O Departamento Cultural da Unidos de Vila inovou em mais um grande projeto. Após o sucesso do documentário “Kizomba – 30 anos de um grito negro na Sapucaí”, em homenagem ao desfile campeão de 1988, com o enredo “Kizomba – A festa da raça”, a equipe oficializou o lançamento do Vila Cultural Podcast.
A iniciativa reúne os nomes mais marcantes da trajetória da Azul e Branco para debates com foco total nos grandes carnavais da agremiação. Nos primeiros episódios, o compositor André Diniz, o carnavalesco Edson Pereira e o diretor de Carnaval Moisés Carvalho foram os convidados para o bate-papo.
“O Vila Cultural, como é conhecido o nosso departamento, é responsável por produzir, valorizar e preservar a memória da Unidos de Vila Isabel, bem como facilitar o acesso dos torcedores e demais interessados à essa memória, além de promover os aspectos culturais da escola”, explica Nathalia Sarro, diretora cultural da agremiação.
“É mais um projeto que nos enche de orgulho e seguiremos trabalhando muito para exaltar a nossa cultura e, principalmente, o nosso pavilhão”, comentou Tathiane Queiroz, integrante do departamento.
O conteúdo é exclusivo e disponibilizado no canal da equipe no YouTube e nas principais plataformas de streaming. Conheça os canais do Vila Cultural:
O Paraíso do Tuiuti realizou seu último ensaio de rua antes do desfile oficial e depois de longos meses de trabalho, de preparação para o grande dia na Passarela do Samba, a comunidade não demonstrou cansaço, cantou o elogiado samba da agremiação de São Cristóvão que valoriza a negritude, empurrada por uma grande atuação da SuperSom de mestre Marcão e do carro de som comandado pelos intérpretes oficiais Celsinho Mody e Grazzi Brasil. O carnavalesco Paulo Barros prestigiou o treino acompanhando a evolução à frente da escola, assim como o presidente Renato Thor. A comissão de frente da coreógrafa Cláudia Mota mostrou um pouco do que vai levar para a Avenida. O Tuiuti caprichou na preparação e o treino, que teve seu encerramento na porta da quadra da agremiação, durou cerca de duas horas.
“Foi um belíssimo ensaio, foi uma noite maravilhosa, quero agradecer a toda comunidade, a todas as alas coreografadas. Hoje eu tive representantes dos carros. A ansiedade está muita, a gente não vê a hora desse desfile. Não só o Tuiuti, mas todos estão muito ansiosos para o dia. Mas, o Tuiuti tem feito um trabalho muito grande, muito especial e vamos sim tentar alcançar aquele décimo que a gente perdeu lá em 2018. Vamos chegar com tudo na Avenida, com garra, com força, com chão, gritando muito Ogunhê que abra nossos caminhos”, diz André Gonçalves, diretor de carnaval do Tuiuti.
Harmonia e Samba
O samba já vem funcionando há algum tempo com a comunidade. Os componentes cantam bastante principalmente os dois refrãos. Em diversas vezes, quando mestre Marcão fazia uma bossa em que apenas os surdos sustentam o ritmo, o canto do refrão principal pelo povo acabava se sobressaindo, o que demonstrava o quão forte os desfilantes se comprometeram com a harmonia.
Outros trechos como “Nas veias do povo preto do meu Tuiuti”, ou “Para vencer a opressão, com a força da melanina”, que chamam à valorização da negritude, o samba era gritado pela comunidade de forma valente, sempre acompanhado de gestos de orgulho como o punho erguido ou a mão tocando a própria pele.
Importante destacar o experiente carro de som que além de contar com os intérpretes oficiais Celsinho Mody e Grazzi Brasil, que já contava com Ciganerey e Hudson no apoio, agora também tem Alessandro Tinganá, intérprete da Camisa Verde e Branco em São Paulo, e agora voltando a participar dos desfiles no Rio de Janeiro depois do convite da diretoria do Tuiuti.
“Eu estou ainda em êxtase, uma felicidade tremenda, já queria voltar para cá, então surgiu essa oportunidade do Tuiuti, a diretoria resolveu me dar essa oportunidade e eu estou voltando para fazer o meu melhor, matar a saudade de casa, e tirar onda e se divertir. “Estou em um momento muito complicado, onde eu tenho duas casas para levantar do zero, a casa da minha mãe, a casa dos meus filhos, mas Papai do Céu vai ajudar, meus orixás também vão ajudar. E aí para a gente manter a felicidade é cantando, extravasar. Cantando a gente consegue ficar mais feliz, aí volta para casa e resolve tudo”, afirmou Tiganá ao site CARNAVALESCO.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Raphael e Dandara estava vestido em um amarelo bastante vibrante, ele com um terno de gala e ela com um vestido que reluzia principalmente o dourado da parte de cima. Na dança, o experiente casal mais uma vez não se poupou, mesmo faltando poucos dias para o desfile, e mais uma vez o que se destacou na apresentação foi uma presença de alguns elementos de dança de religiões de matriz africana principalmente no momento do refrão do meio a partir do “Ê Dandara”, mas isso não tirou a leveza e a sincronia dos movimentos tradicionais, nas giradas e no contato sempre buscado pelo casal. A dupla era sempre aplaudida incessantemente pelo público nas calçadas depois de cada apresentação que levava em média dois minutos e meio.
“A expectativa é gigante! Todo sambista está muito emocionado, a gente quer mostrar a força da nossa cultura, a força do samba, a resistência que nós somos.
Então, estamos todos empenhados em cumprir essa missão com muita alegria, com muito sorriso, que é o que a gente sabe fazer de melhor. A principal mensagem da Tuiuti hoje é essa: vamos exaltar os nossos com muito sorriso e com muita alegria que a gente conquista”, comentou a porta-bandeira.
“Vai ser um espetáculo maravilhoso! É o que a Dandara falou, a gente está muito emocionado, a gente está nervoso por voltar, querendo voltar logo à Sapucaí, depois desse tempo todo, depois desses dois anos parados. Porque a gente é isso, a gente é o carnaval, a gente é o samba, a nossa vida gira em torno disso, o Rio de Janeiro gira em torno disso, está todo mundo ansioso, é uma ansiedade tamanha e se Deus quiser nós iremos
fazer um bom trabalho”, completou o mestre-sala.
Bateria
Mestre Marcão está muito à vontade no comando da SuperSom e a bateria tem a sua cara, com bom ritmo e realizando muitas bossas, convenções e até coreografia. Em uma das bossas no refrão principal do samba, na primeira vez os surdos sustentavam o ritmo para o apogeu do canto dos componentes se sobressair, voltando o restante dos instrumentos no bis. Essa bossa no refrão principal revezava neste mesmo momento da obra com uma pegada de batida mais ancestral. Já no trecho na primeira do samba que vai a partir do “Sou Alabé gungunando o tambor” até quase no final da estrofe “Inundou um oceano até a Pedra do Sal”, os ritmistas faziam bossas e convenções marcando e valorizando de acordo com a métrica do samba neste pedaço da música. A parte de coreografia muitas vezes ia seguindo o balanço das convenções e se intensificava na ala de chocalhos com passo mais marcado.
A frente da SuperSom de mestre Marcão, estava a princesa da bateria, Mayara Lima, que além de muito samba no pé, esbanjou muita simpatia e foi “tietada” pela comunidade antes e depois do ensaio com muitos pedidos de fotos. A bela estava vestida toda de dourado, valorizando o amarelo do Tuiuti.
“Hoje, como é o último ensaio, essa semana nós já entregaremos as fantasias dos componentes, dá uma sensação de dever cumprido. Ainda não acabamos de cumpri-lo, que temos que passar na avenida ainda, mas, 89,9% já está tudo resolvido”, afirmou mestre Marcão.
Evolução
A escola evoluiu bem. Mais uma vez chamou a atenção a presença de dança um pouco mais coreografada em diversas alas, mas que não fez a escola perder a espontaneidade, pois os movimentos estavam bastante de acordo com o enredo, trazendo para a evolução uma ginga bem africana, sendo realizado em alguns momentos chaves do samba e do ensaio, não tirando a alegria e a liberdade dos componentes para brincar durante o desfile. O principal foi perceber que os passos eram realizados de forma natural, apesar de bem sincronizados. O único ponto de atenção que a escola deve ter é no final da apresentação da comissão de frente para dar início à apresentação do casal. Neste último ensaio, houve um rápido momento em que se gerou um espaço logo no início da escola, entre os dois quesitos, mas a equipe de harmonia agiu de forma veloz e não chegou a ser um buraco. No início da apresentação, em outros momentos, em algumas alas se viu algum espaçamento um pouquinho maior no início, mas rapidamente corrigido ao longo do caminho sem gerar maiores problemas.
Outros destaques
Celsinho Mody, antes de iniciar a arrancada do samba-enredo do Tuiuti 2022, apresentou ao público a chegada de Alessandro Tingana. No esquenta, mais uma vez foi cantado o samba em honra ao padroeiro São Sebastião e a obra de 2018, desfile que inspira a escola a alçar voos mais altos e tentar superar sua melhor marca. O último ensaio da agremiação contou com a presença de um grande público. Antes do desfile, a equipe de harmonia teve que pedir para que as pessoas liberassem a pista para que o desfile pudesse se iniciar. A comissão de frente trouxe um elenco com mais de 15 componentes, que dançaram com uma pegada de dança ancestral, realizando a apresentação para quem estava na calçada. A comissão também chamou a atenção cantando com bastante vibração o hino do Tuiuti para 2022. Os passistas desfilaram bem elegantes, todos de branco, homens e mulheres, com camisa social e chapéu de sambista.
Com o enredo “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram” , o Tuiuti abre a segunda noite de desfiles do Grupo Especial no sábado, dia 23 de abril, feriado de São Jorge.
A União da Ilha realizou uma coletiva de imprensa no seu barracão na Cidade do Samba. Na coletiva estiveram presentes o carnavalesco Cahê Rodrigues e o diretor de carnaval Dudu Azevedo. Após longo período de portas fechadas, a escola convidou a imprensa para um bate-papo a respeito de como foi a preparação para o desfile de 2022, passando pela escolha do enredo, adaptação do barracão sem a presença do carnavalesco Severo Luzardo e expectativas para o carnaval de 2022. Também foram levantados temas como a evolução da escola nesta reta final para o desfile. Para Dudu Azevedo, mesmo que pudesse haver desconfiança a respeito de como a União da Ilha estaria para o carnaval, internamente a equipe estava confiante sobre o projeto.
“A escola vinha recebendo críticas, mas internamente nós não tínhamos dúvidas sobre o trabalho. Depois do que foi apresentado no ensaio técnico o que mudou é que mudaram a forma de ver a escola, mas nós nos planejamos e ensaiamos muito o samba. Até porque tivemos momentos de dúvida, teve momento do auge da covid que existiam alas com menos da metade de componentes e isso assustava a gente. De uma semana para outras mais de 150 pessoas vieram informar que estavam desistindo de desfilar, mas ainda acreditávamos no planejamento, só faltavam as pessoas para realizar o desfile, até que depois de um tempo elas foram surgindo. Já no ensaio de rua antes de irmos para a Sapucaí, nós percebemos que a escola estava cantando forte, evoluindo bem e com boas nuances”, disse Dudu Azevedo.
Dudu também afirmou que a escola não sofreu grandes impactos com o adiamento do carnaval, porque na verdade a Ilha já estava pronta para desfilar em fevereiro. Sendo assim, a diferença ocasionada foi o amadurecimento do chão da escola e discussões saudáveis com o carnavalesco Cahê Rodrigues que teve dificuldades em fazer novas ideias pararem de surgir ao longo dos dois meses de adiamento. O diretor de carnaval também comentou sobre como a escola encara o favoritismo do Império Serrano.
“É lógico que todo ano vão cotar o Império, assim como vão cotar a Estácio, mas quanto ao Império, se formos fazer uma comparação será que deixamos a desejar? Deixamos a desejar em equipe? Eu acredito que não. Deixamos a desejar em escola? Também não, nós somos grandes como o Império. Agora é avenida, tem que entrar para saber quem vai ganhar”.
Outro tema que merece destaque na coletiva foi a adaptação do cotidiano no barracão da Ilha após o falecimento do carnavalesco Severo Luzardo que fazia dupla com Cahê Rodrigues. “Todo processo criativo foi feito por nós dois. Hoje, com a ausência dele, toda a minha luta dentro do barracão é para a gente preservar a memória dele e suas ideias iniciais. É claro que aconteceram modificações, porque a partir do momento que se tem duas pessoas e uma delas não está mais, nós passamos a ter que tomar algumas decisões, mas nada que mudasse a ideia, roteiro e rumo do desfile. Não era muito uma questão de criar, era questão de enfeite e finalização de projeto”, disse Cahê.
A pouco mais de uma semana para o desfile, a Vigário Geral realizou mais um ensaio, desta vez, no setor 11 da Marquês de Sapucaí. Com trabalho específico de bateria, a escola ajustou os últimos detalhes antes de entrar no Sambódromo no dia 21. Mestre da Swing Puro, Luygui Silva comentou a importância do treino da última segunda-feira.
“Esse ano o planejamento foi um pouco diferente do que em 2020, quando nós não tivemos o ensaio técnico. Em 2022 a gente preferiu fazer esse trabalho no setor 11 depois do ensaio técnico. A gente veio ajustar os últimos detalhes antes do desfile. Fizemos um grande ensaio técnico, mas não foi 100%”, disse Luygui, antes de complementar:
“São duas bossas, e tem uma que eu gosto muito, que é a do refrão principal, onde eu paro a bateria e fica o timbal tocando, me arrepia. A expectativa não só minha, mas como de toda escola é muito grande. Estamos trabalhando quietos, na humildade, mas muito fortes. Vamos mostrar na prática. Temos certeza que faremos um grande desfile”, emendou.
Além da bateria, que terá 220 ritmistas, a Vigário Geral também levou outros segmentos para o ensaio no setor 11, como comissão de frente, casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira e alas coreografadas. Décima primeira colocada em 2020, a agremiação busca lugar mais alto na tabela neste ano com enredo ‘Pequena África: da Escravidão ao Pertencimento – Camadas de Memórias entre o Mar e o Morro’. O intérprete Tem Tem Jr falou sobre o tempo longe do Carnaval por conta da pandemia e projetou o desfile da escola.
“Parece que foram mais de dois anos, né? A espera foi muito grande, a ansiedade e expectativa só aumentaram. A escola já fez o ensaio técnico e a gente vem insistindo em aprimorar com mais ensaios. Além desse de hoje, teremos mais um no sábado, na comunidade, que será o último antes do nosso desfile. A gente passou por aqui no ensaio técnico com dificuldades por conta das chuvas lá na baixada, quatro alas não puderam vir. Mas pode esperar um grande desfile da Vigário, estamos preparados”, comentou Tem Tem Jr, antes de encerrar:
“O pensamento é positivo de todos os segmentos, tanto aqueles que contam pontos, como os que não. Somos uma família muito unida. Nosso barracão está lindo e nossas fantasias prontas. A Vigário neste momento não tem dificuldade nenhuma de apresentar seu Carnaval. Vocês podem esperar uma escola digna, forte e vamos passar rasgando a Avenida matando a saudade porque esse tempo todo longe sufocou a gente”, finalizou o intérprete.
Após anos realizando desfiles incondizentes com a sua história, a Portela voltou a frequentar as primeiras colocações do Grupo Especial desde 2014. Nos últimos sete desfiles, a agremiação voltou entre as campeãs seis vezes, e de maneira consecutiva, um recorde na história da águia altaneira.
A série ‘De olho nos quesitos’ vem buscando apontar aqueles que são os melhores e piores quesitos das 12 escolas do Grupo Especial nos últimos cinco anos. Como dez entre dez portelenses devem imaginar, comissão de frente tem sido o calcanhar de aquilhes da escola, que corresponde por 40% do total de 29 décimos perdidos a partir de 2016. Como mostraremos a seguir, enredo, evolução, harmonia e samba-enredo são os melhores desempenhos da escola.
Confira o desempenho da Portela quesito a quesito:
Alegorias e Adereços
Desde a reformulação pela qual passou a escola, há quase dez anos, o quesito passou a ser um dos mais fortes. Apenas em 2018 e 2019 a azul e branca não gabaritou o quesito, totalizando apenas dois décimos perdidos em cinco anos. Com direito a imagens históricas imaginadas por nomes como Paulo Barros, Rosa Magalhães e Renato Lage.
Bateria
Não fosse a acidentada apresentação de 2019, a histórica Tabajara do Samba não teria perdido um único décimo nos últimos carnavais. Em 2019 entretanto metre Nilo Sérgio sofreu uma penalização de dois décimos, o que tirou a invencibilidade dos ritmistas de Oswaldo Cruz e Madureira. Foi a única vez nos últimos cinco anos onde a Portela não tirou os 30 pontos em bateria.
Comissão de Frente
Problema crônico até nas melhores apresentações da Portela. A Majestade do Samba não consegue acertar no quesito. A média de perdas em comissão de frente é de 0,2 ponto por ano, totalizando 12 décimos de desconto, 40% da perda total em cinco anos, considerando todos os quesitos. Até mesmo no título de 2017 o quesito não obteve a nota máxima, sendo o único a deixar décimos. Nos últimos três anos a situação se agravou e foram 10 décimos de penalização. A Portela perdeu 24% dos décimos distribuídos em comissão de frente entre 2016 e 2020.
Enredo
Um dos quatro quesitos onde a Portela obteve a perda mínima possível. Apenas em 2016 a águia não deixou uma apuração com os 30 pontos possíveis, considerando sempre que o regulamento descarta a menor nota e desde 2020 a maior e a menor.
Evolução
Considerada uma das evoluções mais competentes dos últimos anos, a Portela comprova tais elogios com resultados. Evolução também só perdeu um décimo nos últimos cinco anos, no carnaval de 2019. Nas demais desfiles analisados pela reportagem do site CARNAVALESCO foram 30 pontos.
Fantasias
Diferente de alegorias, este é um quesito do aspecto plástico do desfile onde a Portela tem um desempenho mais irregular. A perda total de quatro décimos foi potencializada pelo pesado julgamento de 2020, que puniu os carnavalescos Márcia e Renato Lage em três décimos. Anteriormente Rosa Magalhães havia perdido um décimo em 2018 e nos demais desfiles a Portela alcançou os 30 pontos.
Harmonia
Um dos quatro quesitos onde a Portela beirou a excelência. O décimo perdido em harmonia no desfile de 2020 foi o primeiro dos últimos cinco carnavais da Portela. Atualmente a agremiação pode ser colocada entre as três de canto mais forte do Grupo Especial, o que talvez explique a perda mínima no principal quesito de pista de um desfile de escola de samba.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A atuação de Marlon Lamar e Lucinha Nobre em 2020 acaba contaminando a análise se não houver atenção. Excetuando-se o desfile citado, apenas em 2016 o casal portelense perdeu décimos, em virtude da polêmica pista molhada pela comissão de frente na ocasião. Mas os quatro décimos perdidos em 2020 vira 0,5 ponto se somado com a punição de 2016, tornando o quesito o de segundo pior desempenho da Portela, apesar dos 30 pontos em 2017, 2018 e 2019.
Samba-Enredo
Considerada precursora da retomada do quesito samba-enredo a partir de 2012, a Portela perdeu apenas um décimo no quesito nos últimos nove carnavais, justamente a obra apresentada no carnaval em 2018. É disparado o quesito mais forte da escola não apenas nos últimos cinco anos, mas na década.
Os 45 julgadores que trabalharão nos desfiles das Escolas do Grupo Especial, no Sambódromo, dias 22 (Sexta-feira) e 23 (Sábado) de abril, sortearam, na noite desta segunda-feira, os módulos onde atuarão. O sorteio aconteceu durante o jantar de apresentação dos julgadores aos presidentes das agremiações, realizado no restaurante Assador Rio’s, no Flamengo. Os julgadores serão distribuídos em cinco cabines espalhadas ao longo da pista de desfile da Sapucaí. Em cada cabine haverá nove julgadores, um de cada cada quesito. As duas primeiras cabines vão ficar no setor 3, uma ficará no setor 6 e mais duas no setor 10 da Sapucaí. O coordenador de Julgadores, Júlio César Guimarães, explicou que todas as notas dos 45 julgadores serão lidas. Mas, como determina o Regulamento, a menor e a maior de cada quesito, por escola, serão descartadas. Dessa vez, a imprensa não foi convidada para acompanhar o evento.
O presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, deu as boas-vindas aos integrantes do quadro de jurados, lembrando que sete farão a sua estreia nos desfiles do Grupo Especial. Destacou que estão bem preparados para a difícil missão: “Todos participaram do curso de fixação de critérios de julgamento, realizado nos três últimos dias de março, na Cidade do Samba” – informou.
Justificativas saem dia 28
Em seguida, o presidente anunciou que, pela primeira vez, a Liesa está se organizando para divulgar as justificativas das notas diferentes de 10 dois dias após a apuração, que acontecerá na terça-feira, dia 26, às 16 horas, na Praça da Apoteose. “As justificativas serão divulgadas, oficialmente, ao longo da quinta-feira, dia 28, no site oficial da Liesa, dois dias antes do Sábado das Campeãs”, afirmou.
Júlio César Guimarães comentou que, para evitar maior desgaste físico provocado pela longa jornada de trabalho, os julgadores ficarão hospedados num hotel próximo à Passarela do Samba. “Isso evitará que se desloquem até as suas residências entre os dois dias de espetáculo”.
Veja como ficaram compostos os cinco módulos de julgamento:
A Associação Cultural Leonel Brizola e o Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro promovem, em homenagem ao centenário do ex-governador Leonel de Moura Brizola, o “Festival Brizola 100 Anos”, que será uma disputa de samba-enredo sobre a data emblemática do político.
A final do concurso acontecerá, presencialmente, no próximo domingo,17, a partir das 16h, na Praça São Salvador, em Laranjeiras, Rio de Janeiro. A eliminatória será feita através de audição da comissão julgadora. A parceria campeã receberá o prêmio de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Saiba agora os sambas finalistas:
– Samba 7: Compositores: Jorge Goulart, Chicão e Leandro Thomaz
– Samba 12: Compositores: Roger Santana Corrêa, Mauro Miranda Dias, Carlos Alberto Marciano e Alberto Amâncio de Souza
– Samba 9: Compositores: Luiz Máximo e Manu da Cuíca
– Samba 13: Tânia Mara e Franco
Não será permitida agressão verbal à comissão organizadora, aos jurados, aos membros de outras parcerias ou qualquer tipo de atitude que ofenda o concurso. Os infratores serão sumariamente desclassificados. Caso seja constatada, e comprovada, a existência de plágio em alguma obra, a parceria será eliminada.
Serviço:
Evento: Festival “Brizola 100 anos”
Dia: 17 de abril de 2022
Local: Praça São Salvador, Laranjeiras, RJ.
Horário: 16h às 22h
Não há como negar que a Beija-Flor é uma escola de chão forte. Com uma comunidade aguerrida e muito presente, a azul e branco da Baixada realizou o seu último ensaio de rua antes do carnaval na noite do último sábado. Quem esteve na Estrada Mirandela viu uma escola que pretende entrar na avenida para mais uma vez fazer história e resgatar toda a própria mística dos desfiles marcados por uma harmonia impecável. Após realizar um ensaio técnico praticamente perfeito e bastante elogiado, o chamado rolo compressor nilopolitano mostrou mais uma vez a sua força. A noite deste sábado serviu como um presente da escola a sua comunidade, que lotou as ruas e presenciou um show de canto e evolução. A comissão de frente não participou, pois estava ensaiando na Cidade do Samba. Na presença de seus componentes e Neguinho da Beija-Flor no comando do carro de som, a apresentação durou 1h20, com direito a um show da bateria nos momentos finais. Destaque para a homenagem recebida por Selminha Sorriso e Claudinho, primeiro casal da escola. Das mãos de Rafael Nobre, presidente da Câmara, os dois ganharam uma placa em comemoração aos 30 anos de parceria e dedicação ao samba.
Durante o esquenta, o diretor de carnaval, Dudu Azevedo, fez um discurso forte onde destacava a força do enredo da escola para o próximo carnaval, voltando a levar para avenida a temática africana, a agremiação pretende reverenciar a si mesma para voltar a ser campeã do Grupo Especial. “A escola está pronta. Nós finalizamos a entrega de fantasia das alas. Eles cantam e evoluem como a gente solicita. A escola berra o samba. Mas agora tudo se resolve lá na avenida, nada se resolve antes”, disse.
Harmonia e Samba
A composição assinada por Jorge Velloso e parceiros tem sido muito elogiada nesse pré-carnaval, e, mais uma vez, se mostrou uma escolha certeira da escola. Foi um dos pontos altos do ensaio da Beija-Flor, mesmo longe do carro de som comandado por Neguinho da Beija-Flor, era possível ouvir a escola cantando a plenos pulmões, além dos componentes, as pessoas que acompanhavam o ensaio nas grades também cantavam com bastante empolgação. Além dos refrões, a parte final do samba foi um dos destaques: “Canta, Beija-Flor, meu lugar de fala, Chega de aceitar o argumento, Sem senhor e nem senzala vive um povo soberano, De sangue azul, nilopolitano”. A primeira ala coreografada deu um show de canto. Apesar da coreografia e o cansaço natural pelo excesso de movimento, o grupo não deixou de cantar em nenhum momento do ensaio.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Duas entidades da escola, Selminha Sorriso e Claudinho arrebentaram mais uma vez no asfalto da Mirandela, após anos juntos, a sintonia entre os dois é evidente, apenas com os olhos eles se entendem. A apresentação durou pouco mais de 2 minutos e começou com bastante ímpeto. Durante todo o bailado foi possível ver Claudinho riscar a avenida, já Selminha se manteve firme e graciosa durante toda a apresentação, demonstrando destreza em lindos giros. A dupla fixou o contato visual durante toda a dança e levantaram as pessoas que acompanham o ensaio. Ela, com um belo vestido em tons de amarelo e verde, executou seus giros com máxima excelência, assim como o seu par, trajado nas cores da escola.
Bateria
Comandada pelos mestres Rodney e Plínio, a bateria soberana impulsionou o samba e o canto da escola, bastante seguros, os ritmistas realizaram algumas bossas, com destaque para que simula um funk e também o momento em que o samba fala sobre erguer os punhos, durante uma bossa nessa parte todos os ritmistas faziam o gesto, que era repetido por toda a escola. A frente da bateria, duas figuras históricas da escola esbanjaram carisma e samba no pé, Raíssa Oliveira, rainha de bateria desde 2003, e Sônia Capeta, que por anos esteve à frente dos ritmistas, ambas foram extremamente simpáticas com o público e em vários momentos pararam para tirar foto ou cumprimentar os admiradores.
“O mais importante é a gente estar perto do nosso torcedor, do cidadão nilopolitano, passar essa energia boa que eles passam pra gente e que a gente retribui para eles, o ensaio de hoje serviu pra isso, foi uma troca, o ensaio foi perfeito,a intenção era mais pegar essa energia e foi maravilhoso, graças a Deus. A expectativa é a melhor possível, papai do céu vai abençoar mais um caneco para a Beija-Flor, o samba tá na ponta da língua, o trabalho é sério, vamos com tudo e papai do céu vai abençoar com mais uma estrelinha pra gente””, disse mestre Rodney.
Evolução
Após um ensaio técnico sem erros, a evolução da escola se mostrou mais uma vez extremamente acertada, os componentes evoluíram com bastante desenvoltura e animação, seguindo toda a cartilha do manual de julgamento, a escola fez todo o percurso sem sustos, não foram observados descompassos e todos os integrantes das alas estavam se divertindo. Logo na abertura da escola a ala “Arte Folia” deu um show, perfeitamente coreografados, a ala arrancou aplausos durante todo o ensaio. Em um ritmo constante, sem lentidão ou correrias, os componentes presentes varreram a Mirandela em um cortejo uniforme do início ao fim do desfile.
Outros destaques
A ala de baianas que, com toda a sua tradição e ancestralidade, seguraram o ritmo de mais um ensaio nessa longa preparação que antecede o carnaval de 2022. Sempre com um sorriso no rosto e brilho no olhar, as matriarcas da agremiação cantaram e evoluíram com muita garra. As vestimentas foram as mesmas utilizadas no ensaio técnico: saias azuis e com uma bela estamparia em tons mais quentes na camiseta.
Com o enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”, desenvolvido pelo carnavalesco Alexandre Louzada, a agremiação de Nilópolis será a última a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, na sexta-feira, 22 de abril.
Mestre-sala, passista, ritmista, agora presidente. Pode-se dizer que Sandro Avelar já fez de tudo ou quase tudo no carnaval. Neto de Zacarias da Silva Avelar, presidente do Império Serrano nas décadas de 1950 e 1960, Sandro segue a dinastia da família e desde 2020 é o mandatário da Serrinha. Bastante incisivo com aquilo que pretende, crítico ferrenho do último desfile da escola, que considera um dos piores, senão o pior, o dirigente também se considera um articulador, um militante sambista que procura lutar sempre por aquilo que entende ser o melhor para o carnaval.
Em entrevista ao site CARNAVALESCO, Sandro Avelar conta as dificuldades que encontrou quando assumiu o Império Serrano, explica os bastidores da contratação e sua relação atual com o carnavalesco Leandro Vieira, aponta os desafios da Serrinha para um carnaval que busca incessantemente o título, além de esclarecer sua atuação na Liga-RJ e seu relacionamento com a Liesa.
Você sabia quando assumiu o Império Serrano que o desafio de gestão seria enorme. Foi além do que esperava?
Sandro Avelar: “Eu não entrei enganado, né? Eu entrei convicto de que o Império Serrano vive um momento difícil financeiramente, em relação a estrutura da escola mesmo, de sua comunidade. Falei diversas vezes que o Império tinha feito na minha visão o pior desfile da história em 2020. E, entrei motivado realmente para tentar modificar bastante a escola, tanto que 90% dos segmentos foram contratados, não mantive a base que nós tínhamos porque eu realmente buscava mudança. Eu quis buscar uma nova cara para o Império Serrano, mas mantendo as tradições da casa”.
Você sempre fala nas dívidas da escola. O que já foi pago e como fazer o desfile e pagar essa dívida?
Sandro Avelar: “Estou pagando aos poucos, não tem como resolver 74 anos do Império Serrano em um, ainda mais durante a pandemia, com a quadra fechada. Mas, busquei acordo em diversos processos, os processos que tinham os maiores custos eu busquei acordo, eu pago mensalmente, alguns dos credores do Império Serrano, outros eu estou tentando buscar também. Mas, eu espero que o Império Serrano possa em médio, longo prazo colocar suas dívidas em dia, e ter realmente crédito e saldo para cada vez mais buscar um carnaval melhor. Eu tento buscar o justo meio termo em relação ao pagamento, mas eu busco sempre quitar uma parte da dívida, mas o restante eu destino ao carnaval que é o produto final”.
A escola faz uma grande feijoada, tem shows, como incentivar ainda mais essa geração de receita? O que você pensa em criar?
Sandro Avelar: “Eu acredito que o marketing da escola de samba em geral precisa ser trabalhado. No caso do Império Serrano, era uma escola que estava desacreditada, uma escola que veio perdendo sua comunidade. Na minha visão não há marketing melhor do que a vitória. O que que eu penso nesse primeiro momento, dar o título ao Império Serrano. Porque é a forma que eu tenho para tentar motivar a comunidade, e também aumentar a contrapartida para o patrocinador. Nesse período eu criei um time de futebol porque obviamente o Império Serrano disputando com escola do Grupo Especial, a captação de recursos não ia ter o mesmo potencial. Fui para o lado do esporte, do lado social, fui para a questão do assistencialismo junto à comunidade, para tentar em contrapartida também, tentar aumentar o atrativo para o Império Serrano. Nós vamos manter o clube de futebol, que começa o campeonato carioca em maio, nós continuamos doando cesta básica, e tentar direcionar os recursos para a escola de samba, reverter todos esses benefícios em prol do carnaval”.
Muita gente fala que o Sandro Avelar é o dono do Acesso. O que você responde?
Sandro Avelar: “Eu sou um grande articulador, nunca foi segredo para ninguém que eu sempre articulei bastante o Grupo de Acesso, eu fui da Intendente Magalhães por mais de 10 anos, fui presidente do Império da Praça Seca lá em 2009. Eu era o presidente mais jovem da história do carnaval, se você olhar aí neste perfil, ainda continuo sendo um dos presidentes mais jovens, e bastante militante. Sou militante, gosto do carnaval, sou sambista, já fui ritmista, mestre-sala, fui intérprete, sou um dos fundadores dos Filhos da Águia, poucas pessoas sabem disso, fui do Império do Futuro, desfilei com meu avô em carro alegórico. Só não fui baiana, mas se uma escola estiver precisando também, e não tiver ninguém para ajudar, eu vou ajudar. Sou um militante, hoje também ocupo o cargo de vice-presidente da Federação Nacional do Samba que agrega as ligas de diversos estados. Não tenho essa relação de militância só no Rio de Janeiro, participo do carnaval de Vitória, do carnaval de São Paulo. Sou um sambista de fato”.
Foto: Emerson Pereira/Divulgação Império Serrano
Neste contexto, dizem que a figura do Sandro Avelar não seria bem recebida na Liesa. Você acredita nisso?
Sandro Avelar: “Eu acredito que o carnaval não tem essa vertente. O Império Serrano é uma escola fundadora, de uma bandeira pesada, eu mantenho uma boa relação com todos da Liesa, inclusive eu participei da posse do Jorge Perlingeiro, e também assumi uma posição no Conselho Deliberativo, o Império Serrano como fundador tinha vaga, e a gente mantém uma relação de respeito, tanto que eu fui um dos articuladores para termos a volta dos ensaios técnicos da Série A. Busquei unificar de fato o discurso das duas ligas, tive uma pessoa que me ajudou bastante que é o responsável de fato em tentar agregar e ajudar as duas ligas que é o Almir Reis, presidente da Beija-Flor. O Almir é esse elo entre as duas ligas. E eu tenho ajudado bastante também, e há uma conversa muito amistosa e muito tranquila”.
Gosta de ser chamado de general pelos amigos?
Sandro Avelar: “Eles dizem que eu sou um pouco ditador. Na verdade, eu sou muito incisivo no que eu quero e na forma como eu me coloco. General é para mostrar que eu sou um cara firme. Mas, eu tenho outros apelidos também, general é um que pegou no carnaval, mas me agrada bastante, eu gosto do apelido de general”.
Existe favoritismo para o Império Serrano, como foi com a Imperatriz? E como administrar isso?
Sandro Avelar: “Eu acho que o Império é uma das favoritas sim, eu acho que o Império tem uma grande bandeira, é uma das grandes bandeiras do grupo, e acho que tem mais umas duas escolas com potencial igual ou até maior. Financeiramente, o Império Serrano não é a maior escola, tem escolas que têm poder aquisitivo maior, mas o Império demonstra um chão muito forte, e trazendo essa questão de reparação histórica, o Império Serrano merece uma vaga no Especial”.
Como você analisa essa disputa de 2022 na Série Ouro pela única vaga para o Especial?
Sandro Avelar: “O que é combinado não sai caro, né? Nós temos plena convicção disso. Os regulamentos foram aprovados em assembleia com bastante antecedência, não adianta chorar por algo que não aconteceu. Eu acredito que devemos pensar no futuro em ter um acesso e um descenso maior. Mas, no atual cenário, todos sabiam que esse seria o cenário atual. Na verdade, os grupos se protegem, né? É óbvio que a Liesa vai tentar limitar, fazendo um acesso e um descenso de uma escola, e a Série Ouro também. É algo totalmente aceitável e dentro da lei”.
Como você administra a relação com o imperiano que adora cobrar e exigir excelência em tudo da escola?
Sandro Avelar: “Eu acho digno, mas também eu tento mostrar a realidade. O Império é uma escola que estava praticamente indo para a Intendente Magalhães. Fez um carnaval horrível. O Império Serrano tem muita dívida e precisa realmente se reencontrar. Eu estou realmente tentando buscar o melhor para a minha escola, a escola do meu coração e acredito que tenho feito o melhor que eu podia até o momento”.
Você apostou no mestre Vitinho, levou pancada e hoje ele está colhendo os frutos. O que falar do trabalho dele? E o que falar de quem ainda faz comentários sem fundamento técnico?
Sandro Avelar: “O Vitinho é um irmão para mim. Nós somos criados juntos e eu tinha relação com o pai dele, o meu pai já com o avô. Vale ressaltar que o avô do Vitinho era mestre de bateria quando o meu avô era presidente do Império Serrano. Nós temos esse elo histórico. Ele tem um potencial muito grande, já provou isso na Unidos da Ponte e era o segundo diretor lá na Portela. Acho que o Império Serrano precisava renovar a bateria, o mestre anterior tinha um grande valor, mas não tinha o formato que eu realmente desejava para a escola. Realmente, eu torço para o Vitinho dar esse novo gás para a escola, e também mantive toda a base da Serrinha. Todos os diretores do Império Serrano são crias do Império Serrano e muito com vínculo familiar. Filho de ex-mestres, filho de ex-diretores, trouxe esse elo para manter a tradição, resgatando a história da escola. Eu sou palpiteiro em relação a bateria, mas eu consultei diversos mestres, inclusive, mestre Silvio que foi do Império Serrano, Wanderley que também foi mestre do Império, todos eles deram aval e concordaram com a contratação do mestre Vitinho. E foi uma aposta dentro de casa, não trouxemos mestre de outro local. Nós apostamos realmente na prata da casa”.
Você chegou ao topo como presidente do Império Serrano, mas é sambista e veio de mestre-sala. Conta essa sua história de sambista
Sandro Avelar: ”Na verdade, o Império Serrano é quase que uma herança. O meu avô foi fundador, foi presidente do Império Serrano, deu título ao Império Serrano do Grupo Especial, meu pai foi vice-presidente, comandou em um período diversos setores do Império Serrano, mas eu sempre vivi dentro do Império Serrano. Império do Futuro, fui passista, fui ritmista, desfilei na ala das crianças, fui buscar realmente um conhecimento maior fora do Império Serrano. Fui para os Filhos da Águia, fui para a Portela, fui mestre-sala da Beija-Flor, Unidos da Tijuca, mas o bom filho sempre retorna. Volto para o Império Serrano hoje motivado, mais experiente, tentando colocar a escola no seu eixo”.
Como é trabalhar com o Leandro Vieira?
Sandro Avelar: “Uma grata surpresa. Eu acho o Leandro Vieira um cara competente, nós tínhamos um medo porque tem um rótulo, a grife Leandro Vieira assustava, mas o Leandro virou meu amigo pessoal independente de trabalhar junto ou não. Espero que ele possa continuar com o Império, mas independente disso, Leandro foi um achado, eu acho ele maravilhoso, e foi ótimo para a escola, ele entende a identidade da escola, e ele tem agradado a todos. Em relação ao carnaval que ele projetou, ele não tem dificuldade alguma financeira, tudo que ele pediu nós compramos, obviamente a gente tem que pechinchar porque o Império Serrano precisa pechinchar, mas é um carnaval que eu acredito que seja o que ele realmente está esperando”.
Aliás, falam que o barracão do Império Serrano está atrasado. Isso procede? Como está o andamento lá?
Sandro Avelar: “O Império Serrano não está atrasado porque o Império Serrano começou do zero. Todos os carros começamos da planta. Não é algo que nós mantivemos estrutura. Eu fui em quase todos os barracões da Série A e posso garantir que 90% dos barracões são reaproveitamento das anteriores. E o Império Serrano começou da planta. Esculturas novas, obviamente que a gente aproveitou o que era possível, mas o barracão do Império é grandioso e eu posso garantir que se não for o melhor, é um dos melhores barracões desse pré-carnaval”.
Falando de carnaval no geral, você incentiva a Indentende. O que espera dos desfiles de 2022 lá?
Sandro Avelar: “Eu acho que a Intendente Magalhães está precisando ser mais valorizada. Acredito que será um grande desfile, as escolas sofreram com a pandemia igual as do Grupo Especial, mas a Intendente Magalhães tem uma carência maior. Acredito que vai ser um carnaval grandioso, um carnaval competitivo, e acredito que possa ser o maior carnaval da história da Intendente Magalhães, visto que o Eduardo Paes tem colaborado bastante, dado um reforço maior, não só financeiramente, mas também com a questão da estrutura para as escolas de samba da Intendente Magalhães”.
Hoje, o que você sonha para os desfiles da Série Ouro? E o que acha que é utopia e o que pode virar realidade nesses sonhos?
Sandro Avelar: “Eu acho que os desfiles da Série Ouro precisam melhorar a questão estrutural. As escolas de samba têm carência na estrutura de barracão, recursos muito menores se comparado ao Especial, se você parar para analisar a diferença é quase com a gente recebendo uns 20% do que recebe uma escola do Especial, só que aqui nós temos quatro setores e no Especial são seis setores. Então, proporcionalmente existe essa defasagem grande. Mas, na minha visão, é um carnaval popular. Eu acho que a Série Ouro não pode perder esse caráter popular, tanto que os ingressos têm esse caráter popular, é o carnaval do povo. Cada local com sua cultura, e a Série Ouro busca sempre está coisa mais popular e é o que nós estamos mantendo”.
Sobre regulamento e obrigatoriedades nos desfiles, o que você aperfeiçoaria, tanto no Acesso, quanto no Especial?
Sandro Avelar: “Tudo depende muito da questão financeira. A Série Ouro não tem como avançar muito, visto que o valor é irrisório comparado com o Grupo Especial. É um regulamento enxuto, mas um regulamento que coloca todas as escolas de samba em pé de igualdade. Eu acho que isso é melhor para o espetáculo. Ninguém pode reclamar de algo que foi democraticamente constituído em assembleia geral. O regulamento é um pouco mais enxuto, mas ele vai mostrar que as escolas de samba estão preparadas. A grande diferença do regulamento de 2022 é a questão do tripé da comissão de frente e eu posso garantir que vai ser na minha visão o diferencial de todas as escolas de samba. Todas as escolas de samba estão fazendo tripés grandiosos e com bastante efeito. O que não aconteceu nas anteriores”.
Você é muito amigo da Morango, porta-bandeira. Acredita que nos próximos anos vamos ver como porta-bandeira de uma escola do Especial? Como superar essa barreira?
Sandro Avelar: “Eu particularmente respeito a opinião de quem é contrário, mas é bom deixar claro que cada instituição com sua independência. Não tenho conhecimento sobre o regulamento do Especial em relação a isso, mas se a Série Ouro aprovar eu sou totalmente favorável. Se a Intendente Magalhães também aprovar, sou totalmente favorável. Cada um que coloque as regras do seu jogo. Eu sou favorável, acredito que nós temos que dar a oportunidade de não só para porta-bandeira homem ou trans, o que for, nós temos também que tirar alguns rótulos do carnaval. O carnaval precisa ser mais popular e ele não pode ter nenhum tipo de separação ou elitismo, quem quiser ser porta-bandeira, quem quiser ser baiana, quem quiser ser ritmista, tem que ser a festa do povo, para o povo”.
Desde o acesso ao Grupo Especial em 2016, o Paraíso do Tuiuti vem se consolidando na elite do carnaval, com direito a um histórico vice-campeonato obtido em 2018. A azul e amarela de São Cristóvão é objeto de análise para a série ‘De olho nos quesitos’, produzida pelo site CARNAVALESCO.
Fotos: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
O levantamento considera todas as notas aplicadas entre 2016 (quando a escola desfilou na Série A) e 2020. Ao longo do período foram 11,3 pontos perdidos, uma média de 2,26 por ano. Obviamente o título de 2016 e o vice de 2018 respondem pelos melhores desempenhos da escola. Em 2017 a agremiação teria sido rebaixada, mas uma virada de mesa cancelou o rebaixamento naquele ano em virtude de acidentes graves ocorridos no desfile do próprio Tuiuti e da Unidos da Tijuca.
Confira o desempenho do Paraíso do Tuiuti quesito a quesito:
Alegorias e Adereços
Quesito que só obteve desempenho melhor que comissão de frente, harmonia e evolução. Foram 13 décimos de punição nos últimos 5 anos. Nem o vice-campeonato de 2018 escapou da caneta dos jurados e a escola perdeu um décimo. Em 2017 e 2020 foi meio ponto em cada ano e em 2019 mais dois décimos. Apenas no título da Série A em 2016 a escola fechou a apuração com a nota máxima.
Bateria
Corresponde ao melhor quesito da escola em termos de desempenho. Apenas em 2017 e 2020 o Tuiuti perdeu décimo na Supersom. Com três em cada ano, totaliza 0,6 de punição ao longo de cinco anos, todas ainda sob comando de mestre Ricardinho. Aproveitamento de 88% dos décimos distribuídos desde 2016.
Comissão de Frente
2018 foi um ponto fora da curva na história do quesito no Tuiuti. A antológica apresentação com escravizados tirou a nota máxima naquele desfile, mas foi a única vez. Em 2016, por exemplo, foi o único quesito a não fechar com a nota máxima possível. Em 2017 a perda foi brutal: sete décimos. Em 2019 mais cinco e em 2020 outros seis. Total de 1,9 ponto perdido, 38% do total de décimos distribuídos.
Enredo
Sob o comando de Jack Vasconcelos em quatro dos últimos cinco carnavais (que serviram de parâmetro para o levantamento) a escola tem em enredo o seu segundo melhor desempenho. Ao lado de mestre-sala e porta-bandeira, bateria, samba-enredo, fantasias e comissão de frente, foi o único quesito a gabaritar uma apuração no Grupo Especial, em 2018. O pior desempenho foi em 2017, quando quatro décimos foram perdidos. Com mais três em 2020 e um em 2019, a perda total foi de oito décimos desde 2016.
Evolução
Quesito que representa um grande desafio para o Tuiuti. Apenas comissão de frente e harmonia tiveram pior atuação ao longo deste cinco anos. Excetuando os 30 pontos alcançados no título da Série A em 2016, a escola perdeu 42,5% do total de décimos distribuídos em evolução. Os problemas de logística de desfile, especialmente em 2017, 2019 e 2020 foram decisivos para tantas perdas de décimos.
Fantasias
Assim como alegorias e adereços, fantasias foi outro quesito plástico de desempenho somente superior a evolução, harmonia e comissão de frente. No vice-campeonato de 2018 os jurados aclamaram o conjunto do Tuiuti com a nota máxima, bem como no acesso de 2016. Em 2017 a perda foi de sete décimos, em 2020 de cinco e em 2019 um décimo, totalizando 1,3 ponto perdido.
Harmonia
Assim como a comissão de frente, o mais frágil desempenho da escola na pista nos últimos cinco anos. É forçoso destacar que tal atuação no quesito ficou muito prejudicada pelas caóticas entradas na avenida em 2017 (quando foram nove décimos de punição de uma só vez) e 2020, seis décimos de desconto. Mas no vice-campeonato de 2018 o canto da escola também perdeu dois décimos, mesma punição de 2019. Um total de 47,5% de décimos perdidos no Grupo Especial.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O Tuiuti teve três casais diferentes nos últimos cinco anos. Isso acabou se refletindo nas notas. Foi um total de nove décimos perdidos. Apesar disso, é o terceiro melhor quesito da escola desde 2016, empatado com samba-enredo. Em 2017, Marquinhos e Giovana foram punidos com a perda de seis décimos. Marlon Flores e Daniele Nascimento perderam apenas três décimos entre 2018 e 2020. Vinicius e Jack Pessanha alcançaram os 30 pontos em 2016.
Samba-Enredo
O Tuiuti optou nos últimos carnavais, a partir de 2018, pela encomenda de sambas, sem a realização de uma disputa tradicional, que foi resgatada agora para 2022. O desempenho foi satisfatório. A escola tirou 30 pontos em 2018 e 2019, quando desfilou com sambas aclamados pela crítica. Mas em 2020 a fórmula não deu certo e quatro décimos de punição foram aplicados. No fim dos cinco anos, perda de nove décimos, aproveitamento de 82% dos décimos possíveis.