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Macaco Branco sobre álbum da Série Ouro: ‘Proposta é emocionar o sambista raiz que gosta do verdadeiro samba-enredo’

Produtor musical, instrumentista, músico conceituado e mestre de bateria da Vila Isabel. Além de tudo, é um nome bastante respeitado no mundo do samba. Competências que gabaritam Macaco Branco a estar, pelo terceiro ano consecutivo, produzindo o álbum da Liga RJ. Depois do sucesso nas duas últimas edições, a Liga decidiu manter a equipe, que também contempla o técnico de gravação, mixagem e masterização Maurício Fonseca, dono do M&C Studio em Marechal Hermes, local em que acontecem as gravações, onde também o produto final é mixado e masterizado. Formado como produtor musical pelo IATEC (Instituto de Artes e Técnicas em Comunicação), e há alguns anos músico que acompanha a cantora Mart’nália, Macaco Branco, em entrevista ao site CARNAVALESCO, durante as gravações, falou mais sobre a confiança que a Liga Rj depositou em seu trabalho.

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“Para mim é um prazer imenso estar produzindo pelo terceiro ano consecutivo esse álbum. Hoje em dia não é mais mídia física, é um álbum de áudios para colocarmos nas plataformas digitais e com isso divulgarmos todos os sambas da Série Ouro. Eu só tenho que agradecer a Deus e aos orixás, também ao presidente Wallace Palhares por confiar no meu trabalho e de toda a minha equipe. Claro que eu não trabalho sozinho, tem o Maurício ( Fonseca), que é um irmão, todas as minhas produções eu tento fazer aqui no estúdio dele. É um trabalho que é quase um casamento a grosso modo. A gente se dá muito bem, a gente pensa muito igual, a gente pensa sempre em coisas novas, para poder estar sempre buscando e alcançando sonoridade bastante diferenciada e de qualidade. Estou muito feliz de estar pelo terceiro ano responsável por esse álbum que tem grandes sambas da Liga RJ”, revela o profissional.

Sob a confiança do presidente Wallace Palhares, o produtor musical comanda o processo de confecção do disco que apresenta os sambas da Série Ouro, desenvolvido para as plataformas digitais. Mestre Macaco Branco tem colecionado elogios dos segmentos, entre cantores, mestres, diretores musicais e de carnaval. O profissional aponta que o segredo é fazer tudo com muito carinho e trabalhar em conjunto com os profissionais que compõem a equipe para produção das faixas.

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“O segredo é o amor, é o carinho, a gente quando ama o que faz sempre busca o melhor, não o melhor para mim ou para você, mas o melhor para o todo. É um gênero musical, é o samba-enredo. A galera que vem da escola já vem com grandes ideias e a gente tem um time de arranjadores que é de primeira com o Kaio Calado, o Victor Nascimento, Victor Alves, Andy Lee e o Hugo Bruno. São grandes referências e arranjadores. São multi instrumentistas e já bebem dessa fonte do samba, e vivem disso 365 dias por ano. Ninguém melhor do que os arranjadores do segmento para fazer grandes trabalhos junto com os diretores musicais das escolas, mestres de bateria e cantores. A gente entra, faz uma reunião, dialoga e define, sempre tendo uma proposta de qual vai ser o formato, mas cada um trazendo para sua linguagem, respeitando a identidade de cada escola, a característica de cada bateria. O segredo é a gente lutar pelo melhor. A gente sempre está buscando incessantemente qual é a melhor ideia, o que não vai agredir a música, o que não vai perder a característica das instituições, tudo isso em conjunto”, explica o produtor do álbum da Série Ouro.

Além de mestre de bateria da Unidos de Vila Isabel, comandando a Swingueira de Noel, Macaco tem suas produções musicais ao longo do ano. O músico já trabalhou com direção musical de algumas agremiações, além de outras funções, o que lhe rendeu uma vasta experiência na produção de sambas, lhe conferindo também o conhecimento nos processos. Isto, por exemplo, facilitou a escolha do M&C Studio, lá em 2022, no primeiro ano do projeto, para ser a sede deste trabalho e na escolha dos profissionais.

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“Durante o ano eu passo boa parte do tempo gravando. Eu conheço muitos estúdios. Entres os três que eu mais gravo, aqui no M&C Studio, no Cesinha e no Léo, que são pessoas que fazem um trabalho maravilhoso, como já passo muito tempo aqui com o Maurício, desenvolvemos o projeto há três anos atrás, são três grandes estúdios, mas tenho com o Maurício um carinho e uma liberdade de sentar, trocar uma ideia antes de fechar qualquer projeto, de qual caminho seguir em relação a mixagem, de trabalho técnico, de linguagem, de identidade, a gente conversa e quando começa a trabalhar com a escola, a gente já tem uma proposta alinhada, até porque a gente dialoga muito com a galera da Liga RJ, com o presidente Wallace Palhares, até para a gente poder a cada ano ter um diferencial. E acredito que esse álbum de 2024 vai emocionar todo mundo, a nossa proposta é emocionar o sambista, o sambista raiz , aquele que gosta do verdadeiro samba-enredo”, projeta Macaco Branco.

Além de manter os mesmos profissionais das últimas edições, a Liga RJ também optou por seguir com sua própria gravadora, o que oferece mais agilidade e liberdade no processo de criação. Macaco promete um álbum feito para os sambistas que vai respeitar a identidade de cada escola, cada bateria, cada artista do carnaval.

“O sambista pode esperar um álbum que vai ficar no top 10 das playlists de Spotify, Deezer, Amazon Music, e todas as plataformas digitais. A qualidade sonora está absurdamente boa e as escolas estão vindo com grandes ideias, com ritmistas ‘top de linha’, tocando bem. Os mestres estão com bossas e paradinhas bem elaboradas, respeitando a identidade, a métrica e a melodia do samba, e os cantores estão voando baixo. Aguardem o álbum da Liga RJ para 2024, o povo vai ficar feliz”, promete o produtor musical.

Com Charles Silva e Tiganá, Estácio grava faixa da Série Ouro buscando dar um toque de ancestralidade

Mais de dois meses após escolher o samba que vai embalar o carnaval 2024, a Estácio de Sá iniciou o processo de gravação da faixa oficial para o disco da Liga RJ. O enredo para o próximo carnaval “Chão de Devoção: Orgulho Ancestral” foi traduzido musicalmente na obra encabeçada pelo compositor Júlio Alves. A ideia é trazer para a Sapucaí o povo preto que disseminou sua cultura e transformou a diáspora africana em solo brasileiro. A arte, religião e dança estarão presentes, conferindo protagonismo ao povo preto e nomeando os heróis e heroínas. No comando do carro de som do Berço do Samba, uma mudança significativa para 2024: Charles Silva irá acompanhar, no microfone oficial da agremiação, o cantor Tiganá, que no desfile passado teve voo solo. Charles Silva, que em 2022 foi a voz oficial da Unidos da Ponte e chegou a participar da preparação da escola para o último carnaval, conta que foi muito bem recebido pela comunidade do morro de São Carlos.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

“A Estácio é uma escola muito receptiva, eu fui abraçado pelo Berço do Samba, por toda a escola, por todos os segmentos, e principalmente ali no carro de som, o Hugo (Bruno) na direção, o Tiganá, que já vinha realizando esse trabalho e a gente agora está junto nesta empreitada. Estamos trabalhando muito para que a gente possa ter o melhor resultado possível e com certeza fazer uma grande espetáculo na Marquês de Sapucaí “, promete Charles.

Agora tendo a companhia do jovem cantor, Tiganá conta que na organização do trabalho dos dois não existe vaidade e que a chegada de Charles só vai fortalecer o carro de som da agremiação.

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“Não há uma divisão, é uma união, agora somos um só. É uma dupla que representa uma voz só, e posso garantir para vocês, ano passado já foi bom, mas esse ano será melhor ainda. Quem tem que se preocupar são os outros. Porque o carro de som da Estácio de Sá está mais fortalecido do que nunca”, afirma Tiganá.

Além de Júlio Alves, a obra escolhida pela escola teve como demais compositores: Claudio Russo, Magrão do Estácio, Filipe Medrado, Thiago Daniel, Diego Nicolau, Tinga, Dilson Marimba, Guilherme Karraz, Barbara Fonseca, Telmo Augusto e Marquinhos Beija-Flor. Tiganá aponta que o trabalho é facilitado por a escola ter selecionado uma grande obra, segundo o cantor, a partir de uma grande safra.

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“A safra de sambas da disputa da Estácio esse ano foi maravilhosa, ano passado já tinha sido excelente. A Estácio de Sá não deixa a desejar nunca em relação a samba. Todos os concorrentes deste ano estavam maravilhosos. Esse foi o samba escolhido, é esse que a gente vai levar para a Avenida, e esse que o Morro de São Carlos vai descer em peso na Sapucaí “, promete Tiganá.

Charles também elogiou a obra e mostrou confiança que a partir do trabalho desenvolvido pela escola na preparação e na gravação, o samba será um dos mais elogiados da Série Ouro.

“A gente tem um grande samba, a gente tem ciência da jóia que a gente tem. Agora estamos trabalhando, temos uma equipe técnica muito boa e a gente tem certeza que a faixa da Estácio será um sucesso, vai ter surpresa para vocês”.

Chuvisco adequa andamento a características do samba

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Desde 2019 de volta ao cargo de comandante da bateria “Medalha de Ouro”, mestre Chuvisco gabaritou o quesito nos dois últimos carnavais na Série Ouro. Querendo manter a correção no trabalho, Chuvisco conversou com a reportagem do CARNAVALESCO durante a gravação da faixa oficial da Estácio de Sá em Marechal Hermes e explicou que procurou adequar o trabalho com os ritmistas à obra que a agremiação vai levar para a Sapucaí em 2024.

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“O andamento, a gente teve um cuidado para este samba porque ele tem uma melodia muito rica, então , a gente não pode ceder muito no andamento, até para aproveitar essa melodia dele e para a gravação a gente está tocando ele bem cadenciado para o pessoal poder acompanhar bem a letra e a melodia, e tenho certeza que todo mundo vai gostar”, espera o mestre.

Chuvisco também contou mais sobre os ensaios da “Medalha de Ouro” e prometeu muito toque de ancestralidade para o desfile.

“A gente ensaia todas as segundas-feiras, como de costume, por enquanto, e daí quando chega mais próximo do carnaval, a gente dá uma intensificada, coloca mais um dia, se necessário mais dois na semana, para poder chegar bem na Sapucaí e a bateria desempenhar um trabalho bem legal como temos feito nos últimos anos. A gente está preparando muita coisa boa, já que estamos falando de ancestralidade, da África, e vai ter muito coisa legal no desfile”, projeta Chuvisco

Ancestralidade presente na gravação da obra

“Vovó Cambinda, chama vó Maria Conga, a Estácio tem mandinga, a Estácio tem mironga” são versos do refrão principal do samba 2024 e já colocam toda a intenção do enredo também de combater o apagamento cultural causado por preconceitos estruturais contra tudo que venha do povo afro-brasileiro. Desta forma, a agremiação entende que isso inclui aprender sobre a história das irmãs e irmãos vindos de regiões da África, cuja, cultura culminou em solo brasileiro na diáspora africana.Para dar este clima, a escola vai apostar já na gravação em toque das religiões de matriz africana como esclarece o diretor musical da Estácio de Sá, Hugo Bruno.

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“O objetivo é valorizar o samba, usar muita macumba, que o enredo já diz, sobre as pretas velhas. A nossa ideia é passar na gravação como se estivesse em um terreiro para valorizar esse samba maravilhoso da Estácio de Sá. Vai ter atabaque, muito agogô, muito caxixi, muita coisa diferente. O samba já veio pronto, não precisou mudar nada”, explica Hugo Bruno

Por fim, o diretor de carnaval do Berço do Samba, Edvaldo Fonseca, apresentou mais detalhes sobre o trabalho de ensaio de canto e de produção no barracão da escola.

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“O trabalho já começou há um bom tempo porque esse ano a gente teve a prerrogativa de escolher muito cedo, já foi algo planejado, a gente queria ter todo o tempo do mundo para trabalhar bem ensaio de canto. Já temos trazido a comunidade com a gente. Estamos trabalhando a partir das consequências, porque a partir da escolha do enredo certo, a gente muita probabilidade de achar o samba certo, que foi o que aconteceu, e a partir daí vamos em um trabalho crescente. Estamos tendo uma adesão muito forte por parte dos segmentos, agora com a comunidade ratificando a nossa escolha. No barracão estamos bem adiantado, fizemos uma apresentação fechada dos protótipos. É um trabalho de coletividade, não tem estrela, tem a constelação que é a Estácio de Sá que todos brilham juntos”, entende o diretor de carnaval da Vermelha e Branca.

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Em 2024, a Estácio de Sá irá se apresentar na sexta-feira de Carnaval, primeiro dia de desfiles da Série Ouro. O chamado “Berço do Samba” será a quinta agremiação a cruzar a Marquês de Sapucaí na ocasião.

Riotur abre inscrições para o concurso que vai eleger o Muso, Musa e Pessoa Cidadã LGBTQIAPN+ não binária do Carnaval 2024

Em uma iniciativa pioneira, a Riotur vai realizar o concurso para eleger o Muso, Musa e Cidadão LGBTQIAPN+ não binária do carnaval 2024. Até o próximo dia 10, os aspirantes aos títulos poderão se inscrever. As inscrições são gratuitas e serão realizadas, por meio do preenchimento de ficha de inscrição, de forma presencial, na sede da Riotur. O endereço é: Rua Dom Marcos Barbosa, 02/ 2º andar – Diretoria de Operações – Cidade Nova, das 10h às 17h.

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Foto: Alexandre Macieira/Riotur

Uma comissão julgadora composta por membros indicados pela Diretoria de Operações da Riotur, farão a pontuação de 05 a 10 aos candidatos. Serão avaliados os seguintes critérios: facilidade de expressão e desembaraço, simpatia, espírito carnavalesco e domínio da arte de sambar.

Os selecionados vão receber a faixa com o título de Muso, Musa e Cidadã LGBTQIAPN+ não binária do carnaval 2024 e vão representar a comunidade em eventos promovidos perla Riotur até 19 de fevereiro de 2024.

Para concorrer ao título, o candidato precisar ser morador do Rio de Janeiro, ser maior de 18 anos, ter concluído o ensino fundamental, e identificar-se como integrante da comunidade LGBTQIAPN+. O regulamento pode ser conferido no site da Riotur, http://www.riotur.prefeitura.rio, ou pelo e-mail: [email protected] ou na sede da Riotur.

Superliga e secretaria de Cultura firmam parceria para oficina de elaboração de projetos

A Superliga Carnavalesca do Brasil, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, SEBRAE e, com o apoio da Federação da Indústria Criativa Cultural do Carnaval do Estado do Rio de Janeiro, FICCCERJ, oferecerá 40 vagas para a oficina do Território Cultural, que visa orientar os gestores das agremiações nas questões de elaboração de projetos para a participação em editais. Ao final da oficina, os representantes das agremiações participantes receberão certificado de participação emitido pela Escola Estadual da Cultura. O presidente Pedro Silva celebrou a parceria e comentou sobre sua expectativa para a oficina.

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Foto: Guilherme Maia Reis/SECECRJ

“É com enorme satisfação que firmamos essa promissora e valorosa parceria com a Secretaria de Cultura e o SEBRAE. Através dessa oficina de preparação para projetos de carnaval, visamos um maior índice de aprovação das escolas de samba da Intendente Magalhães nos editais do Estado. O encaminhamento já foi feito e as inscrições estão sendo realizadas. Deixo aqui meu agradecimento a secretária Danielle Barros, além, claro, toda equipe do gabinete, e também nosso amigo Sérgio Firmino que muito nos honra com o apoio apresentado pela FICCCERJ”.

A solenidade, que firmará a parceria entre a entidade e a Secretaria, além da abertura da oficina, ocorrerá no dia 9 de novembro, quinta-feira, às 14h, no auditório Darcy Ribeiro, da Biblioteca Parque Estadual, no Centro.

Liesa recebe mais de 4.500 pedidos válidos de pré-reserva de frisas para os desfiles do Grupo Especial

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) recebeu na manhã de segunda-feira mais de 4.500 pedidos válidos para a pré-reserva de frisas para os desfiles do Grupo Especial de 2024. As solicitações foram realizadas de maneira online, pelo site oficial da entidade que organiza o Rio Carnaval.

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Foto: Riotur/Divulgação

Em função do alto número de acessos simultâneos, o sistema chegou a apresentar instabilidade durante o início do período, sendo normalizado em seguida.

Os contemplados com as reservas serão conhecidos a partir do dia 30 de novembro de 2023, pelo telefone (21) 3190-2100 ou na Central Liesa de Atendimento, que fica na Rua da Alfândega, 25, ljs B/C – Centro, entre 9h e 16h.

Paraíso do Tuiuti: Bateria dá show e comunidade prova estar com samba na ponta da língua em segundo ensaio de rua

A Paraíso do Tuiuti foi novamente para a rua, na noite da última segunda-feira, e tomou conta do Campo de São Cristóvão para realizar seu segundo ensaio do tipo visando o Carnaval de 2024. Já passava das 22h quando a tradicional queima de fogos tomou conta do céu, marcando o início de mais um treino, que teve uma duração de pouco mais de uma hora. Os principais segmentos estiveram presentes no encontro, que teve como grandes destaques o desempenho espetacular da bateria “Super Som” e o canto aguerrido da comunidade. No ano que vem, o Tuiuti será a quinta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. Na ocasião, a azul e amarela apresentará o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, uma homenagem ao marinheiro João Cândido, que atuou na liderança da Revolta da Chibata. O desenvolvimento do tema é do carnavalesco Jack Vasconcelos.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Esse segundo ensaio foi sensacional, ainda melhor que o da semana passada. E a tendência é essa, pois vamos lapidar o nosso trabalho para chegarmos em janeiro com ele pronto. Isso vai acontecer aos poucos. Hoje já ocorreram algumas novidades, como o mestre Marcão executando a bossa dele bem melhor, comissão de frente simulando as apresentações nos módulos de julgamento, enfim várias coisas diferentes na comparação com o primeiro treino. Então, a partir de agora, é aperfeiçoar esse trabalho. Temos um samba muito bom, muito fácil de se cantar, bem tranquilo. Prova disso é que toda a comunidade cantou muito hoje. Além disso, a evolução foi perfeita, com os componentes soltos, brincando, conforme era de fato a nossa ideia”, analisou André Gonçalves, diretor de carnaval do Paraíso do Tuiuti, em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.

Comissão de frente

De volta ao Paraíso do Tuiuti depois de uma rápida passagem pela Estação Primeira de Mangueira, a coreógrafa Cláudia Mota, que irá dividir em 2024 a responsabilidade da comissão de frente com Edifranc Alves, trouxe uma apresentação para o ensaio de rua marcada pela teatralização e pelos passos marcados. Nela, o grupo formado por 11 integrantes, sendo três mulheres e oito homens, realizava movimentos que traduziam em dança a história contada pela letra do samba. O ponto alto ocorria quando uma das componentes era erguida e se jogava de costas, sendo segurada pelos outros. Essa performance completa foi feita pelo menos três vezes no decorrer do treino, durante as paradas que simulavam as cabines de julgamento.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Em seu terceiro trabalho consecutivo como defensores do pavilhão principal da agremiação, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane apostou na simplicidade neste segundo ensaio de rua. Com relação ao figurino, os dois vieram com camisas da escola. Na parte de baixo, ela apostou uma saia longa na cor azul e ele em uma calça social cumprida na mesma tonalidade. Já na dança, a dupla apostou em um bailado mais tradicional, com um ritmo mais cadenciado em comparação ao estilo intenso característico do casal. Eles demonstraram bastante sincronia, com movimentos precisos e gestos longilíneos. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO após o término, os dois fizeram um balanço desse treino no Campo de São Cristóvão e explicaram a decisão de não realizarem as coreografias que estão preparando para o carnaval do ano que vem.

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“Ensaio de rua é sempre bom para a gente pegar ritmo, testar alguns movimentos para incluir na coreografia, mas hoje não fizemos nada daquilo que estamos trabalhando nos últimos meses. Esse ano a gente resolveu não mostrar, fazer um pouquinho mais de mistério. Então, usamos esse ensaio, basicamente, só para vir testando coisas aleatórias, que nós dois e todos aqueles que estão envolvidos na nossa preparação vão entender, mas que quem vê de fora não consegue. A nossa intenção é essa, pelo menos momentaneamente. No entanto, cedo ou tarde teremos que ensaiar com a nossa coreografia, não tem jeito, mas isso é algo para ser discutido só lá para frente”, afirmou Raphael.

“Foi um ensaio muito bom. Diferentemente do primeiro, a gente fez as cabines virando para se apresentar, por exemplo. E apesar de, como o Raphael mesmo frisou, a gente não ter feito a nossa coreografia, conseguimos testar algumas coisas, algumas ideias que surgiram ao longo dos nossos ensaios fechados. Então, foi um bom termômetro para gente. É bom poder fazer gradativamente. Como a gente teve o samba antes, tivemos bastante tempo para testar outras coisas, deixar a coreografia ali um pouquinho guardada, sem aparecer muito aqui no ensaio de rua. Somente lá na frente, quando essa coreografia estiver quase que totalmente pronta, é que a gente vai apresentar ela para o público”, complementou Dandara.

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Samba-enredo

Após realizar disputa de samba nos dois últimos carnavais, o Paraíso do Tuiuti decidiu para 2024 voltar a apostar suas fichas no modelo de encomenda. Para isso, a escola recorreu a um time estrelado de compositores, bastante conhecidos da casa, formado por Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia. O resultado foi uma obra de excelente qualidade, tanto em letra quanto em melodia, que tem crescido de rendimento a cada etapa, mantendo essa tendência neste segundo ensaio de rua. A performance segura do intérprete Pixulé, já extremamente entrosado com os demais cantores do carro de som, se mostrou um dos fatores principais para essa evolução. Aliado a isso, a ousadia da bateria, que usou e abusou das bossas e convenções, trouxe um brilho a mais para composição e contagiou boa parte dos presentes no Campo de São Cristóvão.

Harmonia

Depois de perder pontos preciosos no quesito em 2023, o Tuiuti está fazendo a lição de casa para corrigir as falhas e esse trabalho já demonstra seus primeiros resultados. Mesmo com a temporada de ensaios de rua ainda em sua fase inicial, é notório o crescimento do canto da agremiação em comparação aos anos anteriores. Prova disso é que em todas as alas foi possível observar a maioria dos componentes entoando o samba. Como destaques, as baianas se sobressaíram como um dos cantos mais fortes da escola; assim como a última ala, que chamou a atenção por ter esse afinco mesmo estando longe do carro de som. Na obra em si, vale mencionar como os pontos de maior rendimento o refrão principal, com os versos “Liberdade no coração/O dragão de João e Aldir/À Cidade em louvação/Desce o Morro do Tuiuti”, e a subida para ele, especialmente o trecho “Salve o Almirante Negro/Que faz de um samba enredo/Imortal!”.

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Evolução

Ao longo de mais de uma hora de ensaio de rua, o Paraíso do Tuiuti manteve uma evolução solta e leve, sem registros de problemas graves. Apesar dos componentes estarem mais livres dentro das alas, não houve embolamentos, nem a abertura de clarões significativos. De um modo geral, o ritmo adotado foi um pouco mais cadenciado, com momentos pontuais de parada que ocorreram justamente durante as apresentações da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira nas cabines simuladas de jurados. Vale mencionar também que a entrada e na saída da bateria no recuo aconteceu de forma tranquila, sem abrir buraco ou causar transtornos.

Bateria

Um dos maiores destaques desse segundo ensaio de rua do Paraíso do Tuiuti foi a bateria “Super Som”. Os ritmistas comandados por mestre Marcão tiveram uma atuação arrebatadora, contagiando componentes e espectadores. Tal performance foi fundamental para o bom rendimento do samba-enredo. Ao todo, seis bossas foram executadas durante o treino, além de terem sido explorados alguns desenhos e nuances a partir da letra e da melodia do hino oficial. Um exemplo disso ocorria no primeiro verso do refrão principal, “Liberdade no coração”, em que a batida do órgão era simulada.

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“A resposta positiva do componente da escola, do público que está assistindo, é algo muito gratificante, assim como ver a rapaziada da bateria focada naquilo que a gente vai fazer na Avenida. Tivemos algumas mudanças em relação ao primeiro ensaio, algumas pontas soltas que hoje amarramos, e o resultado ficou maneirinho, legal para caramba. Ainda coloquei mais algumas coisinhas ali, algumas maluquices minhas, umas ideias que surgiram na hora, e ficou bem bacana. É bom quando os caras abraçam a causa, pois é aí que a coisa flui melhor. Então, graças a Deus, estamos trabalhando duro, evoluindo a cada dia e a cada ensaio, e vamos embora. Só tenho que agradecer a essa rapaziada, a toda a minha diretoria pela dedicação deles e ao comprometimento que estão tendo com o trabalho”, avaliou mestre Marcão em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após o ensaio.

O comandante da “Super Som” ainda assegurou que esse trabalho realizado nos ensaios de rua será extremamente o mesmo que levará para o desfile oficial. “É com essa pegada aí que vamos para a Avenida. Estamos trabalhando com 142 BPM (batidas por minuto) e está bom para caramba. Acho que agora está se encorpando, o samba está funcionando bem, as pessoas estão ouvindo mais, os próprios ritmistas estão assimilando o que a gente quer, qual é o propósito daquilo dali, entendeu? E, graças a Deus, está fluindo tudo, até melhor que o planejado”, relatou mestre Marcão.

Outros destaques

A rainha de bateria Mayara Lima é sempre uma atração à parte quando se trata de Paraíso do Tuiuti. Com um figurino simples, um maiô vazado na cor dourada, a beldade atraiu todos os holofotes para si durante a sua passagem no ensaio de rua, seja pela sua simpatia ou por seu irretocável samba no pé. A interação dela com os ritmistas também chamou bastante atenção, tendo seu ápice no momento em que Mayara sambava de forma sincronizada com as bossas e desenhos executados pela bateria “Super Som”.

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Viradouro mostra força do seu chão no primeiro ensaio de rua para o Carnaval de 2024

A Unidos do Viradouro ocupou, na noite do último domingo, a Avenida Ernani do Amaral Peixoto, principal via do Centro de Niterói, para abrir a temporada de ensaios de rua para o Carnaval de 2024. A vermelha e branca, que foi vice-campeã da folia carioca em 2023, mostrou logo neste primeiro treino o motivo de ser a agremiação do Grupo Especial com maior regularidade em alto nível nos últimos anos, tendo com pior colocação um terceiro lugar em 2022. Além da comunidade em si, os principais nomes e segmentos da escola, incluindo a rainha de bateria Erika Januza, marcaram presença, sendo a comissão de frente a exceção. Com o samba na ponta da língua, os componentes mantiveram um canto aguerrido e uma evolução fluida ao longo de pouco mais de uma hora. Essa boa performance na apresentação contagiou o público, que compareceu em peso e vibrou muito no decorrer da passagem.

“A gente usa muito esse espaço da Amaral Peixoto como um detalhe técnico que tentamos o tempo todo aprofundar. Aqui trabalhamos as nossas bossas, o nosso tempo de desfile, usamos a metragem correta da Avenida, então não tem como negar que é, para nós, o ensaio mais importante. É o momento que, de verdade, a gente consegue pegar tudo que estamos fazendo na quadra, o que cada um dos quesitos e segmentos estão desenvolvendo separadamente, juntar tudo e canalizar aqui na Amaral Peixoto nos mesmo moldes do desfile oficial. Por isso, ele ganha esse grau de importância. Entretanto, o primeiro ensaio sempre vai ser o primeiro ensaio. Por melhor que seja, a gente vai enxergar pontos que precisam ser ajustados. Por ser o começo de um trabalho, a nossa expectativa para hoje era de ter muita coisa para ajustar. No entanto, por incrível que pareça, vimos algumas questões pontuais que realmente precisam de ajustes, mas muitas já bem resolvidas. O nosso intuito era ensaiar o canto, a evolução, a parada nos módulos julgadores, os dois recuos, e tudo saiu de forma muito bacana. É claro que a gente não pode ficar estacionado em um bom primeiro ensaio. Nós vamos ensaiar praticamente todos os domingos até o desfile oficial e a melhoria, o aperfeiçoamento, ao longo desse processo vai ser visível. A ideia é sempre está olhando para dentro, reavaliando o que nós fizemos uma semana para tentar fazer melhor no próximo domingo. Se me perguntar se estou satisfeito com o primeiro ensaio, a resposta é que estou sim, mas isso não basta. Vamos treinar mais para poder atingir o nosso ápice no desfile oficial”, declarou Dudu Falcão, diretor de carnaval.

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Esse primeiro ensaio de rua da Unidos do Viradouro marcou o reencontro do intérprete Wander Pires com a Avenida Ernani do Amaral Peixoto depois de 13 anos. O cantor teve uma passagem pela agremiação no Carnaval de 2010, em um momento delicado da vermelha e branca, marcado por um rebaixamento após quase 20 anos de Grupo Especial. Agora, ele retorna em uma nova realidade da escola, mais estrutura e extremamente competitiva, sendo considerado um dos trunfos para a disputa do título em 2024. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, Wander fez um balanço, logo assim que o treino terminou, sobre a experiência de voltar a vivenciar esse clima da Viradouro na principal via do Centro de Niterói e aproveitou para exaltar a importância desse tipo de ensaio, não só para os preparativos da escola em si, mas também para os seus torcedores.

“É uma emoção muito grande, porque na rua você sente o público, tem esse contato mais próximo dele. Além disso, esses ensaios são, muitas vezes, as únicas oportunidades que vários torcedores, admiradores da escola, possuem de ver a Viradouro com tudo que ela vai fazer na Avenida, só sem os carros e as fantasias. São pessoas que, por diversos motivos, não podem ir para quadra ou para Marquês de Sapucaí e vem aqui para Amaral Peixoto ver a escola. E eu faria igual, não deixaria de vir um domingo sequer. Neste primeiro ensaio, infelizmente, não tivemos a presença do nosso presidente de honra e patrono Marcelo Calil, nem do nosso diretor executivo Marcelinho Calil, a gente sentiu muito a falta deles, mas o resultado foi positivo e a energia muito grande. A bateria dando show, o mestre Ciça emocionado com tudo dentro dando certo, o entrosamento perfeito com o carro de som, então só posso dizer que a gente está muito feliz. Temos um samba que, até para gente mesmo que está cantando sempre, mexe com a alma e desperta algo dentro de cada um que torna quase impossível não se emocionar com ele. É um samba lindo e que está na boca do povo. Durante o ensaio, cheguei perto de muita gente que estava apenas assistindo e todo mundo estava cantando, com a letra na ponta da língua, fiquei muito feliz com isso. Não quero ser prepotente e afirmar que é o samba do Carnaval de 2024, mas o que vimos hoje é a prova de que no mínimo está entre os melhores”, afirmou Wander Pires.

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Atualmente, em sua segunda passagem na agremiação, mestre Ciça fará em 2024 o seu décimo sexto desfile como o responsável pela bateria “Furacão Vermelho e Branco”. Com uma trajetória tão extensa na escola, o comandante está mais do que familiarizado com os ensaios na Avenida Ernani do Amaral Peixoto e não poupou elogios para o local, durante entrevista concedida para reportagem do site CARNAVALESCO. No decorrer do bate-papo, ele enalteceu esses treinos de rua na preparação para o desfile oficial, assim como destacou as diferenças para o trabalho realizado dentro da quadra.

“A importância dos ensaios de rua é enorme e uma avenida como essa é um verdadeiro privilégio que nós temos, pois a gente sente como se estivesse no campo de jogo. É aqui que começamos a corrigir os problemas. Sempre tem um negócio para a gente acertar, que na quadra não dá para corrigir. Portanto, a importância é essa. Eu sou apaixonado por ensaios de rua, gosto de tocar ao ar livre, sentir como é que a bateria está, ter uma maior noção do canto da escola. É algo totalmente diferente do ensaio de quadra, em que se tem muita vibração do teto, a acústica não é 100%. Somente na rua é possível medir a afinação, checar o andamento, testar as propostas que a bateria possui para aquele ano. É o que fizemos neste primeiro ensaio, testamos algumas bossas, questões de deslocamento… Eu vim com os atabaques e, por exemplo, ainda estou pensando se vou botar no meio ou na parte de trás da bateria, então os ensaios de rua vão servir de experimentação”, pontuou Ciça.

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O suor nas mãos, a inquietude e a famosa sensação de frio na barriga quase sempre antecedem momentos cercados de grande expectativas. E isso não é diferente quando se trata do início de uma temporada de ensaios de rua, como garantem o mestre-sala Julinho Nascimento e a porta-bandeira Rute Alves. Dançando juntos desde o Carnaval de 2008, os dois defendem o primeiro pavilhão da Viradouro há seis anos e mesmo com toda essa experiência não escondem o nervosismo diante do começo de mais um trabalho na Avenida Ernani do Amaral Peixoto. O casal, que já vinha mantendo uma rotina de treinos visando o desfile oficial do ano que vem, conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO sobre a importância dessa nova etapa, além de fazer uma avaliação do desempenho deles neste primeiro ensaio.

“Cada ano é uma emoção diferente. Antes do início desse ensaio, a gente estava concentrado e os dois com as mãos suadas, frias, ansiosos pelo começo. E nós entendemos que isso é normal. Tem que ter essa emoção, esse calor, porque a gente leva o ensaio de rua tão a sério quanto o ensaio técnico na Sapucaí ou até mesmo o desfile oficial. Então, tem que dar esse friozinho na barriga na hora que vai começar. Se não der, alguma coisa está errada. E essa emoção, esse calor, só aumenta ao saber que a gente tem um lindo samba, de que a escola mais uma vez tem uma grande responsabilidade de encerrar o Carnaval, e que está sendo preparado um desfile muito bonito, se Deus quiser ainda mais belo do que foi o do ano passado. Respeitando todas as coirmãs, tenho fé que a Viradouro vai sim conseguir alcançar o tão almejado título”, relatou Julinho.

“Parece que todo aquele cansaço que a gente viveu no último ano, zerou. E por mais que a gente passe por várias etapas, o primeiro ensaio de rua é um momento especial. O Júlio e eu estamos ensaiando desde junho. Já passamos pela etapa da disputa de samba, da escolha, logo depois começamos a montar a nossa coreografia e veio este novo momento, que é diferente dos outros porque é realmente um pontapé para o Carnaval. É na rua que a gente testa, tanto que viemos com a coreografia oficial. Claro que daqui até o Carnaval ela pode ou não sofrer alguma alteração. Ela é muito ensaiada, 300 milhões de vezes, justamente para ficar uma coisa bem no sangue, bem natural. E hoje foi esse primeiro teste para ver o que funciona e o que não funciona. Eu, particularmente, tive muita dificuldade com o chão. Esse ano a gente tem uma movimentação que em algum momento eu sigo partindo, então eu não tenho essa referência do Júlio, e como é um outro ambiente, fora o barracão que a gente está ensaiando, eu tive um pouco de dificuldade. Porém, o saldo desse primeiro ensaio é super positivo. O entusiasmo, aquela adrenalina de ‘está chegando a hora’, são muito importantes nesta fase. E esses treinos a céu aberto também são ótimos para gente aprimorar o condicionamento físico, ter esse contato com a bateria, com o Wander. Então, assim, o ensaio de rua é muito especial. É claro que depois normatiza, até porque serão todos os domingos até fevereiro, mas o de hoje, o primeiro, sempre marca”, ponderou Rute.

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Fotos: Diogo Sampaio/Divulgação

No ano que vem, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação irá em busca do terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.

Canto forte se destaca em ensaio de quadra da Independente Tricolor

Por Fábio Martins e Lucas Sampaio

A Independente Tricolor realizou no domingo um ensaio geral em preparação para o desfile no Grupo Especial do Carnaval 2024. O destaque vai para o bom desempenho do samba na voz dos componentes que marcaram presença na quadra localizada na Vila Guilherme. A escola, que levará para a Avenida o enredo “Agojie, a Lâmina da Liberdade!”, assinado pelo carnavalesco Amauri Santos, fará ensaios técnicos no Sambódromo do Anhembi nos dias 13 e 20 de janeiro antes de ser a quinta agremiação a se apresentar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro.

IndependenteTricolor et Comunidade
Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Graci assume o pavilhão com as bênçãos de Thais

Uma das mudanças da Independente está no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Jeff Antony dançará em 2024 com Graci Araújo. Em conversa com a equipe do site CARNAVALESCO, a dupla falou sobre o volume de ensaios em preparação para o desfile que se aproxima.

“A gente intensificou para mais vezes na semana. O Jefferson mora em uma outra cidade, então a gente ensaia aqui na quadra, mas também se desloca para a cidade dele para ensaiar. Como nossa parceria é recente e a gente tem um desafio para esse ano, a gente foca bastante já na estratégia de pista desde o começo. Já temos ali um jurado, e a gente vai adaptar conforme vem a evolução e as próximas definições. Mas a gente já intensificou, já redobrou e sempre em cima do que tem para a pista”, disse a porta-bandeira.

O ano de 2024 trará grandes novidades para o quesito, e o casal decidiu por se preparar para as diferentes possibilidades até o momento em que tudo estiver definido de fato. O treinamento diferenciado realizado sob supervisão de Ednei Mariano, mestre-sala que fez história em São Paulo e hoje atua como preparador de casais, promete ser o trunfo para que Jeff e Graci alcancem as notas pretendidas mesmo em um carnaval tão atípico.

“Em primeiro instante, é um pouco assustador. Tudo que é novo causa uma certa dúvida, uma certa incerteza. Mas a gente está trabalhando o máximo de todas as informações que a gente já conseguiu obter. A gente ainda não tem tudo ao certo como será, onde serão as cabines, como já era de costume, mas coreografia, andamento, a gente está trabalhando. Tudo ali em cima do regulamento, até mesmo pelo mestre Ednei estar trabalhando com a gente, que é um dos pioneiros que está à frente desse projeto. Ele está sempre ali trazendo todas as informações para nós. Mas a gente está um pouquinho assustado ainda porque a gente não sabe o que vem por aí”, comentou o mestre-sala.

“A gente tem o plano A, o B e o C. O parado em frente à pista, o navegando num raio ou o evoluindo. Então a gente sempre, todos os dias, passa o A, o B e o C”, completou a porta-bandeira.

IndependenteTricolor et PrimeiroCasalJeffGraci

Graci Araújo assume o posto de primeira porta-bandeira por uma boa causa. Thais Paraguassu precisou se ausentar do próximo carnaval por estar grávida, e a nova guardiã do pavilhão principal chega à Independente a convite de Jeff e Thais. Graci está feliz na nova casa, e Jeff vê na nova parceria um novo desafio em sua carreira.

“Foi muito legal. Desde quando eu cheguei, o pessoal recebeu de braços abertos. Eu acho que a presença da Thais também constantemente, algo muito pacífico. Como foi um convite do casal, então, em nenhum momento, teve algo hostil ou de comparação. É muito de contribuição a receptividade que eu tenho aqui. Eu me sinto muito acolhida aqui. O pessoal é um público muito específico aqui na Independente, e eles foram muito disponíveis para me conhecer. Quando a gente chega mais cedo, o pessoal vem, conversa. Tenho tido essa oportunidade de apresentar o meu pessoal também”, citou ela.

IndependenteTricolor et PrimeiroCasal

“Confesso que foi um desafio muito grande. Quando a Thais veio com a surpresa de que não desfilaria, afinal a Thais está ganhando um neném. É muito legal essa parte, ela está realizando um sonho, mas aí ela deixou praticamente um trabalho árduo ali para mim. Até mesmo porque eu e ela já tinham um trabalho que já estava num compasso bacana. Mas eu sempre fui muito motivado a desafios, então esse é um desafio muito bacana, de ter escolhido uma parceira bacana que também é uma pessoa como eu, que se joga também, não mede esforços para fazer acontecer. Estou confiante, vai dar tudo certo. Não está sendo fácil, a gente sabe de todo trabalho, até mesmo por conta desse desafio de ser tudo novo. Só saberemos depois do carnaval se o nosso trabalho deu certo ou não deu. Mas estamos aí, fortes, lutando e com fé que seremos vitoriosos nesse carnaval”, garantiu Jeff.

IndependenteTricolor et Baiana

Sem surpresas, o casal já sabe como serão as fantasias que utilizarão no Carnaval 2024, mesmo que por enquanto só esteja no papel. Jeff e Graci aproveitaram para falar das primeiras impressões a respeito das roupas.

“A gente já viu o desenho. Vai ser confeccionado esse ano pelo Bruno, novamente pela escola e também já fiz os trabalhos com ele. Isso traz um conforto pelo fato dele já nos conhecer. Habemus desenho e já está em progresso a confecção. Vai ser diferente de tudo que eu já dancei, então vai ser bem interessante”, afirmou Graci.

Missão de Chitão Martins para 2024 na nova casa

Outro que estreará pela Independente em 2024 é o intérprete Chitão Martins. O cantor falou sobre a recepção que teve na nova casa e demonstrou alegria com a recepção que teve da comunidade.

“Me receberam muito bem. De verdade, me senti em casa totalmente, acolhido, abraçado. Uma comunidade que canta forte, que gosta do carnaval, que gosta de cantar, que tem uma energia boa. Estou bem feliz, estou em casa e pronto para dar o primeiro pontapé inicial no carnaval pela Independente nesse primeiro ano de Avenida. Tenho certeza de que vai ser um grande carnaval”, declarou o artista.

IndependenteTricolor et InterpreteChitao

Chitão acredita que a adaptação ao novo regulamento que entrará em vigor para o próximo carnaval não será fácil. Vê de forma positiva as mudanças para elevar a qualidade dos julgamentos feitos, porém acredita que podem ser feitas ainda mais melhorias.

“Toda mudança é complicada. Acho que o primeiro ano vai ser muito difícil para todo mundo, para a gente poder entender como vai ser o critério. Eu acho que vai engessar um pouco os cantores, principalmente cantores que gostam de fazer cacos. Apesar de no regulamento não ser específico em relação ao caco, mas se atrapalhar a letra, acho que vai ser um critério que vai ser um pouco que vai da cabeça do jurado, achar que vai atrapalhar ou não. Então acho que nesse primeiro ano, pelo menos para mim, eu vou estudar um pouco, fazer menos carco e procurar cantar mais o samba. Sair um pouco da minha característica, mas eu acho super válido. Acho que a ala de som tem que ser julgada, acho que a ala musical tem que ser julgada pelo trabalho que ela faz de afinação, harmonicamente falando, mas eu também acho que o jurado tem que ter um aparato apropriado para poder ouvir. Acho que não dá para se garantir só nas caixas de som, só no nosso carrinho de retorno, acho que poderia ter ali um pontinho de retorno para ele, onde o que sai na mesa saia no fonezinho dele e tal. Acho que é tudo uma questão de estudo, e acho que o primeiro ano é teste e que tem tudo para abrilhantar e tirar essa chuva de dez que está batendo durante esses anos aí. Tudo que é mudança a gente no começo estranha, mas depois se consuma, e acha válida”, opinou.

Inédita na Independente, a temática africana no enredo trouxe junto, ao contrário do que se esperava, uma mudança no estilo de samba que a escola em relação aos últimos carnavais. Chitão celebrou a obra composta, demonstrando otimismo em relação ao seu desempenho na Avenida.

IndependenteTricolor et InterpreteChitaoPalco

“O samba para mim foi até uma surpresa, porque a Independente vinha numa linha de samba com uma tonalidade menor, samba mais de lamento, e quando o enredo saiu, que era enredo africano, um enredo com o tema afro, eu pensei que ia vir a mesma característica. Quando apresentaram o samba para mim, vi que era um samba totalmente diferente, parecia até que o samba foi feito para mim, com uma característica mais alegre, um samba de tonalidade maior, um samba para cima. Então foi bem tranquilo, o samba praticamente foi feito para minha voz, apesar dos compositores não saberem que eu seria o cantor. Até então ainda não estava fechado quando eles começaram a fazer o samba. Então, para mim foi bem tranquilo, o samba está muito bem cantado aqui na guarda, é um samba que ele vem do começo ao final numa energia boa, numa pegada legal, numa crescente. Não tem aquela pausa de descanso, ele é totalmente atacando o samba inteiro. Acho que tem tudo para contagiar todos os sambistas que estiverem assistindo o carnaval de São Paulo”, avaliou.

IndependenteTricolor et SegundoCasalPavilhaoEnredo

Chitão Martins aposta na boa sintonia que obteve com o samba para aplicar ao máximo de suas qualidades no desfile da Independente para o carnaval de 2024.

“O meu trunfo é a energia. É minha característica, acho que esse é o trunfo, a gente poder entregar a alma no samba, um samba alegre do jeito que ele é. A intenção agora é dar alegria, dar energia para poder a galera se cativar e cair para dentro do samba como já está fazendo nos ensaios”, finalizou.

‘Trunfo é o crescimento’

Encarregada de garantir o bom andamento da Independente Tricolor como um todo, a diretora de carnaval Luciana Moreira falou a respeito da estratégia que a escola pretende adotar até o dia do desfile.

“A estratégia é ensaio. Agora a gente não tem mais folga. Temos aí aproximadamente de 8 a 9 domingos para o dia do desfile, então a gente vem trabalhando muito esse motivacional para os componentes e fazer eles entenderem que é uma disputa. É um carnaval grandioso, mas que a gente precisa fazer um trabalho com seriedade e isso só se torna possível se eles se fizerem presentes. O motivacional de conduzir e influenciar eles é o que mais impacta”, declarou a diretora.

IndependenteTricolor et DiretoraCarnavalLuciana

Luciana garante que a comunidade está pronta para encarar qualquer desafio que venha pela frente, e o enredo para 2024 vem para agregar às qualidades que a escola possui.

“Não teve muita mudança na preparação. A Independente é uma comunidade muito apaixonada e o enredo que a gente lança o pessoal agarra com todas as forças. Agora, o que mudou é a gente trazer mesmo a força da escola, o amor pela escola, que mesmo sendo um enredo afro, mostra também a força da mulher e a força do ser humano. A gente segue a mesma linhagem de conduzir as pessoas para cá”, explicou.

IndependenteTricolor et Comunidade4

Uma vez encerrado o ensaio, Luciana aposta em um trabalho organizado e progressivo até a chegada dos ensaios técnicos em janeiro, deixando claro qual é o trunfo da escola nesse processo de preparação.

“Ainda é um trabalho de formiguinha. A gente vai conduzindo a escola, ensaiando pouco a pouco, mas a gente tem muita surpresa ainda para apresentar no ensaio técnico. Nossa estratégia de trabalho vem se implementando a cada ensaio, e o que vamos apresentar na avenida ainda é segredo. Nosso trunfo mesmo é o trabalho. Nós somos uma escola competitiva, gostamos mesmo de ir para a disputa, e todo mundo sempre almeja mais e mais. O trunfo é o crescimento”, afirmou.

IndependenteTricolor et Comissao

Bateria com pegada totalmente afro

Uma mudança nas características da bateria está nas projeções do mestre Cassiano Andrade para o carnaval de 2024. O samba afro que a comunidade cantará pede um estilo de apresentação diferente do que a Independente costuma trazer, e o comandante da “Ritmo Forte” apontou algumas das novidades que levará para a Avenida.

“A Independente abraçou um projeto, levando para o tema afro, e a bateria comprou a ideia. Acho que a gente vai para um lance bem mais afro agora, vai para o afro total. Abraçar a parada mesmo de tambor. Pelo menos a bateria vai vir nessa ideia do tambor forte dentro do samba, respeitando bastante o que o enredo pede. Eu acho que vai ser uma parada bem diferente do que a Independente se acostumou a fazer. A gente tá numa linhagem diferente nesse lance de samba, até mesmo de bateria eu tive que adaptar algumas coisas para poder encaixar legal”, explicou o mestre.

Cassiano aposta em instrumentos tradicionais ao apontar quais instrumentos ganharão destaque na apresentação do próximo carnaval da Independente.

“Os instrumentos que vão ganhar bastante destaque esse ano vão ser os surdos de terceira e os tambores. Eu vou vir com o atabaque e djembê, e a terceira está pontuando bastante umas partes do samba que fala do lance do tambor. Como caracteriza bastante nesses momentos, é onde vai enriquecer bastante esses instrumentos. Os outros também têm as suas particularidades dentro do samba, mas acho que esses são os que mais vão ter forma”, explicou.

IndependenteTricolor et MestreCassiano

Com as mudanças previstas para o quesito samba-enredo, que tem ligação intimamente forte com a bateria, mestre Cassiano garante a comunicação com o carro de som está boa e demonstrou estar acostumado a encarar as novidades vindas dos jurados.

“A gente procura ter uma discussão saudável sempre, referente a ter uma ligação legal da bateria com o carro de som. Essa ligação de bateria com o carro de som, pelo menos a Independente, a gente está procurando ter uma parada bem alinhada, bem certinha, para não ter nenhum entrave, nenhum tipo de desencontro. Esse lance de regulamento, como quase todo ano vem mudando, a gente fica sempre em alerta, se adequando ao regulamento. Tem que se adequar”, concluiu.

Harmonia é o grande destaque do ensaio

O feriado prolongado não foi capaz de desanimar os componentes que participaram do ensaio geral. Mesmo com um contingente inferior ao que costuma comparecer nos treinos, o canto da comunidade foi o grande destaque. A Independente dividiu o treinamento em duas etapas, sendo a primeira com as alas espalhadas pela quadra e divididas em duas filas e em seguida, de forma mais compacta, passaram a dar voltas pelo espaço simulando uma evolução. Em ambos os momentos, era nítido que o samba da escola está na boca do povo. A obra não possui momentos de baixa, mantendo quem o cantar com o astral elevado como o carnaval tem que ser. A virada para o refrão principal é feita de forma que leva o público a entrar na dança, e é um dos elementos que mostram que a aposta dos tricolores para 2024 foi acertada. As expectativas para o que virá nos ensaios técnicos e no desfile oficial saem elevadas após um desempenho tão satisfatório.

‘Uma nova Tucuruvi!’ Comunidade da Cantareira se mostra empenhada para conquistar sua estrela

Por Gustavo Lima e Will Ferreira

O Acadêmicos do Tucuruvi deu sequência aos seus ensaios de quadra, na noite do último domingo, visando o próximo carnaval. O treino, que não teve o contingente costumeiro, foi marcado pelo empenho da comunidade. O samba do ‘Zaca’ é um dos mais aclamados para 2024, mas havia um certo receio pensando no canto dos componentes. Isso devido ao fato da forte presença de palavras de matriz africana. Porém, é nítido o esforço dos desfilantes em querer aprender cada vez mais. Além do canto, o time de harmonia colocou a escola para evoluir ao entorno da quadra. Baianas, velha-guarda, passistas, malandros e outras alas da Cantareira participaram ativamente. Para 2024 a escola irá levar o enredo “Ifá”, com assinatura dos carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte, fechando os desfiles do Grupo Especial.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Trabalho com a comunidade

A diretora de harmonia, Fabiana Lopes, agora assume sozinha o cargo. A profissional se diz contente com o trabalho que vem sendo feito. “Olha, nós já estamos com 80% da escola fechada de componentes. Todo mundo que está aqui está cantando o nosso samba. Estou muito contente e muito feliz. Não tem nada que seja possível apontar pensando em grandes melhorias. O pessoal demorou para chegar hoje, mas já está chegando. Já estamos encaixando o pessoal nas alas, está quase tudo certo para o Carnaval 2024”, declarou.

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Fabiana disse que o componente pode levar a agremiação ao inédito título. “O grande trunfo da nossa escola é o nosso componente, a nossa comunidade. Eles estão muito felizes e contentes. Eles estão com garra e com vontade de ser campeão”, concluiu.

Empenho coletivo

O mestre Serginho, que atingiu nota máxima no último carnaval, contou que mudou tudo na questão rítmica devido à nova proposta de enredo e samba. O músico também falou da importância e responsabilidade que é fechar o carnaval e desfilar depois do Império, exigindo criatividade. “Já mudamos tudo em relação ao ano passado. Já tínhamos a visão na escolha do enredo, já tínhamos a proposta de fazer alguma coisa diferente e mudamos bastante coisa. Trouxemos duas ou três paradinhas que já estão rolando. Quando entramos nessa pegada afro, na verdade, é macumba. E, aqui, é macumba, mesmo. Introduzimos um esquema na bateria que tem alguns toques de macumba. A proposta é bem bacana, mudamos porque fechar o carnaval é algo diferente, o quesito samba-enredo mudou no julgamento, com a introdução do carro de som. Fizemos uma bossa para que a gente utilize a bateria e a ala musical, fortalecendo todos. Bolamos uma paradinha que pega a escola inteira, não só a bateria e a ala musical. Tem muita coisa funcionando, está bem legal. Quando terminou a apuração, nós já sabíamos que seríamos a última em 2024. Não sei se o grande público já sabia, e eu já me perguntei o que faríamos. Como a gente virá depois do Império, temos que fazer um jogo totalmente diferente. Vamos fazer algo criativo com a ala musical, não vamos chutar o pau no andamento e vamos integrar todos. Esse é o nosso maior trunfo esse ano”, disse.

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O diretor de bateria afirmou que é uma nova Tucuruvi e que o objetivo é ‘brigar por alguma coisa’. “Estamos fazendo ensaio de canto toda terça-feira, coisa que a escola eu acho que nunca fez. Samba de macumba, enredo de macumba, ensaio de terça-feira, estou pessoalmente toda terça-feira aqui, passo o que vai acontecer, tem toda uma dinâmica e a gente explica tudo e aí todo mundo fica fascinado. É uma nova Tucuruvi, e tem que ser uma nova Tucuruvi para fechar o carnaval e querer brigar por alguma coisa”, completou.

Nova parceria

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Luan Caliel e Beatriz Teixeira, são estreantes juntos. O jovem está indo para o seu terceiro carnaval na agremiação, enquanto a porta-bandeira chega no andamento do projeto, o que de certa forma pode atrasar o planejamento. Entretanto, de acordo com a dupla, as coisas estão adiantadas.

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“Para 2024, estamos bem adiantados. Pensamos que não iria dar tempo, já que foi muito de supetão, praticamente a quatro meses do carnaval. Mas estamos ensaiando bastante, está tudo encaminhado e sincronizado, estamos quase nos matando e nos xingando do tanto que a gente se vê, mas tudo está dando certo”, disse a porta-bandeira.

“Fizemos uma programação de ensaio neste ano, fechamos alguns dias na semana. Toda quarta-feira a gente se vê em Mauá, já que fica mais perto para nós. Quinzenalmente, aos sábados, a gente ensaia com a Dani Renzo, na Fábrica do Samba; e, aos domingos, uma hora antes de começar o ensaio da escola. É uma rotina de ensaios que pegamos bem forte, em uma parceria nova temos sempre que entrosar e conhecer a pessoa além da dança. Tudo está se encaixando e fluindo, não tem parceira melhor. Quando os dois amam a dança, tudo flui”, completou o mestre-sala.

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Danças afro estão sendo estudadas e serão implantadas na coreografia, segundo Beatriz. Já Luan diz que o novo regulamento não teve tantas alterações.

“Estamos estudando um pouco dos movimentos africanos, está sendo bem gostoso se aprofundar nesses ritmos. “Já estamos trabalhando bastante para isso. Vai dar tudo certo e, agora, é só brilhar no dia”, afirmou a porta-bandeira.

“O regulamento novo não mudou tanto assim. Ele acrescentou alguns pontos que alguns casais já colocavam em prática, como a dança no ritmo do samba e o desenho coreográfico da pista – que nós dois já fazíamos e agora está regulamentado. Acredito que não vai atrapalhar tanto a nossa dança, já que estamos acostumados a fazer isso”, explicou o mestre-sala.

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Caliel ainda disse ter visto a fantasia de 2024 e está animado. “Já vimos a fantasia, sim! Podem aguardar que vai vir uma porrada”, finalizou.

O intérprete oficial, Hudson Luiz, exaltou a qualidade do samba e o empenho da comunidade, que, segundo ele, não mede esforços para melhorar cada vez mais. “É uma surpresa muito boa. A gente teve uma disputa maravilhosa e escolhemos um samba que a comunidade inteira abraçou. Do primeiro ensaio até esse momento vem cantando com uma vontade muito grande. Muita gente falou em samba difícil, mas a dificuldade está em quem quer ter. está sendo uma evolução muito legal, muitos componentes novos estão surgindo na escola e todos eles com a mesma vontade de cantar para seguir no dia do nosso desfile e buscar o nosso sonho, que é esse título para a Cantareira”, disse.

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O cantor mostrou gratidão a toda a comunidade e diretoria da agremiação. O recebimento e carta branca para o trabalho foram levantados por Hudson. “Está sendo uma experiência maravilhosa. A comunidade inteira me abraçou, a diretoria me abraçou, nosso gestor maior, Rodrigo Delduque, me deu carta branca para trabalhar. Quando você tem isso, consegue montar um grande time musical. Estou muito feliz com a possibilidade de executar um grande trabalho, com um grande samba e, principalmente, com uma escola que quer lutar e conquistar um grande sonho e trazer essa estrela tão sonhada”, declarou.

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Luiz falou sobre a amizade que vem construindo com o mestre Serginho e a parceria da ‘Bateria do Zaca’ com a ala musical tem dado frutos. “É engraçado que a gente não se conhecia e quando eu vim pra cá, ele falou: ‘negão, eu estou com você’. Tem sido uma parceria de muita amizade e muita proximidade. Mesmo eu estando no Rio, ele me manda mensagem perguntando sobre algumas coisas e eu como sempre procuro ele para perguntar. A gente debate muito para saber qual é o melhor caminho para o samba. Desde a bateria até a parte musical. A gente troca muitas ideias. Parece que a gente trabalha há muitos anos, mas na verdade é uma parceria que vem dando muito certo”, completou.

Análise do samba

Apesar de a quadra não estar com todas as alas neste último ensaio, notou-se que o canto da comunidade é forte. Os componentes entenderam a mensagem de que tem ‘ouro nas mãos’ e precisa transformar isso em realidade. O samba é grandioso e o empenho é digno de reconhecimento. Na largada, por exemplo, a bateria não sobe prontamente. O intérprete Hudson Luiz conduz os componentes a cantarem em uma só voz e, depois de três ou quatro passagens, a batucada entra no ritmo junto com a ala musical.

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Vale destacar que a escola vem fazendo frequentemente ensaios de canto, além do ensaio geral. Sem dúvida, isso culmina em um resultado mais positivo do que seria um treino por semana.