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Paraíso do Tuiuti: Bateria dá show e comunidade prova estar com samba na ponta da língua em segundo ensaio de rua

A Paraíso do Tuiuti foi novamente para a rua, na noite da última segunda-feira, e tomou conta do Campo de São Cristóvão para realizar seu segundo ensaio do tipo visando o Carnaval de 2024. Já passava das 22h quando a tradicional queima de fogos tomou conta do céu, marcando o início de mais um treino, que teve uma duração de pouco mais de uma hora. Os principais segmentos estiveram presentes no encontro, que teve como grandes destaques o desempenho espetacular da bateria “Super Som” e o canto aguerrido da comunidade. No ano que vem, o Tuiuti será a quinta escola a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, pelo Grupo Especial. Na ocasião, a azul e amarela apresentará o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, uma homenagem ao marinheiro João Cândido, que atuou na liderança da Revolta da Chibata. O desenvolvimento do tema é do carnavalesco Jack Vasconcelos.

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Fotos: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“Esse segundo ensaio foi sensacional, ainda melhor que o da semana passada. E a tendência é essa, pois vamos lapidar o nosso trabalho para chegarmos em janeiro com ele pronto. Isso vai acontecer aos poucos. Hoje já ocorreram algumas novidades, como o mestre Marcão executando a bossa dele bem melhor, comissão de frente simulando as apresentações nos módulos de julgamento, enfim várias coisas diferentes na comparação com o primeiro treino. Então, a partir de agora, é aperfeiçoar esse trabalho. Temos um samba muito bom, muito fácil de se cantar, bem tranquilo. Prova disso é que toda a comunidade cantou muito hoje. Além disso, a evolução foi perfeita, com os componentes soltos, brincando, conforme era de fato a nossa ideia”, analisou André Gonçalves, diretor de carnaval do Paraíso do Tuiuti, em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO.

Comissão de frente

De volta ao Paraíso do Tuiuti depois de uma rápida passagem pela Estação Primeira de Mangueira, a coreógrafa Cláudia Mota, que irá dividir em 2024 a responsabilidade da comissão de frente com Edifranc Alves, trouxe uma apresentação para o ensaio de rua marcada pela teatralização e pelos passos marcados. Nela, o grupo formado por 11 integrantes, sendo três mulheres e oito homens, realizava movimentos que traduziam em dança a história contada pela letra do samba. O ponto alto ocorria quando uma das componentes era erguida e se jogava de costas, sendo segurada pelos outros. Essa performance completa foi feita pelo menos três vezes no decorrer do treino, durante as paradas que simulavam as cabines de julgamento.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

Em seu terceiro trabalho consecutivo como defensores do pavilhão principal da agremiação, o casal de mestre-sala e porta-bandeira Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane apostou na simplicidade neste segundo ensaio de rua. Com relação ao figurino, os dois vieram com camisas da escola. Na parte de baixo, ela apostou uma saia longa na cor azul e ele em uma calça social cumprida na mesma tonalidade. Já na dança, a dupla apostou em um bailado mais tradicional, com um ritmo mais cadenciado em comparação ao estilo intenso característico do casal. Eles demonstraram bastante sincronia, com movimentos precisos e gestos longilíneos. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO após o término, os dois fizeram um balanço desse treino no Campo de São Cristóvão e explicaram a decisão de não realizarem as coreografias que estão preparando para o carnaval do ano que vem.

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“Ensaio de rua é sempre bom para a gente pegar ritmo, testar alguns movimentos para incluir na coreografia, mas hoje não fizemos nada daquilo que estamos trabalhando nos últimos meses. Esse ano a gente resolveu não mostrar, fazer um pouquinho mais de mistério. Então, usamos esse ensaio, basicamente, só para vir testando coisas aleatórias, que nós dois e todos aqueles que estão envolvidos na nossa preparação vão entender, mas que quem vê de fora não consegue. A nossa intenção é essa, pelo menos momentaneamente. No entanto, cedo ou tarde teremos que ensaiar com a nossa coreografia, não tem jeito, mas isso é algo para ser discutido só lá para frente”, afirmou Raphael.

“Foi um ensaio muito bom. Diferentemente do primeiro, a gente fez as cabines virando para se apresentar, por exemplo. E apesar de, como o Raphael mesmo frisou, a gente não ter feito a nossa coreografia, conseguimos testar algumas coisas, algumas ideias que surgiram ao longo dos nossos ensaios fechados. Então, foi um bom termômetro para gente. É bom poder fazer gradativamente. Como a gente teve o samba antes, tivemos bastante tempo para testar outras coisas, deixar a coreografia ali um pouquinho guardada, sem aparecer muito aqui no ensaio de rua. Somente lá na frente, quando essa coreografia estiver quase que totalmente pronta, é que a gente vai apresentar ela para o público”, complementou Dandara.

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Samba-enredo

Após realizar disputa de samba nos dois últimos carnavais, o Paraíso do Tuiuti decidiu para 2024 voltar a apostar suas fichas no modelo de encomenda. Para isso, a escola recorreu a um time estrelado de compositores, bastante conhecidos da casa, formado por Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia. O resultado foi uma obra de excelente qualidade, tanto em letra quanto em melodia, que tem crescido de rendimento a cada etapa, mantendo essa tendência neste segundo ensaio de rua. A performance segura do intérprete Pixulé, já extremamente entrosado com os demais cantores do carro de som, se mostrou um dos fatores principais para essa evolução. Aliado a isso, a ousadia da bateria, que usou e abusou das bossas e convenções, trouxe um brilho a mais para composição e contagiou boa parte dos presentes no Campo de São Cristóvão.

Harmonia

Depois de perder pontos preciosos no quesito em 2023, o Tuiuti está fazendo a lição de casa para corrigir as falhas e esse trabalho já demonstra seus primeiros resultados. Mesmo com a temporada de ensaios de rua ainda em sua fase inicial, é notório o crescimento do canto da agremiação em comparação aos anos anteriores. Prova disso é que em todas as alas foi possível observar a maioria dos componentes entoando o samba. Como destaques, as baianas se sobressaíram como um dos cantos mais fortes da escola; assim como a última ala, que chamou a atenção por ter esse afinco mesmo estando longe do carro de som. Na obra em si, vale mencionar como os pontos de maior rendimento o refrão principal, com os versos “Liberdade no coração/O dragão de João e Aldir/À Cidade em louvação/Desce o Morro do Tuiuti”, e a subida para ele, especialmente o trecho “Salve o Almirante Negro/Que faz de um samba enredo/Imortal!”.

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Evolução

Ao longo de mais de uma hora de ensaio de rua, o Paraíso do Tuiuti manteve uma evolução solta e leve, sem registros de problemas graves. Apesar dos componentes estarem mais livres dentro das alas, não houve embolamentos, nem a abertura de clarões significativos. De um modo geral, o ritmo adotado foi um pouco mais cadenciado, com momentos pontuais de parada que ocorreram justamente durante as apresentações da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira nas cabines simuladas de jurados. Vale mencionar também que a entrada e na saída da bateria no recuo aconteceu de forma tranquila, sem abrir buraco ou causar transtornos.

Bateria

Um dos maiores destaques desse segundo ensaio de rua do Paraíso do Tuiuti foi a bateria “Super Som”. Os ritmistas comandados por mestre Marcão tiveram uma atuação arrebatadora, contagiando componentes e espectadores. Tal performance foi fundamental para o bom rendimento do samba-enredo. Ao todo, seis bossas foram executadas durante o treino, além de terem sido explorados alguns desenhos e nuances a partir da letra e da melodia do hino oficial. Um exemplo disso ocorria no primeiro verso do refrão principal, “Liberdade no coração”, em que a batida do órgão era simulada.

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“A resposta positiva do componente da escola, do público que está assistindo, é algo muito gratificante, assim como ver a rapaziada da bateria focada naquilo que a gente vai fazer na Avenida. Tivemos algumas mudanças em relação ao primeiro ensaio, algumas pontas soltas que hoje amarramos, e o resultado ficou maneirinho, legal para caramba. Ainda coloquei mais algumas coisinhas ali, algumas maluquices minhas, umas ideias que surgiram na hora, e ficou bem bacana. É bom quando os caras abraçam a causa, pois é aí que a coisa flui melhor. Então, graças a Deus, estamos trabalhando duro, evoluindo a cada dia e a cada ensaio, e vamos embora. Só tenho que agradecer a essa rapaziada, a toda a minha diretoria pela dedicação deles e ao comprometimento que estão tendo com o trabalho”, avaliou mestre Marcão em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, logo após o ensaio.

O comandante da “Super Som” ainda assegurou que esse trabalho realizado nos ensaios de rua será extremamente o mesmo que levará para o desfile oficial. “É com essa pegada aí que vamos para a Avenida. Estamos trabalhando com 142 BPM (batidas por minuto) e está bom para caramba. Acho que agora está se encorpando, o samba está funcionando bem, as pessoas estão ouvindo mais, os próprios ritmistas estão assimilando o que a gente quer, qual é o propósito daquilo dali, entendeu? E, graças a Deus, está fluindo tudo, até melhor que o planejado”, relatou mestre Marcão.

Outros destaques

A rainha de bateria Mayara Lima é sempre uma atração à parte quando se trata de Paraíso do Tuiuti. Com um figurino simples, um maiô vazado na cor dourada, a beldade atraiu todos os holofotes para si durante a sua passagem no ensaio de rua, seja pela sua simpatia ou por seu irretocável samba no pé. A interação dela com os ritmistas também chamou bastante atenção, tendo seu ápice no momento em que Mayara sambava de forma sincronizada com as bossas e desenhos executados pela bateria “Super Som”.

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Viradouro mostra força do seu chão no primeiro ensaio de rua para o Carnaval de 2024

A Unidos do Viradouro ocupou, na noite do último domingo, a Avenida Ernani do Amaral Peixoto, principal via do Centro de Niterói, para abrir a temporada de ensaios de rua para o Carnaval de 2024. A vermelha e branca, que foi vice-campeã da folia carioca em 2023, mostrou logo neste primeiro treino o motivo de ser a agremiação do Grupo Especial com maior regularidade em alto nível nos últimos anos, tendo com pior colocação um terceiro lugar em 2022. Além da comunidade em si, os principais nomes e segmentos da escola, incluindo a rainha de bateria Erika Januza, marcaram presença, sendo a comissão de frente a exceção. Com o samba na ponta da língua, os componentes mantiveram um canto aguerrido e uma evolução fluida ao longo de pouco mais de uma hora. Essa boa performance na apresentação contagiou o público, que compareceu em peso e vibrou muito no decorrer da passagem.

“A gente usa muito esse espaço da Amaral Peixoto como um detalhe técnico que tentamos o tempo todo aprofundar. Aqui trabalhamos as nossas bossas, o nosso tempo de desfile, usamos a metragem correta da Avenida, então não tem como negar que é, para nós, o ensaio mais importante. É o momento que, de verdade, a gente consegue pegar tudo que estamos fazendo na quadra, o que cada um dos quesitos e segmentos estão desenvolvendo separadamente, juntar tudo e canalizar aqui na Amaral Peixoto nos mesmo moldes do desfile oficial. Por isso, ele ganha esse grau de importância. Entretanto, o primeiro ensaio sempre vai ser o primeiro ensaio. Por melhor que seja, a gente vai enxergar pontos que precisam ser ajustados. Por ser o começo de um trabalho, a nossa expectativa para hoje era de ter muita coisa para ajustar. No entanto, por incrível que pareça, vimos algumas questões pontuais que realmente precisam de ajustes, mas muitas já bem resolvidas. O nosso intuito era ensaiar o canto, a evolução, a parada nos módulos julgadores, os dois recuos, e tudo saiu de forma muito bacana. É claro que a gente não pode ficar estacionado em um bom primeiro ensaio. Nós vamos ensaiar praticamente todos os domingos até o desfile oficial e a melhoria, o aperfeiçoamento, ao longo desse processo vai ser visível. A ideia é sempre está olhando para dentro, reavaliando o que nós fizemos uma semana para tentar fazer melhor no próximo domingo. Se me perguntar se estou satisfeito com o primeiro ensaio, a resposta é que estou sim, mas isso não basta. Vamos treinar mais para poder atingir o nosso ápice no desfile oficial”, declarou Dudu Falcão, diretor de carnaval.

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Esse primeiro ensaio de rua da Unidos do Viradouro marcou o reencontro do intérprete Wander Pires com a Avenida Ernani do Amaral Peixoto depois de 13 anos. O cantor teve uma passagem pela agremiação no Carnaval de 2010, em um momento delicado da vermelha e branca, marcado por um rebaixamento após quase 20 anos de Grupo Especial. Agora, ele retorna em uma nova realidade da escola, mais estrutura e extremamente competitiva, sendo considerado um dos trunfos para a disputa do título em 2024. Em conversa com a reportagem do site CARNAVALESCO, Wander fez um balanço, logo assim que o treino terminou, sobre a experiência de voltar a vivenciar esse clima da Viradouro na principal via do Centro de Niterói e aproveitou para exaltar a importância desse tipo de ensaio, não só para os preparativos da escola em si, mas também para os seus torcedores.

“É uma emoção muito grande, porque na rua você sente o público, tem esse contato mais próximo dele. Além disso, esses ensaios são, muitas vezes, as únicas oportunidades que vários torcedores, admiradores da escola, possuem de ver a Viradouro com tudo que ela vai fazer na Avenida, só sem os carros e as fantasias. São pessoas que, por diversos motivos, não podem ir para quadra ou para Marquês de Sapucaí e vem aqui para Amaral Peixoto ver a escola. E eu faria igual, não deixaria de vir um domingo sequer. Neste primeiro ensaio, infelizmente, não tivemos a presença do nosso presidente de honra e patrono Marcelo Calil, nem do nosso diretor executivo Marcelinho Calil, a gente sentiu muito a falta deles, mas o resultado foi positivo e a energia muito grande. A bateria dando show, o mestre Ciça emocionado com tudo dentro dando certo, o entrosamento perfeito com o carro de som, então só posso dizer que a gente está muito feliz. Temos um samba que, até para gente mesmo que está cantando sempre, mexe com a alma e desperta algo dentro de cada um que torna quase impossível não se emocionar com ele. É um samba lindo e que está na boca do povo. Durante o ensaio, cheguei perto de muita gente que estava apenas assistindo e todo mundo estava cantando, com a letra na ponta da língua, fiquei muito feliz com isso. Não quero ser prepotente e afirmar que é o samba do Carnaval de 2024, mas o que vimos hoje é a prova de que no mínimo está entre os melhores”, afirmou Wander Pires.

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Atualmente, em sua segunda passagem na agremiação, mestre Ciça fará em 2024 o seu décimo sexto desfile como o responsável pela bateria “Furacão Vermelho e Branco”. Com uma trajetória tão extensa na escola, o comandante está mais do que familiarizado com os ensaios na Avenida Ernani do Amaral Peixoto e não poupou elogios para o local, durante entrevista concedida para reportagem do site CARNAVALESCO. No decorrer do bate-papo, ele enalteceu esses treinos de rua na preparação para o desfile oficial, assim como destacou as diferenças para o trabalho realizado dentro da quadra.

“A importância dos ensaios de rua é enorme e uma avenida como essa é um verdadeiro privilégio que nós temos, pois a gente sente como se estivesse no campo de jogo. É aqui que começamos a corrigir os problemas. Sempre tem um negócio para a gente acertar, que na quadra não dá para corrigir. Portanto, a importância é essa. Eu sou apaixonado por ensaios de rua, gosto de tocar ao ar livre, sentir como é que a bateria está, ter uma maior noção do canto da escola. É algo totalmente diferente do ensaio de quadra, em que se tem muita vibração do teto, a acústica não é 100%. Somente na rua é possível medir a afinação, checar o andamento, testar as propostas que a bateria possui para aquele ano. É o que fizemos neste primeiro ensaio, testamos algumas bossas, questões de deslocamento… Eu vim com os atabaques e, por exemplo, ainda estou pensando se vou botar no meio ou na parte de trás da bateria, então os ensaios de rua vão servir de experimentação”, pontuou Ciça.

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O suor nas mãos, a inquietude e a famosa sensação de frio na barriga quase sempre antecedem momentos cercados de grande expectativas. E isso não é diferente quando se trata do início de uma temporada de ensaios de rua, como garantem o mestre-sala Julinho Nascimento e a porta-bandeira Rute Alves. Dançando juntos desde o Carnaval de 2008, os dois defendem o primeiro pavilhão da Viradouro há seis anos e mesmo com toda essa experiência não escondem o nervosismo diante do começo de mais um trabalho na Avenida Ernani do Amaral Peixoto. O casal, que já vinha mantendo uma rotina de treinos visando o desfile oficial do ano que vem, conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO sobre a importância dessa nova etapa, além de fazer uma avaliação do desempenho deles neste primeiro ensaio.

“Cada ano é uma emoção diferente. Antes do início desse ensaio, a gente estava concentrado e os dois com as mãos suadas, frias, ansiosos pelo começo. E nós entendemos que isso é normal. Tem que ter essa emoção, esse calor, porque a gente leva o ensaio de rua tão a sério quanto o ensaio técnico na Sapucaí ou até mesmo o desfile oficial. Então, tem que dar esse friozinho na barriga na hora que vai começar. Se não der, alguma coisa está errada. E essa emoção, esse calor, só aumenta ao saber que a gente tem um lindo samba, de que a escola mais uma vez tem uma grande responsabilidade de encerrar o Carnaval, e que está sendo preparado um desfile muito bonito, se Deus quiser ainda mais belo do que foi o do ano passado. Respeitando todas as coirmãs, tenho fé que a Viradouro vai sim conseguir alcançar o tão almejado título”, relatou Julinho.

“Parece que todo aquele cansaço que a gente viveu no último ano, zerou. E por mais que a gente passe por várias etapas, o primeiro ensaio de rua é um momento especial. O Júlio e eu estamos ensaiando desde junho. Já passamos pela etapa da disputa de samba, da escolha, logo depois começamos a montar a nossa coreografia e veio este novo momento, que é diferente dos outros porque é realmente um pontapé para o Carnaval. É na rua que a gente testa, tanto que viemos com a coreografia oficial. Claro que daqui até o Carnaval ela pode ou não sofrer alguma alteração. Ela é muito ensaiada, 300 milhões de vezes, justamente para ficar uma coisa bem no sangue, bem natural. E hoje foi esse primeiro teste para ver o que funciona e o que não funciona. Eu, particularmente, tive muita dificuldade com o chão. Esse ano a gente tem uma movimentação que em algum momento eu sigo partindo, então eu não tenho essa referência do Júlio, e como é um outro ambiente, fora o barracão que a gente está ensaiando, eu tive um pouco de dificuldade. Porém, o saldo desse primeiro ensaio é super positivo. O entusiasmo, aquela adrenalina de ‘está chegando a hora’, são muito importantes nesta fase. E esses treinos a céu aberto também são ótimos para gente aprimorar o condicionamento físico, ter esse contato com a bateria, com o Wander. Então, assim, o ensaio de rua é muito especial. É claro que depois normatiza, até porque serão todos os domingos até fevereiro, mas o de hoje, o primeiro, sempre marca”, ponderou Rute.

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Fotos: Diogo Sampaio/Divulgação

No ano que vem, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação irá em busca do terceiro título de campeã da folia carioca com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodum serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.

Canto forte se destaca em ensaio de quadra da Independente Tricolor

Por Fábio Martins e Lucas Sampaio

A Independente Tricolor realizou no domingo um ensaio geral em preparação para o desfile no Grupo Especial do Carnaval 2024. O destaque vai para o bom desempenho do samba na voz dos componentes que marcaram presença na quadra localizada na Vila Guilherme. A escola, que levará para a Avenida o enredo “Agojie, a Lâmina da Liberdade!”, assinado pelo carnavalesco Amauri Santos, fará ensaios técnicos no Sambódromo do Anhembi nos dias 13 e 20 de janeiro antes de ser a quinta agremiação a se apresentar na sexta-feira de carnaval, dia 9 de fevereiro.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Graci assume o pavilhão com as bênçãos de Thais

Uma das mudanças da Independente está no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Jeff Antony dançará em 2024 com Graci Araújo. Em conversa com a equipe do site CARNAVALESCO, a dupla falou sobre o volume de ensaios em preparação para o desfile que se aproxima.

“A gente intensificou para mais vezes na semana. O Jefferson mora em uma outra cidade, então a gente ensaia aqui na quadra, mas também se desloca para a cidade dele para ensaiar. Como nossa parceria é recente e a gente tem um desafio para esse ano, a gente foca bastante já na estratégia de pista desde o começo. Já temos ali um jurado, e a gente vai adaptar conforme vem a evolução e as próximas definições. Mas a gente já intensificou, já redobrou e sempre em cima do que tem para a pista”, disse a porta-bandeira.

O ano de 2024 trará grandes novidades para o quesito, e o casal decidiu por se preparar para as diferentes possibilidades até o momento em que tudo estiver definido de fato. O treinamento diferenciado realizado sob supervisão de Ednei Mariano, mestre-sala que fez história em São Paulo e hoje atua como preparador de casais, promete ser o trunfo para que Jeff e Graci alcancem as notas pretendidas mesmo em um carnaval tão atípico.

“Em primeiro instante, é um pouco assustador. Tudo que é novo causa uma certa dúvida, uma certa incerteza. Mas a gente está trabalhando o máximo de todas as informações que a gente já conseguiu obter. A gente ainda não tem tudo ao certo como será, onde serão as cabines, como já era de costume, mas coreografia, andamento, a gente está trabalhando. Tudo ali em cima do regulamento, até mesmo pelo mestre Ednei estar trabalhando com a gente, que é um dos pioneiros que está à frente desse projeto. Ele está sempre ali trazendo todas as informações para nós. Mas a gente está um pouquinho assustado ainda porque a gente não sabe o que vem por aí”, comentou o mestre-sala.

“A gente tem o plano A, o B e o C. O parado em frente à pista, o navegando num raio ou o evoluindo. Então a gente sempre, todos os dias, passa o A, o B e o C”, completou a porta-bandeira.

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Graci Araújo assume o posto de primeira porta-bandeira por uma boa causa. Thais Paraguassu precisou se ausentar do próximo carnaval por estar grávida, e a nova guardiã do pavilhão principal chega à Independente a convite de Jeff e Thais. Graci está feliz na nova casa, e Jeff vê na nova parceria um novo desafio em sua carreira.

“Foi muito legal. Desde quando eu cheguei, o pessoal recebeu de braços abertos. Eu acho que a presença da Thais também constantemente, algo muito pacífico. Como foi um convite do casal, então, em nenhum momento, teve algo hostil ou de comparação. É muito de contribuição a receptividade que eu tenho aqui. Eu me sinto muito acolhida aqui. O pessoal é um público muito específico aqui na Independente, e eles foram muito disponíveis para me conhecer. Quando a gente chega mais cedo, o pessoal vem, conversa. Tenho tido essa oportunidade de apresentar o meu pessoal também”, citou ela.

IndependenteTricolor et PrimeiroCasal

“Confesso que foi um desafio muito grande. Quando a Thais veio com a surpresa de que não desfilaria, afinal a Thais está ganhando um neném. É muito legal essa parte, ela está realizando um sonho, mas aí ela deixou praticamente um trabalho árduo ali para mim. Até mesmo porque eu e ela já tinham um trabalho que já estava num compasso bacana. Mas eu sempre fui muito motivado a desafios, então esse é um desafio muito bacana, de ter escolhido uma parceira bacana que também é uma pessoa como eu, que se joga também, não mede esforços para fazer acontecer. Estou confiante, vai dar tudo certo. Não está sendo fácil, a gente sabe de todo trabalho, até mesmo por conta desse desafio de ser tudo novo. Só saberemos depois do carnaval se o nosso trabalho deu certo ou não deu. Mas estamos aí, fortes, lutando e com fé que seremos vitoriosos nesse carnaval”, garantiu Jeff.

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Sem surpresas, o casal já sabe como serão as fantasias que utilizarão no Carnaval 2024, mesmo que por enquanto só esteja no papel. Jeff e Graci aproveitaram para falar das primeiras impressões a respeito das roupas.

“A gente já viu o desenho. Vai ser confeccionado esse ano pelo Bruno, novamente pela escola e também já fiz os trabalhos com ele. Isso traz um conforto pelo fato dele já nos conhecer. Habemus desenho e já está em progresso a confecção. Vai ser diferente de tudo que eu já dancei, então vai ser bem interessante”, afirmou Graci.

Missão de Chitão Martins para 2024 na nova casa

Outro que estreará pela Independente em 2024 é o intérprete Chitão Martins. O cantor falou sobre a recepção que teve na nova casa e demonstrou alegria com a recepção que teve da comunidade.

“Me receberam muito bem. De verdade, me senti em casa totalmente, acolhido, abraçado. Uma comunidade que canta forte, que gosta do carnaval, que gosta de cantar, que tem uma energia boa. Estou bem feliz, estou em casa e pronto para dar o primeiro pontapé inicial no carnaval pela Independente nesse primeiro ano de Avenida. Tenho certeza de que vai ser um grande carnaval”, declarou o artista.

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Chitão acredita que a adaptação ao novo regulamento que entrará em vigor para o próximo carnaval não será fácil. Vê de forma positiva as mudanças para elevar a qualidade dos julgamentos feitos, porém acredita que podem ser feitas ainda mais melhorias.

“Toda mudança é complicada. Acho que o primeiro ano vai ser muito difícil para todo mundo, para a gente poder entender como vai ser o critério. Eu acho que vai engessar um pouco os cantores, principalmente cantores que gostam de fazer cacos. Apesar de no regulamento não ser específico em relação ao caco, mas se atrapalhar a letra, acho que vai ser um critério que vai ser um pouco que vai da cabeça do jurado, achar que vai atrapalhar ou não. Então acho que nesse primeiro ano, pelo menos para mim, eu vou estudar um pouco, fazer menos carco e procurar cantar mais o samba. Sair um pouco da minha característica, mas eu acho super válido. Acho que a ala de som tem que ser julgada, acho que a ala musical tem que ser julgada pelo trabalho que ela faz de afinação, harmonicamente falando, mas eu também acho que o jurado tem que ter um aparato apropriado para poder ouvir. Acho que não dá para se garantir só nas caixas de som, só no nosso carrinho de retorno, acho que poderia ter ali um pontinho de retorno para ele, onde o que sai na mesa saia no fonezinho dele e tal. Acho que é tudo uma questão de estudo, e acho que o primeiro ano é teste e que tem tudo para abrilhantar e tirar essa chuva de dez que está batendo durante esses anos aí. Tudo que é mudança a gente no começo estranha, mas depois se consuma, e acha válida”, opinou.

Inédita na Independente, a temática africana no enredo trouxe junto, ao contrário do que se esperava, uma mudança no estilo de samba que a escola em relação aos últimos carnavais. Chitão celebrou a obra composta, demonstrando otimismo em relação ao seu desempenho na Avenida.

IndependenteTricolor et InterpreteChitaoPalco

“O samba para mim foi até uma surpresa, porque a Independente vinha numa linha de samba com uma tonalidade menor, samba mais de lamento, e quando o enredo saiu, que era enredo africano, um enredo com o tema afro, eu pensei que ia vir a mesma característica. Quando apresentaram o samba para mim, vi que era um samba totalmente diferente, parecia até que o samba foi feito para mim, com uma característica mais alegre, um samba de tonalidade maior, um samba para cima. Então foi bem tranquilo, o samba praticamente foi feito para minha voz, apesar dos compositores não saberem que eu seria o cantor. Até então ainda não estava fechado quando eles começaram a fazer o samba. Então, para mim foi bem tranquilo, o samba está muito bem cantado aqui na guarda, é um samba que ele vem do começo ao final numa energia boa, numa pegada legal, numa crescente. Não tem aquela pausa de descanso, ele é totalmente atacando o samba inteiro. Acho que tem tudo para contagiar todos os sambistas que estiverem assistindo o carnaval de São Paulo”, avaliou.

IndependenteTricolor et SegundoCasalPavilhaoEnredo

Chitão Martins aposta na boa sintonia que obteve com o samba para aplicar ao máximo de suas qualidades no desfile da Independente para o carnaval de 2024.

“O meu trunfo é a energia. É minha característica, acho que esse é o trunfo, a gente poder entregar a alma no samba, um samba alegre do jeito que ele é. A intenção agora é dar alegria, dar energia para poder a galera se cativar e cair para dentro do samba como já está fazendo nos ensaios”, finalizou.

‘Trunfo é o crescimento’

Encarregada de garantir o bom andamento da Independente Tricolor como um todo, a diretora de carnaval Luciana Moreira falou a respeito da estratégia que a escola pretende adotar até o dia do desfile.

“A estratégia é ensaio. Agora a gente não tem mais folga. Temos aí aproximadamente de 8 a 9 domingos para o dia do desfile, então a gente vem trabalhando muito esse motivacional para os componentes e fazer eles entenderem que é uma disputa. É um carnaval grandioso, mas que a gente precisa fazer um trabalho com seriedade e isso só se torna possível se eles se fizerem presentes. O motivacional de conduzir e influenciar eles é o que mais impacta”, declarou a diretora.

IndependenteTricolor et DiretoraCarnavalLuciana

Luciana garante que a comunidade está pronta para encarar qualquer desafio que venha pela frente, e o enredo para 2024 vem para agregar às qualidades que a escola possui.

“Não teve muita mudança na preparação. A Independente é uma comunidade muito apaixonada e o enredo que a gente lança o pessoal agarra com todas as forças. Agora, o que mudou é a gente trazer mesmo a força da escola, o amor pela escola, que mesmo sendo um enredo afro, mostra também a força da mulher e a força do ser humano. A gente segue a mesma linhagem de conduzir as pessoas para cá”, explicou.

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Uma vez encerrado o ensaio, Luciana aposta em um trabalho organizado e progressivo até a chegada dos ensaios técnicos em janeiro, deixando claro qual é o trunfo da escola nesse processo de preparação.

“Ainda é um trabalho de formiguinha. A gente vai conduzindo a escola, ensaiando pouco a pouco, mas a gente tem muita surpresa ainda para apresentar no ensaio técnico. Nossa estratégia de trabalho vem se implementando a cada ensaio, e o que vamos apresentar na avenida ainda é segredo. Nosso trunfo mesmo é o trabalho. Nós somos uma escola competitiva, gostamos mesmo de ir para a disputa, e todo mundo sempre almeja mais e mais. O trunfo é o crescimento”, afirmou.

IndependenteTricolor et Comissao

Bateria com pegada totalmente afro

Uma mudança nas características da bateria está nas projeções do mestre Cassiano Andrade para o carnaval de 2024. O samba afro que a comunidade cantará pede um estilo de apresentação diferente do que a Independente costuma trazer, e o comandante da “Ritmo Forte” apontou algumas das novidades que levará para a Avenida.

“A Independente abraçou um projeto, levando para o tema afro, e a bateria comprou a ideia. Acho que a gente vai para um lance bem mais afro agora, vai para o afro total. Abraçar a parada mesmo de tambor. Pelo menos a bateria vai vir nessa ideia do tambor forte dentro do samba, respeitando bastante o que o enredo pede. Eu acho que vai ser uma parada bem diferente do que a Independente se acostumou a fazer. A gente tá numa linhagem diferente nesse lance de samba, até mesmo de bateria eu tive que adaptar algumas coisas para poder encaixar legal”, explicou o mestre.

Cassiano aposta em instrumentos tradicionais ao apontar quais instrumentos ganharão destaque na apresentação do próximo carnaval da Independente.

“Os instrumentos que vão ganhar bastante destaque esse ano vão ser os surdos de terceira e os tambores. Eu vou vir com o atabaque e djembê, e a terceira está pontuando bastante umas partes do samba que fala do lance do tambor. Como caracteriza bastante nesses momentos, é onde vai enriquecer bastante esses instrumentos. Os outros também têm as suas particularidades dentro do samba, mas acho que esses são os que mais vão ter forma”, explicou.

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Com as mudanças previstas para o quesito samba-enredo, que tem ligação intimamente forte com a bateria, mestre Cassiano garante a comunicação com o carro de som está boa e demonstrou estar acostumado a encarar as novidades vindas dos jurados.

“A gente procura ter uma discussão saudável sempre, referente a ter uma ligação legal da bateria com o carro de som. Essa ligação de bateria com o carro de som, pelo menos a Independente, a gente está procurando ter uma parada bem alinhada, bem certinha, para não ter nenhum entrave, nenhum tipo de desencontro. Esse lance de regulamento, como quase todo ano vem mudando, a gente fica sempre em alerta, se adequando ao regulamento. Tem que se adequar”, concluiu.

Harmonia é o grande destaque do ensaio

O feriado prolongado não foi capaz de desanimar os componentes que participaram do ensaio geral. Mesmo com um contingente inferior ao que costuma comparecer nos treinos, o canto da comunidade foi o grande destaque. A Independente dividiu o treinamento em duas etapas, sendo a primeira com as alas espalhadas pela quadra e divididas em duas filas e em seguida, de forma mais compacta, passaram a dar voltas pelo espaço simulando uma evolução. Em ambos os momentos, era nítido que o samba da escola está na boca do povo. A obra não possui momentos de baixa, mantendo quem o cantar com o astral elevado como o carnaval tem que ser. A virada para o refrão principal é feita de forma que leva o público a entrar na dança, e é um dos elementos que mostram que a aposta dos tricolores para 2024 foi acertada. As expectativas para o que virá nos ensaios técnicos e no desfile oficial saem elevadas após um desempenho tão satisfatório.

‘Uma nova Tucuruvi!’ Comunidade da Cantareira se mostra empenhada para conquistar sua estrela

Por Gustavo Lima e Will Ferreira

O Acadêmicos do Tucuruvi deu sequência aos seus ensaios de quadra, na noite do último domingo, visando o próximo carnaval. O treino, que não teve o contingente costumeiro, foi marcado pelo empenho da comunidade. O samba do ‘Zaca’ é um dos mais aclamados para 2024, mas havia um certo receio pensando no canto dos componentes. Isso devido ao fato da forte presença de palavras de matriz africana. Porém, é nítido o esforço dos desfilantes em querer aprender cada vez mais. Além do canto, o time de harmonia colocou a escola para evoluir ao entorno da quadra. Baianas, velha-guarda, passistas, malandros e outras alas da Cantareira participaram ativamente. Para 2024 a escola irá levar o enredo “Ifá”, com assinatura dos carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte, fechando os desfiles do Grupo Especial.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

Trabalho com a comunidade

A diretora de harmonia, Fabiana Lopes, agora assume sozinha o cargo. A profissional se diz contente com o trabalho que vem sendo feito. “Olha, nós já estamos com 80% da escola fechada de componentes. Todo mundo que está aqui está cantando o nosso samba. Estou muito contente e muito feliz. Não tem nada que seja possível apontar pensando em grandes melhorias. O pessoal demorou para chegar hoje, mas já está chegando. Já estamos encaixando o pessoal nas alas, está quase tudo certo para o Carnaval 2024”, declarou.

harmonia tucuruvi

Fabiana disse que o componente pode levar a agremiação ao inédito título. “O grande trunfo da nossa escola é o nosso componente, a nossa comunidade. Eles estão muito felizes e contentes. Eles estão com garra e com vontade de ser campeão”, concluiu.

Empenho coletivo

O mestre Serginho, que atingiu nota máxima no último carnaval, contou que mudou tudo na questão rítmica devido à nova proposta de enredo e samba. O músico também falou da importância e responsabilidade que é fechar o carnaval e desfilar depois do Império, exigindo criatividade. “Já mudamos tudo em relação ao ano passado. Já tínhamos a visão na escolha do enredo, já tínhamos a proposta de fazer alguma coisa diferente e mudamos bastante coisa. Trouxemos duas ou três paradinhas que já estão rolando. Quando entramos nessa pegada afro, na verdade, é macumba. E, aqui, é macumba, mesmo. Introduzimos um esquema na bateria que tem alguns toques de macumba. A proposta é bem bacana, mudamos porque fechar o carnaval é algo diferente, o quesito samba-enredo mudou no julgamento, com a introdução do carro de som. Fizemos uma bossa para que a gente utilize a bateria e a ala musical, fortalecendo todos. Bolamos uma paradinha que pega a escola inteira, não só a bateria e a ala musical. Tem muita coisa funcionando, está bem legal. Quando terminou a apuração, nós já sabíamos que seríamos a última em 2024. Não sei se o grande público já sabia, e eu já me perguntei o que faríamos. Como a gente virá depois do Império, temos que fazer um jogo totalmente diferente. Vamos fazer algo criativo com a ala musical, não vamos chutar o pau no andamento e vamos integrar todos. Esse é o nosso maior trunfo esse ano”, disse.

mestre tucuruvi

O diretor de bateria afirmou que é uma nova Tucuruvi e que o objetivo é ‘brigar por alguma coisa’. “Estamos fazendo ensaio de canto toda terça-feira, coisa que a escola eu acho que nunca fez. Samba de macumba, enredo de macumba, ensaio de terça-feira, estou pessoalmente toda terça-feira aqui, passo o que vai acontecer, tem toda uma dinâmica e a gente explica tudo e aí todo mundo fica fascinado. É uma nova Tucuruvi, e tem que ser uma nova Tucuruvi para fechar o carnaval e querer brigar por alguma coisa”, completou.

Nova parceria

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Luan Caliel e Beatriz Teixeira, são estreantes juntos. O jovem está indo para o seu terceiro carnaval na agremiação, enquanto a porta-bandeira chega no andamento do projeto, o que de certa forma pode atrasar o planejamento. Entretanto, de acordo com a dupla, as coisas estão adiantadas.

casal tucuruvi

“Para 2024, estamos bem adiantados. Pensamos que não iria dar tempo, já que foi muito de supetão, praticamente a quatro meses do carnaval. Mas estamos ensaiando bastante, está tudo encaminhado e sincronizado, estamos quase nos matando e nos xingando do tanto que a gente se vê, mas tudo está dando certo”, disse a porta-bandeira.

“Fizemos uma programação de ensaio neste ano, fechamos alguns dias na semana. Toda quarta-feira a gente se vê em Mauá, já que fica mais perto para nós. Quinzenalmente, aos sábados, a gente ensaia com a Dani Renzo, na Fábrica do Samba; e, aos domingos, uma hora antes de começar o ensaio da escola. É uma rotina de ensaios que pegamos bem forte, em uma parceria nova temos sempre que entrosar e conhecer a pessoa além da dança. Tudo está se encaixando e fluindo, não tem parceira melhor. Quando os dois amam a dança, tudo flui”, completou o mestre-sala.

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Danças afro estão sendo estudadas e serão implantadas na coreografia, segundo Beatriz. Já Luan diz que o novo regulamento não teve tantas alterações.

“Estamos estudando um pouco dos movimentos africanos, está sendo bem gostoso se aprofundar nesses ritmos. “Já estamos trabalhando bastante para isso. Vai dar tudo certo e, agora, é só brilhar no dia”, afirmou a porta-bandeira.

“O regulamento novo não mudou tanto assim. Ele acrescentou alguns pontos que alguns casais já colocavam em prática, como a dança no ritmo do samba e o desenho coreográfico da pista – que nós dois já fazíamos e agora está regulamentado. Acredito que não vai atrapalhar tanto a nossa dança, já que estamos acostumados a fazer isso”, explicou o mestre-sala.

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Caliel ainda disse ter visto a fantasia de 2024 e está animado. “Já vimos a fantasia, sim! Podem aguardar que vai vir uma porrada”, finalizou.

O intérprete oficial, Hudson Luiz, exaltou a qualidade do samba e o empenho da comunidade, que, segundo ele, não mede esforços para melhorar cada vez mais. “É uma surpresa muito boa. A gente teve uma disputa maravilhosa e escolhemos um samba que a comunidade inteira abraçou. Do primeiro ensaio até esse momento vem cantando com uma vontade muito grande. Muita gente falou em samba difícil, mas a dificuldade está em quem quer ter. está sendo uma evolução muito legal, muitos componentes novos estão surgindo na escola e todos eles com a mesma vontade de cantar para seguir no dia do nosso desfile e buscar o nosso sonho, que é esse título para a Cantareira”, disse.

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O cantor mostrou gratidão a toda a comunidade e diretoria da agremiação. O recebimento e carta branca para o trabalho foram levantados por Hudson. “Está sendo uma experiência maravilhosa. A comunidade inteira me abraçou, a diretoria me abraçou, nosso gestor maior, Rodrigo Delduque, me deu carta branca para trabalhar. Quando você tem isso, consegue montar um grande time musical. Estou muito feliz com a possibilidade de executar um grande trabalho, com um grande samba e, principalmente, com uma escola que quer lutar e conquistar um grande sonho e trazer essa estrela tão sonhada”, declarou.

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Luiz falou sobre a amizade que vem construindo com o mestre Serginho e a parceria da ‘Bateria do Zaca’ com a ala musical tem dado frutos. “É engraçado que a gente não se conhecia e quando eu vim pra cá, ele falou: ‘negão, eu estou com você’. Tem sido uma parceria de muita amizade e muita proximidade. Mesmo eu estando no Rio, ele me manda mensagem perguntando sobre algumas coisas e eu como sempre procuro ele para perguntar. A gente debate muito para saber qual é o melhor caminho para o samba. Desde a bateria até a parte musical. A gente troca muitas ideias. Parece que a gente trabalha há muitos anos, mas na verdade é uma parceria que vem dando muito certo”, completou.

Análise do samba

Apesar de a quadra não estar com todas as alas neste último ensaio, notou-se que o canto da comunidade é forte. Os componentes entenderam a mensagem de que tem ‘ouro nas mãos’ e precisa transformar isso em realidade. O samba é grandioso e o empenho é digno de reconhecimento. Na largada, por exemplo, a bateria não sobe prontamente. O intérprete Hudson Luiz conduz os componentes a cantarem em uma só voz e, depois de três ou quatro passagens, a batucada entra no ritmo junto com a ala musical.

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Vale destacar que a escola vem fazendo frequentemente ensaios de canto, além do ensaio geral. Sem dúvida, isso culmina em um resultado mais positivo do que seria um treino por semana.

Maioridade no samba! Em comemoração aos 21 anos de Sapucaí, Bruno Ribas recebe intérpretes para gravar coro na faixa da Unidos de Padre Miguel

O carnaval de 2024 será muito especial para o cantor Bruno Ribas. Comemorando 21 anos de carreira no próximo desfile, o intérprete oficial da Unidos de Padre Miguel aproveitou um momento bastante importante no processo de construção de carnaval para qualquer agremiação, a gravação do samba, comemorando com a Vermelha e Branca da Zona Oeste esta importante data. Durante a produção da faixa oficial da Unidos para o álbum da Série Ouro, o cantor convidou diversos intérpretes renomados do carnaval carioca para de maneira simbólica colocar a voz no coro do samba 2024 do Boi Vermelho da Zona Oeste. Entre os participantes, Neguinho da Beija-Flor, Tinga, Ito Melodia, Emerson Dias, Wantuir, Marquinho Art’Samba, Serginho do Porto, Leozinho Nunes, além de Clovis Pê e o compositor Lequinho.

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Foto: Alex Maia/Divulgação

Bruno Ribas, visivelmente emocionado e feliz, com a presença dos amigos e diretores da escola, em entrevista ao site CARNAVALESCO, agradeceu a Deus e aos orixás pela carreira e contou que batalhou bastante para atingir esta importante marca.

“Muita luta, muita dedicação, muita paciência. Acho que paciência é tudo e gratidão. Gratidão a Deus, aos orixás, gratidão aos meus amigos, aos meus familiares, ao mundo do samba que me atura, porque muitas vezes eu sei também que eu não agradei a todo mundo. Deus também não agradou. Mas eu também não estou aqui para agradar a todo mundo. Eu gosto de fazer samba, eu gosto de cantar o que tenho na minha realidade. A minha realidade é o carnaval. Eu abdiquei de muita coisa na minha vida para me dedicar ao samba. E hoje estou fazendo a maioridade porque realmente é um amor incondicional a essa profissão e ao carnaval”, revela o cantor.

Referência para Bruno Ribas e para os demais intérpretes, Neguinho da Beija-Flor comemorou a data do “afilhado” a quem deu oportunidade como apoio de seu carro de som no início dos anos 2000. O ícone desta geração de cantores aproveitou a marca para pedir mais reconhecimento aos intérpretes como representantes do samba e artistas em geral.

“É muito legal você ser um modelo de referência na história de alguém, assim como Martinho da Vila, Jamelão, Aroldo Melodia foram para mim. É tão legal anos depois você ter essa consciência de que você foi para a história de alguém também, do Bruno Ribas, e quem sabe de mais alguém. É um legado que a gente tem que deixar para os próximos. Eu só sinto que os intérpretes das escolas de samba deveriam ser mais valorizados. A gente percebe que quando se refere aos sambistas que não são do segmento do cantor de Avenida, o intérprete das escolas de samba não tem a mesma moral. Eu fiquei chateado uma vez quando vi que perto da minha casa havia um anúncio sobre um show de final de ano dizendo ‘fulano, sicrano, beltrano e os intérpretes ‘. Quando vai chegar a hora de os intérpretes deixarem de ser ‘ e muitos outros’? Um dia as pessoas tem que se conscientizar que o intérprete de escola de samba é artista, nós somos artistas, como os outros cantores, merecemos o reconhecimento”, enfatizou a voz oficial da Beija-Flor de Nilópolis.

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Fotos: Lucas Santos/CARNAVALESCO

Cantor atual da Unidos da Tijuca, escola, por onde Bruno Ribas conquistou seus dois títulos do Grupo Especial, em 2010 e 2012, Ito Melodia fez questão de estar presente na homenagem, parabenizando a iniciativa da Unidos de Padre Miguel e destacando a importância de que as agremiações valorizem cada vez mais as marcas conquistadas pelos artistas da folia.

“É um momento muito importante, me sinto honrado porque é muito relevante, daqui a dez as pessoas lembrarão desse momento e verão que o mundo do samba tem essa coisa de família, tem essa coisa de bate papo, dos amigos se encontrarem. Hoje nós estamos aqui, além do Neguinho da Beija-Flor que é o maior representante da nossa classe, além de diversos intérpretes do Especial e Acesso, os demais abraçando o Bruno Ribas. Isso é irmandade, é o carnaval de verdade, isso nunca pode acabar. Muito feliz. Que isso sirva de exemplo, que as escolas homenageiam os seus intérpretes , os profissionais do carnaval, nós principalmente damos a cara para o carnaval. O Bruno é uma voz fantástica, um ser humano fantástico. Parabéns a Unidos de Padre Miguel por essa homenagem”, concluiu Ito.

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Um dos primeiros a trabalhar com Bruno, na Estácio de Sá, quando Ribas foi seu apoio, Serginho do Porto, hoje intérprete da Águia de Ouro de São Paulo, lembrou que vai comemorar também uma importante marca em 2024. O cantor foi outro que participou da comemoração e deixou o carinho ao intérprete da Unidos de Padre Miguel.

“Eu faço 30 anos de carnaval em 2024, 30 anos de cantor de samba-enredo. Essa marca do Bruno, é um momento muito marcante para todos nós. Sou o grande precursor desta história toda porque o Bruno começou a cantar comigo em 2001 para 2022 na Estácio de Sá. O Bruno veio comigo na Avenida e daí em diante o Bruno cantou mais um ano, depois ele expandiu, agora completando mais uma primavera desse trabalho maravilhoso que papai do céu permitiu de a gente conseguir fazer”, festeja Serginho.

Mais jovem entre os participantes da comemoração que teve direito a um “joguinho de baralho” antes da homenagem, Leozinho Nunes, da União do Parque Acari, contou mais sobre a relação de amizade que existe entre os intérpretes e lembrou de sua parceria com Bruno na São Clemente em 2020.

“Desde criança eu vi eles cantando e hoje em dia eles viraram meus amigos. Da nova juventude só eu que estou aqui. Eu chego, sempre respeito os mais velhos, respeito todos eles e eles me acolheram como um sobrinho. Tanto que eles todos me chamam de sobrinho, sempre que tem alguma coisa eles me ligam. Isso para mim é espetacular, os meus ídolos são os meus amigos. O Bruno é um cara que não é só um tio, quando ele foi para a São Clemente, eu confesso que fiquei um pouco assustado, o Bruno tem um vozeirão, será que ele não vai me cobrir. Quando eu fui ver, ele me disse, filho você está comigo, tudo que ele fazia, a gente dividia. Ele me ensinou alguns caminhos que eu não sabia, e eu também fui falando ‘ô tio essa calça tem que ser mais apertadinha’ (risos). Vamos botar uma fantasia. Foi uma troca de informações, eu com a minha juventude e ele com a experiência dele. Eu tenho muito respeito. Quando eu estou triste com alguma coisa, ele sempre liga e pergunta se estou bem, se estou precisando de alguma coisa. Isso é muito além que o samba, é amizade”, assegura Leozinho.

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Bem estabelecido na Unidos de Padre Miguel, Bruno Ribas quer construir uma história duradoura na agremiação e ajudar o Boi Vermelho da Zona Oeste a conquistar o tão sonhado acesso.

“A maior satisfação disso hoje é estar fazendo samba com total liberdade na Unidos de Padre Miguel. A escola que eu me encontro, a escola que pretendo ficar 50 anos, se der tempo, se papai do céu deixar, fico mais 50 anos e faço minha história aqui dentro e não quero mais sair daqui, chega de ficar rodando, está bom para caramba”, garante Bruno Ribas.

Quem também parece apostar nessa relação duradoura é o diretor de carnaval da Unidos de Padre Miguel, Cícero Costa. Para o dirigente, a escola pensou alto quando trouxe Bruno para o último carnaval. Cícero espera que a comemoração da carreira de Ribas em 2024 possa acontecer em paralelo com o inédito e tão sonhado acesso da Unidos.

“Espero que essa data não seja só uma coincidência. Espero que ele possa comemorar esses 21 anos de Sapucaí, e a Unidos também possa comemorar esse tão sonhado título, com muita humildade, respeito às irmãs, porque não é fácil, a gente sabe da luta das escolas de samba para colocar o carnaval na rua, principalmente as escolas do acesso. Ter um intérprete como o Bruno, com a experiência dele no Especial na Unidos só mostra como a gente pensa grande, não é falta de humildade pensar grande, mas a Unidos a cada ano quer se estruturar, quer sempre o melhor para a escola, para a comunidade, para que a gente chegue na Avenida e dê o nosso melhor”.

Confira outras declarações dos intérpretes que participaram da homenagem.

Tinga 
“Para gente é uma honra estar participando desse aniversário, dessa comemoração do grande intérprete Bruno Ribas. São 21 anos de Avenida, e é uma honra estarmos sempre juntos e fortalecendo essa amizade, esse profissionalismo. Acho que a gente sempre tem que estarmos juntos mesmo, fortalecendo a nossa classe. A nossa disputa é justamente na Avenida, fora da Avenida nós somos todos amigos, cada um defende sua bandeira da melhor forma possível e procurando fazer o nosso melhor. Parabéns ao Bruno Ribas, que seja mais 21 anos à frente”.

Emerson Dias 
“É tão difícil hoje a gente comemorar marcas redondas, cinco, dez, quinze anos. São marcas muito especiais. A gente basicamente é da mesma geração. A gente viu o crescimento do colega, a gente viu o crescimento do amigo, do profissional, as conquistas que vieram no decorrer da carreira. Quando o amigo completa uma data como essa e nos convida para que a gente venha fazer parte da sua comemoração, a gente tem que largar tudo, vir dar um abraço, confraternizar como está acontecendo aqui. Hoje o ‘papa’ dos cantores está aqui para dar um abraço no Bruno, que é o Neguinho. Até a mais nova geração que é o Leozinho (Nunes). A gente jogando sueca, brincando, rindo. Isso é o que dá prazer ainda, para a gente continuar correndo atrás das conquistas, continuar fazendo o que a gente gosta”.

Wantuir 
“Para nós, a primeira coisa que a gente traz aqui para as pessoas entenderem é que nós somos amigos. A gente é adversário na Avenida, mas existe uma amizade muito grande. Você vê a felicidade que é quando se encontram os intérpretes, a satisfação e o prazer nosso. É também o intuito da nossa associação, estamos lutando muito, mas vamos conseguir vencer, para deixar um legado para a nossa associação. Bruno é meu irmão e meu vice-presidente na Associação dos cantores. Bruno é um cara muito especial e gostamos muito dele”

Marquinho Art’Samba 
“Eu me sinto muito lisonjeado com isso porque eu comecei com o Bruno. Toda essa trajetória que ele tem no carnaval , eu vim acompanhando. Depois eu virei cantor da Unidos de Padre Miguel, depois continuei acompanhando ele no carnaval de 2013. A gente não é só amigo no samba, mas de vida, o Bruno é padrinho do meu filho. Isso já diz tudo, e além do samba. Eu também faço parte dessa caminhada dele”.

Clóvis Pê
” A gente é amigo há mais de 30 anos. A contribuição do Bruno Ribas para o carnaval é uma das maiores pela experiência e competência. A Unidos de Padre Miguel terá a possibilidade de fazer mais um grande desfile contando com uma grande voz, um talento sensacional. Eu e o Bruno a gente teve o privilégio de cantarmos juntos, eu era o cantor da Mocidade Alegre em 2012 e ele cantava o samba que foi campeão. E aqui eu fui campeão do samba da Tijuca. Aí, ele desfilou comigo lá em São Paulo na sexta-feira, e eu desfilei com ele aqui no Rio naquele mesmo ano. O Bruno é um dos caras mais parceiros que eu já vi no meio do samba. Que Papai do céu o abençoe, e ilumine e o guarde”.

Respeite o Império Serrano! Parceria de Aluisio Machado vence disputa de samba para o Carnaval 2024

Respeite o Império Serrano! O Reizinho de Madureira anunciou, já na manhã deste domingo, o hino oficial que levará para o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no ano que vem. Ao todo, quatro sambas chegaram na final do concurso promovido pela escola da Serrinha. Após uma maratona de apresentações da madrugada, a parceria formada por Aluisio Machado, Carlos Senna, Andinho Samara, Jefferson Oliveira Nunes, Carlitos Ambrósio e Marcos R. Valença confirmou o favoritismo e se sagrou vencedora da competição. Com isso, a obra criada por eles irá embalar o enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza, cuja a proposta é realizar uma grande louvação aos orixás em forma de xirê. Em 2024, o Império será a oitava agremiação a cruzar o Sambódromo da Marquês de Sapucaí no sábado de Carnaval, dia 10 de fevereiro, encerrando a maratona de apresentações da Série Ouro, em busca do retorno imediato ao Grupo Especial.

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

Além das obras finalistas, a decisão imperiana contou com um verdadeiro espetáculo promovido pela agremiação. Logo na abertura, houve uma performance especial feita pelos integrantes da comissão de frente, assinada pelo coreógrafo Marlon Cruz. Em seguida, os diferentes segmentos da escola, de baianas a passistas, ocuparam o palco e fizeram seu show ao som de sambas clássicos como “Fala Serrinha, a Voz do Samba Sou Eu Mesmo, sim Senhor” (1992), “Aquarela Brasileira” (1964), “Mãe Baiana Mãe” (1983), “Dona Ivone Lara: O Enredo do Meu Samba” (2012), “O Império do Divino” (2006), “Bum bum Paticumbum Prugurundum” (1982) e “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar” (1976). Somente depois disso é que as parcerias concorrentes, com suas respectivas criações, puderam se apresentar. Cada uma delas teve direito a uma passada sem bateria, seguida de 15 minutos acompanhada dos ritmistas da “Sinfônica do Samba”, comandados por mestre Vitinho.

“A emoção é inenarrável, até porque não é a primeira vitória, mas sim a décima sexta. Isso aí não é qualquer coisa. São 16 sambas campeões dentro da minha escola, não é para qualquer um. Tenho a felicidade de ser o maior vencedor de sambas-enredo aqui no Império Serrano, suplantando o meu professor Silas de Oliveira, que ganhou 14. E todas essas vitórias foram bonitas. É o filho da gente, então sempre é especial. E quanto a parte que mais me emociona deste samba, com certeza é o refrão principal, especialmente o último verso: ‘Respeite o Império Serrano!'”, comentou o compositor Aluisio Machado.

“Eu e Aluisio somos parceiros há muitos anos. Esse é o 14º samba que ganhamos. Ano passado, ganhamos homenageando Arlindo e, hoje, ganhamos para tentar voltar ao nosso lugar. Tanto que, no refrão, a gente fala que o Império Serrano tem que ser respeitado. Eu gosto do samba todo. Não consigo dizer uma parte que mais gosto”, citou o compositor Carlos Senna.

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O presidente Flávio França, o popular Flavinho, assumiu a gestão do Império Serrano no final de março deste ano. Na ocasião, ele e toda a nova diretoria foram aclamados em uma assembleia geral da escola, após concorrerem como chapa única no pleito promovido pela verde e branca para o triênio 2023 – 2026. Nascido e criado no morro da Serrinha, o dirigente de 31 anos possui uma longa história com o Reizinho de Madureira, onde já atuou como percussionista e gestor cultural. Ao ser questionado sobre a expectativa para o primeiro desfile sob o seu comando, Flavinho assegurou que a agremiação virá forte na busca pelo título da Série Ouro e apresentará um espetáculo de alto nível na Marquês de Sapucaí.

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“Os torcedores, os sambistas em geral, podem esperar um Império Serrano muito mais organizado do que antes. A comunidade está engajada para 2024 e quer fazer um desfile competitivo. O Império Serrano tem se modernizado. É uma nova roupagem, mas sem perder a essência. E garanto que vamos entregar um Carnaval bonito, robusto, completo, com todos que amam e vivem o Império inseridos nesse processo. Nos outros anos tínhamos muitas alas comerciais, então a gente reduziu bastante. Hoje, eu posso dizer que 97% dos componentes do Império Serrano são oriundos da comunidade. Esse é um passo muito importante e fundamental pra valorização e o engajamento da comunidade dentro desse processo que é fazer o Carnaval. Uma comunidade unida, feliz, próspera e com muito axé, trazendo um enredo maravilhoso indicado pelo nosso carnavalesco Alex de Souza para poder louvar a nossa ancestralidade, o nosso culto aos orixás. Vamos fazer essa gira, fazer esse xirê na Avenida, uma bela macumba céu aberto”, assegurou Flavinho.

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O mandatário ainda fez um desabafo acerca das dificuldades de se produzir um espetáculo nas condições dispostas pelas autoridades para as agremiações da Série Ouro. Para driblar a estrutura precarizada e a imprevisibilidade de verba pública, o gestor alegou que precisou apostar em um forte planejamento e na antecipação dos trabalhos para 2024.

“Fazer Carnaval no grupo de acesso no Rio de Janeiro é uma missão árdua. As dificuldades são muitas e vão desde a ausência de um espaço físico adequado até a falta de verba. Por isso, a gente priorizou se organizar melhor e conseguiu montar cedo os protótipos, tanto que já iniciamos a linha de reprodução de cada fantasia. Estamos buscando fazer o melhor para poder colocar esse Carnaval na rua com uma fantasia bonita, um acabamento bom, luxo no que for possível, mas ainda entendendo a importância de fazer um Império Serrano pé no chão. Quanto à verba da Prefeitura estamos esperando, não há nem contrato assinado ainda. Os governantes não iniciaram um diálogo que seja saudável para gente, mas seguimos na expectativa que nossos governantes vão olhar com carinho e vão dar apoio a essa valorização da nossa cultura preta, que tem Carnaval do Rio de Janeiro um dos seus maiores expoentes”, declarou o presidente imperiano.

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O diretor de Carnaval do Império Serrano, Jeferson Carlos, conversou também com a reportagem do site CARNAVALESCO e falou sobre o cronograma da escola a partir desta definição do hino oficial para o ano que vem. De acordo com ele, os ensaios de quadra terão início já nesta semana. Todavia, os treinos na rua só irão começar no ano que vem, em data ainda a ser estipulada.

“O nosso calendário já está bem definido. Na próxima terça, a gente já tem o nosso primeiro ensaio de comunidade, com a presença da bateria e de todos os segmentos da escola. Na quarta e quinta-feira, a gente faz a gravação oficial do samba. Depois, vamos direto até o dia do desfile. Estamos programado para ir para rua a partir de janeiro, ainda no início do mês. Então, vamos fazer em novembro os ensaios na quadra, dezembro a gente vai para o Parque Madureira e em janeiro, logo nos primeiros dias do ano, vamos para rua. E, independente do local e do modelo, os ensaios serão sempre semanais, às terças-feiras. A estimativa é que sejam, no máximo, 15 ou 16 ensaios até o Carnaval”, relatou Jeferson Carlos.

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O enredo “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais” terá como ponto de partida um grande império que ocupava os locais onde hoje estão situados Nigéria, Togo e Benin, na África Ocidental. No período da diáspora, os filhos daquela terra transferiram seus cultos para o Brasil, onde recriaram suas tradições através de uma forma de religião, ao qual deram o nome de candomblé, na Bahia. Ele se popularizou e ganhou uma nova forma de rito com a união de todas as divindades no xirê, denominado como “gira dos ancestrais”. Em entrevista concedida para a reportagem do site CARNAVALESCO, Alex de Souza, responsável pela criação e desenvolvimento do tema, relatou como surgiu essa ideia e antecipou um pouco do que o público pode aguardar deste projeto.

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“Esse enredo surgiu durante os preparativos do Carnaval de 2023, em homenagem ao Arlindo Cruz, e a forma que tive essa ideia foi muito interessante. Eu comecei a ver um trabalho de uns ilustradores de inteligência artificial e tinha muitos seres mitológicos, de várias culturas, sendo representados. Eram ilustrações de figuras gregas, egípcias, maias, mas olhava aquilo tudo e não via a metodologia iorubá, da cultura nagô. Então, isso ficou na minha cabeça e passei a refletir como seria incrível retratar eles de uma maneira diferente, mais moderna, que os trouxesse não como apenas divindades, mas como seres que representam territórios de uma determinada área da África e que foram reis soberanos, grandes heróis, fundadores de determinados reinos, seus patriarcas, suas divindades. Foi a partir dessa inquietude, dessa reflexão, que dei o ponta pé nesse enredo e fui pesquisar como isso chegou no Brasil, como isso foi decodificado através do candomblé e da cerimônia do xirê, onde cada um dos que vieram para o Brasil são representados. Os descendentes que vieram pra cá, da diáspora, trouxeram uma quantidade X e a ideia é mostrar como eles foram cultuados aqui. Aí vamos tratar, por exemplo, como surgiu o candomblé da barroquinha, o candomblé queto na Bahia, como isso influenciou o próprio samba carioca e os demais candomblés espalhados pelo Brasil. Portanto, é uma coisa basicamente muito simples, que parece muito corriqueira, só que a maneira como serão representados é que será diferente daquela que as pessoas estão acostumadas a ver nos outros enredos. Geralmente, os orixás são colocados apenas como deuses, como divindades, e eu estou trazendo eles como realezas, contando como eles se tornaram reis de reinos que formaram esse grande império de Ilú-ọba Ọ̀yọ́. E aproveitando que a escola é Império Serrano fazer essa analogia entre o Império Serrano e o império de Oyó”, contou Alex.

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Estreante no Império Serrano, o intérprete Tem-Tem Jr citou o que representa cantar na escola da Serrinha. “Eu sempre batalhei, a cada ano, para conquistar coisas melhores para o meu futuro. O Império foi uma surpresa na minha caminhada e eu estou muito feliz. É o sonho de qualquer cantor da minha idade, representar uma bandeira do tamanho do Império Serrano. Minha família tem história aqui, são todos imperianos e vibraram bastante com a minha vinda. A escola também me recebeu muito bem e eu me senti abraçado. Hoje, me sinto um filho imperiano e vim para fazer história. Assim como o Vitinho fez. Ele chegou muito criticado e mostrou o trabalho dele. Eu quero isso para mim. Sei a cobrança que é. Por isso, vou trabalhar a cada dia para surpreender cada componente. O Império me toca de um jeito diferente. Eu fiz uma parceria maravilhosa com o Vitinho e o carro de som precisa dessa sintonia com a bateria. Não querendo diminuir a bandeira de ninguém, mas aqui é diferente de tudo e eu vou dar o meu melhor”.

Um dos maiores talentos do segmento de bateria do carnaval, mestre Vitinho primeiro fez para o CARNAVALESCO um balanço do trabalho realizado em 2023. “Foi um ano mágico e uma estreia muito expressiva pra mim. Tivemos o trabalho da bateria respeitado pelos jurados de bateria, que entenderam a proposta do Império Serrano. No que diz respeito à bateria, fiquei muito feliz com o resultado, porém as outras notas não atenderam às expectativas. Mas, cada ano é um ano. O Império é uma escola gigante e não pode abaixar a cabeça e desistir. Temos que lembrar dos nossos ancestrais e fazer valer a nossa história. O mérito é de toda bateria. Com toda humildade, a gente fez um trabalho bem maduro, respeitando as características da escola e conseguiu colocar em prática tudo o que estudou. Para a bateria, foi um momento de extrema felicidade. Porque é super difícil ser a primeira escola e eu, como um garoto novo, fiquei feliz porque os jurados entenderam o trabalho executado”.

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Depois, ele falou do trabalho para 2024. “Cada ano é um ano. No último carnaval, ficamos muito felizes com o que vivemos porque conseguimos colocar em prática todo o projeto que estava no papel. Mas, a gente sempre sabe que pode mais. A gente vai buscar manter a excelência e a nota máxima. Vai ter xirê na bateria. É ritual. É macumba. Já tenho várias ideias, mas o xirê vai ter”.

O Império Serrano terá também a estreia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Anderson e Eliza, que estavam na Unidos de Bangu no Carnaval 2023. Eles analisaram a responsabilidade de serem o primeiro casal de uma escola de samba tão tradicional do carnaval.

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“É grandiosa a responsabilidade e eu não tenho palavras para descrever uma comunidade raiz que nos recebeu de braços abertos. Estamos muito determinados e muito feliz”, disse a porta-bandeira.

Anderson falou da frequência de ensaios da dupla. “A gente é tão apaixonado pela dança que a gente vive ela 24h por dia. Mas, é claro que dançar no Império faz com que a gente queira sempre um pouco a mais. Para estudar mais, mergulhar nos sambas antigos para saber a linha que a escola segue… Por enquanto, a responsabilidade ainda não está pesando e o treinamento segue o mesmo”.

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Por fim, cada um citou as qualidades do outro. “A determinação! Ele é muito determinado, pega no meu pé, o que me ajuda muito e só me faz crescer. Eu o admiro muito”, afirmou Eliza. “A superação. Ao longo da nossa carreira, nunca tivemos facilidade. Viemos do zero, de quando a gente pegava ônibus e engarrafamento, e ela nunca disse não. Então, a superação sempre foi a maior qualidade dela”, completou Anderson.

Análise das parcerias na final

Parceria de Vera Alice: A primeira obra a se apresentar na grande final imperiana foi a composta por Vera Alice, Sérgio Mineiro, Vera Lúcia, Ribeiro, Edilamar e Jurema Batista. Os intérpretes Alexandre Xuxú e Preto Benezinho foram os responsáveis por conduzir o samba e demonstraram uma boa desenvoltura no palco. Todavia, a obra não foi além de um desempenho mediano na quadra. O refrão do meio, com os versos “(eu vi, eu vi) Mamãe Oxum na cachoeira/Obá Siré Obá, Eparrei Oyá/Logun Edé Nanã/Odoyá… Rainha do mar”, despontou como o ponto alto, sendo o trecho do samba com maior rendimento ao longo da apresentação. A torcida da parceria, que contou com um número reduzido de pessoas, teve bandeiras coloridas como adereços de mão. Apesar de animados, o grupo não conseguiu contagiar o restante dos presentes na quadra, que apenas assistiu sem esboçar muitas reações.

Parceria de Matheus Machado: O samba assinado por Matheus Machado, Maykon Rodrigues, Mateus Pranto, R. Faustino Gravino, Simões Feiju e Valtinho Botafogo foi o segundo a se apresentar na final do concurso de samba-enredo do Império Serrano. O intérprete Bruno Ribas, voz oficial da Unidos de Padre Miguel, é quem comandou o microfone principal da parceria e, junto com o time de cantores, defendeu com segurança a obra, que teve um bom rendimento. O refrão do meio, com os versos “Quem está de frente é Ogum/Ele vem guerrear/Aqui é casa d’Ogum/Toca o adarrum pro rei de Abeoukutá”, foi o grande destaque, não só pelo desempenho em si na quadra, mas pela letra de fácil assimilação e o belo desenho melódico presente nele. O refrão principal, “No terreiro da Serrinha tem gira de candomblé/Fundamento carregado de axé…/O meu Império é raiz, a força de Ilu-Obá/Minha coroa ninguém pode derrubar!”, também se sobressaiu, sendo por sua vez a parte mais cantada da composição. Em relação a torcida, o grupo veio ornamentado com bandeiras e bexigas nas cores da escola da Serrinha. Eles demonstraram empolgação o tempo todo, contribuindo para o resultado positivo da performance. No entanto, a reação da quadra ao samba foi apenas tímida. Mesmo assim, foi possível observar parte do público cantarolando a obra, especialmente nos refrões. Vale mencionar ainda o uso de efeitos especiais pela parceria, desde a chuva de prata no palco a balões coloridos caindo do teto no meio da galera.

Parceria de Aluísio Machado: Dando prosseguimento nas apresentações, a obra de autoria de Aluísio Machado, Carlos Senna, Andinho Samara, Jefferson Oliveira Nunes, Carlitos Ambrósio e Marcos R. Valença foi a terceira na final da competição promovida pela escola da Serrinha. A dupla estrelada de intérpretes formada por Tinga e Marquinhos Art’Samba, vozes oficiais da Unidos de Vila Isabel e da Estação Primeira de Mangueira respectivamente, teve a missão de conduzir o samba. Os dois mostraram grande entrosamento e deram um verdadeiro show no palco, sendo peças fundamentais para o desempenho avassalador da obra. O refrão principal, com os versos “Awá o soro Ilê, Awá o soro Ilê/Atabaque pro Alabê, é xirê pra orixá/Pela fé que atravessa as revoltas do oceano/Respeite o Império Serrano!”, foi berrado na quadra, despontando como o ponto alto do samba. Além dele, o refrão do meio, “Quina erva do pilão Ewê Ewê/Na infinita imensidão…Oxumarê/Onde me faltar justiça/Que Xangô seja juiz/Pra lembrar que a Serrinha é resistência na matriz”, foi outro momento de destaque, também sendo bem entoado. Falando da torcida, o grupo numeroso veio com bandeiras diversas, todas em tons de verde e branco, como adereços de mão. Eles mostraram bastante ânimo, mantendo sempre com um canto afiado. A quadra respondeu positivamente a isso, sendo notório o canto empolgado dos presentes, desde público até a alguns integrantes de segmentos, como ritmistas da bateria. Como curiosidade, é possível mencionar que, assim como na parceria anterior, houve uso de efeitos pirotécnicos, neste caso em específico a chuva de prata no palco.

Parceria de Luiz Fernando: Encerrando as apresentações na final da disputa realizada pelo Reizinho de Madureira, o quarto samba da madrugada foi o composto por Luiz Fernando, Rodolfo Caruso, Juarez Amizade, Márcio Junior, Danilo Firmino e Luis Turiba. O comando do microfone principal da parceria coube ao intérprete Pixulé, da Paraíso do Tuiuti, que desempenhou com mestria a função. No decorrer dos mais de 15 minutos que tinha direito, a obra teve um ótimo rendimento na quadra, conseguindo fechar com chave de ouro a decisão. O ponto alto ficou com o refrão principal, que teve os versos “Vem no toque do agogô/Com o rum, rumpi e lê/A Sinfônica do Samba/Tem amor e muito axé/Ao louvar os orixás/Não esquece jamais/De saudar os fundadores/Nossos guias imortais” entoados com força especialmente pelos torcedores. Eles vieram paramentados com bandeiras verdes e brancas, todas estampadas com a coroa do Império Serrano ao centro, e ao longo da performance mostraram muita empolgação, cantando e pulando sem parar. Isso causou um bom impacto no restante da quadra, com parte do público acompanhando o grupo. O mesmo, entretanto, não aconteceu com os segmentos, que permaneceram ao longo da apresentação sem se manifestar expressivamente. Vale citar ainda como um destaque a presença de um grupo performático no palco, que representou uma gira de orixás no palco, o que trouxe um brilho a mais para o show da parceria.

Galeria de fotos: final do Império Serrano para o Carnaval 2024

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Fé no Tigre! Porto da Pedra realiza seu primeiro ensaio de rua e reforça crença na permanência no Grupo Especial

A Unidos do Porto da Pedra realizou, na noite do último sábado, seu primeiro ensaio de rua, no Centro da cidade de São Gonçalo, rumo ao carnaval de 2024. De volta ao Grupo Especial após mais de dez anos, o Tigre busca garantir a permanência na elite do carnaval, com o enredo ‘“Lunário Perpétuo: A profética do saber popular”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes. No ensaio, a comunidade gonçalense compareceu e mostrou suas credenciais e confiança para a conquista do principal objetivo da Vermelha e Branca.

Promessa de grande desfile

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente de honra da Porto da Pedra, Fábio Montibelo comentou sobre a preparação da escola para o carnaval de 2024. Montibelo garante que a Vermelha e Branca de São Gonçalo fará um desfile para brigar por vaga no desfile das campeãs.

“Vamos fazer um grande carnaval, pode esperar que será um carnaval digno de voltar no desfile das campeãs. Quem está pensando que a Porto da Pedra vem brigar apenas para ficar no grupo, esquece. É importante ensaiarmos cedo para formar as alas, isso aumenta agora, praticamente dobra comparado ao Grupo de Acesso. Vamos começar agora a treinar e cantar o samba pra fazer bonito na avenida”, garante Montibelo.

Vice-Presidente e diretor de carnaval da escola, Fabrício Montibelo, também comentou sobre a preparação da escola para o carnaval de 2024, já que a Porto da Pedra foi uma das principais do Grupo Especial a iniciar os ensaios de rua. Para Fabrício, a Vermelha e Branca realizará o maior desfile de sua história no próximo ano.

“A gente começou os ensaios de rua hoje e agora a gente vai nos organizando bem pra fazer um ótimo desfile. O público pode esperar que a gente vai fazer o maior desfile de todos os anos na escola. Eu fiz o pedido ao presidente. Iniciar a preparação cedo é fruto de organização. Quanto mais cedo a gente começar, melhor, pois a gente pode consertar os erros. Esse ano, nós não podemos errar em nada, temos que desfilar perfeitamente na Sapucaí”, salientou Fabrício Montibelo.

Importância do ensaio de rua

Para o carnaval de 2024, a Unidos do Porto da Pedra saiu na frente na preparação, sendo uma das primeiras escolas a escolherem o samba-enredo e agora, a iniciar seus ensaios de rua. Os ensaios na ruas de São Gonçalo serão cruciais na preparação da Harmonia da escola, como explica o diretor geral de Harmonia do Tigre, Amauri de Oliveira.

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Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

“É um ensaio extremamente importante pra gente, não que o de quadra não seja, mas aqui a gente começa a dar o andamento, a gente começa a ter uma noção exata do que a gente pode ter de canto da escola, no dia do desfile, Na quadra, a gente fica mais apertado porque tem acústica, o som fica um pouco mais abafado. Aqui não, aqui a gente dá o andamento, a gente tem um número de componentes maior, a gente tem o calor da população que fica aqui junto com a gente, são pessoas que também desfilam conosco. Esse momento é muito esperado porque a gente sabe que a gente aqui começa a subir um degrauzinho a mais até o dia 7 de janeiro, quando teremos nosso ensaio na Sapucaí, que aí a gente espera tá pronto”, comentou Amauri de Oliveira.

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A importância da preparação da Porto da Pedra para garantir a permanência no Grupo Especial no carnaval de 2024 é reforçada pelo intérprete Wantuir de Oliveira, que retorna ao Tigre depois de marcante passagem na década de 90. Para o cantor, a quantidade de ensaios da escola será determinante no resultado final.

“Aqui, você tem um contingente da bateria completa porque normalmente a bateria, na quadra, é parte, aqui não, aqui é mais fácil de a bateria ensaiar toda, completa, o carro de som é outro andamento. De certo modo, a gente vai muito mais organizado que qualquer outra escola, pelo tempo que a gente tem que ter pra poder resolver todos os nossos problemas. Quando se ensaia mais, se aprende mais, fica mais redondo. Eu penso desse jeito, mas eu acho que quanto mais se ensaia, melhor fica. No final, vamos colher o resultado de tudo que se ensaiou”, reforça Wantuir.

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Barracão a todo vapor

Responsável pela parte plástica do desfile da Porto da Pedra, o carnavalesco da escola, Mauro Quintaes, em entrevista ao site CARNAVALESCO, comentou sobre o andamento do trabalho da escola. Segundo Mauro, em um momento em que muitas escolas vivem dificuldade com repasses de verba, a Vermelha e Branca segue com seu trabalho no barracão em pleno funcionamento. O artista também promete um dos maiores desfiles da história da escola.

“Nós estamos com o barracão bem adiantado, somente três escolas estão conseguindo executar seus trabalhos dentro de seus barracões e, por questões de repasses de verbas, uma delas é a Porto da Pedra. Nós estamos muito bem em termos de barracão, em termos de fantasia e nós da equipe artística estamos prometendo um dos mais belos já levou para a Marquês de Sapucaí”, revela Mauro Quintaes.

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Casal confiante

Com o retorno da Porto da Pedra ao Grupo Especial, a expectativa pela parte plástica a ser apresentada pela escola, sob a responsabilidade do carnavalesco Mauro Quintaes, é enorme. A fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vermelha e Branca, Denadir Garcia e Rodrigo França, promete causar impacto na avenida. A dupla confia na força do trabalho para a permanência da escola na elite.

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“A expectativa é grande. Eu costumo dizer que o primeiro ensaio é o pontapé inicial para a gente começar a ver como está o termômetro. O carnaval está maravilhoso, estou encantada com a minha roupa belíssima e tô muito feliz. Vamos fazer de tudo para a gente poder permanecer no lugar de onde a Porto nunca deveria ter saído”, comentou Denadir Garcia.

“O ensaio de rua é para pôr em prática tudo que a gente vem ensaiando antes do ensaio de rua. É mais um ensaio para a gente poder definir exatamente o que a gente tem que mostrar na avenida”, completou Rodrigo França.

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No carnaval de 2024, a Unidos do Porto da Pedra levará para a avenida o enredo “Lunário Perpétuo: A profética do saber popular”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes.

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Samba do Império Serrano para o Carnaval 2024

Compositores: Aluisio Machado, Carlos Senna, Andinho Samara, Jefferson Oliveira Nunes, Carlitos Ambrósio e Marcos R. Valença

Você conhece bem o meu Ilê
Onde mora todo axé
E os preceitos de Olorum
Quem segue as ordens de Olodumarê
Que governa Orum e Ayê
Tem bastia de Exu
Irmão de Ogum, meu Pai Maior e Major dos Orixás
Quando a flecha acerta a paz
É Oxossi quem atira
Salve o velho! Atotô!
Baixou na gira, cangira de agogô!
É minha gira!

Quina erva no pilão Ewê Ewê
Na infinita imensidão… Oxumarê
Onde me faltar justiça
Que Xangô seja juíz
Pra lembrar que a Serrinha é resistência na matriz

Mamãe Oxum derrame seu poder nesse altar
Meu povo é rebeldia de Obá
É força e ventania de Iansã
Rompeu manhã o sol resplandeceu Logunedé
Ewá, do meu feitiço guardiã
Caminho nos saberes de Nanã
Yemanjá sereia! Mãe de todos os Oris
Quem inveja a vitória não enxerga cicatriz
Sob os olhos de Oxalá
Verde branco no Ejé
Assentei em Madureira todo amor do Candomblé

Awá o soro Ilê, Awá o soro Ilê
Atabaque pro Alabê, é Xirê pra Orixá
Pela fé que atravessa as revoltas do oceano
Respeite o Império Serrano!

Alessandra Mattos é apresentada como musa da Estácio de Sá para o Carnaval 2024

Na noite de sexta-feira, a quadra da Estácio de Sá foi palco de show é muita emoção, com a apresentação triunfal da atriz. Alessandra Mattos foi ovacionada pela comunidade. Ela também chamou atenção pela boa forma, usando um vestido transparente que deixava seu corpão a mostra. Com muito samba no pé ela foi aplaudida por todos, honrando o pavilhão do berço do Samba.

A nova musa está de volta a Estácio após 13 anos afastada. Quem também se emocionou muito foi a “mascote” da bateria Natália, que chorou muito ao saber da surpresa. Natália está na escola desde a época em que Alessandra era rainha de bateria.

Veja galeria de fotos (Imagens de Daniel Pinheiro/Divulgação)