Em aniversário de Marcão, comunidade é quem ganha presente com a excelência da SuperSom no ensaio de rua do Tuiuti
Por Lucas Santos e Rafael Soares
Após uma excelente apresentação no lançamento do álbum da Liesa na Cidade do Samba, o Paraíso do Tuiuti realizou nesta segunda-feira mais um dos seus esperados ensaios de rua no Campo de São Cristóvão. Com pouco mais de uma hora de duração, o tradicional treino mais uma vez teve a bateria de mestre Marcão se destacando com bom ritmo e bossas bens casadas com o samba. Mais do que isso, o aniversariante do dia, indo para o seu terceiro carnaval à frente da SuperSom impulsionou, com seus ritmistas, o desempenho da obra para o próximo desfile que foi muito bem conduzida por Pixulé, de volta à escola após não ter conseguido cantar no mini-desfile, e seu carro de som. Outro ponto a se destacar foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, que fizeram uma coreografia belíssima unindo dança clássica com a potência de passos afros. O treino contou com bom contingente de componentes e bom público que ficou até o final mesmo com uma chuva fina que começou a cair na metade para o final do ensaio.

No carnaval de 2024, o Paraíso do Tuiuti levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, e vai homenagear João Cândido. A Azul e Amarela será a penúltima escola a desfilar na segunda escola a desfilar na segunda-feira de carnaval. Aniversariante do dia, mestre Marcão agradeceu a Deus por poder comemorar mais um ano de vida ao lado de seus ritmistas, ensaiando na escola onde já é ídolo.
“Isso é um presente de Deus. O ensaio cai logo no dia do meu aniversário. Eu fico mais feliz porque está todo mundo junto, a rapaziada está aqui, fazendo o que a gente gosta. Então, isso pra mim não tem preço.Tivemos aquele show no sábado, no mini desfile. Foi bom pra caramba. Todo mundo gostou. E hoje, já tivemos gravação e emendamos no ensaio. A gente fica até cansado, mas é isso, faz parte do processo’’, avalia o comandante da SuperSom.
Buscando sempre a excelência no desempenho da escola, o diretor de carnaval André Gonçalves elogiou mais um treino do Tuiuti, mas sempre ressaltando a necessidade de sempre procurar fazer melhor em todos os quesitos.
“Na semana passada, eu falei sobre a preparação para o mini desfile, que estaríamos prontos. Graças a Deus, chegamos lá e mostramos um belíssimo trabalho. Os comentários têm sido maravilhosos. Daqui pra frente, é um trabalho de lapidação, iremos fazer muito isso. Estamos prontos? Não. Estamos nos preparando para uma bela apresentação na Marquês de Sapucaí no ensaio técnico. Vamos chegar lá e mostrar que a escola está preparada para encarar o desfile. Vamos correr atrás daquele décimo que a gente espera tanto.Estamos trabalhando em cima de todos os quesitos. Todos podem e devem melhorar. Todo trabalho que está sendo feito aqui é para que tenha essa melhoria e esse acontecimento’’, promete o profissional.
Outro destaque da noite, o intérprete Pixulé aproveitou para esclarecer para a comunidade e aqueles que o admiram o motivo de não ter conseguido cantar pelo Tuiuti no lançamento do álbum da Liesa e comemoração relativa ao Dia Nacional do Samba, no último sábado na Cidade do Samba.
“Não foi nada demais, simplesmente eu perdi o meu voo de São Paulo para cá. Acabou que lá em São Paulo o mini desfile atrasou, começou a embolar o horário, eu saí de lá agulhado, nem cantei na Barroca Zona Sul, vim para o Rio, mas quando cheguei no aeroporto, as portas fechadas, não tive como chegar aqui para abrilhantar ainda mais o desfile do Tuiuti, que foi um estrondo, foi um esculacho, eu sou suspeito em falar, mas na minha opinião foi uma das melhores escolas dos dois dias. Foi o Quilombo do Samba, o Paraíso do Tuiuti. Estou muito feliz e não tenho como expressar a felicidade que estou sentindo de ser o cantor oficial do Paraíso do Tuiuti “, explica o cantor.
Comissão de Frente
Comandos por Cláudia Mota e Edifranc Alves, os bailarinos já “aguçaram” a curiosidade do público com uma coreografia bastante valente e que em diversos momentos pontuava a letra do samba. Logo no início da apresentação, através do verso na cabeça do samba “Nas águas da Guanabara” os componentes através da coreografia produziam um movimento que imitava o balanço do mar. Em “as costas marcadas por tantas marés” , os bailarinos mais uma vez situavam a obra ao tocar o próprio dorso enquanto continuavam trazendo os movimentos de navio e o balanço do mar. Em “Lerê Lerê…” a coreografia tem uma guinada de força com os bailarinos dançando mas com as mãos para trás como se estivessem presos a grilhões. Antes do refrão principal, as mãos para cima para saudar o Almirante Negro e pedir liberdade, encerrando com muita força de movimentos no “Liberdade no coração…”. Apresentação bem intensa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Certa vez, Raphael declarou que dançar com Dandara fez com que ele desistisse de se aposentar da função. E que bom que isso não aconteceu, Dandara merece, então, muitos agradecimentos, porque o casal está cada vez mais entrosado e cada vez mais apresentando um bailado belíssimo. Neste treino no Campo de São Cristóvão, a dupla deu o tom certinho entre passos um pouco mais coreografados, bem dentro do enredo, e o bailado característico e clássico de um casal de mestre-sala e porta-bandeira. Além disso, é uma dança muito característica dos dois, tem personalidade. A “dancinha” no “Lerê, Lerê mais um preto lutando pelo irmão…” é extraordinária, transmitindo alguns passos afros com potência e ritmo. E é ainda mais extraordinário quando no trecho seguinte “Meu nego…”, a dupla volta instantaneamente para uma postura mais doce e delicada, mais clássica. Grande apresentação.
Harmonia
Com uma obra que foi apresentada a comunidade já há um bom tempo, e com a agremiação realizando o seu sexto ensaio de rua , como esperado, o canto está na ponta da língua do componente e o samba teve um desempenho satisfatório neste treino após o excelente desempenho no lançamento do álbum da Liesa na Cidade do Samba, no sábado passado. Claro, há ainda margem para crescimento, principalmente pensando em um contingente maior, olhando apenas para os ensaios de rua, mas a comunidade começou com muita força, pulsando bastante o samba. Destaque para o trecho que antecede o refrão ” Salve o almirante negro..” até o próprio refrão principal, onde você sentia o frisson com os foiões berrando. Importante citar também o destaque para o domínio mais uma vez que Pixulé e seu carro de som tiveram em relação à obra. Deram força quando era necessário, deram ritmo e deram também muita precisão nas notas.
Sobre o desempenho do carro de som, o intérprete expressou toda a sua felicidade por viver esse momento no Paraíso do Tuiuti.
“A minha ala musical, o carro de som, está bem desde o primeiro dia, desde o primeiro ensaio, e esse casamento com mestre Marcão e toda a bateria foi e está sendo um casamento perfeito, como quem acompanhou este ensaio pode ver. O ensaio foi perfeito, maravilhoso, não tenho palavras, e a comunidade está com o samba na ponta da língua, está correspondendo, vocês vão ver o que vai rolar, o que vai acontecer no ensaio técnico do Tuiuti, vocês vão ver todo o povo cantando o samba do Paraíso do Tuiuti. Estou feliz da vida na minha escola. Me sinto em casa, aqui estou no meu quilombo do samba. É por isso que o Tuiuti é conhecido como ‘Quilombo do Samba’ e o Pixulé faz parte desse quilombo”.
Sobre o canto da escola, o diretor de harmonia Jeferson Carlos afirmou que o Tuiuti ainda busca melhorar até o ensaio técnico e o desfile.
“Gradativamente, a gente vai crescendo nosso volume de canto, nossa evolução. Aos poucos, os componentes vão assimilando a proposta do nosso carnaval. O resultado hoje foi muito positivo.A cada ensaio é um ajuste que a gente faz. Até chegar o ensaio técnico e, depois, o desfile, muita coisa pode ser melhorada para a gente chegar à perfeição’’.
Evolução
Mudando um pouco o trecho que a agremiação fazia ensaios, nos anos anteriores, agora na pista do meio, mais nivelada e com melhor iluminação no Campo de São Cristóvão, os componentes puderam mostrar um desempenho mais compacto e longe de ter componentes dispersos. A escola apresentou uma evolução mais controlada e fluída, ainda que com espontaneidade. Se nos últimos desfiles, os enredos produziram uma dança com um tom mais coreografado, neste treino pode-se ver muito mais a espontaneidade e a alegria do componente, com diversos foliões arriscando ou realmente mostrando o samba no pé. A única atenção que o Tuiuti deve ter é com o avanço das alas logo atrás dos casais para que não haja um espaçamento muito grande que possa se desenvolver para formar um buraco. Fora isso, uma evolução muito boa da escola.
Samba-enredo
O samba mais uma vez mostrou que o Tuiuti faz bem em apostar no formato da encomenda. Este, além de ter a cara da escola, casou muito bem com a voz e o estilo de Pixulé, além de proporcionar ao mestre Marcão a criação de bossas e uma levada muito agradável e dançante. A obra também foi fundamental para uma boa evolução. Outro ponto bastante destacável é que a letra e a melodia são bastante intuitivas, ajudando no aprendizado, mas com riqueza, com qualidade e boas soluções harmônicas. Sem ter um andamento muito corrido, fez com que os componentes aproveitassem mais ainda o desfile. E nisto, a bateria de mestre Marcão mais uma vez foi fundamental dando o tom, o clima para que o samba tivesse um grande rendimento. Não foi notado problemas com a letra ou melodia, componentes sabiam direitinho o que estavam cantando.
Outros destaques
Antes do samba propriamente dito e logo após o esquenta, o carro de som cantou uma alegre parabéns para mestre Marcão que, como dito acima, fez aniversário na segunda-feira. O diretor de carnaval André Gonçalves, em nome do presidente Renato Thor, agradeceu aos componentes e segmentos pelo desempenho na apresentação do Paraíso do Tuiuti na festa de lançamento do álbum da Liesa no último sábado. A rainha Mayara Lima mais uma vez foi bastante festejada pelos componentes e público pelo samba no pé e pela simpatia. Em determinado momento, a beldade sambou com algumas crianças. Destaque também para a musa da escola Mari Mola, que foi rainha na corte no Carnaval 2023, sempre um furacão no samba e uma doçura na simpatia com a comunidade.
Com as bençãos de São Jorge, Unidos de Bangu grava faixa oficial buscando subir o degrau para pensar na briga pelo acesso
Tradicional agremiação que leva as cores e os símbolos do simpático clube do bairro da Zona Oeste do Rio, a Unidos de Bangu já está no principal grupo de acesso do carnaval carioca desde 2018. De lá pra cá apresentando bons sambas, a melhor colocação conquistada pela escola foi um sétimo lugar em 2022 quando homenageou seu patrono o Castor de Andrade. Querendo dar um passo maior e almejar o grupo de escolas que se colocam melhor posicionadas na briga pelo título, a Vermelha e Branca da Zona Oeste manteve no comando da “Caldeirão da Zona Oeste”, mestre Laion que junto com os seus ritmistas gabaritaram os 40 pontos em 2023. Para a voz, a agremiação trouxe de volta Igor Vianna, após a saída do ótimo Pixulé, que cantará no Paraíso do Tuiuti no próximo carnaval. Igor vem de um trabalho bem elogiado na União da Ilha no desfile passado e em 2022, ao lado de Nêgo, ajudou o Império Serrano a conquistar o acesso ao Grupo Especial. A dupla Laion e Igor conquistaram o prêmio Estrela do Carnaval 2023 oferecido pelo site CARNAVALESCO, nas categorias, respectivamente, de melhor bateria e melhor intérprete da Série Ouro. Sobre esse reconhecimento e o que vem planejando para o próximo carnaval, mestre Laion afirmou, durante as gravações da faixa da Bangu para a Liga-RJ em Marechal Hermes, que já se sente em casa neste segundo ano trabalhando na agremiação.

“Muito feliz, é uma premiação que é uma referência para o carnaval e coroa um trabalho bem desenvolvido. Estamos buscando as nossas conquistas e concretizando os nossos objetivos. Em Bangu é um acolhimento surreal, já estamos em um trabalho diferente do primeiro para o segundo ano, agora os processos estão mais consolidados, e temos uma resposta muito positiva da galera da casa que permaneceu com o mestre Léo (Capoeira) por muito tempo, ele deixou uma base e agora estamos dando continuidade ao trabalho”, explica Laion.
Com o enredo “Jorge da Capadócia”, a Unidos de Bangu vem se preparando para fazer bonito no Carnaval 2024. Com o trabalho artístico do carnavalesco Robson Goulart pelo segundo ano consecutivo, a escola pretende contar a história de São Jorge, deste jovem soldado, que chega ao posto de capitão da Capadócia, até o momento que ele enfrenta as batalhas por não aceitar as ordens do imperador Diocleciano e vira uma figura sagrada, um santo aclamado por diversos cantos do mundo.
Sobre a preparação para a gravação no M&C Studio, o comandante da “Caldeirão da Zona Oeste” explicou que os ritmistas procuraram focar no trabalho sobre o samba e aproveitou para elogiar o tema escolhido pela escola, que segundo Laion tem uma valor sentimental para o profissional.
“Já estamos trabalhando com os ritmistas há mais de dois meses, o enredo é um tema que toca muito o meu coração, Jorge da Capadócia tem uma ligação com São Jorge, e eu, que tenho o nascimento no dia, foi um presente de Deus e de São Jorge, nosso padroeiro, meu fiel escudeiro, com isso acredito que será um dos trabalhos mais importantes na minha carreira até o momento, é um investimento máximo neste trabalho, dentro disso é entregar o melhor sempre”, promete o profissional.
Samba encomendado e retorno de uma voz bem conhecida
Interpretado por Igor Vianna e Pipa Brasey, o samba-enredo da Unidos de Bangu é assinado pelos compositores Tem-Tem Jr, Dudu Senna, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Rafael Ribeiro, Ronie Oliveira, Cândido Bigarin, Binho Percussão VR, Jorginho Via 13, Juca, Renan Diniz e Denis Moares. A obra foi uma encomenda. De volta à escola por onde passou no ano de 2020, Igor Vianna explicou que a confecção do samba contou com encontros entre os poetas e o cantor para aparar as arestas e conseguir obter o melhor resultado.
“Para definir o samba de 2024, nós tivemos alguns encontros na casa dos compositores e até ela estar completa, fizemos algumas gravações e ouvimos a melhor para dentro do contexto do enredo, daí o presidente e a diretoria escolheu essa versão que já está sendo divulgada pela escola. É um samba forte, aguerrido, que irá dar bons frutos na Sapucaí. Agora o próximo passo é intensificar o trabalho, ir para o estúdio, ensaiar com uma rapaziada que já me acompanha há muito tempo e a gente sempre espera que o samba cresça na Avenida, o samba já nasceu grande, e para a Sapucaí que ele cresça mais ainda, e isso, só o tempo vai nos dizer, mas que o trabalho está sendo feito com muito carinho, isso pode ter certeza”, afirma o intérprete.
Quem vai estar ao lado de Igor Vianna será a cantora Pipa Brasey, que vai estrear como intérprete oficial na Sapucaí. Com mais de 30 anos de carreira na música internacional, cantando samba e bossa nova, ela esteve como apoio da escola no desfile sobre Xangô Aganjú, neste ano, e é madrinha do carro de som da Portela. Sobre a formação do carro de som da agremiação, Igor revelou que trouxe pessoas de sua confiança para o bom desenvolvimento do trabalho.
“Nós tivemos nossos primeiros encontros com a comunidade, o carro de som é formado por uma rapaziada que eu já trabalho há muito tempo, desde 2018, 2019, e a gente já se conhece bem, eles já conhecem o meu jeito, logo no olhar, quando eu acho que está legal eles sabem, quando eu acho que não está legal, eles também sabem, e fazem de tudo para o trabalho ficar do jeito que eu penso que vai surtir um bom efeito para a escola. A gente já está trabalhando muito e pode ter certeza que o couro vai comer”, assegura Igor.
Neste processo de desenvolvimento do samba, mestre Laion procurou não inventar muito para a gravação e pretende fazer um trabalho, tanto para a gravação quanto para a Sapucaí, voltados para respeitar as características da obra.
“Desejo que a escola aprenda bem o samba, cante bem o samba, e pode esperar sempre o melhor da “Caldeirão da Zona Oeste. Estou muito motivado, muito entregue neste trabalho, vou realizar um trabalho maduro, muito centrado naquilo que pede o samba, desenvolvendo os processos em cima da melodia, se atentando ao samba as pessoas vão facilmente poder acompanhar o trabalho da bateria, bossas dentro da métrica, da letra do samba, tudo que a obra está pedindo, estamos entregando. Com isso, faz parte da nossa estratégia para a gente conquistar mais uma vez a nota máxima e se Deus quiser outros prêmios e outros objetivos que fazem parte desse nosso trabalho”, acredita mestre Laion.
Projeto do próximo carnaval maior do que em 2023
“Salve Jorge Guerreiro/ Senhor do meu caminhar/ Vou de corpo fechado/Pra vitória alcançar”, versos do refrão principal que dão o entendimento de toda a vontade que a escola está de fazer um grande desfile e poder sonhar com o inédito acesso ao Grupo Especial. Sobre o desenvolvimento do carnaval da Bangu, o diretor Marcelo do Rap definiu como o maior projeto da agremiação para um desfile, superando em muito o já elogiado projeto do desfile passado.
“Estamos muito tranquilos com o carnaval da Unidos de Bangu principalmente no que podemos falar sobre tempo, a gente já está com 90% das fantasias em fase de ensacar, é um fato inédito na escola, mesmo com as dificuldades que o carnaval nos impõe, é uma correria danada, e a gente sempre está entregando as coisas em cima da hora, mas a Bangu está com o projeto de carnaval bem maior que do carnaval passado, que foi bastante elogiado, talvez seja duas vezes do que foi para 2023, acredito que a agremiação começa a se firmar como uma escola que pleiteia Grupo Especial, e temos que começar a vivenciar isso dentro da proposta de carnaval que vamos levar para a Avenida”, entende o dirigente.
Um dos pontos altos para a Unidos de Bangu acreditar em surpreender e se apresentar como candidata ao acesso é o enredo, definido por Marcelo do Rap como um dos principais trunfos da Vermelha e Branca da Zona Oeste.
“O enredo é um enredo muito forte. Falar de Jorge da Capadócia, a gente falar dos Jorges que tem aí por todo o Brasil, os Jorges que não são Jorges, que somos nós, o povo brasileiro, um povo guerreiro, isso já mexe muito com o cidadão e com quem gosta de carnaval, que gosta de falar da religiosidade que Jorge tem na cultura brasileira, e é isso que a gente vai levar para a Avenida, um samba muito forte, um samba muito emocionante em diversas partes, em que a gente fala o que é viver essa vida difícil de batalhas do dia a dia, daquilo que a gente fala que é matar um dragão a cada dia, e o povo brasileiro vai vivendo com a felicidade, com esse espírito aguerrido que a Unidos de Bangu também vai levar em seu desfile”, esclarece Marcelo.
A Unidos de Bangu será a sétima escola a desfilar no segundo dia da Série Ouro, em 10 de fevereiro, na Sapucaí.
Inocentes grava faixa oficial 2024 com dupla que fez sucesso na Caçulinha da Baixada em 2012
O ano de 2012 talvez, em termos de resultado, tenha sido o mais importante da história da Inocentes de Belford Roxo. Fundada há 30 anos, a Tricolor da Baixada Fluminense conquistou naquele carnaval o título da então chamada Série A, hoje representada como Série Ouro, e conseguiu o acesso para a elite da folia carioca. Claro, que pensando em história, 2013 é o ano da agremiação no Grupo Especial. Mas, 2012, com certeza foi um ano em que a escola comemorou mais e que as coisas deram muito certo. Em comum aquele desfile, em 2024, a Inocentes vai reeditar uma dupla importantíssima para aquele resultado. Trata-se de mestre Washington Paz, que volta a comandar a Cadência da Baixada, agora ao lado de mestre Juninho, depois de um hiato de 2 anos, e Thiago Brito, intérprete que já retornou à escola no carnaval passado, no qual a agremiação conseguiu um terceiro lugar.

Sobre este retorno à escola, mestre Washington Paz fez questão de enfatizar o carinho recebido da comunidade da Inocentes e do próprio mestre Juninho que comandou sozinho os ritmistas da Cadência da Baixada nestes dois anos de ausência do experiente mestre.
“Tem sido muito bacana, a comunidade sempre me tratando com muito carinho, nosso primeiro encontro nesta volta foi marcante, todo mundo vindo falar comigo, me abraçar, todo mundo comemorando, a própria recepção do mestre Juninho que é um irmão para mim. Eu costumo dizer que eu saí da escola, mas não saí da bateria, então, retornando para casa”, entende Washington.
Sobre a parceria com mestre Washington Paz que está de volta à agremiação, o intérprete Thiago Brito lembra com carinho o ano de 2012 e espera que a parceria para 2024 possa voltar a render o tão sonhado título e mais um acesso para a Caçulinha da Baixada.
“Foi um ano muito marcante para a minha carreira, trabalhando com o Washington que é um irmão desde outras agremiações, estamos juntos há muito tempo, e aquele ano foi a minha estreia na Inocentes de Belford Roxo, fizemos um carnaval maravilhoso, conseguindo conquistar o tão sonhado título para aquela cidade maravilhosa, e em 2013 fizemos um lindo trabalho também no Grupo Especial. Depois o Washington continuou, eu fui para lá, fui para cá, fiz outros trabalhos, retornei no carnaval passado, estamos aí para 2024 e agora com o retorno desse meu irmão, ele já é da casa, a gente se entende só no olhar, não tem mistério, a gente troca ideia, paramos para ajustar, e o resultado vocês vão começar a conferir na gravação e na Avenida vai ser maravilhoso, se Deus quiser, mais um título para Belford Roxo”, projeta Thiago.
Gravação já vai dar o tom do que a escola pretende levar para a Avenida
O enredo “Debret pintou, camelô gritou: ‘compre 2 leve 3!’ Tudo para agradar o freguês”, está sendo desenvolvido pelos carnavalescos Cristiano Bara e Marco Falleiros e busca exaltar a importância dos camelôs na história e na vida do brasileiro, desde a colonização, retratado nas pinturas de Jean-Baptiste Debret, até os dias de hoje. Quem ouvir a faixa oficial da Liga RJ da Inocentes vai poder perceber até toda aquela agitação e todo aquele burburinho que a gente escuta próximos dos profissionais que vendem os produtos pelas ruas ou nas barraquinhas, um traço da cultura do Rio de Janeiro. Sobre a gravação, Thiago Brito revelou uma perspectiva bastante positiva quanto ao resultado final.
“A expectativa é que saia uma faixa maravilhosa, um samba maravilhoso que a gente fez com todo o carinho, todo amor por essa escola, o enredo brilhante, tem tudo para dar certo, trabalhamos bastante para trazer o melhor na faixa da Inocentes, antes de gravar eu nem dormi, sou um cara que fico ansioso, pensando em fazer o melhor, ligo para o Vitor( Alves, diretor musical e arranjador da faixa), falo com o Washington, estou com essa ideia, vamos tentar ajustar, vamos fazer desse jeito, do outro, podem ter certeza que é uma faixa feita com muito amor, com muita dedicação, muito empenho, em prol desta escola que a gente tanto ama e temos o maior carinho”, prometeu o cantor.
“Debret debruçado na janela, viu a preta de benguela ensaiando o pregão” são os versos que abrem a cabeça do samba e já intencionam toda a irreverência que a obra quer trazer e que o próprio enredo pede. A agremiação chegou a fazer uma gravação independente assim que a música ficou pronta para poder nortear o trabalho desenvolvido para o carnaval 2024. O intérprete oficial da Caçulinha da Baixada avaliou a faixa da Liga RJ como um trabalho mais completo e maduro em relação ao samba e revelou que muita coisa desenvolvida no M&C Studio em Marechal Hermes deve ser levada para a Sapucaí em fevereiro do ano que vem.
“Acho que vai cair nas graças do povo, é a oficial da Liga RJ, a gravação independente o pessoal já curtiu com vários comentários positivos, e essa para a Série Ouro é ainda mais completa, já fizemos um arranjo que que provavelmente muita coisa a gente já vai usar para o desfile, já foi feita pensando nisso. Óbvio que vai ter mais alguma coisa, a gente não pode contar tudo, o samba a gente vai fazendo um laboratório, não adianta pensar que já está pronto, com o ensaio vem a ideia de um caco, o mestre pensa na bossa, a gente testa e vai agregando várias coisas”, analisa Thiago Brito.
Processo de confecção do samba facilita trabalho da escola
O samba-enredo mais uma vez foi produzido através do processo de encomenda. Os compositores da obra são Cláudio Russo, o intérprete Thiago Brito, Zé Luiz, Chico Alves, André Félix e Altamiro. O diretor de carnaval Saulo Costa analisou o processo e comentou sobre a participação do cantor Thiago Brito em todas as fases de confecção da composição.
“Facilita e muito você ter o intérprete oficial da escola junto com a parceria do Cláudio Russo e companhia na confecção do samba. Ele vai colocar a voz dele, a melodia dele, já sendo criada na feitura do samba, isso tudo facilita bastante e ajuda a chegarmos a um resultado mais satisfatório, aquilo que a gente quer”, aponta o diretor.
Terminada a gravação a escola já tem todo um cronograma preparado para as etapas de desenvolvimento do carnaval. O trabalho de canto vai estar a todo o vapor, promete Saulo Costa.
“Nós estamos todas as quartas-feiras, só com a comunidade, por enquanto na quadra, fazendo ensaio de canto. Passamos uns 10 ou 15 minutos sem a bateria e depois a gente coloca a bateria e o carro de som já completo, cantando o samba e o pessoal está chegando. No primeiro ensaio tivemos um contingente até que razoável, mas, a partir daquele boca a boca, um vai falando para o outro, agora já estamos com um contingente de comunidade bem positivo. E quando passar para a rua tenho certeza que será um estouro”, finaliza o profissional.
Buscando um segundo título do principal grupo de acesso do carnaval carioca, a Inocentes de Belford Roxo será a quarta escola a desfilar na primeira noite de apresentações das agremiações da Liga RJ.
Povo fala! Império de Casa Verde é a favorita do público nos minidesfiles de São Paulo
A imensa maioria das pessoas que estava presente nos minidesfiles que marcam o lançamento do CD das agremiações filiadas à Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) têm uma escola de samba do coração. Isso, entretanto, nem sempre quer dizer que os torcedores escolhem a agremiação preferida como a melhor em uma apresentação. Foi o que aconteceu no evento em questão, realizado no último sábado, Dia Nacional do Samba, na Fábrica do Samba, Zona Oeste da capital paulista.

A maioria das pessoas ouvidas pela reportagem do CARNAVALESCO se declarou torcedora dos Gaviões da Fiel – por conta da ligação com a torcida organizada homônima do Corinthians, clube mais popular da cidade e do estado de São Paulo e segundo com mais apoiadores do Brasil, tal situação é natural. Quem agradou bastante, entretanto, foi a Império de Casa Verde.
- LEIA AQUI NOSSA ANÁLISE: Tom Maior e Mocidade Alegre se destacam em minidesfiles na Fábrica do Samba
Ala musical com destaque
Nem mesmo o desfalque de Tinga, intérprete oficial do Tigre e ausente para cantar na Unidos de Vila Isabel no minidesfile carioca (que desfilou na mesma noite), fez com que a Império de Casa Verde fosse menos apupada. O samba que canta o enredo “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, interpretado por Tiago Nascimento, teve grande sustentação também da Barcelona do Samba, bateria comandada por mestre Zoinho.

Sergio dos Santos, 22 anos, músico e torcedor do Vai-Vai é um dos que se encantou pelo que ouviu. “Para a gente, que vive da música, a batucada é algo que chama muito a atenção. E a Barcelona do Samba eu achei demais hoje. E eles tem um samba chiclete, muito fácil de decorar… acho que a galera vai vir junto no dia do desfile”, suspirou. Lucas Martins, também de 22 anos, químico e torcedor dos Gaviões, concordou. “A Império de Casa Verde foi braba! Gostei muito da bateria deles. Eu tenho um amigo que toca lá e eu foquei neles, não me decepcionei. Além da Barcelona do Samba, também gostei do samba-enredo deles”, afirmou.
Tabata Tamara, de 36 anos, auxiliar de classe e torcedora da Unidos do Peruche (escola da qual surgiu o Império, por sinal), foi mais uma pessoa que se encantou pela obra – mas não só por isso. “Império de Casa Verde eu também gostei. Dei um show! O samba foi bacana demais, também gostei muito de ver a porta-bandeira, a Jéssica Gioz, que é maravilhosa, o canto dos componentes… o conjunto completo foi um show”, arrematou.

Citando outra escola, Gleice Simões, de 39 anos, auxiliar de professora e torcedora do Vai-Vai, endossou o coro da amiga – que faltou no parágrafo acima. “Também gostei muito da Tom Maior e da Império de Casa Verde. Ao meu ver, a Tom Maior tem o melhor samba do Grupo Especial”, afirmou.
Nem só de Tigre se vive
Outros torcedores se encantaram por agremiações do Grupo Especial diferentes. Foi o caso de Cacau Morena, de 40 anos, cabeleireira e torcedora da Mocidade Alegre. “Gostei muito da Acadêmicos do Tatuapé, veio surpreendendo, maravilhosa. Acho que é uma forte candidata, foi maravilhosa. Sem comentários. Eu gostei, primeiro, do samba, que deu uma contagiada. O conjunto todo foi de uma apresentação muito linda, mas o samba deu uma emoção maior”, destacou.

Já Carla Calixto, de 40 anos, professora e torcedora dos Gaviões da Fiel e da Mocidade Unida da Mooca, que estava acompanhada do também professor e também torcedor dos Gaviões Gleidson Leandro, de 34 anos, mostrou que futebol é uma coisa e a confraternização do samba é algo que está além de qualquer outro sentimento. “A gente não quer reconhecer, mas gostamos muito do samba da Mancha Verde. Nós gostamos muito de enredos de escolas que não tínhamos conhecimentos, é o caso da Mancha. Também gostei de Tom Maior e Vai-Vai, que me surpreendeu bastante”, afirmou.
E no visual?
Mesmo sendo difícil avaliar questões estéticas, alguns foliões arriscaram analisar a beleza do bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, dos figurinos e de alguns elementos alegóricos. “Visualmente falando, acho que Mocidade Alegre, Vai-Vai e Gaviões da Fiel vieram bem. Acho que esse desfile vai ser incrível, bem legal de se assistir”, pontuou Sergio. Felix Silva, de 33 anos, cuidador de idoso e torcedor dos Gaviões, elencou outra agremiação. “O Barroca feio forte na parte visual, gostei muito do que eles mostraram”, destacou.

No fim, fica o espírito de Gleidson. “Eu vim ver Mocidade Alegre, Rosas de Ouro, Tom Maior… isso porque foram as escolas que mais me chamaram atenção nesse ano. Eu sou Gaviões de coração, mas a apresentação, o enredo, o que eu vi no Sambódromo dessas escolas eu gostei de sentir, então voltei pra ver”, finalizou.
Com clima de ciranda e ancestralidade, Império da Tijuca grava faixa oficial em homenagem a Lia de Itamaracá
O Império da Tijuca se contabilizou nos últimos anos por fazer boas gravações oficiais dos sambas que vai levar para o carnaval. Apostando sempre na disputa e em sua ala de compositores, a agremiação tem apresentado na Sapucaí grandes obras baseadas em enredos bastante culturais. Para 2024, a tendência é trazer mais um enredo com a cara da escola por isso a Verde e Branca do Morro da Formiga escolheu o enredo “Sou Lia de Itamaracá cirandando a vida na beira do mar”, assinado pelo carnavalesco Júnior Pernambucano, celebrando a vida de Maria Madalena Correia do Nascimento, mais conhecida como Lia de Itamaracá, dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira. Para a realização de mais um grande trabalho musical a escola segue apostando na dupla Jordan e Daniel Silva para guiar, respectivamente, a Sinfonia Imperial e o carro de som do Império da Tijuca. Desde 2018 comandando o carro de som do Primeiro Império do Samba, a voz potente de Daniel Silva será por mais um ano ouvida, não só na faixa oficial para a Liga RJ, mas no desfile da agremiação em fevereiro de 2024.

“A expectativa, como sempre, é a melhor de todas, nós temos uma escola muito forte, muito aguerrida, e esse samba, é uma obra leve, samba gostoso, de refrão fácil. Eu, juntamente com a galera do carro de som, com a diretoria, com a harmonia, e com a bateria do mestre Jordan, estamos todos confiantes em fazer um trabalho coeso, um trabalho bem forte e alegre na Sapucaí. A massa tijucana pode confiar mais uma vez na escola, na diretoria, na bateria, no carro de som, em todos os segmentos, nós estamos entregando corpo e alma para fazer um desfile maravilhoso para nossa comunidade que merece. E nós precisamos deles, quando começar os ensaios, da presença, para tomar a Conde de Bonfim e fazer o nosso Império crescer e crescer, e rumo a vitória, só dependemos deles”, acredita o cantor Daniel Silva.
“Cirandeiro ah, cirandeiro ê/Rainha preta, a voz que tem poder/ Cirandeiro ê, cirendeiro ah/Entra na roda vamos cirandar”, são versos do refrão do meio da composição do Império da Tijuca que expressão tamanho da ordem de condecoração que a homenagem da escola quer atribuir a Lia. Daniel Silva, inclusive, em conversa com a reportagem do CARNAVALESCO, durante as gravações, revelou o tamanho da energia que a homenageada emana para quem está próximo.
“Eu costumo me emocionar muito com as obras e com esse momento de colocar a voz em que a música começa a ganhar vida, a ganhar a cara da escola. Quando eu chego para colocar a voz na gravação oficial, eu me entrego de tal maneira que a energia vem e flui, e não tem jeito, tem que se emocionar. E acho que além disso, o enredo sobre Lia de Itamaracá, quem teve a oportunidade de chegar perto dela, sentir a vibração que ele tem, sem mentira nenhuma, quando você chega perto dela parece que está perto do sol, é uma energia muito forte, é uma tranquilidade, é uma paz que ela te passa e você se sente muito bem. A gente está acreditando muito nesse enredo e nesse samba”, revela o intérprete.
A parceria de Eduardo Katata, JC Couto, Henrique Badá, Ferreti, Zé da Ponte, Sérgio Gil, Gilsinho Oliveira, Gabriel Machado e Gabriel Cascardo se sagrou campeã na disputa de samba-enredo e assinam a obra que vai embalar o próximo desfile do Império da Tijuca. Durante a final, o presidente Tê enfatizou a necessidade da diretoria, segmentos e comunidade colocarem para a fora a emoção do enredo através do canto da obra escolhida.
“Temos um grande enredo que é a Lia de Itamaracá. É uma grande homenagem. Escolhemos um grande samba. Agora, não pode faltar a grande emoção da comunidade e cantar o samba”, espera o mandatário da escola do Morro da Formiga.
Sinfonia Imperial vai trazer o clima das cirandas de roda
Cheia de familiaridade com a música e a dança, Lia começou a carreira artística muito jovem, cantando ciranda desde os 12 anos. A filha de Severino Correia do Nascimento e Matildes Maria da Conceição é a mesma Maria, ou Lia, da música que se transformou num hino: “Essa ciranda/quem me deu foi Lia/que mora na Ilha de Itamaracá”. Por isso, a ciranda de roda, cultura tão brasileira, estará bastante presente no desfile do Império da Tijuca, não só na dança, mas também na parte musical, inclusive na bateria do mestre Jordan. O ritmo inclusive já poderá ser observado de maneira mais suave na gravação da faixa da agremiação para o álbum da Liga-RJ.
“Podem esperar algumas bossas, convenções, Império da Tijuca sempre está inovando em alguma coisa. O enredo sobre a Lia pede surpresas,ainda vamos encaixar tudo certinho. A Lia de Itamaracá brilha com as cirandas e posso adiantar que vamos trabalhar em cima disso”, adianta o diretor de bateria.
Sobre o trabalho desenvolvido na Sinfonia Imperial, que em 2023 gabaritou o 30, tendo apenas um 9,9, que foi descartado com a menor, mestre Jordan estava tranquilo para a gravação da faixa no M&C Studio, em Marechal Hermes, assim como está satisfeito com o cronograma que a escola e os ritmistas tem seguido na processo de preparação para o carnaval 2024.
“Como escolhemos o samba já há um tempinho, a gente já vem trabalhando em cima da obra há mais ou menos um mês, por isso não achamos necessário fazer um ensaio específico para a gravação. Estamos realizando os nossos ensaios de bateria todas as terças-feiras, mais para frente vamos fazer ensaios junto com o canto e está tudo saindo como o planejado o que a gente elaborou de cronograma. A gente então produziu o arranjo em cima do samba, da melodia, já estamos preparando mais coisas para fazer no próximo carnaval e se Deus quiser vai dar tudo certo. Aqui na gravação, a gente não se preocupa muito, porque sempre dá tudo certo, sempre fazemos a gravação rápida e podem esperar que vai vir surpresas por aí”, promete Jordan.
Gravação e escolha de samba cedo facilitaram trabalho
Definindo sua obra para o carnaval 2024 ainda no início de setembro, o Império da Tijuca teve tempo para se preparar para a gravação do álbum com os sambas da Série Ouro e dessa forma, produzir uma gravação satisfatória além de facilitar as próximas etapas do processo de desenvolvimento do seu carnaval. Diretor de carnaval do Primeiro Império do Samba, agora dividindo o comando com Yago Werneck e Aylton Wintrich, Luan Teles explicou como o processo deste ano foi bem mais tranquilo que o do carnaval passado.
“O Império da Tijuca foi uma das primeiras escolas a escolher o samba, com isso a gente teve esse tempo jogando ao nosso favor, não foi como ano passado em que a gente escolheu o samba em uma semana, e na outra semana já tinha que fazer a gravação. Além disso, a gente fez uma gravação no estúdio, uma gravação da escola, em que a gente fez algumas alterações no samba para ficar melhor para a comunidade. Então, a gente já fez uma gravação antes da oficial, nosso time é bom e a galera já veio preparada. Por isso o trabalho foi facilitado aqui no estúdio, pois todo mundo já veio sabendo o que tinha que fazer”, entende o diretor.
Yago Werneck e Aylton Wintrich foram uma importante escolha da agremiação ao lado de Luan, até porque o diretor agora acumula funções com outra escola. Luan Teles é diretor de barracão no Salgueiro. Apesar de admitir uma rotina corrida, o diretor de carnaval do Império esclarece que tem conseguido dar prosseguimento ao trabalho até por ter uma equipe competente ao seu lado.
“É corrido, acaba ficando um pouco corrido até na semana que foi a final do Salgueiro, foi também a da gravação do Império e teve ensaio de final do Salgueiro, aí no sábado a gente foi para São Paulo para fechar o nosso material das alas, conseguimos fechar 80% do nosso material lá, eu até brinco com o meu pai dizendo que as coisas estão jogando a meu favor porque o Salgueiro está bastante adiantado, eu estou dividindo o tempo com as atividades de lá, mas estou com uma equipe muito boa no Império que me dá esse suporte. Então estou conseguindo conciliar as duas escolas, mas o Império já está com 80% do material resolvido, e a gente já começou a liberar para o ateliê. Iniciamos o andamento de 18 alas do Império”, revela o diretor.
Em 2024, o Império da Tijuca será a segunda escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na sexta-feira de Carnaval, dia 09 de fevereiro, pela Série Ouro.
Leandro Vieira sobre exposição: ‘Ideia de pensar o carnaval para além da avenida continua sendo algo que quero e que penso’
Arte, cultura, samba, trabalho, poesia, amor, suor, dedicação… “Corpo Popular”, nova exposição de Leandro Vieira, reúne tudo isso e muito mais no Paço Imperial, na Praça XV, Centro do Rio. É a segunda vez que o artista leva um recorte de seu trabalho para este museu. Desta vez, o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense dá visibilidade a todos os corpos que atuam na produção do carnaval, com destaque para figuras como Sirley Martins, responsável pela confecção das fantasias da ala das baianas, criadas por Leandro Vieira, há mais de dez anos.
“Vi a exposição e, com muito prazer. É a primeira do Leandro que estou participando. Estamos há mais de dez anos juntos, desde que ele começou na Caprichosos de Pilares. Desde então não nos separamos mais. Estou sempre executando as loucuras dele (risos). Estou maravilhada em ver essa exposição com o trabalho dele, as fantasias que ele desenha, os tecidos que ele usa. Ele faz um tecido inferior parecer rico. Ele enriquece uma fantasia com tecido barato, ele é fora de série! Só uma pessoa com a imaginação fértil para criar isso”, frisa a coordenadora da bancada de costura que confecciona as fantasias idealizadas por Leandro Vieira.
Sirley tem uma trajetória de 20 anos de trabalho, com passagens por escolas como Rocinha, Grande Rio e São Clemente. Apesar da experiência, a emoção ao ver um trabalho concluído ainda é a mesma da estreia.
“São três, quatro meses de trabalho pesado, executando tudo isso. Todo mundo acha que é só colocar na máquina, costurar e tá pronto, mas não, tem muitos detalhes, pra sair essa coisa bonita, maravilhosa, que você vê no desfile. É puxado, mas vale a pena porque quando a gente vê o resultado do trabalho na Avenida, tudo lindo, brilhando, você chora de emoção. A gente coloca muito amor no que faz. É emoção pura”.
Dar luz aos trabalhadores do barracão e aos artistas que atuam na produção do carnaval é o ponto alto da mostra “Corpo Popular”, exatamente por isso que na exposição não há fantasias prontas, a ideia é passar pelo processo de criação e mostrar que tudo é feito por muitas mãos, conforme contou Daniela Name, curadora do projeto, durante a abertura.
“A maior dificuldade de fazer a curadoria é que a gente se dispôs a fazer uma exposição do Leandro que é uma espécie de através, de vetor, pra que a gente fale do folião e do trabalhador de barracão que é responsável pela construção da fantasia”, conta Daniela que emenda.

“Foi difícil não só encontrar uma linguagem adequada para falar dos foliões aqui, e dos trabalhadores, na Central, mas também o processo de seleção das imagens dos monóculos. Essa foi uma solução que a gente encontrou pra dar maior visibilidade possível ao folião. Porque se a gente imprimisse e colocasse na moldura não ia espacialmente e quantitativamente conseguir fazer isso, e pra reforçar a ideia do através e da experiência de estar num desfile”, contou curadora da mostra que tem uma extensão na Central do Brasil. O vagão-galeria, na Plataforma 13, é dedicado aos trabalhadores e artífices dos barracões, parceiros de Leandro na realização dos figurinos que o artista imagina. A estreia está agendada para dia 9 de dezembro, às 11h, no Trem na Plataforma 13.
Nesta exposição, a segunda no Paço Imperial, Leandro Vieira mostra recortes de produções dos últimos 10 carnavais que fez, reunindo trabalhos realizados na Caprichosos de Pilares, Mangueira e Imperatriz. Com este projeto ele retoma um assunto do qual é apaixonado; pensar o carnaval em várias vertentes.
“Estar aqui de novo é motivo de muito orgulho. Mostra que a trajetória continua, que a ideia de pensar o carnaval para além da avenida de desfiles continua sendo algo que eu quero pra mim e que penso. Acho que o carnaval precisa sobreviver à quarta-feira (de cinzas). Precisa ocupar mais espaços, estar no centro de outros debates. A gente precisa lançar luz nessa produção artística gigantesca que não é só minha, de milhares de trabalhadores e outros profissionais que ficam restritos ou limitados ao pensamento festivo. Adoro a ideia de carnaval como festa, mas gosto mais da ideia de carnaval não ser só festa, que pode ser porta para outros debates, que pode ocupar outros lugares e transitar ao longo do ano por outros territórios”.
Amigo e companheiro de jornada
Cátia Drumond, presidente da Imperatriz, esteve na inauguração da mostra e falou sobre a convivência com Leandro Viera, o artista e o amigo.
“Leandro pra mim é um fenômeno. Um artista completo. Ele escreve os enredos, ele desenha, faz o barracão, administra, é um cara especial. E falando da pessoa Leandro… É um grande amigo. Uma pessoa que tenho muita admiração, que é merecedor de todas as vitórias e todos os sucessos que têm conquistado na vida”, enfatiza a presidente.
João Felipe Drumond, diretor executivo da Rainha de Ramos, relatou a experiência de ver o dia a dia da construção do carnaval emoldurado na exposição do amigo e colega de trabalho.
“Muita coisa que vi aqui, acompanhei o processo de criação no barracão. Fantasias e até alguns figurinos que estão expostos aí e algumas peças do carnaval passado. É muito bonito ver esse trabalho dele, Leandro hoje é um expoente de nossa arte no Brasil. Ele pensa o carnaval e arte pela qual é apaixonado de maneira diferente da grande maioria dos artistas. Estou muito feliz. É muito bom ver tudo o que a gente vive ao longo do ano exposto de uma maneira tão bonita”, falou João, que adiantou que há spoilers do próximo carnaval da Imperatriz na exposição.
Carla Maria Copque Galvão, que desfila na agremiação de Ramos há 25 anos, estava visivelmente emocionada ao se ver na videoinstalação de “Corpo Popular”, onde fala da sua grande paixão; desfilar na ala das baianas.
“É a primeira vez que me vejo numa exposição. Estou muito emocionada, com a voz embargada. Gosto muito de colocar a fantasia e rodar, de desfilar com garra pra minha escola ser campeã. Sou apaixonada pela Imperatriz. Sempre desfilei de baiana. Leandro é nota mil. Estou sem palavras! As fantasias dele são maravilhosas, elegantes que dá pra gente brincar na Avenida”, enfatizou a componente da Rainha de Ramos, que aparece na exposição falando sobre a arte de desfilar na ala de baianas.

PAÇO IMPERIAL
Inauguração: dia 2 de dezembro, sábado, das 14h às 18h
Visitação: de 3 de dezembro a 25 de fevereiro, das 12h às 18h, de 3as feiras aos domingos.
Praça XV de novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita
Trem-galeria na Central do Brasil
Inauguração: dia 9 de dezembro, sábado, às 11h com conversa com artista e curadora
Trem na Plataforma 13 da Central
Visitação: sempre aos sábados
9 e 16 de dezembro de 2023
6, 13, 20 e 27 de janeiro de 2024
Das 9h às 18h
Praça Cristiano Ottoni, s/n Centro – Rio de Janeiro – RJ
Acesso pelas roletas de passageiros da Supervia
‘Carnaval de 2024 tem tudo para ser o melhor dos últimos anos’, diz Luís Gustavo Mostof, vice-presidente da Riotur
Criados em 2022 após a pandemia, os minidesfiles foram ainda mais especiais neste ano: o espetáculo entrou no calendário da celebração do Dia Nacional do Samba, anualmente em 2 de dezembro. Realizado na Cidade do Samba ao longo de dois dias – sexta-feira e sábado, o evento reuniu as 12 escolas do Grupo Especial. Além disso, a edição deste ano teve show de Diogo Nogueira, roda de samba do Beco do Rato, Cordão da Bola Preta e apresentação do Cacique de Ramos.

Neste ano, a Cidade do Samba recebeu mais público que o comum. Isso porque além dos mini desfiles, 2023 marcou o novo formato do concurso de Rainha do Carnaval e Rei Momo. A proposta é, de acordo com ele, valorizar o carnaval, fortalecer o turismo e criar mais uma data de eventos para a Cidade do Samba. De acordo com o vice-presidente da Riotur, Luís Gustavo Mostof, a ideia é incluir a data no calendário oficial de eventos da Cidade do Samba.
“Com certeza. já faz parte (minidesfiles) do calendário fixo da Cidade do Samba e vai se tornar cada vez mais um atrativo da cidade, para que turistas possam, no mês de dezembro, nos visitar e participar de um evento tão importante como esse. Foi um ano que conseguimos efetivamente tirar do papel algumas ideias que tínhamos. No concurso de rainha e Rei Momo a gente transmitiu a possibilidade de que ao longo de todos os quatro cantos do Rio de Janeiro todas escolas pudessem participar. Estamos conversando com o Gabriel (David), porque todo ano nós tentamos inovar em alguma coisa”, explica.

O minidesfile também marcou o lançamento do álbum oficial de sambas-enredo do Grupo Especial de 2024. A ordem de apresentação seguiu a sequência de desfiles. No primeiro dia, passaram pela Cidade do Samba Porto da Pedra, Beija-Flor, Salgueiro, Grande Rio, Unidos da Tijuca e a atual campeã Imperatriz Leopoldinense. No sábado foi a vez da Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro. Mostof citou que o sambista comemorou em grande estilo o Dia Nacional do Samba.
“Foram dois dias de evento que fizeram o sambista celebrar ainda mais esse dia tão importante. Em conjunto com a Liesa pensamos em inovar um evento que já era tradicional com a reabertura do carnaval após a pandemia. A partir daí, em conjunto com a Liga, estudamos a possibilidade de incluir algumas atrações para que o Dia Nacional do Samba pudesse ser comemorado em grande estilo. Assim, desenhamos a participação de grandes artistas do samba, como Diogo Nogueira, Mosquito e a roda de samba do Beco do Rato. Ainda introduzimos a corte LGBTQIAPN+ do carnaval de 2024”, conta o vice-presidente da Riotur.
Preparativos para 2024
Agora, antes mesmo do réveillon, os preparativos para os desfiles do ano que vem já tiveram início. Isso porque em 6 de janeiro, uma semana após a virada do ano, os ensaios técnicos começam na Marquês de Sapucaí e vão até o início de fevereiro. Para a Riotur a expectativa é de um grande público ao longo de seis finais de semana de treinos na Passarela do Samba. A pouco mais de dois meses para o início dos desfiles, para Mostof, a avaliação para o carnaval de 2024 já é positiva. Além dos ensaios técnicos, o início de 2024 também será marcado pelos blocos de rua.

“O carnaval de 2024 tem tudo para ser o melhor dos últimos anos. Grandes sambas-enredo estão sendo apresentados, as escolas estão se preparando muito bem e a Avenida está bem consolidada em termos de venda de ingressos – quase tudo já foi vendido. Ainda temos o carnaval de rua, que está se desenhando para ser também uma das nossas principais atividades ao longo de 30 dias. Logo após o réveillon já teremos os ensaios técnicos e teremos os blocos de rua. Isso faz com que a cidade, que é vocacionada para esse tipo de evento, receba cada vez mais turistas”, conta Mostof.
A Série Ouro marca o início dos ensaios no Sambódromo. No dia 6 de janeiro, um sábado, União Parque Acari, Arranco, Império da Tijuca e Estácio de Sá abrem a sequência de treinos. No dia seguinte é a vez do Grupo Especial: Entram na Avenida a Porto da Pedra e a Mocidade. A programação completa de ensaios técnicos da Série Ouro (aqui) e do Grupo Especial (aqui) está disponível no site CARNAVALESCO.
Arte de Leandro Vieira embarca em trem da SuperVia
A partir do próximo sábado, dia 9 de dezembro, o artista e carnavalesco Leandro Vieira, da Imperatriz Leopoldinense – campeã do carnaval de 2023 – vai proporcionar uma viagem diferente aos clientes da SuperVia. Num trem transformado em galeria, estacionado na plataforma 13 da Central do Brasil, será aberta a exposição multilinguagem “Corpo Popular”, sobre o processo criativo que envolve a produção de fantasias para 10 desfiles de carnaval.

“Corpo Popular” acontece em dois espaços, simultaneamente: no Paço Imperial, no Centro do Rio, e no trem-galeria na Central do Brasil. Enquanto a mostra no Paço celebra aqueles que vestem os trajes criados pelo artista, a partir de 2 de dezembro. Na Central, durante seis sábados de dezembro e janeiro, a partir do dia 9, a exposição busca homenagear os parceiros de barracão, costureiras e aderecistas, que ajudam o artista a concretizar os figurinos.
O artista destaca que a Central do Brasil é um lugar de grande importância para ele.
“A Central do Brasil é um território de afeto para mim, e que influencia diretamente na vida cotidiana das pessoas que trabalham comigo e das pessoas que fazem a performance plena daquilo que tenho como ofício artístico. Levar a mostra para um trem parado na Central do Brasil tem a intenção de popularizar, aumentar, ampliar, de ir para lugares que não costumam ser territórios convencionais para o consumo de arte. A Central é um espaço superimportante, onde inúmeros trabalhadores do carnaval, onde boa parte dos componentes que eu visto para o desfile se encontram. Encontram-se ao longo do ano em deslocamento da ida para casa ou para o trabalho e também durante o carnaval também os leva ao palco principal, onde eles exibem o meu trabalho de produção de fantasias e de figurinos”, destaca o carnavalesco.
Fotos, desenhos, croquis e uma espécie de paleta de texturas, ou seja, retalhos de tecidos e materiais utilizados em fantasias nos últimos 10 carnavais fazem parte da mostra. Leandro Vieira e a curadora de “Corpo Popular”, Daniela Name, vão estar a partir das 11h, do dia 9, no trem-galeria para conversar com o público sobre esse trabalho.
A curadora diz que “Corpo Popular” trata a obra de Leandro Vieira como um vetor para debater a fantasia de carnaval como uma modalidade artística que está em diálogo com uma coletividade de saberes no barracão e também na pintura, escultura, desenho e, em especial, na performance dos foliões nos desfiles.
No trem-galeria da Central, Penha Maria Lima, integrante da equipe de barracão de Leandro, oferece duas oficinas de adereços para o público jovem e adulto, nos dias 16 de dezembro e 13 de janeiro, sempre às 15h, e com inscrições prévias e gratuitas divulgadas pelas redes sociais do projeto e de seus realizadores.
Com curadoria de Daniela Name, produção executiva da Museo e idealização da Caju, o projeto venceu o edital FOCA da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e recebeu o apoio institucional da SuperVia, da Riotur e do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.
SERVIÇO
Exposição “Corpo Popular”
Local: Trem-galeria, na plataforma 13, da Central do Brasil – acesso pelas roletas de passageiros da Supervia
Endereço: Praça Cristiano Ottoni s/n – Centro
Dias: aos sábados (09 e 16/12 e 06, 13, 20 e 27/01)
Debate: no dia 09/12, às 11h, com o artista Leandro Vieira e a curadora Daniela Name