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Camisa Verde e Branco quer agraciar público na volta ao Grupo Especial com desfile valente

O Grupo Especial recebe novamente após 12 anos uma de suas personagens mais marcantes. Nove vezes campeão do carnaval paulistano, o Camisa Verde e Branco retorna demonstrando vigor no minidesfile realizado na Fábrica do Samba em dezembro como parte da Festa do lançamento dos Sambas-Enredo do carnaval de 2024.

Imponência de uma escola tradicional

O público que compareceu à Fábrica do Samba se empolgou ao ver o tradicional Camisa cantando forte e evoluindo bem ao som do animado samba da escola. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o vice-presidente João Victor Ferro garantiu que se tratou apenas de uma amostra do que a comunidade da Barra Funda levará ao Sambódromo do Anhembi.

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“Podem esperar um Camisa Verde muito valente, muito opulente. Uma escola forte, com vontade de ficar e vontade de vencer, e que pudemos mostrar aí hoje. Com um samba de garra, de pegada, com uma evolução pesada, de harmonia forte e imponente. Acho que esses são os principais pontos que estamos trabalhando para levar para a Avenida”, declarou o dirigente.

Resgatar a confiança de uma comunidade com um passado de tantas glórias faz parte de um trabalho ao qual João Victor aposta com confiança.

“É trabalhar a comunidade. A galera gosta de ser abraçada e ser bem-vinda dentro de casa. Estamos fazendo um trabalho de resgate e a escola está apostando no projeto. Uma escola apostando e acreditando no projeto torna o trabalho meio que automático, com as coisas acontecendo em cima desse tipo de tratamento que temos com a comunidade”, completou.

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Saudade das arquibancadas do Grupo Especial

Em seu terceiro ano como carnavalesco do Camisa, Renan Ribeiro estava radiante após o minidesfile da escola. Imbuído de felicidade, o artista falou dos elementos fundamentais para a Verde e Branco fazer um bom desfile na abertura do Grupo Especial em 2024.

“Uma das armas secretas para a escola de samba abrir o desfile de São Paulo, pegando a pista zerada, é você ter uma grande comunidade, uma grande bateria, um grande samba-enredo. Eu acho que essa é a lição de casa que o Camisa está fazendo, estamos trabalhando muito para isso. Mas poucas escolas talvez tenham a condição de abrir o carnaval de São Paulo com uma arquibancada com tanta saudade como a arquibancada está sentindo do Camisa no Grupo Especial, e a gente tem trabalhado muito, incansavelmente. Se eu posso te falar que eu acho que o grande segredo do Camisa é essa expectativa que durante 12 anos foi guardada na escola e agora a gente viu hoje aqui a escola passar cantando muito, valente e feliz. Eu acho que esse talvez seja o segredo do Camisa, ter uma comunidade que está engasgada, que está voltando depois de 12 anos, para poder justificar 70 anos de história de uma escola de samba gloriosa”, afirmou o carnavalesco.

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Renan Ribeiro afirmou que os trabalhos em torno da construção do desfile do Camisa seguem constantes, e que a equipe procura conciliar o atual cenário ao qual o Grupo Especial se apresenta na atualidade com as expectativas geradas pela comunidade.

“O Camisa é uma escola que publicamente tem algumas dificuldades. Temos trabalhado incansavelmente, 12, 14. 16 horas por dia. O barracão, os ateliês trabalhando para a gente fazer um carnaval que consiga acima de tudo unir essa valentia e esse carnaval até saudosista que o Camisa gosta de fazer. Há um regulamento mais técnico, há um julgamento mais criterioso, muito diferente de 12 anos atrás quando desfilou no Grupo Especial. Então, a gente tem trabalhado para poder unificar essa parte técnica de julgamento com a parte de uma escola absolutamente emocionada”, concluiu.

Portela celebra 100 anos em show no Vivo Rio

Maior campeã do carnaval do Rio de Janeiro, a Portela celebra 100 anos de história, conquistas e, claro, muito samba. Dezenas de compositores ilustres como Paulinho da Viola, Candeia, Zé Keti, Clara Nunes, Monarco e vários outros eternizaram canções que até hoje marcam a vida de milhões de brasileiros. Uma delas é Teresa Cristina, cantora e compositora portelense que se junta à Velha Guarda da escola e convidados para um show inesquecível dia 16 de janeiro de 2024 no Vivo Rio. Fernanda Abreu, Moacyr Luz, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Mauro Diniz, Wanderley Monteiro, Orlando Morais e Simone completam a homenagem à escola.

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Teresa iniciou sua vida artística em 1997 quando fez um show em homenagem a Candeia, que considera como o início de sua trajetória e, depois disso, lançou nove álbuns, participou de outros sete trabalhos e homenageou grandes sambistas, além de ter ficado eternizada como “a rainha das lives” durante a pandemia.

Em janeiro de 2024, a cantora se junta a Velha Guarda da Portela e convidados para um show que vai celebrar o centenário da Majestade do Samba, passeando pelas principais canções de seus compositores, como “Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida” e “Coração em Desalinho”, e sambas-enredos inesquecíveis como “Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de Uma Noite”, campeão de 1981.

Teresa Cristina comenta: “A Portela é imensa e merece ser celebrada sempre, sobretudo em um momento tão especial. São 100 anos de muita história e todo portelense que quer ajudar a escola a ganhar mais um título deve comparecer dia 16. Reunimos a Velha Guarda e diversos convidados muito especiais para fazermos uma homenagem à altura que a Portela merece”.

Vibrante, comunidade canta forte e é destaque do primeiro ensaio de rua do Paraíso do Tuiuti em 2024

Com a força da comunidade e um grande público, o Paraíso do Tuiuti iniciou 2024 com o pé direito. Em seu primeiro ensaio de rua do ano, a escola de samba transformou o bairro de São Cristóvão em uma mini Sapucaí e destacou a alegria dos componentes e a força do samba-enredo. Agora, com a tendência de crescimento do canto ao longo dos treinos, a agremiação busca acertar detalhes em evolução para dar um grande show no ensaio técnico no Sambódromo, que acontece no dia 21 de janeiro.

O ensaio de rua teve início por volta das 22h15, em frente ao Colégio Pedro II de São Cristóvão. No aquecimento, a escola de samba homenageou com uma salva de palmas o intérprete Quinho do Salgueiro, que morreu na última quarta-feira. O intérprete Pixulé cantou o icônico Explode Coração, e foi acompanhado pela comunidade do Tuiuti. Neste ano, a agremiação vai levar para a Avenida o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, do carnavalesco Jack Vasconcelos, e será a quinta escola a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Após o ensaio, o diretor de carnaval da escola, André Gonçalves, disse que a grande presença dos componentes atingiu o número esperado pela agremiação para o início do ano, mas reafirmou que ainda há trabalho pela frente. Para ele, o canto e a evolução foram os destaques do treino desta segunda e prometem abrilhantar o ensaio técnico da Sapucaí.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

“A expectativa era incrível. Estávamos aguardando os componentes, porque saímos de um Natal e Ano Novo que caíram em uma segunda-feira. Foi um volume muito grande de componentes e conseguimos alcançar o nosso objetivo de trazer a comunidade hoje – o pessoal veio cantando do começo ao fim. Estamos prontos? Não. Estamos lapidando um trabalho para que, no dia 21, possamos mostrar um trabalho pronto. Estamos nos preparando para um belíssimo trabalho que será apresentado no ensaio técnico. Vamos chegar com um chão forte e uma comunidade cantando e saindo do chão”, afirmou o diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Comandada pelos coreógrafos Edifranc Alves e Cláudia Mota, a comissão de frente da escola contou com quinze bailarinos e abriu o ensaio de rua do Tuiuti com muita força e brilho. Além da coreografia entrosada, a equipe realçou várias expressões corporais que pontuavam a letra do samba-enredo em diversos momentos.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Impecável, a dupla formada pelo mestre-sala Raphael Rodrigues e a porta-bandeira Dandara Ventapane foi um dos destaques do ensaio de rua desta segunda-feira.

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Juntos pela terceira vez, o casal uniu passos coreografados com o bailado tradicional e levou para o ensaio uma linda apresentação, repleta de conexão, troca de olhares e movimentos precisos. De fato, o trabalho desenvolvido por Dandara e Raphael encanta os apaixonados pelo carnaval e promete resultar em uma grande apresentação na Passarela do Samba.

Harmonia

O Tuiuti começou o ano com o pé direito. Um dos chãos mais fortes do carnaval, a comunidade compareceu em peso, empurrou a escola e mostrou uma grande melhora no canto. Em termos de harmonia, o primeiro ensaio de rua de 2024 foi o melhor da temporada e destacou a força da agremiação e de seus componentes. Tanto quem desfilou quanto quem apenas assistia a apresentação cantava cada verso da obra com bastante força. O ótimo trabalho realizado pelo carro de som, comandado pelo intérprete Pixulé, e pela bateria Super Som somaram-se à força do Tuiuti e da equipe de harmonia da agremiação. Destaque para a ala 24, que cantou bastante durante toda a apresentação.

Jeferson Carlos, que comanda a direção de harmonia do Paraíso do Tuiuti junto com Luiz Amâncio, destacou que a tendência é de uma crescente após o período de festas de fim de ano. Para ele, o destaque do ensaio técnico foi a alegria e a entrega do torcedor da escola.

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“Depois de duas semanas descansando a comunidade conseguiu chegar em peso, era o que a gente já imaginava. Foi um ensaio muito proveitoso e a escola estava grandiosa. É um samba tranquilo e que está na boca dos nossos componentes. Na medida em que o carnaval vem se aproximando, a galera vai se empenhando ainda mais. A tendência é que a cada semana a evolução do nosso samba cresça ainda mais. O que eu mais gostei foi a galera feliz e à vontade – é o que pedimos o tempo todo. O componente estava solto e evoluindo bastante. Acredito que esse foi o ponto positivo”, avaliou o diretor de harmonia.

Evolução

A evolução da escola também foi destaque do treino e mostrou uma importante melhora. Os componentes se movimentaram bastante, dançaram e brincaram carnaval de forma muito alegre. Isso, somado ao grande trabalho da escola, levantou o astral do ensaio de rua e reafirmou a força do Tuiuti e de sua comunidade. Com mais alguns ensaios pela frente, ainda há espaço para melhorias em algumas alas, o que não tira o brilho da grande apresentação feita na noite desta segunda-feira.

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Samba-enredo

A obra assinada por Cláudio Russo, Moacyr Luz e companhia é leve, fácil de decorar e deixa o componente à vontade para brincar carnaval e cantar a plenos pulmões. Se não bastasse o grande samba-enredo, a condução feita pelo intérprete Pixulé é a cereja do bolo para o resultado positivo deste ensaio. O cantor e seu carro de som são diferenciados e levantam o samba e toda comunidade do Tuiuti.

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Outros destaques

No comando da Super Som desde 2020, mestre Marcão conseguiu, em pouco tempo, atingir um grande nível de excelência na bateria do Paraíso do Tuiuti. Não é à toa que a bateria da escola de samba gabaritou as notas do quesito no último carnaval. Com um andamento mais cadenciado, Marcão avaliou o ensaio como positivo e destacou a força da comunidade.

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“Achei que o ensaio foi bom e com um andamento legal. Começamos com 144 BPM e depois fomos para 142. É a base que planejamos para a Marquês de Sapucaí. A rapaziada estava firme. A comunidade está chegando junto, hoje teve bem mais volume. Quando as pessoas veem que as coisas estão fluindo, querem vir. Hoje encontrei muitas pessoas, todo mundo quer desfilar aqui no Tuiuti. É uma escola que é uma família e que agrega todos. É o que estamos fazendo”, comentou o mestre de bateria.

Baile de Carnaval vai agitar a quadra da Viradouro no sábado

A Banda do Cordão da Bola Preta, com repertório recheado de famosas marchinhas, será uma das atrações do Baile do Pierrot Apaixonado, que acontece neste sábado, a partir das 19h, na quadra da Viradouro, no Barreto, em Niterói.

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Foto: Divulgação

Esta terceira edição do evento terá ainda como atrações para animar os foliões, show da bateria e dos segmentos da escola, Bráulio DJ, Baile do Danny e a Banda Bicho Solto. Um concurso de fantasias com premiação para os vencedores também vai agitar a noite.

Erika Januza, rainha de bateria, é presença garantida no evento. “Adoro o baile da Viradouro por várias razões. A oportunidade de me fantasiar e ver a criatividade de todos nesse dia é uma delas e é uma delícia! Ainda é importante porque muitos jovens que nunca estiveram num baile de carnaval, algo pouco comum nos dias de hoje, têm essa chance, com a escola relembrando esse clima. Atualmente, as pessoas costumam ter como opções somente os blocos e a Sapucaí. A Viradouro sempre inova muito! Já estou aqui a todo vapor cuidando da minha fantasia que vai combinar perfeitamente com a minha bateria”, comenta a atriz.

A quadra da Viradouro fica na Av.do Contorno,16, no Barreto, em Niterói. A entrada custa R$ 20. O acesso de menores é permitido para crianças a partir de 6 anos, acompanhadas por responsáveis. Mais informações através do telefone (21) 2828-0658.

Baile do Pierrot Apaixonado
Data: 13/01
Horário: 19h
Endereço: Quadra da Viradouro, Av. do Contorno 16, Barreto, Niterói
Entrada: R$ 20
Atrações: Banda do Cordão da Bola Preta, show da bateria e segmentos, Bráulio DJ, Baile do Danny e a Banda Bicho Solto.
Classificação etária: 6 anos, com presença dos responsáveis
Informações: (21) 2828-0658.

Império Serrano faz ensaio de rua e roda de samba com Arlindinho

Nesta terça-feira, a partir das 20h, o Império Serrano vai realizar mais um ensaio de rua em Madureira, na Estrada do Portela. Logo depois, vai acontecer a edição do “Samba do Reizinho” com uma super roda de samba comandado pelo cantor Arlindinho.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

O evento especial é um presente para toda a família imperiana, componentes e torcedores, que vão poder curtir os grandes clássicos do samba e do pagode. Além de Arlindinho, o evento terá também as participações do cantor Cizinho e do DJ Bigodão. O evento tem entrada franca.

No Carnaval 2024, o Império Serrano irá fechar os desfiles da Série Ouro com o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, de autoria do carnavalesco Alex de Souza. O Reizinho de Madureira será a oitava agremiação a desfilar no sábado, 10 de dezembro, na Marquês de Sapucaí, em busca do título e o retorno ao Grupo Especial.

Wallace Palhares explica regulamento da Série Ouro para o Carnaval 2024, fala da Cidade do Samba 2, venda de ingressos e local da apuração

O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, em entrevista dada ao site CARNAVALESCO, comentou mudanças e atualizações para o Carnaval de 2024. O número de escolas que irão subir para a Série Ouro, para o Grupo Especial e quantas vão descer para a Série Prata na Intendente Magalhães foi informado. A questão da liberação das publicidades nas alegorias das agremiações, a liberação do apoio financeiro da prefeitura e do estado, o local, dia e horário da apuração e a programação da venda de frisas e arquibancadas são mencionadas no papo.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Liga-RJ

Quantas escolas sobem para e quantas caem para as outras séries?

“Duas escolas descem para a Intendente Magalhães, duas sobem da Intendente Magalhães para a Série Ouro e uma escola sobe da Série Ouro para o Grupo Especial”.

Sobre o regulamento de 2024, como será o patrocínio liberado nas saias das alegorias?

“Na verdade, isso foi decidido em plenário, os presidentes aprovaram. Lembrando que essa iniciativa não é só na saia, quando pegou ‘só a saia de carro’ pareceu que era só na saia. O merchandising está liberado em toda escola, haverá um telão pé de passagem já com a marca. Então, a escola que quiser fechar uma parceria, ela tem a garantia do merchandising, pode ser no carro de som, na saia e onde eles quiserem. Isso foi uma decisão que os presidentes aprovaram junto com a Band. A Band deu essa abertura, justamente, para trazer um dinheiro novo para as escolas. Muita gente romantiza, mas infelizmente o romantismo não paga as contas das escolas. As escolas estão precisando de dinheiro. O Grupo de Acesso é o mais dificultoso de fazer carnaval e o que for de abertura para trazer um carnaval para as escolas de samba, é válido. A gente não pode comprometer a estética do espetáculo, não pode fazer de uma maneira que fique grosseira. Já está sendo conversado para ser bem sútil, mas que também dê um retorno pra quem está dando uma ajuda para as escolas”.

Sobre ingressos quando será a venda de frisas e arquibancadas?

“Essa semana a gente lança já a reserva das frisas. Lembrando que a gente está dentro do tempo, todo ano a gente faz isso, na primeira quinzena a gente lança essa reserva de frisas e logo em seguida a venda de ingressos. Estamos lutando para ter uma novidade muito bacana, justamente, na venda de arquibancadas para ter uma coisa bem diferente dos outros anos”.

A apuração será na quarta na Cidade do Samba ou em outro local e horário?

“Vai ser na Cidade do Samba, estou acertando os detalhes com o presidente Jorge Perlingeiro para marcar uma grande apuração na quarta feira de cinzas”.

Qual o tamanho do desafio para Liga-RJ fazer novamente os ensaios da Série Ouro no Sambódromo?

“É muito complicado, porque você tem toda uma dificuldade com verbas, por mais que esse ano tenha sido bem melhor. Temos grandes parceiros na RioTur que conhecem do carnaval, conhecem do riscado. Então acaba que melhora nossa vida, mas fazer carnaval no Acesso é muito complicado. O desafio é enorme e prazeroso também, quando você entrega um produto de alta qualidade”.

As escolas já receberam o apoio da Prefeitura e do Governo?

“Já receberam o apoio da prefeitura, agora vem o Governo do Estado também. Então esse ano está sendo um ano bom para as escolas. Esse reconhecimento é muito bom”.

Com a transmissão da Band, o que vai melhorar de 2023 para 2024?

“A Band nos escuta muito, principalmente, quando ela nos dá abertura para trazer e oferecer novos parceiros, então ela nos dá essa abertura. E ela escutando a gente acaba que, por exemplo, tivemos a coisa do esquenta, dos sambas exaltação na largada de cada escola. Isso o público aprovou, então a gente está avançando bem. A Band escuta o sambista, é uma transmissão de sambista para sambista.

Como está a questão da construção da Cidade do Samba 2?

“Eu estou aguardando a nova ordem do Prefeito, eu já aprovei tanto a parte elétrica, como todo o projeto. Fui no terreno já diversas vezes com a RioUrbe. Agora só falta o prefeito falar para colocar pedra lá e ele dar a notícia. Está no pé dele esse panotil. Tem o projeto bem adiantado, a promessa é para o ano que vem, com 14 barracões”.

Série Barracões: Tijuca traz mitos e lendas portuguesas sob o olhar e a estética de Alexandre Louzada

Multicampeão do carnaval carioca com seis títulos, com outras duas conquistas em São Paulo, Alexandre Louzada está de casa nova. A Unidos da Tijuca apostou no experiente carnavalesco buscando reencontrar o caminho das conquistas e voltar ao desfile das campeãs, fato que não acontece desde 2016, quando inclusive conseguiu um vice-campeonato. É muito tempo para uma escola que se acostumou a disputar e ganhar títulos em profusão durante a década passada. Conhecida neste século como uma escola criativa, inovadora, ousada, contemporânea, arrojada, a Amarelo-ouro e Azul-pavão, com Louzada, quer manter tudo isso, mas procurando acrescentar uma grande pitada do que fez esse artista ser tão adorado pelo mundo do samba e sempre entregar resultados: o bom gosto, o luxo, o bom acabamento e as proporções volumétricas mais avantajadas de alegorias e fantasias. Escola de um presidente português, a Tijuca vai apresentar em 2024 o enredo “O Conto de Fados”, com a proposta de fazer uma viagem a Portugal mostrando diversos aspectos da história do país como fábulas, mistérios e lendas populares. Dando início a série “Barracões”, o site CARNAVALESCO conversou com o carnavalesco Alexandre Louzada que inicialmente falou mais sobre a ideia de apresentar uma narrativa fantástica apoiada na mais tradicional música portuguesa, o fado. O artista também revelou as características que pretende trazer para a escola do Borel em sua estreia.

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Fotos: Mauro Samagaio/Divulgação Tijuca

“Todo carnavalesco é um contador de histórias. O fato é que a história tradicional de Portugal nasce com essa narrativa dramática, principalmente no início dos pescadores, nas aventuras quando iam tão longe, e essa música, o fado nasceu em becos, nas beiras de cais, como o nosso samba também. É um compilado de lendas. Toda história fantástica, toda narrativa, fábula que é de origem oral, vai passando de geração em geração, mas sempre tem um pezinho na história. Já tenho ouvido aqui dentro que já está bastante diferente dos últimos carnavais da Tijuca. Ao mesmo tempo me dá um ‘friozinho’ na barriga porque a responsabilidade é jogada para você, existe aquele ‘sorrisinho’ de que por estar diferente, pode ser sinônimo de estar bonito. O que vai para a Avenida é uma Tijuca que não passou ainda, com a minha cara. Eu tenho uma característica de preferir as dimensões maiores, tanto de fantasia quanto alegoria. É a minha proposta para a Tijuca, materiais diferentes, talvez seja o carnaval com o retorno mais das minhas características. Eu já estou mais naquela fase de ser mais mentor de pessoas que estão começando agora. Eu tenho um grande diretor de carnaval que se faz presente no barracão, sobe em cima de carro. Não é um trabalho só meu, a gente montou uma equipe que está em uma sintonia muito bacana”, explica o artista.

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Depois de dois anos na Beija-Flor produzindo enredos com uma pegada mais política, Louzada vai reencontrar na Tijuca a temática mais lúdica, ainda que ajudando a contar a história de uma grande nação. E como o Brasil foi colonizado por Portugal, estando ligado à nação europeia por mais de 300 anos oficialmente, é óbvio entender que sua própria cultura absorveu diversos traços lusitanos. O carnaval carioca, mesmo, já apresentou a “terrinha” de diversas formas. Então, como não se tornar repetitivo neste novo olhar? Alexandre Louzada, também com o seu talento como bom contador de histórias, apresenta uma visão mais quimérica da formação do país, fugindo de alguns estereótipos, ainda que eles também em algum momento vão se fazer presente ao desfile.

“Foi um trabalho difícil de reunir lendas e histórias de ouvir e contar, que somadas traçam desde a origem até Portugal se tornar este país como nós conhecemos. Até mesmo alguns estereótipos que comumente são associados a Portugal , tem uma história para contar, tem uma razão de ser. Foi pensando dessa forma, e como o nosso enredo aborda uma mitologia primordial, que é um lugar chamado Ofiussa, dramatizado pelos gregos, a gente vai buscar em Homero, na Odisseia, uma narrativa que diz que Ulisses antes de voltar para sua terra, se aventurou fora do Mar Egeu, atravessou as colunas de Hércules, porque ele ouvia falar de uma terra governada por uma rainha mitológica, metade serpente, metade mulher, e com esse ímpeto de herói, queria conquistar aquela terra que ele tinha interesse de montar uma cidade. Nossa história vai buscar essa reminiscência. E como quem narra a maioria das histórias fantásticas da mitologia grega é o Orfeu, nós nos colocamos como o Orfeu sambista, lógico que todo membro da velha-guarda, todos os mais antigos de cada escola, são os narradores da sua própria agremiação. A gente passa a construir essa história de Portugal através do mito de Ofiussa, da rainha Serpes e de Ulisses, que é um história de amor e de traição, de desencanto, e que dali foi a pedra fundamental da cidade que viria mais tarde a se chamar Lisboa”, esclarece o carnavalesco.

Primeiro pavão da carreira mexe com o coração de Louzada

Com quase 40 anos de carreira, tendo passado por diversas agremiações, Alexandre Louzada já teve a honra de reproduzir em suas alegorias, diversos símbolos e mascotes que representam as instituições por onde trabalhou. Das águias da Portela, escola em que iniciou a sua trajetória, passando pelos icônicos beija-flores, que tiveram bastante êxito na carreira de Louzada, pelas conquistas que vieram junto, ou os imponentes tigres do Império de Casa Verde em São Paulo. Por isso, em 2024, um novo desafio e uma inédita honra: levar para a Sapucaí o pavão, um dos mais tradicionais mascotes do carnaval de escolas de samba. E por isso, a nobre ave da Unidos da Tijuca produzida para o próximo desfile já pode ser considerada como um dos xodós do carnavalesco neste trabalho que se inicia na Amarelo-ouro Azul-pavão.

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“Eu trabalho sempre início e fim. Nunca tinha feito um pavão, e fiz o meu primeiro pavão, espero que seja o primeiro só, e não o único, que eu possa desenvolver mais outros pavões. Acho que o abre-alas mostra uma tradição da Tijuca, mas com a minha cara. Eu também acredito que o segundo carro é um carro que é cenografia pura. Não existe um trabalho de adereço de carnaval propriamente dito. É uma alegoria impactante.A última alegoria também deve emocionar muito por trazer a devoção a Nossa Senhora de Fátima”, aponta o profissional, preferindo não estragar as surpresas.

Um outro fio condutor desta história é uma tradicional árvore presente em Portugal. A azinheira, uma espécie de carvalho, está presente nas lendas que permeiam o imaginário fantástico do povo lusitano. Podendo medir até dez metros de altura, a azinheira é nativa da região mediterrânica da Europa e do Norte da África. A sua madeira é dura e resistente à putrefação, sendo largamente utilizada, desde a antiguidade até os dias atuais, na construção de habitações (vigas e pilares), embarcações, barris para envelhecimento de vinhos e na fabricação de ferramentas. A sua madeira ainda é utilizada como lenha e na fabricação de carvão, que continua sendo uma importante fonte de combustível doméstico em muitas regiões ibéricas (Portugal e Espanha). A segunda alegoria vai trazer essa parte fantástica das lendas que envolvem esta árvore, de uma forma bastante enraizada hoje na cultura pop que é o universo do “Harry Potter.

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“Depois dessa criação, o surgimento dessa terra, passa até pelos fenícios, que já eram conhecidos por todo o mundo naquela época. Existe uma praia em Portugal chamada Ofir, e associa-se a lenda ou a história sobre o rei Salomão, das minas, nas terras de Ofir. Mas Ofir existe na África, existe em Portugal. As próprias Ilhas Salomão na Oceania são de Salomão porque dizem que era lá este lugar tão falado. Mas o que me interessa é Portugal. Como os fenícios estiveram nessa praia, será que não seria lá que eles extraíam o ouro, a prata, o ouro mais puro, o de Ofir? A gente vai buscando esses ganchos. Quando em Portugal, na idade do ferro e do bronze, começaram as grandes migrações no Norte, veio com eles a magia dos Celtas. Portugal já teve um clima de Harry Potter. Para gente interessa essa coisa da magia dos druidas, da sabedoria do carvalho, em Portugal tem a Azinheira que é uma espécie de Carvalho, é uma das árvores protegidas de Portugal, a gente vai sempre enveredando por essas lendas fantásticas”, indica o carnavalesco.

Um Brasil que bebeu da água da mitologia portuguesa

A cultura brasileira tem uma relação íntima com diversos traços culturais de Portugal, muito óbvio a partir da análise da colonização, até 1889, o principal mandatário do país, ainda que nascido aqui, era um soberano com raízes fortes na coroa portuguesa. É fácil ver até hoje estes traços dentro de costumes nacionais, o próprio carnaval, teve influência do “entrudo”, ainda que o nosso tenha se sedimentado muito mais em raízes das religiões de matriz africana. Outras celebrações como os festejos juninos, além da língua, são outros traços corriqueiros. Mas, em um enredo que procura em diversos momentos fugir do Portugal conhecido já fortalecido como nação e até potência, Alexandre Louzada, em sua pesquisa, também encontrou influências no Brasil advindas de um Portugal ainda em formação, do tempo dos fenícios e dos druidas, um tempo ainda anterior ao país referência nas grandes navegações e no desbravamento do mundo conhecido pela Europa.

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“Em nossa proposta, é possível encontrar alguns folclores que ainda acontecem em Portugal e que vieram para o Brasil que tem reminiscência celta. Essa coisa dos mascarados, com chifre, como tem as cavalhadas em Goiás, os próprios personagens do Bumba meu Boi, desses folguedos, e isso tudo é reminiscente desses povos da origem de Portugal. São coisas que perduram até hoje. Festejar uma colheita farta, até mesmo como chegaram as primeiras cepas de uva para Portugal, vieram com os gregos, com os fenícios. Tudo tem uma razão mitológica para existir. A invasão do Império Romano. Toda a contribuição que essa invasão trouxe para a cultura do país reflete na nossa cultura também, pois fomos colonizados. Os árabes, os Mouros que lá estiveram. Se hoje a gente fala azeite, várias palavras, astronomia, alquimia, matemática, arquitetura, tudo isso veio se agregar a Portugal e se refletiu depois em técnicas para que ela se tornasse uma potência naval daquela época, acho que essa mistureba que é Brasil”, define Louzada.

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Como potência desbravadora e conquistadora de “novos mundos”, alcunha dada a terras que não eram conhecidas dos europeus mas que já se formavam com território e população, Portugal teve em seu processo de colonização algumas manchas históricas como a escravidão e o extermínio de povos nativos, a ganância na busca por mercadorias, desbravando mares e terras sem pensar muito nas consequencias. Apesar de não ser o principal foco, essa parte não será ignorada.

“A gente tem um pouco de celta, um pouco de romano, de mouros, você vai encontrar sempre uma história boa para contar. Até mesmo nesses 500 anos de Camões, nos Lusíadas, os versos de Camões, que hora exaltam as proezas de Portugal, mas também tem a autocrítica, não é uma colonização pacífica, é cheia de sofrimento e opressão, a gente também não enaltece, mostra os dois lados, a escrita e os versos que condena, o que mostra como eram os sonetos dele. Os navegantes tinham medo dos monstros marinhos que poderiam encontrar, mas mal sabiam que eles mesmos eram os monstros que temiam encontrar”, determina o profissional.

Coração português do presidente e andamento do barracão

Um dos mais interessados no tema é o presidente Fernando Horta. Português natural da cidade de Lixa, Borba de Godim, o mandatário está no comando da Unidos da Tijuca seguidamente há mais de 20 anos. Com ele, a escola conquistou três dos seus quatro títulos e viveu na última década a sua fase mais vitoriosa e de maior destaque. Em 2002, Portugal também se fez presente no carnaval da escola de alguma forma com o enredo dedicado à língua portuguesa. Em 1998 também com o desfile sobre o clube Vasco da Gama, em que pelas raízes lusitanas do time e por apresentar a história do navegador que dá nome a instituição, também trouxe aspectos do país. Mas, dessa vez, muito das lendas e do imaginário propostos por Alexandre Louzada estão ainda mais presentes na memória do presidente que veio da “terrinha” para o Brasil com 14 anos. Apesar de ser um tema que tenha uma relação muito intrínseca com o dirigente, o carnavalesco estreante na Tijuca garante que o presidente tem dado todo o suporte e liberdade, rendendo boas conversas sobre as histórias lusitanas, sempre com a autonomia dada ao artista o que é um pilar de Fernando Horta.

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“Ele sabe mais do que eu, recebi uma verdadeira aula paralela de Portugal. Até mesmo quando eu falo na entrevista que para muitos é uma lenda a aparição de Fátima, ele fala, não é lenda, estava lá, depois ele fala não estava mas meu avô estava (risos). O Fernando se tornou um amigo, não é só o meu presidente. A gente conversa de coisas variadas, também sou curioso. Ele dá muita liberdade ao artista. Mas eu aprendi mais com ele do que o meu enredo ensinou alguma coisa a ele. Tem coisas fundamentadas apresentadas no enredo que ele reconheceu que nunca tinha ouvido falar. Ele recebe com carinho, não foi um enredo pensado para ter uma aporte financeiro, não foi pensado para ser um enredo CEP. Você não vai ver quase nada que você conheça em Portugal se você não for um arqueólogo ou um historiador, ou um escritor fantástico”, revela o artista.

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O carnavalesco também fez questão de ressaltar o talento como gestor que o presidente possuiu, inclusive, aproveitando para desmentir qualquer informação que possa relacionar o trabalho de barracão com atrasos. Alexandre afirma o contrário inclusive.

“Ele é um grande gestor, mas também se revelou um grande amigo, além de ser um grande gestor. Ele tem uma noção bem precisa de tudo que existe dentro de um barracão de escola de samba. A Tijuca do primeiro até esse dia vem cumprido rigorosamente com tudo prometido. Ele não negou em nenhum momento a assistência tanto na parte de compra quanto de remuneração.E por ter começado cedo, a gente teve uma vantagem no início, mas não é vantagem que se reflita em resultado. Mas, se a gente tivesse começado tarde ou mais normal que uma escola comece, a gente deu muita sorte, porque hoje para se comprar um material, primeiro para fabricar você vai receber daqui a 15, 20 dias, já vai estar atrasado para caramba. E tem a escassez do mercado mesmo. Acho que o que vai para a Avenida tem bastante a minha cara, da minha equipe. Estou bem assessorado e bem assistido”, destaca louzada.

Devoção a Senhora de Fátima e alguns traços lusitanos encerram desfile

Como disse mais acima o carnavalesco Alexandre Louzada, o final do desfile promete ser um ponto alto da Tijuca. A devoção católica a Nossa Senhora de Fátima, tão presente em Portugal como aqui no Brasil, será representada através dos relatos de acontecimentos na cidade de Portugal que dá nome a santa inclusive, localizada no Médio Tejo. Para muitos no país é a certeza de um sinal claro e manifesto de Deus, para alguns gera dúvidas se aconteceu algo realmente e para outros são aspectos que fazem parte do fantástico popular através de uma lenda. O que ficou para a história, sedimentada na religião católica é que, de acordo com os testemunhos das três crianças videntes, a primeira aparição da santa ocorreu no dia 13 de maio de 1917, ao meio-dia, repetindo-se durante os seis meses seguintes, sempre no dia 13 e à mesma hora, com exceção do mês de agosto, quando ocorreu no dia 19, até 13 de outubro. De qualquer forma para Louzada é um traço da cultura lusitana que não pode faltar neste desfile da Unidos da Tijuca.

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“O enredo termina em uma grande romaria porque o próprio desfile das escolas de samba já é uma romaria, você é devoto de uma escola. E os portugueses são muito devotos de vários santos, adoram uma procissão e uma romaria. A gente fala de uma das coisas fantástica de Portugal, é a aparição de Fátima. Para muitos é lenda, para quem viveu é a realidade, para quem crê cegamente tudo aquilo aconteceu, mas o importante é mostrar que uma santa católica, representa todas as mães, seja de qual religião for, e como é no Brasil, a figura de uma Nossa Senhora de Fátima, representando todas as nossas senhoras, de todas as congregações, e de todas as mães zeladoras de santo, que abençoam nosso samba. Quando o samba fala de Alecrim, o Alecrim, a primeira vez que é citado, a lenda diz que ela nasceu ao lado da manjedoura em que nasceu Jesus. Portugal é um país muito religioso. A gente mostra toda essa história”.

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E neste mesmo setor virão os aspectos de Portugal que mais ilustram a “terrinha”para quem está familiarizado com o básico de conhecimento sobre o país. A culinária, os doces e as festas que chegaram ao Brasil e hoje fazem parte da nossa cultura estarão também no encerramento do desfile da Azul e Amarelo do Borel onde o fado vira samba e o samba vira fado. O carnavalesco Alexandre Louzada aproveita também para convocar toda a nação tijucana a fazer parte desse desfile e lutar muito para ajudar a agremiação a conseguir a vitória.

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“Até os estereótipos de Portugal como o bacalhau, as sardinhas, os doces que nasceram nos conventos, as freiras que usavam as claras em seus hábitos e faziam doces com as gemas, e com temáticas sacras, toucinho do céu, pastéis de Belém, pastel de Santa Clara, vai se construindo uma culinária sempre voltada para os santos católicos. Os tapetes de arraiolo, os costumes que a gente adotou aqui, os festejos como São João e Santo Antônio. A gente usa Saramago, que vai fazer 100 anos, ele que resgata essa alma de Portugal. E, por fim, eu tenho somente que agradecer ao tijucano, desde o primeiro dia que pisei no barracão, todas as vezes que vou a quadra, é um carinho muito grande. Vou transformar esse agradecimento em um apelo. Acho que não é um trabalho só do carnavalesco. É um trabalho de todo mundo para a Tijuca voltar a ser feliz. Vai depender mais da alegria do cantar de vocês do que propriamente dito da beleza de alegoria e fantasia. Nada é mais bonito que o povo feliz cantando o samba-enredo da escola”, finaliza o artista.

Conheça o desfile

A Unidos da Tijuca vai levar para a Sapucaí um desfile dividido em cinco setores definidos por Alexandre Louzada como cinco fados, nestes, o carnavalesco também considera a abertura como um setor. São cinco alegorias e 1 tripé, 28 alas mais a velha-guarda que terá papel de destaque no início como os Orfeus que serão os narradores deste conto. Confira abaixo a divisão de setores baseadas nas falas de Louzada e na sinopse divulgada pela escola:

Abertura

“O nosso enredo aborda uma mitologia primordial, que é um lugar chamado Ofiussa, dramatizado pelos gregos, a gente vai buscar em Homero, na Odisseia, uma narrativa que diz que Ulisses antes de voltar para sua terra, se aventurou fora do Mar Egeu, atravessou as colunas de Hércules, porque ele ouvia falar de uma terra governada por uma rainha mitológica, metade serpente, metade mulher, e com esse ímpeto de herói, queria conquistar aquela terra que ele tinha interesse em montar uma cidade. A gente passa a construir essa história de Portugal através do mito de Ofiussa, da rainha Serpes e de Ulisses, que é um história de amor e de traição, de desencanto, e que dali foi a pedra fundamental da cidade que viria mais tarde a se chamar Lisboa”.

Segundo Setor (Permanece o mistério)

“Depois, o surgimento dessa terra, passa até pelos fenícios. Existe uma praia em Portugal chamada Ofir, e associa-se a lenda ou a história sobre o rei Salomão, das minas, nas terras de Ofir. Como os fenícios estiveram nessa praia, será que não seria lá que eles extraíam o ouro, a prata, o ouro mais puro, o de Ofir? Quando em Portugal, na idade do ferro e do bronze, começaram as grandes migrações no Norte, veio com eles a magia dos Celtas. Portugal já teve um clima de Harry Potter. Pra gente interessa essa coisa da magia dos druidas, da sabedoria do carvalho, em Portugal tem a Azinheira que é uma espécie de Carvalho, é uma das árvores protegidas de Portugal, a gente vai sempre enveredando por essas lendas fantásticas”.

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Terceiro Setor (Palco constante de invasão de impérios ricos e dominantes)

Tudo tem uma razão mitológica para existir. A invasão do Império Romano. Toda a contribuição que essa invasão trouxe para a cultura do país reflete na nossa cultura também, pois fomos colonizados. Os árabes, os Mouros que lá estiveram. Se hoje a gente fala azeite, várias palavras, astronomia, alquimia, matemática, arquitetura, tudo isso veio se agregar a Portugal e se refletiu depois em técnicas para que ela se tornasse uma potência naval daquela época, acho que essa mistureba que é Brasil

Quarto Setor ( Reino de vocação e de ímpeto ao mar)

“A gente tem um pouco de celta, um pouco de romano, de mouros, você vai encontrar sempre uma história boa para contar. Até mesmo nesses 500 anos de Camões, nos Lusíadas, os versos de Camões, que hora exalta as proezas de Portugal, mas também tem a autocrítica, não é uma colonização pacífica, é cheia de sofrimento e opressão, a gente também não enaltece, mostra os dois lados, a escrita e os versos que condena, o que mostra como os sonetos dele. Os navegantes tinham medo dos monstros marinhos que poderiam encontrar, mas mal sabiam eles que eles eram os monstros que temiam encontrar”.

Quinto Setor (Fado revela versos do pequeno, imenso Portugal)

“O enredo termina em uma grande romaria porque o próprio desfile de escola de sambas já é uma romaria, você é devoto de uma escola. E os portugueses são muito devotos de vários santos, adoram uma profissão e uma romaria. A gente fala de uma das coisas fantástica de Portugal , é a aparição de Fátima. Até os estereótipos de Portugal como o bacalhau, as sardinhas, os doces que nasceram nos conventos , as freiras que usavam as claras em seus hábitos e faziam doces com as gemas, e com temáticas sacras. Os tapetes de arraiolo, os costumes que a gente adotou aqui, os festejos como São João e Santo Antônio. A gente usa Saramago, que vai fazer 100 anos, pois ele que resgata essa alma de Portugal”.

Governador veta passar gestão do Sambódromo da Prefeitura do Rio para o Estado

Em decisão publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira, o governador Cláudio Castro vetou totalmente o projeto de lei de autoria do deputado Rodrigo Amorim, aprovado em dezembro pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que transferia o Sambódromo para o governo fluminense, tirando o local da administração municipal. O Sambódromo do Rio de Janeiro completa 40 anos no carnaval deste ano.

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Foto: Alexandre Macieira/Riotur

O veto do governador será apreciado pelos deputados após o recesso, que deve terminar no próximo dia 31. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) concluiu, em seu parecer, que a medida é inconstitucional, já que viola lei federal e lei municipal.

De acordo com a justificativa apresentada por Amorim, a medida objetiva a transferência do domínio do terreno onde se localiza o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, para que o espaço possa ser explorado durante todo o ano, e não somente no carnaval. O projeto estende a transferência a todos os bens do município do Rio de Janeiro no bairro da Cidade Nova, “desapropriados pela prefeitura do Distrito Federal ou estado da Guanabara ao estado do Rio de Janeiro, a própria sede administrativa do município, com seus vários órgãos, o Terreirão do Samba e outros imóveis”.

No entender da PGE, não cabe ao legislador estadual impor a alteração de domínio de bem municipal, transferido pelo devido procedimento instituído pela Lei Complementar nº 20/1974, editada pela União, sob pena de infringir o Princípio Constitucional do Devido Processo Legal (Artigo 5º, LIV da Carta Magna c/c o Artigo 6º da Constituição Estadual). “A medida, não se pode negar, é uma evidente violação ao poder geral de administração do município sobre os seus bens, infringindo o Artigo 343 da Constituição Estadual.”

O parecer da PGE destaca que a questão já foi objeto de ação judicial, ganha pelo município. “Por todo o exposto, não me restou outra escolha senão apor veto total ao projeto de lei”, assinalou o governador.

As informações são da Agência Brasil

Rogério Andrade vai na Liesa defender a Mocidade após escola se sentir prejudicada com som do ensaio técnico na Sapucaí

O presidente de honra da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rogério Andrade, esteve na sede da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), na tarde desta segunda-feira, e solicitou uma reunião plenária para terça-feira com os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial e com a direção da Liga. Até o momento, a Liga ainda não se pronunciou sobre o problema com o som na Avenida.

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Foto: Reprodução/TV Globo

A intenção da ida de Rogério Andrade até a sede da Liesa é debater o problema com o carro de som que prejudicou o ensaio técnico da escola, na noite do último domingo, no Sambódromo.

A escola emitiu uma nota oficial em que pede respeito com seu pavilhão e diz que entrará com um pedido na Liga para que seja dada outra data para realizar seu ensaios no Sambódromo. Veja abaixo a nota oficial.

“A Mocidade Independente de Padre Miguel vem, através dessa nota, pedir respeito ao nosso pavilhão, que tem mais de 60 anos de carnaval .

Foram meses de preparação para chegar até o ensaio técnico, nosso grande teste antes do desfile oficial e passarmos por uma situação inacreditável como a que vivemos hoje: o carro de som oficial apresentou graves problemas durante todo o nosso ensaio.

Para começar, nosso ensaio teve um atraso de uma hora por problemas no mesmo carro de som, o que atrapalhou todo nosso esquenta, planejamento e montagem da Escola. Após isso, com o novo carro chegando, os problemas com microfone continuaram, atrapalhando a execução do nosso ensaio durante todo o percurso.

Além da parte técnica já vista por todos que estavam na avenida, o atraso atrapalhou toda a logística de retorno dos nossos componentes, que perderam seus meios de transporte para a zona oeste devido ao horário. Agradecemos nossos Independentes e toda torcida por terem ficado e cantado em pleno pulmões o samba mais ouvido do carnaval 2024 no Rio de Janeiro.

Aproveitemos para reforçar que na próxima segunda-feira (08/01), entraremos com um pedido junto a Liesa solicitando uma nova data para termos um novo ensaio técnico, já que o desse domingo , 07/01, foi prejudicado integralmente por problemas causados pelo carro de som oficial .

A Mocidade Independente De Padre Miguel, uma das fundadores da Liga, pede respeito e profissionalização do som disponibilizado às Escolas.

Flávio Santos – Presidente do GRES MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL”.

Honrado, novo casal da Mocidade Alegre é elogiado por presidente: ‘Trabalhando à beça’

O ciclo do carnaval 2023 foi de excelência para a Mocidade Alegre. Com o enredo “Yasuke”, a escola conquistou o décimo primeiro título do carnaval de São Paulo – encerrando um jejum de nove anos. Para 2024, entretanto, mudanças aconteceram. Jefferson Gomes, que assumia o posto de porta-bandeira, saiu da agremiação – e, meses depois, apresentou na “xará” Mocidade Unida da Mooca. Para substituí-lo, a solução foi caseira: cria da casa, Diego Motta é quem dançará com Natália Lago – também oriunda da agremiação. Sobre esses e outros assuntos, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com segmentos importantes da Morada do Samba – que apresentará o enredo “Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país”, sendo a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval (10 de fevereiro).

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Honra

Ao falar do posto assumido nesse ano, Diego falou da relação com a escola de samba do bairro do Limão e prometeu muito empenho. “Acho que é a coroação de qualquer mestre-sala e porta-bandeira chegar a uma posição oficial. É diferente quando temos uma escola com quem temos uma afinidade, como é o caso da Mocidade Alegre, com quem eu criei um vínculo muito forte, já que são sete anos aqui dentro. Me sinto honrado: de todas as responsabilidades da minha vida, é a maior e está sendo a maior. A palavra é honra: é muita honra carregar esse pavilhão pela qual passou tanta gente que eu admiro, de uma escola de tanto peso e representatividade. Só tenho a agradecer e trabalhar agora”, comentou.

Sobre o entrosamento com Natália, o mestre-sala destacou que tudo está caminhando dentro dos conformes. “É o relacionamento. Estamos no começo do namoro, se conhecendo, se entendendo. Falar que estamos 100% obviamente não estamos, mas estamos trabalhando o mais próximo e o mais rápido possível nesse resultado, já que a escola precisa disso. Mas está rolando legal, acho que estamos em um caminho bem bom para vir coisa boa por aí”, pontuou.

Falando em sintonia…

Apesar de crias da própria Mocidade Alegre (ainda que em tempos distintos), Diego e Natália revelaram que nunca tinham se apresentado como duplas. “A gente já tinha trabalhado juntos, com shows e etc, mas, oficialmente, dançar como um casal de mestre-sala e porta-bandeira, não”, relembrou

Apesar disso, o pensamento de ambos é idêntico em um aspecto: a renovação da expectativa ao desfilar. Ao menos é o que conta, Natália. “É como se fosse a primeira vez de novo! É uma nova história e acredito que o peso seja maior, sim. E, agora, vamos lá!”, pontuou a porta-bandeira – que, como afirmou Diego, é mais “na dela”.

Desempenho aprovado

Das grandes baluartes da escola e de todo o carnaval paulistano, Solange Cruz Bichara Rezende elogiou a preparação do casal e aproveitou para contar como foi feita a seleção para o posto de novo mestre-sala. “A escola está bem satisfeita com o desempenho deles, eles estão trabalhando à beça e fazendo várias aulas com gente grande no carnaval. Fizemos um preparatório para escolher o novo mestre-sala porque pegamos dentro de casa, e isso foi um diferencial – fazia tempo que a escola não fazia isso. Contamos com a ajuda de dois mestres super fantásticos no mundo do quesito: os mestres Gabi [Gabriel de Souza Martins, conhecido como ‘Maravilha’ e, para muitos, o maior mestre-sala da história do carnaval paulistano] e Ednei [Mariano, atual presidente da Associação de Mestres-Sala, Porta-Bandeiras e Porta-Estandarte de São Paulo (AMESPBEESP)]. Eles participaram dessa audição junto com a gente, nos ajudaram na escolha… e, agora, estamos com a Daiana, que está conduzindo o primeiro casal e fazendo um trabalho fortíssimo durante a semana. No fim de semana, o ensaio é na rua e é um preparatório maior a nível de condicionamento físico e tudo mais. De domingo, na quadra, o ensaio é mais comercial. Mas, durante a semana, sem folga para eles. Muito trampo! Eles estão com a empolgação, a vontade de querer fazer acontecer, e isso faz com que renda melhor”, admirou-se a mandatária.

Gestão exemplar

Ao ser perguntada sobre o andamento dos preparativos para a escola, Solange começou a responder brincando, mas logo deu um ótimo prognóstico para os torcedores e para o mundo do carnaval no geral. “Sempre tem alguns detalhes que temos que consertar e arrumar. Sambista é um bando de sem vergonha com muito amor, que estamos entrando na pista e batendo o martelo. Mas é claro que não é o caso, estamos bem dentro do planejamento, estamos fazendo um trabalho bacana. Acredito que na segunda quinzena de janeiro a gente já esteja bem tranquilos”, pontuou.

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Sem revelar nomes, Solange também falou sobre parcerias para viabilizar financeiramente a apresentação da agremiação. “A Mocidade dificilmente consegue patrocínios. Consigo algumas parcerias que me geram uma forma de não ter gasto em outras coisas. Nem sempre essa parceria é em dinheiro, mas é bem-vinda. Hoje, eu não vou muito pelo lado do patrocínio: claro que ajuda, claro que engrandece o espetáculo, mas a Mocidade Alegre sempre conseguiu trabalhar dessa forma – e ainda acredito que consigamos trabalhar dessa forma. Mas, falando em patrocínio, se alguém estiver vendo a matéria, é sempre bem-vindo”, finalizou.