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Leandro Vieira sobre exposição: ‘Ideia de pensar o carnaval para além da avenida continua sendo algo que quero e que penso’

Arte, cultura, samba, trabalho, poesia, amor, suor, dedicação… “Corpo Popular”, nova exposição de Leandro Vieira, reúne tudo isso e muito mais no Paço Imperial, na Praça XV, Centro do Rio. É a segunda vez que o artista leva um recorte de seu trabalho para este museu. Desta vez, o carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense dá visibilidade a todos os corpos que atuam na produção do carnaval, com destaque para figuras como Sirley Martins, responsável pela confecção das fantasias da ala das baianas, criadas por Leandro Vieira, há mais de dez anos.

“Vi a exposição e, com muito prazer. É a primeira do Leandro que estou participando. Estamos há mais de dez anos juntos, desde que ele começou na Caprichosos de Pilares. Desde então não nos separamos mais. Estou sempre executando as loucuras dele (risos). Estou maravilhada em ver essa exposição com o trabalho dele, as fantasias que ele desenha, os tecidos que ele usa. Ele faz um tecido inferior parecer rico. Ele enriquece uma fantasia com tecido barato, ele é fora de série! Só uma pessoa com a imaginação fértil para criar isso”, frisa a coordenadora da bancada de costura que confecciona as fantasias idealizadas por Leandro Vieira.

Sirley tem uma trajetória de 20 anos de trabalho, com passagens por escolas como Rocinha, Grande Rio e São Clemente. Apesar da experiência, a emoção ao ver um trabalho concluído ainda é a mesma da estreia.

“São três, quatro meses de trabalho pesado, executando tudo isso. Todo mundo acha que é só colocar na máquina, costurar e tá pronto, mas não, tem muitos detalhes, pra sair essa coisa bonita, maravilhosa, que você vê no desfile. É puxado, mas vale a pena porque quando a gente vê o resultado do trabalho na Avenida, tudo lindo, brilhando, você chora de emoção. A gente coloca muito amor no que faz. É emoção pura”.

Dar luz aos trabalhadores do barracão e aos artistas que atuam na produção do carnaval é o ponto alto da mostra “Corpo Popular”, exatamente por isso que na exposição não há fantasias prontas, a ideia é passar pelo processo de criação e mostrar que tudo é feito por muitas mãos, conforme contou Daniela Name, curadora do projeto, durante a abertura.

“A maior dificuldade de fazer a curadoria é que a gente se dispôs a fazer uma exposição do Leandro que é uma espécie de através, de vetor, pra que a gente fale do folião e do trabalhador de barracão que é responsável pela construção da fantasia”, conta Daniela que emenda.

Dandara trabalha com Leandro Vieira na Imperatriz

“Foi difícil não só encontrar uma linguagem adequada para falar dos foliões aqui, e dos trabalhadores, na Central, mas também o processo de seleção das imagens dos monóculos. Essa foi uma solução que a gente encontrou pra dar maior visibilidade possível ao folião. Porque se a gente imprimisse e colocasse na moldura não ia espacialmente e quantitativamente conseguir fazer isso, e pra reforçar a ideia do através e da experiência de estar num desfile”, contou curadora da mostra que tem uma extensão na Central do Brasil. O vagão-galeria, na Plataforma 13, é dedicado aos trabalhadores e artífices dos barracões, parceiros de Leandro na realização dos figurinos que o artista imagina. A estreia está agendada para dia 9 de dezembro, às 11h, no Trem na Plataforma 13.

Nesta exposição, a segunda no Paço Imperial, Leandro Vieira mostra recortes de produções dos últimos 10 carnavais que fez, reunindo trabalhos realizados na Caprichosos de Pilares, Mangueira e Imperatriz. Com este projeto ele retoma um assunto do qual é apaixonado; pensar o carnaval em várias vertentes.

“Estar aqui de novo é motivo de muito orgulho. Mostra que a trajetória continua, que a ideia de pensar o carnaval para além da avenida de desfiles continua sendo algo que eu quero pra mim e que penso. Acho que o carnaval precisa sobreviver à quarta-feira (de cinzas). Precisa ocupar mais espaços, estar no centro de outros debates. A gente precisa lançar luz nessa produção artística gigantesca que não é só minha, de milhares de trabalhadores e outros profissionais que ficam restritos ou limitados ao pensamento festivo. Adoro a ideia de carnaval como festa, mas gosto mais da ideia de carnaval não ser só festa, que pode ser porta para outros debates, que pode ocupar outros lugares e transitar ao longo do ano por outros territórios”.

Amigo e companheiro de jornada

Cátia Drumond, presidente da Imperatriz, esteve na inauguração da mostra e falou sobre a convivência com Leandro Viera, o artista e o amigo.

“Leandro pra mim é um fenômeno. Um artista completo. Ele escreve os enredos, ele desenha, faz o barracão, administra, é um cara especial. E falando da pessoa Leandro… É um grande amigo. Uma pessoa que tenho muita admiração, que é merecedor de todas as vitórias e todos os sucessos que têm conquistado na vida”, enfatiza a presidente.

João Felipe Drumond, diretor executivo da Rainha de Ramos, relatou a experiência de ver o dia a dia da construção do carnaval emoldurado na exposição do amigo e colega de trabalho.

“Muita coisa que vi aqui, acompanhei o processo de criação no barracão. Fantasias e até alguns figurinos que estão expostos aí e algumas peças do carnaval passado. É muito bonito ver esse trabalho dele, Leandro hoje é um expoente de nossa arte no Brasil. Ele pensa o carnaval e arte pela qual é apaixonado de maneira diferente da grande maioria dos artistas. Estou muito feliz. É muito bom ver tudo o que a gente vive ao longo do ano exposto de uma maneira tão bonita”, falou João, que adiantou que há spoilers do próximo carnaval da Imperatriz na exposição.

Carla Maria Copque Galvão, que desfila na agremiação de Ramos há 25 anos, estava visivelmente emocionada ao se ver na videoinstalação de “Corpo Popular”, onde fala da sua grande paixão; desfilar na ala das baianas.

“É a primeira vez que me vejo numa exposição. Estou muito emocionada, com a voz embargada. Gosto muito de colocar a fantasia e rodar, de desfilar com garra pra minha escola ser campeã. Sou apaixonada pela Imperatriz. Sempre desfilei de baiana. Leandro é nota mil. Estou sem palavras! As fantasias dele são maravilhosas, elegantes que dá pra gente brincar na Avenida”, enfatizou a componente da Rainha de Ramos, que aparece na exposição falando sobre a arte de desfilar na ala de baianas.

Daniela Name, curadora do projeto

PAÇO IMPERIAL
Inauguração: dia 2 de dezembro, sábado, das 14h às 18h
Visitação: de 3 de dezembro a 25 de fevereiro, das 12h às 18h, de 3as feiras aos domingos.
Praça XV de novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita

Trem-galeria na Central do Brasil
Inauguração: dia 9 de dezembro, sábado, às 11h com conversa com artista e curadora
Trem na Plataforma 13 da Central
Visitação: sempre aos sábados
9 e 16 de dezembro de 2023
6, 13, 20 e 27 de janeiro de 2024
Das 9h às 18h
Praça Cristiano Ottoni, s/n Centro – Rio de Janeiro – RJ
Acesso pelas roletas de passageiros da Supervia

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