma quadra e eu falo que não. A gente gosta de fazer samba desse jeito, sem camarote, sem áreas VIP. A gente gosta do povo encostado no povo. Não tem gradil na bateria, o ritmista suando do lado da mulata, o povo passando. É disso que a gente gosta! Dali eu não saio. Se eu tiver que me amarrar naquele portão contra uma sentença ou contra quem for, eu vou me amarrar. De lá a gente não sai”, disse, voltando a falar sobre a importância do local para a comunidade.

Recados 

Na parte final da entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, o presidente fez questão de mandar alguns recados. A começar, é claro, ao poder público, que busca a reintegração de posse do local onde está instalada a quadra da Mocidade Unida da Mooca: “Eu falaria para eles olharem com um pouco mais de carinho. O samba de São Paulo precisa muito de um olhar mais sensível. A gente produz cultura, emprega, gera receita para a cidade. É um absurdo uma escola de samba ter que passar, a vinte dias do carnaval, pelo que a gente passou. Esse é o recado: sensibilidade ao poder público”, comentou.

Outras instituições também foram relembradas por Falanga ao comentar toda a celeuma. As outras escolas de samba, por exemplo, mereceram destaque: o presidente da MUM pediu união. “E eu não falo só para o poder público, não. Eu falo para as minhas co-irmãs em geral: temos que nos unir, se fechar. Tem que usar o que aconteceu com a MUM como exemplo para a gente se abraçar e conquistar, de uma vez por todas, o respeito que o samba de São Paulo merece e que a gente não tem. Isso precisa mudar! Um pouco mais de sensibilidade, um pouco mais de carinho. A gente produz cultura, ninguém aqui é marginal para sair de uma hora para outra, para ser tocado para fora com caminhão, com policiamento. A gente emprega as pessoas… um monte de artista, um monte de coisa bonita, a gente reinvidica direitos, faz enredos representativos, culturais, sociais, projetos. O samba de São Paulo precisa de um pouco mais de respeito e carinho”, pediu.

Por fim, ao pedir para enviar uma mensagem de apoio à própria comunidade mooquense, Falanga foi enfático, dando a entender que já passou tudo que queria a cada um deles. “Sem novidades. Coração doze por oito, pressão baixa. Vamos vir para cá dia 05, vamos descer o cacete de novo, e aí é Grupo Especial no desfile das campeãs com muita festa no Clube Atlético Juventus”, finalizou, já prevendo um possível acesso no desfile de 2023 em um tradicionalíssimo local do bairro.

Sorrisos após a luta 

Se o dia 23 de janeiro foi de uma surpresa negativa para a escola e o dia 24 foi de vitória por manter o local, o 25 de janeiro, importantíssimo para toda a cidade de São Paulo por conta do aniversário do município, também foi especial para a Mocidade Unida da Mooca. Além de comemorar a manutenção da área onde está instalada a quadra da agremiação, Falanga pediu a namorada, a jornalista Ana Thais Matos, em casamento antes do início do primeiro ensaio técnico da instituição presidida por ele. O “sim” foi muito comemorado na Concentração do Anhembi:

Pedindo carinho e sensibilidade e com muito amor, a Mocidade Unida da Mooca conquistou uma importante vitória na rica histórica da agremiação. E é com força e quadra que a MUM chega para o desfile de 2023.