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Com samba na boca do povo e brasilidade na veia, Mocidade realiza desfile vibrante, com destaque para canto da comunidade

Apesar de ótima apresentação que permite aos independentes sonharem, escola pecou em evolução

Por Luan Costa e fotos de Nelson Malfacini

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira a escola a pisar na avenida na segunda noite de desfiles do Grupo Especial. A verde e branca da Zona Oestou entrou na avenida embalada pelo samba que caiu nas graças do povo, desde as primeiras passadas, ele mostrou que seria o grande protagonista do desfile e foi conduzido de forma espetacular por Zé Paulo, que incendiou a avenida. A apresentação exuberante da bateria “Não existe mais quente” também contribuiu para o desempenho da obra. Apresentações vibrantes da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira também foram fundamentais para o bom desfile da escola. Porém, alguns sinais de alerta podem comprometer o sonho da escola de ficar nas melhores posições na classificação final, o principal deles foi a evolução incostante durante todo o cortejo.

Apresentando o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira, a verde e branca da Zona Oeste levou para a avenida história da fruta do cajueiro, suas lendas e curiosidades junto ao povo brasileiro. A agremiação terminou sua apresentação com 70 minutos.

Comissão de Frente

A comissão de frente coreografada por Paulo Pinna foi intitulada “Eu quero um lote, saboroso e carnudo!”, a proposta apresentada buscou dar ao caju caju, o protagonismo brasileiro, foi utilizado a figura de Carmen Miranda para questionar a escolha da banana como símbolo nacional.

A coreografia utilizou um tripé – em que foi possível ver caixas cenográficas (como lotes de frutos, e daí o título do grupamento de entrada) em que, primeiramente, foi desfilado o ícone historicamente consagrado – a banana, ao longo da movimentação extremamente envolvente, o caju passou a triunfar na cena e se assumiu símbolo nacional. O início da apresentação foi no chão, a coreografia alegre e sensual deixou o público vidrado, o fundo foi preenchido por quatro blocos luminosos. A troca de componentes ocorreu em cima do elemento cênico, lá, a banana foi destronada e deu lugar ao caju. O ápice da apresentação foi quando a Carmen Miranda surgiu na arquibancada, o efeito mexeu com o público.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade, Diogo de Jesus e Bruna Santos, vestiram a fantasia “Yes, nós temos caju”, a fantasia simulou um caleidoscópio, sobretudo, no momento em Bruna girava, à medida que a dupla se apresentava, o público se envolveu e acompanhou atentamente. A dupla, que a cada ano mostra mais entrosamento, passou pela avenida esbanjando a habitual garra e vibração, extremamente expressiva, a porta-bandeira cantou o samba do início ao fim. A força dos giros de Bruna, assim como o riscado de Diogo foram precisos. O único senão ficou por pequeno detalhe na apresentação da dupla no setor seis, quando a bandeira enroscou no talabarte, rapidamente Bruna contornou a situação.

Enredo

O enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!” foi desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira, o artista levou para a avenida um resgate da sensualidade do brasileira através do enredo sobre o Caju, ele optou por dividir o enredo em cinco setores, sendo eles: “Carne de Caju”, nele foi apresentado o caju (como se ele dissesse “olha eu aqui!”), este brasileiríssimo, a partir de visões/movimentos artísticos do século XX presentes no imaginário coletivo como síntese nacional. O segundo, “Anarcadium Occidentale”, mostrou o caju como “menina dos olhos” antes mesmo de o Brasil ser Brasil e também depois das invasões estrangeiras, o terceiro, “Caju-Rei”, mostrou as árvores extraordinárias que expõem o quanto o caju é um “rei” do torrão verde e amarelo – chão forte, lendas, polêmicas e sabedoria oral.

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No quarto setor, “Mosaicaju”, mostrou como o caju está mergulhado na vida cotidiana brasileira, em aspectos do dia a dia. No fim, o caju e a Mocidade foram retratados como ícones de um gigante país que se olha no espelho e percebe o óbvio: é filho das riquezas do chão e vendedor de prazeres tropicais a céu aberto. Apesar de ser sugerido como um enredo popular, a compreensão do mesmo não foi imediata, a leitura não era clara para quem não estava com o roteiro de desfiles em mãos.

Alegorias e Adereços

O conjunto alegórico da verde e branca contou com cinco alegorias e três tripés. No geral, a escola não apresentou graves problemas de acabamento, mas alternou teve altos e baixos, tendo como grande destaque a iluminação caprichada.

Na abertura foi apresentado o tripé “Caju Balangandã”, na sequência, o abre-alas “O pecado é devorar” passou pela avenida com muita luz e homenageou cantores do movimento tropicalista como Rita Lee, Gil e Caetano. A tripé, “Que não fique pra semente nem um tasco de mordida”, foi predominantemente verde e as esculturas de grandes cobras passaram com ótimo acabamento. o carro “Tupiniquim caju fruit company – um quiprocó! Virou guerra assumida.”, teve cajus estampados nas caravelas.

O terceiro carro, “Bosque dos ‘polvos’ sagrados em terras onde tamanho é documento.”, foi uma dos que se destacaram no desfile, o público foi transportado para o fundo do mar e mais uma vez o trabalho de iluminação merece destaque. As últimas alegorias passaram pela avenida com mais simplicidade, mas sem perder o brilho.

Fantasias

O conjunto de fantasias da escola teve a volumetria e paleta de cores como grandes protagonistas, a maioria das alas passou pela avenida com esplendores grandes, mas que não atrapalharam a harmonia dos componentes. O verde e branco permeou todo o desfile, assim como cores mais quentes. Como destaque, vale citar a ala dois, “Breviário do Tropicalismo”, ala oito, “Aracayus – Paraíso Verde das aves” e 13, “Arco e Flecha de Mulungu”.

Harmonia

A apresentação da Mocidade na noite desta noite foi avassaladora no quesito harmonia, embalada pelo samba-enredo que caiu no gosto popular, a comunidade pisou na avenida disposta a mostrar as qualidades de sua obra. Desde as primeiras alas, até às últimas, o canto foi exuberante, até mesmo alas com fantasias mais pesadas e volumosas cantaram com empolgação, como a ala sete, “Os Olhos de Tamandaré”.

As alas passaram pela avenida de forma alegre, sensual e vibrante, a presença do intérprete Zé Paulo no carro de som foi parte fundamental para que o conjunto harmônico da escola se destacasse, a vontade, o cantor se entregou do início ao fim. A bateria “Não existe mais quente” também passou pela avenida com extrema segurança, inúmeras bossas foram apresentadas, a principal delas uma paradinha no refrão principal para que o canto da escola se sobressaísse.

Samba-Enredo

A obra de autoria dos compositores Paulinho Mocidade, Diego Nicolau, Cláudio Russo, Richard Valença, Marcelo Adnet, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax foi o grande protagonista do desfile apresentado pela verde e branca. O samba possui uma melodia bem moleca, sensual e brejeira, e contagiou a escola desde as primeiras passadas. Letra também possui fácil entendimento, além dos componentes, o público embarcou no delírio febril e fez com que a Sapucaí vivesse uma espécie de catarse. O refrão principal teve grande destaque, sendo cantado com extremo vigor por todos.

Evolução

A evolução foi quesito mais frágil da Mocidade durante esta noite, o cortejo se mostrou inconstante durante todo o tempo, o principal motivo foi o abre-alas que teve dificuldades para acoplar no início do desfile e mais dificuldade ainda na saída, quando precisou ser serrado para conseguir ir para dispersão. Tudo isso fez com que o início do desfile fosse lento, com algumas alas muito tempo paradas em frente aos módulos de julgamento, com a saída da alegoria, a escola apressou o passou, no fim, a correria foi maior e por pouco a escola não estourou o tempo.

Outros Destaques

A rainha de bateria Fabíola de Andrade passou pela avenida esbanjando simpatia, em sua estreia à frente da “Não existe mais quente”, a esposa de Rogério de Andrade, patrono da escola, representou em sua fantasia a Cunhã-poranga Jacira. Outro destaque da escola foi Jojo Todynho, cria da Zona Oeste, ela desfilou sob aplausos do público.

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