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CARNAVALESCO acompanha eliminatória e analisa sambas semifinalistas da Mocidade

Dez obras se apresentaram neste domingo na histórica quadra da Vila Vintém na primeira etapa de chave única do concurso de samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel. Cada samba teve direito a três passadas, sendo a primeira sem bateria e as outras duas com a Não Existe Mais Quente de Mestre Dudu. Após as apresentações, as parcerias de Jaci Campo Grande, Sandra de Sá, Tiãozinho e Rafael Drumond foram cortadas e deixaram a competição. Seis obras seguiram para a semifinal que será realizada no próximo dia 08 de outubro. O site CARNAVALESCO esteve presente e conferiu tudo dando continuidade a série “Eliminatórias”. A análise do rendimento de cada samba, você confere ao longo deste texto.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Em 2024, a Mocidade Independente de Padre Miguel vai apresentar o enredo “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”, que vai levar para a Sapucaí toda a brasilidade e a leveza de uma fruta genuína brasileira, o caju. No próximo carnaval, a Verde e Branca da Zona Oeste vai abrir a segunda noite de desfiles do Grupo Especial.

Parceria do Zé Glória: A parceria de Zé Glória, Trivella, Chacal do Sax, Renilson, Mumu do Gás, Guilherme Karraz, Simões Feiju e Myngau foi a primeira a se apresentar. Sem Emerson Dias, voz na gravação oficial da parceria, apesar de não ter trazido nenhum nome de peso para comandar o samba, a atuação dos cantores mostrou bastante energia, focando mais em apresentar a composição com força e correção. A obra teve um andamento um pouco mais para frente nesta eliminatória, o que é diferente do que normalmente a “Não Existe Mais Quente” costuma levar para Sapucaí. Ainda assim, não se viu correria e pode-se considerar bastante satisfatório. Destaque na melodia para o trecho “Mas o invasor chegou de lá/E provou do nosso mel/Pro nativo, o que era doce /Se tornou amargo fel”, logo após o bis na cabeça do samba, pelo campo harmônico utilizado. Os refrãos “Tem Cajuína na Vila Vintém” e “Caravelas ao mar, cadê” foram os momentos de maior impacto. A torcida teve um canto regular, suficiente e o contingente de componentes cantando a obra foi considerável. Já na quadra, se viu pouco canto e pouco envolvimento de público e segmentos. A torcida não trouxe efeitos, mas todos vieram com a mesma camisa. No geral, uma apresentação suficiente para passar em um momento ainda bastante morno da quadra por ser a primeira composição a subir no palco.

Parceria do Diego Nicolau: A segunda obra a se apresentar foi a dos compositores Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax. Diego Nicolau. Tradicional parceria da Verde e Branca da Zona Oeste, o grupo trouxe Tinga para defender o samba, apoiado por entre outras vozes, do próprio Diego Nicolau. Paulinho Mocidade abriu a apresentação com um trecho de “Eu vejo a lua no céu, a Mocidade a sorrir…”. O samba em termos de letra e melodia parece ter incorporado bem a ideia do enredo, de forma leve, brincante e irreverente. Destaque para o refrão do meio “Provou porã, fruta do pé se lambuzou, Tamandaré…”, que tem um bonito encadeamento de notas. O andamento do samba casou muito bem com a “Não Existe Mais Quente”, sendo mais cadenciado, sem ficar arrastado. Tinga levou muito bem e trouxe sua energia acompanhada do restante dos cantores e também da torcida que apresentou bom canto e muita animação. Também o volume de componentes foi expressivo. O ponto de maior impacto no canto foi o refrão principal com o “Meu Caju, meu cajueiro”. Na segunda do samba destaque também para o trecho “Carne macia com sabor independente/A batida mais quente, deixa o povo provar”. No geral, uma boa apresentação e um momento de maior envolvimento da quadra.

Parceria do Jefinho Rodrigues: Jefinho Rodrigues, Dudu Nobre, Marquinho Índio, Gustavo Clarão, J. Giovani, Lauro Silva, Prof. Renato Cunha e Luciano Chuca são os compositores do terceiro samba da noite.Jefinho. Wander Pires foi o responsável por conduzir a obra da parceria. Como apoios o Wander Nunes, filho do intérprete, além de Millena Wainer, do carro de som da Mocidade, que trouxe à apresentação a força da voz feminina, e o conhecimento de já ter trabalhado muitos anos com Wander. O resultado foi uma ótima combinação de timbres, com o intérprete da Unidos do Viradouro cantando o samba dessa vez de uma forma mais reta, com poucos cacos, até por se tratar de três passadas apenas, empregando assim muita potência. O samba é bastante peculiar, com alguns pontos a se destacar. O andamento, por exemplo, encaixou de forma eficiente com a bateria de mestre Dudu. Na composição, no meio, a aposta foi pelo falso refrão “O Nativo dançou, bebericou”. Ponto de destaque da melodia e bastante cantado, assim como o refrão principal “A batida mais quente…”. Outro ponto interessante, foi a utilização do pré refrão “Espelho meu a que será que se destina”. Uma obra muito rica em melodia. Já a torcida trouxe alguns adereços em um caráter bem tropicalista, as blusas coloridas, foi destaque pelo canto e por ter um contingente bastante volumoso. Na quadra se viu um bom envolvimento e um canto satisfatório, ainda que mais tímido que o da torcida. No geral, boa apresentação, eficiente e direta.

Parceria do Paulo Cesar Feital: A quarta obra foi a dos compositores Paulo Cesar Feital, Denilson do Rozario, Léo Peres, Alex Saraiça, Marcelo Casanossa, Marcelo do Rap, Carlinhos da Chacara e Nito de Souza.PC Feital. Três vozes principais sustentaram o samba da parceria: Thiago Britto, da Inocentes de Belford Roxo, Daniel Silva, do Império da Tijuca, e Roninho, que faz parte do carro de som da Verde e Branca de Padre Miguel. Ótima ideia para a apresentação, pois a voz mais aguda de Thiago Britto produziu um ótimo efeito em contraste com as vozes mais graves dos outros dois. O samba tem uma melodia bem original, bem cara de Brasil mesmo, importante em um enredo que fala muito de brasilidade. O andamento foi muito agradável, bem encaixado com a “Não Existe Mais Quente”, cadenciado, mas não arrastado. Destaque para a melodia do refrão principal “Pisa forte nesse chão, comunidade”. No meio, a parceria apostou em dois “Bis” mais curtinhos “Então a “Gota d’agua” foi toró/Alegria, Alegria porre de mocororó” e “Roubaram o coração nacional, Mas deixaram o principal, o perfume da paixão”, que produziam mais força de canto, até no trecho do meio que não se repetia. A torcida foi uma das que mais cantou na noite, não trazendo adereços ou efeitos, mas mostrando animação. O restante da quadra e segmentos tiveram um envolvimento mais tímido, poucas pessoas dançando e cantando a obra. O samba tem potencial para crescer pela melodia e estrutura original.

Parceria do Franco Cava: Franco Cava, Rute Labre, Eloi Ferreira, Flavinho Avellar, Victor do Chapéu, Arnaldo Rippel, Tony Negão, Breno Melo foram os nonos a se apresentar na Vila Vintém. Wic Tavares e o intérprete Thiago Acácio, do Arranco, foram os responsáveis por conduzir a obra da parceria, apoiados ainda por Tuninho Junior. O grupo mostrou bom entrosamento, e produziu interessantes contrastes melódicos, alimentados pela combinação dos timbres das vozes. Destaque para Thiago Acácio, pela potência e força da voz, e o alcance das notas, mostrando uma facilidade para sair da nota mais grave para a aguda, assim como Wic, o que permitiu uma maior exploração da melodia riquíssima da composição. A obra tem bastante características daquilo que pede o enredo: muita leveza, irreverência e brasilidade. O andamento foi satisfatório, não chegou a impactar, mas poderia ter sido um pouco mais cadenciado. A torcida foi uma das melhores, trazendo inclusive uma mulher fantasiada de Carmen Miranda, representação histórica do estilo tropical. Diversos componentes estavam vestidos em um mesmo tom rosa. O canto foi bom entre os torcedores. No restante da quadra, foi tímido assim como o canto. Destaque para o refrão “Tem caju no galho, sacode que eu quero ver”. Obra com muito potencial para crescer na fase seguinte com mais tempo de apresentação.

Parceria do Igor Leal: Igor Leal, Arlindinho Cruz, Igor Federal, Rodrigo Medeiros, Guto Listo, Bruno Serrinho, Cristiano Plácido e Gabriel Teixeira são os compositores do último samba da noite. Bruno Ribas, da Unidos de Padre Miguel, e Pixulé, do Paraíso do Tuiuti, comandaram o time de vozes da parceria e encerraram muito bem a noite de eliminatórias. Combinaram bem as vozes e produziram muita força, animação e algumas vocalizações, terças, etc. O samba tem bastante energia mas se encaixou muito bem à Não Existe Mais Quente, mantendo forte tanto suas características melódicas, como a explosão dos refrãos. O refrão do meio “Sou tipo mancha densa”, além da boa melodia, faz uma boa relação entre o caju e o que é ser Mocidade, comparando a escola com uma fruta madura. A obra faz uma referência no refrão principal da música “Morena Tropicana” de Alceu Valença, de uma forma criativa e com uma excelente melodia, pode “pegar” entre os independentes. A torcida esteve em um contingente mais reduzido do que outras parcerias, mas mostrou energia e canto. Na quadra o envolvimento também foi bastante satisfatório com a obra. No geral, é um samba que tem pontos altos que podem crescer a partir de próximas apresentações.

Equilíbrio! Parcerias de Batuke, Wanderley e Samir confirmam expectativas e carimbam passaporte para final da Portela

A Portela realizou, na noite deste domingo, a grande semifinal do concurso que escolherá o hino oficial da agremiação para o Carnaval de 2024. A reportagem do site CARNAVALESCO, como parte da série “Eliminatórias”, esteve presente na quadra e acompanhou essa penúltima fase da competição promovida pela Majestade do Samba. Ao todo, seis obras se apresentaram e cada uma teve o direito a sete passadas, sendo a primeira sem bateria e as restantes acompanhadas pelos ritmistas da “Tabajara do Samba”. Ao final, três sambas foram cortados: Luiz Carlos Máximo, Celso Lopes e Noca da Portela. Os demais seguem para final na próxima sexta-feira, dia 06 de outubro.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

No ano que vem, a azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira será a segunda escola a desfilar no Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação irá em busca do seu vigésimo terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Um Defeito de Cor”, desenvolvido pelos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Baseado no romance “Um Defeito de Cor”, da escritora Ana Maria Gonçalves, a proposta é trazer uma outra perspectiva da história, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luisa Mahim.

Parceria de Jorge do Batuke: O primeiro samba a se apresentar na semifinal da disputa portelense foi o de autoria de Jorge do Batuke, Claudinho Oliveira, Zé Márcio Carvalho, Leko 7, Romeu D’ Malandro, Silas Augusto e Araguaci. Diferentemente das etapas anteriores, o intérprete Tem Tem Jr., do Império Serrano, comandou sozinho o microfone principal da parceria e deu conta do recado. Ele demonstrou bastante segurança na condução e teve boa desenvoltura no palco, sendo crucial para o ótimo rendimento da obra. Assim como em apresentações anteriores na competição, o refrão do meio, com os versos “Ôôôô! Ôôôô!/ Oxé sagrado é machado de Xangô/ Kaô Kabecile, kaô/ Kaô, meu pai Xangô!”, foi o ponto alto graças a intensidade do canto. Outro trecho que se sobressaiu foi o refrão principal, com os versos “Eu sou Portela/ Quero o que é meu de direito/ Consertando o defeito que a história escreveu/Eu sou a ‘Gama’ preta nessa claridade/ Portelense de verdade/ Povo preto que venceu”, que foi entoado com garra pelos torcedores. Aliás, a torcida da parceria compareceu em peso e fez bonito. O grupo veio uniformizado e trouxe bandeirinhas nas cores azul e branca como adereços de mão, além de cartazes com diferentes mensagens. Animados, eles vibraram o tempo inteiro e provaram estar com a letra do samba na ponta da língua. Houve a realização de algumas coreografias, entre elas a abertura de um bandeirão em cima da galera. Também tiveram a performance de pessoas representando orixás e simulando uma gira. Apesar de ter sido a primeira parceria e de pegar a quadra ainda fria, a obra conseguiu contagiar parte do público presente, sendo possível observar até mesmo segmentos, como as baianas, entoando o samba.

Parceria de Wanderley Monteiro: A obra assinada por Wanderley Monteiro, Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto, Bira e André do Posto 7 foi a terceira na ordem de apresentação da semifinal da disputa promovida pela azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. O samba foi defendido pelo intérprete Wander Pires, voz oficial da Unidos do Viradouro, e teve um excelente desempenho na quadra. O refrão principal, com os versos “Saravá Keindhe! Teu nome vive!/ Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!/ Em cada um nós, derrame seu axé!”, foi o trecho de maior destaque, servindo como um momento de explosão. Também chamou a atenção o refrão do meio, com os versos “Salve a lua de Bennin/ Viva o povo de Benguela/ Essa luz que brilha em mim/ E habita a Portela/ Tal a história de Mahin/ Liberdade se rebela/ Nasci quilombo e cresci favela!”, não só pelo canto, mas pela força da letra e beleza da melodia. Quanto à torcida, uma das maiores da noite, ela deu um show. Ornamentados com bandeirinhas estampadas do pavilhão da escola, os torcedores pularam o tempo inteiro e cantaram de maneira aguerrida especialmente nos refrões. Houve ainda representações de orixás e de Luiz Gama no meio do grupo. Aliás, vale mencionar que a obra teve boa adesão com o restante dos presentes na quadra. Foi possível observar diversas pessoas entoando o samba a plenos pulmões, entre eles alguns integrantes de segmentos como as baianas, velha-guarda e passistas.

Parceria de Samir Trindade: Dando prosseguimento às apresentações, o samba composto por Samir Trindade, Valtinho Botafogo, Junior Falcão, Brian Ramos, Fabrício Sena, Deiny Leite e Paulo Lopita 77 foi o quarto a passar pelo palco portelense na semifinal da competição para escolher o hino oficial da agremiação no ano que vem. O intérprete Marquinhos Art’Samba, da Estação Primeira de Mangueira, foi quem comandou o microfone principal e teve o reforço luxuoso de Gera no time de apoio. A obra, assim como em outras etapas da disputa, teve uma performance avassaladora na quadra. O refrão principal, por exemplo, com os versos “Senhora do meu afeto, iyá/A dona do meu destino, yabá/ Ginga da Portela sempre acalanta/ Nega que embala o samba”, foi berrado por torcedores e uma parcela do público. Mas não foi só ele, o refrão do meio, com os versos “Ê Nanã ê…foi Nanã quem criou/ Lá na Bahia, a saudade apertou/ Ê Nanã ê…foi Nanã quem cuidou/ Levou mandinga e o Brasil batucou”, também foi extremamente bem cantando, assim como o trecho “Malê malê, kaô kaô/ Contra a covardia, a revolta de Xangô”, presente na segunda estrofe. Falando da torcida, o grupo fez um espetáculo à parte. Vestidos com a camisa da parceria, eles demonstraram empolgação, dançando e pulando do início ao fim. No meio da galera, houve a realização de uma performance com duas mulheres em cima de um elemento cenográfico representando uma mãe baiana e Luiza Mahim. Também foram utilizados alguns efeitos como chuva de papel picado e de serpentina. Vale citar que a obra teve grande receptividade entre alguns segmentos da agremiação, sendo possível constatar membros da harmonia e baianas cantando o samba com afinco. Outro ponto pertinente de menção é o apoio dado pela torcida organizada “Guerreiros da Águia”, que abriu o bandeirão ao longo da apresentação.

Salgueiro: Parceria de Pedrinho da Flor nos braços da galera; Moisés Santiago faz grande apresentação

O Acadêmicos do Salgueiro realizou em sua quadra, na noite de sábado e madrugada deste domingo, mais uma fase do concurso que elegerá o hino oficial da agremiação para o Carnaval de 2024. A reportagem do site CARNAVALESCO esteve presente e, como parte da série “Eliminatórias”, acompanhou essa nova etapa da disputa promovida pela vermelha e branca da Tijuca. Ao todo, sete parcerias se apresentaram. O anúncio de quais obras irão seguir na competição será feito nas redes sociais da agremiação. Quem se classificar, volta ao palco no sábado que vem, dia 07 de outubro.

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Foto: Reprodução

Em 2024, o Salgueiro será a terceira escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no domingo de Carnaval, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A agremiação levará para Avenida o enredo “Hutukara”, que pretende fazer um alerta em defesa da Amazônia e em particular dos Yanomami, que sofrem efeitos da ação de garimpeiros na sua região. O desfile terá a assinatura do carnavalesco Edson Pereira, que fará seu segundo trabalho consecutivo na Academia do Samba.

Parceria de Fred Camacho: A primeira parceria da noite foi composta pelos compositores Fred Camacho, Paulo César Feital, Guinga do Salgueiro, Diego Nicolau, Fabrício Fontes, Daniel Rozadas, Claudeci Taberna e Francisco Aquino. A torcida que trouxe bastante bandeiras e pulseiras luminosas, cantou muito durante toda a apresentação. Thiago Brito e Diego Nicolau mandaram muito bem na condução na obra e ganharam as boas companhias de Rodrigo Tinoco e Juan Briggs no apoio. A apresentação da parceria foi muito boa, mostrando que o samba tem qualidade para avançar. O refrão de cabeça foi muito cantado pela torcida em todas as passadas. Outro destaque foi na preparação para a chamada do refrão principal “Mani Brasil/Se espelha na coragem do meu povo/Contigo ele recria um mundo novo/De pele vermelha e branco coçar”. O refrão curto no meio do samba também foi muito cantado pela torcida “Ó mãe natureza que me viu nascer/dou a minha vida pra te defender”. Após a cabeça do samba, na parte em que fala “Um canto da floresta ecoou”, foi outro destaque na apresentação, pois ecoa de verdade, abrindo caminho para o “Ôôôôôô” a seguir. A parceria de Fred Camacho e Cia vai brigar para chegar na final.

Parceria de Pedrinho da Flor: A segunda parceria da noite foi composta pelos compositores Pedrinho da Flor, Marcelo Motta, Arlindinho Cruz, Renato Galante, Dudu Nobre, Leonardo Gallo, Ramon Via 13 e Ralfe Ribeiro. A torcida também compareceu com bastante bandeiras e cantou forte durante todo o tempo. Ainda sobre a torcida, também trouxeram bastão de Led. Charles Silva foi o responsável por conduzir o samba e ele simplesmente colocou a obra no colo e deu um show. O samba foi berrado pela torcida e por outras pessoas que estavam acompanhando a disputa. O refrão de cabeça foi uma explosão na quadra “Ya temi xoa! AÊ ÊA!/Meu Salgueiro é a flecha/Pelo povo da floresta/Pois a chance que nos resta/É um Brasil Cocar”. A cabeça do samba se mostrou muito forte também em todas as passadas. Outro destaque é a chamada para o refrão de cabeça “Napê, nossa luta é sobreviver/Napê, não vamos nos render”. Outras partes de grande destaque no samba: “Falar de amor enquanto a mata chora/é luta sem flecha da boca pra fora!” e “Não queremos sua ordem, nem o seu progresso”. Difícil ter uma parte do samba que não tenha se saído tão bem, pois a obra passou forte e vibrante em sua totalidade. Parceria de Pedrinho da Flor vem confirmando o favoritismo nas apresentações.

Parceria de Ian Ruas: Terceiro samba da noite foi composto pelos compositores Ian Ruas, José Carlos, Caio Miranda, Sonia Ruas Raxlen, David Carvalho e Gabriel Rangel. A torcida também compareceu com as suas bandeiras e fez muito bem a sua parte cantando durante todo o tempo. O novo intérprete da São Clemente, Vitor Cunha foi o responsável por liderar o time no palco, e obteve êxito. A apresentação foi muito boa da parceria, mostrando que estão empenhados em ir para a final. O refrão principal também foi muito cantado pela torcida “Ya nomaimi! Ya temi Xoa!/Em hutukara arco é ligeiro/Um povo a sorrir, um povo a sonhar/Renascer no chão do meu Salgueiro. É notório a qualidade que a obra tem tanto na letra quando na melodia com suas variações melódicas. Na parte “Alvoreceu, tribo guerreira sob a luz do dia” há uma variação melódica que soa bem demais e funciona, dando aquela fluidez gostosa ao samba. Outra parte que a melodia se destaca muito é “O céu é o destino de uma chuva acinzentada”. O refrão do meio também passou muito bem na apresentação. A parceria do Ian Ruas pode sim sonhar com uma final pelas apresentação que estão fazendo.

Parceria de Xande de Pilares: Quarto samba da noite foi composta pelos compositores Xande de Pilares, Cláudio Russo, Betinho de Pilares, Jassa, Jefferson Oliveira, Miguel Dibo, Marcelo Werneck e W Corrêa. A torcida compareceu trazendo bolas e bandeiras, e cantou principalmente os refrãos. O ótimo Igor Vianna, conduziu muito bem a obra. O refrão de cabeça foi uma das partes que mais se destacou na apresentação “Sou eu Yanomami Waitheri// Salgueiro, vermelha força pra existir// A lança em defesa da mãe terra// O canto forte da nação em pé de guerra”. Outra parte que se destacou foi a chamada para o refrão de cabeça “Êê curumim auê/livre pra viver por minha alma e meu nome/Êê curumim auê/Meu povo originário não pode morrer de fome”. A parceria do Xande de Pilares possui uma qualidade inquestionável em sua obra, mas precisa fazer mais na próxima apresentação para poder chegar na final.

Parceria de Manu da Cuíca: Quinta parceria da noite foi composta pelos compositores Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Buchecha Bil- Hait, Belle Lopes, Fabiano Paiva e Rodrigo Alves. A torcida compareceu sem bandeiras, mas com algo muito precioso que é a obra na ponta da língua, pois eles soltaram a voz e foi uma das torcidas mais animadas. Bico Doce em mais atuação muito boa foi o responsável por conduzir a obra. O refrão do meio foi berrado pela torcida e foi um dos destaques: “Ya nomaimi, dá aroari/Aqui é povo de Omama/Yãkoana Waitheri”. O refrão de cabeça passou muito bem também ficando evidente a beleza e inteligência da letra quanto na melodia. O samba que possui uma das melhores letras da disputa, passou com a melodia diferenciada que mostrou ser eficiente. A obra não caiu em nenhum momento e foi a que mais cresceu se pegarmos as primeiras apresentações a algumas semanas atrás. Apresentação muito boa da parceria de Manu da Cuíca.

Parceria de Moisés Santiago: Penúltimo samba da noite foi composto pelos compositores Moisés Santiago, Serginho do Porto, Gilmar L. Silva, Aldir Senna, Orlando Ambrosio, Marqiinho Bombeiro, Wilson Mineiro e Gigi da Estiva. A torcida deu um show fazendo teatralização, com um grande performance. Marquinho Art Samba, Wantuir e Tuninho Junior levaram o samba muito bem e não deixaram cair em nenhum momento. A parceria de Moisés manteve o desempenho das últimas semanas e se destacou mais uma vez. O refrão “Êêô! Ahêa! Ahêa! NHARU ÊÁ!/Tronco forte é minha aldeia, Salgueiro! Êô êá!” foi sem dúvida um dos maiores destaques, sendo bem cantado pela torcida. A variação melódica em “Vem o sol e cai a lua” foi outro destaque. O segundo refrão também foi ponto alto da apresentação, destacando a inteligência da parceria em trabalhar com “Xawara ê”, pois, eles realmente souberam usar três vezes nesse segundo refrão e deu certo. Outra jogada da parceria foi na segunda parte do samba ao usar por duas vezes”Ya temi xoa! Yanomami eu sou!” e deu certo. A parceria tem tudo para chegar na final.

Parceria de Leandro Thomaz: Último samba da noite foi composto pelos compositores Leandro Thomaz, Grazzi Brasil, Filipe Zizou, Myngauzinho, Marcelo Lepiane, Claudio Gladiador, Telmo Augusto e Micha. A torcida compareceu em um número bem reduzido e não conseguiram manter o canto das outras parcerias. Já Thiago Acácio e Digão deram conta do recado e foram bem no palco. A obra é muito qualificada mas corre risco de deixar a disputa. A falta do canto na passada que é apenas para a torcida cantar, prejudicou a apresentação. O refrão de cabeça é muito bom “Ya temi xoa, ya temi xoa/É o grito que ecoa aos que tentam nos calar/Yanomami é o legado brasileiro/Que se mantém de pé nas raízes do Salgueiro”. Há uma preparação boa para o segundo refrão “Aê aê aê/o espírito ancestral sobrevoa a floresta/Aê aê aê/É a fúria animal que o corpo manifesta”. Caso a parceria fique na disputa para a próxima semana, espero que o samba aconteça, pois qualificado sabemos que ele é.

Moacyr Luz e Lequinho fazem ótimas apresentações e terão grande embate na final da Mangueira

A Estação Primeira da Mangueira definiu neste sábado as três obras classificadas para a grande final de samba-enredo que acontece no próximo dia 07 de outubro. De forma equilibrada, os sambas de Lequinho e Moacyr Luz se destacaram nesta apresentação e terão a companhia da parceria de Thiago Meiners e Cia. A composição de Bete da Mangueira foi eliminada. Nesta semifinal, acompanhada pelo site CARNAVALESCO na série “Eliminatórias”, cada parceria teve 25 minutos para se apresentar e durante este tempo, duas das passadas foram voltadas para o público e torcida, com o carro de som apenas incentivando o canto. A análise de cada performance, você acompanha ao longo do texto.

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Foto: J.M.Arruda/Divulgação Mangueira

Em 2024, a Verde e Rosa levará para a Sapucaí o enredo “A negra voz do amanhã”, um tributo à cantora Alcione. A homenagem está sendo desenvolvida pela dupla de carnavalescos formada por Guilherme Estevão e Annik Salmon. A Estação Primeira será a quarta escola a desfilar na segunda noite do Grupo Especial.

Parceria de Thiago Meiners: A segunda obra a se apresentar na noite desta semifinal mangueirense foi a de autoria de Thiago Meiners, Beto Savanna, Indio da Mangueira, Michel Pedroza, Wilson Mineiro e Julio Alves. A composição foi conduzida pelo intérprete Pitty de Menezes, da Imperatriz Leopoldinense, e por Wic Tavares. Ela iniciou a apresentação cantando de forma mais melodiosa acompanhada só do violão de sete cordas o trecho anterior ao refrão de baixo. As vozes femininas, aliás, foram um destaque, hoje sem a cantora Keilla Regina, a parceria, além de Wic, teve o reforço de Thati Carvalho, do carro de som da Imperatriz. Pitty, mais uma vez, mostrou bastante energia e fez uma grande apresentação também pela correção no canto e por valorizar bastante as nuances melódicas que são o ponto forte da obra.Essas nuances podem ser percebidas na cabeça do samba, nos seis primeiros versos a partir de “Botei meu laguidibá no pescoço” até “Oh! Entidade da Primeira Estação”. A segunda do samba também possui pontos de destaque como “Um canto maroto, estranha loucura/Meu ébano, a cura pro vício do amor/A força da mulher na voz dos brasis se eternizou”. O andamento foi um pouco mais para frente o que trouxe mais energia para a obra, sem perder a riqueza melódica que é uma grande característica da composição. Alguns trechos da obra fazem referência na melodia e na letra a sucessos da Marrom. Como exemplo tem-se “Mas tente entender”, na segunda do samba, além do refrão principal com o “Não deixo o samba morrer”. A torcida trouxe bandeiras e armações com diversas bexigas nas cores da escola, completadas por um coração em dourado na ponta. Os componentes começaram com muita energia, pulando e com muitas pessoas cantando, mas depois de algumas passadas o frisson diminuiu um pouco, com algumas pessoas apenas balançando as bolas, e aparecendo mais no refrão principal “Não deixe o samba morrer”. A energia voltou forte nas passadas sem o carro de som e ficou até o final. Em relação a quadra, entre os segmentos houve um bom envolvimento com as baianas, várias dançando. Já no público, o envolvimento e o canto foi mais tímido. Em geral, uma apresentação irregular, muita energia e canto no início e no final, mas com queda no meio da exibição. Porém, a música tem crescido e pode chegar madura para enfrentar as outras composições que surgem mais favoritas.

Parceria de Moacyr Luz: A composição assinada por Moacyr Luz, Pedro Terra, Gustavo Louzada, Karinah, Compadre Xico e Valtinho Botafogo foi a terceira da noite. O intérprete Gilsinho, da Portela, conduziu mais uma vez a obra na eliminatória. Como em outras parcerias, uma voz feminina teve a responsabilidade de iniciar a apresentação. A cantora Karinah foi esta voz e dividiu bem o protagonismo no palco com Gilsinho, apoiado, além de outras vozes, por Diego Nicolau. Em relação ao desempenho dos cantores, muita força e bom trabalho de terças e vocalizações. A melodia da composição de Moacyr Luz e Cia é bastante peculiar, original, e até foge um pouco do que a Mangueira em geral procura levar para a Sapucaí, inclusive, é distinta de 2022, quando esta mesma parceria ganhou. Mas também tem muita força e pontua algumas partes da letra que sobressaem em energia, traduzindo a altivez da homenageada, como os trechos da cabeça do samba. Sobre o andamento, foi característico de Mangueira, permitiu algumas inserções bastante dentro da temática, principalmente quando falamos da região originária de Alcione. O trecho “A voz, negra voz, tem o sangue verde e rosa, é singular, não há ninguém tão poderosa” e “sopro divino do amanhã” na cabeça são destaques pelos caminhos melódicos escolhidos. O refrão de baixo “Erê, Erê, Erê, não deixa o samba morrer”, permite à “Tem Que Respeitar Meu Tamborim” a presença de bossas, se diferenciando do andamento que vinha anteriormente. O refrão é de fácil aprendizado, pega rápido. A torcida trouxe bandeiras grandes da própria escola e outras nas cores com o rosto da Marrom. O contingente foi bem grande, um dos maiores da noite. Muita gente também se juntou ao grupo. O que, claro, retrata o bom envolvimento que a música teve com a quadra. Muita gente dançando, inclusive várias baianas. O canto da torcida foi muito bom, bem retratado nas duas passadas sem os cantores, mas perceptível durante o restante da exibição. Canto regular e expressivo. No restante da quadra, o canto também foi bom. Um dos trechos mais cantados foi o “Eu sou a Estação Primeira de Mangueira do Amanhã”. Um momento bonito foi uma chuva de bolas nas cores da escola que desceu sobre a torcida na volta das passadas sem cantores. Mostrou força nesta apresentação e chegará muito bem na final para disputar de igual para igual.

Parceria de Lequinho: A última apresentação da noite foi do samba composto por Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Fadico, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim. Vencedora no carnaval passado, a parceria trouxe mais uma vez o intérprete Tinga, da Vila Isabel, para comandar as vozes. Encerrando a noite e confirmando que todas as parcerias iriam iniciar o samba com uma voz feminina, Cacá Nascimento carregou essa honra e responsabilidade no alusivo. Logo em seguida, com a ajuda de uma conga, Tinga deu o recado “isso aqui vai virar um terreiro”. E parecia mesmo. Excelente começo, com ritmo, ancestralidade, início que foi combustível para uma apresentação explosiva no palco. A melhor da noite neste quesito. Destaques para apoio na voz de Bico Doce, Júnior Fionda, Lequinho e a própria Cacá Nascimento. Os compositores, em cima do palco, que não estavam cantando também ajudaram, não parando de incendiar o público em nenhum minuto. A melodia é uma das que conserva mais traços daquilo que se está acostumado a ver na Verde e Rosa, até por ser produzida por compositores que já estão na escola há muitos anos. A música pode receber comparações em relação ao samba do ano passado, já que Mangueira 2023 foi um grande sacode. Mas, tem qualidade, sua própria alma e peculiaridades. A parte final da segunda do samba aproveita para fazer uma homenagem à própria Mangueira através do versos “Mangueira! De Neuma e de Zica/Dos versos de Hélio que honraram meu nome”, o que sempre “pega” muito no mangueirense, na comunidade. A escolha por um andamento mais para frente não fez a obra ser corrida, encaixou bem, foi suficiente para que os refrãos e o pré-refrão de baixo fossem explosivos,mantendo a qualidade melódica nas estrofes e não deixando o samba cair em nenhum momento. A torcida trouxe bandeiras nas cores da escola, veio em grande contingente, mostrando muita energia e respondendo muito bem aos estímulos do palco. Canto muito bom, principalmente nos refrãos. O “Toca tambor de crioula..”, por exemplo, se destacou mais nesta eliminatória do que vinha rendendo nas últimas. No restante da quadra, houve um envolvimento interessante, viu-se baianas e “harmonias” se divertindo, sambando e cantando. No público também houve boa aceitação, ainda que o canto tenha sido um pouco mais tímido. Participação para não deixar nenhuma dúvida que merece a final e que vai brigar forte.

‘Oiiiii, gente!’ Águia de Ouro apresenta samba-enredo e fantasias para o Carnaval 2024

O Águia de Ouro realizou na noite de sábado uma festa relacionada aos preparativos para o Carnaval 2024. A comunidade da Vila Pompéia compareceu em peso à quadra da escola para a apresentação das novas musas, dos pilotos das fantasias e para conhecer o samba que conduzirá o desfile da agremiação no próximo carnaval com o enredo “Águia de Ouro nas Ondas do Rádio”, celebrando os 100 anos do rádio no Brasil. O evento contou com a presença de Eli Corrêa, locutor radialista que inspirou o desenvolvimento do tema escolhido pela entidade, além de representantes de diversas emissoras de rádio do estado de São Paulo.

‘O Sorriso do Rádio está aí’

O samba do Águia de Ouro para o Carnaval 2024 surpreendeu o público presente com refrões marcantes e de fácil assimilação, somados à um estilo irreverente e com referências fáceis de se captar por toda a obra. A comunidade não tardou a entrar no embalo do canto dos intérpretes Douglinhas Aguiar e Serginho do Porto, que falaram a respeito das suas impressões sobre a obra em entrevista ao site CARNAVALESCO.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

“Eu acho que é um samba que tem dois refrões muito pesados e fortes. Acho que já caiu na boca do povo, né. Soltamos hoje, ninguém conhecia o samba, mas já tem muita gente cantando. Eu acho que vai dar gol”, disse Douglinhas.

“O Águia tem um chão muito forte, uma comunidade forte. Ontem a gente fez uma reunião aqui com um ensaio, preparando para hoje, e em questão de 20 minutos a comunidade, sem saber o samba, cantou o samba com a gente, e hoje foi emocionante. Daqui pra frente, em todos os ensaios, a tendência é crescer, crescer, crescer e chegar na Avenida para despontar e o Águia fazer um dos melhores desfiles”, declarou Serginho.

Já fazem alguns anos que o Águia de Ouro opta por escolher internamente os sambas que levará para a Avenida. A obra definida é resultado da junção dos dois finalistas do concurso interno realizado pela escola. Os cantores explicaram como a escola chegou em um resultado com reação inicial tão positiva.

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“Por uma grata satisfação, demos a sorte de os dois sambas serem no mesmo tom. Conseguimos aproveitar eles sem fazer aquelas ‘mirabolâncias’ de notas musicais, aqueles transportes. Às vezes um samba é em um tom e o outro é muito longe, precisando fazer pontes. Esse não. Os dois sambas eram no mesmo tom”, explicou Douglinhas.

“Quando vem um enredo leve, o samba acaba sendo leve. Se uniu dois sambas onde um tinha refrões maravilhosos e o outro tinha partes maravilhosas. Na junção dos dois, dentro do mesmo tom, deu no que deu”, complementou Serginho.

Na opinião de Serginho do Porto, o samba possui um estilo já característico da escola, e que a obra consegue se comunicar facilmente com os demais elementos da apresentação que o Águia de Ouro fará no próximo carnaval.

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“Já temos essa receita, dentro de casa, de sambas alegres e à vontade. Sempre cantamos e conseguimos fazer a comunicação com o público. Foi apostado nisso mais uma vez, porque o Águia é uma escola leve e de comunidade que canta. Essa necessidade de trazermos um samba leve para que toda a comunidade do Anhembi venha cantar com a gente é muito importante. O mais gostoso de tudo isso é que você vê dentro do samba todo o desfile da escola, todo o enredo da escola. Vendo as fantasias que foram mostradas hoje, você vê todo o desfile na claridade. Tudo isso vem refletido no nosso desfile”, disse.

Os intérpretes aproveitaram para mandar seus recados para a comunidade, tendo em comum o pedido por união e comprometimento. “Povo da Vila Pompéia, é o seguinte. Agora ficou sério. Precisamos demais de cada um para fazer essa diferença. Precisamos chegar no Anhembi e fazer a diferença nos ensaios, ensaios técnicos, tudo que tiver, qualquer evento, Águia de Ouro tem que chegar pesada”, clamou Douglinhas.

“O chão da nossa escola é todo amor que a gente tem. É o canto forte, é a dedicação. Tudo isso, imbuído numa só vontade de fazer aquele Anhembi explodir no dia do desfile. É para toda a comunidade comparecer nos ensaios, aqui e no Anhembi. Nós precisamos dar as mãos sabendo que na segunda semana de fevereiro já é carnaval. O carnaval é logo ali”, concluiu Serginho.

Samba chiclete com promessas ousadas

Mestre Juca, comandante maior da “Batucada da Pompéia”, aprovou a escolha de samba da escola, exaltando as partes que mais lhe chamaram atenção.

“O samba é um chiclete. Os dois refrões você escuta duas vezes e já está cantando. Eu gosto demais da segunda do samba. A letra é muito bonita. A melodia. A primeira vem na mesma linha também. Eu gostei demais. É um samba para a comunidade do Águia de Ouro”, declarou.

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Juca celebrou a união entre os compositores das parcerias finalistas, que abraçaram a vontade da escola e trabalharam juntos em prol do resultado obtido.

“A gente deu sorte que os dois sambas eram no mesmo tom. Gostamos dos dois refrões que eram de um samba, e a primeira e a segunda que eram do outro samba. Chamamos todos os compositores, e foi muito legal porque todos aceitaram dos dois lados. Não teve o lance de questionar partes, foi um negócio muito legal. Foi fácil trabalhar porque todos eles ajudaram. Teve algumas pequenas mudanças de letra, que é de praxe, mas todo mundo ajudou, e ficou fácil”.

O mestre afirmou que ainda há ajustes a serem feitos até chegar o dia do desfile, mas adiantou algumas metas para a apresentação no Carnaval 2024.

““Vamos preparar mais algumas coisas. Hoje foi só uma amostra do que vamos fazer. Terão algumas mudanças de ritmo na Avenida também. Vamos fazer algumas coisas que a bateria do Águia costumava fazer. E agora com essas bossas que estão no regulamento, de 16 compassos, eu posso falar que vamos com uma bossa com quase 60 compassos para a Avenida”, concluiu.

Uma forma própria de se definir samba

Discreto, o presidente Sidnei Carriuolo adotou um tom contido para se referir ao samba da escola. O líder da comunidade da Vila Pompéia mantém os pés no chão ao apontar uma série de fatores que fazem a diferença para o sucesso ou não de um samba na Avenida.

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“Eu gostei. A comunidade é incrível, é apaixonada pela escola. Ela abraça o projeto. Carnaval é magia. Você sabe quantos anos eu tenho como presidente? 42. E sabe o que eu entendo de carnaval? Nada. E é verdade, nada, porque o carnaval é mutante. Ele é uma coisa depois ele muda, vai pra outra coisa, depois vai pra outra. Quem garante que o samba vai pegar na Avenida? É o momento, cara. É a magia! É o momento da escola. É um conjunto de coisas que fazem a coisa acontecer na Avenida. Eu vou em cima dos critérios de julgamento. Os critérios falam que eu tenho que ter um samba que não tenha prosódia, que não tenha cacofonia, que ilustre o enredo, que tenha variação melódica, que não tenha rima pobre. Agora, se vai dar certo ou se não vai… Eu vou dar de exemplo o Águia de Ouro. Já teve sambas que eram maravilhosos, que a gente amava, que não aconteceram na Avenida. E já teve o contrário. E aí? Quem me explica isso? Não tem explicação. E assim, bem interpretado. Às vezes o samba é bom, mas é mal interpretado na Avenida”, explicou.

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Sidnei também explicou a forma como as escolhas de samba do Águia de Ouro são feitas, destacando a maneira variável e dinâmica que o processo pode ocorrer dependendo das circunstâncias.

“O mesmo de sempre. O pessoal manda o samba, o CDzinho, sem altas produções, a gente olha e se a gente achar que tem que ir pra um concurso a gente põe no concurso, e se achar que não tem nenhum a gente não usa nenhum. Se a gente achar que tem um caminho de um pra melhorar a gente pega aquele lá, vira de ponta cabeça. Se a gente achar que dá pra pinçar alguma coisa de um samba e colocar dentro do outro. Esse samba fizemos o que? Pegamos dois refrões de um samba e trocamos os refrões. Era no mesmo tom também. Porque assim, nós temos pessoas competentes para fazer o samba, mas isso acabou incomodando muitos compositores, porque eles querem fazer samba para tudo quanto é lugar. Mas a história está mostrando que todo mundo está optando por isso que a gente faz”, detalhou.

As várias facetas do rádio

Parte da festa foi dedicada à apresentação dos pilotos das fantasias que o Águia de Ouro contará nas alas da apresentação no Carnaval 2024. Diante de uma passarela baixa e iluminada, lembrando os tradicionais desfiles de moda, os componentes apresentaram um figurino rico em detalhes conforme o carnavalesco Victor Santos os anunciava. Apesar da breve queda de energia que ocorreu justamente durante a passagem da fantasia das baianas, o artista aprovou o resultado da festa como um todo.

“Foi bem satisfatória. O público gostou, a comunidade da escola gostou, e isso é o que importa. E o samba traduz muito bem o que nós vamos apresentar no nosso desfile. Estou muito feliz”, declarou.

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Victor ressaltou que a apresentação dos pilotos faz parte do processo de desenvolvimento do desfile, servindo de material para estudos durante o ciclo do carnaval.

“A ideia das fantasias é o efeito na Avenida. Hoje vimos aqui uma de cada, mas sabemos que se tratam de quadros que vão compor as alas. Aqui foi uma festa de apresentação de protótipos, mas também estamos aqui trabalhando. Vendo como as fantasias se comportam com o samba e vendo o quadro de ala a ala”.

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O carnavalesco demonstrou orgulho dos trabalhos realizados até aqui ao explicar a ideia por trás das fantasias apresentadas, destacando suas propostas e características próprias.

“Foi bem tranquilo, suave. Fui percebendo a necessidade de apresentar o rádio nessas várias facetas. No cotidiano, na música oferecida para a pessoa amada. Ele tem um momento histórico, que é a apresentação da palavra do Epitáfio Pessoa, presidente do Theatro Municipal. Tem o momento em que ele revela o Padre Landell de Moura, que fez a primeira transmissão aqui em São Paulo, o momento de fé, que é o das seis horas da tarde, de Ave Maria, e o final onde navegamos nas ondas da internet, com o rádio fazendo parte dessa nova era. É um carnaval em que você vai assistir momentos diversificados que não será uma coisa cansativa. Serão cores novas, com momentos de emoções novas”, concluiu.

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O Águia de Ouro será a quinta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro de 2024, em apresentação válida pelo Grupo Especial de São Paulo no Sambódromo do Anhembi.

Paolla Oliveira revela paixão pela Grande Rio: ‘Me sinto abençoada e muito feliz’

A atriz Paolla Oliveira fará, em 2024, o seu quarto carnaval consecutivo à frente dos ritmistas da bateria do Acadêmicos do Grande Rio. A beldade, que já havia ocupado o posto nos anos de 2009 e 2010, é considerada por muitos a maior rainha da história da tricolor caxiense. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, ela comentou sobre essa relação já de longa data entre ela e a agremiação, além de enaltecer o carinho que recebe por parte da comunidade. * VEJA AQUI COMO FOI A FINAL DA GRANDE RIO

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Fotos de Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Me sinto abençoada e muito feliz. Gosto de povo, de gente. Não sou daqui de Caxias, mas sinto como se fosse, meu coração é daqui. Sou uma paulista que mora há tantos anos no Rio de Janeiro que já posso ser considerada um pouco carioca e um pouco caxiense. Então, só posso dizer que sou muito agraciada por estar na Grande Rio. Todos aqui sabem do meu amor pela escola e por eles também”, afirmou Paolla.

A beldade também fez questão de rasgar elogios ao falar sobre a relação com mestre Fafá. Além disso, Paolla comentou sobre os preparativos para o desfile de 2024 e destacou que, apesar de ainda não ter a fantasia, tem a intenção de vir com uma indumentária que dialogue diretamente com o enredo.

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“Conheço o Fafá desde novo. Eu via o pai, a mãe dele na bateria. Tive a oportunidade de acompanhar todo o processo de crescimento do Fafá dentro da escola até ele chegar ao comando dos ritmistas. Então, para mim, que fui abraçada pela escola, é uma delícia estar dividindo com ele neste momento, ver essa evolução, é algo muito gostoso. E quando aos preparativos para o ano que vem, a gente começou cedo. Com a obra escolhida, agora é ir para os ensaios e se dedicar o máximo possível. É um enredo muito forte e muito denso, de povos indígenas e uma lenda sobre a criação do mundo, então quero trazer na minha fantasia uma coisa muito amarrada, cada vez homenageando mais dentro deste tema da escola”, relatou a atriz.

Furacão! Erika Januza conquista Viradouro: ‘me entrego e sempre sonhei ser rainha de bateria’

O furacão Erika Januza continuará brilhando à frente da bateria de mestre Ciça em 2024, em pouco tempo a rainha já caiu nas graças da comunidade e está cada dia mais integrada à escola, com o carisma e beleza de sempre, ela esteve presente na final e falou com o site CARNAVALESCO sobre o entrosamento com a bateria, o momento atual das rainhas, relembrou as homenagens que prestou recentemente e prometeu surpresas para o próximo carnaval. * VEJA COMO FOI A FINAL DA VIRADOURO

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Fotos de Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

“A relação com o Ciça é maravilhosa, ele me ensina muito, aprendo com ele o tempo todo, até quando ele não está diretamente falando comigo, como às vezes também ele para e me dá orientações e me chama, eu tô aprendendo constantemente, estou há três anos na Viradouro e aprendendo ainda todos os dias, é uma honra. Além de tudo, grandes nomes, grandes rainhas que tiveram ao lado dele, então eu estar ao lado dele pra mim também é uma honra, já tô com ele querendo preparar coisas pra esse carnaval”.

Sonho de ser rainha

“Essa roupa de hoje, por exemplo, quem fez foi o Vitor. Tá na cabeça dele, vamos hoje de X e ele vai lá, cria e faz. Ele é mineiro como eu, viemos de lá. Então, a gente sempre gosta de trazer um pouco de moda pro carnaval e gostamos de trazer um glamour também pra esse outro lado e esse ano tô preparando outras surpresas, ano retrasado foram homenagens às mulheres, este ano foi homenagem a grandes sambas da Viradouro e agora esse outro ano temos novas surpresas vindo por aí. A rainha de bateria é um cargo que que tem tanta visibilidade, então eu acho que não é só dançar, eu não sou uma exímio dançarina, mas eu me esforço, me esforço mesmo, eu acho que pra você tá a frente de uma bateria eu sei que você vai ter que que minimamente sambar um pouquinho, o que eu posso evoluir, eu tento, mesmo na correria, gravando, fazendo uma coisa ali, eu dou o meu jeito, por amor mesmo, por respeito a este lugar que eu ocupo, porque eu acho que eu estou ali, eu recebi o convite da escola, eu honro muito todos os dias. Toda vez que tem um ensaio, tem reunião, se eu posso eu tô junto. Criar essas coisas também é retribuir a oportunidade de tá aqui e eu que sempre sonhei ser rainha de bateria, mesmo quando eu tava lá em Minas e assistia tudo da TV, achava tudo tão impossível. Tá aqui hoje o mínimo que eu posso fazer é honrar o máximo meu cargo”.

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Expectativa carnaval 2024

“Nas coreografias tenho a Ana Pérola maravilhosa. Mas eu tô sempre buscando, eu sou uma pessoa que se busca por coreografias. Algumas coisas a música te leva, mas eu gosto de criar, principalmente para o Carnaval. Então, quando a gente tem um enredo, eu gosto de usar interpretação de atriz pra colocar na avenida, eu gosto de ter um personagem ali na avenida. Esse ano eu já tô pensando que personagem serei. Ano passado eu tava lá com um olho diferente, então eu interagi com as pessoas, com aquele acessório ali, ano que vem já espero ter uma outra coisa pra ser uma outra personagem. Realmente eu aproveito a Sapucaí para lançar também minha profissão como aliada”.

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Relação com ritmistas

“É maravilhosa, eu vou no meio, gosto de ir na turma do fundão, eu começo lá, daqui a pouco, às vezes eu começo no fundo e venho vindo pra frente, às vezes eu começo um pouco dos púlpito do Ciça e vou indo pra trás, mas eu nunca sigo num lugar só, eu falo com todo mundo, faço foto com todo mundo, quero saber como tá todo mundo, porque eles tão tocando ali e eu tô dançando, mas tá ali todos juntos para um mesmo motivo. A furacão tá ali, eu tô por eles, acho que é muito amor, quando eu não venho por algum motivo, às vezes mandam mensagem para saber se tá tudo bem, é muito bonitinho. Então, eu fico muito feliz.

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Rainha da comunidade x famosa

“Por isso que eu falei até a coisa de honrar muito o meu cargo, porque eu sei quantas mulheres maravilhosas tem, quantas passistas, quantas musas, enfim, quantas mulheres que são capazes e maravilhosas de estar nesse cargo, eu recebi esse convite e é por isso que eu digo que honro mesmo e eu tento dar o meu máximo e por mais que elas sejam da comunidade, mas eu também tô dando o meu melhor. Eu não tô ali só vindo pegar minha fantasia no dia e desfilar e não tô nem aí pra escola, não tô falando que alguém faz isso, mas eu sou uma pessoa que me dedico, que eu quero tá, eu quero tá bem vestida, eu quero tá feliz com as pessoas, eu quero entregar, quero saber o que tá acontecendo no barracão. Então, eu acho que mesmo sendo uma rainha famosa, não sou menor e nem pior do que ninguém por não ser da comunidade. Calhou de eu ser uma rainha famosa, mas quando eu tava lá em Minas sonhando em ser uma rainha de bateria, eu era uma pessoa que admirava o carnaval e hoje tive a oportunidade de estar aqui. Então, eu respeito muito todas elas, aprendo com todas elas e também gosto de ser valorizada e respeitada que é o mesmo que eu faço com elas”.

Viradouro no ninho da serpente! Parceria de Cláudio Mattos vence disputa de samba para o Carnaval 2024

Por Luan Costa, Gabriel Gomes, Isabelly Luz e fotos de Nelson Malfacini

Movida pela força e energia de seu enredo, a Unidos do Viradouro escolheu já na manhã deste domingo o samba que vai representar a escola no Carnaval 2024. Dos 24 sambas inscritos no concurso, três chegaram na final e realizaram uma disputa equilibrada, decidida nos detalhes. Após o suspense, foi definido que a obra da parceria de Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno será o hino oficial da agremiação. Antes da apresentação dos sambas finalistas a escola realizou o seu habitual show, contratado esse ano, o intérprete Wander Pires demonstrou total entrosamento com a bateria de mestre Ciça e contribuiu para mais uma noite memorável na vermelha e branca de Niterói. Foi uma final que entrou para a história com uma das melhores da agremiação.

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Fotos de Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

No próximo ano a Viradouro levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, que fala sobre a energia do culto ao vodum serpente. O tema desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio busca falar sobre a força que se manifestou desde épicas batalhas na Costa ocidental da África e que influenciou as lutas das guerreiras Mino, do reino de Daomé, iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo.

* LEIA AQUI: Furacão! Erika Januza conquista Viradouro: ‘me entrego e sempre sonhei ser rainha de bateria’

“É uma emoção muito grande vencer novamente. A última vez em que eu havia ganho samba aqui foi no ano do ‘ensaboa’, onde a escola foi campeã e o samba foi um grande sucesso na avenida. Como o próprio presidente falou, foi a disputa mais forte da escola, fico muito feliz de ter vencido diante de outros dois sambas muito bons também. Eu gosto do samba por inteiro, mas acredito que o pré refrão seja o ponto alto do samba, já que prepara o público muito bem para o refrão principal”, explicou o compositor Claudio Russo.

“O sentimento é muito bom. São dois anos batendo na trave aqui e agora um samba lindo desse, maravilhoso que a Viradouro escolheu pra desfilar no Carnaval de 2024. Coisa mais linda, foi muito bom. Estou realizado. Minha parte favorita é o refrão principal, coisa linda”, comentou o compositor Júlio Alves.

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“É a maior emoção do mundo ganhar mais um samba na minha escola de coração. Quem me conhece sabe que tudo que eu faço pra disputar, faço com muito amor, muita dedicação. Eu tenho duas paixões na minha vida, que é Viradouro e o Flamengo. Quando quando fala de Viradouro, pode perguntar meus parceiros, perguntar a minha família, tem que ser impecável. Começando do samba até a apresentações. Graças a Deus, papai do céu nos abençoou e a gente conseguiu trazer esse título. Conseguimos ser campeão. Graças a Deus. Temos só tenho só a agradecer essa comunidade linda. Agradecer os meus parceiro e agradecer a minha família que sempre esteve comigo me apoiando. Minha parte preferida é o “Ê Alafiou”, vai explodir na avenida”, garantiu o compositor Anderson Lemos.

Maior final da gestão Calil

Desde que agestão Calil assumiu a Unidos do Viradouro, a escola coleciona grandes enredos e sambas na avenida. Segundo o diretor executivo, Marcelinho Calil, porém, a final de samba para o carnaval de 2024 pode ser considerada a maior da história de sua gestão à frente da Vermelha e Branca.

“Todo ano é a maior, sem dúvida, o que a gente vem tentando manter tudo de bom que a gente fez no carnaval anterior e sempre acrescentar alguma coisa. É emocionante entrar na quadra e principalmente fazendo uma retrospectiva na nossa história aqui, como a gente pegou e como a gente tá conduzindo, nos deixa orgulhosos, muito felizes e a quadra do jeito que tá”, afirmou.

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Para o carnaval de 2024, no qual apresentará o enredo “Arroboboi, Dangbé”, a Unidos do Viradouro recebeu 24 obras concorrentes em sua disputa de samba-enredo, sendo a escola com maior número de concorrentes no Grupo Especial. Para o diretor executivo da Vermelha e Branca, a marca é um feito importante para a escola, em meio a outras tradicionais no Grupo Especial.

“Foi muito legal porque a gente tem escolas gigantes no Carnaval, umas até mais antigas, com mais tradição, mais títulos talvez, mas você ver uma viradouro fazer a maior safra, acho que junto com a Mangueira, 24 sambas, sendo 20 da casa. Isso é um dado muito importante, mesmo ela sendo aberta, a gente tem sambistas da casa, muitas parcerias jovens de idade também, ou seja, acho que é uma continuidade do trabalho que tem dado resultado, a credibilidade da disputa tem dado resultado e acho que o momento que a Escola vive contribui pra que a gente tenha um número alto. Feliz, não é algo que passou desapercebido não, tô muito feliz”, comemorou.

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Em meio a uma disputa com um grande número de sambas, diversos fatores são levados em conta na hora de decidir o hino da escola. Na Viradouro, Marcelinho Calil explica o processo de tomada de decisão. “Acho que é um conjunto de coisas, um conjunto de avaliações que termina hoje. Desde o início do tira as dúvidas, já vem fazendo essa sensibilidade de apurar e de entender o que que é melhor. Obviamente, a gente tem o que a gente pode aprender, que é o samba enredo, se baseia em letra e em melodia, mas a decisão da escolha de samba não é só pro samba enredo, ele vai proporcionar a escola um grande desfile”, disse.

Sensação de dever cumprido com a safra de sambas

Para o carnaval de 2024, a Unidos do Viradouro foi a escola do Grupo Especial com mais sambas concorrentes, com 24 obras. Segundo o carnavalesco da escola, Tarcísio Zanon, a safra proporcionou uma sensação de dever cumprido em seu trabalho. “Estamos aqui na quadra, com o coração assim na boca, porém muito tranquilos por saber dessa safra, desses grandes sambas que eles estão preparando pro próximo carnaval. A gente tem certeza de um dever cumprido e agora que papai do céu ilumine pra que a gente possa escolher o melhor”, disse.

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No carnaval de 2024, a Viradouro levará para avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, do carnavalesco Tarcísio Zanon. Para Tarcísio, o enredo terá a missão de desdemonizar o culto ao vodun serpente. “O enredo nasce de uma missão, acho que mais do que uma mensagem, é uma missão de desdemonizar a figura da serpente vodun. A religiosidade significa tudo de bom pra você, é uma religiosidade que traz inclusão, habita na natureza, habita na água, habita nas folhas e habita no bem da cultura brasileira. Nosso enredo vai muito além do que é só a mensagem, mas sim desconstruir e refazer o imaginário brasileiro, principalmente dessas culturas”, ressaltou.

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Com o anúncio do enredo e a definição do samba da Viradouro, aumenta-se a expectativa pela parte plástica da escola para o carnaval de 2024. Segundo o carnavalesco, Tarcísio Zanon, a abertura da escola no carnaval deste ano, onde homenageou Rosa Maria Egipcíaca, será o parâmetro para o conjunto de alegorias e fantasias de 2024. “A gentees tá tratando da serpente sagrada do infinito, podem esperar uma Viradouro muito próxima do que foi a abertura desse ano da Rosa Maria, mas dessa vez uma explosão de cores maiores, já que a gente tem o arco-íris como referência da nossa serpente sagrada”, afirmou.

Andamento confortável

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, mestre Ciça elogiou a safra de sambas e a final realizada pela Viradouro, além de exaltar o intérprete Wander Pires. “É inegável que tivemos três sambas maravilhosos na final. Tudo isso só mostra o nível que estamos. Trabalhar com o Wander Pires tem sido algo novo. A partir de segunda começaremos a ensaiar para valer juntos, mas ele é um excelente e consagrado cantor, não tenho dúvida de que dará muito certo”.

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Ciça falou sobre a decisão de parar a bateria na frente dos módulos dos jurados, que não é necessário pelo regulamento, mas que vem sendo erradamente assinalado nas justificativas ou feito de uma forma subentendida. Além disso, o comandante da “Furacão Vermelho e Branco” citou o andamento de 2024.

“Em 2024 vamos parar e se apresentar em frente a todos os módulos de julgadores, pode ter certeza. Meu andamento para 2024 será o mais confortável possível. O Wander é um cantor que canta mais grave, precisamos acompanhar. O Zé também era um excelente cantor, trabalhávamos bem juntos, mas a proposta da escola agora é outra. Eu não poderia estar mais feliz com o momento da escola. Minha bateria está excepcional”.

O furacão Erika Januza continuará brilhando à frente da bateria de mestre Ciça em 2024, em pouco tempo a rainha já caiu nas graças da comunidade e está cada dia mais integrada à escola, com o carisma e beleza de sempre, ela esteve presente na final e falou sobre o entrosamento com a bateria, o momento atual das rainhas, relembrou as homenagens que prestou recentemente e prometeu surpresas para o próximo carnaval.

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“A relação com o Ciça é maravilhosa, ele me ensina muito, aprendo com ele o tempo todo, até quando ele não está diretamente falando comigo, como às vezes também ele para e me dá orientações e me chama, eu tô aprendendo constantemente, estou há três anos na Viradouro e aprendendo ainda todos os dias, é uma honra. Além de tudo, grandes nomes, grandes rainhas que tiveram ao lado dele, então eu estar ao lado dele pra mim também é uma honra, já tô com ele querendo preparar coisas pra esse carnaval”.

Hora de focar nos ensaios 

Uma das grandes contratações da Unidos do Viradouro para o carnaval 2024 é o intérprete Wander Pires. O cantor, segundo um dos diretores de carnaval da escola, Dudu Falcão, fará um dos maiores desfiles de sua carreira no próximo carnaval.

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“É um baita de um cantor, não tem como como não agradecer a oportunidade de trabalhar com o Wander. O cantor que estava aqui é um grande amigo, um grande profissional também, mas estamos agora trabalhando com Wander, um cara que tem escutado muito o que a gente tem pra falar, ele tem aproveitado muito o talento dele e que as pessoas podem ter certeza que o que vai ser entregue esse ano é algo de uma performance que, talvez, nem o próprio já projetou isso, de tão feliz que ele tá. A entrega vai ser algo muito acima até do esperado”, afirmou.

A partir da escolha do samba da Unidos do Viradouro, o período de ensaios de canto da escola começam. O diretor de carnaval da escola, Dudu Falcão, fala sobre o calendário de ensaios. “Dia 10 nós estaremos aqui nessa quadra fazendo o nosso ensaio de canto e é uma sequência de de eventos que vocês já conhecem. É muito ensaio pra gente chegar bem preparado lá no carnaval”, revela.

Mais de 10 anos de Julinho e Rute

Juntos há mais de uma década, Julinho e Rute estão construindo uma história longa e vitoriosa na Viradouro, eles defendem o pavilhão da vermelho e branca desde 2018 e já conquistaram dois títulos. No último carnaval, novamente a dupla arrancou aplausos do público, Julinho faz um balanço do desfile que levou a Viradouro ao vice-campeonato e já projeta o próximo carnaval.

“Tivemos êxito no Carnaval de 2023, foi maravilhoso, mas a gente quer mais, a Viradouro quer mais. E estamos trabalhando já há três meses para que ocorra tudo da melhor forma. Minha expectativa para 2024 é a melhor possível, esse hino maravilhoso, esse enredo fantástico, eu acho que tá em boas mãos o encerramento do Carnaval 2024”, pontuou Julinho.

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O dia já havia nascido e Rute ainda estava com todo gás, esbanjando carisma e seu bailado ao lado de Julinho pela quadra, perguntada de onde vem a energia, ela pontuou que além do amor, é por conta também do respeito e confiança que a escola deposita neles, cabe a eles retribuírem com muito vigor e dedicação.

“A energia vem do amor pelo que se faz. Amor pela arte e respeito. Respeito a todas as pessoas que lá atrás cuidaram e sonharam como Viradouro que é hoje, com essa potência. Então, a gente não tem que entregar, amor, energia, garra, gana, lutar, ganhar, fazer o melhor, porque lá na quarta-feira de cinzas isso tudo vai contar pra gente trazer a terceira estrela para Niterói”, disse Rute.

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O carinho que sentem um pelo outro é nítido, eles se entendem apenas pelo olhar e tudo parece ser muito fácil, Julinho falou sobre as principais virtudes de Rute e agradeceu pela parceria que já dura 17 anos.

“A maior virtude da Ruth são várias, ela é sincera, é guerreira, emotiva demais, é coração demais, é paixão. Eu costumo dizer que a Ruth é o meu combustível que me impulsiona, ela me traz pra onde eu preciso ir. E assim, é uma irmã que eu tenho há 17 anos, eu não sei o que Deus nos reserva, mas eu sei o que ele está nos reservando, e o que ele está nos reservando é tudo de bom e do melhor”, disse Julinho.

Já Rute destacou o caráter de Julinho e aproveitou para dizer que tem o melhor mestre-sala ao lado. “Como ser humano é uma pessoa do caráter mais idôneo que eu conheço. A palavra do Júlio basta, ele não precisa ter papel assinado. E como mestre-sala, como respeito a todos os outros, mas eu tenho o melhor”, disse Rute.

Análise das apresentações das parcerias na final

Parceria de Claudio Mattos: iniciando a sequência de apresentações, o primeiro samba da noite foi assinado por Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno. A parceria contou com uma equipe de peso no comando da obra, coube aos intérpretes Tinga e Pitty de Menezes conduzirem o samba, ambos pareciam estar em transe, esbanjaram entrosamento e muito vigor no palco. A apresentação foi inesquecível, durante as 10 passadas a obra mostrou suas credenciais para ser o hino oficial da escola, antes mesmo do início oficial a torcida ocupou todo o espaço destinado a ela e cantou o samba à capela. A torcida abusou do uso de balões coloridos e bastões coloridos. Nem mesmo as palavras consideradas difíceis no samba foram capaz de diminuir a empolgação do público, adesão na quadra foi unânime, todos os harmonias, componentes, diretoria e pessoas nos camarotes embarcaram no samba, inclusive a rainha Érika Januzza caiu no samba junto com a bateria. O nível da apresentação se manteve alta durante todo momento, mas no pré-refrão a quadra pulsava de uma forma diferente, foi uma verdadeira avalanche.

Parceria de Dudu Nobre: A obra assinada por Dudu Nobre, Samir Trindade, Victor Rangel, Deiny Leite, Valtinho Botafogo, Fabrício Sena, Felipe Sena e Jeferson Oliveira foi a segunda a se apresentar e contou com Gilsinho e Guto como intérpretes, a dupla foi fundamental para que o samba passasse bem durante a apresentação. A torcida também foi fundamental para a boa execução do samba, bastante numerosa, eles investiram em bandeiras, coreografia, papéis picados e até mesmo componentes fantasiados de uma grande serpente passearam pela quadra, as iniciativas causaram um impacto positivo na apresentação. Porém, o desempenho do canto ficou abaixo da apresentação anterior, na comparação foi possível perceber uma queda de rendimento e empolgação, alguns segmentos da escola cantaram o samba em alguns momentos, mas sem muita garra. No geral, a apresentação foi boa, com todo destaque para o verso “Se me desafiar é guerra”, presente no refrão, nessa parte o samba crescia e empolgava todos os presentes.

Parceria de Lucas Macedo: O terceiro e último samba a passar na final foi o da parceria de Lucas Macedo, Diego Nicolau, Richard Valença, João Perigo, Cadu Cardoso, Marquinhos Paloma, Orlando, Ambrósio, Lico Monteiro e Silas Augusto. Coube a Zé Paulo Sierra ser o intérprete oficial do samba, a forte ligação do cantor com a Viradouro transformou a apresentação em algo poucas vezes vistas, a simbiose de Zé, somada a força da obra fez com que os 20 minutos de apresentação fossem espetaculares. Não teve uma só pessoa parada na quadra, segmentos, harmonias, passistas, diretoria, todos cantavam com enorme facilidade e intensidade. A torcida foi outro ponto de destaque da apresentação, extremamente numerosa eles cantaram o samba a capela antes mesmo do início da apresentação e sustentaram do início ao fim, o efeito visual foi completo, teve bandeiras, papéis picados e fumaça. Extremamente melodioso, a obra se mostrou valente e com capacidade de ser o hino oficial da escola, foi uma belíssima apresentação, carregada de emoção e energia.