No próximo sábado, a SuperVia receberá a 27ª edição do “Trem do Samba”, tradicional evento em comemoração ao Dia Nacional do Samba, que é celebrado no dia 2. A festa é inspirada na viagem de trem que Paulo da Portela e outros sambistas faziam no início do século 20 para fugir da repressão da polícia ao gênero musical. O evento reforça a ligação histórica entre o trem e o samba e celebra o fato de que várias das agremiações atuais foram se formando ao longo da linha férrea. Ao apoiar o Trem do Samba, a SuperVia contribui para perpetuar essa tradição cultural do Rio de Janeiro.
Às 15h, haverá na Central do Brasil shows de Marquinhos de Oswaldo Cruz e da velha guarda das escolas de samba Vila Isabel, Salgueiro, Mangueira e Império Serrano, além de outros artistas.
A partir das 18h04, a festa continua com rodas de samba no interior de três trens que levarão o público direto da Central do Brasil para Oswaldo Cruz. A primeira composição (com partida às 18h04 e especial para convidados) levará Marquinho de Oswaldo Cruz e as velhas guardas. Os outros dois trens vão partir às 18h40 e às 19h15 com grupos distribuídos pelos carros animando a viagem. Entre as atrações estarão o Samba Pra Elas, Projeto Criolice, Bip-Bip, Cacique de Ramos e Mulheres na Roda de Samba. As composições sairão da plataforma 2 da Central do Brasil.
Quem quiser ter acesso aos trens do evento deverá fazer a troca de 1kg de alimento não-perecível por uma passagem. O alimento deve ser entregue na Bilheteria de Valor Exato, localizada no Corredor Cultural da Central do Brasil, das 13h às 19h. Quando acabarem as passagens para esses trens, os clientes poderão embarcar até Oswaldo Cruz pelos trens da grade regular do dia. A organização do “Trem do Samba” irá entregar as doações recebidas ao projeto Mesa Brasil Sesc.
Os horários para as partidas dos trens seguirão conforme abaixo:
O retorno do evento deve ser feito em trens da grade normal do sábado. A SuperVia orienta que os passageiros programem suas viagens consultando a ferramenta “Planeje Sua Viagem” no site e no aplicativo da concessionária. Em caso de dúvidas, podem contatar a Central de Atendimento pelo número 0800 726 9494.
Programação dos palcos – OSWALDO CRUZ:
Rua João Vicente
19h – Grupo Raça.
20h30 – Marquinhos Diniz.
22h – Leci Brandão.
Rua Átila da Silveira
19h – Moça Prosa (com a participação das Matriarcas do Samba cantando 3
musicas).
20h30 – Terreiro de Crioulo (com as participações de Zé Luiz do Império e Osmar do
Breque, cantando 3 músicas cada um)
22h – Dudu Nobre.
Palco da Portelinha
19h – Nina Rosa (com as participações de Marcelinho Moreira e Gabrielzinho do
Irajá, cantando 3 músicas cada um).
20h30 – V.G. da Portela.
22h – Paulinho da Viola
Tocavam os primeiros acordes do cavaco, já com a bateria da Beija-Flor de Nilópolis, dos mestres Rodney e Plínio, devidamente posicionada dentro do primeiro recuo, quando desaba um dilúvio daqueles que contraditoriamente costumam elevar a temperatura da escola. O prenúncio de uma noite de samba genuinamente nilopolitana havia sido dado.
A bateria “Soberana”, diante de tanta chuva, só tinha duas opções: esmorecer ou se entregar musicalmente a situação, aumentando o clima de satisfação. Claramente, a escolha natural foi a segunda alternativa e os componentes da escola levaram em conta a alegria dos ritmistas, sendo impulsionados a realizar um ensaio produtivo e quente. A recém empossada rainha de bateria, Lorena Raíssa, foi devidamente batizada no tremendo aguaceiro que caía em Nilópolis, esbanjando simpatia e cativando o público por onde passava.
Mestre Plínio, a rainha Lorena e mestre Rodney no ensaio de rua da Beija-Flor
Ainda que em condições normais, o excesso de chuva derrube de forma mais rápida e mais intensa a afinação de surdos, o problema em questão não foi notado diante de um capricho e esmero muito específico envolvendo esse trabalho dentro da bateria da Beija-Flor. Essa, inclusive, é uma das peculiaridades que norteiam o ritmo soberano. Uma afinação de surdos sempre apurada, que auxilie na manutenção rítmica. Tudo isso ainda ganha um acrescento notável na sonoridade do swing propiciado pelo tom metálico das tradicionais frigideiras nilopolitanas que desfilam em meio ao ritmo, próximo aos repiques mor.
Outro detalhe que vale menção diz respeito às caixas de polegadas distintas intercaladas, uma tocando para fornecer base de sustentação e outra com toque tipo de partido alto, mescla que contribui no molho e na consistência da bateria. Manter o perfeito andamento com o mais ajustado equilíbrio sonoro é praticamente a espinha dorsal da bateria “Soberana”. O divisor de águas foi um trabalho de base dentro da própria comunidade, até firmar um projeto que segue colhendo frutos, além de resultados.
Dentro da bateria da Beija Flor de Nilópolis há um respeito fundamental a musicalidade da escola, no que tange a criação das convenções, todas sendo pautadas necessariamente pela essência da agremiação. Cabe ressaltar que a criação musical segue vinculada a necessidade de ter a lenda Neguinho da Beija Flor (que em 2023 fará dupla com a cantora Ludmilla) sempre à vontade para a melhor execução do samba. Traço de uma escola costumeiramente preocupada em ter um departamento musical que ao longo dos anos foi se notabilizando por uma estrutura que tem permitido um trabalho tanto sólido, quanto linear.
A criação musical, portanto, acaba se baseando em simplicidade conceitual, permitindo o perfeito acompanhamento do samba, além de sustentar o canto e a dança com bom gosto musical, algo intimamente vinculado a característica da escola. Para o Carnaval 2023, a bateria “Soberana” pretende levar oito arranjos musicais entre bossas e breques, com seis já sendo ensaiadas. Para um primeiro ensaio técnico de rua, o encaixe dos arranjos com o samba teve impacto surpreendente e até certo ponto bem orgânico.
Em bate papo após o ensaio com mestre Rodney, a avaliação sobre o treino foi bem positiva. Foi possível também conversar um pouco sobre o Carnaval 2022 (onde a bateria da Beija-Flor gabaritou com nota máxima o quesito, além de receber elogio de um julgador). Segundo Rodney, a constatação da qualidade musical em tom elogioso por parte do júri valeu tanto quanto uma premiação especializada, já que mostra um trabalho que evolui musicalmente para um caminho digno de ser enaltecido e apreciado.
Vale também o registro da felicidade tanto dos mestres Rodney e Plínio, como de diversos segmentos da escola, pela inauguração da sala de bateria Nelson Abraão David, além da homenagem ao saudoso Carlos Alberto Menezes. O popular Carlinhos agora dá nome a sala de oficina de percussão, onde ficam as peças que dedicou grande parte da vida fazendo manutenção. Todo o amor e doação de Carlinhos a bateria “Soberana”, portanto, ganha merecidamente um selo de eternidade e reconhecimento a tanta dedicação.
O Império Serrano realizou de terça-feira seu segundo ensaio ao ar livre em preparação para o retorno ao Grupo Especial em 2023. O treino aconteceu no Parque Madureira Mestre Monarco e teve duração de cerca de uma hora e dez minutos. Mesmo com o local fechado aos visitantes durante todo o dia por conta do jogo do Brasil na segunda-feira passada, mas disponível para a Serrinha ensaiar, os componentes imperianos mostraram o canto já afiado. O destaque ficou também por conta da Sinfônica do Samba, de mestre Vitinho, que apresentou algumas bossas, desenvolveu coreografias e mostrou o que pretende levar para a Sapucaí. No próximo carnaval o Império Serrano vai abrir a primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial com o enredo “Lugares de Arlindo”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex Souza, uma grande homenagem para Arlindo Cruz.
Sabendo da difícil missão em que a escola que abre o carnaval do Grupo Especial carrega historicamente, o Reizinho de Madureira começou em novembro sua série de ensaios de preparação para o próximo desfile. A agremiação sabe que ter quesitos como bateria, samba, evolução e harmonia fortes é fundamental para um bom resultado no dia em que a escola entrará na Marquês de Sapucaí com a competição valendo. O diretor de carnaval Wilsinho Alves, apresentou ao site CARNAVALESCO uma avaliação de como anda a preparação da escola após o ensaio. * OUÇA AQUI O SAMBA-ENREDO DO IMPÉRIO SERRANO NA VERSÃO OFICIAL
“Está tudo correndo da maneira que a gente planejou, a gente evolui a cada semana, primeiro os ensaios de canto na quadra, aqui o Parque Madureira, é um excelente lugar para ensaio, gosto muito de ensaiar aqui, até mais do que na rua. Aqui a gente tem conforto, não tem carro passando, é menos perigoso. O Império Serrano dá um show. O ensaio do Império Serrano é uma coisa de maluco, eu que trabalhei em outras escolas e vim para aqui, eu me arrepio todo com a galera cantando, as alas e tudo mais, porque o pessoal aqui incorpora mesmo como o Ito gosta de falar. O Império Serrano vive um momento especial, não precisa ser imperiano para saber e entender que a escola vive um momento diferente. Subiu, está fazendo, estamos trabalhando para caramba, eu estou exausto e ainda nem chegou dezembro, porque a gente tem uma missão que é manter o Império no Grupo Especial neste primeiro momento”, admitiu o diretor de carnaval.
‘Momento diferente em que vive o Império’, diz Wilsinho alves
Wilsinho explicou que o número menor de componentes presentes neste ensaio em relação ao anterior se deveu ao fato do Parque Madureira ter ficado fechado durante todo o dia por conta do jogo do Brasil que aconteceu na segunda-feira. O diretor também ressaltou a importância dos ensaios realizados no local.
“Hoje o Parque Madureira esteve fechado por causa do jogo do Brasil ontem, mas quando o parque está aberto, isso aqui é muito legal. Porque o Império é patrimônio de Madureira. Madureira respira samba, o Império é a maior expressão do samba de Madureira e a Portela, obviamente. A gente tem um povo aqui que ama o carnaval, mudou um pouco essa questão do imperiano chegar muito em cima do carnaval. Agora a gente está com pouquíssimas vagas, deve ter fechado hoje a nossa inscrição de comunidade. A gente já está com os quadros quase 100% para o carnaval. É um momento diferente que o Império vive, e, tomara que tudo se traduza em um grande desfile”, espera o dirigente.
Por fim, Wilsinho Alves apontou o canto da comunidade e a bateria comandada por mestre Vitinho como pontos altos deste segundo treino do Império Serrano.
“A gente tem o mestre Vitinho que é um show à parte, e a Sinfônica. Porque também trabalham muito, o Vitinho é um show porque os caras ensaiam para caramba. É reunião, é ensaio, obviamente, a bateria e o canto da escola foram os destaques. A gente está há uns três meses do carnaval e já está com um canto que se o desfile fosse daqui há duas semanas, a gente estaria pronto para desfilar. Estou muito satisfeito com o que está acontecendo aqui”, garantiu Wilsinho Alves.
Harmonia e samba-enredo
O samba funcionou muito bem na voz dos componentes, principalmente, os desfilantes das primeiras alas que vinham logo atrás do primeiro casal e das baianas, que estavam na cabeça da escola. Estes cantavam com bastante intensidade, o destaque ficava para o refrão principal no “Firma na palma da mão, tem Aluja e agogô”. Também pôde-se perceber o canto bem intenso em alguns segmentos da escola, como nas próprias baianas, casais de mestre-sala e porta-bandeira, passistas e na bateria. O canto se manteve firme durante a uma hora e dez minutos de ensaio. No início, a escola treinou mais de uma vez o sincronismo na entrada do samba entre carro de som e bateria. O intérprete Ito Melodia falou sobre as possibilidades que vislumbra para o samba que tem autoria de Sombrinha, Aluísio Machado, Carlos Senna, Carlitos Beto Br, Rubens Gordinho e Ambrosio Aurélio.
Equipe do carro de som do Império Serrano
“Segundo ensaio do Império Serrano, da Serrinha, estou muito feliz com tudo que está acontecendo, o canto da escola está muito forte, a bateria dispensa comentários, mestre Vitinho, Sinfônica do Samba, bateria incorporando perfeitamente. Além de eu estar muito feliz, a tensão é 24 horas, porque o samba é uma pancada. O samba está se encaixando nas nossas vozes, com andamento, com harmonia. É um sambaço mesmo, e o que está acontecendo é a demonstração da própria escola, o canto da escola está fazendo a gente se envolver, nos emocionar e querer cantar muito mais”, entende o cantor.
‘Um grande desfile como não se vÊ há muito tempo’ promete Ito Melodia
Visivelmente empolgado durante todo o treino, Ito Melodia, que fará sua estreia no Reizinho de Madureira em 2023, comentou o momento que a escola vive e prometeu grandes performances da agremiação e do samba não só no desfile mas nos eventos que vão anteceder o próximo carnaval.
“Se preparem mundo do samba, vocês terão um grande desfile como não se vê há muito tempo no Império Serrano. Acho que o Império voltou para o Grupo Especial se encontrando para relembrar seus tempos de glórias, seus tempos de baluartes, quando faziam aqueles sambas belíssimos que a escola toda cantava, se emocionava, se apaixonava. Eu estou tendo a felicidade e a honra de ter recebido o convite do Sandro Avelar, nosso querido presidente, que me deu oportunidade de estar junto, carregando essa bandeira dessa escola super querida que é o Império Serrano. Eu só tenho a dizer que o Império vai incorporar, sem dúvida nenhuma. O samba foi muito bem gravado, modéstia a parte, e vai crescer muito mais. A cada passagem as pessoas se emocionam e choram. Eu fico imaginando o nosso ensaio técnico na Avenida, até antes mesmo, o nosso mini desfile na Cidade do Samba, podem aguardar um grande desfile do Império Serrano. Estou muito feliz e agradecido de voltar ao Especial e voltar com o Império Serrano, onde eu fui muito bem recebido”, agradeceu o intérprete oficial da Serrinha.
Mestre-sala e porta-bandeira
Contratados após bom desempenho pela União da Ilha no carnaval passado e com experiência de Grupo Especial, Marlon Flôres e Danielle Nascimento, tiveram a missão de vir à frente da escola conduzindo os componentes do Reizinho de Madureira, já que neste treino a comissão de frente não participou. A dupla mostrou o entrosamento que já vem de outros trabalhos. Ainda sem fazer a coreografia que pretendem levar para a Sapucaí, defenderam o pavilhão com delicadeza e muita técnica nos movimentos.
Marlon e Danielle, casal do Império Serrano
“A gente já está ensaiando a coreografia para os jurados, mas fazemos várias coreografias também para as apresentações, para o lançamento do CD. Por enquanto em público a gente não está fazendo a coreografia dos jurados, mas já esamos nos preparando, já estão intensos os nossos ensaios com o coreógrafo”, explicou a porta-bandeira.
Danielle Nascimento também falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a importância de se realizar ensaios como o feito no Parque Madureira
“É muito importante pelo contato com a comunidade, para sentir a bateria, o ritmo, o samba, como está evoluindo no canto, é muito importante para o nosso trabalho. É o nosso rendimento, a gente avalia tudo que a gente treinou com o nosso coreógrafo no ensaio, sentindo a bateria, o ritmo realmente que o Ito vai levar. E com a energia da comunidade é mais parecido com o desfile, tem o preparo físico também neste ensaio aqui também. A gente trabalha o nosso preparo físico para o desfile”, esclareceu Danielle.
Por fim, a porta-bandeira revelou que o primeiro contato com o figurino que vai levar para a Sapucaí em 2023 foi um momento de grande emoção e se disse satisfeita com o trabalho realizado pelo carnavalesco Alex Souza.
“Nossa fantasia está linda, maravilhosa, o Alex arrebentou, eu fiquei emocionada até chorei quando vi o figurino, está muito lindo”.
Bateria
Grande aposta da diretoria com ótima performance no carnaval passado, mestre Vitinho agora fará sua estreia no Grupo Especial, mais uma vez, comandando a Sinfônica do Samba. A bateria foi um dos grandes destaques do ensaio de terça. Ficou provado pela comunidade que no final do treino após terminado sua parte, ainda se pôde ver diversos componentes e segmentos sambando e acompanhando com muito entusiasmo o encerramento da performance dos ritmistas. Outro ponto que levantou quem acompanhava e participava dos ensaios foram as coreografias. Em uma delas, os ritmistas se agachavam e em outra faziam o já famoso “balanço” em que cada artista “quebrava” de um lado para o outro no ritmo da bossa. Mestre Vitinho explicou o que pretende levar para a Sapucaí no próximo carnaval.
“Para 2023, a gente pretende desfilar com quatro bossas. Uma bossa na cabeça do samba que a gente faz o partido alto, que o Arlindo é partido, é musicalidade, com os instrumentos que tem na bateria. Repique faz repique de mão, as caixas fazem pandeiro, surdo de segunda faz o tantan, surdo de primeira faz marcação, tamborim vem com o ‘Teleco Teco’, tem palma na mão. O agogô faz o agogô de duas bocas, o chocalho faz a intenção do reco, a cuíca aquele choro. No momento do ‘Dagô’ no samba, a gente faz uma bossa para Xangô e o Alujá de Xangô bem bacana. Da a intenção como se tivesse o atabaque, a terceira sendo o Rum, a segunda sendo o segundo atabaque. Intenção de como se a gente estivesse em um terreiro. E, no de Ogum, a gente também faz uma levada que é o toque para Ogum, que a gente fez ano passado, e esse ano vamos fazer diferente, não vamos repetir o mesmo. Graças a Deus a gente é do candomblé. Por isso, estudo bastante. E, na parte de baixo, em ‘uma porção de fé’, a gente faz uma bossa que é dentro da melodia do samba, em que a bateria faz coreografia. Lembra o toque do agogô, um toque muito antigo do Império, encaixamos na melodia do samba. Os compositores foram muito felizes ao compor este samba que toda hora tem um charme, algo que lembre o toque do agogô, uma frase que da para criar muito bem uma levada do agogô. A gente está trabalhando bastante música. O Arlindo é musicalidade. É um cara que cultiva a música. Estudamos ele o tempo inteiro e acreditamos que vamos fazer um trabalho bem bacana”, entende o comandante da Sinfônica do Samba.
Mestre Vitinho, comandante da Sinfônica do Samba
Vitinho também falou sobre o andamento cadenciado que pretende levar para o desfile oficial. “A gente está trabalhando com o andamento de 144 BPM. Não vamos passar disso. Carnaval não precisa de correria, samba tem que ser tocado, samba tem que ser sentido. Esse samba foi aclamado, desejado, e trabalhamos, as ideias vieram, e agora a gente espera fazer um bom trabalho. Estamos adaptando muita coisa ainda, limpando algumas coisas da bateria, mas é praticamente isso que a gente vai levar, com coreografia, levando alegria, leve, com responsabilidade e musicalidade que é o que o carnaval precisa” , acredita mestre Vitinho.
Evolução
O ensaio contou com um número aparente menor de componentes. As alas, dessa forma, estavam um pouco menores. Não se notou buracos ou grande espaçamento entre os componentes, mas em alguns poucos momentos os “harmonias” tinham que intervir para chamar a atenção dos desfilantes, para evitar os espaços entre alas, gerando algum deslocamento mais rápido de algumas pessoas. Em geral, a evolução da escola foi fácil e espontânea. Muitos componentes estavam sem a camisa do Império. A bateria treinou sua entrada e saída do recuou e a arrumação dos naipes que será realizada dentro do boxe. O casal e a bateria simularam a apresentação para os jurados. Um integrante da escola colocava uma placa de madeira nos lugares escolhidos para representar as cabines de julgamento.
Outros destaques
A rainha de bateria do Império Serrano, Darlin Ferrattry, e a filha Wenny Isa, princesa da Sinfônica, no ensaio desta terça-feira, no Parque Madureira. #carnavalescopic.twitter.com/ZOACbBUJsj
A rainha de bateria Darlin Ferrattry e sua filha Wenny Isa, princesa da Sinfônica do Samba, estavam presentes no ensaio e vieram o tempo todo à frente dos ritmistas comandados pelo mestre Vitinho. Wenny Isa sambou durante quase todo o deslocamento e chamava a atenção por um feliz sorriso no rosto, mostrando carisma. Destaque também para parceria entre o diretor de harmonia, José Luiz Escafura, que auxiliou durante toda a uma hora e dez minutos de treino, o diretor de carnaval Wilsinho Alves no comando e orientação aos componentes. Outro ponto positivo ficou para a ala de passistas com muito samba e realizando algumas coreografias que não atrapalhavam no talento e espontaneidade do samba no pé.
Anunciada recentemente como nova rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, vinda da comunidade, quebrou na Verde e Branca de Ramos um ciclo de majestades famosas, como Luiza Brunet, Cris Vianna, Iza, revelando também um novo momento e caminho a ser seguido pela agremiação. A nova rainha conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO. Passista da escola desde o mirim, ela revelou que a ficha ainda não caiu e que sua chegada ao trono à frente da Swing da Leopoldina representa uma vitória para outras integrantes da comunidade.
Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz
“Ainda não caiu, eu acho que vai cair quando eu subir lá no palco e a presidente me apresentar para a comunidade. É um momento único, é uma carência que a nossa escola sentia. Espero suprir todo essa necessidade, porque eu sou fruto dessa comunidade, sou daqui, sou desse chão, eu sei a importância e a relevância que esse cargo tem, o peso, o quanto ele representa para muitas meninas da favela, para muitas meninas que são passistas, para os passistas em geral, que tem esse sonho, essa vontade, esse anseio, que acham que é uma coisa longínqua. Nos últimos anos no carnaval a gente vem percebendo, essa onda maravilhosa de trazer pessoas da comunidade para crescerem, para assumirem cargos de importância, e que entendem a relevância desses cargos. Sabem que devem colocar suas opiniões, que precisam ser bons exemplos para as crianças, para companheiros de ala, para que a comunidade entenda o que é ser uma escola de samba. O simbolismo é gigantesco. Ainda não consigo por em palavras tudo que isso representa. Não só para mim, mas para todo mundo. Representa o sonho de muita gente, vai além do meu, dizer que tudo é possível, todo esses anseios de a gente querer chegar lá, que é possível, acho que essa é a maior mensagem”, acredita Maria Mariá.
A Imperatriz sempre ficou conhecida pelas grandes rainhas que teve em sua história. Mas, faltava uma rainha que saísse não só da comunidade, como da ala de passistas. Moradora do Complexo do Alemão desde que nasceu, Maria Mariá tem uma posição muito firme em relação à proximidade que a Imperatriz deve ter com sua comunidade. A nova rainha fala sobre a polêmica com o termo “CPX” desenvolvida nas últimas eleições, e conta que fez parte da caminhada de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que percorreu várias ruas próximas ao Complexo do Alemão.
Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz
“Muita gente falava que a Imperatriz parecia ser uma escola distante da comunidade. E eu chego para representar tudo isso. Eu estava lá como voluntária do “Voz da Comunidade”. Estava nesta caminhada, eu fui uma das ‘bandidas’ que estava lá com o presidente eleito naquela caminhada. Sei a importância disso, de CPX. Por isso nas postagens, eu fiz questão de deixar a CPX abreviado, para as pessoas entenderem de fato o que é, o que de fato representa”, explicou Maria.
A nova rainha espera manter sua relação de forma bem próxima com os outros segmentos. Maria não quer que a comunidade a veja de uma forma distante ou que pareça estar acima.
Foto: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
“Eu quero que esse reinado seja horizontal. Que as pessoas não pensem que eu serei alguém distante, que eu mudei. Óbvio que é um cargo de responsabilidade, que é uma postura, que é um posicionamento diferente, mas as pessoas precisam entender que é uma componente, que é uma pessoas por trás dessa coroa, que tem sentimentos, que tem suas opiniões, que quer fazer o melhor para a comunidade. Trabalhar muito também para esse caneco ser nosso”, espera a nova rainha.
Além de sambar muito, a nova rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, tem muito carisma e é cria da comunidade. #carnavalescopic.twitter.com/7mDF3MSxph
Até o penúltimo carnaval fazendo parte da ala mirim da Imperatriz, estreante na ala de passistas em 2022, Maria Mariá, que é aluna de comunicação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, conta que o samba nasceu em sua vida através do pai.
Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz
“Meu pai (Orlando) é o máximo. E o meu irmão também, é um sambista nato, a parte da família da minha mãe é cearense. Ela está em festa por conta do enredo sobre o nordeste, Lampião, mas a minha veia sambista vem do meu pai, carioca raiz, e é uma honra representar a minha ancestralidade, festejar a minha ancestralidade com todo mundo, com essa escola, com esse pavilhão, com essa nação incrível. Vou dar tudo que eu tenho, o meu melhor, fazer o possível e o impossível para que seja incrível”.
Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz
A nova rainha também revelou rindo que ficou totalmente surpresa quando viu as parabenizações recebidas por figuras do samba. A que mais lhe impactou foi a mensagem recebida da rainha da Estação Primeira de Mangueira, Evelyn Bastos.
Foto: Nelson Malfacini/Divulgação Imperatriz
“Eu caí para trás. Quando eu vi a mensagem da Evelyn eu achei que era mentira, ‘ela está me mandando mensagem?’. Eu não acreditei, eu parei, respirei, e fui responder. Pensando que tinha que responder de rainha para rainha , neste momento (risos). Eu já convidei, e espero ter a oportunidade de convidar todas as rainhas. Acho que essa confraternização é muito importante com essas co-irmãs, com todos os sambistas, para as pessoas entenderem o que é o samba, o que é essa união, o que é ser de escola de samba, a partir da união, do amor, em celebração”, finaliza a rainha Maria Mariá.