A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do carnaval 2024 confirmou uma velha máxima dita pelo povo do carnaval que diz que a segunda-feira normalmente supera as apresentações do domingo. Seis escolas pisaram na Passarela do samba e fizeram desfiles de alto nível com brilho maior para a Viradouro, que mais uma vez teve a missão de fechar o grupo da elite do carnaval carioca, e a Vila Isabel, que apresentou uma reedição, “Gbala”. Destas apenas Viradouro não teve erros aparentes. A Vermelha e Branca do Barreto se apresentou de forma avassaladora, mostrando excelência em todos os quesitos e com um conjunto estético impecável. Já a Vila, terceira da noite, trouxe o enredo de 1993 de Oswaldo Jardim sobre a ótica de Paulo Parros, resultando em um desfile muito criativo e bem luminoso, alguns problemas na indumentária do casal e na iluminação de algumas fantasias deixa a escola em desvantagem nessa briga pelo título com a Viradouro.

A noite se iniciou com a Mocidade fazendo esquecer os dois últimos desfiles da Verde e Branca da Zona Oeste, em uma apresentação muito leve, feliz, sacana, com uma harmonia quente e com excelentes apresentações do casal e da comissão, se recuperando e pensando em voos mais altos. Depois, a Portela, que também teve muitos problemas no desfile do centenário em 2023, estreou uma jovem dupla de carnavalescos, André Rodrigues e Antônio Gonzaga, que apresentaram na Portela uma estética diferente dos últimos anos da escola em um enredo que valorizava o afeto. Problemas com acabamento nas alegorias podem afastar ela das primeiras colocações. Já a Mangueira, quarta a entrar na Passarela do Samba, fazia um começo arrebatador na homenagem a Alcione com comissão, casal e primeiros carros impecáveis, Mas problemas com evolução e acabamento das demais alegorias minaram a briga por título da escola, ainda podendo voltar nas campeãs. Depois, o Paraíso do Tuiuti fez uma criativa homenagem ao Almirante Negro, João Cândido sobre a ótica de Jack Vasconcelos de volta a escola. A comissão e as fantasias de fácil leitura se destacaram, mas problemas como evolução no final do desfile devem afastar a Amarela e Azul de São Cristóvão do sonho pelas primeiras posições.

Mocidade

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A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira a escola a pisar na avenida na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A verde e branca da Zona Oestou entrou na avenida embalada pelo samba que caiu nas graças do povo, desde as primeiras passadas, ele mostrou que seria o grande protagonista do desfile e foi conduzido de forma espetacular por Zé Paulo, que incendiou a avenida. A apresentação exuberante da bateria “Não existe mais quente” também contribuiu para o desempenho da obra. Apresentações vibrantes da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira também foram fundamentais para o bom desfile da escola. Porém, alguns sinais de alerta podem comprometer o sonho da escola de ficar nas melhores posições na classificação final, o principal deles foi a evolução incostante durante todo o cortejo.

Portela

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Depois de um desfile do centenário em 2023 para esquecer, a Portela reformulou sua equipe artística apostou nos jovens carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. O movimento gerou uma Portela com uma identidade visual diferente dos últimos anos, com uma proposta de enredo pautado na emoção, no afeto, e apresentando a africanidade e ancestralidade tão bem casado com a essência da Portela. O afeto deram ao enredo uma história muito tocante que chegou até o público, e a evolução, tão problemática no carnaval passado, desta vez foi um alívio para o portelense, ainda que no início na dispersão, a escola tenha corrido um pouco para colocar bem os carros na Avenida. Outros quesitos como casal e comissão de frente passaram bem, e o samba teve um rendimento satisfatório na boca dos componentes. Segunda escola a se apresentar na última noite de desfiles do Grupo Especial, a Portela apresentou o enredo “Um defeito de cor” em um desfile de 1h07.

Vila Isabel

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A Unidos de Vila Isabel foi a terceira escola a passar pela avenida na noite de desfiles do Grupo Especial. Conduzida pela força e emoção da reedição de Gbala, a escola entrou na avenida com uma sucessão de quesitos bem defendidos e entrou na briga pelo campeonato. A força do enredo se provou a medida que a escola avançou na Sapucaí, assim como samba atemporal de Martinho da Vila que foi defendido com valentia pela comunidade, o início do desfile foi avassalador, emocionante e impactou o público presente. A comissão de frente trouxe a figura de Oxalá, o criador da humanidade, e as crianças, que representam a esperança deste mundo. Porém, o grande destaque da noite foi a técnica de desfile aliado a um canto explosivo. O único senão ficou por conta de falhas no efeito de luzes durante apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Mangueira

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A Mangueira foi a quarta a se apresentar na Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira de carnaval do Grupo Especial. A escola começou seu desfile com força total, em uma arrancada contagiante. Na comissão de frente veio o primeiro impacto, com uma apresentação cheia de energia, simbolismo e beleza. O casal de mestre-sala e porta-bandeira exibiu um lindo bailado, com bastante entrosamento, força e limpeza de movimentos. A harmonia foi de excelência, pois todos os componentes entoaram o samba-enredo com vigor. A atuação dos intérpretes e da bateria foi um grande espetáculo, elevando o rendimento da obra musical. A evolução também era de bom nível na animação dos desfilantes, mas dois pequenos buracos em frente a primeira cabine de jurados prejudicaram o quesito. O conjunto de fantasias também exibiu uma qualidade plástica acima da média, com beleza no uso das cores e materiais. Já as alegorias não acompanharam o mesmo nível estético, principalmente em função de pequenos erros de acabamento. O enredo foi contado com perfeição, através da leitura muito clara da plástica da agremiação. O somatório desses pequenos erros deve afastar a Mangueira da briga pelo título. A verde e rosa levou o enredo “A Negra Voz do Amanhã” para a Avenida, sobre a vida e carreira da cantora Alcione, encerrando o desfile em 1h08.

Paraíso do Tuiuti

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Em seu sétimo carnaval seguido no Grupo Especial, o Tuiuti sempre gera muitas expectativas de repetir o histórico ano de 2018, quando conquistou o vice-campeonato. E contando com Jack Vasconcelos de volta, carnavalesco daquele importante desfile, as perspectivas da comunidade eram maiores para uma nova apoteose, ainda mais trazendo um tema com forte apelo político e emocional, utilizando a homenagem a João Cândido para falar também da luta por direitos humanos. Com um início arrebatador e muito tocante em uma comissão de frente que achou soluções simples para apresentar o tema no tom que ele pedia, e com um abre-alas bem produzido, enorme em três chassis e mais um conjunto bem pesado de cavalos que puxava a alegoria, o Tuiuti deu a entender que faria outro desfile inesquecível. A facilidade com a transmissão do enredo, bastante peculiar a Jack, esteve presente, mas já na parte final do desfile, a dificuldade para colocar o último carro na Sapucaí gerou um buraco em frente ao segundo módulo e correria no último módulo, no final do desfile para não estourar o tempo. Com 1H08, o Paraíso do Tuiuti foi a quinta escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial apresentando o enredo “Glória ao Almirante Negro”.

Viradouro

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A Unidos do Viradouro foi a última escola a passar pela avenida na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A vermelha e branca de Niterói correspondeu às expectativas do público e encerrou o carnaval de maneira avassaladora, se credenciando ao título na quarta-feira de cinzas. De ponta a ponta foi uma desfile com todas as características de campeão, os nove quesito foram defendidos com brilhantismo por toda a escola, desde a comissão de frente, que mais uma vez se destacou, até a comunidade que entrou na avenida disposta a guerrear e teve um canto impressionante, acima de tudo, a garra de cada desfilante merece todos os elogios. O apuro estético foi outro ponto de destaque, o conjunto de fantasias e alegorias mostrou todo o talento de Tarcísio Zanon. Assim a estética, a Viradouro também passou pela avenida com um belíssimo trabalho harmônico, a bateria de mestre Ciça levantou o público e o intérprete Wander Pires retornou para agremiação em grande estilo. O alvorecer do dia contribuiu para que a energia em torno do desfile deixasse o ambiente ainda mais favorável à escola.