A Unidos de São Lucas está de volta ao Sambódromo do Anhembi e disputará o Acesso II em 2024. Com o enredo: “O Canto das Três Raças…o grito de alforria do trabalhador!”, será a segunda escola no sábado, dia 3 de fevereiro. O destaque no ensaio técnico realizado no sábado fica para o samba-enredo que contém um recado bem importante.
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Samba-enredo
O samba comandado por Tuca Maia tem muito a produzir neste carnaval, e no primeiro ensaio da São Lucas deu para sentir o seu potencial. Tem inúmeros trechos que chamam o povo, e fazem refletirmos do que passamos no dia a dia, os causos e lutas dos trabalhadores. Como em um refrão curto “Eis me aqui Senhor a lamentar. Soluçando a dor que vem de lá”, antes de vir “Ôôôôô… O grito do povo marcado de dor”, e o carro de som fluiu tranquilamente, mas sempre tem pontos a melhorar para trazer a comunidade ainda mais. Afinal, o canto tem, mas pode aumentar mais pelo potencial da letra.
Comissão de frente
A comissão comandada por Paula Andari em momento da coreografia teve dois grupos divididos onde faziam coreografia, em momento dela, paravam e juntos apontavam para público, cada grupo para o seu lado e depois apontavam para trás onde tinha um elemento alegórico com um personagem de bandana e que ficou o tempo inteiro ali. E depois se uniam, aparentemente representando fantoches. Ao todo na comissão, deu para notar que são três mulheres, além da coreógrafa, e que todas vestiam a camisa da escola, em especial a comissão.
Harmonia
Em relação a harmonia da São Lucas deu para perceber um canto regular, a agremiação conhece o samba, cantou consideravelmente bem. Mas claro, ainda pode um pouco mais, até pelas palavras que tendem a serem ecoadas no Anhembi como: “Meu cantar você vai ter que ouvir. É a voz da Zona Leste a exigir. Esse canto que devia ser um canto de alegria”, ou seja, tem bons momentos para explodir. Mas ainda sim, foi possível perceber as alas cantando o samba, conhecem a letra, o que é um fator muito importante. Destaque a ala fogo que teve bom canto e também animação. Na primeira ala já demonstrava lutas como bandeiras LGBT, e no trecho: “cantar você vai ter que ouvir”, muita gente representava e canta com mais ênfase. A última ala também mostrou muita animação.
Evolução
A evolução de maneira geral teve um bom desempenho com a escola bem organizada. Mas no início tinha um espaço entre primeira ala e o casal, como a escola ficou um espaço por um curto período no início do ensaio, ainda que seja natural para o casal ter espaço, estava um pouco a mais. Ou seja, precisa atentar-se a isso. No mais, foi corrigido em tempo e fluiu tranquilamente, a escola mostrou leveza, também com bexigas presentes, fazendo um evento visual interessante. As alas são bem equilibradas, não vemos uma com muita gente e outra menos.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Victória Devonne e Erick Sorriso fez uma apresentação com muita energia e alegria, mas ainda terão ajustes a serem feitos, o que é natural, já que estão juntos há pouco mais de um mês. Ocorreu uma troca na porta-bandeira, e a jovem Victoria assumiu. Também vale frisar que, ao mesmo tempo, não foi notado graves erros, só ajustes na sincronia do casal. Deu para perceber o coreógrafo do casal que é o experiente Ednei Mariano, muitas vezes instruindo e ajustando durante o ensaio. Em relação ao look, ambos vieram nas cores da agremiação.
Outros destaques
A bateria da São Lucas fluiu sustentando o samba durante a passagem no ensaio técnico no sambódromo do Anhembi. Ela que é comandada pelo mestre Andrew Vinicius. A corte de bateria teve destaque para Pepita, uma grande artista cheia de representatividades, e que fez o público vibrar em diversos momentos como na Monumental.
Pela primeira vez em setenta anos de história, a Unidos de Vila Maria fez um ensaio técnico para cantar um enredo afro. A escola da Zona Norte de São Paulo, em ensaio técnico bastante seguro, teve na Evolução seu ponto forte, tirando de letra um evento que costuma complicar algumas coirmãs: o recuo de bateria. Em 2024, a agremiação defenderá o enredo “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, que será sexta escola a desfilar no Grupo de Acesso I, no dia 11 de fevereiro.
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Evolução
Seja em qual sincretismo for (Ogum ou São Jorge), a divindade é muito conhecida pela coragem e força em confrontos. Combinando com tal espírito, toda a comunidade da agremiação veio bastante aguerrida, com movimentos bastante rápidos e dinâmicos – em especial o terceiro setor. Para coroar com o excelente desempenho da escola em tal quesito, a Cadência da Vila, bateria da escola, entrou no recuo quando o abre-alas ainda estava na metade do box, ganhando tempo e se organizando no espaço em questão. A ala posterior rapidamente tomou conta do espaço, em um movimento que levou, ao todo, noventa segundos – bem menor que o de muitas coirmãs.
Comissão de frente
Apenas com homens (e um deles com destaque, ja que vinha sem camisa, provavelmente representando Ogum), o segmento foi o primeiro a apresentar movimentos bastante dinâmicos, marcando o samba-enredo para fazer a própria coreografia.
Samba-enredo
O refrão de cabeça da escola, bastante forte, empolgou a numerosa torcida da agremiação na arquibancada e teve boa resposta dos componentes no geral. Vale destacar, também, a força do carro de som da instituição: em comparação ao de outras coirmãs, os cantores de apoio pareciam ter voz mais igualada a Royce do Cavaco, histórico intérprete do carnaval paulistano que está estreando na Vila Maria.
Harmonia
Como dito anteriormente, o samba teve desempenho correto ao longo de todo o ensaio técnico – sobretudo no refrão de cabeça. Algumas alas chamaram mais atenção: a que veio depois da comissão de frente, coreografada, também cantou bastante; a que veio depois do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira gritava os dois refrões; os segundo e terceiro setores como um todo. Após os ritmistas saírem do box, entretanto, os componentes que vinham atrás não estavam com o mesmo canto dos demais desfilantes.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal formado inteiro neste ciclo, se não sofreu com o entrosamento entre ambos (que, aliás, estavam bastante sincronizados entre si), teve dificuldades para conter as rajadas de vento do início da noite paulistana. Mauro Cesar, que chegou ao posto de mestre-sala oficial da agremiação há apenas seis dias, até buscou dançar mais próximo do pavilhão para protegê-lo das movimentações do ar, mas pouco pode fazer. Inteiros com roupas brancas, ambos giravam na sequência horário-antihorário.
Outros destaques
Destaque há tempos no carnaval paulistano, a Cadência da Vila, comandada pelo mestre Rodrigo Moleza, tocou o samba de 2024 algumas vezes antes do ensaio começar para valer. Mostrando que já está no clima do enredo, Savia David veio fantasiada tal qual São Jorge, com armadura e lança.
A sensação do carnaval de 2023, a Independente Tricolor quase bate no desfile das campeãs. Para 2024, a agremiação terá como tema: “Agojie, a Lâmina da Liberdade!” e será a primeira vez das três no Grupo Especial, que não abrirá os desfiles, ela estará na pista, na sexta-feira, sendo a quarta escola a desfilar. Neste primeiro ensaio técnico, o ponto a ser destacado foi o samba-enredo, e também a leveza dos componentes.
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Samba-enredo
O samba-enredo da Independente Tricolor merece destaque, realmente a agremiação vem com uma melodia gostosa, leve e que fluiu bem durante a passagem do Anhembi. Anteriormente sentimos na quadra, mas é diferente ver no palco principal. E manteve o padrão, canto forte, a ala musical agora comandada pelo Chitão Martins, demonstrou força, estão bem entrosados e com isso, só tem a ganhar. O samba é o principal destaque e ponto alto da agremiação.
Na análise do intérprete Chitão Martins: “O ensaio foi muito bom, a escola passou cantando com muita alegria, o samba funcionou muito bem. Eu já esperava isso, porque o samba tem sido gritado pela comunidade entre pulmões da comunidade. Agora é trabalhar para os próximos ensaios, consertar o que se deve e ir para cima no desfile”.
No primeiro carnaval com a Independente Tricolor, o intérprete comentou do entrosamento com o mestre Cassiano: “Entrosamento muito bom. O Cassiano é uma pessoa jovem, tem ideias maravilhosas. Desde que cheguei eu liguei para ele, a gente conversou bastante, troca opiniões e foi uma coisa linda o apagão na monumental com a bateria abaixando, a mulher batendo o tambor. O Cassiano merece. Se não é, um dia vai ser um dos melhores mestres do carnaval de São Paulo pela sua juventude. É um cara que inova e traz a ancestralidade ao mesmo tempo. Só tem a crescer cada vez mais”.
Harmonia
Seguindo para o quesito que a Independente Tricolor tem demonstrado muita força, que é a harmonia. Muito fala-se da vermelho, branco e preto não cantar sambas, mas sim gritá-los, dá tamanha força que tem a comunidade na hora de defender seus sambas. E apesar de ainda ver que a Independente pode chegar neste auge do canto máximo, não podemos falar nada diferente do que o canto forte que vimos no Anhembi neste primeiro ensaio técnico. De fato, o samba ajuda e muito, outro ponto foi a bateria que agregou levantando em momentos importantes. É difícil citar uma ala, afinal o canto foi bem regular em todas, mas vou citar destaques, a Ala Cumbuca demonstrou um canto bem forte, a Ala Bambas era uma das mais animadas, e destaque para a ala Agojies, formada apenas por mulheres pretas.
O samba-enredo também foi destaque na visão da diretora de carnaval Luciana Moreira que disse para o site CARNAVALESCO: “Ponto alto deste ensaio é a energia que esse samba enredo e esse enredo trouxeram para nós. A maior energia que existe é a ancestralidade e nós sabemos de onde viemos, porque viemos, e para que viemos, então é isso, trabalhar”.
Comissão de frente
Esse ensaio gerou uma enorme curiosidade do que está por vir na comissão de frente comandada por Arthur Rozas. É uma comissão representada por muitas mulheres, o que é justo pelo tema Agojies. Foram vários momentos que a apresentação focava em dois grupos e o principal, ou melhor a frente, era formado pelas mulheres, atrás os homens. É uma dança totalmente afro, e com claras referências a situações da mulher guerreira, as Agojies. Mas um ponto alto de toda a coreografia fica escondida no fim, onde atrás de todos componentes, uma mulher dentro de uma jaula fica escondida, mas quando é libertada pelos homens, e faz sua coreografia na maior energia.
Evolução
A evolução ocorreu dentro do esperado, teve um momento que diminuiu um pouco ritmo, mas nada que prejudicasse a agremiação, isso quando a escola já estava toda na pista. No mais, a evolução foi bem compacta como costuma ser a Independente. Alas bem próximas, trazendo assim, uma força justamente para outro quesito que é harmonia, afinal como todas cantam bastante, ajuda muito no desenvolvimento do quesito. É importante citar que a agremiação veio bem mais leve do que estava em 2023, ali era um canto mais tenso, agora o samba mesmo diz ‘um grito de liberdade’, mas com muita leveza.
A diretora de carnaval da Independente Tricolor, Luciana fez um balanço sobre o ensaio, não revelou, mas disse sobre testes, surpresas, que a agremiação soltou durante ensaio técnico: “Para nós foi um ensaio muito produtivo e positivo, a gente tinha alguns testes daí, surpresas de Avenida para apresentar tecnicamente falando, e também o que seria funcional ou não, e dentro da nossa expectativa conseguimos suprir e realizar conforme o esperado. “O trabalho que está sendo feito é que temos que fazer tudo aquilo que a gente sabe, com muito amor, a base técnica estamos estudando, fizemos um treinamento essa semana com uma escola praticamente completa. Fizemos a base técnica de Avenida e vamos passar leve. Vamos curtir o carnaval e vamos fazer a lição de casa direitinho”.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal formado por Jeferson Antony e Graci Araujo passou com muita tranquilidade e leveza durante o palco do samba. Com o tempo estão afiando e demonstrando a sincronia, dá para sentir que aos poucos estão se encontrando um ao outro na dança. E claramente trarão referências afros e das Agojies em sua dança, mas escondem um pouco o jogo.
Na avaliação do casal, foi bem positivo, o mestre-sala Jeff Antony revelou: “Para a gente, o ensaio técnico foi tranquilo – até porque estamos trabalhando muito. Hoje foi a prova final desde quando assumi com a Graci, em agosto. É claro que foi o primeiro ensaio, ainda tem muitas coisas para se ajustar, mas, por ter sido o primeiro ensaio técnico, com toda a escola, acho que passamos super bem. Saímos daqui com o sentimento de que o dever de hoje foi cumprido para que o desfile seja do jeito que a gente espera e almeja”.
Do lado da estreante na agremiação Tricolor, Graci Araújo comentou: “Foi uma emoção enorme! Minha estreia com a Independente completa no Anhembi – embora já tivéssemos feito alguns ensaios antes. Foi muito importante o ensaio de hoje porque tivemos noção de onde vai ser recuo e paradinha, por exemplo. Para os ajustes técnicos nós já temos a lição de casa, mas ficamos muito felizes em ver que fizemos a prova porque estávamos fazendo algo mais contido – e, agora, deu certo. Agora, é ajuste fino. Saímos com a missão cumprida!”.
Por fim, foi comentado sobre o piso, a porta-bandeira Graci deu seu pitaco sobre esse primeiro ensaio técnico no Anhembi: “Eu, particularmente, não tive a impressão de que o novo piso está gerando algum problema extra. Tivemos alguns ensaios técnicos com chão molhado e garoa, nada de chuva torrencial. Com o chão molhado, não tive essa impressão”.
O mestre-sala complementou a fala da sua porta-bandeira, e disse: “Eu também não senti isso. Viemos preparados, com calçados antiderrapantes. Para mim, foi super tranquilo, já que nós viemos precavidos. É importante estar com o nosso pé garantido, a pior coisa que tem é descer em um ensaio inseguro, com medo de escorregar”, por fim, Graci fechou sobre o assunto: “Tem que ver como será com a tinta nova. Por enquanto, está só no cimento. Vamos ver quando pintar”.
Outros destaques
A bateria comandada por Mestre Cassiano fez diversas bossas durante a passagem pela pista. Com uma sustentação mais forte do samba e funcionou muito bem. Paradinhas funcionaram, teve um momento na parte “Preta, tenha a cabeça sempre erguida. Seja valente e destemida em teu valor”, que explodiu o canto da escola. Tem tudo para crescer durante os ensaios da agremiação tricolor.
E o Mestre Cassiano indo para o segundo carnaval a frente da ‘Ritmo Forte’ falou sobre esses testes que são realizados: “Eu percebi bastante coisas técnicas, como andamento e onde fazer as bossas. Ensaio técnico é isso. A gente tem mais dois ensaios de bateria e outro geral no sábado para a gente corrigir. Gostei bastante da bateria e do clima da escola. A Independente está no caminho certo, está com vontade de fazer um carnaval para voltar nas campeãs ou ser a campeã”, e completou: “A gente está homenageando as mulheres e nada mais justo do que subir uma mulher musicista tocando tambor. O samba cita o tambor. Dá um valor para o instrumento. Nada mais justo do que colocar uma mulher sendo reverenciada por todos. Estamos entrando dentro do enredo mesmo”.
As crianças vieram na área demarcada para o carro alegórico, as passistas com look de guerreiras, muito bonita no visual de onças e inúmeros detalhes. Em seguida, uma fileira das musas marcou presença também com looks bem ousados. E a rainha Mileide Mihaile é sempre uma grande atração, veio com um look branco, e com pedrinhas prateadas, além de um acessório na cabeça, desperta atenção e olhares de todos os presentes.
A agremiação entrou com a faixa ‘A maior família Tricolor do Brasil’, e depois da ala das baianas que vieram com a saia branca, a parte de cima no estilo africano em vermelho e preto, pois veio um elemento com o mascote que é o Santo Paulo e o nome Independente.
Homenagens são sempre importantes, principalmente em escolas de samba, onde o simbolismo está acima de tudo. Este primeiro ensaio da Barroca Zona Sul, foi totalmente dedicado a Borjão, ex-presidente de honra, que faleceu na sexta-feira retrasada. Mesmo assim, a agremiação levou a sério o treino. Canto forte, ala musical entrosada, bateria executando bossas, apagões e a comissão de frente fazendo toda a sua apresentação completa e complexa, foram a prova disso. A ‘Faculdade do Samba’ fez um ensaio satisfatório com todas essas questões citadas acima. Com o enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso nós somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”, a agremiação será a segunda a desfilar na sexta-feira de carnaval.
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Comissão de frente
A ala, comandada pela coreógrafa Chris Brasil, mostrou uma série de repertórios. Todos eles focados em um personagem: Um homem interpretando o fundador da escola, o baluarte Pé Rachado. Em uma passagem do samba, o dançarino, que já é um senhor, sentava na frente do grande tripé que a comissão levará e fazia uma cara tristonha. Quando a frase “Prazer, eu nasci Sebastião” era cantada, o homem despertava e começava a coreografia junto aos demais integrantes, onde esses carregavam instrumentos como cavacos e violões. Passistas na forma de malandros também estiveram presentes.
Em outra passagem do hino da verde e rosa, todos os integrantes dançavam no chão e era uma espécie de coração e benzimento em Pé Rachado, pois dali ele daria prosseguimento à fundação da Barroca Zona Sul.
Vale destacar que o senhor que estava interpretando o Pé Rachado, trata-se de Ednei Mariano, que já atuou como mestre-sala da agremiação.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Marquinhos e Lenita mostrou grande entrosamento neste ensaio técnico. A dupla optou por trabalhar bastante com os giros horário e anti-horário. A coreografia dentro do samba não foi tão vista. Dava para notar apenas em partes com palavras afro do samba, como nos últimos versos: “É a flecha de Oxóssi, filha de Odé/demanda de Exú, abençoada por Seu Zé”.
Tal análise é confirmada pelo próprio mestre-sala, onde diz que o treino foi feito para ver o andamento e analisar o começo e término do julgamento. “A gente veio para fazer o que a gente vai executar no dia, é para ver o andamento, para ver apresentação de jurado, onde começou e termina, o saldo foi muito positivo. E o que eu brinquei com a Lenita, não foi 100%. Agora ainda não é o momento de 100%, o 100% é lá no dia 9, mas é isso, ficamos muito contentes. Teve alguma coisinha aqui ou ali, que dá tempo nesta uma semana para no próximo estar ok”, destacou Marquinhos.
Lenita lembra do baluarte Borjão e dedica o ensaio a ele, e de acordo com ela, está bastante aprovado. “Eu voltei. O Marquinhos já estava e o Barroca já estava. Eu acredito que o nosso trabalho na pista hoje, foi um trabalho muito bom. Foi fluindo, foi um trabalho contínuo, é claro que a gente não pode falar que foi um trabalho perfeito, porque nada é perfeito, tudo buscamos o melhor. Hoje foi muito, no próximo vai ser muito melhor e no dia a gente vai entregar tudo que a gente tem para mostrar tanto para nossa escola quanto para o nosso presidente de honra, que Deus o tenha que faleceu, que é para ele esse trabalho todo que para ele que o Pavilhão roda e para a nossa comunidade”, finalizou a porta-bandeira.
Harmonia
Se tratando de uma homenagem a si mesma, a escola tem um grande samba. A obra conta toda história da agremiação sendo cantada em primeira pessoa. Para quem é torcedor ou componente da Barroca, deve se sentir bastante emocionado, pois a melodia é proposital para isso. E não foi diferente. A comunidade do Jabaquara cantou a plenos pulmões.
Porém deve ter atenção em uma questão. Outras escolas tiveram falhas, mas há de se ponderar – quando as bossas (principalmente paradinhas) foram colocadas em prática pela bateria “Tudo Nosso”, algumas alas embolaram o canto por alguns segundos, tendo que ser corrigidos pelo departamento de harmonia. Isso porque ainda não se tem o som ambiente do Anhembi. Apenas o carro de som. Entretanto, são treinos que se deve aprimorar, pois às vezes o som da avenida pode falhar e o julgamento continuará seguindo da mesma forma.
Evolução
As alas vieram enfileiradas de forma correta. Teve muito balanço, mas pouca coreografia, o que deu a impressão total de que o ritmo de andamento estava em sintonia com a bateria. O momento alto de uma dança dentro do samba era quando os componentes faziam o movimento de arco e flecha no verso: “É a flecha de Oxóssi, filha de Odé/demanda de Exú, abençoada por Seu Zé”. A maioria das alas carregavam bexigas, o que deu um destaque no contraste da pista.
Samba-enredo
Como dito anteriormente, o samba pegou na comunidade pelo fato de ser cantado na primeira pessoa. Isso demonstra o amor do componente e torcedor pela Barroca, além de colocar várias nuances. Frases podem passar despercebidas, como “A velha-guarda é minha religião”, mas que para uma escola centenária, é importantíssima.
O intérprete Pixulé mais uma vez de interpretação de samba-enredo. É um cantor totalmente identificado com a escola e está à vontade nos microfones da verde e rosa do Jabaquara.
Pixulé destacou a força dos componentes. “A comunidade está afiada! Se, na avenida, faltar o som, a escola leva até o final do desfile de boa. A escola está com o samba na ponta da língua. Hoje, pra mim, não foi nem ensaio, foi desfile oficial”, afirmou.
Além disso, o cantor enalteceu o seu carinho que tem pela entidade. “Eu tenho uma honra imensa de fazer parte da Barroca Zona Sul, até porque sou um dos compositores desse samba. Fazer parte da história do Barroca é uma honra imensa. Cinquenta anos! Não é para qualquer um. Participar dos cinquenta anos de uma escola de samba onde já estou há sete anos como cantor oficial da escola. Para mim, é maravilhoso, gratificante. Não tenho palavras para expressar a minha felicidade em estar aqui”, completou.
Outros destaques
Praticamente todas as alas estavam com uma camisa de “Eterno Geral Sampaio Jr”, o Borjão. Na vestimenta estava a frase criada pelo próprio que foi aderida pela comunidade: “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba, por isso nós somos a ‘Faculdade do Samba’”.
Uma bateria repleta de repertórios foi vista neste treino. A batucada “Tudo Nosso”, comandada por Fernando Negão soltou bossas e paradinhas por vários instantes, principalmente fora do recuo de bateria.
“Eu achei bacana, achei bom o nosso ensaio técnico. Ainda tem alguns detalhes para arrumar. No próximo ensaio técnico, no sábado que vem, a gente vai ver se vamos melhorar um pouquinho”, disse o mestre Fernando Negão.
O diretor de bateria também lembrou de Borjão e enalteceu o enredo do cinquentenário. “Eu tenho bastante emoção por esse enredo, sim. Sinto bastante emoção porque é a minha escola, foi a primeira escola onde desfilei, em 2002, primeira escola onde fui mestre de bateria. Agora, mais do que nunca, pelo falecimento do Borjão, já que foi ele quem me colocou na frente da bateria… esse carnaval vai ser dedicado a ele, especialmente”, finalizou.
A Tom Maior fez na noite de sábado o seu primeiro ensaio técnico visando o Carnaval 2024. A escola do Sumaré fechou o dia de incríveis oito treinos. Uma maratona que entusiasmou o público presente no Anhembi. O ensaio da vermelho e amarelo ficou marcado pelo forte canto da comunidade. É incrível a entrega que os componentes da Tom, que agora está de casa nova, na Barra Funda, vem mostrando. Outras satisfatórias percepções, como a ala musical e a bateria também devem ser destacadas. A Tom Maior será a segunda escola a desfilar no sábado de carnaval com o enredo “Aysú – uma história de amor”.
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De acordo com Bruno Freitas, diretor de carnaval, o ensaio foi totalmente satisfatório, mas ainda estão na busca da perfeição. “Acho que nós já tínhamos boas perspectivas pelo que a gente vem fazendo lá na Rua Sérgio Tomás nos ensaios e na nossa quadra. Como é bom falar isso, mas eu saio daqui muito feliz, muito feliz mesmo. Acho que foi um baita ensaio, não percebi grandes variações de velocidade. Obviamente a gente quer a perfeição. Então agora é voltar para casa, fazer mais alguns ensaios específicos de canto e tem ensaio de rua domingo que vem. A perspectiva é muito boa, tenho certeza que se a gente continuar nessa pegada, vem algo muito grande por aí, respeitando todo mundo, mas sabendo que chegou a nossa hora, porque a gente está trabalhando demais. Hoje foi um grande aperitivo disso. Estou muito feliz mesmo, mas como eu falei, queremos a perfeição e o trabalho não vai parar agora, muito pelo contrário”, declarou.
Comissão de frente
A ala comandada por André Almeida evoluiu pela pista com dois grupos. Um estava vestido nas fantasias de cores laranja e amarelo e outro de branco e dourado. A dança consistia em se movimentar livremente pela pista e saudar o público. Dentro da comissão, também havia um tripé com um componente dançando.
O coreógrafo André gosta de dividir a ala fazendo com que cada representante signifique várias coisas dentro da apresentação da comissão de frente. Não se viu tanta criatividade se comparado ao ano passado, mas pode ser que venha coisa diferente, até pelo criativo enredo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Ruhanan Pontes e Ana Paula tem a característica de priorizar a coreografia dentro do samba. Foi isso o que fizeram neste treino, principalmente marcando os passos dentro da trilha-sonora. Um exemplo de coreografia entre no samba é na “É flecha certeira no peito”, onde o mestre-sala fazia o movimento de arco e flecha na direção da porta-bandeira.
O mestre-sala mostrou total empolgação e se diz pronto para conquistar a nota máxima. “Vão falar que eu não sou modesto, mas, se o desfile fosse hoje, era quarenta pontos com certeza. Que ensaio! Acho que é a temporada de carnaval que a gente mais está ensaiando. Estamos ensaiando quatro dias seguidos”, declarou.
É sabido que o Anhembi está passando por uma série de reformas. Entre elas, a pista é nova. De acordo com a porta-bandeira, o maior desafio são os locais dos jurados. “Eu gostei do piso! Não está escorregando, para mim. Acho que a maior diferença é o campo de visão do jurado. É o que me preocupa mais. Mas em relação ao vento e à pista, acho que as reformas do Anhembi não mudaram muita coisa”, completou.
Harmonia
A comunidade da Tom Maior abraçou totalmente o samba-enredo de 2024. É uma das obras sensações do ano. Foi entoada fortemente no Anhembi neste ensaio por todas as alas. É uma trilha-sonora que tem uma melodia com andamento baixo, mas com alguns picos de elevada no tom. Porém, se observar bem, todos os componentes da vermelho e amarelo estão com o samba na ponta da língua. Contudo, em um determinado momento (não visto o tempo), houve o apagão e as alas se enrolaram. Isso também se deve ao fato de o Anhembi ainda estar sem o som completo. Nesses primeiros ensaios técnicos somente o carro de som serve como base para ouvir a ala musical.
Evolução
Os componentes da escola se mostraram bastante animados, coreografando de um lado para o outro principalmente. Em alguns momentos a escola chega a fazer a coreografia, com destaque para quando se canta “abaeté” – Antes, a comunidade se abaixa e depois saem saltitantes. O refrão do meio: “Numiá, arapiá”, os integrantes da Tom erguem os braços para o alto e mexem de forma vertical. Bexigões nas cores da escola foram levados pelos componentes, o que deu um belo contraste na pista.
Samba-enredo
Como citado acima, é um dos sambas que mais agradou o público que acompanha o carnaval, principalmente pela sua melodia. O povo do Sumaré abraçou e o resultado está chegando. O intérprete Gilsinho, que está indo para o seu terceiro ano na Tom Maior, canta o samba com potência. Vale destacar os apoios e vozes femininas, além de uma introdução que mostra uma participação da bateria, entrosamento e uma comunicação direta com o tema para 2024.
O intérprete Gilsinho enalteceu o ensaio da escola. “Foi muito bom. Um balanço gostoso, sem correria, sem atropelamento, todo mundo cantando feliz e contente. Bateria impecável e carro de som se comportou da melhor maneira possível. Agora vamos assistir, ver como é que foi, ver se teve erros e tentar corrigir”, afirmou.
O cantor falou sobre os apagões e o entrosamento com a ‘Tom 30’. “O entrosamento é perfeito. Não tem o que reclamar. Está tudo muito coeso. Eu confesso que tinha um pouco de medo dessa paradinha. Com o som só do caminhão já deu certo e com o som da avenida, vai melhorar ainda mais”, completou.
Outros destaques
A bateria ‘Tom 30’ de mestre Carlão abusou das paradinhas. Isso foi bem sincronizado com a escola, pois quando seria feito, havia um sinal de mão dos harmonias com os componentes para ter o entendimento. Claro que vale aperfeiçoar para não embolar o canto, mas a ousadia de mestre Carlão deve ser ressaltada.
“Não existe muita diferença pra gente em relação a quadra e ao ensaio em ambiente aberto porque ensaiamos todo domingo na rua Sérgio Tomás. Repetimos o que fizemos lá e foi tudo dentro do planejado. Agora é ver o que precisamos melhorar e trabalhar em cima disso. Temos mais um ensaio técnico, um ensaio específico de bateria e mais dois na rua. Vamos continuar trabalhando, mas o primeiro foi muito bom, na minha opinião”, destacou o mestre e presidente Carlão.
O mandatário aproveitou para falar da nova quadra. “A melhor coisa que está acontecendo em relação à quadra é a melhora na autoestima da nossa comunidade. Tecnicamente, não tem muito o que falar porque o espaço é igual a muitos outros que nós já utilizamos anteriormente. O importante é que a comunidade está com a autoestima alta e está tudo bem”, finalizou.
Um dos versos do refrão do meio do samba do Vai-Vai em 2024 é “Balançou, balançou, o Largo São Bento”. O Sambódromo do Anhembi, distante seis quilômetros do local citado na canção, também foi balançado pela Saracura no sábado, no primeiro ensaio técnico da maior campeã do carnaval paulistano, com 15 títulos. Com Harmonia afiadíssima, a agremiação teve ótimo desempenho – e um erro bastante pontual para corrigir. Toda a empolgação foi gerada por conta do enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, que será o primeiro a ser apresentado no sábado de carnaval (10 de fevereiro).
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Harmonia
Se não é dos sambas mais elogiados da safra, alguns componentes da agremiação já diziam que ele tem a característica de ser facilmente cantável e popular. Tal qualidade foi evidenciada no ensaio técnico, quando absolutamente todas as alas cantaram fortemente a canção. É até mesmo difícil destacar algum grupo que tenha cantado mais já que até alas coreografadas e baianas (que, por vezes, possuem canto mais fraco) estavam ajudando bastante a empurrar a instituição. Mais do que isso: a arquibancada correspondeu, trazendo um efeito sonoro ainda mais marcante.
Comissão de frente
Com um grande tripé (ainda majoritariamente escondido), o Vai-Vai teve diversos dançarinos de break e de gêneros black em um local semelhante a um portão. Com duas trocas de roupas (todas relembrando o movimento hip hop de alguma forma), os coreografados tinham dança independente, sem marcar o samba. Vale destacar, também, a presença de graffitis no tripé, dando ainda mais a entender que a peça será utilizada no desfile oficial.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Tetracampeões no Vai-Vai, Renatinho e Fabíola Trindade, mais uma vez, mostraram grande capacidade de encantar. Além dos giros bastante seguros (feitas em uma sequência com três tempos [horário, anti-horário e horário], ao invés “apenas” dos dois primeiros tradicionais), eles também dançaram bastante e se apresentaram com saia e jaqueta colorida no estilo do graffiti, chamando atenção de todos.
Na visão deles, entretanto, ainda há ajustes a se fazer. “Acho que é um processo. Não tem como chegar cem por cento no primeiro ensaio, o ensaio técnico é para ondular e tirar as arestas. Acho que foi muito positivo, conhecemos o andamento da escola dentro do samba-enredo. Agora, é daqui para melhor”, comentou Fabíola. “Ainda tem muita coisa para acontecer ainda! Temos que ter cabeça fria e saber que vamos chegar no ápice, temos que estar prontos. Agora é trabalhar, ainda falta um pouco para o carnaval e estamos trabalhando de novo. Amanhã já tem ensaio de novo!”, brincou Renatinho.
A dupla ainda aproveitou para falar sobre o impacto das reformas que ainda acontecem no Anhembi para o casal. “O chão é um pouco escorregadio, mas não deixa de ser gostoso. Como ainda não tem as cabines, teremos módulos, ainda é um pouco estranho para a gente identificar como será, principalmente para nós, que somos muito visuais. Mas isso é algo adaptável, nada de muito avassalador. E outra: nós estamos muito mais próximos dos jurados. Temos que ter muita cara”, destacou a porta-bandeira. “Esse chão aceita mais a nossa dança, mas, pelas mudanças, temos que fazer muito carão e ter muita feição. Sentir o samba realmente e mostrar que estamos de corpo presente. Antes, víamos os jurados lá de cima; mas, perto da gente, eles conseguem nos enxergar melhor, é muito palpável e fácil de identificar erros” , finalizou Renatinho.
Samba-enredo
Com ótima resposta, a comunidade do Vai-Vai acolheu muito bem um samba que não era dos mais elogiados quando se analisava toda a safra para 2024. Relembrando a história da agremiação, de sempre fazer ensaios na rua, Luiz Felipe, intérprete da instituição, destacou tal ponto em entrevista. “Agora, que nós estamos ensaiando em quadra, é complicado. Mas me surpreendeu: o primeiro ensaio técnico é aquele no qual vamos ajustando depois, mas esse foi muito bom. Uma escola muito unida, uma arquibancada que correspondeu – principalmente na hora do breque do rap, que é o enredo e é o breque principal do samba. Tem coisas para arrumar, mas, para um ensaio técnico, está muito bom”, pontuou.
Outra característica da canção também foi exaltada por LF quando perguntado se ele já esperava o sacode que foi visto no Anhembi. “A gente esperava esse sacode porque o samba e o enredo, principalmente, já pegou o gosto popular. O samba foi junto com o enredo: fácil e chiclete. A resposta está aí. Faltam 27 dias, vamos melhorar para chegar no dia dez na ponta do bigode”, finalizou.
Evolução
É tradicional no Vai-Vai uma passada mais morosa, mas acontecendo com ainda mais frequência que outras coirmãs por conta da grande quantidade de pessoas que a agremiação traz. E tudo ia bem, de fato, até uma ala de passistas com uma fantasia verde chegar ao Setor C. Lá, foi nítido a pausa da escola por cerca de três minutos.
Para driblar o alto número de componentes, Luiz Robles, diretor de Carnaval e de Harmonia do Vai-Vai, destacou onde, logisticamente, a Saracura pode ganhar tempo. Um trunfo que a gente acredita que vai nos auxiliar para conseguir ter um andamento mais coeso, sem grandes paradas, para não ter problema por a escola estar grande, é a comissão de frente. Como a gente tem um elemento alegorico que é praticamente uma alegoria, no qual a coreografia é feita em cima, a gente acredita que conseguimos até fazer a Evolução vir muito mais constante e ajudar a gente no andamento e no tempo. Foi nisso que que apostamos – e hoje podemos provar e deu certo. Hoje foi aprovado pelo andamento da comissão. No começo desbalanceou um pouco, mas a gente conseguiu corrigir e, do meio para cá, a gente veio muito bem com o andamento da comissão”, admitiu.
O próprio Robles aprovou o andamento da agremiação no primeiro ensaio técnico. “A gente vem planejando esse ensaio técnico há algumas semanas – e, para o primeiro, foi bem positivo. Conseguimos compactar a escola do jeito que a gente planejou e todos os andamentos que planejamos aqui, na saída de tempo, a gente conseguiu executar. O ponto positivo pra mim foi o canto forte. Apesar de ainda não ter o som na pista quando a bateria faz o recuo (a gente perde um pouco a referência), conseguimos manter o canto forte e alto para volta do Vai-Vai ao Grupo Especial. Acredito que nesse 2024 a gente vem com muito mais força do que quando a gente teve o revés e voltou pela primeira vez para o primeiro grupo, em 2022. A gente está vindo muito mais preparado e forte para esse desfile da nossa escola”, vaticinou.
Outros destaques
Tradicionalmente a escola que traz mais componentes para cada desfile, o ensaio técnico do Vai-Vai estava com bastante pessoas na passarela, nas arquibancadas, na Concentração, na Dispersão e até mesmo nos corredores utilizados pela imprensa e harmonias.
Já citada anteriormente, a paradinha que remete ao rap também foi elogiada por Mestre Beto – que comanda a Pegada de Macaco juntamente Mestre Tadeu. “Eu percebi que a arquibancada, na hora que fizemos a bossa do rap, correspondeu. Os ritmistas também ficaram muito emocionados. Eu vivi esse momento, ninguém me contou. Foi muito extraordinário. Por ser Vai-Vai e poder fazer os arranjos da escola, sendo um dos mestres de bateria, e ver a reação do público… é algo único. É igual aniversário: é uma vez no ano”, comparou.
O próprio Mestre Beto acredita que o desempenho da bateria alvinegra foi bastante satisfatório. “No meu consentimento, a bateria foi boa. Preciso alcançar o ótimo e o exuberante. Tive poucos problemas: alguns eventos que eu pensei que ia ter eu não tive”, finalizou.
Abrindo o sábado de oito ensaios técnicos no Anhembi, o Camisa Verde e Branco fez questão de mostrar a força de um pavilhão nove vezes campeão do carnaval paulistano e a gana de quem retorna ao Grupo Especial após doze anos distante do principal pelotão da folia na cidade de São Paulo. Ao menos dois quesitos tiveram destaque no evento: comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira. Houve, entretanto, um deslize envolvendo outros segmentos da agremiação, que cantará o enredo “Adenla – O Imperador nas terras do Rei”, que será apresentado no primeiro horário da sexta de carnaval (09 de fevereiro).
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Comissão de frente
Representando todos os célebres filhos de Oxóssi, orixá protetor do Trevo, o segmento trouxe componentes com camisas brancas e saias/shorts verdes, combinando com as cores da tradicional agremiação. Dois integrantes eram exceções, vestindo apenas saiões verdes. Eles, aliás, tiveram destaque na coreografia – um vindo à frente de todos os outros e, o outro, atrás. Um deles, por sinal, será coroado quando o samba-enredo entra na parte final, em homenagem a Adriano Imperador – ex-centroavante que jogou a Copa do Mundo de 2006 pela Seleção Brasileira.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mesmo com fortes rajadas de vento, Alex Malbec e Jessika Barbosa souberam sustentar e defender muito bem o pavilhão ao longo de toda a passarela. Muito bem sincronizados, ambos giraram de maneira mais suave que boa parte dos demais casais vistos até aqui – primeiro no sentido horário e, depois, no anti-horário. Vale destacar, também, a ótima sincronização nos movimentos feitos pelos guardiões da dupla.
Sobre o evento, a dupla aprovou do próprio desempenho. “No geral, gostamos. Colocamos em prática tudo que ensaiamos. O vento atrapalhou um pouquinho, mas é normal: são adversidades que fazem parte do processo. No geral, conseguimos cumprir com tudo que a gente esperava”, comentou Jessika. O companheiro aproveitou para destacar como o casal entende o segmento. “Foi tranquilo, fizemos tudo que nós ensaiamos: aquela dança de guardião do pavilhão e condutor, minha preocupação maior é protegê-la e guardar o pavilhão. Fazemos uma dança espontânea e livre: claro que para o jurado tem movimentos específicos que precisam ser feitos, mas, ao longo do desfile, vamos sentir e ver o que vai acontecer”, afirmou Alex.
Perguntado sobre o quanto as reformas no Anhembi impactaram o bailado do casal, Alex fez um comentário com que Jessika concordou. “Ontem nós ensaiamos na chuva e estava bem escorregadio, mesmo de tênis. No seco, porém, está normal”, finalizou.
Harmonia
A cabeça (ou seja, os primeiros segmentos) da escola tiveram excelente canto – com destaque para os dois primeiros setores e para a ala das baianas, inteiras de branco, que vieram à frente do abre-alas. Se não tinham o mesmo desempenho dos dois primeiros setores, os que vieram mais para o final do ensaio técnico não decepcionaram e cantaram, ainda que sem tanta volúpia quanto os já destacados anteriormente.
O segmento foi elogiado por João Victor Ferro, diretor de carnaval do Trevo. “Foi um ensaio proveitoso para caramba! É um horário diferente, a galera não está acostumada a ensaiar às 16h e achei que a escola veio. Todas as alas estavam presentes em cima do contingente de gente que já tinha combinado, então deu certo. Achei que a Harmonia com relação ao canto foi o destaque da escola, estava cantando bem para caramba – mesmo estando na cabeça da escola dava pra perceber. Com relação à Evolução, as coisas também aconteceram. É um trabalho de crescente. Acho que hoje foi vantajoso, está dentro daquilo que a gente estava esperando para o ensaio. Dia 20 vai estar melhor e dia 26 melhor ainda para a gente poder chegar aí no dia nove afinado”, comemorou.
Samba-enredo
Das canções para 2024 mais elogiadas pela comunidade carnavalesca, a obra foi muito bem defendida pelo carro de som da agremiação, comandado por Igor Vianna – cada vez mais à vontade no Trevo, por sinal. A música, além de ser marcada pela comissão de frente, também fez com que todos da escola fizessem coreografias nos refrões de cabeça e do meio.
O próprio Igor Vianna, em entrevista, concordou com a análise. “Na minha humilde opinião, foi um grande reencontro com o Anhembi. Ai as alas cantando, uma escola aparentemente coesa. Agora é ver a análise da Direção de Carnaval e de Harmonia, ver onde podemos melhorar e entrar em ação. O ponto alto foi o clima muito bom, a rapaziada muito emotiva. Um misto de garra e emoção, um clima maravilhoso. Curti muito!”, vaticinou.
Evolução
Além das já citadas coreografias nos regrões, também é importante destacar a energia com que boa parte dos componentes dançou, se entregando completamente ao evento. Foi no quesito, entretanto, que uma falha foi detectada no momento em que a bateria entrou no recuo. Para começar o movimento, os ritmistas, à priori, pararam antes de fazer a entrada, mas o restante da escola seguiu. Um pequeno clarão foi aberto – com alguns diretores e até o tradicionalíssimo pandeirista da bateria pedirem mais atenção das alas que vinham à frente. Até mesmo o componente que estava com uma fita para demarcar o espaço destinado ao carro abre-alas liberava mais do rolo para tentar conter o clarão.
Outros destaques
Além do já citado pandeirista, Sophia Ferro, rainha de bateria, estava presente à frente dos ritmistas. Mestre Jeyson, diretor da Furiosa, tradicionalíssima bateria da agremiação, comemorou o ensaio dançando na frente dos duzentos ritmistas na Dispersão. O motivo? O resultado final do evento. “Gostei do ensaio técnico! Mas, saindo daqui, vamos pegar o vídeo e analisar, ver os pontos que vamos ter que corrigir e tentar limpar algumas coisas para que no dia 09 de fevereiro esteja tudo pronto”, destacou.
O diretor de bateria da Furiosa aproveitou para destacar a qualidade do samba-enredo do Camisa Verde e Branco para 2024. “Para trabalhar em um samba que todo mundo elogia é muito mais gostoso e fácil! Quando escolhem o samba que a comunidade quer, como foi nesse ano, a bateria tira onda. Só tem a melhorar e a escola só tem a evoluir bem”, finalizou.
Os staff da agremiação, por sinal, estavam bastante atentos a tudo que acontecia e não se furtavam a cobrar componentes para que eles cantassem e dançassem mais – além de verificar se precisavam de algum tipo de ajuda.
A Liga Independente das Escolas de Samba, através do presidente Jorge Perlingeiro, informa que, devido às intensas chuvas que têm afetado a cidade do Rio de Janeiro, os ensaios técnicos das escolas de samba Unidos da Tijuca e Portela, originalmente programados para este domingo, serão adiados. Veja abaixo o comunicado.
Entorno do Sambódromo terá diversas vias interditadas para os ensaios técnicos – Foto: Arquivo/Prefeitura do Rio
“Esta decisão é tomada com a máxima responsabilidade, visando a segurança de todos os envolvidos, incluindo participantes, equipe técnica e espectadores.
Estamos trabalhando para definir novas datas para os ensaios, e as informações atualizadas serão divulgadas em breve. Agradecemos a compreensão de todos neste momento e reafirmamos nosso compromisso com a realização de eventos seguros”.
Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes
A União da Ilha do Governador mostrou na noite de sábado, na Marquês de Sapucaí, porque é uma escola de nível do Grupo Especial. A tricolor insulana foi a quarta agremiação do dia a realizar seu ensaio técnico para os desfiles da Série Ouro, que começou por volta das 23h. Já na arrancada do samba-enredo, a escola exibia sua força. E isso ficou ainda mais evidente quando uma chuva torrencial desabou sobre os componentes em plena pista. Mesmo em condições adversas, a comunidade cantou a obra musical com muita animação e volume. O experiente intérprete Nêgo conduziu o samba com sua maestria costumeira. Além disso, a bateria de mestre Marcelo teve uma ótima atuação, impondo um andamento que permitiu com que os integrantes brincassem bastante na avenida. Destaque também para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Thiaguinho e Amanda, que deram um show de bailado e irreverência. Assim como a comissão de frente liderada por Márcio Moura, que mostrou um número com muita dança e sincronia, mesmo na pista molhada. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
A azul, vermelho e branco será a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro. A Ilha levará para a avenida o enredo “Doum e Amora: Crianças para transformar o mundo!”, de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues, que abordará a luta antirracista sob o olhar de crianças pretas.
“Muito molhado, mas de alma lavada. Não estou molhado de chuva, estou molhado de alma lavada. Porque é muito difícil acordar de manhã e ver o tempo desse jeito, ficar na dúvida do que a gente vai encontrar aqui. Mas, dúvida eu não tenho mais, não. Eu tenho uma grande escola, grande bateria, grande comunidade, meu casal, minha comissão de frente, minha harmonia. E um presidente que luta muito para botar essa escola digna da avenida. Só que eu vou dizer, a gente veio digna para brigar pelo título. E hoje a gente provou embaixo d’água. E a gente vai provar sábado, debaixo de lua, que a gente pode ser campeão desse carnaval. Acho que tem poucas coisas para ajustar, até porque faltam 20 e poucos dias. Sempre tem alguma coisa para ajustar, mas a escola já tem o cheiro de briga produtiva. A Ilha vem com 1400 componentes, de chão e carro, certinha, correta, nem muito, nem pouco, respeitando sempre o regulamento, mas vem grandiosa na vontade de ser campeã”, explicou Dudu Falcão, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Comandada por Márcio Moura, a comissão de frente da Ilha não deu importância para a pista bastante molhada pela chuva. O grupo de bailarinos estava vestido como se fossem crianças e com os rostos pintados de várias cores. Todos eles vestiam calças coloridas e camisas brancas com personalidades pretas estampadas, como Zumbi, Dandara, Mandela, Marielle, entre outros. Eles mostraram muita energia e animação em todo o número, além de bastante irreverência, em uma coreografia que alternava momentos em que todos interagiam e momentos em que se dividiam em subgrupos. No final da apresentação, o grupo se reunia e deixava uma das integrantes bem em destaque no centro da roda.
“A chuva faz parte do processo. É difícil ensaiar com chuva, principalmente, comissão de frente que tem que trazer quesitos, tem que trazer surpresas, coisas que a chuva impossibilita, porque o que a gente pensa para o dia do desfile está preparado para chuva e para o ensaio técnico não, porque o investimento é um pouco menor, mas a gente entendeu o andamento, entendemos a relação de público com a nossa distância, parte técnica, afinal de contas, ainda é o ensaio técnico e a galera está cantando muito mesmo embaixo dessa chuva. A comissão vem para fazer a representatividade real de que crianças pretas com todo o apoio, a presença de paz do estado, com toda essa presença, ela pode se transformar em alguém de fato, que ela não precisa passar o que passa. Falaram para gente em outros momentos que as crianças pretas não tinham líderes crianças pretas. Óbvio, essas crianças têm que estar na rua para arrumar comida para gente de casa, elas se transformam em adultos e só quando são adultos que sofreram o que sofreram quando são crianças que pensam em mudar a realidade dessas crianças. Acho que a comissão vem dando esse olhar no dia, essa representatividade”, contou o coreógrafo.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da União da Ilha, Thiaguinho e Amanda, fizeram uma excelente apresentação, mesmo sob forte chuva e vento. Ele estava vestido como se fosse uma criança e ela representava uma joaninha. Mostrando muita graça e leveza, os dois bailaram com bastante técnica. Utilizando um bom espaço da pista, eles realizaram uma dança clássica mesclada com passos coreografados de acordo com o samba. Sempre com muitos sorrisos, trocas de olhares e interações. Ao final, o mestre-sala mostrou irreverência ao brincar com um carrinho que levou para a pista.
“Foi leve e divertido como a gente esperava. O fator chuva foi bom para nos preparar. A gente vem ensaiando sem parar, não tivemos férias, então é justamente para isso, chegar aqui e sentir o corpo e a mente pronta para dançar, então fizemos o melhor que poderíamos fazer, executando a coreografia completa, mas não finalizada. Como a coreografia não é oficial, já temos certeza do que iremos descartar dela para o desfile. Mas agora vamos trabalhar em cima daquilo que não era oficial, mas iremos trazer para a avenida”, comentou a porta-bandeira.
“Foi perfeito, mais perfeito que isso, só se não estivesse chovendo. Foi o melhor que pôde acontecer, dentro das circunstâncias de hoje, a pista encharcada, escorregadia e a bandeira super pesada na mão da Amanda, a gente fez um trabalho lindo. Eu nunca tinha ensaiado com chuva, mas como é um ensaio técnico, acredito que todas as escolas deveria ensaiar com som. Dessa vez eu notei que com chuva o som da bateria fica muito mais distante da gente, causando um delay. Seria bacana que todas as escolas pudessem ter um som só para ela”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
Apesar de gerar dúvidas em algumas pessoas até o dia do ensaio, o samba da Ilha teve um ótimo rendimento na noite de sábado. Mesmo contando com passagens mais simples, como o refrão principal, a obra musical demonstrou a força que o enredo pede. O refrão de meio é um grande acerto, sendo muito gostoso de cantar. A melodia tem variações bem interessantes, deixando a obra bem versátil. Somado a tudo isso, a segura e potente atuação do intérprete Nêgo impulsionou ainda mais o desempenho do samba-enredo.
Harmonia
A comunidade da Ilha do Governador deu uma aula de canto na Sapucaí mesmo debaixo de uma tempestade. Todas as alas da escola passaram entoando a obra musical com bastante volume. Não se percebeu ninguém que não soubesse cantar. Os dois refrões e a parte em que Doum e Amora são citados foram pontos altos. O quesito foi um grande destaque do ensaio. Se mantiver ou até aumentar o nível, a Ilha deve levar a nota máxima com tranquilidade no desfile oficial.
“O samba rendeu muito. A harmonia funcionou muito bem. A bateria muito bem. Carro de som maravilhoso. Violão, cavaquinho. E todos se empenharam o máximo para a gente fazer um grande trabalho aqui na Marquês de Sapucaí. Eu tenho certeza que a Ilha vai brigar pela ponta. Nós estamos bem preparados para fazer um grande desfile. Muito obrigado ao presidente Ney Filardi e toda a sua diretoria que depositou toda a confiança nesse crioulo. Muito obrigado por tudo. Muito obrigado a todo o povo da Ilha que confiou no nosso trabalho. Muito obrigado mesmo de coração. Foi maravilhoso. Mesmo com chuva, o povo abraçou, cantou o samba. E eu fico muito feliz com isso. Primeiro a escola de samba tem que ter garra, e a Ilha tem garra, tem vontade de ganhar. É isso que eu preciso de uma escola que tem garra, uma escola que tem força para poder superar todas as situações, isso é muito importante, todos estão de parabéns, a Ilha do Governador é maravilhosa. O nosso povo canta mesmo com vontade”, afirmou o intérprete Nêgo.
Evolução
Mais um quesito defendido com excelência pela tricolor insulana. O ritmo de desfile utilizado se mostrou perfeito, fazendo com que a escola brincasse bastante, com muita animação e energia. Não foi aberto qualquer tipo de buraco entre suas alas, além de não se notar aceleração ou lentidão. Um conjunto de desfilantes leve e feliz, exibindo muita satisfação com o enredo e com o samba.
Outros destaques
A bateria comandada por mestre Marcelo fez uma grande apresentação no ensaio técnico. Mostrando um peso bem característico, os ritmistas tocaram em um andamento muito propício para o seu samba-enredo. Além disso, exibiram bossas de qualidade e bem encaixadas na obra musical, impulsionando ainda mais o desempenho da escola na avenida.
“Muito feliz com esse desafio de ensaiar, que é um ensaio importante, debaixo de uma chuva dessa e a bateria se comportar do jeito que se comportou, só tenho que agradecer a essa rapaziada. Hoje, sem modéstia nenhuma, a bateria da ilha conseguiria tirar a nota 10 mesmo com toda essa chuva. Foi um dilúvio e a bateria se comportou super bem, afinação, andamento, bossas, rapaziada, parabéns, muito feliz, de verdade. O Nêgo tem que respeitar, quando chega aqui, ele bota toda a bagagem que ele tem, coloca nas costas e canta muito. Em todo o nosso andamento, nosso entrosamento com o Nêgo, o carro de sol e a bateria, foi o melhor possível e hoje todo mundo viu aí que o que promete é ainda ser melhor no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro”, garantiu mestre Marcelo Santos.
Por Raphael Lacerda, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes
A Unidos de Bangu foi a terceira escola a entrar na Marquês de Sapucaí no segundo sábado de ensaios técnicos da Série Ouro. Impactada pelas fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Rio, a agremiação pisou na Passarela do Samba com um contingente reduzido, afetando o canto da comunidade. A apresentação da comissão de frente e o desempenho do carro de som e da bateria foram os destaques do treino. Neste ano, a escola de samba vai levar para a Avenida o enredo “Jorge da Capadócia”, do carnavalesco Robson Goulart, e será a sétima agremiação a desfilar no sábado de carnaval. Agora, a equipe da Zona Oeste terá cerca de três semanas para se acertar e levar uma boa apresentação para a Passarela do Samba. * VEJA FOTOS DO ENSAIO
“Foi um ensaio atípico. Porque o que está acontecendo lá em Bangu agora, com várias casas alagadas, dificuldade, o trânsito difícil, ficaram muitas pessoas fora do ensaio por conta disso, mas mesmo assim, a gente fez um ensaio compacto. Eu acho que a marca da Bangu é essa, essa ousadia, a gente cai para dentro mesmo, a gente gosta de dar esse show, eu acho que foi proveitoso, eu acho que a gente mostrou um pouquinho do que a gente pode fazer no desfile oficial. Hoje foi um ensaio que eu não posso nem buscar defeitos. As pessoas que chegaram aqui chegaram com uma dificuldade descomunal. São guerreiros que vieram e chegaram aqui após quatro, cinco horas no trânsito. Porque a nossa concentração foi marcada para às 17 horas. Eu não posso nem avaliar nada de maneira negativa. Eu só avalio positivamente a garra do povo de Bangu”, explicou Marcelo do Rap, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Comandada pelo coreógrafo Fabio Costa, a comissão de frente de Bangu contou com 14 bailarinos e foi marcada por uma coreografia bem sincronizada, com muitas expressões corporais e bastante garra. Mesmo com a chuva, a comissão conseguiu cumprir seu papel e realizou uma boa apresentação.
“A análise é a melhor possível, porque acho que com chuva, muita chuva até, vento frio e os meninos conseguiram manter a energia de sempre, conseguiram manter o canto, a vibração. A galera está de parabéns. A gente deixou uma surpresinha guardada para o desfile, mas assim, o deslocamento, a coreografia do deslocamento a gente testou a oficial. Só a coreografia de frente da cabine que tem algumas movimentações diferentes do dia do desfile. O spoiler que eu vou dar da comissão é que vai ter muita fé. A galera acho que pode esperar uma coisa legal”, garantiu o coreógrafo Fábio Costa.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal da agremiação, formado por Jorge Vinicius e Veronika Lyma, apostou em uma linda roupa azul e vermelha. O mestre-sala usou uma espada como adereço de mão em referência a São Jorge. Apesar da elegância e experiência do casal, eles foram diretamente afetados pela chuva e os fortes ventos, que não cessaram durante todo o desfile. Ainda no primeiro módulo, a dupla conseguiu superar as adversidades e fez uma boa apresentação. Já no segundo, o vento ainda mais forte impactou a apresentação do pavilhão, infelizmente, a bandeira chegou a enrolar.
“Foi um ensaio maravilhoso, gratidão por esse ensaio. Porque o ensaio é assim, com lutas, com chuva, com vento, é um ensaio que só vem aprimorar a nossa dança, porque a gente se acostuma e aí a gente fica preparado e hábil, para o que pode acontecer no dia do desfile. A gente está ensaiando há meses o sincronismo. Pôde ver que o nosso ensaio está surtindo efeito, resultado, porque com toda dificuldade que a gente pegou de vento, chuva, o chão escorregando, a gente viu hoje que a gente está no caminho. A gente vem representando São Jorge, igual a Bangu inteira que vem de São Jorge. Sobre a cor vamos deixar no ar, na imaginação do povo. Cada um tem São Jorge, uns como azul, devido a Ogum, para outros São Jorge é vermelho, então vamos deixar na imaginação de vocês”, disse a porta-bandeira.
“Para mim, é uma experiência inesquecível, dançar na chuva ao lado dessa deusa maravilhosa que é a minha porta-bandeira e pegar mais um pouco de experiência com ela. Juntos, nós estamos fortes. Acho que isso foi uma nota máxima para mim, para que eu possa me aprimorar. Ensaiando na chuva, a gente já pega a resistência e vamos juntos. Ninguém solta mão de ninguém”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
Mesmo com o brilhantismo do intérprete Igor Vianna – um dos destaques da escola no ensaio técnico – com a companheira Pipa Brasey, o samba assinado pelos compositores Tem-Tem Jr, Dudu Senna, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Rafael Ribeiro, Ronie Oliveira, Cândido Bigarin, Binho Percussão VR, Jorginho Via 13, Juca, Renan Diniz e Denis Moares não teve um grande rendimento na Avenida. Por sua vez, a obra tem a força e a potência que o enredo pede, mas não funcionou neste primeiro teste na Sapucaí. Destacar que após cantar em São Paulo, no fim da tarde de sábado, Igor voltou para o Rio e conseguiu fazer uma grande condução, carregando a escola durante o desfile.
“Na minha opinião, o samba rendeu muito bem, muito bem mesmo. Hoje foi o nosso primeiro encontro com a minha dupla, a Pipa, e eu não tinha preocupação porque eu conheço o trabalho dela, e a gente, o carro do som, só tenho a agradecer a minha rapaziada, foi ótimo. Sempre tem algumas coisas a colocar no lugar, mas a gente tem tempo hábil pra isso e vamos fazer isso. Vai dar tudo certo no dia do desfile”, comentou Igor Vianna.
“Olha, eu achei que foi muito bom, o pessoal está cantando muito bem, nossa bateria está afinadissima, eu acho que promete muito no desfile de fevereiro. A gente está muito unido, esperançoso, motivado, vai ser maravilhoso. A gente tem que manter isso, manter essa vontade de vencer”, completou Pipa Brasey.
Harmonia
O ponto mais falho da Vermelho e Branco neste ensaio técnico. O canto irregular surpreendeu negativamente, já que a escola realizou grandes apresentações neste pré-carnaval. No mini desfile da Cidade do Samba, por exemplo, Bangu cantou forte e teve um bom desempenho harmônico. Neste sábado, as primeiras alas eram as que menos cantavam e alguns dos componentes entoavam apenas alguns trechos do samba, como o refrão. A Unidos de Bangu vai precisar redobrar o trabalho no segmento durante as próximas semanas que antecedem o carnaval.
Evolução
A agremiação foi para a Marquês de Sapucaí com um número reduzido de componentes devido a chuva que atingiu toda cidade do Rio de Janeiro. Ainda no início do ensaio, o carro de som informou que o bairro de Bangu era castigado pelo temporal. Segundo o Sistema Alerta Rio, por volta das 19h, a região foi uma das mais afetadas. Como resultado, a escola foi uma das mais impactadas neste segundo dia de ensaios da Série Ouro. Apesar do quantitativo reduzido, não foram abertos grandes espaços.
Outros destaques
Destaque para a bateria da Unidos de Bangu. Conhecida como “Caldeirão da Zona Oeste”, os ritmistas fizeram jus ao apelido e mostraram que vai brigar, mais uma vez, pelos 40 pontos do quesito. Comandados por mestre Laion, eels deram um show na Avenida e foram um dos pontos altos do desfile. A jovem Wenny Isa, rainha de bateria, chegou em um tripé que representava São Jorge. Totalmente adaptada ao carnaval, ela tira onda na Avenida.
“Me sinto realizado por essa noite, mas uma noite chuvosa que não é fácil para ninguém. Mas acho que, independente das adversidades que tivemos, realizamos um grande ensaio. Estou muito feliz mesmo com o que a bateria ‘Caldeirão da Zona Oeste’ apresentou aqui hoje. Acho que demos um passo muito a frente para o que a gente vai apresentar no dia oficial. O ensaio é para errar e acertar. Hoje não deixa de ser um técnico, um pré-oficial, só que no desfile é tudo ou nada. Agora, acho que é poucos detalhes que temos para acertar. A bateria vem de duas cores. O público que estiver assistindo vai associar a Ogum e São Jorge, mas o tema é sobre as cavalhadas, batalhas que tem no norte do país. E dentro do nosso samba eu vou fazer uma brincadeira com o pagode. Acho que no dia de São Jorge tem o verdadeiro pagode e com isso vou fazer uma festa que só vai parar na quarta-feira de cinzas”, prometeu mestre Laion.