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Com forte calor, Rosas de Ouro se supera em ensaio técnico

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Rosas de Ouro realizou o seu primeiro ensaio técnico na tarde deste sábado. A análise deste treino foi baseada no forte calor, que impossibilitou a escola de fazer muitas coisas. Dá para dizer que a Brasilândia foi guerreira no Anhembi. Um sol escaldante onde muitas pessoas não aguentaram e acabaram com mal-estar, a comunidade foi firme e forte até acabar. Contudo, dá para tirar algo positivo deste ensaio, como a forte presença da ala musical em conjunto com a bateria, além da criatividade da comissão de frente.

Provavelmente nunca irá existir um desfile às 16h, tampouco uma apresentação no Anhembi com um sol tão escaldante como foi visto. Portanto, a Roseira terá a chance de fazer ensaios técnicos ainda neste ano, com horário mais tarde e, sendo assim, pode aproveitar o treino para visar o Carnaval 2024.

“Faz parte do jogo. Como o carnaval é um espetáculo a céu aberto, estamos sujeitos a qualquer tipo de acontecimento. Tempestades, sol e o que vier. Mas acaba prejudicando um pouco, porque as pessoas cansam muito mais rápido, então o que a gente poderia ter sido melhores, de repente por conta desse calor, muita gente passou mal, então as pessoas deram uma segurada também para não acontecer nada de mais grave. Então eu acho que dava para ser um pouquinho melhor se não tivesse esse sol”, explicou o diretor de carnaval, Evandro Souza.

Comissão de frente

A ala comandada por Helena Figueira, executou a sua apresentação com um grande elemento alegórico. Tal carro aparenta ser o próprio Ibirapuera, pois lá em cima acontecem várias ações que remetem a isso, como simulações de piquenique, brincadeiras, esportes e outras coisas que o parque tem como característica.

A forma que a comissão saudou o público foi diferente. Era de uma forma descontraída. Os componentes acenavam com as mãos e sorriam para o público. Uma apresentação simples e de fácil leitura que a Rosas propôs neste treino. Vale ressaltar que, em análise, até o setor C, os componentes evoluíram muito bem, mesmo com o forte calor.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Uilian Correia e Isabel Casagrande executou uma apresentação segura. A dupla mesclou muito bem os giros horário e anti-horário e a coreografia dentro do samba. A dança dentro do hino foi mostrada com simplicidade. Vale destacar que até o setor C, que era o local onde a reportagem estava localizada, o casal suportou a alta temperatura com uma roupa quente.

“Tivemos muita força! Trabalhamos muito há muitos meses, nos surpreendemos com o calor: o Sol nos pegou um pouquinho de surpresa. Mas conseguimos aplicar o trabalho na pista, conseguimos desenvolver as cabines. Agora é pegar os pontos de atenção, os ajustes e conseguir aplicar para vir muito melhor no segundo ensaio”, disse o mestre-sala.

“Por tudo que a gente passou… nesses dias, tivemos um ensaio fechado e pegamos uma baita chuva. E, hoje, esse Sol que estava muito forte. Eu daria dez para a gente hoje! É claro que ainda temos alguns detalhes, temos tempo para ajustar. Ao todo, achei que foi muito bom pela garra e pela força”, declarou a porta-bandeira.

O casal falou sobre o novo posicionamento dos módulos, que mudaram de local, sendo que as torres não existem mais. “Para mim, não ter a sinalização clara é confuso. Para a gente, que está se acostumando e se habituando com os novos lados e posicionamento das cabines, fica confuso porque não está muito bem sinalizado”, afirmou Uillian.

“Estávamos acostumados com as torres, e agora não temos mais elas. Fica algo meio escondido, tem lugar que ainda não está sinalizado – ou estava e, com o vento, saiu. Só isso que dificulta, já que estamos tão preocupados com a dança e estávamos tão preocupados com as torres, que a gente se perde. É claro que, no dia, teremos uma sinalização escrita, então vai ser diferente. Do chão eu não tenho do que reclamar, mas a sinalização tá me pegando um pouquinho”, finalizou Isabel.

Harmonia

Deu para notar que a escola sabe cantar o samba. Porém, na metade da pista, devido ao excesso de calor, o ritmo já estava lento. Os componentes não conseguiam respirar forte e tirar a voz lá do fundo. Apesar disso, deu para notar que as partes que mais pegaram na boca do povo da Brasilândia foram o refrão do meio e também os últimos versos: “Rosas pra comemorar, cantar pra você/chegou a Brasilândia com toda humildade/mostrando sua identidade”.

Tudo isso citado acima, acarretou na sincronia errada com o carro de som em alguns momentos. Há de se lembrar que o Anhembi ainda não tem o som inteiro e a marcação fica somente com o caminhão que transporta a ala musical.

Evolução

Esse foi o quesito que mais sofreu com o calor. Parece exagero, mas muitas pessoas não se aguentavam em pé. Algumas saíram pela lateral da pista, outras acusaram o baque na dispersão e as demais frearam o ritmo na pista. Não foi uma evolução no ritmo do ensaio e da bateria. Em conversas da reportagem com pessoas das escolas, chegaram a afirmar que teve que parar um tempo para continuar conseguindo continuar.

Ao todo, a comunidade da Brasilândia evoluiu como dava. Alguns conseguiram colocar um gás, mas a maioria acusou o golpe.

Samba-enredo

Neste ensaio a participação da ala musical foi muito grande. O intérprete Carlos Jr abusou dos cacos e tentou jogar a comunidade para cima de alguma forma. A interação com a “Bateria com Identidade” é algo a se destacar, visto que a batucada solta muitas bossas e a ala musical consegue responder bem. A parte que mais se destaca é o refrão do meio: “Nasce com as flores, quase primavera/árvore de amores, meu Ibirapuera. Apesar de curto, ele explica totalmente o que é o parque, sendo na história (nasceu na primavera e é um parque da estação). E tem árvores de amores. Esses são os princípios básicos do Ibira.

O intérprete Carlos Jr avaliou o ensaio e exaltou a comunidade, dizendo que se pode corrigir erros antigos. “Hoje eu senti uma escola que está disposta a fazer algo diferente para melhorar o que está ruim. A gente, antes de querer ser campeão, precisa estar seguro de que a gente está com um bom trabalho e estamos todos alinhados. Não adianta querer e não ter uma comunicação, por exemplo. Acredito que comunicação e diretoria estão alinhados – e o povo está entendendo a comunicação”, afirmou.

‘Carlão’, como é conhecido no meio do carnaval, comentou sobre a alta temperatura. Na avaliação do mesmo, não atrapalhou o canto. “Acho que o canto pelo Sol não foi prejudicado porque viemos esperando chuva. Mas, no domingo passado, fizemos um ensaio de rua e eu achei que teríamos o mesmo número de pessoas que estava indo na sexta-feira. Mas eu tinha uma preocupação que aquele ensaio teria que ser o feedback para esse ensaio técnico. No domingo em questão, estava esse mesmo Sol, com muito mais gente. Então, a comunidade estava preparada”, completou.

Outros destaques

A “Bateria com Identidade”, regida por mestre Rafa, foi destaque no ensaio de hoje. De acordo com mestre Rafa, houve o sol com empecilho e, segundo o próprio, ainda é cedo para avaliar.

“A avaliação que eu tenho para fazer, por enquanto, é muito cedo. Mas falando de bateria, trocamos a baqueta, então ficou mais pesado. O andamento caiu um pouco, essa bateria já não é tão para frente, ela até valente, mas não é para frente. Então a gente está usando as baquetas com a cabeça grande. Um globo maior e isso assim não prejudicou, deixou a bateria mais pesada, do jeito que a gente gosta, mas ainda não estamos acostumados. Então o andamento veio brando. E aí também entra a parte do Sol. A gente é 8 ou 80, então chuva ou sol demais (choveu bastante no ensaio específico de bateria na quarta). Graças a Deus foi sol e não choveu ainda. Agora a gente vai se encontrar com a direção de harmonia e de carnaval e tudo mais. Vamos avaliar como foi, eu senti a escola leve e tranquila. E eu espero que no segundo ensaio a gente consiga fazer um trabalho assim, já colocar o trabalho que queremos fazer no dia do desfile”, comentou.

Empolgação o tempo todo! Canto da Dragões da Real se destaca no primeiro ensaio técnico

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Dragões da Real realizou o seu primeiro ensaio técnico visando o Carnaval 2024. Foi realmente uma grande apresentação. O destaque principal foi a harmonia da escola. Os componentes da agremiação da Vila Anastácio deram a vida no canto e tiveram um desempenho para lá de satisfatório, muito também por responderem perfeitamente os apagões feitos pela bateria “Ritmo que Incendeia”, de mestre Klemen. Outros quesitos que ficaram em evidência, foram mestre-sala e porta-bandeira e evolução. Elegância pura de Rubens e Janny e bela compactação entre as alas da Dragões da Real. Com o enredo “África – Uma constelação de Reis e Rainhas”, a ‘comunidade de gente feliz’ será a terceira a desfilar na sexta-feira de carnaval.

“Para o nosso primeiro ensaio geral me surpreendeu as expectativas. Eu costumo dizer que a Dragões tem feito ao longo de muitos anos, bons ensaios técnicos. Hoje acho que a gente elevou isso, estamos um degrau acima, acho que a comunidade está engajada, entendeu o recado. Entendeu para que serve esse ensaio, antes de mais nada para elevar a energia pessoal da nossa comunidade, é trazer a gana de vencer para eles. Está aprovado aqui, depois da faixa amarela que é essa família toda feliz, sorrindo e alegre e é isso”, disse o diretor de carnaval, Márcio Santana.

Comissão de frente

A comissão, que é comandada por Ricardo Negreiros, teve uma dança bem complexa com um grande elemento alegórico. Havia um personagem principal com um cajado, onde ele ficava circulando o tempo todo pelos demais componentes, sendo no chão ou em cima do tripé.

Tinha um momento chave onde os integrantes rodeavam esse personagem principal e ele subia em uma espécie de queijo. Este elemento subia sozinho. Dava um ar de superioridade ao homem que estava representando essa pessoa. Como o enredo se trata de reis e rainhas, suponha-se que se trata de uma espécie de coroação ao rei ou louvação à divindade.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Rubens de Castro e Janny Moreno, provaram porque gabaritaram o quesito no último carnaval. É impressionante a elegância que os dois formam juntos. Janny toma o pavilhão para si como nunca, defende e mostra sua experiência. Até parece que está desfilando no quintal de casa, tamanha experiência que mostra. O Rubens mostrou lindos passos de mestre-sala, sambou, fez a coreografia corretamente junto a porta-bandeira e os movimentos foram totalmente sincronizados. É um ensaio para ficar na história da dupla, que está indo para o segundo ano juntos, ostentando o pavilhão tricolor.

“A dança deu uma repaginada, estava comentando com um grupo de jornalistas, que fazia 21 anos que eu não dançava afro. Em 2003 havia sido a última vez afro e foi a primeira vez que fui primeiro (mestre-sala). É muito número, agora falando sério, a nossa dança vamos trazer uma ancestralidade, vamos fazer os movimentos, foi difícil pegar, a Janny vem de escola mais tradicional que tem essa pegada e dançou mais afro, passou muita coisa”, declarou o mestre-sala

“Foi bem bacana, estreia tivemos uma desenvoltura bem legal, mas sempre tem o que melhorar. Com essas mudanças também que teve, temos algumas coisinhas para acertar, mas está tudo sob controle, graças a Deus”, completou a porta-bandeira.

Harmonia

Foi o principal destaque da escola. O canto da Dragões da Real foi impressionante. É fruto de um trabalho de anos, mas vai além disso. A agremiação vem com um enredo afro pela primeira vez. Consequentemente, vem samba com palavras diferentes, como o refrão do meio. Mas já pegou totalmente na comunidade. A parte mais cantada é o último verso: “Coragem, resistência, comunidade… Africanidade!” – Principalmente a última palavra, onde era gritada para embalar no refrão principal.

Vale destacar que muitas escolas têm problemas com carro de som e bossas juntamente às alas. O fato de voltar no tempo certo. Contudo, a Dragões da Real acertou em cheio todas as vezes que executou os apagões. Os componentes voltaram no tempo correto, sem atravessar uns aos outros. É um ponto bastante positivo.

Todas as alas tiveram uma harmonia forte, mas vale destacar ‘Avalanche da Real’ e outro grupo que é formado pelas alas ‘Tamo Junto’ e ‘Zona Sul’.

Evolução

Juntamente com o intenso canto, a evolução chegou junto. Os componentes se movimentavam rapidamente de um lado para o outro. Exceto as alas coreografadas, não tinha nenhum tipo de coreografia padrão nas comerciais. Apenas ficaram livres para evoluir.

A compactação é algo que chama a atenção na Dragões da Real. Se for parar para ver em uma visão ampla, é um ‘mar de alas’, pois dificilmente se vê espaçamentos. É tudo preenchido, o que dá um contraste visivelmente belo.

Samba-enredo

O carro de som comandado por Renê Sobral teve uma atuação satisfatória. É perceptível que o intuito da ala musical é deixar o samba correr e a comunidade cantar, que por sinal teve grande desempenho junto aos atuantes nos microfones. Isso é visto quando o cantor não executou tantos cacos. Deixou seguir o andamento junto com a bateria.

“Eu estou em êxtase, porque foi o primeiro ensaio. Eu estava muito confiante no canto da escola devido aos ensaios de quadra e rua. Estou muito feliz que a comunidade correspondeu. O samba correspondeu, a bateria deu um show, foi um ensaio maravilhoso”, contou o intérprete Renê Sobral.

De acordo com o cantor, o entrosamento com o mestre Klemen está da melhor maneira possível. “Casou 100%. Eu respeito a bateria dele e ele respeita a nossa ala musical. Nós temos um entrosamento de equipe. Tudo que a gente for fazer, tem que ser conversado. Todo trabalho é feito em conjunto. Tudo que ele faz, me consulta e tudo que eu faço eu o consulto. Se tem algo que incomoda, a gente senta e conversa para achar um termo que fica legal para a escola”.

Outros destaques

A bateria “Ritmo que Incendeia”, regida por mestre Klemen, teve um desempenho muito satisfatório. O músico está indo para o seu segundo ano na agremiação e dá para dizer que este ensaio foi o melhor que a batucada teve em seu comando. Bossas e apagões perfeitamente executados.

“Como todos os anos, temos coisas a serem acertadas como em qualquer ensaio técnico e na quadra também. Gostei muito da energia e sinergia. Pessoal se entregou mesmo para esse ensaio com cara de desfile. Mas a gente sempre tem coisas para arrumar e vamos fazer isso”, comentou o mestre Klemen.

De acordo com o músico, os ‘apagões’ serão feitos quantas vezes ele quiser no dia do desfile. “O presidente Tomate me deu total liberdade para fazer quando eu quiser no meu ‘feeling’ de desfile. Se eu tiver que fazer 30 vezes na avenida, vai ajudar muito na evolução e harmonia da escola. A gente quer fazer um desfile solto e jogando para a escola”, completou.

Mais Destaques

– Muitas alas com adereços de mão;

– Um belo tripé foi levado, onde Simone Sampaio foi à frente dele;

– A corte de bateria foi bem vestida, com destaque para a rainha de bateria Karine Grum, que sambou muito no pé;

– O carnavalesco Jorge Freitas foi atuante o tempo todo. Em vista no setor C, ele estava na ala das crianças, que ficou na marcação de uma das alegorias. O artista estava animando os componentes a todo instante;

– Presidente Renato Remondini (Tomate) também incentivando a comunidade a cantar.

Com Fafá de Belém, Império de Casa Verde mostra força nos quesitos; principal destaque é a energia da escola

O Império de Casa Verde vai homenagear a lenda, ‘a cabocla mística’, Fafá de Belém no carnaval de 2024, com o enredo: “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”, e no primeiro ensaio técnico da escola no último domingo, mostrou sua força com todos os quesitos redondos, show à parte da ‘Barcelona do Samba’ e presença da homenageada que mostrou sua energia surreal para o Anhembi.

Harmonia

Dentro do quesito harmonia quero destacar o canto bem regular da agremiação. Do começo ao fim, as alas mostraram um canto bom, sem deixar cair. O samba funcionou muito bem de todas as partes, ala musical, bateria, e o canto da escola, ou seja, a harmonia fluiu muito bem. Vale destacar a Ala Tiger Show que veio toda no estilo do Pará. Na realidade, a escola inteira estava com característica do norte brasileiro, vestiram realmente o enredo em homenagem a Fafá de Belém. Uma ala que chamou atenção foi a Ala Imperial que veio com canto positivo, muita animação e inúmeras bandeiras representativas LGBTQIA+, algumas com recados. O canto foi muito positivo em diversas alas. O diretor de carnaval, Tiguês, conversou com o site CARNAVALESCO e falou sobre a energia no ensaio.

“Você usou a palavra certa, a energia que emana do norte do país, chegamos muito feliz com a presença da Fafá de Belém, então o clima maravilhoso que a gente trouxe para a avenida, cantando muito o samba, então nosso componente está de parabéns”. Em seguida complementou dizendo:” O canto da escola, um canto vibrante, é um samba vibrante, o canto foi algo que me tocou mais. Algo mais forte que vimos no desfile, claro que se a gente for falar de bossa de bateria, coreografia de casal de mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, mas o principal foi o canto da comunidade que veio forte”.

A presença de Fafá de Belém foi um dos pontos altos do ensaio, e Tiguês comentou sobre: “Ela é maravilhosa, por telefone ela é uma vibe diferente, ser de muita luz, uma pessoa que já merecia ser homenageada como enredo há muitos anos no carnaval brasileiro. E o Império está pagando essa dívida ao povo do carnaval, ela é maravilhosa, comprou a ideia e vem no clima, estamos muito feliz com ela”.

Evolução

Seguindo a lógica, precisamos falar da evolução que foi redondinha. O Império passou muito bem pelo Sambódromo do Anhembi, destacou no quesito, a leveza dos componentes, que dançavam, cantavam, e mostraram realmente uma força, a energia foi surreal. A comunidade imperiana realmente fez um ensaio interessante e com quesitos compactos, ou seja, a evolução precisa ser valorizada. Afinal, a vizinha do Anhembi teve um desfile correspondendo todos os quesitos necessários.

Samba-enredo

Seguindo a linha lógica, harmonia, evolução, é a vez do samba-enredo. Fluiu muito, mas muito bem na pista do Anhembi. Bateria e carro de som tem papel a ser destacado, o intérprete Tinga conduziu de forma bem positiva. Com isso, o canto foi muito forte da comunidade, bem regular. Foi um dos pontos a ser destacado, em vários momentos o samba explode na pista, mesmo fora de refrão, ou seja, dá para sentir que está funcionando tudo que a escola tem trabalhado na quadra aos domingos, só mudou o palco, e fluiu bem. O intérprete Tinga vai para o segundo ano na casa imperiana e comentou sobre o primeiro ensaio técnico em 2024.

“Foi maravilhoso. Deu para conferir que a escola está feliz demais com nosso enredo, nosso samba para a gente fazer um maravilhoso desfile como ano passado. Vamos tentar buscar esse título para a nossa querida Império de Casa Verde”.

Em relação ao entrosamento com a bateria comandada por Zoinho, o intérprete revelou: “Estou feliz demais. A gente trabalha bastante com a bateria e todos os segmentos da escola. Fico feliz demais com o carinho comigo. Trabalhamos com muita alegria e muita vontade”.

Comissão de frente

A comissão de frente, comandada por Anderson, em momentos círculos lembrando rituais, em um momento a personagem central era protegida pelos guerreiros e faziam gestos indígenas, quando atacados por outras pessoas. Depois dessa mesma dançarina, saia em liberdade e dançava junto com todos. É uma coreografia bem intensa, e com várias partes para notarmos. O que senti é que teremos uma coreografia mesmo no estilo indígena, outro momento é quando abriam dois círculos e referências a personagem principal, que era uma mulher, também senti a presença do carimbó na dança, ou seja, temos muito Fafá de Belém e o Pará. Despertou muita curiosidade do que está por vir.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Jéssica e Rodrigo mostrou a versatilidade na dança, já deram pequenos spoilers do que irão trazer. Mas fizeram uma passagem tranquila e bem na pista, a Jéssica sempre intensa, instruindo bastante os movimentos. A sincronia do casal também funcionou muito bem. Destaco momentos como o samba diz ‘Ê emoriô… ê emoriô’, já demonstraram que terão um passo especial. Em outro trecho do samba, ‘Se ajoelhou aos pés da santidade’, o casal ajoelhou na pista em pura sincronia. Com isso, o casal com certeza foi um ponto a ser destacado no primeiro ensaio técnico da Império de Casa Verde. Apesar do bom ensaio, a porta-bandeira Jéssica avaliou pensando em melhorias.

“Sempre tem coisa para melhorar até um minuto antes para melhorar – sempre teremos alinhamentos. A gente fez o que estava proposto, o que está pronto desde novembro. Sempre tem algo para melhorar e arrumar, para acertar, mas foi de acordo com o que a gente esperava”.

O mestre-sala Rodrigo complementou dizendo sobre o piso do Anhembi: “O piso, para mim, está maravilhoso: tem aquela caída mais torta, estabiliza muito mais a nossa dança, com a fantasia (que tem um peso) e está nivelado. Antes, era algo meio na diagonal que a água escorria. Agora, está maravilhoso. Quanto às torres, estamos nos adaptando. Foram dez anos com torres, e os lados dos jurados eram os mesmos sempre – e, agora, mudou. A gente já começa do lado contrário do que era”.

A porta-bandeira complementou dizendo sobre a dificuldade que o casal tem enfrentado neste momento: “A dificuldade que estamos tendo ainda é na segunda cabine. Antes, tem um clarão da bateria e, como passamos sem a bateria, já achamos que é ali o jurado – mas, na verdade, é um pouquinho depois. Ainda estamos pegando o tempo para entrar nesse jurado. No mais, estamos apenas nos adequando aos lados. Mas a entrada e saída estão tranquilas”.

Outros destaques

A bateria, comandada por mestre Zoinho, tem sido sempre um ponto a ser destacado na Império, sempre inovando e ousando nas paradinhas, bossas. Vale citar a paradinha no recuo, em outros momentos do samba, paravam e cantavam ‘nós somos a flecha’ e já voltava. Teve uma coreografia da bateria com a rainha Theba, levantou o público. A bateria coreógrafa diversas vezes, e ousou nas bossas, brincou com o samba, a parte do êmorio, o chocalho tirou onda nesta parte. Vão trazer elementos do carimbó, ou seja, tem sido bacana acompanhar esse quesito na escola. O mestre Zoinho falou sobre o primeiro ensaio da Barcelona do Samba junto com a comunidade no Anhembi.

“Gostei do nosso desempenho! Foi uma grande noite, passaram várias escolas de alto nível, apresentando grandes trabalhos. O Império fechou essa noite de desfiles, depois de Mocidade Alegre, atual campeã do carnaval, Dragões da Real, Rosas… muita escola boa. Mas apresentamos um trabalho muito bom, que vem em uma crescente. Com certeza estaremos muito preparados para o desfile, temos mais um ensaio e a avaliação foi muito boa dentro do que estávamos planejando”.

Com 230 ritmistas na Barcelona do samba, Zoinho falou sobre o trabalho para trazer a batida em homenagem ao enredo: “Para a gente fica fácil o processo de criação de toques paraenses porque temos uma ala de compositores, autores desse samba, que facilitam para a gente. Na construção do samba, eles me chamam para participar e eu vou acompanhando todos os momentos da canção. Eu entro fazendo o acompanhamento musical de tudo isso: não é apenas fazer uma bossa na avenida, isso todo mundo vai fazer. Fazer o acompanhamento musical do enredo e do que ele está pedindo é um trabalho muito maior, que exige um estudo e compromisso maiores. Temos que fazer algo mais, já que temos que fazer um processo maior”.

A agremiação veio com destaques de chão pela escola, o que é uma novidade, antes vinham juntas, mas agora estão separadas durante a escola da Zona Norte. Todas cantando o samba, interagindo bastante com o povo. A rainha Theba Pitylla contém uma sintonia muito grande com a escola, contém inclusive tatuagem da Império, e representa muito à frente da bateria.

Por fim, propositalmente, destaco a presença da Fafá de Belém, que energia surreal ela tem, simpatia, e interagiu muito com a comunidade. Tirando fotos, desfilando à frente da bateria, brincando com a rainha Theba, componentes, está totalmente em casa e trouxe seu alto astral para o desfile, é a cereja do bolo, que esteja sempre presente.

Organização e coesão se destacam em ensaio técnico seguro da Mocidade Alegre

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Atual campeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre fez o primeiro ensaio técnico em vista do carnaval 2024 no domingo. Com Anhembi cheio, a agremiação desfilou com ótimo clima (sem o forte Sol que castigou escolas que vinham antes e sem um pingo de chuva sequer) e colaborou com a atmosfera invejável com uma apresentação segura e uniforme – marcada, justamente, por um show da Evolução da Morada do Samba, que apresentará o enredo “Brasiléia Desvairada: A busca de Mário de Andrade por um país”, terceiro desfile a ser exibido no sábado de carnaval (10 de fevereiro).

Evolução

Desde quando os primeiros componentes da agremiação ultrapassaram a faixa amarela, a Mocidade Alegre teve um movimento uniforme que faria inveja às aulas de Física. Sem ter qualquer oscilação, a instituição deu mais uma prova da organização que lhe é tão característica nos últimos anos.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Estreando como dupla no Anhembi, Diego Motta e Natália Lago não mostraram dose alguma de nervosismo na primeira vez atuando em união. Defendidos por guardiões e já com fantasias, trazendo ainda mais brilho para a apresentação, ambos tiveram giros (majoritariamente em sentido horário) e movimentos extremamente sincronizados. Vale destacar, também, a ótima comunicação de ambos com o público, sorrindo e arrancando aplausos e gritos da arquibancada. Para Diego, a exibição evidenciou que o trabalho já está em fase final.

“Teve muita coisa legal! Muita coisa que planejamenos deu certo, funcionou com o andamento da escola. O desafio, agora, é incluir tudo que a gente criou baseado no contexto da escola inteira: andamento, Evolução, ritmo. Por ser o primeiro, estamos felizes. Fizemos o que tínhamos que fazer, tem muita coisa para consertamos ainda, mas faz parte. É uma construção, já que nós mesmos estamos nos construindo. Estamos chegando na parte dos acabamentos finais, com piscina, plantinha e água de coco”, brincou.

Destacando os últimos dias da dupla, Natália também mostrou-se satisfeita. “Depois das festas, só tivemos um ensaio no Anhembi. Hoje foi para valer, foi muito bom”, afirmou.

Ela, por sinal, pontuou que as mudanças pelas quais o Anhembi passa tornaram a exibição ainda mais estimulante. “Hoje também foi para testar como estaria nossa dança com as reformas pelas quais o Anhembi passa. Realmente está muito diferente do que estava acostumado. Foi mais desafiador que o normal. Até às vésperas do desfile, o chão não é a mesma coisa. Temos que tomar cuidado”, relembrou. Focando exclusivamente na sua função, Diego também fez apontamentos. “Para os mestres-sala, a gente conta muito mais com os atravessadores. As torres eram uma referência alta, então a gente conseguia visualizá-la com antecedência. Agora, é no susto. Se você não estiver concentrado no percurso, quando você se dá conta, já está em cima da cabine. Essa é a dificuldade: a sinalização. Memorizar e entender esse espaço físico para fazer tudo na hora certo. Mas, para a gente, deu tudo certo”, suspirou.

Comissão de frente

Surpreendendo muitos, a Mocidade Alegre não trouxe tripé algum para o primeiro ensaio técnico. Apostando na dança bastante expressiva dos componentes, as meninas do segmento utilizavam collant preto enquanto as figuras masculinas estavam sem camisa, todos com calças ou saiotes cor de creme. A coreografia, bastante enérgica, marcou o samba com primazia, executando danças conforme o que era cantado.

Samba-enredo

Os compoenntes conduziram muito bem a canção da escola em diversos momentos. Colaborou, também, o ótimo trabalho do carro de som da Morada do Samba, comandado por Igor Sorriso – que fez questão de elogiar os demais companheiros.

“Gostei do ensaio, sim! Fizemos o que estávamos ensaiando, e estamos ensaiando bastante em prol de um canto uníssono, alinhado com bateria e clareza nos arranjos em parceria com o Junior Denden, nosso diretor musical. Acho que conseguimos executar o que estamos fazendo. Agora, vamos ouvir, gravamos o ensaio para ver o que tem para ajustar (e sempre tem algo para ajustar) para que, no dia 27, tudo esteja ainda melhor”, destacou.

O intérprete, por sinal, mostrou-se satisfeito com o quanto a canção foi cantada no Sambódromo. “A Mocidade Alegre é uma escola muito querida e ficamos felizes com o apoio do público. A Mocidade tem uma torcida muito grande e o povo gosta de acompanhar a gente, de interagir. Eu percebo e fico muito feliz com isso”, comemorou.

Harmonia

Como citado anteriormente, os componentes da escola, no geral, corresponderam muito bem ao samba da agremiação. Mas, antes de fechar com chave de ouro, houve um deslize da instituição. Nas últimas alas da escola foi registrado uma queda na intensidade do canto, destoando de todos os setores à frente – que estavam com ótima exibição.

Após destacar que o canto, na visão dele, foi o principal ponto forte do ensaio, Junior Dentista, diretor de carnaval da agremiação, aproveitou para afirmar que, por conta da função exercida por ele na exibição, não é possível cravar como foi o ensaio como um todo. Vou começar a ter uma ideia amanhã quando eu assistir, tenho uma função que o relógio é meu, estou na frente da escola, e não consigo hoje falar como foi o meu ensaio ou não. A minha parte é muito técnica, tem o espaçamento, e isso veio dentro do planejado. Agora tenho outros fatores que preciso ver no vídeo e ala a ala. Viemos com uma estratégia diferente, coloquei quatro animadores aí, dois de cada lado, que era onde estavam os jurados, e esses animadores vinham para dar um sacode na galera, para mexer com expressão corporal. Mas no canto pelo que senti aqui, gostei muito, claro que é sempre uma evolução para o segundo estar redondo, vamos evoluir, mas preciso estudar no vídeo para ter certeza como foi”, pontuou.

Outros destaques

Para incentivar os componentes, a Mocidade Alegre colocou alguns utensílios semelhantes a escadas com harmonias e frases de incentivo (algo como “Estamos na metade, mas estamos sendo julgados!”) em cima nos corredores laterais da passarela. Os próprios staff da Morada do Samba tinham dificuldade para se locomover – precisando invadir a passarela e, por vezes, resvalar em desfilantes, que estranhavam a cena. A escola virá com, no mínimo, dois tripés – além dos quatro carros alegóricos que o regulamento permite.

Com diversas inspirações em ritmos musicais brasileiros diversos, a “Ritmo Puro”, bateria da Mocidade Alegre, sustentou o samba de maneira sóbria, sem abusar de muitas convenções. Mestre Sombra, comandante dos 280 ritmistas, destacou alguns dos gêneros que será “homenageados” pelo segmento. “A gente tem algumas bossas no ritmo de frevo e maracatu, por exemplo. De acordo com o que o enredo está pedindo, a gente dá uma pincelada de um ritmo diferente”, destacou.

O líder da bateria, por sinal, destacou, de maneira sucinta, que o ensaio foi satisfatório. “Estamos dentro do que estamos ensaiando. Está tudo certo. Agora, vamos assistir com calma os vídeos existentes, vamos analisar tudo para ter um relatório mais apurado e detalhado. Mas posso adiantar que está tudo dentro do que estamos ensaiando”, finalizou mestre Sombra.

‘A voz do trabalhador’, São Lucas volta ao Anhembi e samba é o destaque principal do ensaio

A Unidos de São Lucas está de volta ao Sambódromo do Anhembi e disputará o Acesso II em 2024. Com o enredo: “O Canto das Três Raças…o grito de alforria do trabalhador!”, será a segunda escola no sábado, dia 3 de fevereiro. O destaque no ensaio técnico realizado no sábado fica para o samba-enredo que contém um recado bem importante.

Samba-enredo

O samba comandado por Tuca Maia tem muito a produzir neste carnaval, e no primeiro ensaio da São Lucas deu para sentir o seu potencial. Tem inúmeros trechos que chamam o povo, e fazem refletirmos do que passamos no dia a dia, os causos e lutas dos trabalhadores. Como em um refrão curto “Eis me aqui Senhor a lamentar. Soluçando a dor que vem de lá”, antes de vir “Ôôôôô… O grito do povo marcado de dor”, e o carro de som fluiu tranquilamente, mas sempre tem pontos a melhorar para trazer a comunidade ainda mais. Afinal, o canto tem, mas pode aumentar mais pelo potencial da letra.

Comissão de frente

A comissão comandada por Paula Andari em momento da coreografia teve dois grupos divididos onde faziam coreografia, em momento dela, paravam e juntos apontavam para público, cada grupo para o seu lado e depois apontavam para trás onde tinha um elemento alegórico com um personagem de bandana e que ficou o tempo inteiro ali. E depois se uniam, aparentemente representando fantoches. Ao todo na comissão, deu para notar que são três mulheres, além da coreógrafa, e que todas vestiam a camisa da escola, em especial a comissão.

Harmonia

Em relação a harmonia da São Lucas deu para perceber um canto regular, a agremiação conhece o samba, cantou consideravelmente bem. Mas claro, ainda pode um pouco mais, até pelas palavras que tendem a serem ecoadas no Anhembi como: “Meu cantar você vai ter que ouvir. É a voz da Zona Leste a exigir. Esse canto que devia ser um canto de alegria”, ou seja, tem bons momentos para explodir. Mas ainda sim, foi possível perceber as alas cantando o samba, conhecem a letra, o que é um fator muito importante. Destaque a ala fogo que teve bom canto e também animação. Na primeira ala já demonstrava lutas como bandeiras LGBT, e no trecho: “cantar você vai ter que ouvir”, muita gente representava e canta com mais ênfase. A última ala também mostrou muita animação.

Evolução

A evolução de maneira geral teve um bom desempenho com a escola bem organizada. Mas no início tinha um espaço entre primeira ala e o casal, como a escola ficou um espaço por um curto período no início do ensaio, ainda que seja natural para o casal ter espaço, estava um pouco a mais. Ou seja, precisa atentar-se a isso. No mais, foi corrigido em tempo e fluiu tranquilamente, a escola mostrou leveza, também com bexigas presentes, fazendo um evento visual interessante. As alas são bem equilibradas, não vemos uma com muita gente e outra menos.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Victória Devonne e Erick Sorriso fez uma apresentação com muita energia e alegria, mas ainda terão ajustes a serem feitos, o que é natural, já que estão juntos há pouco mais de um mês. Ocorreu uma troca na porta-bandeira, e a jovem Victoria assumiu. Também vale frisar que, ao mesmo tempo, não foi notado graves erros, só ajustes na sincronia do casal. Deu para perceber o coreógrafo do casal que é o experiente Ednei Mariano, muitas vezes instruindo e ajustando durante o ensaio. Em relação ao look, ambos vieram nas cores da agremiação.

Outros destaques

A bateria da São Lucas fluiu sustentando o samba durante a passagem no ensaio técnico no sambódromo do Anhembi. Ela que é comandada pelo mestre Andrew Vinicius. A corte de bateria teve destaque para Pepita, uma grande artista cheia de representatividades, e que fez o público vibrar em diversos momentos como na Monumental.

Vila Maria honra a ‘gira de Ogum Yara’ em ensaio técnico ótimo na evolução dos componentes

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Pela primeira vez em setenta anos de história, a Unidos de Vila Maria fez um ensaio técnico para cantar um enredo afro. A escola da Zona Norte de São Paulo, em ensaio técnico bastante seguro, teve na Evolução seu ponto forte, tirando de letra um evento que costuma complicar algumas coirmãs: o recuo de bateria. Em 2024, a agremiação defenderá o enredo “Forjados na Luta, Guiados na Coragem e Sincretizados na Fé: A Vila Canta Ogum!”, que será sexta escola a desfilar no Grupo de Acesso I, no dia 11 de fevereiro.

Evolução

Seja em qual sincretismo for (Ogum ou São Jorge), a divindade é muito conhecida pela coragem e força em confrontos. Combinando com tal espírito, toda a comunidade da agremiação veio bastante aguerrida, com movimentos bastante rápidos e dinâmicos – em especial o terceiro setor. Para coroar com o excelente desempenho da escola em tal quesito, a Cadência da Vila, bateria da escola, entrou no recuo quando o abre-alas ainda estava na metade do box, ganhando tempo e se organizando no espaço em questão. A ala posterior rapidamente tomou conta do espaço, em um movimento que levou, ao todo, noventa segundos – bem menor que o de muitas coirmãs.

Comissão de frente

Apenas com homens (e um deles com destaque, ja que vinha sem camisa, provavelmente representando Ogum), o segmento foi o primeiro a apresentar movimentos bastante dinâmicos, marcando o samba-enredo para fazer a própria coreografia.

Samba-enredo

O refrão de cabeça da escola, bastante forte, empolgou a numerosa torcida da agremiação na arquibancada e teve boa resposta dos componentes no geral. Vale destacar, também, a força do carro de som da instituição: em comparação ao de outras coirmãs, os cantores de apoio pareciam ter voz mais igualada a Royce do Cavaco, histórico intérprete do carnaval paulistano que está estreando na Vila Maria.

Harmonia

Como dito anteriormente, o samba teve desempenho correto ao longo de todo o ensaio técnico – sobretudo no refrão de cabeça. Algumas alas chamaram mais atenção: a que veio depois da comissão de frente, coreografada, também cantou bastante; a que veio depois do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira gritava os dois refrões; os segundo e terceiro setores como um todo. Após os ritmistas saírem do box, entretanto, os componentes que vinham atrás não estavam com o mesmo canto dos demais desfilantes.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal formado inteiro neste ciclo, se não sofreu com o entrosamento entre ambos (que, aliás, estavam bastante sincronizados entre si), teve dificuldades para conter as rajadas de vento do início da noite paulistana. Mauro Cesar, que chegou ao posto de mestre-sala oficial da agremiação há apenas seis dias, até buscou dançar mais próximo do pavilhão para protegê-lo das movimentações do ar, mas pouco pode fazer. Inteiros com roupas brancas, ambos giravam na sequência horário-antihorário.

Outros destaques

Destaque há tempos no carnaval paulistano, a Cadência da Vila, comandada pelo mestre Rodrigo Moleza, tocou o samba de 2024 algumas vezes antes do ensaio começar para valer. Mostrando que já está no clima do enredo, Savia David veio fantasiada tal qual São Jorge, com armadura e lança.

Mais leve, Independente tem o samba como grande destaque no ensaio técnico

A sensação do carnaval de 2023, a Independente Tricolor quase bate no desfile das campeãs. Para 2024, a agremiação terá como tema: “Agojie, a Lâmina da Liberdade!” e será a primeira vez das três no Grupo Especial, que não abrirá os desfiles, ela estará na pista, na sexta-feira, sendo a quarta escola a desfilar. Neste primeiro ensaio técnico, o ponto a ser destacado foi o samba-enredo, e também a leveza dos componentes.

Samba-enredo

O samba-enredo da Independente Tricolor merece destaque, realmente a agremiação vem com uma melodia gostosa, leve e que fluiu bem durante a passagem do Anhembi. Anteriormente sentimos na quadra, mas é diferente ver no palco principal. E manteve o padrão, canto forte, a ala musical agora comandada pelo Chitão Martins, demonstrou força, estão bem entrosados e com isso, só tem a ganhar. O samba é o principal destaque e ponto alto da agremiação.

Na análise do intérprete Chitão Martins: “O ensaio foi muito bom, a escola passou cantando com muita alegria, o samba funcionou muito bem. Eu já esperava isso, porque o samba tem sido gritado pela comunidade entre pulmões da comunidade. Agora é trabalhar para os próximos ensaios, consertar o que se deve e ir para cima no desfile”.

No primeiro carnaval com a Independente Tricolor, o intérprete comentou do entrosamento com o mestre Cassiano: “Entrosamento muito bom. O Cassiano é uma pessoa jovem, tem ideias maravilhosas. Desde que cheguei eu liguei para ele, a gente conversou bastante, troca opiniões e foi uma coisa linda o apagão na monumental com a bateria abaixando, a mulher batendo o tambor. O Cassiano merece. Se não é, um dia vai ser um dos melhores mestres do carnaval de São Paulo pela sua juventude. É um cara que inova e traz a ancestralidade ao mesmo tempo. Só tem a crescer cada vez mais”.

Harmonia

Seguindo para o quesito que a Independente Tricolor tem demonstrado muita força, que é a harmonia. Muito fala-se da vermelho, branco e preto não cantar sambas, mas sim gritá-los, dá tamanha força que tem a comunidade na hora de defender seus sambas. E apesar de ainda ver que a Independente pode chegar neste auge do canto máximo, não podemos falar nada diferente do que o canto forte que vimos no Anhembi neste primeiro ensaio técnico. De fato, o samba ajuda e muito, outro ponto foi a bateria que agregou levantando em momentos importantes. É difícil citar uma ala, afinal o canto foi bem regular em todas, mas vou citar destaques, a Ala Cumbuca demonstrou um canto bem forte, a Ala Bambas era uma das mais animadas, e destaque para a ala Agojies, formada apenas por mulheres pretas.

O samba-enredo também foi destaque na visão da diretora de carnaval Luciana Moreira que disse para o site CARNAVALESCO: “Ponto alto deste ensaio é a energia que esse samba enredo e esse enredo trouxeram para nós. A maior energia que existe é a ancestralidade e nós sabemos de onde viemos, porque viemos, e para que viemos, então é isso, trabalhar”.

Comissão de frente

Esse ensaio gerou uma enorme curiosidade do que está por vir na comissão de frente comandada por Arthur Rozas. É uma comissão representada por muitas mulheres, o que é justo pelo tema Agojies. Foram vários momentos que a apresentação focava em dois grupos e o principal, ou melhor a frente, era formado pelas mulheres, atrás os homens. É uma dança totalmente afro, e com claras referências a situações da mulher guerreira, as Agojies. Mas um ponto alto de toda a coreografia fica escondida no fim, onde atrás de todos componentes, uma mulher dentro de uma jaula fica escondida, mas quando é libertada pelos homens, e faz sua coreografia na maior energia.

Evolução

A evolução ocorreu dentro do esperado, teve um momento que diminuiu um pouco ritmo, mas nada que prejudicasse a agremiação, isso quando a escola já estava toda na pista. No mais, a evolução foi bem compacta como costuma ser a Independente. Alas bem próximas, trazendo assim, uma força justamente para outro quesito que é harmonia, afinal como todas cantam bastante, ajuda muito no desenvolvimento do quesito. É importante citar que a agremiação veio bem mais leve do que estava em 2023, ali era um canto mais tenso, agora o samba mesmo diz ‘um grito de liberdade’, mas com muita leveza.

A diretora de carnaval da Independente Tricolor, Luciana fez um balanço sobre o ensaio, não revelou, mas disse sobre testes, surpresas, que a agremiação soltou durante ensaio técnico: “Para nós foi um ensaio muito produtivo e positivo, a gente tinha alguns testes daí, surpresas de Avenida para apresentar tecnicamente falando, e também o que seria funcional ou não, e dentro da nossa expectativa conseguimos suprir e realizar conforme o esperado. “O trabalho que está sendo feito é que temos que fazer tudo aquilo que a gente sabe, com muito amor, a base técnica estamos estudando, fizemos um treinamento essa semana com uma escola praticamente completa. Fizemos a base técnica de Avenida e vamos passar leve. Vamos curtir o carnaval e vamos fazer a lição de casa direitinho”.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal formado por Jeferson Antony e Graci Araujo passou com muita tranquilidade e leveza durante o palco do samba. Com o tempo estão afiando e demonstrando a sincronia, dá para sentir que aos poucos estão se encontrando um ao outro na dança. E claramente trarão referências afros e das Agojies em sua dança, mas escondem um pouco o jogo.

Na avaliação do casal, foi bem positivo, o mestre-sala Jeff Antony revelou: “Para a gente, o ensaio técnico foi tranquilo – até porque estamos trabalhando muito. Hoje foi a prova final desde quando assumi com a Graci, em agosto. É claro que foi o primeiro ensaio, ainda tem muitas coisas para se ajustar, mas, por ter sido o primeiro ensaio técnico, com toda a escola, acho que passamos super bem. Saímos daqui com o sentimento de que o dever de hoje foi cumprido para que o desfile seja do jeito que a gente espera e almeja”.

Do lado da estreante na agremiação Tricolor, Graci Araújo comentou: “Foi uma emoção enorme! Minha estreia com a Independente completa no Anhembi – embora já tivéssemos feito alguns ensaios antes. Foi muito importante o ensaio de hoje porque tivemos noção de onde vai ser recuo e paradinha, por exemplo. Para os ajustes técnicos nós já temos a lição de casa, mas ficamos muito felizes em ver que fizemos a prova porque estávamos fazendo algo mais contido – e, agora, deu certo. Agora, é ajuste fino. Saímos com a missão cumprida!”.

Por fim, foi comentado sobre o piso, a porta-bandeira Graci deu seu pitaco sobre esse primeiro ensaio técnico no Anhembi: “Eu, particularmente, não tive a impressão de que o novo piso está gerando algum problema extra. Tivemos alguns ensaios técnicos com chão molhado e garoa, nada de chuva torrencial. Com o chão molhado, não tive essa impressão”.

O mestre-sala complementou a fala da sua porta-bandeira, e disse: “Eu também não senti isso. Viemos preparados, com calçados antiderrapantes. Para mim, foi super tranquilo, já que nós viemos precavidos. É importante estar com o nosso pé garantido, a pior coisa que tem é descer em um ensaio inseguro, com medo de escorregar”, por fim, Graci fechou sobre o assunto: “Tem que ver como será com a tinta nova. Por enquanto, está só no cimento. Vamos ver quando pintar”.

Outros destaques

A bateria comandada por Mestre Cassiano fez diversas bossas durante a passagem pela pista. Com uma sustentação mais forte do samba e funcionou muito bem. Paradinhas funcionaram, teve um momento na parte “Preta, tenha a cabeça sempre erguida. Seja valente e destemida em teu valor”, que explodiu o canto da escola. Tem tudo para crescer durante os ensaios da agremiação tricolor.

E o Mestre Cassiano indo para o segundo carnaval a frente da ‘Ritmo Forte’ falou sobre esses testes que são realizados: “Eu percebi bastante coisas técnicas, como andamento e onde fazer as bossas. Ensaio técnico é isso. A gente tem mais dois ensaios de bateria e outro geral no sábado para a gente corrigir. Gostei bastante da bateria e do clima da escola. A Independente está no caminho certo, está com vontade de fazer um carnaval para voltar nas campeãs ou ser a campeã”, e completou: “A gente está homenageando as mulheres e nada mais justo do que subir uma mulher musicista tocando tambor. O samba cita o tambor. Dá um valor para o instrumento. Nada mais justo do que colocar uma mulher sendo reverenciada por todos. Estamos entrando dentro do enredo mesmo”.

As crianças vieram na área demarcada para o carro alegórico, as passistas com look de guerreiras, muito bonita no visual de onças e inúmeros detalhes. Em seguida, uma fileira das musas marcou presença também com looks bem ousados. E a rainha Mileide Mihaile é sempre uma grande atração, veio com um look branco, e com pedrinhas prateadas, além de um acessório na cabeça, desperta atenção e olhares de todos os presentes.

A agremiação entrou com a faixa ‘A maior família Tricolor do Brasil’, e depois da ala das baianas que vieram com a saia branca, a parte de cima no estilo africano em vermelho e preto, pois veio um elemento com o mascote que é o Santo Paulo e o nome Independente.

Homenagens a Borjão e forte canto dão o tom do ensaio técnico da Barroca Zona Sul

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

Homenagens são sempre importantes, principalmente em escolas de samba, onde o simbolismo está acima de tudo. Este primeiro ensaio da Barroca Zona Sul, foi totalmente dedicado a Borjão, ex-presidente de honra, que faleceu na sexta-feira retrasada. Mesmo assim, a agremiação levou a sério o treino. Canto forte, ala musical entrosada, bateria executando bossas, apagões e a comissão de frente fazendo toda a sua apresentação completa e complexa, foram a prova disso. A ‘Faculdade do Samba’ fez um ensaio satisfatório com todas essas questões citadas acima. Com o enredo “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso nós somos a Faculdade do Samba. 50 anos de Barroca Zona Sul”, a agremiação será a segunda a desfilar na sexta-feira de carnaval.

Comissão de frente

A ala, comandada pela coreógrafa Chris Brasil, mostrou uma série de repertórios. Todos eles focados em um personagem: Um homem interpretando o fundador da escola, o baluarte Pé Rachado. Em uma passagem do samba, o dançarino, que já é um senhor, sentava na frente do grande tripé que a comissão levará e fazia uma cara tristonha. Quando a frase “Prazer, eu nasci Sebastião” era cantada, o homem despertava e começava a coreografia junto aos demais integrantes, onde esses carregavam instrumentos como cavacos e violões. Passistas na forma de malandros também estiveram presentes.

Em outra passagem do hino da verde e rosa, todos os integrantes dançavam no chão e era uma espécie de coração e benzimento em Pé Rachado, pois dali ele daria prosseguimento à fundação da Barroca Zona Sul.

Vale destacar que o senhor que estava interpretando o Pé Rachado, trata-se de Ednei Mariano, que já atuou como mestre-sala da agremiação.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Marquinhos e Lenita mostrou grande entrosamento neste ensaio técnico. A dupla optou por trabalhar bastante com os giros horário e anti-horário. A coreografia dentro do samba não foi tão vista. Dava para notar apenas em partes com palavras afro do samba, como nos últimos versos: “É a flecha de Oxóssi, filha de Odé/demanda de Exú, abençoada por Seu Zé”.

Tal análise é confirmada pelo próprio mestre-sala, onde diz que o treino foi feito para ver o andamento e analisar o começo e término do julgamento. “A gente veio para fazer o que a gente vai executar no dia, é para ver o andamento, para ver apresentação de jurado, onde começou e termina, o saldo foi muito positivo. E o que eu brinquei com a Lenita, não foi 100%. Agora ainda não é o momento de 100%, o 100% é lá no dia 9, mas é isso, ficamos muito contentes. Teve alguma coisinha aqui ou ali, que dá tempo nesta uma semana para no próximo estar ok”, destacou Marquinhos.

Lenita lembra do baluarte Borjão e dedica o ensaio a ele, e de acordo com ela, está bastante aprovado. “Eu voltei. O Marquinhos já estava e o Barroca já estava. Eu acredito que o nosso trabalho na pista hoje, foi um trabalho muito bom. Foi fluindo, foi um trabalho contínuo, é claro que a gente não pode falar que foi um trabalho perfeito, porque nada é perfeito, tudo buscamos o melhor. Hoje foi muito, no próximo vai ser muito melhor e no dia a gente vai entregar tudo que a gente tem para mostrar tanto para nossa escola quanto para o nosso presidente de honra, que Deus o tenha que faleceu, que é para ele esse trabalho todo que para ele que o Pavilhão roda e para a nossa comunidade”, finalizou a porta-bandeira.

Harmonia

Se tratando de uma homenagem a si mesma, a escola tem um grande samba. A obra conta toda história da agremiação sendo cantada em primeira pessoa. Para quem é torcedor ou componente da Barroca, deve se sentir bastante emocionado, pois a melodia é proposital para isso. E não foi diferente. A comunidade do Jabaquara cantou a plenos pulmões.

Porém deve ter atenção em uma questão. Outras escolas tiveram falhas, mas há de se ponderar – quando as bossas (principalmente paradinhas) foram colocadas em prática pela bateria “Tudo Nosso”, algumas alas embolaram o canto por alguns segundos, tendo que ser corrigidos pelo departamento de harmonia. Isso porque ainda não se tem o som ambiente do Anhembi. Apenas o carro de som. Entretanto, são treinos que se deve aprimorar, pois às vezes o som da avenida pode falhar e o julgamento continuará seguindo da mesma forma.

Evolução

As alas vieram enfileiradas de forma correta. Teve muito balanço, mas pouca coreografia, o que deu a impressão total de que o ritmo de andamento estava em sintonia com a bateria. O momento alto de uma dança dentro do samba era quando os componentes faziam o movimento de arco e flecha no verso: “É a flecha de Oxóssi, filha de Odé/demanda de Exú, abençoada por Seu Zé”. A maioria das alas carregavam bexigas, o que deu um destaque no contraste da pista.

Samba-enredo

Como dito anteriormente, o samba pegou na comunidade pelo fato de ser cantado na primeira pessoa. Isso demonstra o amor do componente e torcedor pela Barroca, além de colocar várias nuances. Frases podem passar despercebidas, como “A velha-guarda é minha religião”, mas que para uma escola centenária, é importantíssima.

O intérprete Pixulé mais uma vez de interpretação de samba-enredo. É um cantor totalmente identificado com a escola e está à vontade nos microfones da verde e rosa do Jabaquara.

Pixulé destacou a força dos componentes. “A comunidade está afiada! Se, na avenida, faltar o som, a escola leva até o final do desfile de boa. A escola está com o samba na ponta da língua. Hoje, pra mim, não foi nem ensaio, foi desfile oficial”, afirmou.

Além disso, o cantor enalteceu o seu carinho que tem pela entidade. “Eu tenho uma honra imensa de fazer parte da Barroca Zona Sul, até porque sou um dos compositores desse samba. Fazer parte da história do Barroca é uma honra imensa. Cinquenta anos! Não é para qualquer um. Participar dos cinquenta anos de uma escola de samba onde já estou há sete anos como cantor oficial da escola. Para mim, é maravilhoso, gratificante. Não tenho palavras para expressar a minha felicidade em estar aqui”, completou.

Outros destaques

Praticamente todas as alas estavam com uma camisa de “Eterno Geral Sampaio Jr”, o Borjão. Na vestimenta estava a frase criada pelo próprio que foi aderida pela comunidade: “Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba, por isso nós somos a ‘Faculdade do Samba’”.

Uma bateria repleta de repertórios foi vista neste treino. A batucada “Tudo Nosso”, comandada por Fernando Negão soltou bossas e paradinhas por vários instantes, principalmente fora do recuo de bateria.

“Eu achei bacana, achei bom o nosso ensaio técnico. Ainda tem alguns detalhes para arrumar. No próximo ensaio técnico, no sábado que vem, a gente vai ver se vamos melhorar um pouquinho”, disse o mestre Fernando Negão.

O diretor de bateria também lembrou de Borjão e enalteceu o enredo do cinquentenário. “Eu tenho bastante emoção por esse enredo, sim. Sinto bastante emoção porque é a minha escola, foi a primeira escola onde desfilei, em 2002, primeira escola onde fui mestre de bateria. Agora, mais do que nunca, pelo falecimento do Borjão, já que foi ele quem me colocou na frente da bateria… esse carnaval vai ser dedicado a ele, especialmente”, finalizou.

Entrega dos componentes da Tom Maior marca primeiro ensaio técnico da escola

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Tom Maior fez na noite de sábado o seu primeiro ensaio técnico visando o Carnaval 2024. A escola do Sumaré fechou o dia de incríveis oito treinos. Uma maratona que entusiasmou o público presente no Anhembi. O ensaio da vermelho e amarelo ficou marcado pelo forte canto da comunidade. É incrível a entrega que os componentes da Tom, que agora está de casa nova, na Barra Funda, vem mostrando. Outras satisfatórias percepções, como a ala musical e a bateria também devem ser destacadas. A Tom Maior será a segunda escola a desfilar no sábado de carnaval com o enredo “Aysú – uma história de amor”.

De acordo com Bruno Freitas, diretor de carnaval, o ensaio foi totalmente satisfatório, mas ainda estão na busca da perfeição. “Acho que nós já tínhamos boas perspectivas pelo que a gente vem fazendo lá na Rua Sérgio Tomás nos ensaios e na nossa quadra. Como é bom falar isso, mas eu saio daqui muito feliz, muito feliz mesmo. Acho que foi um baita ensaio, não percebi grandes variações de velocidade. Obviamente a gente quer a perfeição. Então agora é voltar para casa, fazer mais alguns ensaios específicos de canto e tem ensaio de rua domingo que vem. A perspectiva é muito boa, tenho certeza que se a gente continuar nessa pegada, vem algo muito grande por aí, respeitando todo mundo, mas sabendo que chegou a nossa hora, porque a gente está trabalhando demais. Hoje foi um grande aperitivo disso. Estou muito feliz mesmo, mas como eu falei, queremos a perfeição e o trabalho não vai parar agora, muito pelo contrário”, declarou.

Comissão de frente

A ala comandada por André Almeida evoluiu pela pista com dois grupos. Um estava vestido nas fantasias de cores laranja e amarelo e outro de branco e dourado. A dança consistia em se movimentar livremente pela pista e saudar o público. Dentro da comissão, também havia um tripé com um componente dançando.

O coreógrafo André gosta de dividir a ala fazendo com que cada representante signifique várias coisas dentro da apresentação da comissão de frente. Não se viu tanta criatividade se comparado ao ano passado, mas pode ser que venha coisa diferente, até pelo criativo enredo.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Ruhanan Pontes e Ana Paula tem a característica de priorizar a coreografia dentro do samba. Foi isso o que fizeram neste treino, principalmente marcando os passos dentro da trilha-sonora. Um exemplo de coreografia entre no samba é na “É flecha certeira no peito”, onde o mestre-sala fazia o movimento de arco e flecha na direção da porta-bandeira.

O mestre-sala mostrou total empolgação e se diz pronto para conquistar a nota máxima. “Vão falar que eu não sou modesto, mas, se o desfile fosse hoje, era quarenta pontos com certeza. Que ensaio! Acho que é a temporada de carnaval que a gente mais está ensaiando. Estamos ensaiando quatro dias seguidos”, declarou.

É sabido que o Anhembi está passando por uma série de reformas. Entre elas, a pista é nova. De acordo com a porta-bandeira, o maior desafio são os locais dos jurados. “Eu gostei do piso! Não está escorregando, para mim. Acho que a maior diferença é o campo de visão do jurado. É o que me preocupa mais. Mas em relação ao vento e à pista, acho que as reformas do Anhembi não mudaram muita coisa”, completou.

Harmonia

A comunidade da Tom Maior abraçou totalmente o samba-enredo de 2024. É uma das obras sensações do ano. Foi entoada fortemente no Anhembi neste ensaio por todas as alas. É uma trilha-sonora que tem uma melodia com andamento baixo, mas com alguns picos de elevada no tom. Porém, se observar bem, todos os componentes da vermelho e amarelo estão com o samba na ponta da língua. Contudo, em um determinado momento (não visto o tempo), houve o apagão e as alas se enrolaram. Isso também se deve ao fato de o Anhembi ainda estar sem o som completo. Nesses primeiros ensaios técnicos somente o carro de som serve como base para ouvir a ala musical.

Evolução

Os componentes da escola se mostraram bastante animados, coreografando de um lado para o outro principalmente. Em alguns momentos a escola chega a fazer a coreografia, com destaque para quando se canta “abaeté” – Antes, a comunidade se abaixa e depois saem saltitantes. O refrão do meio: “Numiá, arapiá”, os integrantes da Tom erguem os braços para o alto e mexem de forma vertical. Bexigões nas cores da escola foram levados pelos componentes, o que deu um belo contraste na pista.

Samba-enredo

Como citado acima, é um dos sambas que mais agradou o público que acompanha o carnaval, principalmente pela sua melodia. O povo do Sumaré abraçou e o resultado está chegando. O intérprete Gilsinho, que está indo para o seu terceiro ano na Tom Maior, canta o samba com potência. Vale destacar os apoios e vozes femininas, além de uma introdução que mostra uma participação da bateria, entrosamento e uma comunicação direta com o tema para 2024.

O intérprete Gilsinho enalteceu o ensaio da escola. “Foi muito bom. Um balanço gostoso, sem correria, sem atropelamento, todo mundo cantando feliz e contente. Bateria impecável e carro de som se comportou da melhor maneira possível. Agora vamos assistir, ver como é que foi, ver se teve erros e tentar corrigir”, afirmou.

O cantor falou sobre os apagões e o entrosamento com a ‘Tom 30’. “O entrosamento é perfeito. Não tem o que reclamar. Está tudo muito coeso. Eu confesso que tinha um pouco de medo dessa paradinha. Com o som só do caminhão já deu certo e com o som da avenida, vai melhorar ainda mais”, completou.

Outros destaques

A bateria ‘Tom 30’ de mestre Carlão abusou das paradinhas. Isso foi bem sincronizado com a escola, pois quando seria feito, havia um sinal de mão dos harmonias com os componentes para ter o entendimento. Claro que vale aperfeiçoar para não embolar o canto, mas a ousadia de mestre Carlão deve ser ressaltada.

“Não existe muita diferença pra gente em relação a quadra e ao ensaio em ambiente aberto porque ensaiamos todo domingo na rua Sérgio Tomás. Repetimos o que fizemos lá e foi tudo dentro do planejado. Agora é ver o que precisamos melhorar e trabalhar em cima disso. Temos mais um ensaio técnico, um ensaio específico de bateria e mais dois na rua. Vamos continuar trabalhando, mas o primeiro foi muito bom, na minha opinião”, destacou o mestre e presidente Carlão.

O mandatário aproveitou para falar da nova quadra. “A melhor coisa que está acontecendo em relação à quadra é a melhora na autoestima da nossa comunidade. Tecnicamente, não tem muito o que falar porque o espaço é igual a muitos outros que nós já utilizamos anteriormente. O importante é que a comunidade está com a autoestima alta e está tudo bem”, finalizou.

Paradinha rap conquista o Anhembi em ensaio técnico do Vai-Vai

Um dos versos do refrão do meio do samba do Vai-Vai em 2024 é “Balançou, balançou, o Largo São Bento”. O Sambódromo do Anhembi, distante seis quilômetros do local citado na canção, também foi balançado pela Saracura no sábado, no primeiro ensaio técnico da maior campeã do carnaval paulistano, com 15 títulos. Com Harmonia afiadíssima, a agremiação teve ótimo desempenho – e um erro bastante pontual para corrigir. Toda a empolgação foi gerada por conta do enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”, que será o primeiro a ser apresentado no sábado de carnaval (10 de fevereiro).

Harmonia

Se não é dos sambas mais elogiados da safra, alguns componentes da agremiação já diziam que ele tem a característica de ser facilmente cantável e popular. Tal qualidade foi evidenciada no ensaio técnico, quando absolutamente todas as alas cantaram fortemente a canção. É até mesmo difícil destacar algum grupo que tenha cantado mais já que até alas coreografadas e baianas (que, por vezes, possuem canto mais fraco) estavam ajudando bastante a empurrar a instituição. Mais do que isso: a arquibancada correspondeu, trazendo um efeito sonoro ainda mais marcante.

Comissão de frente

Com um grande tripé (ainda majoritariamente escondido), o Vai-Vai teve diversos dançarinos de break e de gêneros black em um local semelhante a um portão. Com duas trocas de roupas (todas relembrando o movimento hip hop de alguma forma), os coreografados tinham dança independente, sem marcar o samba. Vale destacar, também, a presença de graffitis no tripé, dando ainda mais a entender que a peça será utilizada no desfile oficial.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Tetracampeões no Vai-Vai, Renatinho e Fabíola Trindade, mais uma vez, mostraram grande capacidade de encantar. Além dos giros bastante seguros (feitas em uma sequência com três tempos [horário, anti-horário e horário], ao invés “apenas” dos dois primeiros tradicionais), eles também dançaram bastante e se apresentaram com saia e jaqueta colorida no estilo do graffiti, chamando atenção de todos.

Na visão deles, entretanto, ainda há ajustes a se fazer. “Acho que é um processo. Não tem como chegar cem por cento no primeiro ensaio, o ensaio técnico é para ondular e tirar as arestas. Acho que foi muito positivo, conhecemos o andamento da escola dentro do samba-enredo. Agora, é daqui para melhor”, comentou Fabíola. “Ainda tem muita coisa para acontecer ainda! Temos que ter cabeça fria e saber que vamos chegar no ápice, temos que estar prontos. Agora é trabalhar, ainda falta um pouco para o carnaval e estamos trabalhando de novo. Amanhã já tem ensaio de novo!”, brincou Renatinho.

A dupla ainda aproveitou para falar sobre o impacto das reformas que ainda acontecem no Anhembi para o casal. “O chão é um pouco escorregadio, mas não deixa de ser gostoso. Como ainda não tem as cabines, teremos módulos, ainda é um pouco estranho para a gente identificar como será, principalmente para nós, que somos muito visuais. Mas isso é algo adaptável, nada de muito avassalador. E outra: nós estamos muito mais próximos dos jurados. Temos que ter muita cara”, destacou a porta-bandeira. “Esse chão aceita mais a nossa dança, mas, pelas mudanças, temos que fazer muito carão e ter muita feição. Sentir o samba realmente e mostrar que estamos de corpo presente. Antes, víamos os jurados lá de cima; mas, perto da gente, eles conseguem nos enxergar melhor, é muito palpável e fácil de identificar erros” , finalizou Renatinho.

Samba-enredo

Com ótima resposta, a comunidade do Vai-Vai acolheu muito bem um samba que não era dos mais elogiados quando se analisava toda a safra para 2024. Relembrando a história da agremiação, de sempre fazer ensaios na rua, Luiz Felipe, intérprete da instituição, destacou tal ponto em entrevista. “Agora, que nós estamos ensaiando em quadra, é complicado. Mas me surpreendeu: o primeiro ensaio técnico é aquele no qual vamos ajustando depois, mas esse foi muito bom. Uma escola muito unida, uma arquibancada que correspondeu – principalmente na hora do breque do rap, que é o enredo e é o breque principal do samba. Tem coisas para arrumar, mas, para um ensaio técnico, está muito bom”, pontuou.

Outra característica da canção também foi exaltada por LF quando perguntado se ele já esperava o sacode que foi visto no Anhembi. “A gente esperava esse sacode porque o samba e o enredo, principalmente, já pegou o gosto popular. O samba foi junto com o enredo: fácil e chiclete. A resposta está aí. Faltam 27 dias, vamos melhorar para chegar no dia dez na ponta do bigode”, finalizou.

Evolução

É tradicional no Vai-Vai uma passada mais morosa, mas acontecendo com ainda mais frequência que outras coirmãs por conta da grande quantidade de pessoas que a agremiação traz. E tudo ia bem, de fato, até uma ala de passistas com uma fantasia verde chegar ao Setor C. Lá, foi nítido a pausa da escola por cerca de três minutos.

Para driblar o alto número de componentes, Luiz Robles, diretor de Carnaval e de Harmonia do Vai-Vai, destacou onde, logisticamente, a Saracura pode ganhar tempo. Um trunfo que a gente acredita que vai nos auxiliar para conseguir ter um andamento mais coeso, sem grandes paradas, para não ter problema por a escola estar grande, é a comissão de frente. Como a gente tem um elemento alegorico que é praticamente uma alegoria, no qual a coreografia é feita em cima, a gente acredita que conseguimos até fazer a Evolução vir muito mais constante e ajudar a gente no andamento e no tempo. Foi nisso que que apostamos – e hoje podemos provar e deu certo. Hoje foi aprovado pelo andamento da comissão. No começo desbalanceou um pouco, mas a gente conseguiu corrigir e, do meio para cá, a gente veio muito bem com o andamento da comissão”, admitiu.

O próprio Robles aprovou o andamento da agremiação no primeiro ensaio técnico. “A gente vem planejando esse ensaio técnico há algumas semanas – e, para o primeiro, foi bem positivo. Conseguimos compactar a escola do jeito que a gente planejou e todos os andamentos que planejamos aqui, na saída de tempo, a gente conseguiu executar. O ponto positivo pra mim foi o canto forte. Apesar de ainda não ter o som na pista quando a bateria faz o recuo (a gente perde um pouco a referência), conseguimos manter o canto forte e alto para volta do Vai-Vai ao Grupo Especial. Acredito que nesse 2024 a gente vem com muito mais força do que quando a gente teve o revés e voltou pela primeira vez para o primeiro grupo, em 2022. A gente está vindo muito mais preparado e forte para esse desfile da nossa escola”, vaticinou.

Outros destaques

Tradicionalmente a escola que traz mais componentes para cada desfile, o ensaio técnico do Vai-Vai estava com bastante pessoas na passarela, nas arquibancadas, na Concentração, na Dispersão e até mesmo nos corredores utilizados pela imprensa e harmonias.

Já citada anteriormente, a paradinha que remete ao rap também foi elogiada por Mestre Beto – que comanda a Pegada de Macaco juntamente Mestre Tadeu. “Eu percebi que a arquibancada, na hora que fizemos a bossa do rap, correspondeu. Os ritmistas também ficaram muito emocionados. Eu vivi esse momento, ninguém me contou. Foi muito extraordinário. Por ser Vai-Vai e poder fazer os arranjos da escola, sendo um dos mestres de bateria, e ver a reação do público… é algo único. É igual aniversário: é uma vez no ano”, comparou.

O próprio Mestre Beto acredita que o desempenho da bateria alvinegra foi bastante satisfatório. “No meu consentimento, a bateria foi boa. Preciso alcançar o ótimo e o exuberante. Tive poucos problemas: alguns eventos que eu pensei que ia ter eu não tive”, finalizou.