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Wallace Palhares explica regulamento da Série Ouro para o Carnaval 2024, fala da Cidade do Samba 2, venda de ingressos e local da apuração

O presidente da Liga-RJ, Wallace Palhares, em entrevista dada ao site CARNAVALESCO, comentou mudanças e atualizações para o Carnaval de 2024. O número de escolas que irão subir para a Série Ouro, para o Grupo Especial e quantas vão descer para a Série Prata na Intendente Magalhães foi informado. A questão da liberação das publicidades nas alegorias das agremiações, a liberação do apoio financeiro da prefeitura e do estado, o local, dia e horário da apuração e a programação da venda de frisas e arquibancadas são mencionadas no papo.

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Foto: Diego Mendes/Divulgação Liga-RJ

Quantas escolas sobem para e quantas caem para as outras séries?

“Duas escolas descem para a Intendente Magalhães, duas sobem da Intendente Magalhães para a Série Ouro e uma escola sobe da Série Ouro para o Grupo Especial”.

Sobre o regulamento de 2024, como será o patrocínio liberado nas saias das alegorias?

“Na verdade, isso foi decidido em plenário, os presidentes aprovaram. Lembrando que essa iniciativa não é só na saia, quando pegou ‘só a saia de carro’ pareceu que era só na saia. O merchandising está liberado em toda escola, haverá um telão pé de passagem já com a marca. Então, a escola que quiser fechar uma parceria, ela tem a garantia do merchandising, pode ser no carro de som, na saia e onde eles quiserem. Isso foi uma decisão que os presidentes aprovaram junto com a Band. A Band deu essa abertura, justamente, para trazer um dinheiro novo para as escolas. Muita gente romantiza, mas infelizmente o romantismo não paga as contas das escolas. As escolas estão precisando de dinheiro. O Grupo de Acesso é o mais dificultoso de fazer carnaval e o que for de abertura para trazer um carnaval para as escolas de samba, é válido. A gente não pode comprometer a estética do espetáculo, não pode fazer de uma maneira que fique grosseira. Já está sendo conversado para ser bem sútil, mas que também dê um retorno pra quem está dando uma ajuda para as escolas”.

Sobre ingressos quando será a venda de frisas e arquibancadas?

“Essa semana a gente lança já a reserva das frisas. Lembrando que a gente está dentro do tempo, todo ano a gente faz isso, na primeira quinzena a gente lança essa reserva de frisas e logo em seguida a venda de ingressos. Estamos lutando para ter uma novidade muito bacana, justamente, na venda de arquibancadas para ter uma coisa bem diferente dos outros anos”.

A apuração será na quarta na Cidade do Samba ou em outro local e horário?

“Vai ser na Cidade do Samba, estou acertando os detalhes com o presidente Jorge Perlingeiro para marcar uma grande apuração na quarta feira de cinzas”.

Qual o tamanho do desafio para Liga-RJ fazer novamente os ensaios da Série Ouro no Sambódromo?

“É muito complicado, porque você tem toda uma dificuldade com verbas, por mais que esse ano tenha sido bem melhor. Temos grandes parceiros na RioTur que conhecem do carnaval, conhecem do riscado. Então acaba que melhora nossa vida, mas fazer carnaval no Acesso é muito complicado. O desafio é enorme e prazeroso também, quando você entrega um produto de alta qualidade”.

As escolas já receberam o apoio da Prefeitura e do Governo?

“Já receberam o apoio da prefeitura, agora vem o Governo do Estado também. Então esse ano está sendo um ano bom para as escolas. Esse reconhecimento é muito bom”.

Com a transmissão da Band, o que vai melhorar de 2023 para 2024?

“A Band nos escuta muito, principalmente, quando ela nos dá abertura para trazer e oferecer novos parceiros, então ela nos dá essa abertura. E ela escutando a gente acaba que, por exemplo, tivemos a coisa do esquenta, dos sambas exaltação na largada de cada escola. Isso o público aprovou, então a gente está avançando bem. A Band escuta o sambista, é uma transmissão de sambista para sambista.

Como está a questão da construção da Cidade do Samba 2?

“Eu estou aguardando a nova ordem do Prefeito, eu já aprovei tanto a parte elétrica, como todo o projeto. Fui no terreno já diversas vezes com a RioUrbe. Agora só falta o prefeito falar para colocar pedra lá e ele dar a notícia. Está no pé dele esse panotil. Tem o projeto bem adiantado, a promessa é para o ano que vem, com 14 barracões”.

Série Barracões: Tijuca traz mitos e lendas portuguesas sob o olhar e a estética de Alexandre Louzada

Multicampeão do carnaval carioca com seis títulos, com outras duas conquistas em São Paulo, Alexandre Louzada está de casa nova. A Unidos da Tijuca apostou no experiente carnavalesco buscando reencontrar o caminho das conquistas e voltar ao desfile das campeãs, fato que não acontece desde 2016, quando inclusive conseguiu um vice-campeonato. É muito tempo para uma escola que se acostumou a disputar e ganhar títulos em profusão durante a década passada. Conhecida neste século como uma escola criativa, inovadora, ousada, contemporânea, arrojada, a Amarelo-ouro e Azul-pavão, com Louzada, quer manter tudo isso, mas procurando acrescentar uma grande pitada do que fez esse artista ser tão adorado pelo mundo do samba e sempre entregar resultados: o bom gosto, o luxo, o bom acabamento e as proporções volumétricas mais avantajadas de alegorias e fantasias. Escola de um presidente português, a Tijuca vai apresentar em 2024 o enredo “O Conto de Fados”, com a proposta de fazer uma viagem a Portugal mostrando diversos aspectos da história do país como fábulas, mistérios e lendas populares. Dando início a série “Barracões”, o site CARNAVALESCO conversou com o carnavalesco Alexandre Louzada que inicialmente falou mais sobre a ideia de apresentar uma narrativa fantástica apoiada na mais tradicional música portuguesa, o fado. O artista também revelou as características que pretende trazer para a escola do Borel em sua estreia.

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Fotos: Mauro Samagaio/Divulgação Tijuca

“Todo carnavalesco é um contador de histórias. O fato é que a história tradicional de Portugal nasce com essa narrativa dramática, principalmente no início dos pescadores, nas aventuras quando iam tão longe, e essa música, o fado nasceu em becos, nas beiras de cais, como o nosso samba também. É um compilado de lendas. Toda história fantástica, toda narrativa, fábula que é de origem oral, vai passando de geração em geração, mas sempre tem um pezinho na história. Já tenho ouvido aqui dentro que já está bastante diferente dos últimos carnavais da Tijuca. Ao mesmo tempo me dá um ‘friozinho’ na barriga porque a responsabilidade é jogada para você, existe aquele ‘sorrisinho’ de que por estar diferente, pode ser sinônimo de estar bonito. O que vai para a Avenida é uma Tijuca que não passou ainda, com a minha cara. Eu tenho uma característica de preferir as dimensões maiores, tanto de fantasia quanto alegoria. É a minha proposta para a Tijuca, materiais diferentes, talvez seja o carnaval com o retorno mais das minhas características. Eu já estou mais naquela fase de ser mais mentor de pessoas que estão começando agora. Eu tenho um grande diretor de carnaval que se faz presente no barracão, sobe em cima de carro. Não é um trabalho só meu, a gente montou uma equipe que está em uma sintonia muito bacana”, explica o artista.

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Depois de dois anos na Beija-Flor produzindo enredos com uma pegada mais política, Louzada vai reencontrar na Tijuca a temática mais lúdica, ainda que ajudando a contar a história de uma grande nação. E como o Brasil foi colonizado por Portugal, estando ligado à nação europeia por mais de 300 anos oficialmente, é óbvio entender que sua própria cultura absorveu diversos traços lusitanos. O carnaval carioca, mesmo, já apresentou a “terrinha” de diversas formas. Então, como não se tornar repetitivo neste novo olhar? Alexandre Louzada, também com o seu talento como bom contador de histórias, apresenta uma visão mais quimérica da formação do país, fugindo de alguns estereótipos, ainda que eles também em algum momento vão se fazer presente ao desfile.

“Foi um trabalho difícil de reunir lendas e histórias de ouvir e contar, que somadas traçam desde a origem até Portugal se tornar este país como nós conhecemos. Até mesmo alguns estereótipos que comumente são associados a Portugal , tem uma história para contar, tem uma razão de ser. Foi pensando dessa forma, e como o nosso enredo aborda uma mitologia primordial, que é um lugar chamado Ofiussa, dramatizado pelos gregos, a gente vai buscar em Homero, na Odisseia, uma narrativa que diz que Ulisses antes de voltar para sua terra, se aventurou fora do Mar Egeu, atravessou as colunas de Hércules, porque ele ouvia falar de uma terra governada por uma rainha mitológica, metade serpente, metade mulher, e com esse ímpeto de herói, queria conquistar aquela terra que ele tinha interesse de montar uma cidade. Nossa história vai buscar essa reminiscência. E como quem narra a maioria das histórias fantásticas da mitologia grega é o Orfeu, nós nos colocamos como o Orfeu sambista, lógico que todo membro da velha-guarda, todos os mais antigos de cada escola, são os narradores da sua própria agremiação. A gente passa a construir essa história de Portugal através do mito de Ofiussa, da rainha Serpes e de Ulisses, que é um história de amor e de traição, de desencanto, e que dali foi a pedra fundamental da cidade que viria mais tarde a se chamar Lisboa”, esclarece o carnavalesco.

Primeiro pavão da carreira mexe com o coração de Louzada

Com quase 40 anos de carreira, tendo passado por diversas agremiações, Alexandre Louzada já teve a honra de reproduzir em suas alegorias, diversos símbolos e mascotes que representam as instituições por onde trabalhou. Das águias da Portela, escola em que iniciou a sua trajetória, passando pelos icônicos beija-flores, que tiveram bastante êxito na carreira de Louzada, pelas conquistas que vieram junto, ou os imponentes tigres do Império de Casa Verde em São Paulo. Por isso, em 2024, um novo desafio e uma inédita honra: levar para a Sapucaí o pavão, um dos mais tradicionais mascotes do carnaval de escolas de samba. E por isso, a nobre ave da Unidos da Tijuca produzida para o próximo desfile já pode ser considerada como um dos xodós do carnavalesco neste trabalho que se inicia na Amarelo-ouro Azul-pavão.

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“Eu trabalho sempre início e fim. Nunca tinha feito um pavão, e fiz o meu primeiro pavão, espero que seja o primeiro só, e não o único, que eu possa desenvolver mais outros pavões. Acho que o abre-alas mostra uma tradição da Tijuca, mas com a minha cara. Eu também acredito que o segundo carro é um carro que é cenografia pura. Não existe um trabalho de adereço de carnaval propriamente dito. É uma alegoria impactante.A última alegoria também deve emocionar muito por trazer a devoção a Nossa Senhora de Fátima”, aponta o profissional, preferindo não estragar as surpresas.

Um outro fio condutor desta história é uma tradicional árvore presente em Portugal. A azinheira, uma espécie de carvalho, está presente nas lendas que permeiam o imaginário fantástico do povo lusitano. Podendo medir até dez metros de altura, a azinheira é nativa da região mediterrânica da Europa e do Norte da África. A sua madeira é dura e resistente à putrefação, sendo largamente utilizada, desde a antiguidade até os dias atuais, na construção de habitações (vigas e pilares), embarcações, barris para envelhecimento de vinhos e na fabricação de ferramentas. A sua madeira ainda é utilizada como lenha e na fabricação de carvão, que continua sendo uma importante fonte de combustível doméstico em muitas regiões ibéricas (Portugal e Espanha). A segunda alegoria vai trazer essa parte fantástica das lendas que envolvem esta árvore, de uma forma bastante enraizada hoje na cultura pop que é o universo do “Harry Potter.

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“Depois dessa criação, o surgimento dessa terra, passa até pelos fenícios, que já eram conhecidos por todo o mundo naquela época. Existe uma praia em Portugal chamada Ofir, e associa-se a lenda ou a história sobre o rei Salomão, das minas, nas terras de Ofir. Mas Ofir existe na África, existe em Portugal. As próprias Ilhas Salomão na Oceania são de Salomão porque dizem que era lá este lugar tão falado. Mas o que me interessa é Portugal. Como os fenícios estiveram nessa praia, será que não seria lá que eles extraíam o ouro, a prata, o ouro mais puro, o de Ofir? A gente vai buscando esses ganchos. Quando em Portugal, na idade do ferro e do bronze, começaram as grandes migrações no Norte, veio com eles a magia dos Celtas. Portugal já teve um clima de Harry Potter. Para gente interessa essa coisa da magia dos druidas, da sabedoria do carvalho, em Portugal tem a Azinheira que é uma espécie de Carvalho, é uma das árvores protegidas de Portugal, a gente vai sempre enveredando por essas lendas fantásticas”, indica o carnavalesco.

Um Brasil que bebeu da água da mitologia portuguesa

A cultura brasileira tem uma relação íntima com diversos traços culturais de Portugal, muito óbvio a partir da análise da colonização, até 1889, o principal mandatário do país, ainda que nascido aqui, era um soberano com raízes fortes na coroa portuguesa. É fácil ver até hoje estes traços dentro de costumes nacionais, o próprio carnaval, teve influência do “entrudo”, ainda que o nosso tenha se sedimentado muito mais em raízes das religiões de matriz africana. Outras celebrações como os festejos juninos, além da língua, são outros traços corriqueiros. Mas, em um enredo que procura em diversos momentos fugir do Portugal conhecido já fortalecido como nação e até potência, Alexandre Louzada, em sua pesquisa, também encontrou influências no Brasil advindas de um Portugal ainda em formação, do tempo dos fenícios e dos druidas, um tempo ainda anterior ao país referência nas grandes navegações e no desbravamento do mundo conhecido pela Europa.

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“Em nossa proposta, é possível encontrar alguns folclores que ainda acontecem em Portugal e que vieram para o Brasil que tem reminiscência celta. Essa coisa dos mascarados, com chifre, como tem as cavalhadas em Goiás, os próprios personagens do Bumba meu Boi, desses folguedos, e isso tudo é reminiscente desses povos da origem de Portugal. São coisas que perduram até hoje. Festejar uma colheita farta, até mesmo como chegaram as primeiras cepas de uva para Portugal, vieram com os gregos, com os fenícios. Tudo tem uma razão mitológica para existir. A invasão do Império Romano. Toda a contribuição que essa invasão trouxe para a cultura do país reflete na nossa cultura também, pois fomos colonizados. Os árabes, os Mouros que lá estiveram. Se hoje a gente fala azeite, várias palavras, astronomia, alquimia, matemática, arquitetura, tudo isso veio se agregar a Portugal e se refletiu depois em técnicas para que ela se tornasse uma potência naval daquela época, acho que essa mistureba que é Brasil”, define Louzada.

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Como potência desbravadora e conquistadora de “novos mundos”, alcunha dada a terras que não eram conhecidas dos europeus mas que já se formavam com território e população, Portugal teve em seu processo de colonização algumas manchas históricas como a escravidão e o extermínio de povos nativos, a ganância na busca por mercadorias, desbravando mares e terras sem pensar muito nas consequencias. Apesar de não ser o principal foco, essa parte não será ignorada.

“A gente tem um pouco de celta, um pouco de romano, de mouros, você vai encontrar sempre uma história boa para contar. Até mesmo nesses 500 anos de Camões, nos Lusíadas, os versos de Camões, que hora exaltam as proezas de Portugal, mas também tem a autocrítica, não é uma colonização pacífica, é cheia de sofrimento e opressão, a gente também não enaltece, mostra os dois lados, a escrita e os versos que condena, o que mostra como eram os sonetos dele. Os navegantes tinham medo dos monstros marinhos que poderiam encontrar, mas mal sabiam que eles mesmos eram os monstros que temiam encontrar”, determina o profissional.

Coração português do presidente e andamento do barracão

Um dos mais interessados no tema é o presidente Fernando Horta. Português natural da cidade de Lixa, Borba de Godim, o mandatário está no comando da Unidos da Tijuca seguidamente há mais de 20 anos. Com ele, a escola conquistou três dos seus quatro títulos e viveu na última década a sua fase mais vitoriosa e de maior destaque. Em 2002, Portugal também se fez presente no carnaval da escola de alguma forma com o enredo dedicado à língua portuguesa. Em 1998 também com o desfile sobre o clube Vasco da Gama, em que pelas raízes lusitanas do time e por apresentar a história do navegador que dá nome a instituição, também trouxe aspectos do país. Mas, dessa vez, muito das lendas e do imaginário propostos por Alexandre Louzada estão ainda mais presentes na memória do presidente que veio da “terrinha” para o Brasil com 14 anos. Apesar de ser um tema que tenha uma relação muito intrínseca com o dirigente, o carnavalesco estreante na Tijuca garante que o presidente tem dado todo o suporte e liberdade, rendendo boas conversas sobre as histórias lusitanas, sempre com a autonomia dada ao artista o que é um pilar de Fernando Horta.

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“Ele sabe mais do que eu, recebi uma verdadeira aula paralela de Portugal. Até mesmo quando eu falo na entrevista que para muitos é uma lenda a aparição de Fátima, ele fala, não é lenda, estava lá, depois ele fala não estava mas meu avô estava (risos). O Fernando se tornou um amigo, não é só o meu presidente. A gente conversa de coisas variadas, também sou curioso. Ele dá muita liberdade ao artista. Mas eu aprendi mais com ele do que o meu enredo ensinou alguma coisa a ele. Tem coisas fundamentadas apresentadas no enredo que ele reconheceu que nunca tinha ouvido falar. Ele recebe com carinho, não foi um enredo pensado para ter uma aporte financeiro, não foi pensado para ser um enredo CEP. Você não vai ver quase nada que você conheça em Portugal se você não for um arqueólogo ou um historiador, ou um escritor fantástico”, revela o artista.

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O carnavalesco também fez questão de ressaltar o talento como gestor que o presidente possuiu, inclusive, aproveitando para desmentir qualquer informação que possa relacionar o trabalho de barracão com atrasos. Alexandre afirma o contrário inclusive.

“Ele é um grande gestor, mas também se revelou um grande amigo, além de ser um grande gestor. Ele tem uma noção bem precisa de tudo que existe dentro de um barracão de escola de samba. A Tijuca do primeiro até esse dia vem cumprido rigorosamente com tudo prometido. Ele não negou em nenhum momento a assistência tanto na parte de compra quanto de remuneração.E por ter começado cedo, a gente teve uma vantagem no início, mas não é vantagem que se reflita em resultado. Mas, se a gente tivesse começado tarde ou mais normal que uma escola comece, a gente deu muita sorte, porque hoje para se comprar um material, primeiro para fabricar você vai receber daqui a 15, 20 dias, já vai estar atrasado para caramba. E tem a escassez do mercado mesmo. Acho que o que vai para a Avenida tem bastante a minha cara, da minha equipe. Estou bem assessorado e bem assistido”, destaca louzada.

Devoção a Senhora de Fátima e alguns traços lusitanos encerram desfile

Como disse mais acima o carnavalesco Alexandre Louzada, o final do desfile promete ser um ponto alto da Tijuca. A devoção católica a Nossa Senhora de Fátima, tão presente em Portugal como aqui no Brasil, será representada através dos relatos de acontecimentos na cidade de Portugal que dá nome a santa inclusive, localizada no Médio Tejo. Para muitos no país é a certeza de um sinal claro e manifesto de Deus, para alguns gera dúvidas se aconteceu algo realmente e para outros são aspectos que fazem parte do fantástico popular através de uma lenda. O que ficou para a história, sedimentada na religião católica é que, de acordo com os testemunhos das três crianças videntes, a primeira aparição da santa ocorreu no dia 13 de maio de 1917, ao meio-dia, repetindo-se durante os seis meses seguintes, sempre no dia 13 e à mesma hora, com exceção do mês de agosto, quando ocorreu no dia 19, até 13 de outubro. De qualquer forma para Louzada é um traço da cultura lusitana que não pode faltar neste desfile da Unidos da Tijuca.

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“O enredo termina em uma grande romaria porque o próprio desfile das escolas de samba já é uma romaria, você é devoto de uma escola. E os portugueses são muito devotos de vários santos, adoram uma procissão e uma romaria. A gente fala de uma das coisas fantástica de Portugal, é a aparição de Fátima. Para muitos é lenda, para quem viveu é a realidade, para quem crê cegamente tudo aquilo aconteceu, mas o importante é mostrar que uma santa católica, representa todas as mães, seja de qual religião for, e como é no Brasil, a figura de uma Nossa Senhora de Fátima, representando todas as nossas senhoras, de todas as congregações, e de todas as mães zeladoras de santo, que abençoam nosso samba. Quando o samba fala de Alecrim, o Alecrim, a primeira vez que é citado, a lenda diz que ela nasceu ao lado da manjedoura em que nasceu Jesus. Portugal é um país muito religioso. A gente mostra toda essa história”.

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E neste mesmo setor virão os aspectos de Portugal que mais ilustram a “terrinha”para quem está familiarizado com o básico de conhecimento sobre o país. A culinária, os doces e as festas que chegaram ao Brasil e hoje fazem parte da nossa cultura estarão também no encerramento do desfile da Azul e Amarelo do Borel onde o fado vira samba e o samba vira fado. O carnavalesco Alexandre Louzada aproveita também para convocar toda a nação tijucana a fazer parte desse desfile e lutar muito para ajudar a agremiação a conseguir a vitória.

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“Até os estereótipos de Portugal como o bacalhau, as sardinhas, os doces que nasceram nos conventos, as freiras que usavam as claras em seus hábitos e faziam doces com as gemas, e com temáticas sacras, toucinho do céu, pastéis de Belém, pastel de Santa Clara, vai se construindo uma culinária sempre voltada para os santos católicos. Os tapetes de arraiolo, os costumes que a gente adotou aqui, os festejos como São João e Santo Antônio. A gente usa Saramago, que vai fazer 100 anos, ele que resgata essa alma de Portugal. E, por fim, eu tenho somente que agradecer ao tijucano, desde o primeiro dia que pisei no barracão, todas as vezes que vou a quadra, é um carinho muito grande. Vou transformar esse agradecimento em um apelo. Acho que não é um trabalho só do carnavalesco. É um trabalho de todo mundo para a Tijuca voltar a ser feliz. Vai depender mais da alegria do cantar de vocês do que propriamente dito da beleza de alegoria e fantasia. Nada é mais bonito que o povo feliz cantando o samba-enredo da escola”, finaliza o artista.

Conheça o desfile

A Unidos da Tijuca vai levar para a Sapucaí um desfile dividido em cinco setores definidos por Alexandre Louzada como cinco fados, nestes, o carnavalesco também considera a abertura como um setor. São cinco alegorias e 1 tripé, 28 alas mais a velha-guarda que terá papel de destaque no início como os Orfeus que serão os narradores deste conto. Confira abaixo a divisão de setores baseadas nas falas de Louzada e na sinopse divulgada pela escola:

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“O nosso enredo aborda uma mitologia primordial, que é um lugar chamado Ofiussa, dramatizado pelos gregos, a gente vai buscar em Homero, na Odisseia, uma narrativa que diz que Ulisses antes de voltar para sua terra, se aventurou fora do Mar Egeu, atravessou as colunas de Hércules, porque ele ouvia falar de uma terra governada por uma rainha mitológica, metade serpente, metade mulher, e com esse ímpeto de herói, queria conquistar aquela terra que ele tinha interesse em montar uma cidade. A gente passa a construir essa história de Portugal através do mito de Ofiussa, da rainha Serpes e de Ulisses, que é um história de amor e de traição, de desencanto, e que dali foi a pedra fundamental da cidade que viria mais tarde a se chamar Lisboa”.

Segundo Setor (Permanece o mistério)

“Depois, o surgimento dessa terra, passa até pelos fenícios. Existe uma praia em Portugal chamada Ofir, e associa-se a lenda ou a história sobre o rei Salomão, das minas, nas terras de Ofir. Como os fenícios estiveram nessa praia, será que não seria lá que eles extraíam o ouro, a prata, o ouro mais puro, o de Ofir? Quando em Portugal, na idade do ferro e do bronze, começaram as grandes migrações no Norte, veio com eles a magia dos Celtas. Portugal já teve um clima de Harry Potter. Pra gente interessa essa coisa da magia dos druidas, da sabedoria do carvalho, em Portugal tem a Azinheira que é uma espécie de Carvalho, é uma das árvores protegidas de Portugal, a gente vai sempre enveredando por essas lendas fantásticas”.

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Terceiro Setor (Palco constante de invasão de impérios ricos e dominantes)

Tudo tem uma razão mitológica para existir. A invasão do Império Romano. Toda a contribuição que essa invasão trouxe para a cultura do país reflete na nossa cultura também, pois fomos colonizados. Os árabes, os Mouros que lá estiveram. Se hoje a gente fala azeite, várias palavras, astronomia, alquimia, matemática, arquitetura, tudo isso veio se agregar a Portugal e se refletiu depois em técnicas para que ela se tornasse uma potência naval daquela época, acho que essa mistureba que é Brasil

Quarto Setor ( Reino de vocação e de ímpeto ao mar)

“A gente tem um pouco de celta, um pouco de romano, de mouros, você vai encontrar sempre uma história boa para contar. Até mesmo nesses 500 anos de Camões, nos Lusíadas, os versos de Camões, que hora exalta as proezas de Portugal, mas também tem a autocrítica, não é uma colonização pacífica, é cheia de sofrimento e opressão, a gente também não enaltece, mostra os dois lados, a escrita e os versos que condena, o que mostra como os sonetos dele. Os navegantes tinham medo dos monstros marinhos que poderiam encontrar, mas mal sabiam eles que eles eram os monstros que temiam encontrar”.

Quinto Setor (Fado revela versos do pequeno, imenso Portugal)

“O enredo termina em uma grande romaria porque o próprio desfile de escola de sambas já é uma romaria, você é devoto de uma escola. E os portugueses são muito devotos de vários santos, adoram uma profissão e uma romaria. A gente fala de uma das coisas fantástica de Portugal , é a aparição de Fátima. Até os estereótipos de Portugal como o bacalhau, as sardinhas, os doces que nasceram nos conventos , as freiras que usavam as claras em seus hábitos e faziam doces com as gemas, e com temáticas sacras. Os tapetes de arraiolo, os costumes que a gente adotou aqui, os festejos como São João e Santo Antônio. A gente usa Saramago, que vai fazer 100 anos, pois ele que resgata essa alma de Portugal”.

Governador veta passar gestão do Sambódromo da Prefeitura do Rio para o Estado

Em decisão publicada no Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira, o governador Cláudio Castro vetou totalmente o projeto de lei de autoria do deputado Rodrigo Amorim, aprovado em dezembro pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que transferia o Sambódromo para o governo fluminense, tirando o local da administração municipal. O Sambódromo do Rio de Janeiro completa 40 anos no carnaval deste ano.

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Foto: Alexandre Macieira/Riotur

O veto do governador será apreciado pelos deputados após o recesso, que deve terminar no próximo dia 31. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) concluiu, em seu parecer, que a medida é inconstitucional, já que viola lei federal e lei municipal.

De acordo com a justificativa apresentada por Amorim, a medida objetiva a transferência do domínio do terreno onde se localiza o Sambódromo da Marquês de Sapucaí, para que o espaço possa ser explorado durante todo o ano, e não somente no carnaval. O projeto estende a transferência a todos os bens do município do Rio de Janeiro no bairro da Cidade Nova, “desapropriados pela prefeitura do Distrito Federal ou estado da Guanabara ao estado do Rio de Janeiro, a própria sede administrativa do município, com seus vários órgãos, o Terreirão do Samba e outros imóveis”.

No entender da PGE, não cabe ao legislador estadual impor a alteração de domínio de bem municipal, transferido pelo devido procedimento instituído pela Lei Complementar nº 20/1974, editada pela União, sob pena de infringir o Princípio Constitucional do Devido Processo Legal (Artigo 5º, LIV da Carta Magna c/c o Artigo 6º da Constituição Estadual). “A medida, não se pode negar, é uma evidente violação ao poder geral de administração do município sobre os seus bens, infringindo o Artigo 343 da Constituição Estadual.”

O parecer da PGE destaca que a questão já foi objeto de ação judicial, ganha pelo município. “Por todo o exposto, não me restou outra escolha senão apor veto total ao projeto de lei”, assinalou o governador.

As informações são da Agência Brasil

Rogério Andrade vai na Liesa defender a Mocidade após escola se sentir prejudicada com som do ensaio técnico na Sapucaí

O presidente de honra da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rogério Andrade, esteve na sede da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), na tarde desta segunda-feira, e solicitou uma reunião plenária para terça-feira com os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial e com a direção da Liga. Até o momento, a Liga ainda não se pronunciou sobre o problema com o som na Avenida.

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Foto: Reprodução/TV Globo

A intenção da ida de Rogério Andrade até a sede da Liesa é debater o problema com o carro de som que prejudicou o ensaio técnico da escola, na noite do último domingo, no Sambódromo.

A escola emitiu uma nota oficial em que pede respeito com seu pavilhão e diz que entrará com um pedido na Liga para que seja dada outra data para realizar seu ensaios no Sambódromo. Veja abaixo a nota oficial.

“A Mocidade Independente de Padre Miguel vem, através dessa nota, pedir respeito ao nosso pavilhão, que tem mais de 60 anos de carnaval .

Foram meses de preparação para chegar até o ensaio técnico, nosso grande teste antes do desfile oficial e passarmos por uma situação inacreditável como a que vivemos hoje: o carro de som oficial apresentou graves problemas durante todo o nosso ensaio.

Para começar, nosso ensaio teve um atraso de uma hora por problemas no mesmo carro de som, o que atrapalhou todo nosso esquenta, planejamento e montagem da Escola. Após isso, com o novo carro chegando, os problemas com microfone continuaram, atrapalhando a execução do nosso ensaio durante todo o percurso.

Além da parte técnica já vista por todos que estavam na avenida, o atraso atrapalhou toda a logística de retorno dos nossos componentes, que perderam seus meios de transporte para a zona oeste devido ao horário. Agradecemos nossos Independentes e toda torcida por terem ficado e cantado em pleno pulmões o samba mais ouvido do carnaval 2024 no Rio de Janeiro.

Aproveitemos para reforçar que na próxima segunda-feira (08/01), entraremos com um pedido junto a Liesa solicitando uma nova data para termos um novo ensaio técnico, já que o desse domingo , 07/01, foi prejudicado integralmente por problemas causados pelo carro de som oficial .

A Mocidade Independente De Padre Miguel, uma das fundadores da Liga, pede respeito e profissionalização do som disponibilizado às Escolas.

Flávio Santos – Presidente do GRES MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL”.

Honrado, novo casal da Mocidade Alegre é elogiado por presidente: ‘Trabalhando à beça’

O ciclo do carnaval 2023 foi de excelência para a Mocidade Alegre. Com o enredo “Yasuke”, a escola conquistou o décimo primeiro título do carnaval de São Paulo – encerrando um jejum de nove anos. Para 2024, entretanto, mudanças aconteceram. Jefferson Gomes, que assumia o posto de porta-bandeira, saiu da agremiação – e, meses depois, apresentou na “xará” Mocidade Unida da Mooca. Para substituí-lo, a solução foi caseira: cria da casa, Diego Motta é quem dançará com Natália Lago – também oriunda da agremiação. Sobre esses e outros assuntos, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com segmentos importantes da Morada do Samba – que apresentará o enredo “Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país”, sendo a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval (10 de fevereiro).

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

Honra

Ao falar do posto assumido nesse ano, Diego falou da relação com a escola de samba do bairro do Limão e prometeu muito empenho. “Acho que é a coroação de qualquer mestre-sala e porta-bandeira chegar a uma posição oficial. É diferente quando temos uma escola com quem temos uma afinidade, como é o caso da Mocidade Alegre, com quem eu criei um vínculo muito forte, já que são sete anos aqui dentro. Me sinto honrado: de todas as responsabilidades da minha vida, é a maior e está sendo a maior. A palavra é honra: é muita honra carregar esse pavilhão pela qual passou tanta gente que eu admiro, de uma escola de tanto peso e representatividade. Só tenho a agradecer e trabalhar agora”, comentou.

Sobre o entrosamento com Natália, o mestre-sala destacou que tudo está caminhando dentro dos conformes. “É o relacionamento. Estamos no começo do namoro, se conhecendo, se entendendo. Falar que estamos 100% obviamente não estamos, mas estamos trabalhando o mais próximo e o mais rápido possível nesse resultado, já que a escola precisa disso. Mas está rolando legal, acho que estamos em um caminho bem bom para vir coisa boa por aí”, pontuou.

Falando em sintonia…

Apesar de crias da própria Mocidade Alegre (ainda que em tempos distintos), Diego e Natália revelaram que nunca tinham se apresentado como duplas. “A gente já tinha trabalhado juntos, com shows e etc, mas, oficialmente, dançar como um casal de mestre-sala e porta-bandeira, não”, relembrou

Apesar disso, o pensamento de ambos é idêntico em um aspecto: a renovação da expectativa ao desfilar. Ao menos é o que conta, Natália. “É como se fosse a primeira vez de novo! É uma nova história e acredito que o peso seja maior, sim. E, agora, vamos lá!”, pontuou a porta-bandeira – que, como afirmou Diego, é mais “na dela”.

Desempenho aprovado

Das grandes baluartes da escola e de todo o carnaval paulistano, Solange Cruz Bichara Rezende elogiou a preparação do casal e aproveitou para contar como foi feita a seleção para o posto de novo mestre-sala. “A escola está bem satisfeita com o desempenho deles, eles estão trabalhando à beça e fazendo várias aulas com gente grande no carnaval. Fizemos um preparatório para escolher o novo mestre-sala porque pegamos dentro de casa, e isso foi um diferencial – fazia tempo que a escola não fazia isso. Contamos com a ajuda de dois mestres super fantásticos no mundo do quesito: os mestres Gabi [Gabriel de Souza Martins, conhecido como ‘Maravilha’ e, para muitos, o maior mestre-sala da história do carnaval paulistano] e Ednei [Mariano, atual presidente da Associação de Mestres-Sala, Porta-Bandeiras e Porta-Estandarte de São Paulo (AMESPBEESP)]. Eles participaram dessa audição junto com a gente, nos ajudaram na escolha… e, agora, estamos com a Daiana, que está conduzindo o primeiro casal e fazendo um trabalho fortíssimo durante a semana. No fim de semana, o ensaio é na rua e é um preparatório maior a nível de condicionamento físico e tudo mais. De domingo, na quadra, o ensaio é mais comercial. Mas, durante a semana, sem folga para eles. Muito trampo! Eles estão com a empolgação, a vontade de querer fazer acontecer, e isso faz com que renda melhor”, admirou-se a mandatária.

Gestão exemplar

Ao ser perguntada sobre o andamento dos preparativos para a escola, Solange começou a responder brincando, mas logo deu um ótimo prognóstico para os torcedores e para o mundo do carnaval no geral. “Sempre tem alguns detalhes que temos que consertar e arrumar. Sambista é um bando de sem vergonha com muito amor, que estamos entrando na pista e batendo o martelo. Mas é claro que não é o caso, estamos bem dentro do planejamento, estamos fazendo um trabalho bacana. Acredito que na segunda quinzena de janeiro a gente já esteja bem tranquilos”, pontuou.

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Sem revelar nomes, Solange também falou sobre parcerias para viabilizar financeiramente a apresentação da agremiação. “A Mocidade dificilmente consegue patrocínios. Consigo algumas parcerias que me geram uma forma de não ter gasto em outras coisas. Nem sempre essa parceria é em dinheiro, mas é bem-vinda. Hoje, eu não vou muito pelo lado do patrocínio: claro que ajuda, claro que engrandece o espetáculo, mas a Mocidade Alegre sempre conseguiu trabalhar dessa forma – e ainda acredito que consigamos trabalhar dessa forma. Mas, falando em patrocínio, se alguém estiver vendo a matéria, é sempre bem-vindo”, finalizou.

Anitta se inspira em fantasia de musa da Porto da Pedra para projeto do Carnaval 2024

A deslumbrante fantasia “Legado Amazona”, que arrebatou corações no inesquecível desfile “A Invenção da Amazônia”, da Porto da Pedra em 2023, ganhou uma nova vida através da sensibilidade artística da cantora Anitta. Ela escolheu reeditar este traje único como uma homenagem especial ao desfile da Unidos do Porto da Pedra.

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Fotos: Léo Cordeiro/Divulgação

A professora de samba e musa, Anny Alves, foi a fonte de inspiração. Em 2023, ela estava à frente da alegoria 02, intitulada “Amazonas, Um Rio de Histórias e Mistérios”. A fantasia destacava não apenas a beleza estonteante, mas também a narrativa rica e misteriosa da Amazônia.

Segura a Vila que eu quero ver! Escola começa entrega de fantasias para o Carnaval 2024

A Vila Isabel anunciou nesta segunda-feira o início da entrega das fantasias para os componentes desfillarem no Carnaval 2024. Veja abaixo o texto divulgado pela escola.

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Foto; Lucas Santos/CARNAVALESCO

“Atenção, Povo do Samba: vamos dar início nesta semana à entrega das fantasias! Seguindo a tradição, somos a escola de samba pioneira no Grupo Especial a entregar as fantasias de alas aos componentes! Esse resultado é fruto de muita organização interna por parte da nossa equipe e do esforço diário e incansável de centenas de profissionais no nosso barracão. Cada trabalhador tem sido essencial para fazer do desfile de 2024 um dos mais bonitos da nossa escola. Como bem diz o samba do Martinho: “Glória quem trabalha o ano inteiro em mutirão! São escultores, são pintores, bordadeiras! São carpinteiros, vidraceiros, costureiras!”.

No ano que vem, a azul e branca do bairro de Noel apresentará uma reedição do samba e do enredo “Gbalá”, que embalaram o desfile de 1993, originalmente desenvolvido pelo carnavalesco Oswaldo Jardim, e que desta vez ganhará a assinatura do artista multicampeão Paulo Barros. A Vila Isabel será a terceira a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro, em busca do seu quarto título de campeã na elite da folia carioca.

Governo do Rio intensifica segurança durante ensaios técnicos na Sapucaí para garantir folia sem ocorrências

O Governo do Estado montou uma operação integrada de segurança para garantir a tranquilidade dos foliões durante a temporada de ensaios técnicos na Sapucaí, que teve início na tarde de sábado e vai até o dia 04 de fevereiro. No último domingo, Porto da Pedra e Mocidade Independente de Padre Miguel abriram os ensaios do Grupo Especial. Com reforço do efetivo das equipes do 4° e 5° Batalhão da Polícia Militar, aliado ao uso da tecnologia, a festividade aconteceu sem ocorrências.

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Foto: Divulgação/Governo do Estado do Rio

“Essa festa representa nossa cultura, fortalece nosso turismo e gera emprego para a população. Estamos investindo R$ 60 milhões no Carnaval. Com apoio das forças de segurança teremos uma festividade de paz e tranquilidade, onde turistas e moradores poderão aproveitar”, destacou o governador Cláudio Castro.

Nascidos durante a folia, Flaviana Gomes e seu filho Ravi de apenas um ano aproveitaram o aquecimento no Sambódromo. Moradora do Santo Cristo, Zona Central da capital, Flaviana diz que se sentiu segura para levar o pequeno à Sapucaí.

“Estou achando a segurança muito boa. Eu me sinto segura em trazer meu filho. Hoje é o primeiro dia dele aqui. Amo o Carnaval e quero passar isso para ele”, contou, dizendo que assistirá aos desfiles em fevereiro.

Além do reforço do efetivo, o esquema de segurança da Polícia Militar teve o uso do sistema de videomonitoramento. O carro-comando da PM também esteve no Sambódromo. O veículo possui torre de observação que sustenta quatro câmeras já alinhadas ao sistema de reconhecimento facial.

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“A Polícia Militar se fez presente nesses dois dias de ensaio no Sambódromo. Temos um efetivo de viaturas distribuído em pontos estratégicos. Também temos policiamento a pé, ao longo e no entorno da Marquês”, disse o comandante do 4° Batalhão, Tenente Valentim, explicando que a equipe trabalha para que todos tenham um Carnaval seguro.

Presente no segundo dia de ensaio técnico na Sapucaí, a secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, destacou que esse é o maior investimento no Carnaval já feito pelo Governo do Estado, e que não engloba apenas a capital, mas todo o estado.

Sistema de reconhecimento facial

Duas telas, uma filmando em tempo real e outra escaneando os rostos, estão acopladas ao carro-comando da PM. Em caso de identificação de indivíduo com mandado de prisão em aberto, o sistema emite um alarme.

Drones integrados ao programa de monitoramento facial garantiram imagens de foliões com zoom de até 42x. Agentes comandam o equipamento no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), que processa as imagens em tempo real.

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Motos das unidades especializadas, cavalaria e viaturas rodantes também auxiliaram o trabalho dos agentes de segurança.

Corpo de Bombeiros

O Corpo de Bombeiros, além do efetivo dos quartéis que atendem a área do Sambódromo, utilizou motolâncias e ambulâncias para acompanhar os dois dias de ensaios, atuando na prevenção e no primeiro atendimento ao público, em caso de emergência.

Segurança Presente e Lei Seca

O Segurança Presente contou com duas viaturas com quatro policiais, até às 22 horas deste domingo, no entorno da Marques de Sapucaí, atuando na rua Presidente Vargas. A equipe de educação da Lei Seca atuou em dois locais na Marquês de Sapucaí. Ela esteve no ensaio especial desde às 18 horas, levando conscientização para todos, além de distribuir ventarolas.

Metrô

O Metrô ampliou o horário de funcionamento neste domingo. As estações da Central do Brasil/Centro e Praça Onze funcionaram até meia-noite. O Metrô na Superfície operou das 7h às 22h30, como já acontece nos fins de semana.

Cedae

Dez aguadeiros da Cedae trabalharam das 8h à meia noite, com um total de 60 “bombonas” de água, cada uma com 11 litros.

Fé e potência! Viradouro dá grito contra intolerância religiosa com forte canto da comunidade em primeiro ensaio de rua de 2024

“Um levante de fé”. Assim, a Unidos do Viradouro intitulou seu primeiro ensaio de rua, que foi um verdadeiro grito contra o preconceito religioso, realizado na tradicional Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, no último domingo. Após uma pausa para as festividades do final de 2023, o que pôde ser percebido no treino da Vermelha e Branca foi um potente canto da comunidade da escola, alinhado a um bom desempenho do samba-enredo, da bateria de mestre Ciça e do carro de som, comandado pelo intérprete Wander Pires. O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro, Julinho Nascimento e Rute Alves, também realizou grande apresentação.

O ensaio da Viradouro, em combate à intolerância religiosa, contou com a presença presença de lideranças do Candomblé Jeje, que cultua os voduns e é parte do enredo “Arroboboi, Dangbé”, do carnavalesco Tarcísio Zanon. O enredo da escola aborda a energia do culto ao vodun serpente “Dangbé”. No ensaio, os componentes da escola estavam, em sua grande maioria, vestidos de roupas brancas. Assim como no último carnaval, a escola terá a missão de encerrar os desfiles pelo Grupo Especial na segunda noite de espetáculo. A mensagem passada pelo enredo da escola e o “levante de fé” realizado na Amaral Peixoto foram comentados ao site CARNAVALESCO pelo diretor-executivo da Viradouro, Marcelinho Calil e o carnavalesco Tarcísio Zanon.

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Fotos de Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

“É um enredo sobre uma energia espiritual muito forte, religiosa. Por estar mais no nosso imaginário, no nosso cotidiano a questão dos orixás, a gente acaba vendo a parte de Vodum como algo tanto distante, mas não é. Assim como o orixá, é uma divindade que a gente bate cabeça, presta condolências. A questão do branco é para começar o ano de forma leve, de forma bonita, pra gente alcançar os nossos objetivos e consequentemente trazer caminhos abertos pra escola. É mais o espírito mesmo de começar o ano dessa forma, dessa virada, enfim, pegar essa energia positiva pra gente encarar esse desafio e se Deus quiser, trazer o título”, comentou Marcelinho Calil.

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“É um levante de fé, o enredo nasce com essa proposta, de a gente levantar essa pauta do racismo religioso, de a gente poder adorar a sabedoria dos povos africanos e essa serpente sagrada. Então, hoje, a nossa Amaral Peixoto, com certeza, vai receber essa bênção e a gente vai fazer essa adoração, essa louvação a esse Deus africano”, salientou o carnavalesco da Viradouro, Tarcísio Zanon.

Marcelinho Calil enfatizou ainda o alto nível apresentado pela escola nos últimos anos em termos plásticos e comentou sobre a importância dos ajustes finais no trabalho da escola com sua comunidade para manter a excelência apresentada nos últimos carnavais.

“A gente vem realizando nos últimos anos um trabalho plástico, ao meu ver, inquestionável, a escola vem mostrando força, vem mostrando que tem carros e fantasias de um nível muito alto. Agora, a gente não pode errar certas coisas.. É ajuste fino, virada de ano, a exigência aumenta um pouco e em fevereiro, vai aumentar mais ainda pra gente chegar lá. Essa reta final é isso: Errar cada vez menos, tem que fazer ensaios praticamente perfeitos, é isso que a gente tem que fazer”, disse Marcelinho Calil.

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Comissão de Frente

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Comandada pelos brilhantes e experientes coreógrafos, a Comissão de Frente brindou o público presente na Avenida Amaral Peixoto com uma bela e forte apresentação. Nos pontos em que eram marcados como cabines de julgamento, os dançarinos realizavam a apresentação em dois momentos. O primeiro era formado apenas por bailarinas mulheres e o segundo, por homens. A coreografia apresentada possuía diversos momentos marcantes de muita força, com movimentos muito marcados, bem coreografados e sincronizados. Os dançarinos foram muito aplaudidos ao longo de toda a pista de ensaios.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Um dos destaques da noite, o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Viradouro, os experientes Julinho Nascimento e Rute Alves, realizaram, no ensaio de rua da Vermelha e Branca no último domingo, uma apresentação de alto nível. Vestidos de roupa branca, a dupla mesclou elementos tradicionais da dança com movimento em alusão ao samba-enredo, como gestos que remetem a uma serpente. A se destacar, também, a vitalidade e força dos giros de Rute, que eram devidamente acompanhados por seu mestre-sala, Julinho. O casal, que já dança juntos há muito carnavais, demonstrou total entrosamento e precisão nos movimentos executados.

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“A preparação está a pleno vapor, a escola deu aquela paradinha de recesso, que é normal da instituição, mas a gente não parou, continuamos treinando, fizemos alguns ensaios nesse período de recesso e agora não tem pra onde correr. Como diz a Ruth, foguete não dá ré. É muito treino, muitos ensaios, se dedicar ao máximo, se cuidar ao máximo, que é o principal. E se Deus quiser, chegar no dia do desfile no ponto de bala, 100%”, ressaltou Julinho Nascimento.

“Como o Júlio falou, nem dia 31 a gente parou, a gente trabalhou, a gente continuou ensaiando, a gente foi ao ateliê experimentar fantasia, mas nada que nos assuste ou que seja novidade pra gente. A gente sabe que é esse o ritmo, que é assim que acontece e é isso que a nossa escola merece e espera da gente, trabalho ao máximo pra gente poder estar preparado, porque não existe milagre, não existe sorte, existe resultado de trabalho”, completou Rute Alves

Harmonia

A comunidade da Unidos do Viradouro comprovou, mais uma vez, sua força no ensaio de rua da escola do último domingo. A pausa para as festas de final de ano não foi sentida pelos componentes da Vermelha e Branca, que cantaram com muita força o samba-enredo da escola. Ao longo de todas as alas da escola, do início ao final do ensaio foi possível verificar um canto imponente e linear dos componentes. O refrão principal do samba e o bis que o antecede, com o “Ê Alafiou”, foram “berrados” pela comunidade. De destaque positivo no quesito, a famosa “Ala dos Adolescentes” da Viradouro, que cantava com muita força a obra.

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“A sensação é que a gente não parou. Nós conversamos muito nesse intervalo e hoje, antes de começar, conversamos com cada ala. Agora, é Copa do Mundo, temos que entender que é uma Copa do Mundo. Cada jogo, cada ensaio tem que encarar como um jogo de Copa do Mundo e dar o melhor. E hoje, o que nós vimos aqui foram os componentes, segmentos, quesitos, dando o melhor de si. Nós tivemos hoje um grande ensaio, tanto musical quanto de evolução, de harmonia, de casal, comissão de frente e as equipes coreográficas. Vamos fazer cada vez melhor para chegar no ápice no dia do desfile oficial”, comentou o Diretor de Carnaval da Viradouro, Dudu Falcão.

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Evolução

Como de costume nos ensaios de rua da Viradouro nos últimos anos, a evolução aconteceu de maneira leve, compacta e fluída ao longo dos cerca de uma hora e dez minutos de ensaio da Vermelha e Branca. A escola não apresentou qualquer tipo de buraco, clarão, alas embolados no ensaio ou acelerações exageradas no passo. Os componentes evoluíam pela Amaral Peixoto de maneira alegre e leve, demonstrando toda a felicidade da comunidade com o momento vivido pela escola. As alas coreografadas da escola também foram destaque, com as bonitas e bem sincronizadas danças apresentadas.

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Samba-Enredo

O samba-enredo da Viradouro, composto Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno, confirmou, mais uma vez, sua força, beleza e sobretudo, funcionalidade no ensaio de rua da escola. A obra está, a cada ensaio, cada vez mais encaixada no timbre do cantor oficial da Vermelha e Branca, Wander Pires, e seu carro de som. A bateria “Furacão Vermelho e Branco” também contribuiu bastante para o bom desempenho do samba-enredo. O refrão principal, principalmente o trecho do “Pra vitória da Viradouro”, foi cantado a plenos pulmões pelos componentes, assim como o bis anterior “ê alafiou, ê alafiá…”.

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Outros Destaques

A bateria “Furacão Vermelho e Branco”, de mestre Ciça, deu uma espetáculo para o público presente na Amaral Peixoto. As bossas e convenções realizadas pelos ritmistas contribuíram muito para a excelência musical da escola no ensaio. Uma das bossas, no refrão do meio do samba-enredo, “Ergue a casa de bogum, atabaque na Bahia…”, onde os ritmistas da Furacão se agachavam na pista e só permaneciam de pé os que tocavam atabaques e agogo de duas bocas. No refrão principal, era realizado um “apagão”, desde a parte do “Derrama nesse chão..” até o final do refrão, em “Pra vitória da Viradouro”.

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“Vai ser muito ensaio, daqui pra frente. Vamos ensaiar segunda, terça, essa semana, sábado tem um evento na quarta, domingo ensaiar aqui na Amaral Peixoto. A gente vai limpar mesmo as coisas nessa reta final, sempre tem uma coisinha pra gente corrigir aqui ou ali. Eu tenho uma definição dos atabaques ainda, porque vai ter uma performance. Essa performance eu não vou fazer aqui hoje, mas a partir do mês que vem, essa performance vai estar aqui, mas hoje a pessoa vai marcar o lugar onde vamos fazer essa performance”, comentou mestre Ciça.

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A rainha de bateria da escola, a sempre presente Érika Januza, vestiu uma bela roupa em tons prateados.

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Águia cheia de vontade! Portela consolida samba e canto forte da comunidade como destaques

No retorno à Estrada do Portela, neste primeiro ensaio de 2024, a Portela, mais uma vez, viu brilhar a obra que escolheu e a comunidade comprou para desfilar na Sapucaí no início de fevereiro próximo. Com grande contingente de componentes e grande presença de público nas calçadas, o portelense cantou muito o samba, brincou bastante carnaval, mas observando uma escola que dá muita atenção aos seus outros quesitos. A comissão de frente fez uma bonita apresentação, assim como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Squel Jorgea, com uma exibição muito forte, além do já costumeiro alto rendimento do ritmo da bateria “Tabajara do Samba”, de mestre Nilo Sérgio, com as bossas e paradinhas cada vez mais ajustadas e ajudando o samba a se destacar ainda mais.

Nem a ausência do intérprete Gilsinho, voz forte da Azul e Branca de Madureira, atrapalhou o excelente ensaio da Portela. A comunidade e o carro de som supriram a ausência e conduziram o samba com força e correção durante os cerca de 60 minutos de treino. Com o enredo “Um Defeito de Cor”, dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga, a Majestade do Samba será a segunda agremiação da segunda-feira de carnaval que vai desfilar na Marquês de Sapucaí.

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O diretor geral de harmonia, Julinho Fonseca falou à reportagem do site CARNAVALESCO como a direção de carnaval tem preparado os componentes para cantarem de forma tão expressiva e intensa nos ensaios de rua.

“É a manutenção do trabalho que vem sendo feito. Nesta reta final, voltando desse pequeno recesso, faltando agora praticamente 32 dias para o carnaval, para o nosso grande dia, é continuar fazendo o nosso ensaio de canto, é manter a nossa estratégia fazendo o ensaio individual, setor a setor, forçando o componente a não só cantar, mas entender o samba. Os ensaios de quadra às quartas-feiras estão sendo muito valiosos para gente, procurando incentivar as alas a cantarem de forma individual, setor por setor. O nosso teste final será no dia 14 no nosso ensaio técnico”, acredita o profissional.

Para o presidente Fábio Pavão a escola está pronta para o ensaio técnico do próximo domingo, na Marquês de Sapucaí, segundo ele, um importante termômetro na preparação para o desfile da Águia de Madureira em 12 de fevereiro.

“No ensaio a escola vai encorpando, o andamento da bateria com o carro de som vai melhorando progressivamente. Hoje já é o andamento ideal de Avenida. A escola passou muito bem, com os componentes cantando, a harmonia, estamos ensaiando também a evolução, essa mais na Rua Carolina Machado, onde a gente consegue fazer o distanciamento entre as cabines. Nós estamos fechando hoje, na verdade, os ensaios na preparação da rua para o ensaio técnico na próxima semana, que é a nossa primeira apresentação para o grande público, para avaliar também como a gente está se preparando, os próprios componentes, quesitos da escola. Acho que a gente está caminhando para fazer uma grande apresentação no domingo que vem, estamos trabalhando muito para isso”, espera o dirigente.

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Comissão de Frente

Bem entrosada com a temática do enredo, a comissão de frente da Portela comandada por Léo Senna e Kelly Siqueira foi formada apenas por mulheres. Vestidas em roupas carregadas de ancestralidade nas estampas e com o Azul da Portela, a africanidade estava presente também na coreografia muito voltada para a dança ancestral e o toque de feminilidade. Muito bom ver uma comissão que dá destaque para a dança. A apresentação teve muita sincronia e uma boa dose de intensidade, mas sem perder a delicadeza nos detalhes dos gestos e movimentos. Destaque para o efeito produzido pelas saias, principalmente quando as bailarinas se aproximavam e se juntavam como se fossem um organismo só, em algumas partes da coreografia. Na volta do refrão principal, já no final da apresentação, passos que se utilizavam de técnicas de balé clássico , mas com todo o caráter tribal que pede o enredo.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Com a coreografia agora mais desenvolvida, o casal Marlon Lamar e Squel Jorgea, que vão dançar juntos pela primeira vez no desfile deste ano, mostraram que o entrosamento já está bem adiantado e executaram movimentos com elevado grau de dificuldade e intensidade com bastante naturalidade, firmeza, sem perder a singeleza e a postura própria para um casal de mestre-sala e porta-bandeira. Vestidos ambos de branco, a dupla apresentou uma coreografia que procurava pontuar bastante a letra do samba. Já na entrada da apresentação no lugar que simulava o módulo de julgamento, o casal mostrou força nos giros. Na primeira cabine, um vento mais moderado poderia atrapalhar a apresentação, mas Squel foi muito firme e com toda a sua experiência manteve o pavilhão bastante esticado, executando os movimentos com naturalidade e graça. Já Marlon deu um show a parte com passos muito rápidos, mas também muito assertivos. O mestre-sala riscava o chão da Estrada do Portela sem temer nada e deslizava como se não houvesse atrito entre o sapato do bailarino e o asfalto. Ótima apresentação.

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Harmonia

O grande destaque da noite. Nem mesmo a dificuldade que o ensaio na estrada do Portela acarreta por se dar em uma rua desnivelada e com subidas e descidas, fez com que a comunidade deixasse de cantar o samba com naturalidade, força e alegria. A todo momento a equipe de harmonia chegava junto para compensar a questão do terreno e não deixar que o samba atravessasse. O forte e ininterrupto canto ajudou a escola a se manter acertada na condução do samba, com todos dentro do mesmo compasso. Até mesmo alas com coreografia mais complexa, se mantiveram cantando com muito vigor. A comissão de frente, a velha-guarda e a bateria foram outras alas que também deram a sua contribuição no canto. Nas últimas alas, muita alegria também com o samba e bastante espontaneidade. Já o carro de som, hoje comandado pelos cantores de apoio de Gilsinho, mostrou bom entrosamento com a bateria do mestre Nilo Sérgio e não deixou a obra cair em nenhum momento. O vice-presidente Júnior Escafura também avaliou o canto da escola como muito positivo e lembrou que a escola ensaia bastante para isso.

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“A minha avaliação é muito positiva. A escola está feliz, a escola está cantando, está brincando, evoluindo. Acho que a gente está se preparando muito bem para fazer um grande carnaval. Os harmonias tem o tempo todo ajudado os componentes, estamos atentos a tudo, a escola ensaia muito, ensaia quarta, sexta e domingo, fora o trabalho que tem durante a semana de algumas alas, a gente quer atingir a perfeição, até porque o nível das escolas, a competição está muito alta. E a Portela tem que sempre estar no primeiro patamar”, entende o dirigente.

Evolução

Em uma rua com as dificuldades já apresentadas no quesito anterior, em geral a Portela se preocupa menos com o treino deste quesito. Isso porque além do desnível do terreno, há a dificuldade de ser uma rua apertada que fica com ainda menos espaço devido a grande quantidade de público. Por isso, em geral a Portela foca mais na evolução quando realiza os ensaios na Rua Carolina Machado. Ainda assim, levando em conta todas estas dificuldades, não se pode dizer que a evolução da escola foi ruim, ao contrário, com bastante fluidez e respeitando os espaços, sem formar buracos. Importante destacar o número relevante de alas coreografadas que ainda que confiram ao treino um bonito efeito, principalmente uma em que as mulheres traziam uma capa azul e giravam, pode-se interferir na questão da espontaneidade na evolução, pensando na avaliação dos jurados no desfile oficial. É importante ficar atento a isto, ainda que as coreografias sejam bastante pertinentes ao enredo. Na questão de harmonia, não houve influência, pois até as alas com coreografia mais desenvolvidas seguiram mostrando um rendimento satisfatório no canto.

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Samba-enredo

Sem Gilsinho, a escola se manteve organizada para que o andamento e tudo que foi preparado para a obra fosse mantido através do excelente trabalho de Nilo Sérgio e do carro de som da Azul e Branca de Madureira. Com uma melodia bastante peculiar e bonita, a obra não deixa faltar também força e vibração. O refrão “Saravá Keindhe”, tem muita melodia mas também traz, até pela sua letra, uma força que faz com que o componente cante com a alma e vibre bastante. E na bateria, as bossas conferiram à obra ainda mais força. Com grande destaque para o agogô e atabaques, o clima que a Tabajara acrescentava ao desfile fazia com que a obra crescesse mais ainda, confirmando a avaliação de ser uma das melhores dessa safra de 2024. O andamento também mais uma vez foi um ponto alto, dando ao samba uma pegada nem arrastada e nem muito corrida, própria para uma evolução cadenciada, porém firme, e permitindo que o componente brinque e dance, além de tudo, pois tem muito balanço, muito swingue. Mais uma vez, um destaque do ensaio e com certeza uma mola condutora para a escola fazer um grande desfile.

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Outros destaques

A rainha Bianca Monteiro, mais uma vez, esbanjou samba no pé, vestida com um bonito conjunto no azul da Portela, e mostrou a simpatia de sempre, principalmente com as crianças que terminaram o desfile sambando junto com a majestade que reina à frente da Tabajara do Samba. Antes do ensaio, a TV Globo, detentora dos direitos de transmissão, fez uma ação com gravações para exibição no noticiário local.

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Muitos dos desfilantes trouxeram balões de encher nas cores da escola, além de bastões luminosos e muitos leques. O presidente Fábio Pavão em discurso antes do ensaio desejou primeiramente um feliz ano novo a todos os componentes e lembrou que o trabalho chega a reta final de sua caminhada e preparação para o carnaval 2024. No carro de som, próximo aos músicos, veio Tia Surica, presidente de honra da escola, muito festejada pela comunidade.