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Sacudiu! Debaixo de temporal, Ilha faz grande ensaio e mostra força para buscar o título da Série Ouro

Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes

A União da Ilha do Governador mostrou na noite de sábado, na Marquês de Sapucaí, porque é uma escola de nível do Grupo Especial. A tricolor insulana foi a quarta agremiação do dia a realizar seu ensaio técnico para os desfiles da Série Ouro, que começou por volta das 23h. Já na arrancada do samba-enredo, a escola exibia sua força. E isso ficou ainda mais evidente quando uma chuva torrencial desabou sobre os componentes em plena pista. Mesmo em condições adversas, a comunidade cantou a obra musical com muita animação e volume. O experiente intérprete Nêgo conduziu o samba com sua maestria costumeira. Além disso, a bateria de mestre Marcelo teve uma ótima atuação, impondo um andamento que permitiu com que os integrantes brincassem bastante na avenida. Destaque também para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Thiaguinho e Amanda, que deram um show de bailado e irreverência. Assim como a comissão de frente liderada por Márcio Moura, que mostrou um número com muita dança e sincronia, mesmo na pista molhada. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

A azul, vermelho e branco será a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro. A Ilha levará para a avenida o enredo “Doum e Amora: Crianças para transformar o mundo!”, de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues, que abordará a luta antirracista sob o olhar de crianças pretas.

“Muito molhado, mas de alma lavada. Não estou molhado de chuva, estou molhado de alma lavada. Porque é muito difícil acordar de manhã e ver o tempo desse jeito, ficar na dúvida do que a gente vai encontrar aqui. Mas, dúvida eu não tenho mais, não. Eu tenho uma grande escola, grande bateria, grande comunidade, meu casal, minha comissão de frente, minha harmonia. E um presidente que luta muito para botar essa escola digna da avenida. Só que eu vou dizer, a gente veio digna para brigar pelo título. E hoje a gente provou embaixo d’água. E a gente vai provar sábado, debaixo de lua, que a gente pode ser campeão desse carnaval. Acho que tem poucas coisas para ajustar, até porque faltam 20 e poucos dias. Sempre tem alguma coisa para ajustar, mas a escola já tem o cheiro de briga produtiva. A Ilha vem com 1400 componentes, de chão e carro, certinha, correta, nem muito, nem pouco, respeitando sempre o regulamento, mas vem grandiosa na vontade de ser campeã”, explicou Dudu Falcão, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Comandada por Márcio Moura, a comissão de frente da Ilha não deu importância para a pista bastante molhada pela chuva. O grupo de bailarinos estava vestido como se fossem crianças e com os rostos pintados de várias cores. Todos eles vestiam calças coloridas e camisas brancas com personalidades pretas estampadas, como Zumbi, Dandara, Mandela, Marielle, entre outros. Eles mostraram muita energia e animação em todo o número, além de bastante irreverência, em uma coreografia que alternava momentos em que todos interagiam e momentos em que se dividiam em subgrupos. No final da apresentação, o grupo se reunia e deixava uma das integrantes bem em destaque no centro da roda.

“A chuva faz parte do processo. É difícil ensaiar com chuva, principalmente, comissão de frente que tem que trazer quesitos, tem que trazer surpresas, coisas que a chuva impossibilita, porque o que a gente pensa para o dia do desfile está preparado para chuva e para o ensaio técnico não, porque o investimento é um pouco menor, mas a gente entendeu o andamento, entendemos a relação de público com a nossa distância, parte técnica, afinal de contas, ainda é o ensaio técnico e a galera está cantando muito mesmo embaixo dessa chuva. A comissão vem para fazer a representatividade real de que crianças pretas com todo o apoio, a presença de paz do estado, com toda essa presença, ela pode se transformar em alguém de fato, que ela não precisa passar o que passa. Falaram para gente em outros momentos que as crianças pretas não tinham líderes crianças pretas. Óbvio, essas crianças têm que estar na rua para arrumar comida para gente de casa, elas se transformam em adultos e só quando são adultos que sofreram o que sofreram quando são crianças que pensam em mudar a realidade dessas crianças. Acho que a comissão vem dando esse olhar no dia, essa representatividade”, contou o coreógrafo.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da União da Ilha, Thiaguinho e Amanda, fizeram uma excelente apresentação, mesmo sob forte chuva e vento. Ele estava vestido como se fosse uma criança e ela representava uma joaninha. Mostrando muita graça e leveza, os dois bailaram com bastante técnica. Utilizando um bom espaço da pista, eles realizaram uma dança clássica mesclada com passos coreografados de acordo com o samba. Sempre com muitos sorrisos, trocas de olhares e interações. Ao final, o mestre-sala mostrou irreverência ao brincar com um carrinho que levou para a pista.

“Foi leve e divertido como a gente esperava. O fator chuva foi bom para nos preparar. A gente vem ensaiando sem parar, não tivemos férias, então é justamente para isso, chegar aqui e sentir o corpo e a mente pronta para dançar, então fizemos o melhor que poderíamos fazer, executando a coreografia completa, mas não finalizada. Como a coreografia não é oficial, já temos certeza do que iremos descartar dela para o desfile. Mas agora vamos trabalhar em cima daquilo que não era oficial, mas iremos trazer para a avenida”, comentou a porta-bandeira.

“Foi perfeito, mais perfeito que isso, só se não estivesse chovendo. Foi o melhor que pôde acontecer, dentro das circunstâncias de hoje, a pista encharcada, escorregadia e a bandeira super pesada na mão da Amanda, a gente fez um trabalho lindo. Eu nunca tinha ensaiado com chuva, mas como é um ensaio técnico, acredito que todas as escolas deveria ensaiar com som. Dessa vez eu notei que com chuva o som da bateria fica muito mais distante da gente, causando um delay. Seria bacana que todas as escolas pudessem ter um som só para ela”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

Apesar de gerar dúvidas em algumas pessoas até o dia do ensaio, o samba da Ilha teve um ótimo rendimento na noite de sábado. Mesmo contando com passagens mais simples, como o refrão principal, a obra musical demonstrou a força que o enredo pede. O refrão de meio é um grande acerto, sendo muito gostoso de cantar. A melodia tem variações bem interessantes, deixando a obra bem versátil. Somado a tudo isso, a segura e potente atuação do intérprete Nêgo impulsionou ainda mais o desempenho do samba-enredo.

Harmonia

A comunidade da Ilha do Governador deu uma aula de canto na Sapucaí mesmo debaixo de uma tempestade. Todas as alas da escola passaram entoando a obra musical com bastante volume. Não se percebeu ninguém que não soubesse cantar. Os dois refrões e a parte em que Doum e Amora são citados foram pontos altos. O quesito foi um grande destaque do ensaio. Se mantiver ou até aumentar o nível, a Ilha deve levar a nota máxima com tranquilidade no desfile oficial.

“O samba rendeu muito. A harmonia funcionou muito bem. A bateria muito bem. Carro de som maravilhoso. Violão, cavaquinho. E todos se empenharam o máximo para a gente fazer um grande trabalho aqui na Marquês de Sapucaí. Eu tenho certeza que a Ilha vai brigar pela ponta. Nós estamos bem preparados para fazer um grande desfile. Muito obrigado ao presidente Ney Filardi e toda a sua diretoria que depositou toda a confiança nesse crioulo. Muito obrigado por tudo. Muito obrigado a todo o povo da Ilha que confiou no nosso trabalho. Muito obrigado mesmo de coração. Foi maravilhoso. Mesmo com chuva, o povo abraçou, cantou o samba. E eu fico muito feliz com isso. Primeiro a escola de samba tem que ter garra, e a Ilha tem garra, tem vontade de ganhar. É isso que eu preciso de uma escola que tem garra, uma escola que tem força para poder superar todas as situações, isso é muito importante, todos estão de parabéns, a Ilha do Governador é maravilhosa. O nosso povo canta mesmo com vontade”, afirmou o intérprete Nêgo.

Evolução

Mais um quesito defendido com excelência pela tricolor insulana. O ritmo de desfile utilizado se mostrou perfeito, fazendo com que a escola brincasse bastante, com muita animação e energia. Não foi aberto qualquer tipo de buraco entre suas alas, além de não se notar aceleração ou lentidão. Um conjunto de desfilantes leve e feliz, exibindo muita satisfação com o enredo e com o samba.

Outros destaques

A bateria comandada por mestre Marcelo fez uma grande apresentação no ensaio técnico. Mostrando um peso bem característico, os ritmistas tocaram em um andamento muito propício para o seu samba-enredo. Além disso, exibiram bossas de qualidade e bem encaixadas na obra musical, impulsionando ainda mais o desempenho da escola na avenida.

“Muito feliz com esse desafio de ensaiar, que é um ensaio importante, debaixo de uma chuva dessa e a bateria se comportar do jeito que se comportou, só tenho que agradecer a essa rapaziada. Hoje, sem modéstia nenhuma, a bateria da ilha conseguiria tirar a nota 10 mesmo com toda essa chuva. Foi um dilúvio e a bateria se comportou super bem, afinação, andamento, bossas, rapaziada, parabéns, muito feliz, de verdade. O Nêgo tem que respeitar, quando chega aqui, ele bota toda a bagagem que ele tem, coloca nas costas e canta muito. Em todo o nosso andamento, nosso entrosamento com o Nêgo, o carro de sol e a bateria, foi o melhor possível e hoje todo mundo viu aí que o que promete é ainda ser melhor no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro”, garantiu mestre Marcelo Santos.

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