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Manto tupinambá leva Tucuruvi a grande desfile e faz escola sonhar alto

A Tucuruvi fez no último sábado um dos grandes desfiles de toda sua trajetória no carnaval paulistano. Como todos da escola dizem, a “nova Tucuruvi”, representa para entidade uma nova fase, que visa sonhar voos cada vez mais altos.

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O intérprete Hudson Luiz conversou com a equipe do CARNAVALESCO e enfatizou que a escola está pronta para brigar pelo título do Grupo Especial.

“Acho que é um grito que ainda está preso, e claro que é cedo para falar disso. Sabemos que todas agremiações fizeram bons desfiles, mas tenho certeza que a Tucuruvi vai brigar por este título. Nós queremos muito isso. A comunidade provou para todos hoje. Nossa diretoria, nosso gestor maior Rodrigo Delduque, fez de tudo para que a escola estivesse nesse nível na avenida. Representando o manto sagrado e toda comunidade da Cantareira”.

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Renan Banov, coreógrafo da comissão de frente, disse sobre o sentimento após a apresentação.

“É um dever cumprido com toda comunidade. Esse é o sentimento. Mostramos com muita humildade este manto sagrado que conquistou nosso coração desde a apresentaão do enredo”.

Beatriz Teixeira, porta-bandeira da escola, reafirmou que o desfile é a melhor apresentação já feita no Anhembi pela Tucuruvi.

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“Escola estava linda. É um dos melhores enredos que já tivemos, foi fora de série. Saímos daqui exremamente satisfeitos e só temos a agradecer. Posso dizer que desfilei me divertindo, o trabalho está sendo feito desde julho, então vou pra casa realizada.

Mestre Serginho também comentou sobre o desfile da agremiação.

“Acredito que hoje nós tivemos um bom desempenho. Vi alas bem bonitas, foi tudo muito bacana e a bateria veio bem. Viramos a chave do enredo afro do ano passado para o tema indígena de 2025 e fizemos arranjos em cima disso, tudo foi aprovado de acordo com o enredo”, declarou.

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O diretor de carnaval Rodrigo Delduque falou sobre as estratégias adotadas pela Tucuruvi.

“Gosto de participar do desfile de forma sutil. Pelo feedback que tivemos no rádio, tivemos um andamento bom e uma volução boa também. Aquilo que nós queriamos fazer nós apresentamos. Agora é ver os vídeos e esperar o resultado. Mas saio daqui feliz pelo astral, pelo clima e a vontade das pessoas”, finaliou.

‘Superamos os desfiles dos últimos dois carnavais’, afirma João Drumond

Por Juliana Henrik, Rhyan de Meira e Raphael Lacerda

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Com o enredo “Ómi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón”, a Imperatriz pisou na Sapucaí com garra, beleza e emoção para buscar o campeonato que ano passado bateu na trave. Para não deixar dúvidas de que é uma das favoritas a levantar o troféu, a escola de Ramo trouxe uma estética impecável com a assinatura de Leandro Vieira, a dobradinha Pitty de Menezes e Mestre Lolo, uma comunidade aguerrida e uma comissão de frente emocionante. Tanto é, que para João Drumond, vice-presidente da agremiação, foi o melhor desfile da atual gestão.

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João Drumond, vice presidente da Imperatriz Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Desfile mais completo da Imperatriz na nossa gestão. Quero agradecer o público da Sapucaí. É muito bonito ver a Imperatriz sendo aclamada pelo público. Não tem dinheiro que compre a aclamação do público. Viemos com um conjunto muito forte. Uma escola feita por pessoas, não tem uma pessoa responsável pelo sucesso, tem um grupo de pessoas que juntas construíram a Imperatriz forte dessa maneira”, declarou.

André Bonatte, diretor de carnaval da Rainha de Ramos, concordou com a opinião de João Drumond e fez questão de enaltecer a dobradinha entre Mestre Lolo e Pitty de Menezes. “Concordo com a opinião do João. Nosso trabalho é sempre olhar para gente, é sempre olhar para o ano anterior. Acho que tivemos um samba mais popular e melhoramos em relação aos últimos dois anos. Também preciso falar sobre o quanto sou fã da parceira entre Lolo e Pitty. Sou fã incondicional do Leandro Vieira, mas essa dobradinha de Lolo e Pitty é absurda”.

Por falar em Pitty de Menezes e Mestre Lolo, a dupla conversou com o repórter Rhyan de Meira e apostam que a Imperatriz vai brigar pelo título até o último décimo. “Trabalhamos muito para ver a Sapucaí cantando junto com a Imperatriz. Ano passado fizemos um grande desfile, mas batemos na trave. Esse ano estamos com a expectativa muito grande de ganhar esse campeonato. Queremos muito esse campeonato. Tomara que o sonho vire realidade”, afirmou o cantor.

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Pitty de Menezes Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Desfile impecável. Conseguimos superar os dois ensaios técnicos. Deu tudo certo. Agora é esperar para saber se os jurados gostaram. O público vibrando com as bossas, com o samba. Viemos soltos na avenida”, declarou o mestre de bateria.

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Comissão de frente Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Outro ponto alto da Imperatriz foi a comissão de frente. Comandada por Patrick Carvalho, que fez sua estreia na Rainha de Ramos, e confirmou o acerto na escolha do profissional pela escola e o entendimento que o coreógrafo tem para fazer produções para a temática afro.  “Cada cabine de jurado que a comissão passava, o público vinha junto com a gente. Isso é muito gratificante e especial. Exú foi lindo nos ensaios técnicos, foi só para abrir os caminhos para virmos com nosso velho Oxalá e encantar a avenida”, disse.

Gaviões da Fiel impressiona com enredo sobre jornada espiritual africana

Os Gaviões da Fiel surpreenderam o público no Anhembi em 2025 com o enredo “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”, desenvolvido pelos carnavalescos Julio e Rayner. A escola mergulhou na visão de mundo dos povos africanos, trazendo um espetáculo grandioso, repleto de simbologia, cultura e emoção.

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O carnavalesco Julio destacou a profundidade do tema e a excelência do trabalho apresentado.

“É um enredo muito forte, que traz todos os valores morais, a visão de mundo dos povos africanos. As nossas fantasias, as nossas alegorias foram muito bem projetadas, a gente tem um projeto muito especial, todo estético, desde o enredo até as alegorias e fantasias, mas faltava a gente chegar aqui na pista e ver o que iria acontecer. Sem palavras para definir tudo isso”, afirmou.

E para o carnavalesco Rayner, a realização do projeto foi um marco para a equipe.

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“O diferencial que a gente vem buscando desde o ano passado é sobre caprichar ainda mais no desfile. A gente conseguiu mostrar o que queria, portanto acredito que não foi só um sonho de papel, não foi só um sonho de conversa, não foi só um sonho de ponta de mesa. Vimos aqui tudo o que projetamos desde o primeiro dia, da primeira semana que conversamos. O que a gente queria foi exatamente tudo o que apresentamos aqui”, explicou.

A porta-bandeira Carol celebrou o sucesso do trabalho construído ao longo do ano.

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“Ver todo o trabalho dessa temporada que a gente teve se concretizando hoje é muito lindo. Todos os nossos ensaios, tudo o que a gente pensou, tudo o que a gente criou, a gente conseguiu colocar na pista da melhor forma possível, com o nosso coração, com o nosso amor pela dança e pelo nosso pavilhão”, comentou.

Já o mestre-sala Wagner enfatizou o sentimento de realização ao defender as cores da escola.

“Tenho um sentimento de dever cumprido e, mais uma vez, realizando um sonho, que é vir nessa pista e representar um pavilhão tão grandioso como o dos Gaviões da Fiel Torcida. Para nós, hoje foi um sacramento, aquela coisa de tirar do desenho e realmente colocar na pista de verdade”.

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Ernesto Teixeira, lendário intérprete dos Gaviões, disse que a apresentação foi como esperavam e que agora vão esperar o resultado na terça-feira.

“O samba atendeu as expectativas porque a gente fez muito trabalho, muito ensaio e foi tudo certinho, foi tudo redondinho. O samba é bom, portanto isso ajudou bastante e foi um grande desfile. Agora vamos esperar o resultado, mas o nosso dever principal a gente cumpriu, que foi elevar a alegria e a emoção para o povo”, disse.

A coreógrafa da comissão de frente, Helena, destacou a entrega do grupo.

“Nós nunca sabemos o que o jurado viu, o que o jurado não viu, mas sim do elenco e da nossa criação. Tudo o que os Gaviões puderam fazer, acredito que foi cumprido”, contou. A apresentação impressionou pela riqueza de movimentos e pela interpretação do enredo.

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O mestre de bateria Ciro comemorou o desempenho dos ritmistas.

“Foi do jeito que a gente esperava, acredito que executamos tudo que ensaiamos, do jeito que foi planejado, nos lugares planejados. Foi um bom trabalho, estamos felizes demais, dá para ver na cara do nosso povo”, afirma.

Para o vice presidente Fábio, o desfile superou as expectativas.

“Foi além da minha expectativa. Como sempre falamos, Gaviões falando de Gaviões, o tema sempre é grandioso. Tudo que envolve nós na avenida, consequentemente fora da avenida, em qualquer lugar que se fala de Gaviões, as coisas ganham grandes proporções. Para mim, uma grande surpresa, totalmente confiante, feliz e pronto para comemorar o título, se Deus quiser”.

Com uma apresentação imponente, carregada de cultura, os Gaviões da Fiel consolidaram sua força no carnaval.

‘Nunca vi uma escola abrir o carnaval e fazer o que a Unidos de Padre Miguel fez’, afirma Bruno Ribas

Por Juliana Henrik, Rhyan de Meira e Raphael Lacerda

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Após décadas de espera, a Unidos de Padre Miguel finalmente pisou na Marquês de Sapucaí, abrindo com grandeza a primeira noite de desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2025. O desfile do ‘Boi vermelho’ era cercado de grandes expectativas no mundo do samba, e ao final do cortejo, todas foram correspondidas. A apresentação consolidou a Unidos de Padre Miguel como uma das melhores escolas a abrir os desfiles do Grupo Especial, como afirmou o intérprete Bruno Ribas aos repórteres Juliana Henrik, Rhyan de Meira e Raphael Lacerda do CARNAVALESCO.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Tenho mais de 40 anos de carnaval e nunca vi uma escola abrir o carnaval e fazer o que a Unidos de Padre Miguel fez. Estou muito surpreso com o que vi e senti na avenida. Sensação de dever muito bem cumprido. Agora é fé e os jurado para nos julgar com carinho e ser agraciados em voltar no sábado das campeãs com esse carnaval lindo que o povo merece ver de novo”, disse o intérprete.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, representou a corte real de Oyó e ostentou um figurino imponente, com tons de branco e prata. Jéssica revelou que não conteve as lágrimas no esquenta e o quanto foi inesquecível tudo o que vivenciou na avenida.

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Foto: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Foi um momento inesquecível para nossa escola, nossa comunidade. A emoção tomou conta e não segurei as lágrimas na hora do esquenta”, declarou ela. Vinícius também estava radiante, mas não escondeu o descontentamento com o peso da fantasia. “Estamos radiantes porque a escola esperou muito tempo por esse momento. Passamos bem, mas tivemos uma questão com a fantasia muito pesado, mas conseguimos chegar até o final e fazer o que nos propusemos.

Andressa Marinho, cria da Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi alçada ao trono da escola para em 2025 fazer sua estreia na Sapucaí. Carinhosamente chamada de Dedê Marinho pela comunidade, não escondeu a emoção de defender as cores do ‘Boi Vermelho’.

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Foto: Ruan Ferreira / Divulgação

“Foi um desfile marcante e muito especial para toda comunidade da Vila Vintém. A Unidos de Padre Miguel mostrou que é capaz de continuar no Grupo Especial, de continuar mostrando o seu trabalho. O remédio da alma é o samba e nós mostramos isso. Eu, Andressa Marinho, estou aqui realizando o sonho da Dedê Marinho”, declarou a rainha.

 

Freddy Ferreira analisa a bateria da Mangueira no Carnaval 2025

Um desfile muito bom da bateria da Estação Primeira de Mangueira, comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Um ritmo equilibrado e com fluência entre os naipes foi exibido. Impressionante a criação musical das bossas mangueirenses, sempre seguindo exatamente o que pede o samba, seja em melodia ou mesmo em letra. Um impecável trabalho de muito bom gosto envolvendo os solos das peças leves foi apresentado, sempre havendo momento para que um determinado naipe recebesse destaque sonoro.

Na cozinha da bateria da Verde e Rosa, uma ótima e pesada afinação de surdos foi percebida. Marcadores do tradicional surdo de primeira foram eficazes e firmes. Surdos mor ficaram responsáveis pelo balanço autêntico do ritmo mangueirense, além de exibirem um trabalho primoroso em bossas. Repiques altamente técnicos tocaram junto de caixas roucas. Magistral o conjunto musical das caixas de guerra rufadas da Velha Manga, com um toque que serviu de base de amparo rítmico pra toda a bateria, evidenciando o grande trabalho dos médios. A parte de trás do ritmo ainda contou com timbales tocando junto dos genuínos timbaques da Mangueira, dando um molho único tanto ao ritmo, como nas paradinhas.

Na parte da frente da bateria da Mangueira, uma boa ala de xequerês tocou com solidez, auxiliando na profundidade musical das peças leves e adicionando uma tonalidade menos aguda que os demais naipes da cabeça da bateria da Manga. Cuícas foram eficazes, ajudando a marcar o andamento do samba-enredo com eficácia. Um naipe de tamborins com técnica acima da média executou um desenho rítmico com trechos complexos com segurança e bastante precisão. A coletividade do toque da ala impressionou a ponto de fazer jus ao apelido da bateria de “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”. Uma ala de ganzás ressonante se exibiu com classe. Um naipe de agogôs de duas campanas (bocas) auxiliaram com qualidade no preenchimento musical da sonoridade das leves, inclusive participando de forma ativa de bossas. Sensacional o respeito musical para a criação dos solos dentro das convenções rítmicas, deixando claro um bom gosto criativo baseado em respeito a sonoridade produzida por cada naipe, enchendo as execuções de brilho sonoro.

O conjunto de bossas da bateria da Mangueira era simplesmente sublime. Sempre levando em conta as nuances melódicas da obra e o que a letra do samba solicitava. Do Funk evoluía para um ritmo de vertente africana, se conectando integralmente ao enredo. A paradinha que imitava som de tiro deixou claro que a criação musical mangueirense era do mais alto calibre. Suas execuções foram sobretudo potentes, garantindo impacto sonoro quando exibida. Uma musicalidade com bastante fluidez nas belas paradinhas da escola da Rua Visconde de Niterói.

Um desfile muito bom da ala de bateria da Estação Primeira de Mangueira, regida pelos mestres Rodrigo Explosão. Um ritmo equilibrado, com bossas potentes e musicais, além de uma conjugação sonora valiosa. Muito respeito musical pelos solos de cada naipe agudo, demonstrando um bom gosto evidente e acima da média no conceito criativo musical. Um grande trabalho da “Tem Que Respeitar Meu Tamborim”, no que deve ser um dos quesitos mais fortes da Mangueira na apuração.

Plástica caprichada, alto rendimento da ala musical e canto forte fazem Mangueira sonhar com voos mais altos

A estreia de Sidnei França no carnaval carioca foi satisfatória e trouxe para a Estação Primeira de Mangueira um frescor na parte estética que a escola vinha precisando. Com soluções criativas, diferentes, de bom gosto e com conceito, conseguiu entregar uma escola com bom acabamento e com muita leitura de enredo. Em consonância com a plástica, a Verde e Rosa entregou uma boa harmonia, não só pelo potente canto da comunidade, mas pelo trabalho de alto nível da ala musical, impulsionada pelo trabalho da bateria que fez com que o samba rendesse bem mais do que se imaginava quando a agremiação escolheu a obra. A evolução teve fluidez, a comissão passou com criatividade o enredo e o casal foi muito bem em pelo menos três dos últimos módulos. Um desfile que pode ajudar a escola a pensar em brigar em cima, dependendo do que ainda vai passar nas próximas noites. Com o enredo “À Flor da Terra, no Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, a Mangueira encerrou seu desfile com 79 minutos.

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Comissão de Frente

Em seu segundo ano na Mangueira, Lucas Maciel e Karina Dias levaram para a Sapucaí “À Flor da terra” e mostraram que seguem em uma sequência de ascensão, sempre entregando bons trabalhos. A comissão de frente trouxe um elemento cenográfico que em um primeiro momento apresentava a ancestralidade da região de Benguela, local originário na África dos povos bantos, com uma fornalha na parte de traz e elementos que remetem aos búfalos. A dança começava ainda no chão, com os componentes vestidos de bantos antigos. A comissão sobe no tripé e segue a coreografia, com a iluminação fazendo a diferença e em baixo dos pés dos bailarinos, efeitos de fogo.

* LEIA AQUI: Grupos cênicos da Mangueira dão vida à ancestralidade através da arte

Agora, acompanhados de mais um componente, a condução sagrada Kaiango, energia ardente da dança, que aparece sem ninguém conseguir de onde vem. Eles saem de cena, sobe o cenário que transforma o tripé em favela, com os barraquinhos, e surge um novo elenco. Apenas masculino, de bermudas e sem camisa. Eles dançam passinho de funk até surgirem drones em formato de pipa criando o ambiente de uma favela dos tempo atuais. Esses integrantes simulam soltar pipa e encerram a apresentação. O público reagiu muito bem e a comissão sintetizou bem o enredo e teve interação com o público, e identificação com o DNA de Mangueira, uma grande comunidade, uma das mais históricas do Rio de Janeiro.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Matheus Olivério e Cintya Santos representaram na Sapucaí “Ancestrais Bantos da Negritude Carioca” personificando a imponência dos Ancestrais bantos, antepassados da Negritude carioca. Seus figurinos evocaram padronagens inspirados nos Kuba, grupo étnico originário do Congo. Figurino muito bonito em tons de palha, com pedras preciosas cravadas e tons de roxo na saia da Cintya, de muito bom gosto. Na coreografia, o casal manteve o que já vinha sendo visto nos últimos ensaios, com uma coreografia mais voltada para o bailado clássico retomando como o enredo pede a ancestralidade que também está presente neste bailado, pois a dança destes casais também é originária da herança deixada pelos povos bantos.

* LEIA AQUI: A Influência dos Povos Bantos na Celebração do Ano Novo: ala de Mangueira une religiosidade e cultura popular

Foi visto muito pouco de passos marcados e a intensidade já característica do casal esteve presente, com correção. O único ponto a se destacar, foi no último módulo em que Cintya, quando foi segurar a bandeira para o giro com as duas mãos, mas errou a pegada e o braço esquerdo ficou flutuando, até que ela desistiu. Deve gerar despontuação, mas como nota descartada. E no final, ela deu a sua famosa bandeirada virada para. O jurado, mostrando que o erro não deixou ela abalada. Bom desfile do casal.

* LEIA AQUI: Alas da Mangueira retratam os povos Bantus e sua influência na culinária Carioca

Harmonia

O carro de som comandado por Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz teve um alto rendimento como vinha sendo nos últimos ensaios, aliás muito impulsionado pelo bom trabalho da ala musical da escola e da bateria. As vozes de apoio estavam muito bem entrosadas com os intérpretes permitindo que eles ficassem a vontade no comando do microfone oficial. O que se nota de forma mais latente é a predileção das vozes pela força no grave, muito pelas características de Marquinho e de algumas outras vozes de apoio, caráter que é muito casado com o DNA dos sambas da Mangueira e infligindo a potência que o samba precisava. Os arranjos de cordas foram muito equilibrados também.

* LEIA AQUI: Do Samba ao Funk: A Corporeidade Negra que Dança e Resiste no Carnaval da Mangueira

Já a comunidade mostrou a força que vinha sendo percebida nos ensaios, com canto potente, correto, em algumas vezes com os intérpretes fazendo o paradão, mesmo por pequenos momentos, mas que davam toda a percepção de como a comunidade estava cantando a obra.

Enredo

Sidnei França pontuou sempre antes do carnaval que a Mangueira faria uma abordagem inédita para dar conta do recorte histórico da trajetória dos bantos no Rio de Janeiro, reinventando o passado aos olhos de hoje. E, mesmo, parecendo um enredo que poderia ter alguma dificuldade de entendimento, a abordagem realizada por Sidnei foi bem didática, bem clara, com fantasia de fácil leitura, mesmo com algumas viradas temáticas dentro da narrativa. Dividido em cinco setores, em um primeiro momento “Kalunga e Cosmovisões”, foi a apresentação do início da história destes povos através do retrato do tráfico negreiro e da chegada de milhares de bantos no Rio de Janeiro, por isso, há o protagonismo para as águas nesse setor, buscando uma abordagem menos negativa dessa chegada, através de um universo lúdico presente no fundo do mar.

No segundo setor “Fés Para Existir” Foi abordada a fé como elemento fundamental desses povos no Rio de Janeiro, apresentando a imposição cristã durante o período colonial. Em seguida em ” Vivências de um Grande Zungu” Sidnei trouxe os Zungus como cenário principal para o convívio dos povos bantos e seus descendentes nascidos no Rio de Janeiro. O quarto setor “O Rio de Janeiro Continua Banto” mostrou a relação dos cariocas com os legados bantos que seguem presentes no Rio contemporâneo, como a culinária, a linguagem, as cerimônias de sepultamento, a religiosidade e a musicalidade.

A escola encerrou o seu desfile em “Por um futuro Mais Banto e Ancestral” quando apresentou a possibilidade de um futuro promissor através dos herdeiros desses povos bantos, como os “crias”, as pessoas originárias das favelas, terminando assim com uma mensagem muito positiva, sintetizada na imageticamente na figura do cria com o punho erguido. Desfile de muita leitura, criativo e que entregou a história prometida pelo carnavalesco na justificativa do enredo.

Evolução

A evolução da escola se deu de forma muito tranquila no geral, sem apresentar buracos, se apresentando com fluidez, sem correrias e com algumas alas como os grupos cênicos do início do desfile que faziam uma bonita coreografia com o giro das saias, com destaque para as alas “Morte e Vida”, e “Sopro que guia a passagem”, estes grupos, inclusive, mantinha o clima da escola lá no alto nas paradas em que eram necessárias para apresentação nas cabines.

A Verde e rosa também cumpriu de forma satisfatória os momentos mais críticos do desfile, tendo fluidez, mesmo com as paradas para apresentações do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e na entrada e saídas da bateria do recuo. A escola terminou bem o seu desfile sem correria, perto do limite de tempo, mas saindo com muita tranquilidade. O único ponto que pode ser colocado foi, que por algumas fantasias mais pesadas, como a das baianas, algumas pessoas não estavam se sentindo bem, algumas baianas, inclusive não terminaram o desfile.

Samba

A obra foi produzida por Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim. E, como, tem sido colocado em relação aos ensaios técnicos e de rua, a obra, que, é preciso ser ressaltado, não está entre as pérolas desta leva de sambas, teve um excelente rendimento, muito pelo ótimo trabalha da direção musical da mangueira, do carro de som, principalmente na figura dos intérpretes, e, obviamente pela bateria que conseguiu espremer da música tudo que era possível, com bossas cheio de musicalidade, como a que fazia referência ao tambor de Congo.

É bem possível, ainda, que o samba não gabarite no 10 por algumas questões já colocadas no pré-carnaval como a acentuação tônica no refrão principal no “dona das multidões”, no “dona”, que destoa daquilo que a palavra é em sua fonética. Mas, é o único ponto. O restante passou muito bem, com a segunda parte da obra mais destacada pela força do seu caráter mais melodioso e o destaque maior para o “é de arerê”e o tom colocado ate antes mais voltado para a exaltação do povo de Mangueira.

Fantasias

A qualidade de acabamento das fantasias da Mangueira foi outro ponto da plástica que impressionou. Figurinos muito bem desenvolvidos tanto em concepção quanto em realização, criativos, desenvolvidos e com a utilização de matéria de ótima qualidade. Sidinei apostou no rosa para iniciar o desfile, mas depois foi apresentado aos poucos novos tons, principalmente no segundo setor quando há a predileção pelo verde, pelo terroso e pela palha. O desfile inclusive tem uma virada estética a partir dos últimos setores e mantém a qualidade, inclusive na criatividade.

Figurinos de muita leitura também, fácil entendimento. Muito bom gosto em tudo, inclusive nas fantasias das baianas e da bateria. Destaque para alas como “Conexões por um chamego”, com os girassóis, “Palavra Plantada”, “Um banquete de angu”, “uma quitanda urbana”, que era uma ala com diferentes figurinos, concedendo a escola um bonito colorido, e claro, as baianas “Pembelê, Kaiango”. Com certeza o mangueirense ficou muito satisfeito com o que viu e o que vestiu.

Alegorias e adereços

A Mangueira levou para a Avenida um conjunto alegorico formado por cinco alegorias, dois tripés e um “Pede Passagem”. Com carros de muito bom acabamento e soluções estéticas bem resolvidas, a Mangueira teve um conjunto alegórico bem melhor do que nos ultimos anos. Sidnei conseguiu aplicar na Mangueira um trabalho conceitual que não se assemelha ao que já produziu para São Paulo, mostrando que conseguiu se adaptar as características do Rio, com a sua cara, tendo carros bem desenvolvidos, de bom gosto e de fácil leitura.

O Abre-alas “Mistérios das Kalungas Ancestrais”, todo trabalhado no rosa, trouxe a chegada dos povos bantos ao Rio que foi pela água.Essa atmosfera aquática permeou toda a alegoria, com vegetações, criaturas marinhas e seres abstratos que se relacionam com os sentidos ocultos das Kalungas. O Pede Passagem logo a frente manteve a estetica que vinha logo depois no primeiro e conseguiu trabalhar bem com o Led. Mas, alguns pequenos problemas nesse início aconteceu no Abre-Alas, quando no segundo módulo um pedaço da alegoria se desprendeu. A iluminação que tinha muita qualidade na parte debaixo poderia ter se repetindo na parte cima. Ainda assim uma alegoria única, com identidade única.

No segundo carro “A Fé que guia meu Camutuê” apresentou a expressão da fé dos povos bantos no Rio através de uma mosaico mais complexo, através da estrutura de uma igreja, mesclados com anjos, frequentemente usados nas imagéticas católicas, sendo negros, seguram instrumentos de inquices e entidades afro-brasileiras. Essa alegoria mesclava os vários tipos de religiosidade. A terceira alegoria “Zungus” mostravam os espaços de reinvenção da experiência banta na cidade. O carro apresente estas localidades através dos diferentes exemplos de comércios local do entorno dessas casas compondo o cenário que é também um casarão. Era criativa e muito bom gosto.Na quarta alegoria “Tomou a cidade de assalto”, encerrando o legado da presença banta, através de uma cenário urbano que chegou ao século XXI, a frente com um palco, tambores trazem a herança dos toques de percussão. Na parte posterior grandes amplificadores, além de prédios e edificações trazendo a ocupação urbana. Esta alegoria, era, claramente a que destoava na qualidade dos demais casos. Não no acabamento, mas nas soluções estéticas.

Mas, o último carro “Quilombo das Multidões” representou o futuro ancestral na concepção de um quilombo com a juventude, apresentado pela escultura de um cria, trazendo uma mensagem voltada para as futuras gerações. Nisto, a favela é exaltada como grande ponto macro dessa futura ancestral. Imagem muito bonita para terminar o desfile. Conjunto alegórico que deve ter mexido com os mangueirenses.

Outros destaques

A rainha Evelyn, toda de rosa, veio com a fantasia “Joia da Ascenção ” representando as joias, a riqueza, a prosperidade material que os negros bantos e seus descendentes desejavam e buscavam almejar por meio da ascenção social. A bateria, comandada por mestre Rodrigo Explosão e Taranta Neto, veio de “Ascenção negra” representando a Negritude carioca descendente dos bantos, que, nesse momento do enredo buscava a liberdade e perpassava pela ideia de prosperar financeiramente. No esquenta, a escola cantou os sambas de 2023 e 2024, além do exaltação e a versão de “Da-lhe Dá-lhe” para a Mangueira. A cantora Leci Brandão veio em destaque na terceira alegoria sendo aclamada pelas pessoas.

Freddy Ferreira analisa a bateria da Viradouro no Carnaval 2025

Um ótimo desfile da bateria “Furacão Vermelho e Branco” da Unidos do Viradouro, comandada pelo lendário mestre Ciça. Um ritmo potente, graças a pressão sonora dos surdos e com bossas apresentando uma musicalidade expressiva.

Na cozinha da bateria da Viradouro, uma boa e pesada afinação de surdos foi notada. Ela possibilitou execuções potentes em bossas, além de dar profundidade musical aos graves. Marcadores de primeira e segunda tiveram firmeza aliada a precisão. Sublime o balanço das terceiras, principalmente nos arranjos. Repiques coesos tocaram em conjunto a um naipe de caixas de ótima ressonância. O toque bem executado feito em cima e com levada de partido alto serviu como base de sustentação rítmica para os demais naipes da bateria. Atabaques auxiliaram no preenchimento da sonoridade da parte de trás do ritmo, contribuindo com qualidade e virtude sonora em bossas.

Na parte da frente do ritmo da escola do bairro do Barreto, uma ala de chocalhos com bom volume tocou interligada a um naipe de tamborins consistente que foi preciso na execução do desenho rítmico. Um naipe de cuícas primoroso passou de forma ressonante.

As bossas eram bem conectadas ao enredo da agremiação de Niterói, além de proporcionarem bom casamento musical com o belo samba-enredo da Viradouro. Simplesmente sublime o arranjo mais extenso, iniciado na segunda do samba, sendo altamente musical. O balanço fazendo alusão ao Maracatu foi de muito bom gosto, num arranjo que ainda contou com uma retomada atrevida chamada pelos atabaques, mostrando uma louvável versatilidade rítmica da “Furacão”. A dançante bossa do refrão do meio ajudou sobretudo a impulsionar a evolução dos desfilantes da escola pela pista, além de colocar o público da Sapucaí para dançar junto.

Um ótimo desfile da bateria “Furacão Vermelho e Branco” da Viradouro, dirigida pelo consagrado mestre Ciça. Um ritmo com potência sonora do peso dos graves e com bossas altamente musicais. A última apresentação em cabine julgadora foi de grande qualidade, inclusive recebendo ovação popular dos presentes.

Com enredo potente e desfile de estética primorosa, Viradouro reafirma sua força na disputa pelo bicampeonato

A Unidos do Viradouro foi a terceira escola a entrar na avenida na primeira noite de desfiles do Grupo Especial. Atual campeã do carnaval, a agremiação de Niterói veio determinada a brigar pelo bicampeonato, feito que não ocorre desde 2008. A entrada da escola foi triunfal, com a comissão de frente assinada por Priscilla Mota e Rodrigo Negri incendiando a Sapucaí e levando o público ao êxtase. O mesmo aconteceu na passagem de Julinho e Rute, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, que reafirmou porque é referência no quesito. O talento de Tarcísio Zanon ficou evidente, especialmente na condução da narrativa do enredo e na concepção das alegorias, reafirmando sua identidade artística e sua capacidade de imprimir, a cada ano, um estilo próprio ao desfile.

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O único ponto de atenção foi a evolução, que apresentou oscilações ao longo da apresentação. A escola alternou momentos mais lentos com outros mais acelerados, comprometendo um pouco a fluidez do desfile.

A Viradouro levou para a avenida o enredo “Malunguinho – O Mensageiro de Três Mundos”, retratando a história de João Batista, figura mítica da resistência negra em Pernambuco, conhecido como Malunguinho. A apresentação foi concluída em 77 minutos.

Comissão de Frente

Sempre cercada de grande expectativa, a comissão de frente da Viradouro, intitulada Sobô Nirê Mafá, foi concebida e coreografada pela dupla multicampeã Priscilla Mota e Rodrigo Negri. Mais uma vez, eles conseguiram emocionar o público e foram ovacionados ao final da apresentação. O espetáculo sintetizou o enredo com maestria, aliando teatralidade, efeitos visuais e uma coreografia intensa.

O tripé foi extremamente funcional, revelando um surpreendente efeito em que bambus pareciam brotar do cenário. Chapéus voavam pelo ar guiados por drones, e o grande clímax veio no encerramento, quando chamas reais surgiram do carro, fechando a apresentação com chave de ouro.

Além dos elementos visuais, a coreografia se destacou pela entrega e força dos bailarinos. O único detalhe foi que, no último setor, a intensidade do fogo diminuiu, mas sem comprometer o impacto do número.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, representou Xangô com uma indumentária que impressionou pela riqueza de detalhes e pelo uso harmonioso das cores. A dança da dupla manteve a essência clássica, mas incorporou, de forma orgânica, movimentos inspirados em manifestações da cultura popular e afro-religiosas, especialmente em momentos estratégicos do samba.

Um exemplo marcante ocorre na passagem “a quem do mal se proclama, levo do céu pro inferno”, quando os dois dão as mãos e fazem um movimento rápido em direção ao chão, traduzindo com força e expressividade a intensidade da letra.

A performance equilibrou delicadeza e energia com maestria, criando um contraste envolvente que cativou o público.

Enredo

O carnavalesco Tarcisio Zanon foi o responsável pelo enredo “Malunguinho – O Mensageiro de Três Mundos” e levou para a Avenida a história de João Batista, figura mítica da resistência negra em Pernambuco. Conhecido como Malunguinho, ele foi um líder quilombola que combateu a opressão dos senhores de engenho e se tornou símbolo de luta e liberdade.

O desfile apresentou sua trajetória desde os tempos de cativeiro até sua ascensão como entidade espiritual na Jurema Sagrada. A narrativa passou por três mundos fundamentais em sua história: Mata, Jurema e Encruzilhada. A Mata representou o refúgio e a força ancestral, a Jurema simbolizou a espiritualidade e o encantamento, e a Encruzilhada marcou os caminhos e decisões de sua resistência.

A Viradouro apostou em um desfile visualmente impactante, ressaltando a conexão entre Malunguinho e Xangô, orixá da justiça, além de explorar a força dos povos originários e afrodescendentes na construção da identidade brasileira. Mais uma vez, a escola de Niterói blindou o público com um enredo inédito, que poucos tinham conhecimento e com o protagonismo preto.

Alegorias e Adereços

A Unidos do Viradouro apresentou um conjunto alegórico impactante, retratando com imponência a trajetória de Malunguinho e sua conexão com os três mundos da Jurema: Mata, Jurema e Encruzilhada. O talento de Tarcísio Zanon ficou evidente, reafirmando sua identidade artística e a capacidade de imprimir, a cada ano, um estilo próprio na concepção de suas alegorias. Além disso, todos os carros souberam explorar a iluminação cênica da Sapucaí, potencializando ainda mais o impacto visual do desfile.

O Abre-Alas, intitulado “Acenda Tudo que For de Acender”, representou Malunguinho como uma semente que germina e se transforma em força de resistência. A alegoria trouxe imagens das árvores do Catucá, protetoras de João Batista, e destacou os clãs ancestrais indígenas e africanos que o guiaram, como os Kariri-Xocó, Fulniô e Xukuru-Kariri. Elementos de fogo e luz reforçaram a ideia do levante e da luta por justiça.

O segundo carro, “Evoco, Desperto, Nação Coroada”, celebrou a elevação de Malunguinho à condição de rei espiritual. A alegoria explorou a presença de Xangô, orixá da justiça, e a ancestralidade bantu, retratando a ascensão do líder quilombola no imaginário religioso. O carro seguiu a linha do primeiro, sendo parecido em sua realização, o que já é característica da escola. O destaque ficou por conta do uso da holografia de uma chave. Tudo tinha movimento, as árvores e até mesmo os “queijos” com os destaques.

O terceiro carro, “Caboclo da Mata do Catucá”, trouxe a força da Mata como território de resistência e refúgio. A alegoria destacou a figura do caboclo, espírito de proteção e sabedoria, e a presença dos povos originários que mantiveram viva a tradição do culto a Malunguinho. A escultura principal do caboclo estava imponente, porém, passou pela avenida com uma pequena falha de acabamento no braço esquerdo, vale destacar o efeito da floresta atrás dela foi muito bem feito.

O quarto carro, “Trago a Força da Jurema”, exaltou a espiritualidade da Jurema Sagrada, destacando os mestres juremeiros, os encantados e os fundamentos desse culto afro-indígena. A alegoria explorou elementos sagrados, como o coité, o cachimbo e o maracá, símbolos do poder juremeiro. O carro perfumou toda a avenida.

A quinta alegoria, “Nas Veredas da Encruza”, representou a encruzilhada como o ponto de encontro entre diferentes caminhos e destinos. O carro trouxe referências à ancestralidade, ao equilíbrio entre forças opostas e à sabedoria dos que transitam entre mundos, enfatizando a importância desse espaço na crença popular.

O sexto carro, “Mensageiro Bravio: Fé e Reparação”, simbolizou a eternização de Malunguinho como encantado e sua relevância na luta por justiça. A alegoria destacou a reparação histórica, reafirmando o líder quilombola como um guia espiritual e defensor de seu povo. Na escultura principal foi observado uma pequena falha na junção do braço.

Além das seis alegorias, a Viradouro trouxe um tripé intitulado “O Rei da Mata que Mata Quem Mata o Brasil”, reforçando a imagem de Malunguinho como um guardião da resistência, punindo aqueles que ameaçam seu povo e sua terra. Outra falha de acabamento ficou visível na junção do tronco de Malgunguinho.

O conjunto visual da escola foi marcado pela riqueza de detalhes, mesclando ancestralidade, espiritualidade e resistência em um espetáculo grandioso e repleto de simbolismos.

Fantasias

O conjunto de fantasias da Viradouro manteve a identidade característica de seu carnavalesco, com um alto nível de capricho perceptível em todas as alas. Assim como nas alegorias, algumas fantasias utilizaram a iluminação cênica da Sapucaí para ganhar ainda mais destaque, especialmente nos setores iniciais. Exemplos disso foram a segunda ala, “Semente, Folha e Raiz”, e a quinta ala, “Folha do Catucá”. No terceiro setor, a ala das baianas, “Bruxarias Ibéricas”, também explorou esse recurso para realçar seu impacto visual.

No geral, o conjunto de fantasias foi bem construído, principalmente pelo bom uso de cores. Um ponto de destaque foi a forte presença de grupos performáticos ao longo do desfile, todos muito bem caracterizados e integrados à narrativa.

Harmonia

Ao longo de todo pré-carnaval, a sintonia entre mestre Ciça e Wander Pires ficou evidente, tornando-se peça-chave para o excelente desempenho musical e harmônico da vermelha e branca.

O samba-enredo foi cantado com excelência pela comunidade, especialmente nos primeiros setores da escola. Ao longo do desfile, houve uma leve queda no rendimento, sem comprometer o quesito, mas perceptível em alguns momentos.

Os versos “O rei da mata que mata quem mata o Brasil” e o refrão “A chave do cativeiro // Virado no Exu Trunqueiro // Viradouro é catimbó // Viradouro é catimbó // Eu tenho corpo fechado // Fechado tenho meu corpo // Porque nunca ando só” foram os momentos de maior explosão, com a escola e a arquibancada em total sintonia.

Samba-Enredo

O samba-enredo da Unidos do Viradouro para o Carnaval 2025 foi composto por Paulo César Feital, Inácio Rios, Márcio André Filho, Igor Federal, Vaguinho, Vitor Lajas e Chanel .

Desde os primeiros versos, o samba mostrou sua força com referências a rituais, entidades espirituais e símbolos de proteção. A melodia se destacou pela cadência sempre envolvente e pelo refrão marcante e diferente. Com versos como “Acenda tudo que for de acender, deixa a fumaça entrar”, o samba convidou a comunidade e o público a mergulharem no desfile. O samba teve um desempenho potente e vibrante na avenida, contribuindo para a força do desfile e consolidando a narrativa da escola.

Evolução

A evolução foi o quesito que mais exigiu atenção da Viradouro. Em alguns momentos, a fluência do desfile foi comprometida, com a escola aparentando estar travada e permanecendo parada por um tempo acima do ideal. O ponto mais evidente ocorreu após a passagem da comissão de frente e do casal pelo último módulo de julgamento, quando a escola demorou a evoluir. Além disso, durante as apresentações da bateria nas cabines de jurados, a escola também ficou estática por um período maior do que o habitual. Por outro lado, a organização das alas merece destaque: todas se apresentaram de forma técnica e alinhada, com os componentes demonstrando total consciência de seus movimentos.

Outros Destaques

O desfile teve ainda outros momentos especiais, o principal deles a passagem da rainha Érika Januza a frente dos ritmistas da furacão vermelho e branca. Carismática e visivelmente emocionada, ela passou pela avenida arrancado aplausos do público.

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