Porto da Pedra realiza mais um ensaio geral nesta quinta-feira
A Unidos do Porto da Pedra realiza o seu ensaio geral rumo ao Carnaval 2024 nesta quinta-feira, a partir das 20h, em sua quadra, que fica na Travessa João Silva, 84. O Tigre de São Gonçalo vem intensificando seus ensaios, treinando forte o canto, o ritmo e a evolução que embalarão o desfile da escola, na Marquês de Sapucaí. Fechando a noite, o “Grupo Vem Pro Meu Ritmo” irá tocar o melhor do Pagode. A entrada é gratuita.

Os interessados em desfilar na Porto da Pedra, em 2024, precisam se diantar. Basta procurar um dos diretores de ala ou representante da harmonia nos ensaios de quadra para maiores informações. Caso tenha alguma dúvida, pode entrar em contato com a secretaria através do número: (21) 98531-5102.
Com o enredo: “O Lunário Perpétuo: A Profética do Saber Popular”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes e o enredista Diego Araújo, a vermelha e branca será a primeira agremiação a desfilar no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, em busca do título do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.
Acadêmicos de Niterói fecha convênio educacional com a Universidade Santa Úrsula
Em prol do samba e da educação, a Acadêmicos de Niterói se une com a Universidade Santa Úrsula para um convênio educacional, onde os funcionários da escola e indicações da diretoria poderão ter descontos em cursos do terceiro grau. A parceria foi concretizada na manhã desta terça-feira.

O Presidente Hugo Júnior esteve na sede da Universidade e ao encontro do Reitor Paulo Alonso puderam estreitar esse laço e debater as questões dessa parceria de sucesso para a azul e branca de Niterói. O reitor também foi presenteado com uma camisa do enredo da agremiação para o carnaval de 2024. A parceria foi realizada por intermédio da produtora Andrade Produções.
“A educação e o samba sempre andaram lado a lado, então essa parceria com a Universidade Santa Úrsula vem para somar cada vez mais com a nossa agremiação. Será a oportunidade dos nossos trabalhadores que almejam uma graduação terem descontos especiais para a realização desse sonho. Com certeza já é sucesso”, revelou o presidente Hugo.
Guanayra Firmino fala sobre mudanças na quadra da Mangueira: ‘Sempre em manutenção’
A quadra da Estação Primeira de Mangueira está de cara nova. O Palácio do Samba passou por um processo de conservação e ganhou uma nova identidade visual, mais verde e rosa do que nunca. O espaço recebeu uma série de melhorias estruturais para trazer mais conforto aos seus frequentadores, além de ter sido todo redecorado com base na nova marca da escola. Tal iniciativa faz parte das comemorações pelos 95 anos de existência da instituição. Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, a presidente da agremiação, Guanayra Firmino, comentou sobre as intervenções que foram realizadas no local e a estética adotada.
“Na verdade, eu não chamo o que a gente fez de reforma. A Mangueira está sempre em manutenção e, para mim, foi exatamente isso que fizemos. Quanto ao projeto, ele é totalmente nosso. Nós pensamos nele, procuramos um arquiteto e apresentamos as ideias. Quem ficou à frente foi a Rafaela Bastos, que é a vice-presidente de projetos especiais da escola. Eu falava com ela, que falava com a arquiteta. Dessa forma, aprovamos o projeto, que foi todo feito dentro da marca nova. A partir daí, planejamos tudo antes do carnaval de 2023 e avisamos aos segmentos que a quadra ficaria fechada de maio até agosto. Esse calendário foi cumprido e o resultado ficou maravilhoso. Estou encantada com o que a gente já conseguiu fazer, apesar de querermos fazer mais um pouco”, declarou Guanayra.
Entre as novidades, o chão da quadra mangueirense foi estampado com a imagem do pavilhão da escola, no mesmo grafismo presente na bandeira. Além disso, foram criados espaços instagramáveis para que sambistas e turistas em geral façam seus registros. Os sambas históricos também não ficaram de fora e tiveram alguns dos seus versos reverenciados ao serem pintados nas paredes do local. A lista de obras homenageadas inclui “Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá” (2016) e “História para ninar gente grande” (2019), que embalaram os dois títulos mais recentes da verde e rosa.
“O que mais aparece é o chão, o piso, a mudança do design que agora nós seguimos a bandeira. Porém, para mim, mais importante do que isso, talvez, tenham sido as mudanças que nós fizemos e que ninguém vê. Um exemplo foi a reforma dos banheiros, principalmente o masculino. Ele tinha graves problemas estruturais. Há anos, a gente vinha ali fazendo um paliativo. O auditório também tinha um problema sério no teto. Nós rebaixamos, além de recolocarmos os aparelhos de ar condicionado. Mais um exemplo foi o centro de memória, que sofria com uma questão no piso. Este, no entanto, nem reabrimos ao público ainda. Enfim, essa parte que nos incomodava e que as pessoas geralmente não veem é o que destaco”, relatou a presidente.
No bate-papo com a reportagem do site CARNAVALESCO, Guanayra Firmino falou também sobre os planos de expandir a marca da Estação Primeira de Mangueira de outras formas e para mais lugares. A dirigente comentou a importância de firmar parceria com grandes empresas, seja em ações pontuais ou a longo prazo.
“A gente está sempre pensando além, querendo mais. Atualmente, temos três lojas oficiais da Mangueira, sendo uma no Shopping Nova América, outra na quadra e a virtual. Temos a intenção de expandir isso e estamos buscando parceiros em outros bairros, cidades. Nossa intenção é reafirmar cada dia mais a marca. Um bom exemplo disso foi a parceria com a Líder Magazine, na qual próximo ao Carnaval tivemos uma vitrine lá. Outro exemplo é a parceria que mantemos com o Brownie do Luiz. Temos também um acordo em andamento com a Havaianas, que a ideia é culminar em 2024, mas já no desfile passado eles calçaram toda a nossa bateria com as alpargatas. Posso garantir que temos muita ideia, mas muita coisa não posso revelar”, pontuou.
Ainda na conversa, a presidente mangueirense destacou a necessidade de se trabalhar e investir nos ativos que a escola de samba, no caso a Estação Primeira, oferece. Guanayra Firmino respondeu sobre os desafios de atrair os mais diferentes públicos para frequentar e consumir as agremiações, seus eventos e produtos.
“A Mangueira é uma escola de tradição. Para mim, a maior instituição cultural desse país. Então, cuidar da Mangueira, do nome, da marca, é obrigação de quem passa pela presidência e também de quem não está, mas é seguimento, é torcedor. É nossa obrigação cuidar da Mangueira. E sobre projetar a instituição para fora da bolha carnavalesca, a Mangueira já é frequentada por várias tribos. Nós já recebemos aqui, em uma determinada época, um grupo de seminaristas na nossa feijoada. Eles quiseram vir e abrimos as portas para eles. Ou seja, são pessoas das mais variadas vertentes que querem conhecer não só o samba, mas a cultura de uma maneira ampla. No caso dos seminaristas, eles não tinham interesse em sambar na Avenida, mas vieram em busca da história, da riqueza cultural que temos aqui”, afirmou a dirigente.
Em 2024, a Mangueira levará para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí o enredo “A negra voz do amanhã”, que fará um tributo para cantora Alcione. Essa homenagem terá a assinatura da dupla de carnavalescos formada por Guilherme Estevão e Annik Salmon, que irão para o segundo ano consecutivo na agremiação. A Estação Primeira será a quarta escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial.
Vila Isabel apresenta a nova comissão de Harmonia para o Carnaval 2024
A Unidos de Vila Isabel terá um sexteto no comando da Harmonia para o Carnaval 2024. Componentes experientes do quesito e já antigos na agremiação, Chico Branco, Diego Mendes, Joelma Veiga, Nanduco Vila, Yuri Maia e Wanderson Sodré formam o grupo que seguirá com o trabalho do setor.

Na folia desde 1978, Chico foi diretor de Harmonia e integrante da comissão de Carnaval da Imperatriz Leopoldinense na década de 90 e nos anos 2000. Na Vila Isabel há nove anos, está empolgado com a nova função: “Gosto de desafios. Eles me incentivam a pesquisar cada vez mais”, ressaltou.
Quem também respira a azul e branca do bairro de Noel desde pequeno é o trio Joelma, Nanduco e Wanderson. Todos já eram torcedores da agremiação na infância e percorreram caminhos variados até chegarem ao novo cargo. “Por mais que cada integrante tenha a sua ideia específica, todos têm a própria função e vão fazer de tudo para realizá-la com excelência, ajudando o grupo”, afirmou Wanderson, que já foi mestre-sala e diretor de Carnaval em outras coirmãs.
Já Diego e Yuri, por mais que estejam na escola de samba há menos tempo do que os colegas, vêm se preparando e colaborando com o departamento de maneira ativa, colecionando elogios dos colegas de Harmonia e dos componentes. Ambos são contemporâneos na agremiação, participando dos desfiles de 2020 e 2022. “O diretor de Harmonia é hoje um gestor de pessoas dentro da escola. É fundamental ser um elo de ligação entre os segmentos para fazer o desfile funcionar bem”, destacou Diego.
No próximo ano, a Vila Isabel será a terceira escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, com o enredo “Gbalá – Viagem ao Templo da Criação”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros.
Entrevistão com mestre Dinho: ‘Peço a Deus para que consiga chegar no Especial com a Unidos de Padre Miguel’
Com mais de 45 anos dedicados a Unidos de Padre Miguel, a história de Oscar de Lima Filho se confunde com a da própria vermelha e branca da Vila Vintém. O início dessa relação ocorreu ainda na segunda metade dos anos de 1970, quando o então jovem garoto começou a frequentar a escola. A primeira vez em um desfile aconteceria pouco tempo depois, no Carnaval de 1978, às vésperas de completar 15 anos. Na ocasião, ele já estreou como ritmista, tocando repique. Hoje, aos 60 anos, Dinho, como é mais conhecido, comanda a bateria “Guerreiros” há mais de uma década. Mesmo possuindo passagens por outras agremiações, como Portela, Mocidade, Grande Rio, Paraíso do Tuiuti e Cubango, o mestre nunca escondeu o seu caso de amor com o Boi Vermelho e nem abriu mão de estar presente, independente da função que estivesse desempenhando.

Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Dinho recordou com detalhes alguns dos momentos marcantes dessa trajetória de décadas e analisou o atual momento das baterias na folia carioca. Ainda no bate-papo, ele também comentou sobre o sonho de desfilar no Grupo Especial com a Unidos de Padre Miguel. Nos últimos anos, a agremiação vive uma verdadeira saga em busca desse acesso para elite e já bateu na trave por diversas vezes. Desde 2015, a vermelha e branca acumula cinco vice-campeonatos na atual Série Ouro. Para finalmente alcançar o tão sonhado título, o Boi Vermelho aposta suas fichas em 2024 no enredo “O Redentor do Sertão”, desenvolvido pelos carnavalescos Edson Pereira e Lucas Milato, que parte da figura de Padre Cícero para fazer uma viagem pelo imaginário místico popular do povo sertanejo. Na ocasião, a escola será a quinta a se apresentar na Marquês de Sapucaí, no sábado de Carnaval, dia 10 de fevereiro.
Como você começou no carnaval? E como surgiu a sua paixão pela festa e pelo samba?
“Para saber como surgiu essa minha ligação eu teria que perguntar para minha mãe. Eu nasci no sábado de Carnaval. Além disso, sou filho único e a minha mãe sempre gostou muito de Carnaval também, então fui criado ali dentro da Vila Vintém com vários blocos, Padre Miguel tinha muitos naquela época. Em 1976, eu fui para o Bloco dos Amores e foi onde eu comecei a fazer um barulho, gostar de um repique. Já em 1978 foi meu primeiro desfile, que aí eu já tinha ido para Unidos Padre Miguel, que na época era Boi Vermelho, e o enredo, se eu não me engano, era ‘Festa de Iemanjá’. Depois, em 1980, fui para Portela, porque o Mug me levou, já tocava repique, e fiquei lá até 1994. Neste mesmo período, ali anos 1980 e 1990, fui para o Clube do Samba, que era o bloco do João Nogueira, onde fui mestre por dez anos. E, ao longo dessa trajetória, eu continuava no Boi Vermelho, que depois passou a ser a UPM. Mais para frente, eu fui segundo mestre com o Coé na Mocidade, estreei sendo campeão lá em 1996, e segui em 1997 e 1998. Para 1999, fui trabalhar com o Jorjão e em seguida fui trabalhar com o mestre Paulinho Botelho na Portela. Uma curiosidade é que fui o primeiro repique da Portela na primeira vez que a bateria da escola fez bossa. Lembro até hoje, eu e Gerson fomos os repiques. Na verdade, éramos três e teve o falecimento de um dos repiques, por isso ficou só nós dois. Na sequência, ainda passei por várias escolas. Fui diretor na Tuiuti, fui diretor na Grande Rio, fui mestre no Cubango, mestre no Sossego, mas sempre sem deixar a UPM. Quando foi em 2011, eu tinha feito a Sossego no então Grupo B, e o Cícero Costa, diretor de Carnaval da Unidos de Padre Miguel, me procurou e pediu ajuda porque estava sem mestre de bateria. Eu já tinha renovado meu contrato com a Sossego, então fui lá conversar com o presidente da escola, que era o Folha na época, e ele autorizou eu continuar na UPM, porque, mesmo sem ser mestre, já fazia parte da bateria de lá. No período do Coé na UPM, por exemplo, eu completava a bateria com meu pessoal do Cubango, junto com o Dudu também. Enfim, foi assim que, a partir do Carnaval de 2012, assumi o comando. Neste primeiro ano, desfilamos no grupo B e, graças a Deus, as notas foram felizes. No ano seguinte, teve a junção do grupo B com o A, formando a Série A, hoje Série Ouro, e desde então seguimos”.

E a bateria entrou como na sua vida?
“Primeiramente, eu sou espírita. Sou ogã confirmado desde os 13 anos. O meu pai carnal, falecido, tinha um barracão, nós começamos na Umbanda e depois mudamos para Angola. E, todo macumbeiro é sambista, pelo menos a grande maioria é, e como muitos ogãs são de bateria, daí surgiu meu interesse. Eu já tinha aquele dom de barracão, criado dentro de um, aí veio o samba, Padre Miguel sempre teve muito bloco, além da Mocidade e da Unidos de Padre Miguel, então eu respirava o samba, essa é a realidade. Minha mãe também me levava para Mocidade naquela época e assim começou minha história. O engraçado é que meu primeiro desfile no Especial, fora a Portela, acabou sendo com o Império Serrano, onde eu fui campeão em 1982, no ‘Bum bum Paticumbum Prugurundum’. Na ocasião, eu tocava no Bola Preta, junto com o pessoal do Clube do Samba, e a gente terminou um show de madrugada quando um dos caras teve a ideia da gente ir lá no Império pegar uma fantasia para desfilar e tal. Lembro que era o mestre Natalino na época. Aí, ele de fato deu fantasia para todo mundo. A partir daí é que tomei gosto mesmo, já estava na Portela, e estou nisso até hoje”.
Como e quando foi sua entrada na Unidos de Padre Miguel?
“O começo da minha história com a UPM foi na segunda metade dos anos 1970. Como eu falei, tinha o Bloco dos Amores e todo mundo que estava lá ia também para a Unidos. Eu era garoto, resolvi pegar esse embalo, cheguei lá e gostei. Era o mestre Djalma Nicolau na época, que me tratou super bem. Fui ficando, pegando jeito com o repique, que eu já tocava um pouquinho, fui me aperfeiçoando e dali pra cá só teve um ano que eu não desfilei na UPM. Só em 2010 e porque eu não estava no Brasil. Todos os outros anos eu estive junto com escola. E posso dizer que já fiz de tudo ali, desfilei em tudo quanto é lugar além da bateria. Já empurrei carro na Avenida, tirei e botei carro no barranco, tirei concreto. Rodei um bocado por aí, já trabalhei bastante em diferentes escolas e funções, mas a UPM sempre foi a minha casa. Hoje, eu tenho um projeto muito legal na escola, em que estou com cem alunos, além disso a minha bateria foi criada por mim… Lembro que quando eu assumi lá, realmente não tinha ritmista, era pessoal sempre da Mocidade. Então, eu fui criando devagarinho, fazendo projeto, aí tiro dez daqui, quinze dali em um ano, dez no outro, quinze em um novo projeto, e assim fui montando a minha bateria. Graças a Deus, hoje ela é de fácil identificação, porque na realidade gosto muito de surdo de marcação, gosto muito de definição de afinação, então trabalho bem isso aí. Também eu tenho aquele trabalho árduo de ter uma bateria diferente da Mocidade, mesmo estando só a 50 metros de distância. Meus amigos me perguntam: ‘Como é que você consegue?’. Falo sempre que é conversando com carinho, tratando todo mundo com respeito. O ritmista tem que ser bem tratado, afinal ele sai de dentro de casa, com todos os problemas, reserva um tempo da vida dele para ensaiar, e ainda vai chegar na quadra e ser maltratado? Não, tem que ser bem tratado, conforme eu sempre fui. Eu aprendi muito com as experiências que tive trabalhando com grandes mestres. Obviamente, a gente nunca vai ser perfeito, mas eu peguei um cadinho de cada um: um pouquinho de Jorjão, peguei um pouquinho de Coé, peguei um pouquinho de Bira, um pouquinho de Paulo Botelho, um pouquinho de Odilon… Então, fui catando um pouquinho de cada um deles e quando chegou a minha vez pude aplicar o que absorvi. Graças a Deus, estou há mais de uma década como mestre na UPM e acho que hoje eu sou o mais antigo à frente de uma bateria na Série Ouro. Quem tem mais tempo, na verdade, é o Chuvisco, que é meu amigo, mas como teve um ano que ele saiu da Estácio e veio para Vila, eu sou o que está há mais tempo de forma consecutiva. Outra coisa é que posso dizer com orgulho que não tenho problema com ninguém, sou amigo de todo mundo, ajudo quem precisa, já lancei vários… Aliás, tem vários mestres que estão em escolas na Série Ouro que passaram por mim, que foram indicação minha. Basicamente, é isso, é vida que segue e só peço a Deus para que um dia eu consiga chegar no Especial com a minha escola”.
A Unidos de Padre Miguel usa o slogan “aqui se aprende a amar o samba”. É diferente estar na UPM?
“De fato é diferente. Quem nunca foi lá, quando vai pela primeira vez já sai amando o samba e amando a UPM. Essa é a realidade. A Unidos de Padre Miguel é uma família. Todos ali, mais de duas mil pessoas, se conhecem. A gente vive e respira a escola, todo dia, o dia a dia, todo mundo. Além disso, sempre damos continuidade um ao outro, em todos os seguimento. Então, quem chega ali aprende, fica encantado e quer voltar. Por isso, nada mais justo e verdadeiro que este slogan do ‘aqui se aprende a amar o samba’”.
A escola gosta muito de enredos afros. Isso ajuda a bateria?
“Na realidade, como tenho essa minha trajetória no Carnaval, um longo tempo na escola, para mim acaba sendo um pouco indiferente. Quando é afro é bom, quando é um autoral do carnavalesco é bom. Sempre brinco com os meus garotos lá, meus diretores, meus ritmistas, que para gente não existe samba ruim, temos que tocar qualquer um. Pelo contrário, o que a gente acha que não é bom, para gente é melhor, pois nos dedicamos mais para fazer esse ficar bom. Na minha visão, o que faz um enredo dar certo, além de um bom samba, é uma boa sinopse, uma boa interpretação do carnavalesco, um visual legal, um bom entendimento do que é proposto. Então, o ideal é fazer algo que seja confortável para escola. Como a UPM já tem esse lado do afro muito forte, por ser uma comunidade que é muito ligada a cultura negra, a religião de matriz africana, a gente aposta bastante nesta temática. É a mesma coisa com o Nordeste, que gente gosta muito e que já estamos vindo de novo agora em 2024. Por tudo isso, é até mais gostoso pra você fazer uma bossa, fazer uma coisinha a mais, que mexe com o público, nestes casos. Mesmo assim, volto a dizer que, particularmente, não tem tanta diferença não, mas a gente bota bola pra frente e vamos embora”.
O fato do enredo de 2024 ter o Nordeste facilita para pensar em paradinhas?
“Facilita sim, porém tem que se existir um certo cuidado. No meu entendimento hoje, 2023 para 2024, o Nordeste foi uma temática de enredo muito badalada por outras escolas nos últimos anos. Então, a gente tem que ter muita atenção na hora de criar uma bossa, uma paradinha, porque você não tem muito para onde correr e pode facilmente cair na repetição, no lugar comum. Afinal, xaxado é xaxado, baião é baião, não tem muito o que inovar. Você tem que dar uma leitura, uma identificação para o jurado que é aquilo, porém não vai ser 100% aquilo. Por quê? Porque é muito usado, então você fica um pouco restrito na hora das execuções. Portanto, tem que se ter muito zelo, muita dedicação na hora de criação. Até por isso que a gente precisa de um bom samba, porque ele te oferece muito, te dá as oportunidades de bossa, por exemplo. E é o que está acontecendo na UPM para 2024. Temos grandes obras e a bateria está muito feliz pelo que está ouvindo na disputa”.
Hoje qual é o principal naipe da sua bateria e por qual motivo?
“O surdo de marcação hoje é o principal naipe da minha bateria. Mas, para explicar o porquê, preciso voltar um pouco no tempo. Quando fui parar na Portela, fiquei assustado com o que vi, com a quantidade de surdos, isso em 1980. Eram 18 surdos de primeira com tamanho de 29 polegadas, 16 surdos de segunda com 26 polegadas e 22 terceiras de 22 polegadas. Então a gente sentia a pulsação, aquilo firme, que você escutava de longe. Por isso, quando eu fui para a UPM, a primeira coisa que eu fiz foi trazer essa afinação baixa, com esse surdo 26” que lá era 24”. Mudei tudo que era feito antes de mim e passei a trabalhar com 26”, 22” e 18”. Implantei essa afinação, enquadrei ali na Unidos de Padre Miguel e o ritmista assimilou, aceitou bem aquilo ali. Por isso, hoje o meu forte na Unidos de Padre Miguel é a marcação. Não tem problema nenhum, não tenho vaga para ninguém. Minha marcação é fechada, assim como a minha terceira, o meu tamborim, o meu chocalho, o meu agogô… Só tenho vaga para caixa de guerra, porque eu faço projeto, trabalhando com a casa. É tudo nata, prata da UPM”.
Como é a conversa com os carnavalescos sobre a fantasia da bateria?
“Costumo sim fazer algumas exigências. Hoje, você tem que vestir uma roupa. Se você fantasiar demais a bateria, você às vezes pode limitar o desenvolvimento, a performance do ritmista. Então, costumo conversar muito com os carnavalescos e graças a Deus eu nunca tive problema, pois sempre me apresentaram fantasias flexíveis, que permitem o ritmista desenvolver bem. Atualmente, converso muito com o Edson, com o Milato. Sou amigo para caramba dos dois, acompanho a confecção, o dia a dia da roupa, até porque é feito na própria escola. Todos os anos, a primeira roupa que sai do ateliê da UPM é da bateria. Quando chega dezembro, eu já estou com a minha roupa, eles me entregam tudo, já guardo, boto a etiqueta… Volto a dizer, nunca tive problema com carnavalesco em questão de roupa, mas sempre peço para não colocar nada de cabeça, nada de costeiro, porque isso só atrapalha”.
E como ritmista, você teve algum problema com fantasia? Alguma em específico te marcou negativamente?
“Teve um Carnaval na Portela, se eu não me engano foi em 1989, que a fantasia machucava muito. Eu era repique e a gente tinha uma caravela enorme na cabeça. Ela pesava tanto que se você virasse para o lado não voltava. Esse foi um Carnaval que negativamente me marcou. Um outro, que não tem nada haver com problema com fantasia, mas que também ficou na história e que aquilo ali foi um aprendizado para mim foi o Carnaval do Cubango 2005. Era Jorjão o mestre. A gente ficou ensaiando o ano inteiro, tudo saindo prefeito nos ensaios, mas quando chegamos na Sapucaí deu tudo errado. Absolutamente nada deu certo naquele dia. A gente entrou na Avenida errando, saímos errando. Como o Jorjão era um mestre renomado e tinha uma postura muito boa, chegou na quarta-feira de Cinzas e a escola só levou nota 10 em bateria. No ano seguinte, eu assumi o comando. Era o meu primeiro ano como mestre de bateria e pensei: ‘Meu Deus do Céu que eu vou fazer? A gente passou todo errado e foi 10, não posso ter 9,9’. Então, comecei trabalhar como se não houvesse amanhã. Graças a Deus, também só tive nota máxima em 2006”.
Hoje o seu trabalho é mais valorizado no mundo do samba. Você percebe essa mudança? E como aconteceu?
“Teve uma homenagem que eu recebi do mundo do samba que vai ficar marcada para o resto da vida. No Carnaval, existem várias premiações que reconhecem quando você faz um bom trabalho. Porém, a valorização que tive é muito maior do que um prêmio. É algo que mestre de bateria nenhum teve além de mim. Em 2019, eu fui a capa do CD da Série A, hoje Série Ouro. Não tem reconhecimento maior pela minha trajetória, pelo que eu já fiz, pelo tempo que eu tenho de bateria, de samba. Isso me marcou de uma tal forma que está guardado e vou carregar no meu coração eternamente. Não é para qualquer um ser o primeiro mestre de bateria a ser capa de CD ou de disco. Foi um baita presente que me deram e sou muito feliz por isso. E quanto à valorização pelos meus pares, foi com muito trabalho. As pessoas precisaram começar a entender que a Unidos de Padre Miguel, que a bateria ‘Guerreiros’, não é ‘Não Existe Mais Quente’, não é a bateria da Mocidade. Acho que comecei a ser valorizado quando as pessoas passaram a enxergar que o meu trabalho era morar em Padre Miguel, ser colado com a Mocidade, mas ter um outro estilo. Então, isso foi valorizando, as pessoas foram percebendo a minha luta. Não podia passar na Avenida com a bateria da Mocidade, tinha que passar com a bateria da UPM. Isso me deu muito estímulo para trabalhar e para os meus diretores também. Aliás, os garotos realmente são muito bons, vou crescendo e eles vão crescendo juntos. E eu trago sempre de dentro da própria bateria. Às vezes, tem gente que critica que eu coloquei o fulano como diretor e ele mora lá em Nilópolis, mas se esquecem que o cara está há dez anos desfilando comigo. Não tenho diretor nenhum que chegou ontem, que chegou agora. Todos estão desde o começo”.
Estamos em uma fase de alto nível das baterias. Muitos alegam que são os mestres jovens. O que você pensa sobre os trabalhos de hoje e sobre o futuro das baterias?
“A renovação é uma coisa normal. Desde lá de trás, sempre ocorreram ciclos que, quando próximos do fim, geraram mudanças. Foi em uma dessas que eu fui chegando e depois já veio toda uma nova geração. Particularmente, gosto disso, dessa alternância, acho perfeito. Para quem tem mais tempo do que eles, como é o meu caso hoje, isso me puxa, não me permite acomodar. Eles aprenderam muita coisa comigo e atualmente quem aprende sou eu. A gente tem que olhar para frente e não ficar preso em um passado. Portanto, ver o Luygui, o Laion, o Vitinho, o Paulinho Steves, que foram meus diretores na Unidos de Padre Miguel, comandando suas próprias baterias hoje em dia, só me enche de orgulho. Eu ajudei eles chegarem aonde chegaram, por isso que a gente tem um carinho mútuo. Vi o crescimento deles e bato palmas, porque sei que fiz parte disso. Além dos nomes que já citei, o Celsinho do Repique, que hoje comanda a bateria da Sereno, foi eu que lancei também. Isso é gratificante. Essa qualidade das baterias, a ousadia, venho acompanhando. Até brinco com eles falando para terem cuidado que o velhinho está na cola, que se derem mole vou engolindo. Renovação faz parte de tudo na vida, qualquer lugar, qualquer empresa, passa por isso. Tenho um filho de seis anos e ele rege bateria, já sei que é o futuro. O papai vai embora, mas ele vai continuar e dar prosseguimento ao legado. Então, repito: bato palmas mesmo para esses meninos que estão aí hoje. Acompanho eles e tudo que precisarem, sabem que podem contar comigo”.
Qual é o tamanho da responsabilidade que você tem em buscar as notas máxima, já que a UPM pensa no título?
“A cobrança existe no dia a dia, mesmo para quem não busca o campeonato, pelo menos este é o meu pensamento. Escola de samba é um conjunto de segmentos, então, obviamente, se todos tirarem a nota máxima é perfeito, mas se eu tiver que tirar um 9,8 e a minha escola ser campeã, que assim seja. A minha bateria não toca para jurado, ela toca para a comunidade. Às vezes, o jurado julga tendo como base, como critério, o que ele gosta, o que ele quer, o que ele acha. Mas eu tenho que sair bem da minha comunidade, ela é quem tem que estar alegre com o meu trabalho. Se a minha direção estiver satisfeita, é o que basta. Então, não faço nada além daquilo que a regra me impôs. Busco sempre as notas, trabalho e ensaio muito durante todo o ano. Só ensaio de rua, a gente faz dois por semana e sempre com a bateria toda, completa, os próprios ritmistas fazem questão disso. Agora, hoje está bem mais fácil conseguir a nota máxima. Antes, era muito pior. Atualmente, é tudo equalizado, na minha época não tinha nada disso. Quando eu comecei, era um carro da pamonha e a gente tinha que tocar de qualquer jeito. Hoje, você tem todo um carinho com afinação. Além disso, às vezes, muitos jurados não entendiam que mesmo sendo de Padre Miguel eu podia ter a minha caixa embaixo. Há uns anos, encontrei um desses jurados na Avenida que tentou justificar uma cobrança para que eu tocasse no estilo da Mocidade por eu ser de Padre Miguel. Então, eu apanhei com isso também, porém já não apanho mais. Eles entenderam que eu só tenho o nome de Padre Miguel, mas o ritmo é Unidos de Padre Miguel”.
Como é trabalhar com um cantor tão experiente como o Bruno Ribas?
“Primeiro que o Bruno Ribas é meu amigo particular. Segundo, há anos que eu já queria trazer ele para escola. Terceiro, ele é Padre Miguel. E quarto, é um excelente profissional, muito fácil de trabalhar. Então, foi um fechamento perfeito. Como eu disse, antes mesmo de acontecer, a gente já conversava sobre a possibilidade de trabalharmos juntos e, graças a Deus, tivemos essa oportunidade no Carnaval passado. Foi um casamento perfeito entre bateria, carro de som, cordas, apoio, e vai ser melhor ainda em 2024. A gente está sempre unidos, conversando, trocando ideia. Sou um cara que não tenho vaidade. Acho que harmonia, bateria e carro de som tem que caminhar lado a lado, juntinhos. Isso é a alma da escola. Se esses três quesitos, que pra mim são quesitos, trabalharem juntos, em acordo, combinado, sem vaidade, ninguém se achando melhor do que ninguém, não tem como dar errado. A bandeira que tem que brilhar é da UPM”.
Comunidade da Tom Maior celebra inauguração da sonhada quadra própria
O samba paulistano ganhou uma nova casa. No último domingo os moradores da Barra Funda, um dos bairros mais tradicionais de São Paulo, quando o assunto é carnaval, passaram a conviver com a comunidade da Tom Maior, que agora habita a Rua Luigi Grego, número 196. A Vermelho e Amarelo inaugurou sua quadra em evento aberto ao público, que contou também com o lançamento do samba-enredo para o desfile de 2024.

A quadra, localizada dentro de um antigo galpão às margens das linhas de trem da CPTM, foi condicionado após intenso trabalho que contou com apoio da própria comunidade ao longo de duas semanas, assim que o espaço foi liberado para funcionamento. A nova casa da Tom Maior fica em uma região que não é muito distante da sede de sua madrinha, Camisa Verde e Branco, o que significa que a escola fundada no Sumaré fincará raízes em um lugar já acostumado a respirar o samba e com muitas histórias para contar.
Da Feira Moderna ao novo lar
Uma escola de samba ganhar como presente em seu cinquentenário uma casa para chamar de sua faz o coração de qualquer apaixonado por carnaval bater mais forte. Quem dirá o coração de Airton Edno, o Coronel, membro da velha-guarda que faz parte da Tom Maior desde a sua fundação, em 1973, no bairro do Sumaré?
“Nossa escola realmente sempre sofreu muito por não ter seu lugar próprio. Desde a sua fundação sempre mudando de bairro, de quadras, ruas, ensaiando nas ruas direto. Mas mantendo sempre uma união, e essa união que mantém a escola grande até hoje”, declarou o baluarte.
Coronel relembrou os primeiros anos da Tom Maior ao falar do segredo para manter a comunidade unida por todos esses anos encarando constantes desafios.
“Essa união vem da humildade, que vem desde a fundação da escola em que várias pessoas se uniram dentro do bairro do Sumaré e ensaiavam dentro de uma feira livre, que era a Feira Moderna, lugar coberto que servia como local de ensaios da escola”, recordou.
Mesmo entre aqueles que são relativamente novos na escola, a alegria refletida no olhar foi contagiante. As baianas Isabel Evangelista, de 66 anos, e Teresa Cristina, 55, que há três anos dedicam seu amor à Tom Maior falaram sobre estarem de casa nova.
“Felicidade total de ter um ambiente, uma quadra para chamar de sua, não ter que usar uma quadra emprestada para ensaiar. A expectativa é melhorar ainda mais, mais e mais. Agregará para todos que virão aqui”, afirmou Teresa.
“Me sinto feliz, né? Será tudo de bom! A união, que é muito forte, muito grande entre eles. Agora com essa nova quadra mais ainda. Todo mundo reunido em um só lugar, que é nosso. Graças a Deus, agora vai”, completou Isabel.
Presente de um patrono entregue pelo destino
O presidente e mestre Carlão emocionou o público que compareceu à inauguração da quadra em seu primeiro discurso no palco ao recordar o passado e agradecer o esforço empenhado por todos para realizar o sonho da comunidade da Tom Maior. Questionado sobre o sentimento de ter a nova quadra, ele destacou que o investimento para tal ocorreu de modo a não prejudicar o desenvolvimento dos trabalhos da escola para o Carnaval 2024.

“É a realização de um sonho. É uma comunidade que tem 50 anos e está todo mundo feliz. Esse projeto é independente do carnaval. Você não pode tirar um centavo da verba do carnaval, porque depois não vai ser competitivo. Daí eu e mais dois sócios fizemos e está entregue para a escola”, disse.
Bruno Freitas, que faz parte das direções de carnaval e harmonia da Tom Maior, dedicou um agradecimento especial e contou detalhes sobre o processo que tornou possível para a escola ter a sua quadra em um espaço de tempo menor do que o esperado.
“Isso foi um presente, literalmente, do nosso patrono Alberto, que é um cara sensacional. Era um espaço que ele estava negociando para 2025, e tinha uma perspectiva para o ano que vem. O negócio andou, o imóvel não podia ficar fechado, a gente resolveu… Vamos em duas semanas reformar e deixar no jeito? O que era para ser um ensaio improvisado, tem banheiro com piso, tem luz, está tudo maravilhoso, a sensação de pertencimento desses mutirões, pessoal que se engajou e que veio, é extraordinário”, explicou.
Gerson Silverstone fez uma declaração em tom de desabafo sobre o sentimento da Tom Maior, enfim, ter a sua casa. O diretor de harmonia também explicou o que irá mudar nos trabalhos da escola a partir de agora com a nova quadra.
“É uma emoção muito grande porque é um sonho que a escola tinha há muito tempo. Já estávamos cansados de ser taxados como ciganos, ouvir que não tínhamos comunidade, que era um catado de pessoas que iam desfilar. Hoje, estamos provando que temos comunidade, sim. Inauguramos a nossa quadra e vamos vir muito fortes para esse carnaval. A gente tinha uma comunidade muito grande para conseguir ensaiar. Tínhamos que ensaiar em pontos específicos de São Paulo, íamos até a ala para fazer ensaio de canto. Só tínhamos um domingo para fazer duas horas de ensaio por semana. Isso era muito pouco. Mesmo assim, tivemos grandes resultados. Conseguimos, na pista, fazíamos bons trabalhos e bons desfiles. Com certeza, agora, com a nossa casa, vamos aumentar o número de ensaios e, com isso, vir muitos mais fortes”, declarou.
Formada das famílias que se uniram pelo caminho
Parte da bem-sucedida equipe de harmonia da Tom Maior, Silvia Ribeiro, que há 14 anos faz parte da escola, na inauguração da quadra esteve encarregada de receber o público na porta junto das baianas, que benzeram todos que passavam pelo arco adereçado no estilo do enredo de 2024 da Vermelho e Amarelo. Ela falou sobre a alegria da comunidade realizar o sonho de ter a sua casa.
“É um sentimento de alegria, de felicidade. A Tom Maior é uma escola de família, onde podermos trazer nossos filhos, netos, os amigos, mas não tínhamos o nosso chão, o nosso espaço. Graças a Deus, hoje estamos vendo esse sonho se realizar. É um sonho que a gente idealizou por muito tempo, e hoje está sendo enfim concretizado”, declarou.
Silvia exaltou uma característica especial da Tom Maior ao longo da sua história. A atual comunidade da escola é oriunda do vínculo formado em meio aos tantos endereços aos quais a agremiação se fez presente.
“A Tom Maior, embora não tivéssemos uma quadra, tem uma comunidade que não é mais só do Sumaré, onde ela foi fundada. Por todos os lugares onde ela passou, as pessoas vieram, abraçaram a ideia, e mantivemos esse pessoal com muita união e respeito. Onde você colocar o pé em uma quadra, onde quer que a gente esteja, é uma comunidade. Foi à base de muito respeito, muita humildade, e essa união que permitiu o pessoal continuar. Hoje está aí, a alegria de todo mundo, maravilhados porque hoje a gente tem um chão”.
A diretora está otimista em relação ao futuro da escola, e projeta o estabelecimento da Tom Maior entre as grandes do carnaval de São Paulo.
“Acho que a Tom Maior é uma escola que vem batendo na trave já há alguns anos. Nosso enredo esse ano é um enredo belíssimo, maravilhoso e o nosso samba é muito bom. Nossas fantasias já estão sendo confeccionadas. Estamos vindo numa crescente e o que a gente espera esse ano é levantar o caneco. Deixar a Tom Maior em um patamar onde ela tem que ficar, porque ela é uma escola de Grupo Especial e que veio para ficar. Nosso trabalho, trabalho é esse. Nós não somos melhores e nem piores do que ninguém. Nós somos uma escola diferente porque temos união e respeito ao nosso povo, a nossa comunidade”, concluiu Silvia.
Túlio Roberto Dias manifestou orgulho da tragetória da escola ao longo de 27 anos seguindo, vivendo e amando a Tom Maior. Era morador do Sumaré em 1996, onde conheceu o eterno presidente Marko Antônio da Silva, hoje homenageado com seu nome sendo dado à nova quadra da agremiação.
“Sentimento é igual ao das pessoas que batalham por um teto, por um respeito social. Aquela coisa de poder chegar em casa e falar “é minha”. E hoje eu acho que o sentimento do Vermelho e Amarelo, do Tom Maior de coração é esse: Temos uma casa”, disse.
Para Túlio, a vibração proporcionada pela escola é o que fez a diferença ao longo de tantos anos, e acredita que a família Tom Maior, agora com a nova quadra, passará a contribuir não apenas para a própria comunidade que já a acompanha, como também poderá agregar para a sociedade como um todo na forma de projetos sociais.
“Acho que é a vibe, porque a vibe não escolhe endereço. Ela pode ser na Zona Sul, na Zona Leste, e obviamente temos muita dificuldade em criar uma identidade. Mas eu acho que é que nem está acontecendo hoje. Pessoas que às vezes nem sabem muito da história da Tom Maior, mas é uma vibe que é para frente. Agora eu acho que é, como qualquer família, como a que temos em casa ou em uma empresa. Quando você adquire um solo, você consegue fazer projetos sociais e outras vertentes além de um carnaval. Acho que a escola de samba tem um projeto que é socialmente falando, que é incluir a sociedade em cima. Hoje podemos falar: Vem, vem para esse endereço, que você poderá vir para uma casa cujo endereço é da Tom Maior”, finalizou.
Fim de um estigma e o começo de uma ambição
Se empolgação é o que não falta para o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Tom Maior, formado por Ruhanan Pontes e Ana Paula, em um dia tão especial não poderia ser diferente. A dupla participou ativamente dos preparativos para a inauguração da quadra, e falou sobre os sentimentos envolvidos.
“É gostoso, depois de passar por tantos lugares, ter um espaço fixo até que enfim. Deixar de ser cigano. Acho que ter um espaço fixo assim é poder nos unirmos mais. A escola poderá se juntar mais. Quando uma escola não tem um espaço físico próprio dela, fica tudo mais disperso. Apesar da escola já ser uma família muito unida, acho que agora a gente vai conseguir se aconchegar melhores, concentrar a nossa energia em um lugar. Nosso chão estará aqui, nossa energia estará aqui. A Tom Maior é isso aqui, tudo ficará guardado aqui”, citou Ruhanan.
“É participar da conquista. É um sentimento de felicidade, de ver a comunidade toda trabalhando junta naqueles mutirões. A gente percebe que está todo mundo na mesma vibe. É incrível”, definiu Ana Paula.
Entre os desafios que agora fazem parte do passado, o casal citou a questão da reunião para os ensaios, mas também exaltou a capacidade da escola de agregar novas pessoas para a comunidade ao longo do caminho.
“Acho que era mais pela concentração das pessoas. Buscar todas as alas para um espaço aberto era um pouco mais difícil. O custo para montar um ensaio na rua acho que era um pouco mais caro, com um custo fixo toda semana com ônibus, som, carros. Acho que essa era a maior dificuldade da escola”, comentou Ana Paula.
“Uma coisa que o Carlão falou. A Tom Maior nasceu no Sumaré, mas ela é de São Paulo, do Brasil. Passamos por vários lugares, mas conseguimos conquistar corações e pessoas em vários lugares diferentes, e agora essas pessoas passarão a se concentrar aqui. Acho que foi bom passar por esses diferentes lugares, porque conquistamos muita gente e agora trará aqui para a Barra Funda essa gente toda”, disse o mestre-sala.
A prioridade para o futuro da Tom Maior com a nova casa, na visão de Ruhanan, é dar à escola aquilo que, na sua opinião, há tantos anos vem merecendo. Descontraído, o dançarino falou com empolgação sobre o que deseja para a comunidade.
“Ser campeão do carnaval, oras. Como assim? Ano passado ainda está engasgado aqui! Ser campeão do carnaval, é isso que eu quero. Precisamos por estrelas nesse pavilhão. Está faltando uma estrela ali. Uma não, várias, mas a primeira, se Deus quiser, vem agora. Com respeito a todas as coirmãs, mas está na hora de colocar uma estrelinha no pavilhão da Tom Maior. Eu gosto muito de enaltecer o trabalho do Carlão aqui na diretoria da Tom Maior. Eu acho que é um trabalho diferenciado. Eles sabem lidar com as pessoas, conversar com as pessoas, tratam bem com as pessoas, estão sempre preocupados em como falar, chegar nas pessoas. Acho que isso é muito interessante, e quando isso se faz com carinho, com amor, o resultado tem que vir. Uma hora vem”, concluiu o mestre-sala.
Responsável por uma linha de enredos variada e rica nos detalhes, o carnavalesco Flávio Campello manifestou orgulho de fazer parte de um momento tão marcante para a história da Tom Maior, relembrando relatos do passado e exaltando a importância da atual gestão para acabar com os estigmas que marcavam a escola.
“Olha cara, a gente fazer parte de um momento tão especial de uma escola de samba, como é o caso de conquistar uma quadra. Ainda mais a Tom Maior, que desde que cheguei no carnaval de São Paulo, a quinze anos atrás, só se dizia que a Tom Maior é uma escola que não tinha um solo, terreiro, estava sempre ensaiando em vários lugares. E essa gestão do Carlão ter dado esse grande passo, no primeiro ano de mandato oficial dele, como presidente, que é passar para a escola de samba, uma quadra de papel passado. Onde a escola vai ter realmente, pela primeira vez, nesses 50 anos, um chão que ninguém vai tirar a escola, onde vai permanecer, fincar raízes, isso é muito especial”, declarou.
Para o coreógrafo da comissão de frente, André Almeida, a Tom Maior agora possui meios para criar o que é necessário para tornar a escola ainda mais grandiosa.
“A Tom Maior está vindo nesta luta a muito tempo, eu vi um post do nosso presidente no Instagram que falava ‘a Tom Maior já teve 12 endereços diferentes em um curtíssimo espaço de tempo’, hoje a gente ter o nosso espaço, nossa quadra. É muito importante para nós criarmos, de novo, assim, a nossa identidade, a identidade da escola, criar raiz, e ter um espaço para ensaiarmos, nosso. É totalmente diferente. Pois a gente pode ter uma agenda de ensaio, são vários departamentos que precisam de espaço para ensaiar. Então acho importante ter o nosso espaço, casinha, e hoje a inauguração da nossa quadra, esse espaço novo, recebendo tanta gente do carnaval de São Paulo, vindo prestigiar nossa festa, nossa casa, é muito importante. Isso tudo que está aqui, foi feito com muito carinho por todos os componentes. Eu mesmo vim aqui ajudar a pintar a quadra, a comissão de frente também participou, pois acho importante participarmos deste momento. Pois é um momento histórico para a Tom Maior. E estamos começando projeto novo, casa nova, faz toda uma diferença ter nossa quadra”, disse.
Mais fotos da quadra
Começa venda total de ingressos para os desfiles de escolas de samba de SP
A partir desta segunda-feira os sambistas podem adquirir ingressos em bilheterias físicas, em Pinheiros e na Fábrica do Samba, além do site www.clubedoingresso.com/carnavalsp/ Os ingressos têm valores a partir de R$ 90 para os desfiles do grupo Especial. Veja os endereços e horários de funcionamento:

Carioca Club Pinheiros
Endereço: rua Cardeal Arcoverde, nº 2899, Pinheiros – São Paulo, SP
Horário de funcionamento da bilheteria: de segunda a sexta, do meio-dia às 18h
Fábrica do Samba
Endereço: Av. Dr. Abraão Ribeiro, nº 505, Barra Funda – São Paulo, SP
Horário de funcionamento da bilheteria: de segunda a sexta, das 10h30 às 17h.
Mesas e cadeiras de pista
Também estão disponíveis para esta modalidade o setor B do sambódromo do Anhembi. Os ingressos podem ser adquiridos on-line, através do site www.clubedoingresso.com/carnavalsp/ ou nos pontos de venda físicos.
Camarotes Populares
Uma novidade que deu muito certo em 2023, para o próximo ano será ampliada. Agora, além do Camarote Lounge no setor H, os sambistas vão poder curtir um novo espaço no Setor A, o Camarote do Esquenta, bem perto do esquenta das baterias e da largada das escolas. Os ingressos também podem ser adquiridos on-line, através do site www.clubedoingresso.com/carnavalsp/ ou nos pontos de venda físicos.
Arquibancadas
Já as arquibancadas do sambódromo do Anhembi, que já estavam em pré-venda promocional desde junho, entram em novo lote, com ingressos a partir de 90 reais para o grupo especial e opção de meia-entrada para estudantes, pessoas com deficiência, idosos e jovens carentes com idade entre 15 e 29 anos.
Os desfiles do Acesso 2, no dia 03 de fevereiro, têm entrada gratuita nas arquibancadas. Não é necessário retirar nenhum tipo de ingresso, basta ir ao sambódromo do Anhembi.
Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo
Na cidade que respira arte e cultura, o espetáculo é tradição, mas, a cada ano, a experiência é única e inesquecível. Nos dias 03, 08, 10 e 11 de fevereiro, as agremiações paulistanas retornam ao sambódromo do Anhembi. Os Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo renovam seu caráter multifacetado e artístico, tornando o Carnaval paulistano em um verdadeiro festival de cultura popular, para todas as idades. No dia 17 de fevereiro, a temporada encerra com o Desfile das Campeãs.
A primeira das 5 noites de espetáculo, 03 de fevereiro, é das escolas de samba do grupo de Acesso 2, a partir das 20h
CARNAVALESCO acompanha eliminatória da Portela e analisa sambas concorrentes para o Carnaval 2024
A Portela realizou, na noite do último domingo, a primeira eliminatória em chave única do concurso de samba-enredo para o Carnaval de 2024. A reportagem do site CARNAVALESCO, como parte da série “Eliminatórias”, esteve presente e acompanhou essa nova fase da competição promovida pela Majestade do Samba. Ao todo, dez obras se apresentaram e cada uma teve o direito a cinco passadas, sendo duas sem bateria e três acompanhadas pelos ritmistas da “Tabajara do Samba”. Ao final, oito sambas se classificaram para a etapa seguinte, que ocorrerá no próximo domingo, dia 24 de setembro, enquanto dois foram cortados: os das parcerias de Meri de Liz e de Paulo Cesar Feital.
No ano que vem, a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do seu vigésimo terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Um Defeito de Cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, a proposta é trazer uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim.
Parceria de Luiz Carlos Máximo: O primeiro samba a se apresentar na eliminatória portelense foi o composto por Luiz Carlos Máximo, Manu da Cuíca, Cecília Cruz, Thayssa Menezes, Fabinho Gomes, Luciano Fogaça e Cláudio Cruz. O intérprete Bico Doce foi o responsável por defender a obra, que teve um bom desempenho na quadra. O trecho que teve maior rendimento foi o refrão principal, com os versos “Nasceu d’Oxum flor de Kehindé/ Nas esquinas de Madureira/ Com Daomé/ Yabá quituteira/ Iyami quizumbeira/ Brasil, terreiro preto de mulher”. Além dele, o refrão do meio, com os versos “Oleleá, caruru é pra Ibeji/ Caxixi pra camará/ Mulungu pro meu ori”, foi outro grande destaque. Sem adereços, mas uniformizada, a torcida deu um show à parte. O grupo cantou, dançou e fez coreografias durante toda a apresentação. Até mesmo após o fim, eles entoavam o refrão principal da obra.
Parceria de Celso Lopes: A obra assinada por Celso Lopes, Neyzinho do Cavaco, Charlles André, Chicão do Cavaco, Jorge Feijão, TH Joias e Anderson Leonardo foi a segunda a se apresentar. O intérprete Nino do Milênio comandou o microfone oficial e soube conduzir o samba com segurança. Formada por uma grande quantidade de pessoas, a torcida, assim como a primeira, abriu mão das ornamentações, porém veio vestida com a camisa da parceria. Eles mostram animação e mantiveram um canto forte ao longo de toda a apresentação. O refrão principal, com os versos “Luísa Mahim mulher de valor/ Guerreira, mãe preta… Revela/ Que o seu afeto se multiplicou/ No coração dos filhos da Portela”, foi berrado pelo grupo. O trecho de subida para ele, “Ia Ia num lindo sonho fui te encontrar/ Kheinde, nós somos um só, um elo de amor/ Jamais um defeito de cor”, também foi bastante entoado.
Parceria de Jorge do Batuke: Na sequência das apresentações, o terceiro samba foi o de autoria de Jorge do Batuke, Claudinho Oliveira, Zé Márcio Carvalho, Leko 7, Romeu D’ Malandro, Silas Augusto e Araguaci. A obra foi defendida por uma dupla de intérpretes formada por Zé Paulo Sierra e Tem Tem Jr., vozes oficiais da Mocidade Independente de Padre Miguel e do Império Serrano respectivamente. O samba teve um ótimo rendimento na quadra. O ponto alto foi o refrão do meio, com os versos “Ôôôô! Ôôôô!/Oxé sagrado é machado de Xangô/Kaô Kabecile, kaô/Kaô, meu pai Xangô!”, entoado a plenos pulmões pelos torcedores. Aliás, a torcida, numerosa, veio uniformizada e mostrou garra. Eles cantaram, vibraram e dançaram sem deixar o ritmo cair em nenhum momento. O restante da quadra também reagiu de forma positiva, sendo possível observar diversos segmentos, como as baianas, cantando a obra.
Parceria de Thiago na Fé: O samba de autoria de Thiago na Fé, Bruno Lima, Wagber Ecossia, Waldir Guimarães, Marco Aurélio, Filipe Acaf e Leandro Marinho foi o quinto a se apresentar nessa eliminatória portelense. O intérprete Serginho do Porto comandou o microfone principal e deu um show na condução, sendo peça importante na boa performance da obra. Seguindo a tendência das demais, a torcida veio sem adereços ou qualquer tipo de ornamentação. O grupo provou estar com o samba na ponta da língua e cantou o tempo inteiro. O refrão principal, com os versos “No seu ventre mãe, pude receber/ Todo meu amor por ela/ Obrigado mãe por eu aprender/ O que é ser Portela”, foi o trecho da obra entoado com mais força. O refrão do meio, “Khender, a força da mulher/ Obirin dudú, ancestralidade/ Xangô, idajô, oyá/ Justiça pra sociedade”, também se destacou e teve um bom rendimento.
Parceria de Samir Trindade: A sexta obra a se apresentar foi a composta por Samir Trindade, Valtinho Botafogo, Junior Falcão, Brian Ramos, Fabrício Sena, Deiny Leite e Paulo Lopita 77. Tendo o apoio luxuoso de Gera, a dupla de intérpretes formada por Bruno Ribas e Marquinhos Art’Samba foram os responsáveis por conduzir o samba, que promoveu um sacode na quadra. O refrão principal, com os versos “Senhora do meu afeto, iyá/ A dona do meu destino, yabá/ Ginga da Portela sempre acalanta/ Nega que embala o samba”, foi berrado, não só por torcedores, mas também por outras pessoas presentes na quadra. Além dele, o refrão do meio, “Ê Nanã ê…foi Nanã quem criou/ Lá na Bahia, a saudade apertou/ Ê Nanã ê…foi Nanã quem cuidou/ Levou mandinga e o Brasil batucou”, e o trecho “Malê malê, kaô kaô/ Contra a covardia, a revolta de Xangô”, presente na segunda estrofe, foram outros dois momentos de grande rendimento no canto. Falando da torcida, o grupo compareceu em peso. Demonstrando muita empolgação, eles cantaram e sambaram sem parar. Uma curiosidade foi a presença de duas pessoas no meio da galera representando o abolicionista Luís Gama e a mãe dele, Luísa Mahim.
Parceria de Franco Cava: Dando seguimento, a sétima obra a se apresentar na quadra da Portela na noite de eliminatória foi a assinada por Franco Cava, Rute Labre, Hebinho da Portela, Victor do Chapéu, Beto da Portela, Arnaldo Matheus e Ricardo Simpatia. O intérprete Tinga, voz oficial da Vila Isabel, teve a missão de defender o samba e fez com a excelência de sempre. Todavia, a obra teve um rendimento apenas mediano. Como ponto positivo, vale mencionar os refrões, especialmente o principal, com os versos “Cor não é defeito, tem que respeitar!/ Sagrada mulher guerreira!/ São tantas Mahins, mães da favela!/ Exemplo de amor… Portela!”. Quanto à torcida, mesmo sem adereços ou ornamentações, ela fez seu espetáculo. O grupo, formado por uma grande quantidade de pessoas, deu o recado cantando, vibrando, pulando e fazendo coreografias ao longo de toda a apresentação.
Parceria de Noca da Portela: O samba composto por Noca da Portela, Claudio Russo, Lico Monteiro, Leandro Thomaz, Orlando Ambrosio, Marcelo Lepiane e Rodrigo Peu foi o oitavo a se apresentar. O intérprete Rodrigo Tinoco defendeu a obra, ao lado de Thiago Acácio, e soube explorar bem as variações melódicas. O maior destaque foi o refrão principal, com os versos “Yà Ilê axé… Portela!/ Me embala em teu colo… Portela!/ É o porto onde pude enfim/ Longe de mim te encontrar”, sendo o trecho de maior rendimento no canto. Ao longo da apresentação, a performance dos torcedores foi uma atração à parte. Animados, eles vibraram, pularam e fizeram diversas coreografias, sem deixar de entoar a obra em nenhum momento.
Parceria de Wanderley Monteiro: Encerrado as apresentações, o décimo samba nessa noite de eliminatória portelense foi o assinado por Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto, Bira e André do Posto 7. O intérprete Wander Pires, voz oficial da Viradouro, foi o responsável por defender a obra, que teve um desempenho avassalador na quadra. O refrão principal, por exemplo, com os versos “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/ Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/ Em cada um nós, derrame seu axé!”, foi berrado pelos torcedores. Aliás, a torcida, grandiosa, sambou e cantou sem parar. Além deles, vários dos presentes na quadra entoaram a obra a plenos pulmões. Neste grupo, estavam até mesmo alguns membros de segmentos, como baianas, passistas e ritmistas da bateria.
Em um dia recheado de emoções, Tom Maior inaugura a sua nova quadra e apresenta samba-enredo
Os ‘mangarás’ vermelhos e amarelos estão pulsando mais forte do que nunca. Na noite deste domingo, a Tom Maior realizou um dos maiores eventos de sua história. O que aconteceu é para ficar gravado eternamente nas memórias dos componentes e torcedores da agremiação do Sumaré. Foi inaugurada a tão sonhada quadra e, junto dela, o lançamento do samba-enredo para o Carnaval 2024. O formato das eliminatórias foi feito com audições internas e divulgado inteiramente pela internet, até que no dia 23 de agosto a agremiação anunciou o hino vencedor em suas redes.
Pode-se dizer que é uma obra já aclamada como uma das melhores entre as escolhidas até agora. Devido a isso, com a quadra lotada, a comunidade da ‘vermelho e amarelo’, já cantou forte a trilha-sonora que irá embalar a escolha rumo ao desfile de 2024. A parceria vencedora é composta por: Gui Cruz, Turko, Portuga, Rafa do Cavaco, Imperial, Fabio Souza, Anderson, Willian Tadeu e Vitor Gabriel. Vale destacar que o time é bicampeão na escola, visto que venceram a disputa de 2023.
Samba diferenciado
O presidente e mestre Carlão falou sobre o processo de eliminatórias. Para o mandatário, é um samba-enredo que vai ficar na história da agremiação. Carlão contou da ansiedade em revelar o resultado, além da expectativa da comunidade. “Esse samba é uma maravilha. Eu adoro. Pode ter certeza que vai ficar na história da Tom Maior. Sobre a nossa escolha, nós fizemos toda a audição e divulgamos o resultado pela internet. É normal a ansiedade. Quando se escolhe um samba, acontece que você vai estar com ele durante um tempo e vai representar a história da sua escola. É uma coisa muito emocionante”, declarou.

Como mestre de bateria, Carlão disse que os ensaios dentro da obra começam prontamente. “No primeiro ensaio já vamos fazer os arranjos. Se o samba é escolhido na segunda, o trabalho começa na terça. E assim acontece sempre”, completou.
Escolha unânime
De acordo com o diretor de carnaval e harmonia, Bruno Freitas, o samba vencedor foi escolhido por unanimidade. Segundo o próprio, o processo se deu por reuniões dentro do próprio barracão, onde as lideranças cantavam as obras concorrentes para fazer as análises. A vencedora teve o melhor desempenho. “Nós tínhamos pelo menos uns seis sambas que entregariam o que precisávamos para o desfile. Aí internamente fomos afunilando, chegamos nos três, estava tão parelho o negócio, que surgiu a ideia de levar as lideranças para a Fábrica e cantar. Na hora que cantar o que mais adequar, e aconteceu assim, foi uma catarse, sem ensaiar, sem nada, o samba ganhador dos meninos, que era o samba 9, ele foi de uma vez. E nós falamos que não tinha como não ser esse”, contou.
Gerson Silverstone é outro membro da direção de harmonia. O diretor já falou da parte técnica do samba dentro de um contexto de pista. “Dá para fazer um trabalho bacana em cima do samba, com certeza. O samba é muito forte e muito bom. As alas, as comunidades, os coordenadores e chefes de ala nos ajudaram a escolher esse samba. Com certeza teremos um canto muito forte na avenida, pode aguardar que chegaremos muito fortes”, afirmou.
Emoção de vencer
Imperial, compositor vencedor do samba 9, falou em nome da parceria sobre a emoção de vencer mais uma vez na Tom Maior. O escritor também deu alguns detalhes da criação da obra. “Alegria, pois não podia ser diferente, mas também emoção. O samba, desde a origem de sua composição, nos levou para um lugar especial para todo compositor que é onde a melodia e a letra exalam emoção sem muito esforço, como se já nascessem prontas e certeiras em suas intenções. O processo de criação foi muito rápido, o que não é comum na parceria. A melodia que nasceu foi despertando uma emoção espontânea na letra. Cada acorde fazia vibrar em cada verso uma emoção, uma energia amorosa”, declarou.
Como citado anteriormente, as eliminatórias da Tom Maior se deram internamente com divulgações pela internet. O compositor aprovou o sistema. “Acho que é uma fórmula que vai, em algum momento, ocupar o espaço das eliminatórias tradicionais. Para tudo há um bônus e um ônus, mas, especificamente no caso da Tom Maior, os resultados comprovam que dá mais do que certo”, completou.
Sinergia com o enredo
O carnavalesco da Tom Maior, Flávio Campello, segue na linha do diretor de carnaval. Além de elogiar a safra, diz que a escolha foi unanimidade e um casamento perfeito com o tema. “Esse samba-enredo foi um presente, mais uma vez desta parceria. O Turko e cia, arrebentaram mais uma vez. Acho que não é à toa que estão no segundo ano consecutivo com o samba escolhido, e acho que eles conseguem captar a mensagem que a gente pretende. E gosto muito da maneira deles escreverem o samba. Assim, foi um casamento perfeito, e graças a Deus tivemos uma safra muito boa. Recebemos sambas maravilhosos, talvez tenha sido até o ano mais difícil para poder escolher o samba. Tivemos que fazer uma audição interna para poder compreender o que a escola gostaria de levar para 2024 e foi a partir daí que nossas opiniões se dirigiram para um único objetivo da escolha desse samba, quando foi unanimidade”, declarou.
Influência na comissão de frente
O coreógrafo da comissão de frente, André Almeida, rasgou elogios à obra, também concordou sobre a unanimidade e falou das etapas que a comissão de frente deve seguir a partir dessas definições. De acordo com o dançarino, o trabalho será difícil de colocar em prática, mas que está fluindo devido ao samba escolhido.
“O processo de escolha do samba, teve inicialmente a seleção dos sambas para a final, onde ficaram três sambas e a comissão de frente também participou de alguns ensaios com setores da escola, direção, harmonia, para escutarmos sem ter a letra na mão e ver qual seria o samba que mais ia fixar na cabeça do componente. E esse samba sem dúvida foi eleito por toda a escola. É uma excelente obra, retrata muito o enredo, aquilo que o Flávio Campello está trazendo para o carnaval da Tom Maior. E acredito que estamos sendo felizes na escolha do samba, estamos vindo de uma safra de sambas bons na Tom Maior, e esse samba achei excelente escolha para escola, componentes. Todo ano é de adaptação, é muito difícil, falo como coreógrafo, é difícil você iniciar o trabalho, pegar uma obra, sentar, pesquisar, começar o projeto, coreografia, tudo. Pois você vai moldando, vendo o que vai dar certo, experimentando coisas, mas é muito difícil para mim começar, depois que começamos, vai desenvolvendo e o trabalho fluindo. E esse trabalho está fluindo muito legal desde o começo, então para mim está sendo uma boa expectativa esse samba”, declarou.
Samba romântico para dançar
O mestre-sala Ruhanan Pontes exaltou a grandiosidade do samba. Segundo o dançarino, a mistura do enredo indígena com o amor foi a chave do sucesso para a vitória. “Desde quando ele surgiu nas eliminatórias, já foi o que conquistou meu coração. Eu já imaginava que fosse ser bom porque sou um apaixonado por enredos indígenas, são os meus preferidos. Eu tenho um amor, porque eu gosto de penas, acho bonito quando vem um cocar e outros elementos. Eu já imaginaria que viria um samba bom pela história que o Flávio quer contar. E modéstia à parte, eu acho que o nosso samba já é o top 3 do carnaval de São Paulo. Mais uma vez, porque o do ano passado foi uma pancada, e o desse ano também. Acho que o desse ano é um pouco mais melódico, que conta uma história de muita emoção. De luta e de garra também, mas é uma história de amor. Não se fala de amor querendo jogar muito lá em cima. Eu gosto de samba assim porque para o mestre-sala e a porta-bandeira é muito melhor de dançar. Gostamos desse samba desde o começo”, declarou.
A porta-bandeira Ana Paula concordou com seu parceiro e colocou até a sua astrologia no meio para exaltar o romantismo que a obra tem. “Ele já disse praticamente tudo. O amor dele pelo samba indígena não é nem tanto quanto o meu porque eu acho que eu não combino nada com os indígenas, mas eu gosto muito da história e da lenda. Como uma canceriana nata, eu adoro um romance e esse samba tem tudo isso. Um samba melódico para dançar para mim foi perfeito, já me encantou logo nas primeiras eliminatórias. Na final de samba que nós tivemos ficou nítido quando as pessoas cantavam o samba. A gente cantava o samba com paixão, foi muito legal. Acho que tem tudo para dar certo”, completou.
Elogios do intérprete
O intérprete Gilsinho elogiou o samba. O cantor, que também tinha uma obra na disputa e chegou até a final, disse que se deve trabalhar para melhorar e ficar cada vez mais no ritmo da escola. “É um bom samba. Agora vamos trabalhar ele para o nosso jeito, ritmo e fazer com que ele cresça cada vez mais até chegar o carnaval e passar na avenida cantando bem. Se está sendo aclamado como um dos melhores, fico feliz”, disse.
Veja mais fotos do evento da Tom Maior