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La Dansarina: baianas da Viradouro representam a romantização dos Fenianos quanto as hespanholas

Viradouro04bA tradicional ala das baianas da Unidos do Viradouro, esse ano se chama “La Dansarina”. A ala representa a personificação alegórica com elementos da cultura hispânica. Romantizadas pelos Fenianos, a “hespanhola” seria um dança em direção ao túmulo.

De aparência leve, a fantasia é composta de cor predominante vermelha, com alguns detalhes em dourado. Como adereço, um leque dourado na mão, além de parte superior com véu vermelho cobrindo as costas.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, a baiana Fátima Guedes, de 62, desabafou sobre sua fantasia. “Estamos representando as espanholas, e isso foi uma supresa para todas nós. Não fazíamos ideia de que esse seria o tema da nossa ala, mas de qualquer forma eu estou encantada, principalmente pela leveza da saia”, afirmou a estreante como baiana.

Baiana desde os 15 anos de idade, Josely Araujo de 73 anos, acredita fortemente no bicampeonato, além de ter se mostrado bastante emocionada em estar de volta na Sapucaí após dois anos sem carnaval.

“Minha fantasia está lindíssima, e para falar a verdade todo ano está. Sou suspeita para falar da ala das baianas, na minha opinião são sempre alas impecáveis, por isso só desfilo aqui. Nosso enredo é impactante, o título continuará em Niterói, tenho certeza”, afirmou Josely Araujo, baiana da escola desde os 15 anos de idade.

Viradouro04cKatia Machado, também estreante da escola na ala das baianas, se mostrou bastante empolgada e emocionada com o desfile da escola.

Quando questionada quanto às suas expectativas, respondeu: “Minha fantasia é leve, confortável e linda. Não tenho a menor dúvidas de que sábado que vem estarei aqui no desfile das campeãs e como a verdadeira campeã do ano”.

Beija-Flor volta ao passado pra conferir protagonismo ao povo preto em carro abre-alas

Beija02cA Beija-Flor de Nilópolis, última escola a desfilar neste primeiro dia, carregou em seu samba-enredo a contribuição intelectual dos povos negros para a construção de um Brasil mais africano. Em sua primeira alegoria apostou em resgatar o passado com o “Traz de volta o que a história escondeu” e destacou que voltando ao passado povo preto pôde conquistar o seu protagonismo.

Voltar ao passado, é o primeiro passo que podemos dar para entendermos o mundo que vivemos hoje em dia. Na primeira alegoria a escola nilopolitana, em paralelo com a história, trouxe uma tradição antiga: o símbolo da Escola sendo apresentado ao público. Caio Cesar, desfilante da escola há 6 anos e participante da composição do primeiro carro, em entrevista ao site CARNAVALESCO, destacou a importância de voltar com essa tradição.

“O beija-flor, tem uma representação carrega consigo um símbolo de amor. Trazer no primeiro carro essa tradição faz toda a comunidade Nilopolitana se sentir representada. Para comunidade isso é essencial, principalmente, porque funcionou como um anúncio de que nós estávamos chegando”.

Beija02aA alegoria apresentou a figura imponente de um beija-flor, em uma escala que pôde ser considerada grandioso para os espectadores na Marquês de Sapucaí, além disso, representou a força monumental dos poderes e saberes que os nilopolitanos, de maioria negra, daí veio a nossa ancestralidade. Regina Maria, que desfila pela Beija-flor há 52 anos, também comentou sobre a importância do beija-flor voltar ao abre-alas.

“A gente foi tentando de outras formas representar melhor a Beija-flor, mas não teve jeito, não tem nada mais a cara da nossa escola do que exaltar o símbolo que carrega toda nossa força”.

O pássaro apresentou-se em condição de voo, ao lado das esculturas do pensador que foram criadas pelo povo denominado Tchokwe, defendendo e apontando a ancestralidade simbolizada por uma árvore que tem na sua formação estrutural figuras femininas, representou o matriarcado africano. O abre-alas veio sendo puxado por antílopes que são símbolos de perspicácia, a alegoria apresentou seus principais elementos saídos dessas raízes.

“A escola pôde também, neste primeiro carro, fazer a ligação do passado com o presente. Nós viemos disso e graças a essas pessoas que vieram representadas, podemos ser e conhecer o que acontece hoje”, concluiu Regina Maria.

Análise da bateria da São Clemente no desfile de 2022

A apresentação da Fiel Bateria de mestre Caliquinho foi próxima de correta. A tradicional subida de quatro dos surdos ecoou na bateria da São Clemente, possibilitando bom balanço na primeira do samba, junto com o arranjo musical que engloba uma espécie de virada no trecho “Pra platéia vibrar, gargalhar, delirar”. O swing das terceiras preencheu a musicalidade, propiciando um molho envolvente e amparando musicalmente repiques e caixas. O acompanhamento das peças leves teve uma ala de tamborins com bom volume sincronizada com um naipe de chocalhos que tocou com firmeza e coesão, além de uma ala de cuícas boa.

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As paradinhas possuem grau de dificuldade de execução acima da média. Infelizmente o chapéu da bateria da São Clemente, que veio vestida de Dona Hermínia, abafou a audição dos ritmistas, impedindo um retorno sonoro adequado para a execução precisa das bossas. Esse fato representa um profundo desrespeito com os ritmistas clementianos, que tanto ensaiaram para no momento do desfile oficial perderem a capacidade auditiva, influenciando na execução das paradinhas que infelizmente deixou a desejar nos primeiros módulos de jurados. Foi possível evidenciar um sutil desencontro de surdos durante a execução da bossa do refrão principal na segunda cabine, no momento de um tapa cheio que deveria ocorrer de forma uníssona, mas acabou gerando certo choque rítmico.

Cabe ressaltar a boa educação, respeito e generosidade de um dos julgadores do último módulo, que após a bateria da São Clemente executar a sua paradinha de frente pro júri, sinalizou de modo imediato ao Mestre Caliquinho para prosseguir, devido ao tempo perto do limite de estouro.

Fotos: desfile da São Clemente no Carnaval 2022

História lúdica da Tom Maior envolve as arquibancadas e desfile se destaca pelos acertos

Quarta escola a pisar no Sambódromo do Anhembi, a Tom Maior apresentou um enredo lúdico, fácil de entender, e envolveu o público com uma evolução segura e solta. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Enredo

“O Pequeno Príncipe no Sertão” é um enredo inspirado na obra literária de Josué Limeira e Vladimir Barros, porém com adaptações pra fazer sentido com a maneira de contar uma história através de um desfile de escolas de samba.

O espectador que já tem um conhecimento prévio sobre a história, conseguiu entender as referências, homenagens e trechos com certa facilidade. Até porque, tanto a história quanto o samba (que funciona como uma espécie de guia), se interligam e tornam a história bem contada.

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Alegorias

Intitulado como: “A travessia: Cordel em Sinfonia”, o abre alas ajuda a contextualizar o sambista ao universo do enredo, por isso notou-se elementos do agreste e sertão nos detalhes. As cores que predominaram foram o preto e o branco, uma opção monocromática, com alguns detalhes coloridos (azul, vermelho e amarelo). A alegoria em questão chamou a atenção pela movimentação, praticamente todos os elementos giravam em sentido horário e anti-horário. A parte de trás da alegoria soltava papel picado.

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Assim que o Pequeno Príncipe sai de seu país em busca de resposta, ele é levado por uma revoada de Asas brancas. Esse foi o momento da história em que a segunda alegoria contextualizou: “A partida em uma revoada de asas brancas”. O carro traz vários elementos da aviação, e até coloca o seu personagem em cima de uma asa branca, logo ao centro da alegoria. Nas laterais, pôde-se notar componentes pedalando sob as aves, que formam a composição de vôo em V.

Já a terceira alegoria retrata o momento em que o Pequeno Príncipe chega na terra, o que marca o encontro com os personagens A Cobra Coral Ibobiboca e o Lobo Guará. Há algumas referências de estações de trens, uma associação ao também Guarda Chaves.

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Quarta, e última alegoria apresentada pela Tom Maior, marca o encontro com o Aviador Antoine de Saint-Exupéry. Por ser uma obra literária inspirada na história literária, esse momento marcou a conclusão do desfile da escola.

Fantasias

Já reconhecido pelo trabalho de divisão de cores e diferentes elementos de alas, que se combinam ao olhar de longe, Flávio Campello manteve o estilo em sua estreia na escola.

As fantasias chamaram atenção pelos elementos de referência e homenagem, o que ajudou diretamente ao entendimento e contextualização da mensagem do setor.

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Por exemplo, o elementos nas mãos dos componentes na ala 1 (Cordel em Sinfonia), a divisão em “X” da ala 04 (Os terríveis baobás), o formato de asa da Ala 06 (Asa Branca) e o detalhe da cobra no adereço de cabeça das/dos passistas, na ala 12 (A Coral Ibiboboca).

Comissão de frente

Pra quem conhece a história que a escola procurou contar na avenida, a comissão de frente teve uma associação bem clara. A coreografia relembrava o encontro do Pequeno Príncipe com o caminhoneiro, no caso, Zé Peri.

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A apresentação foi composta por três movimentos diferentes, em um há interação direta com o elemento cênico. Logo no trecho “Guarde todo amor dentro do peito”, os bailarinos fazem uma saudação ao público carregado de amor e sutileza. A coreografia apresentada contou com bastante movimento ágil por parte dos bailarinos.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Numa homenagem à literatura de cordel, Jairo Silva e Simone Gomes estavam vestidos com roupas em que a cor preta foi predominante, porém com muitos detalhes coloridos.

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Ambos já tem um estilo de bailar mais clássico, que valoriza os movimentos, as conclusões, de forma leve e detalhada. Jairo esbanjou simpatia e não deixou de lado o sorriso.

Harmonia

O nível e intensidade de canto da escola foi mantido durante todo o desfile. Não houve grandes momentos de oscilações, e as alas cantaram com níveis de volume quase que similares. O fato do samba ser facilmente cantado, decorado, e ter a sua compreensão tranquila, assegurou o desempenho da escola no quesito.

Samba

A ala musical da escola teve um desempenho seguro. O intérprete Gilsinho cantou em alto nível durante os 65 minutos. Ele não abusou dos cacos, valorizou e sustentou o samba. As cordas também tiveram momentos em que notou-se arranjos criativos. Como os solos dos cavacos, no trecho: “No céu se avoou a doce inspiração”. Já na parte “Se o mundo te apequena, nunca deixe de sonhar”, os cavacos dão uma acentuada maior, marcando as notas.

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Evolução

A evolução da escola não comprometeu, pelo contrário, apresentou componentes soltos e alegres. Poucas coreografias puderam ser vistas, e todas coreografias eram espontaneidade do desfilante. A entrada no recuo foi realizada de forma bem tranquila. A corte apresentou uma pequena ação com os passistas. Eles criaram um círculo e a corte sambava no meio.

Outros destaques

Nessa mesma ala citada acima, uma criança chamou a atenção do público. Conforme o pequeno sambava, girava e evoluía conforme a coreografia, as arquibancadas se levantavam. Outro destaque ficou na conta do Flávio Campello. O carnavalesco se posicionou em frente ao recuo. No início estava contido, mas do meio pro final, se emocionou com a escola e vibrou nos minutos finais.

Vila Maria 2022: galeria de fotos do desfile

Tom Maior 2022: galeria de fotos do desfile

Claudinho e Selminha Sorriso celebram 30 anos de parceria e desfilam “carecas”, fantasia representa o “Esplendor de Kemet”

Beija01b 1Inspirados nas referências dos adornos da arte kemética, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Claudinho e Selminha Sorriso, completam neste carnaval, 30 anos de parceria, sendo 26 dedicados a defender o pavilhão da azul e branca da baixada. Com o enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”, o casal desfila no segundo setor, que busca trazer de volta toda a cultura e intelectualidade que a história escondeu, a fantasia deles, mostra que o esplendor de uma civilização não está apenas em suas conquistas territoriais, mas sim na importância de construir heranças que irão inspirar seus descendentes a construir uma sociedade mais justa para seus irmãos.

Em entrevista, Selminha explicou a estética da fantasia, predominantemente preta, com detalhes em azul, a indumentária é de um primor inigualável, a porta-bandeira, que ostenta um cabelão, desfila dessa vez “careca”, assim como Claudinho, na concentração, quem passava ficava curioso com o visual dos dois. Selminha ainda destacou a importância desse enredo que desde que foi anunciado emocionou a todos.

“A fantasia representa a força da mulher egípcia, que constrói com amor, a construção da vida só é sólida quando é construída com amor, quando existe respeito, educação, quando existe a família, eu represento essa força da mulher preta egípcia, porque construir destruindo é para os homens de mau coração, infelizmente estamos no século XXI ainda vivendo isso”, conta Selminha.

Beija01a 1Sobre o enredo, a porta-bandeira conta que ele fez com pudesse se enxergar de outra forma, segundo ela, o enredo foi um presente e ao mesmo tempo uma missão muito grande.

“Esse enredo pra mim caiu como grande presente, simultaneamente com uma missão, presente porque eu me descobri enquanto mulher preta, eu descobri o que os livros didáticos não me contaram, eu descobri que tantas vezes fomos influenciados pelo pensamento europeu. Durante muitos anos eu tinha vergonha da minha origem, ao longo dos anos eu fui perdendo essa vergonha e fui me encontrando, mas com esse enredo eu me encontrei com tanta alegria, eu nunca mais quero ser aquela Selma de 50 anos atrás, porque com 51 eu descobri o Empretecer o Pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”

Ao longo de três décadas de apresentações memoráveis, Claudinho e Selminha acumularam prêmios e sempre defenderam a dança do mestre-sala e porta-bandeira como um bailado em puro estado de arte.

A pandemia de covid-19 foi um momento duro para toda sociedade, para o mundo do samba não foi diferente, o cancelamento do carnaval em 2021 foi difícil, para o casal, poder pisar na avenida dentro desse contexto é ainda mais especial.

“É mágico, ainda mais depois de um momento que ficamos parados por dois anos, tentamos nós reinventar, foi um ano que a gente não tava acostumado, foram muitas perdas de pessoas que foram vítimas, vidas foram perdidas, eu mesmo perdi a minha mãe e outros amigos, parentes, então eu acho que o dia de hoje é a celebração da vida, vamos entrar nessa Marquês de Sapucaí e dar o máximo em respeito a todos que já se foram”, pontua Claudinho.

Ao longo desses dois anos de preparativos para este desfile, Selminha incorporou as bases do enredo da escola e atuou na linha de frente da escola pela luta antirracista. A porta-bandeira lutou pelo cumprimento da Lei 11.645, que trata o ensino da arte, cultura e histórias afro-brasileiras nas escolas da rede pública.

“A reparação tem que se fazer presente no dia a dia do brasileiro, que a lei 11.645 tem que ser posta em prática, porque um povo esclarecido é um povo evoluído, é um povo que aprende a respeitar o seu semelhante, tantas atrocidades que acontecem no nosso dia a dia é por desinformação, até mesmo entre nós pretos acontece o erro, muito por conta da falta de informação, é estrutural, no passado o preto não podia estudar, então essa reparação com a lei de cotas é fundamental que nós consigamos alcançar o que lá atrás foi tirado de nós, que é o direito a oportunidades iguais”, destaca Selminha.

Selminha fala sobre esses projetos e sobre a importância da escolinha de mestre-sala e porta-bandeira, iniciativa que já está na quarta geração de crianças aprendendo sobre o samba, segundo ela, isso garante a perpetuação da arte do Samba na Beija-Flor.

“Eu tô fazendo um trabalho com as crianças do instituto Beija-Flor, um trabalho que eu não tive a oportunidade de vivenciar, a escolinha não ensina somente a dançar, mas ensina noções de valores, de cidadania, de ética. É a Beija-Flor sendo mantida viva, hoje nós estamos, amanhã eles estarão, então temos um amor muito grande por essas crianças, já estamos na quarta geração, O importante é que eles entendam a importância de se assumir, de ter orgulho da sua cor, da sua raça, entender o quanto é importante respeitar o seu semelhante, independente da sua cor entender que eles tem que reivindicar os seus direitos.

“A reparação tem que se fazer presente no dia a dia do brasileiro, que a lei 11.645 tem que ser posta em prática, porque um povo esclarecido é um povo evoluído, é um povo que aprende a respeitar o seu semelhante, tantas atrocidades que acontecem no nosso dia a dia é por desinformação, até mesmo entre nós pretos acontece o erro, muito por conta da falta de informação, é estrutural, no passado o preto não podia estudar, então essa reparação com a lei de cotas é fundamental que nós consigamos alcançar o que lá atrás foi tirado de nós, que é o direito a oportunidades iguais”, finaliza a porta-bandeira.

Viradouro impacta avenida com ala toda preta e lembra título de 1997

Viradouro03aCom o enredo “Não há tristeza que pode suportar tanta alegria”, a primeira ala da Unidos do Viradouro trouxe figurinos de cor preta, visando fazer referência ao período das Trevas durante a pandemia de Gripe Espanhola em 1919.

A estética das roupas chamou atenção por ser muito similar e lembrar o carnaval da escola em 1997, o tão memorável “Big Bang” de Joãosinho Trinta. Campeã com o enredo falando sobre os primeiros instantes da criação do mundo e abrindo teorias quanto ao Big-Bang, a Viradouro fez história com “Trevas!Luz! A explosão do Universo”, e está apostando tudo na repetição do sucesso, dessa vez rumo ao bicampeonato da agremiação.

Viradouro03bEm entrevista ao CARNAVALESCO, componentes da ala contaram o que suas respectivas fantasias representam e a suas avaliações quanto as mesmas.

“A nossa ala é o começo de tudo, o baile das trevas. Estamos representando a sociedade quando começa tudo da Gripe Espanhola. Somos um grupo de cinco figurinos, onde cada um representa um personagem. Temos farmacêuticos, perfumistas, damas, prostitutas. O desespero começa com a gente, para depois vir os tempos de luz”, relatou Célia Regina, de 45 anos.

Após a pandemia, profissionais de saúde celebram a vida no desfile da Viradouro

Viradouro02bCom o enredo “Não há Tristeza que possa suportar tanta alegria”, que aborda o carnaval de 1919, a atual campeã Unidos do Viradouro foi a quinta escola a pisar na Marquês de Sapucaí. Em seu desfile, a Vermelha e Branca de Niterói, na sua quinta alegoria, “Liberty Club: A Ribalta da Vida”, homenageou todos os profissionais de saúde que atuaram na linha de frente da pandemia.

A alegoria, toda revestida em tons de branco e preto com cruzes vermelhas remetendo à saúde, retratava o clube em que, no carnaval pós-gripe espanhola, aconteceu um dos maiores bailes à fantasia. Para compor o carro, a Viradouro convidou profissionais que atuaram na linha de frente do combate à pandemia.

Viradouro02cEm entrevista ao Site CARNAVALESCO, alguns desses profissionais falaram sobre o sentimento de ser homenageado pela escola e relataram a oportunidade de celebrar a vida, após a pandemia. Um deles, o médico Heitor Ribeiro, se disse emocionado ao pisar novamente na Sapucaí após dois anos.

“É uma grande emoção. Nós somos um grupo de médicos, 15 médicos que atuaram na linha de frente desde a época do Covid. É muita felicidade estar aqui porque quando eu comecei a trabalhar, pensava que nunca mais aquilo ia ter fim e hoje, celebrar a vida em um desfile, poder festejar, é de grande emoção, grande valia. Valeu a pena cada esforço”, destacou.

Viradouro02aA nutricionista Meire Cristina, que também contribuiu na linha de frente da pandemia, falou sobre a importância de, após tanto sofrimento, realizar a festa do carnaval. Ela, que pisou pela primeira vez na avenida, ressaltou a importância de celebrar a vida.

“É muito gratificante, depois de todo esse período que nós passamos. Foi uma passagem muito triste, vimos muita coisa acontecendo, muita gente morrendo, tivemos que abandonar nossas famílias para poder estar participando do enfrentamento no dia a dia. Hoje, recebendo essa homenagem aqui, não tem como agradecer a Viradouro. Só quem viveu de perto, pode dizer o que foi. A gente escuta muita coisa aí, muitas pessoas dizendo que era mentira. Mas, quem estava ali no dia a dia pode perceber que foi sério. E hoje, apesar de algumas pessoas serem contra o carnaval, a gente tem que agradecer a vida. Temos que agradecer a todo momento e celebrar a vida”, disse.

Bastante animada no desfile da Viradouro, a enfermeira Natália Guimarães, também estreante na avenida, elogiou a fantasia desenvolvida pelos carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira. “É um sonho realizado estar aqui, depois de todo esse período da pandemia. A fantasia é maravilhosa, tudo de bom.”