Vigário Geral representa brincadeiras de rua em fantasia com peteca, pião e bolhas de sabão
A escola de Vigário representou a infância no desfile desta sexta-feira, através da história do menino Samir, menino da comunidade que sonha encontrar um bilhete premiado e realizar suas fantasias. Na ala 5 da escola, os componentes vestiram fantasias que representam as brincadeiras da infância.
A escola trouxe em sua fantasia, na quinta ala, passistas vestidos com um pião e uma peteca em cada ombro. Nas costas os componentes tinham uma capa com bolas, representando bolhas de sabão. O chapéu colorido deixa a fantasia mais divertida, junto com um macacão azul e uma blusa verde. Para os passistas, a fantasia é alegre e representa a infância de uma geração que se divertia sem tecnologias.
“Hoje a vida digital tomou espaço da vida das crianças e tirou delas as brincadeiras de rua” diz Luís Andre, funcionário público, passista da escola há 2 anos. Para Luiz, as brincadeiras permitiam o contato com outras crianças, diferente das brincadeiras atuais.
Thamires Fernanda, professora, desfila na Vigário há 3 anos. Ela explica que a Vigário quer resgatar as brincadeiras e trazer para avenida. “Hoje em dia, a internet acaba atrapalhando as brincadeiras antigas das crianças e através das fantasias coloridas, a vigário quer resgatar isso”, afirma a passista e professora.
De acordo com os passistas, por conta das crianças estarem imersas no mundo virtual, as brincadeiras antigas e de rua estão sendo esquecidas. A Vigário relembra em seu figurino as brincadeiras, e com isso representa o folclore brasileiro, a história e a cultura do Brasil.
“As crianças não saem mais pra brincar na rua como antes. O figurino da Vigário representa essas brincadeiras de crianças, representa o amor e alegria” diz Célia Alves, passista na Vigário há 4 anos.
Diversidade: Fantasia ‘Bicha-malandro’, da bateria da Lins, destaca as duas personalidades de Madame Satã
Fazendo alusão ao João Francisco malandro, porradeiro, que aprendeu capoeira para se defender e, simultaneamente, trazendo a personalidade de Madame Satã como drag, a fantasia dos ritmistas da Lins Imperial resumiu as duas principais personalidades de Madame Satã ao longo de sua vida. A fantasia “Bicha-malandro” era dividida ao meio, inclusive na pintura de rosto, evidenciando a mistura entre o João malandro e a Satã artista.
Em entrevista ao CARNAVALESCO, os componentes da bateria da escola de samba do Lins explicaram a mensagem representada na roupa dos ritmistas e a importância de falar de Madame Satã no carnaval deste ano.
Adailton Junior, de 29 anos, é ritmista da Lins Imperial a vida inteira e há três anos é diretor da bateria da escola de samba. Ele destacou as duas personalidades de João Francisco, mensagem representada na fantasia dos ritmistas da agremiação.
“A fantasia da bateria representa uma parte do trecho do samba, que significa o bicha-malandro – ao mesmo tempo que a malandragem representada na figura de Madame Satã, também havia toda a parte performática dele. A fantasia representa esses dois lados de Madame Satã, que acompanhou ele em boa parte de sua vida”, explicou o diretor de bateria da escola de samba.
Para Adailton, a diversidade é o principal ponto nesta mensagem da bateria da Lins Imperial que, segundo ele, está presente nos próprios ritmistas. O diretor destacou que o segmento da escola é plural, com mulheres, meninos e pessoas de diversas orientações sexuais.
“A importância desta mensagem em meio ao segmento da bateria é a diversidade. Nós temos meninos, homens e muitas mulheres que foram formadas pela nossa bateria. Também temos heteros, bi e homossexuais. É uma bateria muito diversa e, por isso, essa mensagem também é passada através dos nossos componentes”, enfatizou Adailton Junior.
Uma releitura do que foi um grande desfile no Grupo Especial de 1990. O diretor de bateria enfatizou a importância de voltar a falar de Madame Satã na atualidade, em meio a um crescente número de transfobia e discriminação contra minorias.
“Madame Satã foi um samba histórico da nossa escola. A importância é trazer de volta para a Avenida a figura de Madame Satã em meio a um momento em que o Brasil vive com muita intolerância em diversos aspectos, como religiosa e sexual. A importância é destacar que o carnaval é feito através da diversidade. Ele não é feito de cores, gênero ou qualquer outra coisa. Ele é o carnaval do povo. A mensagem é de muita garra. A escola vem com muita força e muita vontade e sede de fazer as coisas darem certo”, detalhou.
Se para o ritmista que já está há anos na escola fazer uma releitura de Madame Satã é de enorme responsabilidade, para quem chegou agora na Lins Imperial, o peso é em dobro. Romulo Fernandes, de 29 anos, contou que este foi o seu primeiro ano na Marquês de Sapucaí. Mesmo novo na agremiação, Romulo sabe a importância que é falar sobre João Francisco dos Santos.
“É uma experiência muito boa e uma expectativa muito grande. Moro no Engenho Novo, ao lado do Lins, e poder estar presente, representando a minha região, com certeza será algo que ficará marcado, ainda mais com o enredo de Madame Satã, que é uma figura histórica da Lapa. É um enredo histórico da escola e ela está tentando ressignificar justamente em tempos em que temos muito preconceito e descriminação como a transfobia. O Brasil é um dos países em que se mais mata pessoas transsexuais. Trazer esse enredo novamente tem uma grande importância social e histórica para esse grupo que, infelizmente, sofre violência todos os dias”, enfatizou o ritmista.
Outro novato na bateria da escola de samba, Jeferson Lourenço, de 32 anos, lembrou que a mensagem no enredo e na fantasia da bateria é a diversidade, algo que sempre fez parte do carnaval.
“A responsabilidade é grande e muito nervosismo. Acredito que a escola vem bem. A minha fantasia é uma mistura de malandro com Madame Satã e ela está bonita para a gente ir firme para a Avenida. A mensagem e o que é importante é a diversidade. Trazer para a bateria, que as pessoas acham que é um segmento muito masculino, essa diversidade e alegria para o carnaval. A palavra do carnaval é justamente essa – diversidade – trazer a integração. No carnaval, todo mundo tem voz e o seu espaço”, contou.
Samuel Douglas, de 40 anos, desfila pela Lins Imperial há três anos. Para ele, é importante trazer novamente a figura de Madame Satã para a Passarela do Samba.
“Eu acredito que a bateria é o coração da escola e Madame Satã é justamente isso. É muito importante trazer um homem negro e homossexual para a Sapucaí. É uma mensagem de suma importância que nós vamos passar na Marquês de Sapucaí”, declarou o ritmista da Lins Imperial.
A Lins Imperial foi a segunda escola a desfilar neste primeiro dia do carnaval carioca. Com Madame Satã, a escola marcou a abertura dos desfiles com representatividade aos grupos minoritários.
Freddy Ferreira analisa a bateria da Estácio de Sá no desfile
A bateria da Estácio de Sá, sob o comando de mestre Chuvisco, fez um grande desfile. Com seu timbre relativamente grave, que deixou o ritmo da “Medalha de Ouro” pesado, sendo complementado por um naipe de caixas diferenciado, que amparou as demais peças musicalmente. Num cortejo onde o maior mérito foi conectar a sonoridade da escola do morro de São Carlos com a cultura musical maranhense.
A cozinha da bateria exibiu um naipe de caixas de guerra ressonante e consistente, com o peculiar toque de partido alto, com o instrumento carregado nos braços, sem uso de talabarte. Embalados pelos marcadores de primeira e segunda, que se exibiram de modo sólido, firme e preciso, fazendo valer a afinação grave característica da “Medalha de Ouro”. Os surdos de terceira permitiram um swing envolvente à parte de trás do ritmo, assim como repiques coesos ajudaram no preenchimento da musicalidade.
A cabeça da bateria demonstrou uma virtude musical de alto valor. Agogôs integrados fizeram uma convenção pontuando a melodia do samba, enquanto uma ala de cuícas sólida complementou a sonoridade. Na primeira fila da bateria da Estácio haviam ritmistas tocando instrumentos vinculados ao Bumba Meu Boi maranhense: tais como pandeirão, matraca e tambor, entre outros. Uma ala de tamborins de nítida qualidade técnica efetuou um trabalho notável atrelado à chocalhos com bom volume, dando leveza a parte da frente do ritmo estaciano.
A paradinha do refrão principal ficou marcada por uma elaboração de nítida qualidade, além de virtude sonora. Os surdos de primeira e segunda fecham no início do estribilho, para que terceiras fiquem marcando, enquanto o ritmo da vermelho e branco do bairro do Estácio prossegue com ênfase musical do naipe de tamborins, que intercalam as batidas entre as pancadas de primeira e segunda na paradinha, se aproveitando da diferença entre os timbres das afinações para consolidar o ritmo. Uma bossa que deu pressão ao ritmo da Estácio era apresentada em sequência, logo na cabeça do samba, construindo com isso uma narrativa rítmica extensa, demonstrando toda a versatilidade e dinamismo sonoro da “Medalha de Ouro”.
A bossa do refrão do meio apresentou uma construção musical plenamente integrada com o samba-enredo da Estácio de Sá, além de intimamente conectada ao enredo da escola do morro de São Carlos. Começa com uma levada envolvente no ritmo de Reggae, na primeira passada do refrão. Já na segunda passada, a bateria “Medalha de Ouro” inicia tocando Xote, para finalizar a paradinha ao som de Xaxado. Um arranjo musical de bom gosto, mostrando múltiplas musicalidades que estão atreladas ao enredo da escola.
A paradinha da segunda do samba era a de maior complexidade musical, sem contar o elevado grau de execução. Uma intensa mistura de ritmos maranhenses foi apresentada em sequência, conforme o samba-enredo da Estácio solicitava. A bossa iniciou com um ritmo conhecido por Boi da Ilha, seguido de uma batida de São João. Foi possível notar posteriormente os ritmos de Tambor de Crioula e logo após Cacuriá. Para finalizar a paradinha extremamente ousada, após a frase de subidas dos repiques foi possível perceber o toque das matracas também aparentemente chamando o ritmo na retomada. Um arranjo musical profundamente desafiador, altamente conectado à cultura do Maranhão e que devido ao grau de execução elevado, só foi sabiamente apresentado no último módulo de julgador.
As apresentações da bateria da Estácio de Sá em frente aos três módulos de julgadores ocorreram sem problemas evidenciados de dentro da pista. A bateria “Medalha de Ouro” dirigida por mestre Chuvisco teve uma conjunção sonora impecável, aliada a um ritmo culturalmente vinculado ao Maranhão, conforme solicitou o samba e o tema da escola.
Estácio traz bom conjunto visual e tem destaque para o casal em desfile com canto irregular
A Estácio de Sá foi a quarta escola a desfilar na noite de sexta-feira e apresentou um excelente trabalho visual de Mauro Leite em sua estreia, produzindo um carnaval solo no Berço do Samba, após dividir os últimos desfiles com Wagner Gonçalves e auxiliar o trabalho de Rosa Magalhães em 2020. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Feliciano Júnior e Alcione Carvalho também produziram uma bonita apresentação recheada de referências à musicalidade do tema apresentado na Sapucaí. A comissão de frente e a evolução da escola também foram pontos positivos. O ponto negativo foi o canto irregular da escola que teve algumas alas se destacando, mas outras nem tanto. Com o enredo “ São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração ”, a Estácio de Sá encerrou seu desfile com 54 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE
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Comissão de frente
A comissão de frente da coreógrafa Ariadne Lax apresentou o sagrado e o profano presentes nas manifestações populares. Nela, brincantes com trajes livremente inspirados nas indumentárias do Bumba-Meu-Boi e do Cacuriá, típicos da cidade de São Luís do Maranhão, realizaram um cortejo sagrado que no decorrer da apresentação assumiu aspectos de um folguedo popular. Como elemento cênico, a comissão trouxe um andor, um símbolo de fé tradicionalmente usado em procissões católicas. Acima do elemento sagrado, estavam os dois santos retratados no enredo, São João e São Luís.
- LEIA AQUI: ANÁLISE DA BATERIA NO DESFILE
Tendo a função de mostrar a união do sagrado com o lado profano da festa popular, a estrutura se fechava e se transformava em um enorme boi que pela coloração escura e as fitinhas e desenhos presentes no animal fazia referência a festa popular do boi-bumbá. No deslocamento, os bailarinos apostaram em uma coreografia de danças mais tradicionais da região. No geral, foi uma apresentação que trouxe de forma clara e dançante o enredo, e trazendo na aparição do boi seu grande ápice e surpresa.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Feliciano Júnior e Alcione Carvalho, veio no primeiro setor, logo após a comissão de frente e homenageou a arte do bordado, apresentando os típicos bordados coloridos sobre fundo negro, tradicionais dos couros dos bois e dos trajes dos caboclos e índios do Bumba-Meu-Boi. A fantasia apresentava um bonito contraste entre o colorido dos bordados e o fundo negro das plumas. O casal demonstrou uma dança de muita aproximação, investindo muito na intimidade no início, no toque entre os dois dançarinos e na suavidade. Depois, principalmente na segunda do samba, pode-se perceber a utilização de passos mais característicos de danças da região em alguns momentos pontuais da letra. No trecho “merci num balancê”, Alcione faz a preparação com uma mão próxima ao rosto para realizar passos do tambor de crioula no trecho a seguir ” Crioula, toca o tambor”, enquanto Feliciano faz o gesto de quem toca o tambor. No refrão principal, os dois retomaram a proximidade e fizeram o rodopio final para terminar a apresentação.
Harmonia
A comunidade do Estácio teve um desempenho irregular no canto da obra do Berço do Samba na Sapucaí. O desfile até começou com um bom rendimento dos componentes com o samba e com os gritos de incentivo do intérprete recém chegado à escola Alessandro Tiganá. Mas conforme a escola ia passando do meio, era perceptível algumas alas cantando e outras nem tanto. E nas próprias alas, às vezes era possível notar alguns integrantes cantando mais nas pontas, porém na meiuca muita gente passava calada ou apenas cantando os refrões. Isso foi perceptível nas alas “quadrilha” e “Cacuriá” no terceiro setor. Mas neste mesmo setor é possível elogiar a ala “tambor de crioula” em que quase todos os componentes cantavam com muita força, assim como algumas alas do início, segundo setor, “Anjinhos do céu” e ” Festejando São João”.
Em sua estreia, Tiganá mostrou que foi um acerto na escolha da escola com seu estilo intenso bem conectado com as características valentes e para frente que a comunidade do Estácio gosta em seus sambas e que proporciona inclusive um melhor trabalho da bateria Medalha de Ouro. O único ponto a se colocar no trabalho do cantor foi o início com a utilização em alguns momentos de forma demasiada de alguns cacos mais falantes, próprios para o incentivo aos componentes, mas que em exagero atrapalhava um pouco a condução do samba e pode gerar despontuações por parte dos jurados.
Enredo
O enredo “ São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração ” apresentou uma das mais importantes manifestações do ciclo das festas juninas do Brasil que acontece na cidade de São Luís, no Maranhão, particularmente enriquecida pelo patrimônio cultural da cidade, exemplificado pela presença dos importantes grupos de Bumba-Meu-Boi, Tambor de Crioula, Cacuriá, Danças Portuguesas, Quadrilhas, entre outros. A forma escolhida para a apresentação do tema foi uma fábula a partir da presença dos santos São Luís, que dá nome a cidade, e São João. Nesta narrativa, santos e festeiros brincaram na mesma roda. O enredo foi apresentado de forma clara, leve, divertida e de fácil entendimento pelos carros e pelas fantasias. Ainda que não tenha se aprofundado no tema, cumpriu de forma satisfatória a principal ideia de unir os santos São Luís e São João dentro da capital do Maranhão e dentro dos festejos juninos.
Evolução
A Estácio de Sá apresentou uma evolução bastante satisfatória, não apostando em alas coreografadas mas na espontaneidade dos componentes que brincaram na Avenida e deram o tom de alegria que o enredo pedia. As fantasias ajudaram por ainda que produzissem um volume interessante para a estética ficaram longe de incomodar os componentes. Não se percebeu durante a passagem da Estácio pela Sapucaí a aparição de buracos ou grandes espaçamentos entre as alas, ao contrário, a agremiação preencheu bem a pista e as próprias alas estavam com um bom volume de pessoas. A bateria entrou no primeiro recuo aos 35 minutos de desfile sem gerar problemas e da mesma forma saiu aos 45 minutos de apresentação da escola. Não se percebeu também correrias, e o andamento teve sempre fluência sem a Estácio ficar muito tempo parada.
Samba-Enredo
No samba da Estácio Sá 2023, existe um contraste entre um refrão principal “Berço do Samba é batuque…” que é mais valente, e um refrão do meio “Encantada no nordeste brasileiro…” que passeia por uma expressão mais melodiosa. A obra de Samir Trindade e companhia foi considerado uma das melhores do Grupo no pré-carnaval. Seu desempenho na Sapucaí foi satisfatório em termos de ritmo, ainda que não tem apresentado uma grande interação com o público. Como falado em harmonia, o canto da comunidade não foi homogêneo. A segunda do samba apresentou soluções bastante interessantes de notas, com uma melodia mais valente e que chama o componente a cantar mais forte como nos trechos “Pai Francisco”, ” Crioula” e “Eu vou-me embora”. Mas o principal destaque no canto ficou mesmo para os dois refrões, principalmente o do meio ” Encantada no nordeste brasileiro”.
Fantasias
O ótimo conjunto visual de Mauro Leite só foi manchado pelo problema com a roupa das passistas que aparentemente não chegaram a tempo. As meninas desfilaram apenas de biquíni com a cabeça que fazia alusão ao aspecto indígena, pois a fantasia representava justamente a figura do índio, sempre presentes nos diversos tipos de Bumba-Meu-Boi. Já os meninos vieram só com a calça. Esta situação vai gerar perda de pontuação na apuração, pois passou assim em todos os módulos de julgamento. Mas, em geral, foi um bom trabalho de apuro plástico do carnavalesco que fez bom uso dos materiais, sem ter o uso elementos mais caros, mas ainda assim com bom acabamento e bom gosto. O início e o final do desfile apostando nas cores mais quentes e no setor sobre o céu apostando em cores claras. As baianas, por exemplo, no segundo setor, representaram a idealização de um céu estrelado, símbolo de paz e luz, fazendo o uso da relação entre o branco e o prata.Discípulo de Rosa Magalhães, Mauro também caprichou nas cabeças das fantasias fazendo um bonito efeito e ajudando a dar o entendimento escolhido para a paleta de cores bastante pertinente com o enredo.
Alegorias
Em seu conjunto alegórico, a Estácio de Sá trouxe três alegorias e um tripé. O uso das cores referentes a cada situação do enredo apresentado nas fantasias também foi mantido para as alegorias que tiveram bom acabamento e destaque para a iluminação. O carro Abre-Alas “Cidade de São Luís, Festa de São João” trouxe o Leão, símbolo da escola, que rugia inclusive , apresentando a união da Cidade de São Luís, apresentada bem colorida no carro e os festejos de São João, decorados com bordados típicos e franjas de fita, com elementos do Bumba-Meu-Boi. O segundo carro era uma representação idealizada do céu com os destaques representando o encontro entre os santos, São Luís e São João. Esta alegoria fazia uso da iluminação em tom azul que contrastava com o branco de forma eficiente e dando vida ao claro do carro. O uso de espelhos na saia também foi um ponto forte.O tripé localizado no terceiro setor representava a imagem de um oratório caseiro, onde as devoções populares são cultuadas. Por fim, a terceira alegoria “São João”, um carro muito colorido decorado com bandeirinhas, tradicionais no Brasil inteiro, faziam uma indissociável alusão a festa de São João, além dos balões e a estrutura de tenda muito utilizada nos festejos.
Outros destaques
A bateria Medalha de Ouro comandada por mestre Chuvisco veio como “vaqueiros”, personagens do Bumba-Meu-Boi, empregados na fazenda. A bateria fez bossas de xote e xaxado no refrão do meio e utilizou tambores e instrumentos típicos do Maranhão feitos de madeira, utilizados em uma bossa de galope. A rainha Nathália Hino era a “Magia Indígena” e nas cores amarelo, vermelho e laranja mostrou samba no pé e como indígena entrou no personagem sempre interagindo com mestre Chuvisco. Próximo a bateria medalha de Ouro, veio mestre Ciça da Viradouro, cria do Estácio, e mestre Casagrande da Unidos da Tijuca. No esquenta, a escola cantou o samba de seu campeonato ” Paulicéia Desvairada” de 1992.
Vigário Geral faz desfile alegre com show da bateria, mas deixa a desejar na parte plástica
A Acadêmicos de Vigário Geral foi a terceira agremiação a desfilar nesta sexta-feira de carnaval, com enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria”. O que se viu pela Sapucaí foi uma abordagem bem leve e divertida do universo infantil. Os destaques do desfile ficaram por conta da bateria Swing Puro de mestre Luygui e do casal de mestre-sala e porta-bandeira Diego Jenkins e Thainá Teixeira, porém a parte plástica da tricolor deixou um pouco a desejar. A escola encerrou sua passagem pela avenida com 53 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILE
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Mestre-sala e porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Jenkins e Thainá Teixeira, estava com a fantasia intitulada “Vigário Geral, Fonte de Alegria”. Os dois utilizavam uma luxuosa roupa nas cores da escola. A saia dela, inclusive, levava o pavilhão da Vigário. A ideia da vestimenta deles dentro do enredo foi justamente ressaltar a importância da escola como um núcleo fomentador de alegria e orgulho para toda a sua comunidade. A apresentação do casal esbanjou graciosidade, alegria e muita leveza nos movimentos executados em frente aos módulos de julgamento durou cerca de 2’10” em frente ao módulo de julgamento.
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Bateria
Comandada por mestre Luygui, a Swing Puro realizou uma belíssima exibição ao longo da passarela. As bossas foram muito bem executadas, dentre elas um “apagão” durante o trecho: “Ê, guri, o teu mundo é agora. Ê, menino, vem brincar de carnaval”, que impulsionou a escola a cantar junto o refrão principal. A bateria da Vigário veio homenageando o icônico personagem Chapolin Colarado, uma espécie de herói atrapalhado que marcou várias gerações. À frente do naipe de cuícas, vieram dois ritmistas, um tocando xequerê e o outro tocando pratos.
Samba-Enredo
A Vigário Geral trouxe para a avenida de desfiles um samba bastante alegre e animado, conforme pedia o enredo. A obra foi muito bem interpretada por Tem Tem Jr., que veio vestido de rei, e seu time de canto. O carro de som buscou ao longo de toda passarela contagiar os componentes da Vigário. O samba-enredo foi composto em parceria por Junior Fionda, Tem Tem Sampaio, Marcelo Adnet, Marcelinho Santos, Romeu Almeida, Fábio Turko, Orlando Ambrósio, Kelly Grande Rio, Silvana Aleixo e David Rei das Cestas.
Comissão de frente
Coreografada por Anderson Big, a comissão de frente da Vigário é composta por 15 componentes masculinos com o figurino batizado de “Vem Brincar de Carnaval”. O “Sr. Foliwonka”, dono da fantástica fábrica de alegria, e seus 14 funcionários, “Loompaticuns”, divertiram o público enquanto apresentavam a escola. Os funcionários vieram vestidos com uma roupa vermelha e prateada, com cabelos verdes e uma maquiagem facial cor de abóbora. Eles empurravam latões de lixo ao longo da avenida, que continham palavras como “amor”, “felicidade”, “diversão”, “arte”, “traquinagem”…
O Sr. Foliwonka veio a frente do grupo, e estava trajado de sobretudo e cartola bordô, com muito brilho. No início da coreografia, os funcionários retiravam lanternas das latas de lixo. Em certo momento, as tampas das latas eram abertas e podia-se ler o nome da escola: Vigário Geral. Na segunda parte da apresentação, os integrantes retiravas das latas brinquedos infantis como “pipas”, “bichos de pelúcia”, “bolas”, “carrinho”, “aviãozinho”… Ao final da coreografia, parte do grupo se abaixava na frente das latas, enquanto a outra parte levantava bonecos inspirados nos segmentos das escolas, convidando o público da Sapucaí a brincar de carnaval. Ao todo, a comissão de frente levou cerca de 2’30” para concluir sua exibição em frente a cada uma das três cabines de jurados.
Harmonia
A harmonia da Vigário Geral apresentou certa oscilação no canto do samba-enredo, em que os refrões eram cantados com mais vigor e intensidade pelos seus componentes. Especialmente a parte do samba que diz: “Veste a fantasia, Teu herói é ser humano” até “Vem ser criança na minha Vigário Geral”. As alas que mais cantaram durante o desfile da escola foram: a ala 1 “O mundo anda muito sério”, a ala 4 “Funcionários da Fábrica de Alegria” e a ala 9 “O Palhaço o que é, Ladrão de mulher”. Já as alas “O mundo anda muito sério” e “Heroínas Superpoderosas” poderiam ter mostrado um canto mais intenso.
Evolução
A Acadêmicos de Vigário Geral começou o seu desfile com uma evolução correta, aproveitando todos os espaços da avenida Marquês de Sapucaí. O desfile ocorreu sem grandes problemas, fluindo de uma forma espontânea e alegre por toda a pista. Muitas musas desfilaram entre as alas como destaque de chão, o que evitou com que elas pudessem embolar na passarela. A agremiação optou por não realizar o recuo de bateria no segundo box, passando direto rumo à Praça da Apoteose. Uma integrante da ala 9 “O palhaço o que é, Ladrão de mulher” escorregou na pista molhada e infelizmente precisou deixar o desfile.
Fantasias
Foi apresentado um belo e colorido conjunto de fantasias de durante o desfile da agremiação tricolor. Destaque para os figurinos da Ala 5 “Brincadeira de Rua” e da Ala 7 “São Cosme e São Damião”, que eram de fácil leitura e muito bom gosto. Além da fantasia da Ala das Baianas “Fadas e Seres Místicos da Alegria”, toda em dourado e branco, muito bem acabada, e que causou um interessante efeito visual na avenida.
Porém, o restante das fantasias da Vigário não apresentou o mesmo padrão na execução dos figurinos idealizados pelos carnavalescos. As alas “O mundo anda muito sério”, “São Cosme e Damião”, “A turma do sítio” e a bateria “Vigarista Colorado” tiveram problemas com o adereço de cabeça. Alguns componentes perderam o “chapéu” durante o desfile, comprometendo a uniformidade visual da escola.
Alegorias
O carro abre-alas era uma espécie de “Fantástica Fábrica da Alegria”, repleta de cores, brinquedos infantis e engrenagens. A parte frontal da alegoria trazia um boneco de marionete vestido com as cores da escola. Nas laterais do carro, composições representavam os “Ingredientes da Alegria”. E na parte superior, havia um grande ursinho de pelúcia. A segunda alegoria da Vigário foi batizada de “O Circo”, e rende homenagem para uma das formas artísticas mais antigas da humanidade.
Artistas circenses das mais diversas especialidades (da equipe do Circo Palhaço Topetão) vieram no carro, interagindo com o público e distribuindo guloseimas. No entanto, algumas composições desfilaram com calçado normal. A alegoria trouxe ainda a velha guarda nas suas laterais. Por fim, o terceiro carro “A Felicidade que vem das páginas e das telas” simbolizou os heróis e personagens que ganham vida nos livros, filmes e jogos. No alto da alegoria, havia uma escultura do personagem Wood, do filme Buzz Lightyear.
Enredo
O enredo da Vigário Geral foi inspirado na obra de Roald Dahl, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, sendo desenvolvido pelo trio de carnavalescos Alexandre Costa, Lino Sales e Marcus do Val. “A Fantástica Fábrica da Alegria” teve como fio condutor do desfile o garoto Samir, que vagueia buscando os divertimentos naturais da infância para driblar as dores da vida real. Assim como no livro de Roald (que depois virou filme), o menino de Vigário Geral encontra um bilhete premiado que lhe dá acesso a tal Fábrica da Alegria, onde ele pode brincar e viver momentos de felicidade.
A partir de então, a escola passou a recordar de clássicos brinquedos e brincadeiras que fizeram parte da infância de muita gente. Em seguida, o universo circense entrou em cena na avenida, trazendo toda a magia presente nos picadeiros. Em outro momento do desfile, a Vigário fez alusão aos personagens de filmes, livros, desenhos e jogos que fazem a cabeça da garotada de hoje em dia, cada vez mais conectada. Ao final da jornada, o menino Samir chega à avenida Marquês de Sapucaí para brincar o carnaval.
Outros Destaques
Égili Oliveira veio como a “Rainha da Alegria”, que com todo seu vigor, desenvoltura e samba no pé representou a fonte principal de energia da fábrica de alegria. Sua fantasia era extremamente colorida dos pés à cabeça, simbolizando a união das cores e energias em prol da felicidade. A atriz e professora de afro-samba arrancou aplausos por onde passava ao exibir toda a potência de seu samba no pé.
O quarto casal de mestre-sala e porta-bandeira, Josias Araujo e Sophia Canuto, levantou o público que assistia ao desfile da Vigário Geral. A dupla veio vestida de “Soldadinho de Chumbo e Bailarina de Papel”, em referência ao conto de Hans Christian Andersen. Na concentração, a agremiação tricolor esquentou com a música do “Balão Mágico”.
Destaques da Lins enaltecem homenagem da verde e rosa a Madame Satã
Em meio ao peso de fazer uma releitura do excelente desfile de Madame Satã no Carnaval de 1990, a Lins Imperial buscou contar as fases da vida de João Francisco dos Santos. Nesta pegada, o primeiro e o segundo tripé da escola de samba representavam o primeiro trabalho de João e a incorporação de Madame Satã, respectivamente. Em entrevista ao CARNAVALESCO, os destaques centrais Samille Cunha, Andrea Gaspareli e Meime dos Santos detalharam a importância de trazer esta releitura de enredo.
O primeiro tripé da Lins Imperial representou a Lapa e as casas de tolerância – um tributo às bonecas e às mariposas da região. Ele faz alusão à Pensão da Lapa, onde João conseguiu o seu primeiro emprego e conheceu o mundo boêmio. Nele, Andrea Gaspareli e Meime dos Brilhos vieram como destaque. Meime, que conheceu Madame Satã, falou sobre o sentimento de entrar na Avenida com a responsabilidade de carregar este grande enredo, além da importância de resgatar o nome de Madame Satã.
“Eu me sinto privilegiada, porque eu participei da história da Madame Satã quando trabalhei no Cabaret Casanova, na Lapa, e conheci ela pessoalmente. Por isso, eu me sinto muito honrada de estar aqui representando e fazendo parte deste enredo. Eu realmente fiquei muito feliz. Madame Satã é história. Muita gente pensa que ela foi travesti, mas ela não foi um travesti. Foi um marginal, mas um marginal que depois que saiu da Ilha Grande, se recuperou, fez teatro. Tem todo um legado e uma história. Por isso ela virou enredo”, contou Meime.
Meime destacou que é importante representar o nome de Madame Satã na Passarela do Samba. Ela lembrou que em 1989 a Beija-Flor, de Joãosinho Trinta, fez uma homenagem.
“Para mim, a representatividade de Madame Satã é muito importante. Até acho que as outras escolas bobearam para fazer essa homenagem antes – só Joãosinho Trinta que fez na Beija-Flor de Nilópolis em 1989 uma homenagem. As escolas de samba e os carnavalescos estudam bastante. Eles tinham a capacidade de fazer um bom enredo e uma boa história”, destacou.
O primeiro tripé também é uma homenagem à própria Meime dos Brilhos, que além de ter trabalhado com Madame Satã, foi dona de boate no tradicional bairro boêmio carioca. Destaque e inspiração do carro, Meime comentou sobre a reverência que recebeu da Lins Imperial.
“Como eu trabalhei muitos anos na Lapa, a Lins Imperial está me homenageando dentro do enredo de Madame Satã. Eu sou homenageada pela minha história na Lapa – por muitos anos eu comandei uma casa noturna lá. Por isso, eu me sinto dentro do enredo Eu estou sendo homenageada, então eu criei meu próprio ‘figurino’”, explicou.
Andrea Gaspareli, outro destaque do tripé, falou sobre a importância de Madame Satã para as travestis da época. Andrea representou as transformistas que trabalhavam na Lapa.
“Madame Satã era partideira e defendia todas nós travestis quando a polícia vinha nos castigar. Ela vinha e brigava. Madame Satã era ‘babado’.Hoje eu estou representando as transformistas e as travestis que faziam show na Lapa”, contou Andrea.
Para ela, sempre é importante defender causas. Andrea comentou sobre o papel da escola neste enredo e também lembrou que na época em que Madame Satã, mesmo com um preconceito maior do que o da atualidade, não deixou de lutar pelas minorias e pelos seus sonhos.
“Defesa em alguma coisa é sempre muito importante, principalmente do povo LGBT. Na época em que Madame Satã viveu não era tão liberal como hoje, mas ela já lutava por isso. O nosso grande prestígio e a nossa grande homenagem hoje é para essa grande figura que foi Madame Satã. Ela nos representou muito bem. A escola está completa e esse enredo tem tudo a ver. Vem para destacar que nós temos lugar na sociedade e no mundo, além de reivindicar que queremos carinho e respeito”, explicou.
Andrea destacou que o enredo da Lins Imperial tem o papel de destacar ainda mais a luta da comunidade negra e LGBTQUIA+, trazendo uma mensagem de paz, amor e respeito.. Ela lembrou que ainda há preconceito e precisa ser combatido no dia a dia.
“Acredito que ainda tem o que melhorar. Preconceito existe em tudo o que é lugar, mas, aos poucos, a gente vai chegando lá. Estou vindo com o maior privilégio, como ator e transformista que sou. A mensagem que queremos deixar é paz, amor e muito respeito pelas pessoas. Vivam a vida, porque ela é muito importante”, disse Andrea Gaspareli, que era destaque do primeiro tripé.
O segundo tripé da escola de Lins, “Um padê para Satã, representou as oferendas e incorporou Madame Satã, entidade dos seres das ruas, as bonecas e toda a população negra e LGBTQUIA+. Nele, Samille Cunha e Jorge Medeiros eram destaques do carro. O tripé tem imagens de Madame Satã, além da representação das oferendas. Samille Cunha, em entrevista ao CARNAVALESCO, destacou que o enredo surge em um momento de luta por direitos aos menos favorecidos.
“É um momento histórico não só para a escola, mas para o carnaval carioca. Estamos em um momento que se fala da luta LGBT contra o preconceito e a favor do direito das diferenças. O Edu (Carnavalesco), teve esse achado nessa frase poderosa que é ‘resistir para existir’. A gente traz esse grito que não é somente um enredo, mas um manifesto em favor dessas minorias. Eu me sinto extremamente orgulhosa, porque eu fui orientadora do Eduardo na graduação e ele sempre foi um pupilo. Quando ele falou que me queria representando um grande ebó para Satã, eu vim. A Lins Imperial já fez esse enredo lá na década de 90. Hoje é uma releitura com um olhar mais contemporâneo. Há uma liberdade de reconstrução desta personagem e uma reinvenção de uma tradição dos excluídos, das travestis e das putas da Lapa. No século 21, esse grito de resistência permanece. A gente está aqui para quebrar preconceitos e romper essa barreira”, enfatizou Samille.
Samille Cunha também detalhou o seu papel como destaque neste segundo tripé, além de explicar o que o carro representa no enredo da escola de samba: um padê para Satã.
“Satã, após o período em que esteve preso, vai para Ilha Grande, que está sendo representado no último carro. Mas aqui, neste tripé, está o alimento e o assentamento de Satã. Claro, é carnaval e a gente faz uma referência e uma leitura poética. Ele me pediu para fazer este ebó, que não é, necessariamente, um padê de Exu e sim um padê de Satã. Há uma ironia e um humor meio ácido. A gente traz no ebó de Satã a carne e o peixe, porque ele tinha um restaurante em Ilha Grande e era o alimento que ele servia. Hoje Satã é o nosso alimento e o alimento da Lins Imperial para, praticamente, abrir o carnaval carioca rumo ao especial”, falou.