O público que deseja garantir um lugar nas arquibancadas dos setores 12 e 13 do Sambódromo carioca para acompanhar de perto o Rio Carnaval 2024 já pode marcar na agenda a data para realizar a reserva. Os ingressos começam a ser vendidos nesta quarta-feira (31), a partir das 9h.
Foto: Alexandre Macieira/Riotur
Os interessados em comprar as entradas populares para os desfiles do Grupo Especial devem acessar o site oficial da Liesa – www.liesa.com.br e seguir os passos descritos até as 11h. Aqueles que forem contemplados deverão, então, comparecer ao estande da Central de Vendas, montado atrás do setor 11 da Passarela do Samba, na Rua Salvador de Sá, no dia 3 de fevereiro, entre 9h e 15h, para realizar o pagamento em dinheiro, cujos preços custarão a partir de R$ 5 (meia-entrada). Cada pessoa poderá comprar um ingresso de meia-entrada e/ou quatro ingressos para cada dia. Será necessário levar a senha recebida no momento da reserva e um documento de identidade.
Já os foliões que buscam outros tipos de ingressos, como camarotes, podem seguir realizando a compra normalmente pela plataforma da Ticketmaster. Também há poucas vagas para arquibancadas especiais – apenas para o Sábado das Campeãs -, com os detalhes podendo ser obtidos em www.riocarnaval.com.br/ingressos.
Os desfiles do Grupo Especial deste ano acontecem nos dias 11 e 12 de fevereiro, com as seis melhores colocadas fechando o Rio Carnaval no dia 17.
Marcus Paulo, carnavalesco da Estácio de Sá, recebeu o site CARNAVALESCO no barracão da agremiação, no bairro do Estácio para entrevista especial. Durante o bate-papo, o artista revelou o que o primeiro casal virá representando, contou a cronologia da escola, a origem do enredo e os problemas sofridos com o barracão de uma escola de samba que está na Série Ouro. O enredo da Estácio de Sá “Chão de Devoção: Orgulho Ancestral”, tem a ideia de trazer para a Sapucaí o povo preto que disseminou sua cultura e transformou a diáspora africana em solo brasileiro. Marcus Paulo comenta que não foi ele que propôs o enredo. Foi uma ideia da própria direção, principalmente, do presidente Marinho. E que a história tem relação com a herança e costumes da agremiação.
Fotos: Giovanna Garcia/CARNAVALESCO
“A Estácio é muito devota de pretos velhos desde a fundação dela. A Estácio de Sá, quando foi fundada, tinha uma preta velha chamada Cambinda, que instruiu a eles de como fundar essa escola, benzendo e rezando. Nos dias atuais, eles cultuam essas entidades no fundo da quadra da Estácio, onde tem um terreiro, que essas duas pretas velhas, Vovó Cambinda e a Maria Conga, dão consulta pros Estacianos. Eu tinha outros enredos, e aí me propuseram esse enredo. No incio, eu fui um pouco reticente, porque eu tava com outras coisas na cabeça. Mas quando eu fui sentindo essa devoção da escola, por essa ancestralidade, por essa religiosidade. Eu entendi que para a Estácio de Sá – que inventou o samba de sambar, que criou a escola de samba – samba e macumba são a mesma coisa. Foi aí que eu tomei como ponto de partida buscar quem eram essas duas mulheres, de onde elas vieram, como elas chegaram aqui no país e o que levou elas a se tornarem entidades. Eu busquei a região, a mancha geográfica de onde vieram as duas, que é de uma região que era única, o Congo Angola. Era um reino só do Congo e as duas foram escravizadas ainda meninas, é uma história muito parecida. Uma tinha por volta de 7 anos e a outra, por volta de 9 anos, e mesmo assim, tão meninas, ainda chegaram aqui com o povo da diáspora africana e criaram essa consciência de lutar pelo seu povo e pela sua cultura. Cresceram com isso. O foco do enredo é isso, eu busquei elas ainda em vida, para mostrar essa cultura delas, esse colorido, o gingado, a dança, a culinária. Tudo ainda em África, para depois passar para essa parte que nós temos conhecimento aqui no Brasil. A gente conhece a partir dos tumbeiros, a partir do navio negreiro, o antes a gente não tem conhecimento, até porque é muito raro ter essas histórias do povo preto. Eu descobri também que a mancha geográfica desse local, o solo é muIto vermelho, é aquela argila bem vermelhona, por isso que eles têm muito artesanato. O que combina muito com a Estácio de Sá, sem contar o leão, que é um dos símbolos africanos e que é o símbolo da escola. Aí eu falei, realmente é um grande enredo e é esse enredo que eu vou desenvolver”.
Diante de um enredo e uma história tão forte e tão relacionada a Estácio de Sá, a primeira escola de samba, Marcus confessa que algumas questões o deixaram mais envolto na história.
“Descobrir efetivamente essa ligação da escola com essa ancestralidade foi um ponto. O meu título era outro que não tinha nada haver. E quando eu fui lendo, pesquisando, escrevendo o meu enredo, eu vi que a Estácio cultua a ancestralidade ali no seu chão, desde o início. Então, por isso que o título é “Chão de Devoção e Orgulho Ancestral”, que ela além de cultuar, ela tem muito orgulho dessa religião africana, ela tem muito orgulho de tudo que vem do preto. E também a Estácio fez pouquíssimos enredos africanos, apesar dela ter esse orgulho. Então, a parte que eu mais gosto do enredo é essa ligação, esse fio de ligação com essas entidades, desde a fundação até os dias atuais. Isso é o que me encanta no enredo”.
Para além do profissional, ele vê que o mais interessante não é enredo, não é a história em si, mas as descobertas que pode fazer durante a pesquisa. O ponto que pegou no coração do carnavalesco foi personificar essas mulheres para além do nome do rebatismo de quando chegavam ao Brasil. Afinal, naquela época o nome era imposto pela região que havia vindo da África.
“Foi quando eu descobri esses possíveis nomes dessas mulheres que a gente não conhece, só conhece o rebatismo. Cambinda e Maria Conga que chegam ao Brasil como mercadoria. Vem do Congo, então vai ser Maria Conga. Então a gente não sabe quem são essas pessoas, a gente não imagina como elas viviam. E descobrir ali esses possíveis nomes dentro da cultura delas. Descobrir que uma, na região da Cambinda, eles tinham os rituais que batizavam seus filhos com o nome de seres poderosos, para eles terem sorte. Descobrir que na região da Maria Conga eles batizavam seus filhos apresentando para a Lua, a luz da Lua, e a Lua soprava o nome no ouvido de seu pai, e se não soprasse ele tinha que voltar outra vez, e outra vez até soprar esse nome. Eu não sei o nome que soprou, mas por isso a gente deu o nome dessa menina de Mwana Ya Sanza, que é filha da lua, filha da luz da lua. Então, descobrir esses nomes, materializar essas meninas antes do navio negreiro, assim é o que me encanta”, confessa o artista.
A abordagem no enredo não é o que costuma aparecer na Avenida. Marcus quer dar novos olhares para África, aos negros e aos africanos. O foco do enredo é trazer a arte, a cultura e o colorido especial.
“A escola é apaixonada e eu estou contando essa história, eu estou pontuando muito que a Estácio. Nesse ano, eu como artista negro, a gente não vai se recolocar naquele lugar de chicoteado, de escravizado, de maltratado, de assassinado. A Estácio não trará os universais escravocratas. O que são esses universais? Correntes, grilhões, mordaças, chicoteamentos, que eu acho que eu particularmente já cansei desse lugar, de ver essa imagem, de recarregar essa imagem colonialista, do negro sofrido. Eu acho que já deu e dizem que é para que não aconteça de novo. Tá, mas eu acho que já deu. Vamos lançar um novo olhar. O foco da Estácio é nas estratégias que essas meninas e o seu povo tiveram para disseminar a cultura e não apresentando esses universais escravocratas que não são obras de artes. Não são peças para estar expostas, são vestígios de crime, é para ser investigado e não apresentado. Então, esse é o foco, o colorido, a cultura e as estratégias. O sofrimento não vai passar na avenida”, diz o carnavalesco.
O berço do samba, logo na cabeça do desfile, vai mostrar seu impacto. As cores da escola vão se diferenciar do que costumam representar como África.
“O vermelho, porque aqui é o solo do Congo Angola dessa região, que é um vermelho muito forte e a cor da nossa bandeira. Vai ser um choque muito grande esse cruzamento da cor da região africana com a bandeira da escola. Trazer essas cores, porque eu mesmo em outros enredos afro, na Unidos da Tijuca, na Acadêmicos da Rocinha, tinha esse vício que o carnaval tem de fazer a África em tons terrosos, dos marrons, que é o tom da terra, o tom da pele do negro, que vem sem nada. Ele vem só com pano amarrado na cintura, nem roupa ele vem. É a cor do tumbeiro, que é aquele tom da madeira, então a gente sempre coloca a África nesses tons. E ela é tão colorida. Tão magnífica, então isso me encantou, trazer essa cor para um enredo matiz da escola vai ser muito bonito”.
No entanto, transformar o desfile, as fantasias e alegorias em um espetáculo magnífico não é facil diante de tantas dificuldades na Série Ouro. A Estácio de Sá, que caiu do Grupo Especial em 2020, enfrenta os desafios de estar no Grupo de Acesso, sobretudo, com a ausência de uma Cidade do Samba e infraestruturas dignas.
“A precarização do barracão é muito caro para a gente, faz com que a gente atrase muito o trabalho. Por exemplo, agora a gente conseguiu uma lona na frente, porque a gente tem os avances das alegorias que não dão aqui embaixo do teto. Foi a semana inteira de chuva e não conseguimos mexer em nada lá na frente, nem pintar, nem decorar. Esse barracão, a Estácio conseguiu tem dois anos, só esse ano a gente conseguiu fazer uma cobertura, que nem coberto era. Conseguimos fazer um banheiro, porque o pessoal usava o banheiro do posto de gasolina da frente. As escolas que não estão no grupo especial, não que lá não mereça, tem que ser assim mesmo, eu acho. O espetáculo é tão grande que eu acho que a estrutura que está na Cidade do Samba ainda é pouca, tem que ser melhor. Mas tem que se olhar melhor para as outras escolas. Porque a gente é obrigado pela competitividade a fazer um carnaval equiparado com o do Grupo Especial, com uma verba que não se equipara e com os barracões que não tem nada a ver com o do Grupo Especial. Prejudica muito o trabalho. Se chover forte, já era, a gente tenta colocar a lona, mas o vento é tão forte que arrebenta as lonas, derruba as lonas”.
E as perdas são muitas, a partir delas são criados “truques” para sobreviver e se reinventar: “A decoração a gente teve que refazer. Tem que refazer lá na frente os avançes, a gente está refazendo porque a chuva não parou. Esses dias parou e a gente conseguiu montar uma lona. Agora, a gente vai ter que refazer a pintura e a decoração. Por exemplo, tem dois tripés que a gente já preparou e já não está mais aqui pela falta de cobertura, mas que vão voltar porque ainda faltam alguns detalhes. O tripé está no barracão da AESM Rio, que é o barracão das escolas Mirins e é um pouco mais coberto. A gente conseguiu uma parceria que eles deixaram a gente guardar lá enquanto estava temporal na cidade, e agora a gente vai pegar de volta. Lona o tempo inteiro, porque as laterais são abertas. A chuva de vento vai tudo em cima da alegoria, mas é muito precário mesmo. Todas as escolas de Samba merecem um local digno, seja no Especial, no Acesso, ou nas outras séries”.
Mesmo diante de tudo, o amor e o prazer de fazer carnaval não se modificam. Eles se transformam, se unem para alcançar o melhor resultado e fazer um desfile lindo. Afinal, se trata de resistência.
“É prazeroso, mas é doloroso pra caramba também. Ainda mais que eu venho de seis carnavais na Unidos da Tijuca, na Comissão de Carnaval, como carnavalesco. A gente tinha lá uma Cidade do Samba. Que tem toda a estrutura, as equipes vão à sua procura, são as melhores. Melhores equipes, você consegue oferecer condições melhores de trabalho para as equipes que vão trabalhar com você. O Grupo de Acesso não são tão boas. De ambiente de trabalho e de qualidade, você tem que estar do lado das pessoas o tempo todo mostrando, ‘Olha, a gente está na dificuldade, mas eu estou aqui junto com você, eu também estou passando por isso’, para que o descaso seja um pouquinho menor. Para a gente sentir o que o outro está sentindo também, para que o outro sinta que eu também estou sentindo que ele está na dificuldade, que ele não está sozinho. Mas é bem, é prazeroso sim, depois que a gente vê o trabalho terminado, que é com um sacrifício terrível, e depende da nossa mão mesmo. Aqui o carnavalesco tem que botar a mão efetivamente, ele tem que ser peça da treinagem para funcionar. Dá um prazer no final. Tem dia que bate aquele desespero, bate aquela tristeza e desespero mas esse amor pelo carnaval faz a gente retornar e pensar que no final vai ficar bonito e sentir prazer”.
Além do barracão que trabalha com uma média de 32 pessoas, o ateliê produz as fantasias, localizado na rua de trás da quadra, que funciona com 42 pessoas.
“O ateliê está a todo vapor, estão bem adiantados e vem funcionando há bastante tempo. A escola investiu bem a verba que tinha em fantasia e está bem antecipada. A estrutura é bem melhor. É um espaço alugado e são dois andares e é bem grande, o ateliê é bem confortável, oferece mais conforto para as pessoas que trabalham”.
Marcus Paulo se emocionou ao ver a roupa do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, o casal Feliciano Junior e Thais Romi, que brilhou no ensaio técnico na Sapucaí. Ele diz que é um dos destaques do seu desfile.
“Eu fui pra prova de roupa do meu primeiro casal, que já tá pronto. Chorei, a lágrima caiu, porque eu achei magnífico. O ateliê aquarela carioca, o Léozinho e o Pedrão arrasaram na roupa, fizeram com muito carinho. Eles são tão encantadores. Eles representam os rituais em liberdade, o som que embala a dança. O africano é muito musical, ele tem a ginga no corpo. Ele traz isso consigo, ele tem o ritmo. Apesar de eu ter o pezinho lá, eu sou horrível de ritmo, nós trazemos essa ginga na alma. Eles representam isso e a indumentária ficou magnífica e a dança deles, me encantaram, me fizeram chorar mesmo. Eu vi alí o locus, o que eles representam no enredo, o que eu escrevi e eu vi se materializando. Fiquei muito feliz”.
Além disso, ele diz que tem outro trunfo no desfile de 2024, que costuma sempre trazer como diferente nas escolas que passa.
“Eu sempre tenho um carro, seja na Unidos da Tijuca, seja na Rocinha, que eu faço com material completamente alternativo, que não tem a ver com carnaval. Esse ano é o meu tumbeiro, o navio. É um trançado que dá aquela sensação de cláusula, de prisão, mas é um transado com um material que não se usa no carnaval. Não é usual e eu acho que esse é o meu trunfo, que vai chamar atenção. É o meu queridinho do barracão”.
Na Estácio de Sá não falta comunidade, irá desfilar com 2200 componentes, um elemento cenográfico na comissão de frente, três alegorias e dois tripés.
“A escola virá bem grande, ela é, de fato, uma escola grande. A comunidade desce mesmo, né? Até porque todo mundo costuma dizer que a Estácio está jogando em casa. Eles têm uma descida do Morro do São Carlos que é dentro da Sapucaí. De componente ela não tem problema. A escola é bem grande”.
Marcus Paulo fala também um pouco sobre como a agremiação irá desfilar tão esperado. Em 2024, o Berço do Samba será a quinta escola a se apresentar na sexta-feira de carnaval.
Conheça como será o desfile
Setor 1: “Então, a abertura do enredo é ainda em África. Apresentando essas duas meninas, os rituais e as culturas e como elas viviam ainda numa África livre. Livre, totalmente livre, ainda sem esse horror da escravização”.
Setor 2: “O segundo setor é a parte da escravatura, quando o povo da diáspora é agredido. Tem essa agressão terrível da escravização e a chegada aqui no Brasil. Tratamos em que condições chegaram, de que forma chegaram e quais as estratégias que eles usaram para suportar tanto sofrimento até chegar aqui. Eu toco muito que essas estratégias são a força religiosa, a espiritualidade. E até no batismo de uma das meninas, que era um ser que protegia, uma Kianda. Na cultura deles é um ser também místico do mar, porque é em região costeira, então, eles têm muita crença no mar, a riqueza vinha do mar”.
Setor 3: “Quais as estratégias foram criadas para essa cultura ser espalhada aqui no nosso país. Mesmo proibidos, ameaçados de ser assassinados e castigados, não podendo fazer, praticar a cultura e a religiosidade, eles arrumavam jeitos às madrugadas, nas senzalas, no chão da senzala, que criavam rodas, de dança, de batuque”.
Setor 4: “O quarto setor é efetivamente a Estácio de sol olhando para o mar. Ela para essa crença e ancestralidade dela, que é o chão de devoção. Na verdade, mostra essas meninas já adultas e a passagem delas para o plano espiritual, quando elas se tornam espírito de luz e são batizadas por Oxalá e Zambi. Se tornam pretas velhas para continuar cuidando do seu povo e da gente até hoje. E aí essa parte, mostra que elas são as mães de todo Estanciano. Desde o início elas tiveram junto com a escola, estão até hoje protegendo e continuam protegendo no desfile. Então, esse último setor fala realmente dessa devoção da Estácio de Sá pela ancestralidade”.
Em um curto intervalo de tempo, o Acadêmicos do Tatuapé voltou a ensaiar no Anhembi. A escola havia realizado o seu primeiro treino na última quinta-feira, três dias antes. Naquela oportunidade, o destaque foi o canto. Agora, isso se mantém, e até melhorou. A harmonia da agremiação da Zona Leste está em outro patamar. Não tem mais para onde crescer. Todos cantam forte em sinergia, juntos nos apagões e tem empolgação do início ao fim. Não é de agora, mas talvez o canto atingiu o ápice. O contingente é grande, e o que resta é colocar em prática no desfile. No ensaio deste último domingo, novidades como o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara tiveram destaques em desempenho.
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“A gente conversou aqui logo depois que terminou o nosso ensaio de quinta-feira e me foi perguntado o porquê dessa preferência de fazer os ensaios técnicos mais próximos do desfile. A nossa avaliação é que quinta-feira foi muito bom, mas ainda havia alguns ajustes a se fazer. Hoje eu tenho certeza absoluta que o nosso desfile foi ainda melhor do que o de quinta-feira. Eu tenho certeza que dia 9 nós vamos fazer melhor que tudo isso junto. Se Deus quiser vamos fazer o melhor desfile da nossa história, como a gente quer a cada ano”, comentou o presidente Eduardo Santos.
“Uma Joia da Bahia – Símbolo de Preservação! Entre Contos e Sabores, Viva a Mata de São João!” é o enredo do Tatuapé, sob assinatura do carnavalesco Wagner Santos.
Comissão de frente
Os bailarinos repetiram os movimentos realizados na última quinta-feira. Talvez a coreografia esteja concretizada, apenas o ensaio deste domingo foi para corrigir detalhes. Desta vez os componentes estavam vestidos com roupas de verão, tipicamente da Bahia. O elemento alegórico também foi usado da mesma forma.
A apresentação tinha capoeira, figura principal, entre outras danças. Tudo se encerrava em uma pose de estátua, cujo a maioria dos integrantes da comissão iam para o elemento alegórico e cada um fazia uma pose.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O ‘casal foguinho’ Diego e Jussara, teve uma apresentação diferente da última quinta-feira. Aparentemente a estratégia do dia 25 era reconhecer o terreno junto à comunidade, para assim, no segundo ensaio, realiza-lo por completo. Na outra oportunidade, a dupla foi bailando estendendo o pavilhão por toda a pista, sendo raras às vezes de arriscar. Entretanto, neste domingo, observou-se alto sincronismo da dupla em todos os módulos, sobretudo quando se fala em realização de coreografias e finalizações de movimentos.
“Estamos felizes hoje. Já viemos bem no primeiro, e hoje foi para cravar para o grande dia. Viemos muito bem hoje, graças a Deus. Tudo que nós planejamos, que nós ensaiamos bastante para colocar em prática aqui, deu tudo certo. Como eu sempre falo, nós somos perfeccionistas, e a gente tem duas semanas para deixar mais certo ainda. Vai ter ensaio atrás de ensaio ainda para chegar no grande dia e representar com muita garra e muita honra a comunidade do Tatuapé. Essa comunidade é merecedora, não é à toa que eles entram na Avenida e dão o sangue, dão a alma pela escola. Dá para escutar de longe a escola cantando porque todo mundo aqui tem vontade de vencer. Sem desmerecer ninguém, mas quem entra na pista é para tentar buscar o título. Ninguém entra na pista para brincar”, disse o mestre-sala.
“Foi muito bom. É isso que o Diego falou, a gente veio muito bem no primeiro. O segundo já deu para gente completar o que a gente achou que faltou no primeiro, e daqui para frente, até o dia nove, a gente irá ensaiar. Vamos buscar essa nota para nossa escola”, completou a porta-bandeira.
Harmonia
Os adjetivos para enaltecer o canto da comunidade do Tatuapé são os melhores possíveis. É uma escola avassaladora quando se trata disso. Transmitem uma energia incrível e dá para sentir uma potência nas vozes quase no nível das caixas de som no ápice da melodia, como no refrão principal “Ê baiana..”. A análise de quinta-feira dizia que a harmonia deu um espetáculo. Então, agora, dá para concluir que foi uma catarse. Excessivamente todas as alas se dedicaram do início ao fim. O trabalho dos presidentes, principalmente de Edu Sambista, que é responsável pela harmonia da escola deve ser louvado.
O presidente Eduardo Santos agradeceu a comunidade por todo o empenho da comunidade. “Hoje foi uma energia maravilhosa, todo mundo se dedicando e se entregando como sempre. Esse coletivo que a gente tem de componentes é um negócio muito sério e contagiante. É a parte mais importante da nossa escola. É o nosso maior patrimônio e eu tenho que agradecer do fundo do coração todo o carinho deles pela escola. Essas duas últimas semanas foram exaustivas. Ensaiamos na rua, quadra e Anhembi. Ontem tivemos ensaio de quadra, hoje aqui e terça novamente lá na sede. Mas vemos uma escola que vibra, canta e se empenha demais. Só tenho que agradecer a todos eles”, declarou.
Evolução
O Tatuapé se mostrou uma escola compacta neste ensaio. As alas enfileiradas se movimentavam adequadamente dentro do samba, de um lado para o outro e todos respeitavam as marcações de alegorias. Os harmonias instruíam os desfilantes a darem o máximo o tempo todo. É óbvio que todos correspondiam, pois a sinergia estava em alta.
O samba não tem coreografia e isso permitiu que a comunidade se soltasse mais entre as suas alas. Também foi analisado na última quinta que houve um certo espaçamento (não foi buraco, mas poderia virar) entre o tripé da comissão e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Porém, isso não foi visto mais.
Samba-enredo
Se o canto da comunidade é forte, a ala musical liderada pelo intérprete Celsinho Mody tem participação fundamental nisso. Os arranjos, os espaços dados aos apoios, vozes femininas e demais fatos, fazem com que o samba vá lá para cima. É um carro de som diferenciado. Em coletivo, pode-se dizer que é o melhor do carnaval paulistano. Vale destacar o astral que eles têm. Todos dançando entre si em uma energia renovada.
“Rolou bastante. A gente queria fazer um ajuste maior no som. Já estava bom, mas a gente conseguiria ser melhor. Aí melhoramos para esse com a ajuda de um técnico de som que nós temos que é muito bom, chamado Gustavo. Eu gostei muito, a ala musical está muito entrosada, estamos desde julho ensaiando e gravando samba. A gente está apresentando um arranjo novo na avenida, que há muito anos não trazia, que é o canto das pastoras, valorizando ainda mais as vozes das mulheres. Eu estou muito feliz com o resultado e agora é crescer ainda mais para o desfile e também contar com a mão de Deus, que joga aquela purpurina, fica tudo mágico e vamos buscar esse campeonato”, declarou o intérprete Celsinho Mody.
Outros destaques
A bateria “Qualidade Especial”, de mestre Léo Cupim, soltou bossas e apagões. Tudo realizado com êxito. O mestre Léo Cupim falou sobre o ensaio. “Creio que a gente vem mantendo uma média de ensaios. Tanto os ensaios de rua quanto os dois técnicos foram bons ensaios, tanto para a bateria quanto para a escola no geral. Creio que a gente chega forte para sexta-feira”, avaliou.
O músico contou da ansiedade que está sentindo pela estreia na avenida com a comunidade da Zona Leste. “A ansiedade é grande. O frio na barriga já vem de alguns dias, principalmente depois da virada do ano, mas eu estou confiante. A bateria está vindo em um desempenho bom de ensaios, aquilo que a gente vai conseguir trazer a nota para a escola, que é o que a gente precisa”, concluiu.
Muriel Quixaba, Janaína Prazeres, Talita Guastelli e Carmen Reis estiveram à frente da “Qualidade Especial”. Se o canto foi forte, as baianas também participaram disso, com muita alegria.
Os Acadêmicos do Tucuruvi realizaram seu segundo ensaio técnico no último domingo no Sambódromo do Anhembi em preparação para o carnaval de 2024. O samba e o coral da harmonia foram os grandes destaques do treinamento, encerrado após 58 minutos na Avenida. O Zaca será a sétima escola a desfilar no dia 10 de fevereiro pelo Grupo Especial de São Paulo com o enredo “Ifá”, assinado pelos carnavalescos Dione Leite e Yago Duarte.
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Um ensaio primoroso de uma escola que acredita no poder do samba e do enredo que possuem como há muitos anos não se via. A Tucuruvi realizou na Passarela do Samba um treinamento digno da eficiência que fez a escola ser vice-campeã em 2011, mas com uma força que talvez nem o fantástico desfile sobre os migrantes nordestinos de São Paulo teve. Não é todo dia que uma escola aparenta renascer diante dos olhares de tantas pessoas, mas é emocionante ver que o tão almejado “novo Tucuruvi” parece enfim estar tomando forma.
Comissão de frente
A comissão de frente da Tucuruvi vem dividida em três atos marcados por passagens do samba. No primeiro ato, todos os personagens atuam em cima do elemento alegórico. No segundo, por volta do refrão do meio, a maioria dos atores descem do tripé e coreografam no chão. No ato final, também por volta da metade do samba, eles voltam a subir na alegoria.
Há a presença de um protagonista nessa dança que representa Exu, carregando consigo em boa parte do tempo a tigela com seu padê. Sua atuação conteve elementos que lembram muito a coreografia consagrada pelo ator Demerson D’Alvaro no desfile campeão da Grande Rio em 2022.
Mas com exceção do momento em que os demais personagens descem do tripé para atuar no chão, o que ocorre ao longo de apenas um terço da performance, é muito difícil definir com clareza, da visão que a imprensa tem da pista, como a interação entre todos os personagens ocorrem em cima da alegoria da Tucuruvi. A altura em que ela fica claramente permite uma excelente visão da parte do público das arquibancadas e dos jurados da atuação que ocorre lá, mas do chão a observação fica muito comprometida pela concavidade que possui internamente no tripé.
Seria injusto tecer qualquer análise mais aprofundada da coreografia do quesito dessa forma, mas nos momentos em que os atores estiveram no chão demonstraram vigor e ousadia, com direito a movimentos muito corajosos. Aos leitores a sugestão é que se atentem para o dia do desfile oficial, pois pode estar prestes a acontecer um momento histórico no Sambódromo do Anhembi.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Luan Caliel e Beatriz Teixeira realizaram o ensaio vestidos com as fantasias do carnaval anterior, o que permitiu ao casal ter uma experiência mais próxima daquela que enfrentarão no desfile oficial. A dupla teve um bom desempenho por todos os módulos em que foram observados, cravando os movimentos com leveza e tranquilidade.
Ao analisar o desempenho de ambos no ensaio, Beatriz e Luan falaram da importância de treinar fantasiados, além das orientações que receberam para evoluírem a dança praticada em relação ao treinamento geral anterior.
“Hoje foi ótimo para a gente fazer outro teste. Um teste com peso, peso de verdade de fantasia, é outra realidade. A gente ensaia aqui no Anhembi e vem com o saiote, mas mesmo assim é outra coisa. Não adianta a gente fazer um ensaio específico com a escola de samba para ver como que é no dia e não ensaiar com a fantasia em si. Não sentir o peso, que é completamente diferente. A gente já conseguiu ajustar mais coisas, ter uma visão mais geral de como vai ser o dia completamente. Mesmo com chuva, com tudo, essa é a nossa realidade. Para mim aqui hoje foi o nosso ensaio, ensaio geral, geral de verdade, que a gente pode sentir a escola, sentir como vai ser no dia literalmente. Para mim hoje foi um grande desfile. Algumas coisinhas que aconteceram durante a Avenida, mas para mim foi uma realização e eu espero que seja tranquilo desse jeito para a Avenida. Sair de ponta a ponta sorrindo, estou até sem dente, sem voz, já estou sem tudo. Mas para mim nota dez, graças a Deus”, declarou a porta-bandeira.
“Falar um pouco sobre o peso primeiro. Dançar com fantasia muda muita coisa. Dá para sentir mesmo o dia do desfile, que é uma fantasia do ano passado, então tem uma dimensão do que vai ser. No ensaio passado a Dani, que ajuda muito a nós e que é uma visão de fora, ela apontou alguns pontos principalmente na parte de finalizações, deixar um pouco mais lentas. Hoje deu para sentir isso, e acho que nós viemos arrumar isso. Começar a coreografia um pouco mais lentos, detalhar mais, sempre nos refrões. Sempre pontuar nessas frases, os braços, que eu acho que fica muito evidente que nós estamos dançando em cima do samba quando faz esses apontamentos. Eu acho que deu para acertar isso. No último ensaio foi muito bom, porém teve um pouquinho desses deslizes, eu posso falar, foi bem imperceptível. Hoje nós viemos para acertar, e eu acho que acertamos. Se Deus quiser, vamos fazer um lindo trabalho aí na Avenida”, explicou o mestre-sala.
Harmonia
O grande destaque do ensaio do Zaca. Há alguns anos que através de declarações de diferentes representantes é dito que a escola está passando por um processo de encontrar “um novo Tucuruvi”, e ao que parece o caminho para isso foi encontrado. Ter um samba forte e de qualidade em mãos atrelado a um enredo que une a comunidade faz toda a diferença, e como diz a letra da obra assinada pelo consagrado mestre Macaco Branco, da Unidos de Vila Isabel e que participou do ensaio, no Ilê da Cantareira há um povo feliz.
O samba do Tucuruvi foi clamado com intensidade ao longo de todo o ensaio. Destaque especial para a ala “Ikin”, logo no começo da escola, que tinha componentes cantando delirantemente a obra do Zaca sem parar. O diretor de carnaval Rodrigo Delduque falou a respeito da influência do enredo no resultado do ensaio e exaltou o trabalho da diretora de harmonia da escola.
“Para falar de Exu e de Ifá não tem como a energia ser diferente. Quando voltamos para casa reunimos todo mundo, conversamos e passamos o que queremos. A escola vem, cada vez mais, adquirindo nosso sistema de desfile na condução da Fabiana (Lopes), que é uma excelente diretora de harmonia e uma pessoa maravilhosa. Não tenho como descrever o ser humano que ela é. A parte profissional dela é sensacional, é o que você viu na pista. Tenho certeza de que, no desfile, vamos apresentar algo muito melhor que isso aí, com as nossas fantasias que estão nos esperando”, disse.
Evolução
Outro quesito seguro da Tucuruvi no ensaio. A escola evoluiu de forma fluída durante toda a passagem pelo Anhembi, não sendo observadas aberturas ao longo dos módulos em que foram observados. A escola veio bem compacta e organizada, realizando o recuo da bateria com exatidão e cuidado.
Rodrigo Delduque falou da importância de entender as regras do jogo para garantir a boa fluidez do Zaca ao longo do treinamento.
“Ajuste é ajuste. A cada ensaio, desfile e ano que passa, a gente vem procurando se adaptar cada vez mais ao regulamento e aos critérios. Nós optamos, no último ensaio, por ajustar mais a escola, um sentir a energia do outro, um puxar o outro. Dessa vez, compactamos mais a escola. Visualmente falando, deu certo”, afirmou o diretor.
Samba-enredo
Certamente um dos sambas que mais cresceu ao longo da temporada de ensaios técnicos. Não bastasse ser uma obra das melhores que já passaram pelo Anhembi nos últimos anos, o quesito está a cargo de uma ala musical recheada de talentos e liderada pelo intérprete Hudson Luiz, que esteve em mais uma noite inspirada. Os momentos em que o canto foi entregue para a comunidade foram cuidadosamente escolhidos, voltando de maneira cravada para os cantores de maneira fantástica.
Hudson fez uma análise geral do desempenho na escola no ensaio e demonstrou otimismo em relação às pretensões do Tucuruvi para o carnaval de 2024.
“Eu pude conversar um pouco com a harmonia antes de começar o nosso ensaio. A harmonia estava reunida, eu pude dar umas palavras com a licença da nossa diretora de harmonia, Fabiana. Eu pude, na concentração, me encontrar com vários componentes e poder passar uma energia positiva para eles, e eu acho que foi um ensaio sensacional. Eu sempre dizia para os componentes: ‘vamos acreditar que o que a gente quer está ali na frente’. A nossa alegria é o que transborda no nosso carnaval, e a Tucuruvi acho que pôde mostrar isso hoje. Fomos superiores do que no primeiro ensaio, e eu acho que isso deixa um pouquinho do que a Tucuruvi pode apresentar, do que a Tucuruvi quer para o carnaval. A gente não aceita no nosso eu um resultado menor que o campeonato. Isso não é só sonho para a gente, já passa a ser uma realidade porque a gente acredita nisso, e quando a gente acredita nisso, isso se torna uma realidade. Acho que a Tucuruvi se superou, e eu tenho certeza de que muita gente vai sair do Anhembi e vai dizer que é uma nova Tucuruvi, uma Tucuruvi diferente, irreconhecível para o lado positivo. Eu estou muito feliz com o resultado na escola inteira. Acho que não posso nem citar setores, acho que a escola inteira. Estou muito feliz de verdade e espero que seja melhor ainda no desfile”, declarou.
Nos dois ensaios que o Tucuruvi realizou na temporada, tanto na concentração quanto na dispersão, Hudson Luiz foi observado em um momento pessoal de orações. O intérprete falou sobre a importância da fé em sua preparação.
“Na minha vida Deus esteve sempre à frente de tudo que eu fiz. Se eu não acreditasse em Deus, não chegaria até aqui. Eu acho que acima de grandes talentos, existe a nossa fé. Como já disse, a fé move montanhas e sem Deus eu não seria ninguém. Antes de começar eu sempre agradeço por ter chegado até aqui e peço que me proteja, e ao término, independente de qual seja o meu resultado, eu agradeço porque eu acredito que tudo que aconteceu foi preparado por Ele. Sem a minha fé eu não iria a lugar nenhum. Eu só estou hoje aqui porque Deus me permitiu”, disse.
Por fim, Hudson deixou uma mensagem de motivação para a comunidade dos Acadêmicos do Tucuruvi que aguarda ansiosamente para desfilar no sábado de carnaval no Sambódromo do Anhembi.
“Comunidade, acredita. Acredita porque a Tucuruvi vai fazer o maior carnaval da sua história. Acredita dentro de nós. Acredita. Acredita. Acredite no nosso coração. Acredite na nossa fé, que assim nós chegaremos ao resultado que nós queremos que é a nossa estrela tão sonhada”, concluiu.
Outros destaques
Liderada pelo mestre Serginho, a “Bateria do Zaca” teve papel fundamental para o desempenho brilhante da Tucuruvi em seu último ensaio técnico. Bossas contagiantes em momentos-chave como no desfecho da segunda do samba, apagões perfeitamente encaixados e retornando com maestria. Influência da presença do colega carioca Macaco Branco, mestre da “Swingueira de Noel”? Só os Deuses do samba podem afirmar. Serginho fez uma análise da evolução do desempenho da bateria em relação ao ensaio anterior.
“Chego em casa, assisto tudo para ver como foi. No primeiro ensaio, na bateria, a gente veio bem. No segundo, fizemos alguns ajustes, colocamos o atabaque na frente para não ficar tumultuando. Antes eles executavam e metiam marcha. Toque de atabaque, agogô, com tudo isso envolvido em um sambaço tem que dar certo. Foram muitas noites sem dormir, a direção de bateria briga todo dia, mas quando a gente chega aqui é isso aí. Não sei como foi a escola, mas, em relação à ala musical e bateria está funcionando. Acho que evoluímos com o tempo”
Questionado sobre a influência da bateria para a aclamação do samba diante da opinião pública, o mestre falou sobre as escolhas que foram feitas para se chegar a tal resultado.
“Como foi pensado tudo junto, como foi um processo, com esquema de eliminatória, tínhamos uma coisa em mente. Encontramos esse samba, sentamos eu e o Rodrigo para escolhermos esse samba e fomos encaixando. Antes, o projeto de bateria era mais simples, não tinha tanta coisa assim, mas eu percebi que não poderia perder uma oportunidade dessa, com tantas deixas que o samba dá. ‘Respeite a minha ancestralidade’, ‘tolere a diferença na raiz’, aí é punho cerrado, sinal de resistência. Colocamos repique, atabaque, e quando apresentamos para o nosso produtor ele adorou. Fizemos os arranjos e tudo cresce. O samba é bom pra caramba, ele cresce com os arranjos e não é uma canção pesada. É tudo no seu lugar certinho e foi isso que fez o samba crescer. O samba é bom, tem a bateria que soma e fica tudo lá. É ótimo”, explicou.
Encerrando a maratona de ensaios técnico do carnaval paulistano para os desfiles oficiais de 2024, a Dragões da Real defendeu pela segunda e última vez o enredo “África – Uma Constelação de Reis e Rainhas”, idealizado pelo carnavalesco Jorge Freitas, neste domingo. Com uma comunidade acostumada a cantar bastante alto, a escola, que será a terceira a desfilar na sexta-feira de carnaval (09 de fevereiro), mais uma vez, entregou tudo que dela se espera em Harmonia.
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Harmonia
Não há, simplesmente, como apontar algum erro quanto ao canto da comunidade no ensaio técnico deste domingo. É possível, porém, destacar positivamente algumas situações – uma delas, por sinal, será destacada na análise de outro segmento. Um dos apontamentos é a baiana mais à direita na terceira fileira de componentes, que surpreendeu pelo canto desde a Concentração – e empolgava as mais próximas. Também é interessante notar que o volume subia ainda mais no verso “Faraó mulher” do samba e em uma das muitas convenções da Ritmo Que Incendeia, bateria da agremiação.
Rogério Felix, diretor de Harmonia da agremiação, também elogiou a apresentação: “Tínhamos um grande desafio. No primeiro ensaio técnico, acabamos fazendo um desfile muito bom, tecnicamente estava muito bom, o canto aconteceu. E tínhamos o desafio de superar. Graças a Deus fizemos um trabalho incessante nessas duas semanas, a comunidade entendeu e nós passamos hoje a energia que a gente quer. O enredo é de grande responsabilidade, representar um continente, toda uma cultura, toda uma energia, toda uma ancestralidade, não tinha como ser diferente. A nossa comunidade passou, está pingando aqui, passou com muita força, e estou muito feliz que o trabalho está acontecendo. Pode ter certeza que vamos trabalhar pesado até o dia do desfile – e ainda vamos tentar melhorar muita coisa”, pontuou.
Evolução
Encerrando o ensaio técnico com cerca de 61 minutos (dentro do limite do Grupo Especial, de 65 minutos), a Dragões também mostrou extrema organização quanto ao andamento de tudo e todos que estavam na passarela. Sem clarões (nem mesmo o que se tornou comum na temproada de ensaios técnicos, entre a comissão de frente e o segmento seguinte) nem paradas no ritmo, a agremiação inteira se movimentou sempre de maneira uniforme, tal qual um relógio – não à toa, a instituição não teve problema algum na cronometragem.
Rogério abordou tal tema em entrevista: “Nós queríamos cada vez mais a nossa comunidade solta. Queremos fazer um trabalho que a comunidade brinque o carnaval. Onde ela realmente brinque o carnaval, que ela pule. Se você observar, nós vamos ter ala o tempo todo para os lados, o tempo todo brincando. Queríamos um chão dançante e isso aconteceu. O pessoal está cada vez mais solto, brincando. Isso aconteceu neste ensaio: o pessoal brincando mais, saindo mais pelos lados. E o canto também aconteceu: veio mais forte. Vamos continuar trabalhando para melhorar o canto, a movimentação, para passar aqui, quem sabe merecendo honrar estar entre as cinco primeiras ou então o tão sonhado título – que, para nós, é inédito”, suspirou.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Conhecidos e autointitulados “Casal Quarenta Mais” por conta das notas recebidas e pela faixa etária de ambos, Rubens de Castro e Janny Moreno tiveram ótima exibição na noite deste domingo. Bastante seguros de si, eles fizeram questão de abordar módulos de maneiras distintas: se, no primeiro, eles giraram bastante em velocidade bastante considerável, nos últimos a dupla buscou a segurança, sem se arriscar muito quanto à intensidade do giro – ainda que seguissem com vários rodopios em cada sequência. Vale pontuar, também, que eles executaram diversos movimentos afro nas cabines e nos espaços entre elas; e que o próprio casal cantava bastante e em ótimo volume – chegando, em determinado momento, a chamar atenção da reportagem.
Rubens falou sobre uma curiosidade envolvendo a dupla: “Nós somos muito perfeccionistas. Por mais que todo mundo aplauda, a gente sempre quer o melhor espetáculo para o público que assiste a gente. Hoje a gente acertou alguns detalhes de proteção ao vento, alguns detalhes de posição de jurado – agora que definiu-se realmente as cabines, a gente está sempre estudando. Na quarta-feira, a gente tem ensaio de novo, temos ensaio de rua, temos ensaio de novo na quarta-feira da próxima semana antes do carnaval, porque a gente está sempre estudando”, destacou. Janny aproveitou para falar sobre a força do enredo: “Eu acho que a nossa energia foi fundamental. É um carnaval que, como todo mundo sabe, é a primeira vez que a Dragões está falando de afro. É muita responsabilidade, e a expectativa da escola também está bem alta. Acho que a gente hoje falou: ‘nós estamos prontos, então vamos’. Pegamos um na mão do outro, da nossa equipe e fomos, simplesmente fomos. E fomos felizes, tanto que voltamos”, relembrou.
A escolha de uma temática afro também animou bastante o casal. “Vinte e um anos depois eu volto a dançar um afro, e para eu representar o afro para a molecada que não conhece muita coisa do afro é de uma responsabilidade imensa. Fazer os movimentos certos, fazer tudo certo, que é representativo para isso, é muita responsabilidade. É transmitir cultura, essa é a minha responsabilidade desse ano, e o meu desejo é transmitir cultura junto com a Janny, fazendo muitos movimentos afro na nossa dança”, pontuou Rubens. Janny foi mais enfática: “É inexplicável, é uma honra. Eu sempre falo isso porque representar a nossa cor, a nossa ancestralidade, é gratificante demais, é emocionante. Feliz, sempre feliz, graças a Deus. É brincar, ser feliz, e é isso. Acho que se a gente for levar leveza e amor, eu acho que tudo acontece e a gente sai assim, feliz e realizado um com o outro também”, comentou.
Samba-enredo
Se a junção de sambas na final da eliminatória da escola foi bastante criticada, é inegável que ele caiu no gosto da comunidade. O carro de som, comandado por Renê Sobral, deu um brilho à criticada obra; e a Ritmo Que Incendeia, bateria comandada por Klemen Gioz, colabora muito com o crescimento da canção com diversas bossas e convenções.
Klemen, por sinal, não escondeu o quanto a Ritmo Que Incendeia melhorou a canção: “Como qualquer samba, trabalhado e estudado, a bateria sempre vai ajudar. Sempre pensamos em fazer paradinhas e bossas para fazer a música crescer. Eu falaria 100%, mas vamos falar 50% e 50%: metade pelo samba e pela escola e a outra metade pela bateria trabalhando, impulsionando todos a cantar”, ejactou-se.
Sucinto, Renê Sobral falou forte sobre a exibição: “Eu estou em êxtase novamente, porque a escola cumpriu tudo o que foi combinado. Desde o primeiro ensaio teve melhorias, nunca está 100%. Nesse ensaio a gente teve a certeza que a comunidade abraçou e está a fim de fazer um desfile campeão. O que a gente viu hoje é algo maravilhoso. O melhor ensaio técnico que eu já fiz na Dragões”, vociferou.
Comissão de Frente
A Dragões chamou atenção desde quando o imenso tripé da escola apareceu. Inteiro em cor terrosa, diversos bailarinos dançavam ora no chão, ora em uma espécie de palco que a alegoria possui. Explodindo serpentinas (para delírio do público), a coreografia em dois atos chamava atenção para um personagem em especial – que, em dado momento, era erguido por uma base em clara demonstração de força; e, depois voltava para baixo, em movimentação acompanhada de fumaça, que também levou o público a gritar e aplaudir. Inteiro iluminado, em determinado momento, enquanto todos os componentes evoluíam na passarela, uma pessoa (que não tinha camisa da escola) subiu em uma das escadas presentes e pareceu consertar e/ou mexer em alguma fiação ou no próprio elemento que fazia a iluminação – algo que não é permitido pelo regulamento.
Outros destaques
Muito comentada por diversos sambistas, o quarto módulo de jurados também incomodou Mestre Klemen Gioz: “Ficou uma coisa incomum, a gente não esperava que ficaria tão alto. Mas estamos aqui para trabalhar e fazer acontecer. Se ficar lá, temos que trabalhar e apresentar; quem vai ter a preocupação de escutar é o jurado, ele que vai ter que dar um jeito de escutar e saber julgar. Sabemos que, se estiver perto, escuta mais, vai estar mais próximo do som para julgar melhor. Mas, se ele estiver lá, quem tem que se preocupar é ele: as baterias vão passar e trabalhar, fazer tudo para que tudo dê certo”, finalizou.
A bateria, por sinal, teve corte cheia no ensaio técnico: Karine Grum (rainha), Yohana Obyara (princesa) e Kelly de Paula (musa).
Fechar os ensaios técnicos também foi tema de palavras de Rogério Felix: “Uma grande responsabilidade, diria que foi um dos melhores anos de ensaios técnicos que já tivemos. Parabéns a todas as escolas, de Acesso II, Acesso, e Especial. Eu vi grandes ensaios aqui, vi muitas comunidades felizes, às vezes o pessoal pensa mais na técnica e esquece a cultura do carnaval, o brincar. Eu vi várias escolas aqui, de diferentes tamanhos e pavilhões, passando na chuva, tentando passar na chuva – nós tomamos muita chuva. Estou muito feliz com o resultado, era uma grande responsabilidade, e espero que a gente tenha honrado de ter fechado essa grande safra, para mim a melhor safra de ensaio técnico de São Paulo. Espero ter fechado com chave de ouro, respeitando todas as escolas que passaram”, encerrou, destacando também outras tantas coirmãs.
A Terceiro Milênio entrou na pista do Anhembi pela segunda vez no ciclo de ensaios técnicos neste domingo, dia 28 de janeiro, e com o enredo “Vovó Cici conta e o Grajaú canta: O Mito da Criação”. Será a sétima escola a desfilar no domingo, dia 11 de fevereiro, no Grupo de Acesso II. Em seu segundo ensaio, mostrou a força dos quesitos, e assim, o conjunto sobressaindo-se, consolidando o que já tinha feito no primeiro ensaio, mesmo perante a um sol desgastante.
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Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Waleska e Arthur passaram com muita elegância. A piscada de olho da Waleska logo após passagem pelo primeiro módulo, já no monumental, reforça o desempenho nesta primeira apresentação, corretos, com o bailado envolvendo sentido horário e anti-horário, os toques de mão conectados, idem nos olhares. Com seus passos de bailarina, muita intensidade, essa é Waleska Gomes. O jovem Arthur, que faz sua estreia como primeiro mestre-sala, vestiu um macacão que continha uma coruja, símbolo da escola, ele e Waleska representavam crianças no look. A apresentação também foi correta no segundo módulo. O casal evoluiu do primeiro ensaio, mostrou mais sincronia e intensidade, mesmo com um calor absurdo que estava nesta tarde em São Paulo.
Harmonia
A harmonia da Milênio segue como ponto alto, é uma escola que canta bastante, tem como característica. Bem verdade que devido ao forte calor, não teve o mesmo canto do primeiro ensaio. O que vale frisar, não foi um problema, afinal ainda sim, todas as alas cantavam o samba e mostraram saber o samba. Portanto a comunidade do Grajaú mostrou sua força e consolidou o que foi feito no primeiro ensaio, com o samba na ponta da língua, ajuda a fluir todo o restante. Os harmonias vieram cantando bastante ao lado, mas pouco vi exigir canto, afinal, o trabalho já estava sendo positivo pelos componentes, destaco a ala que veio logo após o segundo casal, com um casal bem forte e animados. Como diz o samba, “Canta forte Grajaú, faz tremer o seu ilê”, e assim cantou!
Samba-enredo
A ala musical da Milênio é muito forte, Grazzi Brasil ganhou Darlan como parceiro e bem entrosados, respeitando o espaço de cada um. A voz da Grazzi é incrível, ganhou mais destaque ainda na parceria e também de acordo com o samba. E méritos do Darlan que encaixou junto com sua parceira nesta chegada a agremiação. Também destacar que agora a ala musical conta ponto, e a Milênio tem uma equipe muito forte, bem competente que passou com excelência pelos dois ensaios técnicos. Em relação a comunidade com o samba-enredo, fluiu muito bem, os componentes tem o samba na ponta da língua, cantaram bem, dava para ver nas alas todos sabiam o samba. É de fato, um samba agradável, e está na boca dos componentes da Coruja.
Evolução
A evolução da escola fluiu com muita leveza, tranquilidade, tem passos marcados, mas você sente a comunidade envolvida com o samba. Entrou na pista com três minutos cravados e completou a apresentação com 58m07s, ou seja, passou bem no sambódromo. Vale ressaltar a leveza, ainda que tenham realmente passos marcados, você vê a comunidade sentindo o chão, gostando do samba, de estar no Anhembi, não foi uma passagem robótica. O Grajaú mostrou a força desfilando com gosto, força de vontade, e sem ter problemas mesmo com a alta temperatura que apontava no fim da tarde. Foi um dos pontos chaves do ensaio técnico, a evolução bem realizada.
Comissão de frente
A comissão de frente comandada por Regis trouxe referências de Vovó Cici. Bem teatral com parte do elemento alegórico interagindo com a coreografia. Uma mulher era coroada, depois de vestida com uma roupa preta, onde o vestido inicialmente era esticado em algumas partes, e ocorria a coroa. Depois um ato bem parecido, mas toda de branco e aí sim toda a energia era decorrida. Após a segunda coroação, com vestido branco, três crianças abraçam a coroada. E a coreografia segue com alegria, leveza, como pede o enredo. Realmente é uma comissão que promete fortes emoções junto ao tripé. Tem um momento que a personagem principal, quando era coroada, fica em destaque a frente do elemento alegórico, e a parte dela é destacada, subindo um pouco, onde ela é reverenciada. Uma parte legal é que membros da comissão vestiam-se de uma parte do tripé, uma lona preta, grande, e ela saia com eles como se fossem asas gigantes.
Outros destaques
Falar da Pegada da Coruja comandada por Vitor Veloso é chover no molhado, a fase tem sido de muita ousadia, nos dois ensaios técnicos foi assim. Durante a passagem, foram inúmeras bossas e paradonas. Anotei algumas delas, a primeira logo no começo da bateria na pista, com 15 minutos durante o trecho “que seja ao menos respeito”, até “poesia a derramar o firmamento”. Na entrada da monumental uma bossa com 17 minutos, e assim foi uma sequência de bossas durante a monumental, destaque para o uso dos atabaques durante elas. Com 28 minutos no recuo tiraram onda nas bossas por mais de 30 segundos. Aos 36 minutos quando a bateria esteve à frente da sua torcida, fizeram nova bossa, levantando a galera. Aos 42 minutos até 45 foram várias bossas, nova paradinha, no trecho “Sete dias pro ayê nascer”… Ah, e não parou por aí, aos 47 minutos mais uma paradinha. Faltou alguma? Pois bem, a bateria tirou onda, foi o ponto positivo.
Arrancada com samba da mulher na voz da Grazzi Brasil, é simplesmente de arrepiar. Foi o samba-enredo que subiu à escola, e um dos enredos mais marcantes dos últimos anos no Anhembi, portanto é sempre um ato a mais. Principalmente na voz de uma mulher, uma intérprete marcante, e você vê componentes cantando muito, principalmente as mulheres, é um ato no carnaval paulistano. Também as palavras do Presidente Silvão levantando o astral da comunidade, e dizendo sobre o desfile ser focado em nível de Grupo Especial.
A corte de bateria da Milênio conta com a jovem Geovanna Pyetra, Mah Caval e Mirela, o trio que esbanja sorriso no rosto, samba no pé e simpatia. As estrelas do Milênio estão afiadas e em grande a frente da Pegada da Coruja. Vale destacar a primeira ala que entrou com palavras chaves do samba “firmamento, respeito, amor, mundo”, entre outras, cada uma em uma plaquinha. Por fim, a Torcida Garra da Coruja mais uma vez agregou e sendo uma ala a mais, entretanto fora da pista, faz o show à parte nas arquibancadas, principalmente quando a bateria passa.
Por Raphael Lacerda, Allan Duffes, Maria Clara, Guibsom Romão e Rhyan de Meira
A Unidos da Tijuca foi a segunda escola a desfilar na noite deste domingo de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Em um dia marcado pela chuva que lavou a alma dos tijucanos, a comissão de frente, a alegria e a leveza do componente foram os grandes destaques da noite. O intérprete Ito Melodia também teve participação especial para o bom rendimento do samba na Avenida. Neste ano, a agremiação levará para a Passarela do Samba o enredo “O conto de fados”, do carnavalesco Alexandre Louzada, e será a quinta escola a desfilar no domingo de Carnaval, 11 de fevereiro. Agora, a praticamente duas semanas do carnaval, a Azul Pavão e Amarelo Ouro entra na reta final de ensaios de rua e busca acertar detalhes para um bom desfile.
“Para ser sincero (não é soberba e nem autoconfiança), eu tinha certeza de que se acontecesse hoje tudo o que a gente vem fazendo nos ensaios, seria um sucesso. Evidente que eu fazer uma análise agora é superficial. Eu não estou do alto e não estou vendo a escola como um todo. Quando a escola está com as fantasias e alegorias, por incrível que pareça, é mais fácil de avaliar o desfile. Hoje, valeu a garra dos componentes que passaram aqui com um tempo chuvoso, pelo amor que eles despejaram pela pista. Acho que foi muito bom pela harmonia. O carro de som também foi excelente, junto com a bateria. Os nosso quesitos técnicos funcionaram bem. Mas, ensaio técnico, na verdade, nunca pode ser comparado a um desfile. Ele é um teste, mas jamais é um desfile, porque falta muita coisa, como alegorias e fantasias. Mas, de resultado, só ver o pessoal feliz aqui na dispersão já valeu a pena. Hoje foi muito positivo, não só o ensaio, mas como a alegria do componente, dos diretores, da bateria e do carro de som. No rádio, não houve nenhuma reclamação e nenhum comentário de erro, então acredito que tudo foi muito bom”, explicou Marquinho Marino, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
A genialidade do coreógrafo Sérgio Lobato surpreendeu. Com 15 bailarinos e adereços de mão, a comissão de frente tijucana se transformava em um Galo de Barcelos durante a apresentação. O recurso da nova iluminação da Marquês de Sapucaí foi utilizado pelo segmento e abrilhantou ainda mais a performance. Após uma entrega neste nível em um ensaio técnico, o desfile oficial deve surpreender ainda mais. A garra e entrega dos bailarinos também foram destaques na noite deste domingo.
“Eu acho que foi ótimo o trabalho, o desenvolvimento, o andamento. É claro que hoje é um pouquinho mais devagar porque não temos os carros, mas acho que foi muito bom para o fôlego, para o samba, a união com a escola e o trabalho técnico também. Não é nada disso que a gente vai trazer no oficial. Porque quando eu te falei sobre a ousadia, não era que a gente vai trazer o Spielberg, mas é a ousadia que eu me refiro, assim, é a escola buscando um visual, uma estética e a comissão também no seu figurino. É uma performance artística, técnica, eu diria para você que seria dança e teatro”, comentou o coreógrafo Sérgio Lobato.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Assim como nos últimos ensaios técnicos, a chuva foi uma dor de cabeça para os casais. Apesar da adversidade, a dupla tijucana formada por Lucinha Nobre e Matheus André não se abateu. A apresentação foi marcada pela segurança da porta-bandeira e os torneados do mestre sala. A coreografia também fez alusão a alguns trechos do samba-enredo, como no trecho “E o guardião emergia das marés”.
“O ensaio de hoje foi bem bacana, mesmo diante da chuva que teve hoje. Acho que nós conseguimos fazer as nossas marcações, das quais estamos treinando desde março. E preparamos um pouco para o desfile oficial, deu para sentir bastante a avenida, o clima, a temperatura da escola, que cantou bastante mesmo na chuva. E é isso, foi uma maravilha, eu amei. Acho que o dia que não tiver nada pra melhorar, a gente para e vai fazer outra coisa. Foi para lidar com a dificuldade, e foi bom. A gente se preparou, na pior das hipóteses, na pior dificuldade (com muita chuva), e tentamos dar o nosso melhor”, disse o mestre-sala.
“Bom, eu já vim com meu sapato oficial do desfile, e ficou inteirinho. Estou muito feliz. Quando a pista molha, o chão molha, a bandeira fica umas quinze vezes mais pesada. A gente está fazendo trabalho duro, pessoal, emocional, físico. Passei momentos difíceis, com um retorno para a Unidos da Tijuca. Foi aqui que eu vivi o auge da minha carreira. Eu me cobrei muito para entregar um trabalho à altura 15 anos depois. Para isso, eu tive que pegar firme no batente para dançar com esse neném (o mestre-sala da Tijuca). Ele está voando e eu tenho que voar com ele. Sempre tem que melhorar. Estou há 40 anos fazendo isso e a gente vai melhorar agora com a fantasia. Com a roupa é diferente, com ajustes de aperfeiçoamento e de sincronismo. Mas hoje, a gente entregou o melhor que a gente pode. Ainda tem duas semanas, e essas duas semanas a gente fica junto todo dia, ensaia junto todo dia, dorme junto em camas separadas”, completou a porta-bandeira.
Samba-enredo
Há quem diga que quanto maior é a crítica a um samba, mais abraçado ele é. E foi o que os tijucanos fizeram. A obra, inicialmente bastante criticada, teve um desempenho positivo na Passarela do Samba. O intérprete Ito Melodia e seu estilo “puxador”contribuem para o sucesso do samba entre os componentes. Durante todo o ensaio, o cantor interagiu com as alas próximas ao carro de som e com o público que acompanhava pelas frisas da Avenida. Essa troca de energias entre carro de som e componentes tem se mostrado um grande trunfo para o sucesso dos sambas deste ano.
“O presidente Fernando Horta me deixou ficar totalmente ‘Ito Melodia’, e isso me deixou muita à vontade. Também estou com o Casagrande, um cara fabuloso, fantástico e com uma das melhores baterias do nosso carnaval, com mais de dez campeonatos. Hoje eu posso dizer que entendo porque a bateria do Casão é chamada de Pura Cadência. É porque a bateria não sai do andamento. É o mesmo beat. Eles conseguem botar um andamento muito legal, que dá evolução para escola, mas sem cair, não vai para trás nem vai para frente, é totalmente perfeito. E todo o time da escola tem o mesmo objetivo de luta, perseverança e de vitória que a Tijuca precisa e merece para voltar a disputar título. Nós temos enredo, carnaval, barracão, samba, chão. No carro de som, todos tem todo direito e futuro de serem cantores do grupo especial. Cada ensaio nosso é uma emoção”, disse Ito.
Harmonia
Ainda sob chuva, a escola entrou na Avenida com um canto positivo. Do início do ano até aqui, a evolução da harmonia nos ensaios de rua tem sido destaque e tem impacto direto no desempenho deste domingo. O bom trabalho feito pela direção de carnaval da agremiação e pela equipe de harmonia somado ao fator Ito Melodia resultam no bom rendimento do samba. Apesar disso, após a bateria e já na metade do desfile – sem chuva – algumas alas tiveram o rendimento um pouco inferior. Ao todo, o canto foi forte em alguns trechos e um dos destaques da noite, mas ainda há espaço para melhora.
Evolução
O ensaio não apresentou buracos e fluiu bem. A alegria da comunidade foi um dos destaques na noite de ensaio da Unidos da Tijuca. Os componentes se movimentavam bastante, pulavam, interagiam ao longo da Sapucaí e mostraram a tradicional força do povo tijucano. Muitas alas contavam com adereços de mão. As alas coreografadas também se destacaram.
Outros destaques
Mesmo com a chuva que seguiu intensa até a metade do ensaio, a Pura Cadência mostrou um bom entrosamento com o carro de som comandado por Ito Melodia. A tradicional cadência, que faz jus ao nome da bateria, facilitou o trabalho da harmonia.
“Hoje eu estou até emocionado para falar, eu me emocionei muito no início, com a chuva batendo a gente fica preocupado, porque você tirar o batuqueiro da sua casa numa chuva dessa, e às vezes a gente não tem um reconhecimento, não vou falar da escola, mas a gente às vezes não tem o reconhecimento como batuqueiro. Estou aqui com a minha rapaziada e você vê hoje a rapaziada numa chuva dessa sair de casa, e montar a bateria que a gente montou, ainda que a bateria de hoje é só 90%. Para mim foi motivo de muito orgulho, só tenho que agradecer a eles. Já em relação ao ensaio, acredito que foi reloginho que a Tijuca é, hoje ela mostrou hoje porque ela é credenciada a ser uma grande e esforçada escola de samba. Eu acho que a chegada do Marino juntamente com o entrosamento com Fernando Costa, hoje eles deram a aula de direção de carnaval de harmonia, e eu espero isso que se repita no dia do desfile, já que hoje eu fiquei muito tranquilo com a minha harmonia, hoje a minha harmonia tirou onda, tudo certinho, paramos onde tinha que parar, andamos aonde e na hora que tinha que andar. Foi maravilhoso, e lá na hora da largada lá, eu falei para meus ritmistas, eu quero que vocês hoje se divirtam, não quero vocês preocupados hoje, com a chuva que estava fazendo, quero que vocês se divirtam tocando e graças a de Deus deu tudo certo e a gente mostrou que a Unidos da Tijuca tem uma grande bateria. Sempre fica alguma coisa, eu creio que não posso dizer que hoje foi 100%, vamos dizer que foi 90%. Foi muito bom, proveitoso para caramba. Mas você tem que ficar alerta porque às vezes você já acha que passou muito bem, está tudo certo e você dá aquela raça, mas a gente não pode relaxar, no carnaval principalmente com bateria de escola de samba, você não pode relaxar. Tem que manter o foco, a gente tem mais duas quintas-feiras para ensaiar, e na semana do carnaval ainda vou fazer aquele pré-ensaio que eu gosto de fazer fechado, já que eu não faço no setor 11, eu gosto de fazer fechado só com a bateria. Eu acho que agora é manter o foco, acho que a gente está no caminho certo, e quem sabe levar a Tijuca, eu não vou dizer um campeonato, mas se credenciar, eu acredito que a Tijuca está credenciada nesse momento, postulante ao título. Mas carnaval se decide no dia, mas todas as escolas estão bem, se respeitando, mas tem que respeitar a Unidos da Tijuca, porque hoje ela se credenciou ao título do carnaval de 2024”, garantiu mestre Casagrande.
Por Rafael Soares, Allan Duffes, Maria Clara, Guibsom Romão e Rhyan de Meira
A Portela, tradicional escola e maior campeã do carnaval carioca, foi a primeira a se apresentar na Marquês de Sapucaí durante a noite de domingo, realizando seu ensaio técnico. A azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira teve um ótimo desempenho, principalmente através do canto de seus componentes, que entoavam o samba com força. Outro ponto muito positivo foi a atuação do carro de som, liderado pelo intérprete Gilsinho, que cantou a obra com muita segurança e dolência necessária. A bateria do mestre Nilo Sérgio também fez uma apresentação muito boa, exibindo um ritmo consistente para embalar o samba-enredo. A evolução portelense se mostrou muito competente, mesmo debaixo de forte chuva e com grande contingente. A comissão de frente levou uma coreografia bem semelhante ao que é apresentado nos ensaios de rua, porém se poupando um pouco nos movimentos e escondendo o jogo. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon e Squel, também teve um belo desempenho, mostrando uma dança de bastante energia, mesmo com chuva e pista bastante molhada. Um ensaio para lavar a alma e lembrar a potência da escola.
A Portela será a segunda escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, levando o enredo “Um Defeito de Cor”, de autoria dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga, baseado na obra homônima da autora Ana Maria Gonçalves, refazendo os caminhos imaginados da história da mãe preta, Luíza Mahim.
“Eu acho que eu ouvi uma coisa que levei para hoje, quando começou a chover muito. Que não existe alegria amadora. Todo mundo que veio aqui hoje para ser alegre, foi muito profissional. Muito apaixonado por traduzir a Portela em força de canto, em força de evolução, em alma, em samba. Eu, mesmo trabalhando aqui na frente, escutei alto e claro o samba com toda a força de uma comunidade, com toda a força daquilo que é produto dos ensaios. Estou muito feliz hoje. A chuva foi uma bênção e a Portela celebrou o carnaval. A gente sempre identifica margem para melhora. Um ensaio técnico é um treino. Da gente cada vez mais trabalhar, em questão de dar força nesse canto por mais tempo. O que é mais importante em ver cantar dessa maneira é que nos mostra que podemos ainda cantar mais e temos força para isso. E também sempre a questão de você, no ensaio, não ter alegorias, não ter fantasias. E aí a gente tem todo um regramento e um alinhamento de tempo para poder cumprir junto do desfile oficial. A Portela desfilará com cerca de 2.800 componentes distribuídos em cinco alegorias e três tripés”, explicou Junior Schall, diretor de carnaval.
Comissão de frente
O grupo liderado pelos coreógrafos Léo Senna e Kelly Siqueira levou quinze mulheres pretas para a avenida. Todas elas usavam panos azuis na cabeça, tops e saias também azuis, com estilizações africanas, além de palhas amarradas na roupa. As bailarinas exibiram a mesma dança dos ensaios de rua. Com movimentos pulsantes e bem sincronizados, elas interagiram bastante durante o número. Giros faziam as saias darem um belo efeito. Também chamou a atenção o momento em que todas formavam uma fila e exibiam sequências de movimentos com os braços. Talvez pela pista molhada pela chuva, o grupo se preservou um pouco. Ao final da apresentação, duas integrantes pegavam grandes espelhos dourados, e outra pegava um livro também dourado e iluminado, gerando um bonito efeito.
“Foi maravilhoso, a chuva ajudou, a gente testou várias coisas e foi muito forte, foi com muita energia, foi tudo perfeito. Muito bom, muito bom mesmo. Muita força feminina, muito afeto para todo mundo. A gente já está muito feliz se o público sentir esse carinho, sentir tudo mais pacífico e essa coisa que só mãe pode dar para gente, esse colo de mãe”, comentou a coreógrafa.
“Elas cantaram com uma energia assim, impressionante, mais forte do que nos ensaios, é diferente pisar aqui. E a escola veio com muita força também. A gente está com um grito preso na garganta desde o ano passado, tanto no ensaio técnico quanto no oficial, a gente vem com muita força dobrada, com certeza, esse ano”, assegurou o coreógrafo Léo Senna.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Em seu primeiro ano juntos, Marlon e Squel, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Portela, mostraram um bailado tradicional com muita energia. Os dois pareciam não se incomodar com a chuva e a pista escorregadia. Como de costume, Squel exibiu movimentos firmes e bonitos. Marlon também mostrou bastante confiança e força para cortejar. Usaram um bom espaço da avenida e grande variedade de interações, com poucos momentos mais coreografados na letra do samba. Outra marca importante foi a expressividade do casal, com muitos olhares, sorrisos e vivacidade. Uma atuação excelente, mesmo em condições desfavoráveis.
“Diante da chuva, com a pista molhada, poças de água, que independente de você estar ou não ciente, derrapante, acaba não sendo muito válido, é mais um detalhe. Eu acho que a gente foi muito bem. A Portela é emoção, ela é o amor, é na chuva, é no sol, é no vento, é com trovão, é sem trovão. Eu acho que eu avalio positivamente, não só o casal, mas a escola. Eu estou extremamente feliz e foi muito, muito, muito, muito, muito bom. A gente está muito feliz. Ah, melhorar? A gente sempre acha que tem, não adianta. A gente vai olhar o vídeo, vai ver tanta coisa. Mas a gente está feliz por ter conseguido apresentar o que a gente apresentou diante de tudo esse tempo. Mas melhorar sempre vai ter que melhorar.”, disse o mestre-sala.
“Eu estou feliz da vida. A chuva é sempre muito temida, mas é uma bênção. E aqui: seu filho venceu, mulher. Derrame o seu axé, o seu axé está sendo derramado. Que a gente aproveite, que abençoe a Portela, que limpe a escola para que no dia 12, seja o desfile arrebatador das nossas vidas. Vai ser lindo”, completou a porta-bandeira.
Samba-enredo
A obra musical portelense é considerada uma das melhores do carnaval de 2024, muito em função de sua letra muito inspirada, altamente poética e retratando o enredo com perfeição. A melodia também é muito bonita em suas variações, que deixam a canção com a doçura e dolência que pede. O que se viu foi um grande rendimento do samba, embalado pelo canto forte da comunidade. O desempenho da bateria e do time de cantores da escola também foi fundamental para impulsionar ainda mais a fluência da obra.
Harmonia
O canto da comunidade portelense foi um grande destaque no ensaio técnico deste domingo. Desde o começo, a harmonia se mostrou bem forte, com todas as alas entoando o samba de ponta a ponta. O volume foi constante ao longo do treino. O desempenho de Gilsinho e seus cantores de apoio foi excelente, levando o samba com a exata dolência que é necessária, evidenciando ainda mais a bela melodia. Talvez no final do ensaio se percebeu uma leve queda de canto nas últimas alas, mas nada que preocupe a agremiação. Só mostra que, mesmo já em ótimo nível, ainda há margem para melhora. O quesito foi muito bem defendido.
“Até onde a gente pode ver a escola cantou muito bem. A gente está super feliz com o resultado. Agora, é ver as outras avaliações. Mas, acredito que a escola passou muito bem. A gente fez o que vem ensaiando na temporada. Estava tudo dentro do que foi criado. O nosso entrosamento (bateria e carro de som) é por osmose. A gente só se olha e já sabe o que fazer. É uma dupla que está feliz e trabalha bem”, afirmou o intérprete.
Evolução
Outro ponto que se mostrou muito consistente no treino da escola. Mesmo com um grande número de componentes, a evolução aconteceu de forma muito correta e segura. Não houve nenhum espaçamento anormal, muito menos correria ou lentidão. O ritmo foi constante e muito adequado para permitir que os desfilantes cantassem com tranquilidade e também mostrassem animação. Desempenho exemplar.
Outros destaques
A atuação da bateria do mestre Nilo Sérgio foi muito boa neste domingo de ensaio técnico. Os ritmistas mantiveram uma cadência muito propícia para a levada do samba-enredo no carro de som e para o canto da comunidade. Eles tocaram seus instrumentos com bastante firmeza e segurança, exibindo seu peso característico. As bossas, de ótima execução, foram muito bem integradas com a obra musical, exaltando ainda mais a pegada africana do enredo.
“Hoje eu vi que eu tenho que tocar de plástico mesmo, estourou alguns plásticos ali, os surdos molharam, porque eu não tinha colocado ainda o plástico para o carnaval, que é o acetato a prova d’água em cima do couro, eu só botei o plástico, mas eu vi que não muda. Porém, é um ponto que eu tenho que fazer. Mas o andamento da escola, pela chuva que teve, a escola veio alegre, para a frente, eu gostei muito. Eu acredito que algumas coisas têm que melhorar para poder sair daquele jeito, ensaio técnico é para isso mesmo, para a gente ajustar algumas coisas, como o lance da afinação. Eu acredito que, para escola, eu até conversei com o Escafura e com Schal, sobre o lance ali da cabine, que é passar um pouco mais a cabeça do módulo para poder fazer no meio da bateria, para os jurados poderem ouvir as peças pequenas, as peças leves e as peças pesadas quero para perto do carro de som, para eles poderem ver tudo, e é só esperar o carnaval agora e vamos que vamos”, citou mestre Nilo Sérgio.
Um raio atravessou o céu de Niterói logo no momento em que Wander Pires entoava pela primeira vez no domingo o “Arroboboi meu pai, arroboboi Dangbê”. Parecia um aviso da força e da potência com que a Viradouro ia fazer o seu último ensaio na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, neste pré-carnaval de 2024. Semana que vem a Viradouro estará no ensaio técnico na Sapucaí e na outra já vai ser para valer. A tempestade, para o bem, não chegou com mais raios do que aquele primeiro, garantindo que o ensaio pudesse continuar. Já a chuva foi constante durante todo o teste, na maioria do tempo sendo moderada, o que já incomodaria bastante o componente. Mas não a comunidade da Vermelha e Branca do Barreto. O canto, mais uma vez, foi muito forte, assim como a evolução. Os outros quesitos tiveram excelência e, o principal, a escola mostrou a organização de sempre e superou a chuva apresentando tudo aquilo que planejou para o ensaio. O samba foi a mola propulsora do treino e esteve na boca não só dos foliões como de quem assistia nas laterais. Os diretores de carnaval da Viradouro, Alex Fab e Dudu Falcão, consideram que a escola chegou a este momento em um estágio de rendimento dos componentes e segmentos dentro do planejado e que agora é ir para o ensaio técnico e posteriormente desfile com tudo aquilo que foi ensaiado e preparado.
Fotos: Lucas Santos/Divulgação
“A gente vem trabalhando ao longo destes meses, a direção de carnaval, eu e Dudu, toda a direção de harmonia, todos os componentes de uma forma geral, viemos trabalhando para chegar no ápice do processo nestas duas semanas que restam. Na semana do ensaio técnico e consequentemente, a gente faz o ensaio técnico agora por mérito, por ter chegado no vice-campeonato. E logo na semana seguinte nós temos o grande dia. A gente vem em uma crescente e acho que vamos para domingo no ensaio técnico com os olhos bem atentos, espertos para os detalhes que a gente sempre pode melhorar. Mas a gente acredita que alcançamos o patamar que a gente estabeleceu para esse processo, para esses últimos ensaios. Agora é seguir trabalhando nas próximas duas semanas”, esclarece Alex Fab.
“É um método que já estamos há 7 anos fazendo. A comunidade ajuda, todos os envolvidos no projeto ajudam. Nós fazemos um planejamento para chegar aqui perto do ápice, mas o ápice, a grande excelência é justamente essas duas semanas em que teremos o ensaio técnico que é muito importante para avaliar tudo que fizemos até aqui e transformar no que chamam de nota máxima no desfile oficial e para o nosso trabalho, para o nosso projeto é entender que fizemos tudo da melhor maneira possível para poder atingir o melhor resultado para a escola”, entende Dudu Falcão.
Em 2024, a Unidos do Viradouro será a sexta e última escola a passar pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro, encerrando os desfiles do Grupo Especial. A agremiação levará para a avenida o enredo “Arroboboi, Dangbé”, sobre a energia do culto ao vodun serpente, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, em seu segundo carnaval solo na Vermelha e Branca.
Comissão de Frente
Sempre entusiastas de grandes surpresas e grandes transformações, o casal Priscila Mota e Rodrigo Negri trouxe para este ensaio os dois elencos que vão fazer parte desta comissão. Além disso, uma corda marcava o espaço do elemento alegórico que deve ser usado na apresentação. Na coreografia muito vigor e uma pitada bem significativa de encantaria. Nos bailarinos muitas vezes era fácil ver os traços e movimentos da serpente.
Um bom equilíbrio nas coreografias de apresentação para o módulo de julgadores e as coreografias de deslocamento. A troca de elenco também se deu de forma bem natural. A chuva não atrapalhou e os bailarinos não mostraram receio na hora de ir se deslocando pelo chão encharcado e pelas poças enormes. Muita sincronia nos movimentos e principalmente em algumas partes mais dançadas, também quando os componentes se aproximavam e avançavam como em falange.
Mestre-sala e Porta-bandeira
A dupla tem trabalhado bastante para surpreender o público. Julinho e Rute Alves trajavam uma vestimenta, neste ensaio, que trazia um colorido e algumas cores mais cítricas. Julinho abusou do laranja e Rute tinha em seu vestido uma mistura de cores. O casal vai apostar em uma coreografia com muito vigor, como perde o enredo, mas tomando o cuidado para não se perder toda a singeleza do bailado do casal. Durante o treino deste domingo, a dupla realizou potente dança e apresentação, abusando de giros muito intensos, com bastante entrosamento nos movimentos e com elementos que pontuavam a letra do samba-enredo da Viradouro.
Em um momento de grande ápice, a dupla girava cada um em seu eixo de forma bastante veloz, mas com muita técnica. Outro ponto alto, foi em um momento mais coreográfico, em que o casal executava passos de danças referentes à religião de matriz africana, bem pertinente à temática do enredo. Uma grande exibição, ainda deixando um gostinho de que tem mais coisa boa por vir.
Harmonia
O componente da Viradouro já vem cantando o samba com muita força há um bom tempo. A questão era saber o quanto a chuva constante deste domingo ia atrapalhar e deixar o folião mais contido. A resposta é que a comunidade ligou muito pouco para a chuva. Até as capas eram raras, o componente encarou a água que via do céu como combustível para cantar ainda mais o samba.
Desempenho do canto com constância, força e correção. Muitas vezes você via no olhar a potência do enredo, a vontade com que o desfilantes mostrava que estava bem entrosado com o tema que pede um um pouco desse vigor mesmo. Em relação ao carro de som, Wander mostrou ter dominado completamente o samba achando o equilíbrio entre a força e potência que a obra pede, e as suas características mais melódicas, fazendo uma grande apresentação acompanhado pelas vozes de apoio e ancorado no apoio a todo o momento do diretor musical Hugo Bruno. O diretor geral de harmonia, Jefferson Coutinho, fez uma avaliação positiva do trabalho até aqui.
“Fizemos aqui hoje o nosso último ensaio de rua certos de que o trabalho que nos propusemos a fazer chega nesse dia 28 de janeiro da forma como gostaríamos. Logicamente sempre tem um ou outro acerto. Semana que vem é ensaio na Sapucaí. Mas, a gente consegue enxergar uma escola alegre, que não tem chuva, que não tem qualquer tipo de intempérie que afete o rendimento. Você pode ver hoje mais um ensaio com muito canto, muita evolução e agora é domingo que vem e dia 12 a gente quer coroar todo o esforço que foi feito até agora”.
Evolução
Com responsabilidade em uma pista que tinha alguns trechos encharcados, até porque semana que vem tem ensaio técnico e faltam 15 dias para o desfile oficial, o folião velho e branco mostrou a espontaneidade de sempre e a escola a organização de sempre. A evolução se deu com fluência, mas cadenciada, sem correria para que cada parte do desfile tivesse a ênfase necessária na sua apresentação.
Pode-se perceber uma bonita ala coreografada de mulheres com bastões que tem uma grande chance de estarem representando as guerreiras Minô. A escola fez o ensaio em cerca de uma hora e pouco, não apresentando buracos e nem alas se embolando. Também não houve correria em nenhum momento, e os momentos em que a escola ficou um pouco mais parada por conta de apresentações de comissão de frente, primeiro casal e bateria, a todo momento os demais componentes se mantinham em movimento, com energia e cantando a obra.
Samba-enredo
O samba desde a escolha sempre foi apontado como um dos melhores dessa safra. Mas, é claro, que havia o que se trabalhar na obra de achar o melhor andamento para Wander e bateria, o melhor arranjo para valorizar as características do intérprete e impulsionar o canto do componente. Chegando ao último ensaio na Avenida Amaral Peixoto ficou claro que o trabalho de harmonia, carro de som, bateria e toda diretoria resultou em uma obra que não só tem recebido elogios de gente de fora da Viradouro como está bastante acertada com aquilo que a agremiação quer levar para o seu desfile, seja em força, vigor, potência, melodia, andamento. E o principal está na boca da comunidade. Destaque para a potência dos refrãos tanto do meio, como de baixo, muito dançantes inclusive e do pré “Ê alafiou” e em termos de melodia para a segunda parte da obra, principalmente a partir do primeiro verso “vive em mim…”. A Furacão Vermelha e Branca também fez sua colaboração com a obra com bossas bastante relacionadas à temática.
Outros destaques
A rainha Erika Januza também não fugiu da rainha e fez pouco da chuva. A bela trouxe um modelito produzido pelas artesãs Marina e Elisa Guajajara, mostrou o samba no pé de sempre, apresentou a bateria nos pontos que simulavam os módulos de julgamento, dançou muito com as bossas, mostrando grande desenvoltura e fez sucesso como sempre com o público nas laterais que a chamavam e soltavam “gritinhos” quando ela acenava e dava atenção.
A bateria, de mestre Ciça, apresentou suas bossas com muita africanidade e características musicais de tom religioso, além de fazer coreografia em uma delas abaixando. No esquenta, Wander cantou, entre outros, o samba de 2019 que garantiu um vice-campeonato logo no retorno ao Grupo Especial com o “O Brilho no olhar voltou”, além da obra do carnaval passado. O presidente de honra Marcelo Calil inflamou os componentes em seu discurso antes do ensaio ao pedir para eles irem buscar o décimo que faltou em 2024 para que a escola fosse campeã.
A Rua Euclides Faria foi palco, na tarde de domingo, do último ensaio de rua da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 2024. Quem esteve presente no local, mesmo sob forte chuva, pôde desfrutar da apresentação de uma escola feliz, confiante e de desempenho irretocável de seus quesitos. O grande destaque ficou por conta do forte canto da comunidade leopoldinense, alinhado ao grande samba-enredo da escola, magistralmente conduzido pelo carro de som comandado por Pitty de Menezes. No final do ensaio, o clima era o melhor possível, com os componentes da escola felizes e em clima de festa. Em 2024, a Imperatriz será a sexta e última escola a desfilar no domingo de Carnaval. A agremiação busca o bicampeonato com o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda”, do carnavalesco Leandro Vieira. Antes do ensaio, o diretor-executivo da Imperatriz, João Drumond, fez forte discurso de incentivo à comunidade da escola.
Fotos: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO
“Eu estou aqui já em clima de avenida, em clima de desfile, a nossa equipe está empolgadíssima, animada. O carnaval está pronto e agora está na mão de vocês. Não vai ser fácil, a gente tem sofrido uns ataques na internet, vamos sofrer até o dia, eu sei que isso faz parte. Quando a gente estava lá no fundo do poço, ninguém falava mal da gente porque não se preocupavam com a gente. Nós vamos conseguir manter a Imperatriz no seu lugar. Falta pouco, mas falta muito ao mesmo tempo porque a nossa missão é árdua, vamos manter os pés no chão, mas vamos com muita alegria e com muita coragem, trazer esse bicampeonato para Ramos. Vamos com tudo! Aqui é Imperatriz!”, discursou João Drumond.
Comissão de Frente
Pelo segundo ano consecutivo comandada pelo experiente coreógrafo Marcelo Misailidis, a Comissão de Frente da Imperatriz Leopoldinense brindou o público presente no ensaio de rua com uma bela apresentação. Na dança, os bailarinos, com roupas de ciganos e distribuídos em casais, realizavam movimentos e gestos típicos do mundo cigano. As saias das mulheres produziam um lindo efeito na dança. Todos os movimentos realizados pela dançarinos na frente dos locais em que eram marcados como cabines de julgadores eram realizados com muita sincronia e vigor.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Impecável. Assim, pode ser definida a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Imperatriz Leopoldinense, Phelipe Lemos e Rafaela Teodoro, no último ensaio de rua rumo ao carnaval de 2024. Após retomar a parceria no último carnaval, a dupla mostrou estar completamente entrosada e em um nível ainda mais alto do que já foi mostrado no desfile do campeonato.
No ensaio, Raphaela vestia uma bela roupa branca e dourada e Phelipe vestiu-se de verde e branco. Nas apresentações nos módulos de julgadores, a dupla realizava movimentos extremamente coordenados, com fortes giros e momentos de doçura e leveza, como pede a tradicional dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira. O casal foi muito aplaudido pelo público presente.
Harmonia
O nível do canto da comunidade da Imperatriz Leopoldinense é de impressionar a todos que acompanham o ensaio de rua da escola. Os componentes da Verde e Branca cantam e em certos momentos, “berram” o samba-enredo da escola a plenos pulmões, com uma grande explosão no refrão, sobretudo o trecho do “Vai clarear”. Soma-se a isso o desempenho impecável e contagiante do intérprete Pitty de Menezes e a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo. Pitty e Lolo, que estão há dois anos trabalhando juntos na Imperatriz, dão a impressão de já trabalharem há mais de 20 anos em parceria na escola, tamanho o entrosamento da dupla. Em certo momento do ensaio, a bateria realizou um “apagão” no refrão principal, o que destacou ainda mais o forte canto dos componentes da escola.
“Hoje foi realmente incrível. A gente teve um ensaio apenas cancelado por motivo de chuva, a cidade estava um caos. E hoje, não tinha muita previsão de chuva, acabou chovendo, mas serviu para lavar a alma. O povo está muito feliz com o resultado, acredita muito no trabalho dos profissionais que estão aqui. Então assim, tudo o que a gente pede, tudo o que a gente informa para eles, que a gente vai fazer, eles abraçam. E o resultado é esse. Se a gente cantasse aqui mais uma hora, ia ficar todo mundo aqui cantando. Todos os testes que a gente queria fazer hoje, a gente fez, deu tudo certo. Estamos muito preparados. Vamos ter ensaio quinta-feira no setor 11 para ajustar mais algumas coisas. Para dia 4, estar tudo perfeito lá no nosso ensaio técnico”, ressaltou o diretor de harmonia, Thiago Santos.
Samba-Enredo
Composto por Renne Barbosa, Antonio Crescente, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Gabriel Coelho, Me Leva, Jeferson Lima, Rômulo Meirelles, Jorge Goulart, Silvio Mesquita, Carlinhos Niterói e Bello, o samba-enredo da Imperatriz prova, a cada dia, a decisão acertada da direção da escola de optar pela junção de duas obras. Impulsionado pelos trabalhos do intérprete Pitty de Menezes e do mestre Lolo, com a bateria “Swing da Leopoldina”, o samba contribuiu muito para a leveza e o forte canto apresentado pelos componentes da escola. O grande destaque do samba-enredo ficou por conta do refrão principal da obra, “Vai clarear/Olha o povo cantando na rua/ A Imperatriz desfila com a sorte virada pra Lua”.
“Hoje é muito mais do que ensaiar a forma técnica de desfilar, é mais um divertimento da galera, brincar, brincar de uma maneira mais séria. A escola já sabe o que tem que fazer na avenida, a gente vai colocar em prática isso no dia 4, no ensaio técnico. A Imperatriz é uma escola maravilhosa, uma escola que a comunidade canta muito, não tem chuva, não tem sol pra atrapalhar isso. A escola é maravilhosa. Eu só tenho que agradecer toda essa comunidade, que estende um pouco da minha voz. A avaliação é nota mil, comunidade nota mil. Parabéns a todos da zona da Leopoldina, de Ramos. Parabéns a comunidade, parabéns a todos os segmentos. Vamos embora, rumo ao bicampeonato”, comentou o intérprete Pitty de Menezes.
Evolução
A evolução dos componentes da Imperatriz ao longo da Rua Euclides Faria se deu de maneira leve, compacta e fluída. A se destacar, a felicidade e alto astral apresentadas por cada ala da escola, que já foi considerada “certinha demais”. Ao longo dos cerca de uma hora de ensaio, a escola não apresentou quaisquer tipos de problemas, como alas emboladas, buracos ou clarões. De destaque positivo no quesito, a tradicional ala de baianas da Imperatriz, que evoluiu de maneira animada, fluída e esbanjou elegância e simpatia no ensaio.
Outros Destaques
Um show à parte, a bateria “Swing da Leopoldina”, de mestre Lolo, realizou mais uma grande apresentação no último ensaio de rua da Imperatriz. Além de sustentar o ritmo, bossas e convenções realizadas pelos ritmistas contribuíram muito para o bom desempenho do samba-enredo da escola.
A rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, esteve presente e vestiu uma bela roupa de cigana. No final do ensaio, os componentes da escola estavam em clima de festa e felicidade. Era possível perceber muitas pessoas visivelmente emocionadas, com a rainha de bateria Maria Mariá. O clima na comunidade da Imperatriz, após o título de 2023, é o melhor possível.