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Série Barracões: Clássica e moderna ao mesmo tempo, Viradouro exalta primeiras feministas do Brasil

Por Gabriella Souza

A Viradouro vem desde 2018 em uma ascensão impressionante quando em sua retomada ao Especial conquistou o vice-campeonato de 2019. Na busca do título em 2020 a vermelho e branco representará a cultura, história de vida e trabalho das ganhadeiras de Itapuã, que como contam os carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, são reconhecidas como as primeiras feministas do Brasil.

“As ganhadeiras se autodenominam como as primeiras feministas do Brasil, porque no período do século XVIII ao XIX elas enriqueceram muito e conseguiram dominar o comércio entre Itapuã e Salvador. Essas mulheres andavam 50 km por dia na areia para vender os seus produtos e conseguir o pecúlio, que era a forma de ganho que se tinha na época, e para assim conquistar sua alforria, de suas parceiras e familiares. Elas conseguiram alforriar muitas pessoas e a ponto de, no período, o governo começar a se preocupar com esses ganhos expressivos. Com isso, foi feita a poupança da Caixa Econômica Federal justamente por conta delas, para que se pudesse controlar as finanças dessas mulheres”, conta Zanon.

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Para ditar o ritmo de seus árduos trabalhos, as ganhadeiras e lavadeiras entoam cantos que carregam como cultura particular desde de suas ancestrais, que o cantavam à beira da Lagoa do Abaeté. Músicas essas que são de domínio público e que em 2015 vieram a se materializar em um CD denominado “As Ganhadeiras de Itapuã” que solidificaram o trabalho deste grupo cultural de mulheres, já formado há 15 anos.

Marcus Ferreira conta como surgiu a ideia de trazer as ganhadeiras como enredo e como foi a recepção da proposta pela presidência e diretoria da escola.

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“Esse enredo surgiu para nós em 2015 quando a ganhadeiras fizeram um circuito em homenagem à Chica da Silva, era um espetáculo chamado “Toda mulher é Chica da Silva”, que a Zezé Motta também participou. Criamos uma amizade com ela, que nos presenteou com este CD. A partir disso, nós passamos a escutar e acompanhar tudo o que saía delas. E durante esses cinco anos, fomos amadurecendo essa ideia de trazer as ganhadeiras como enredo por carregar uma grande força cultural. Quando chegamos na Viradouro, o apresentamos junto com mais três propostas e a presidência de cara escolheu esse”, declara.

Estilo próprio e referenciais estéticos dos carnavalescos

A Viradouro tem um histórico de enredos sobre mulheres, já foram Tereza de Benguela, Dercy Gonçalves e Bibi Ferreira. Segundo Marcus, é uma escola que tem uma alma feminina, que eles procuraram achar e resgatar. Destaca que com o enredo, tentam traduzir essa delicadeza e ao mesmo tempo adicionar o arrojo da juventude, que é necessário nesse momento de mudanças para o carnaval.

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“A gente quis primar por um enredo que fosse inédito, algo que sempre procuramos em nossos trabalhos, o carnaval necessita de temas diversos e que as pessoas desconheçam. É uma das nossas marcas, sempre querendo trazer uma história nova para o carnaval, uma página desconhecida. Como fez muito bem na década de 70, o carnaval trouxe à tona Chica da Silva, Zumbi dos Palmares, por exemplo. E que hoje fazem parte dos nossa biblioteca nacional, o carnaval tem que ter essa contribuição”, enfatiza Marcus.

Zanon explica que o estilo deles é de sempre tentar aliar o moderno com o clássico, onde eles possuem um olhar carinhoso com a história do carnaval e com os ensinamentos de seus mestres, daqueles que construíram a identidade artística carnavalesca.

“É claro que quando as pessoas observarem o nosso carnaval na Viradouro elas vão ver características e traços da identidade histórica da festa. Mas também não podemos esquecer das características da escola, que também devemos nos adequar”, ressalta.

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A dupla de carnavalescos formada pela Viradouro já possui uma larga trajetória na Série A com passagens por diversas escolas e com a conquista de títulos. Zanon estava anteriormente na Estácio de Sá, já há seis anos e Marcus no Império da Tijuca. A responsabilidade deles é grande, em defender um pavilhão onde já estiveram figuras como Joãozinho Trinta, marco do carnaval, e também do renomado Paulo Barros. Marcus destaca o peso deste posto e comenta desta responsabilidade.

“A Viradouro é uma das grandes escolas do carnaval carioca e a nossa responsabilidade é fazer o melhor, já viemos com a nossa maturidade da Série A e estamos muito conscientes de tudo. E sempre sonhamos em alcançar esse objetivo, de chegar no Especial e de estar em uma escola que é muito estruturada e organizada, que dá uma tranquilidade para qualquer artista”.

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A geração nova de carnavalescos que vem despontando no carnaval possuem a marca de propor e realizar carnavais com temas mais contemporâneos, muito devido ao suporte da internet. Zanon fala que quando o enredo foi revelado eles tiveram uma resposta muito boa do público.

“Recebemos mesmo muitos elogios e aplausos por estarmos trazendo um enredo cultural e social, uma página da história brasileira que poucas pessoas conheciam e que é tão importante para todos nós, creio que conseguimos agradar 98% do público”, conta.

Dificuldades de verbas para o carnaval de 2020

Em meio a dificuldades na disponibilização de verbas para a viabilização do carnaval de 2020, Zanon ressalta a situação em que se encontra a preparação da Viradouro.

“A Viradouro nesse sentido tem um certo privilégio por ser uma escola de Niterói e termos um aporte financeiro de lá. Mas isso não é o suficiente para se construir um grande carnaval, temos uma organização estrutural muito boa, a diretoria e presidência possuem um pensamento de gestão empresarial que faz com que o carnaval comece muito cedo. Com isso, podemos planejar o nosso cronograma de uma forma muito tranquila e conseguir fazer tudo com um custo muito menor”.

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Ele ressalta também que o foco das confecções será na parte mais artesanal, visto ser um enredo regional. A parte artesanal será realmente o foco da escola, como forma de retomar, homenagear e representar as confecções das ganhadeiras artesãs.

“Nós temos um estoquista que já é da escola há muito tempo e que possui guardado materiais até da época do Joãosinho Trinta. Conseguimos reciclar esses materiais e com isso trazer mais mão de obra para o nosso trabalho, empregando mais pessoas, que é um papel muito bacana. Será um enredo extremamente artesanal, se você me perguntar se o carnaval da Viradouro é caro eu te digo que não em material e sim em mão de obra”, explicou Zanon.

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Carnavalescos falam da mensagem principal que o enredo pretende passar

Zanon ressalta que a “nossa grande responsabilidade é trazer dentro desse enredo sócio-cultural a mensagem dessas mulheres, da força e da garra delas que lutaram muito e continuam lutando por liberdade, espaço e oportunidade, que representam todas as mulheres brasileiras. No fundo, nosso enredo é uma grande homenagem a todas as mulheres, o que elas sempre dizem, “no fundo toda mulher é ganhadeira” e é o que a gente acredita de verdade, é o que nós queremos passar para a Avenida. E como grandes lavadeiras que são, poder lavar a alma do brasileiro, do carioca e dos sambistas”.

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Marcus diz que o tom do desfile é social mas que o ‘Viradouro de alma lavada’ é um enredo de uma escola que nunca se enxergou partidária.

“O repertório delas em nenhum momento fala de escravidão e de dor, fala sim de bravura e de enfrentamento, de luta pela vida. E até independente da Viradouro, a gente nunca vai querer levantar bandeira, claro que a gente só vai levantar bandeira do geral e é o que a gente está fazendo. Estamos falando da mulher, da força das primeiras heroínas brasileiras, uma linguagem motivacional. Durante todo o processo de construção do carnaval a gente se encontrou chorando, se arrepiando com essas histórias de superação. A gente não quer tocar nosso carnaval de uma forma partidária, mas um carnaval que luta pelas classes populares do país, através da história delas”.

Entenda o desfile:

A Viradouro virá com 6 alegorias, sendo o abre-alas acoplado e com 4 tripés, o limite máximo permitido. Algo que é um grande desafio, visto ser um carnaval grandioso e com uma volumetria, mas Zanon afirma que as equipes estão muito bem preparadas e seguras do que estão produzindo.

O que se viu no Barracão da Viradouro foi uma extrema organização, limpeza e mesmo uma qualidade do espaço. Embora ainda estivesse com alguns carros em confecção, os que estavam sendo finalizados mostraram uma qualidade de pintura e estética. Destaque para delicadeza dos detalhes nas alegorias.

Setor 1: A Viradouro abre seu desfile contando sobre a lavagem e a pesca, as primeiras formas de ganho, o primeiro contato delas com a água . Representarão o grande “prelúdio das águas”, que é uma de suas músicas.

“Resolvemos dar uma sutileza e sensibilidade maior para esse setor porque é a abertura da escola e justamente porque essas mulheres acordavam muito cedo para ir lavar. E se tem toda uma mística envolvendo isso, porque enquanto elas lavavam, também cantavam sob o nascer do Sol. Segundo os relatos delas, ouviam a voz da sereia cantar e a partir daí elas replicavam as músicas dessas sereias, com isso elas começaram a compor esses cantos entoados à beira da lagoa”, conta Zanon.

Setor 2: O ‘fuá da mercação’ contará a história de como começou esse ganho. ‘Fuá’ é um termo que elas utilizam para designar ‘bagunça da mercação’ e remete ao ato delas de pegar produtos da natureza, principalmente caranguejos, cocos, frutas, para poder fazer o comércio de rua, que serão representadas pelas baianas da escola. Junto disso também será representada a bica de Itapuã, local onde essas mulheres se encontravam para poder confabular as alforrias, onde também elas pegam a água para poder vender.

“Mostramos aqui as primeiras formas de ganho das quituterias, que são essas figuras baianas tão conhecidas, as que fazem o acarajé, o quindim, o vatapá. Elas são as primeiras ganhadeiras que vem na representação da ala de baianas. Após isso, chegamos na bica de Itapuã, nesse período do século XVIII não se tinha água encanada, então existia esse ponto de encontro. E a gente termina esse setor com as vendedoras de água, conhecidas como as aguadeiras”, explica Zanon.

Setor 3: Será o último momento do ganho, onde as ganhadeiras recebem uma nova denominação, que são as ganhadeiras ‘caxinheiras’, quando a manufaturas passam a fazer parte da venda dessas mulheres. Onde iniciam a venda do artesanato de retalhos, de aviamentos, muito do que os senhores tinham em casa e a negritude e os povoados de Itapuã não podiam ter em seus cotidianos.

“A gente fecha o setor falando da principal manufatura que o negro trouxe da África para Salvador, que é a arte do metal, a metalurgia. As mulheres alforriadas criam as ‘joias de crioulas’ para poder mostrar a sua autoridade e liberdade, o seu empoderamento frente a sociedade, que eram feitas pelas descendentes de africanas já alforriadas. Os balangandãs e toda aquela arte de pulseiras que a gente conhece, como os colares da Bahia”, conta Marcus.

Setor 4: Será quando as ganhadeiras conquistam a liberdade nas ruas de um bairro de Itapuã, e, com isso passam a fazer parte das grandes entidades culturais e rítmicas do bairro. A primeira manifestação cultural é o ‘rancho das flores, um local onde se tinham raízes negras, indígenas, cafuzas, o terno de reis que persiste até o hoje, e a primeira folia de reis de Itapuã que vem com a figura dos palhaços.

“Falaremos aqui dos afoxés que é um ritmo muito disseminado na Bahia e principalmente em Itapuã, o ‘Malê Dêbalê’ que influenciou culturalmente muito o repertório musical das ganhadeiras e o ‘Oyá Odê” que é um afoxé que fazia menção as entidades do candomblé. Falamos também das cheganças marítimas que é uma procissão de marujos, uma espécie de marujada em que eles encenavam à beira-mar de Itapuã. Fechamos esse setor com o quarto carro que faz menção a contribuição desses grupos para a formação do sambas das ganhadeiras de Itapuã, que elas denominaram como ‘samba de mar aberto, já que a praia de Itapuã é a primeira em que se tem a total ligação com o Oceano Atlântico. Esse carro faz menção a imagem que temos das ganhadeiras no carnaval de Itapuã, o carnaval de orla, abaixo do farol de Itapuã, que também é vermelho e branco. Ou seja, a cultura delas sendo a síntese de tudo o que elas tiveram como contribuição cultural do bairro, de Salvador e do Nordeste também, com as cirandas, o samba batido na palma da mão, o pé na areia, os grupos de afoxés e os sambas de roda”, afirma Marcus.

Setor 5: É um setor religioso de representação das festas religiosas e como um espaço de agradecimento delas, que elas são muito gratas por tudo o que conquistaram: “A maioria delas é católicas e parte são candomblecistas. Mas elas são anti-sincréticas e não gostam de utilizar palavras do sincretismo, que para elas só as afasta. No entanto, todas participam de ambas festividades, quando se faz um balaio pra Oxum, as católicas participam e quando se faz a lavagem da igreja de Nossa Senhora da Conceição, todas as candomblecistas comparecem, é uma relação muito respeitosa. Nesse setor passamos por todas essas festas, o bando anunciador que especificamente em Itapuã passa para anunciar as festas religiosas; a missa de São Tomé que elas são devotas; a Missa do Anzol de São Pedro que é o santo pescador; um mar de flores para Iemanjá, porque a primeira forma de economia dessas ganhadeiras foi a extração do óleo da baleia e hoje isso é proibido, então elas participam de um bloco chamado de “a festa da baleia” onde um artista de Itapuã constrói uma grande baleia para ofertar à Iemanjá como se fosse uma oferenda, devolvendo para o mar tudo aquilo que elas retiraram no passado. Termina o setor com a lavagem da escadaria Nossa Senhora da Conceição, onde teremos uma grande surpresar nesse carro”, destaca Zanon.

Setor 6: Consagram, por fim, outros grupos de mulheres que assim como as ganhadeiras, possuem suas identidades locais e culturais com a musicalidade em seus trabalhos: “Abrimos aqui uma grande ciranda para que essas mulheres, junto com as ganhadeiras, possam celebrar a força da mulher brasileira. Citamos aqui as destiladeiras de fumo; as quebradeiras de coco babaçu do Maranhão; as farinhadas de Barrocas; as cantadeiras do sisal, que são dois grupos baianos; as lavadeiras de almenara que assim como elas lavam e mantém até hoje o sustento de suas famílias. Encerramos o desfile da Viradouro trazendo as ganhadeiras de Itapuã como esse símbolo de empoderamento feminino e visão para o futuro, de mulheres que hoje remontam a sua história na afirmação da identidade da mulher brasileira”, finaliza Marcus.

Império da Tijuca vende últimas fantasias das alas comerciais

Faltando poucos dias para o desfile, o folião interessado em desfilar na Império da Tijuca precisa se apressar. A escola vende as últimas unidades das fantasias das alas comerciais para o desfile que ocorrerá no sábado de carnaval pela Série A da folia carioca.

A agremiação possui apenas cerca de 20% do total de contingente do desfile. A compra deverá ser feita através de telefone. Os contatos estão disponíveis em no whatsaap 21 97153-9179 e no site www.imperiodatijuca.com.br.

A escola será a sétima e última a pisar na Marquês de Sapucaí, dia 22 de fevereiro com o enredo “Quimeras de um eterno aprendiz” do carnavalesco Guilherme Estevão pela Série A.

Veja as fotos e informações de cada figurino.

Ala 04 – Carteiro-Poeta

Ala 05 – Arqueologia das Ruas

Ala 06 – A Corte Retirante e o Acervo Real

Ala 07 – As Academias e a Imprensa Régia

Ala 08 – Missão Artística e os Retratos da Colônia

Ala 09 – Otelo, O Mouro, e a Quimera da Vingança

Ala 10 – Dom Quixote e a Quimera da Loucura

Ala 18 – O intrépido Santo Guerreiro

Ala 19 – Suprema Jinga – Senhora do Trono Brazngola

Responsável: Barracão/Cristina Teles

Telefone: 21 97153-9179 (whatsaap)

 

Série Barracões: Império Serrano promete resgatar identidade em 2020 com a força das mulheres

Por Diogo Sampaio

No carnaval de 2020, o Império Serrano retorna a Série A, após dois anos consecutivos no Grupo Especial, e quer se reencontrar com sua identidade. Ao homenagear as mulheres empoderadas, que marcaram a história e mudaram os rumos de gerações, o menino de 47 reverenciará logo em sua abertura alguns nomes importantes de sua trajetória, como Dona Ivone Lara, Tia Eulália e Jovelina Pérola Negra. De acordo com o carnavalesco Júnior Pernambucano, o objetivo é arrebatar o coração do imperiano.

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“Aposto muito no início da escola, porque eu quero resgatar o Império antigo. O Império Serrano é uma escola mega tradicional, que tem pessoas diariamente cultivando essa tradição. A minha ideia é trazer um Império que se enxergue, logo na entrada, que é aquele Império que todos gostam de ver: forte e bonito”, declarou o artista.

O site CARNAVALESCO visitou o barracão do Império Serrano e conversou com Júnior sobre o enredo “Lugar de mulher é onde ela quiser!”. Para a reportagem, ele contou que a ideia de falar sobre as mulheres empoderadas já existia antes de seu acerto com a escola e ele apenas adaptou a proposta para o perfil da verde e branco da Serrinha.

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“Eu vim acompanhando ultimamente esse movimento das mulheres empoderadas e surgiu essa vontade. Só que a princípio, a minha ideia era falar sobre o empoderamento feminino sem foco nenhum na escola, mas como o Império Serrano tem várias mulheres que fizeram e que fazem ainda história dentro da própria agremiação, houve essa necessidade de incluir. Então, foi uma junção perfeita: a gente fala do empoderamento feminino, que é um tema muito atual, e ao mesmo tempo faz essa grande homenagem a várias mulheres imperianas que foram empoderadas em seus cargos e nas suas participações dentro da agremiação”, explicou.

Sobre como foram feitas as escolhas de quais seriam as empoderadas mencionadas dentro do desfile, Júnior comentou: “Com a pesquisa e desenvolvimento da sinopse, a gente começa a descobrir um pouco mais de cada personagem. Alguns são muito ricos e esquecidos dentro da história como, por exemplo, Margarida Maria Alves. A gente traz essas figuras marcantes, que não são conhecidas, e fazemos essa grande homenagem. Então é muito legal encontrar esses personagens e formar esse grupo de mulheres empoderadas”.

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Para conduzir o enredo, a personagem escolhida foi outra figura lendária do Império: Tia Maria do Jongo. A baluarte faleceu em maio do ano passado, aos 98 anos, e era considerada a maior referência do Jongo da Serrinha.

“A ideia de homenagear a Tia Maria do Jongo veio antes do falecimento. A gente já pensava nisso, de ter a figura dela como um fio condutor do enredo. Ela iria desfilar e tudo mais, mas infelizmente não deu tempo”, lamentou. “Brinco aqui no barracão que é a única viva que tem é a presidente Vera (Lúcia, do Império Serrano). Ela é homenageada dentro das mulheres empoderadas do Império, mas também são reverenciadas a Neide Coimbra, que foi uma presidente muito forte e muito marcante; a Tia Eulália; a Olegária, que foi uma destaque que marcou muito dentro da agremiação; além é claro de Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara e por aí vai”, completou em seguida.

Falta de verba, crise no Império e boatos de atraso

Neste ano, as escolas da Série A, assim como as agremiações do Grupo Especial, foram surpreendidas com o corte completo no repasse de verba oriunda da Prefeitura do Rio de Janeiro. A ausência desse dinheiro só agravou a crise que a festa atravessa nos últimos tempos. Para a reportagem do site CARNAVALESCO, Júnior Pernambucano falou sobre os desafios de se construir um carnaval nessas circunstâncias:

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“Em uma fase dessas, um momento difícil para o carnaval, que todas as escolas, de todos os grupos, passam por dificuldades, a gente tem que ter toda uma preocupação e cuidado para que saia tudo bem feito e desenvolvido. É um leão a cada dia. É até difícil de falar como a gente consegue. É mágica. Vai se construindo, vai se montando, usando o que têm e pensando a melhor maneira para que o resultado saia o mais perfeitamente. Tudo isso com o tempo curto, sem dinheiro, tendo de controlar toda a ideia e a formação, para não mudar o projeto, e tentar conseguir colocar o máximo possível”, desabafou Júnior.

Uma solução encontrada por muitos carnavalescos diante a falta de verba foi o reaproveitamento de estruturas, materiais e até esculturas de desfiles anteriores. Porém, de acordo com Júnior, no caso do seu trabalho no Império Serrano isso não foi plenamente possível.

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“Eu gostaria muito de ter aproveitado a estrutura que veio do desfile passado. Infelizmente, o projeto que foi feito pela escola no último carnaval dificultou um pouco desenvolver esse. Tem alegorias que a gente só salvou a base do carro e está reconstruindo”, revelou.

E se não bastasse os problemas financeiros e estruturais compartilhados com boa parte das agremiações do grupo, o Império Serrano enfrentou algumas situações que tumultuaram os preparativos para o carnaval 2020. Um deles foi o princípio de incêndio no seu barracão, em novembro do ano passado, que não deixou nenhum ferido e nem danos materiais relevantes.

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O artista também fez questão de desmentir, quando questionado durante a entrevista, os rumores que circulam acerca de seu barracão: “O trabalho aqui está andando. Desde setembro para outubro, a gente está trabalhando diariamente. A dificuldade que está sendo aqui, esta sendo para todo mundo. Estamos desenvolvendo todo o carnaval, as alas estão sendo confeccionadas, os seguimentos estão bem encaminhados… Então, esses boatos que estão correndo de que está tudo parado não procedem. O que está faltando é dinheiro para concluir. Mas está saindo”.

Entenda o desfile

O Reizinho de Madureira terá a missão, em 2020, de encerrar a primeira noite de desfiles da Série A, sendo a última escola a se apresentar na sexta-feira de carnaval. O Império irá para Avenida com 26 alas, três alegorias (com o abre-alas acoplado) e um tripé. Ao todo, contará com uma média de 1600 componentes.

E mesmo com as mudanças no regulamento do grupo, a verde e branco da Serrinha contará a história do enredo “Lugar de mulher é onde ela quiser!” através de quatro setores. O carnavalesco Júnior Pernambucano explicou como funcionará esta divisão:

Setor 1: “No início da escola a gente traz uma homenagem ao empoderamento feminino dentro do Império Serrano, onde brinco e faço de forma poética um jardim imperial, no qual desabrocham essas mulheres”.

Setor 2: “A partir de uma narração da Tia Maria do Jongo, a gente invade a história do Brasil e começa a falar desde as primeiras mulheres empoderadas, que na verdade não tinham noção da sua força”.

Setor 3: “Já no terceiro setor, trago a mulher empoderada que já tem uma noção, um estudo, uma base. Uma mulher que já sabe o que ela quer, que luta por um Brasil diferente. É uma mulher mais consciente, que tem uma formação maior do que as primárias, não que o peso delas tenha sido mais forte, mas elas tem mais visão do empoderamento”.

Setor 4: “O último setor é o empoderamento em todas as áreas: no esporte, na dança, no cinema, na televisão. Traz a mulher brasileira que é do lar, que sai em busca de seu reconhecimento profissional, pessoal… Então, isso é a mulher empoderada. A gente não só fala da mulher, por isso que houve uma seleção. Nem todas são homenageadas nesse desfile”.

Vídeos e fotos: União da Ilha na Cidade do Samba

Beija-Flor atende a pedidos de sua comunidade e antecipa entrega de fantasias para o carnaval

A Beija-Flor de Nilópolis começou a entregar nesta segunda-feira as fantasias de sua comunidade. A destinação dos figurinos terá continuidade ao longo dos próximos dias — com datas já confirmadas na quarta-feira (5 de fevereiro) e no final de semana.

O diretor de carnaval Dudu Azevedo, em seu primeiro ano de gestão na azul e branco, explica que descobriu no dia a dia de seu trabalho na agremiação a existência de uma demanda antiga pela antecipação das roupas. Para garantir que isso siga acontecendo nesta temporada, a Beija-Flor alugou até um galpão em Nilópolis, município em que está sediada, aproximando a comunidade do ponto de retirada do material. O espaço foi utilizado nesta segunda e será aberto novamente para entregas no fim de semana. Na quarta, a entrega ocorre no barracão da Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio.

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“A comunidade da Beija-Flor, muito aguerrida, sempre quis mais tempo para se preparar e conseguir chegar na concentração da Sapucaí com mais tranquilidade. Com a fantasia em mãos, é possível curtir sem preocupações o frio na barriga que antecede a nossa entrada na Avenida e ainda focar completamente na apresentação da escola, longe de eventuais problemas trazidos por uma roupa entregue em cima da hora”, comenta Azevedo.

Enquanto a comunidade começa a ter em mãos suas fantasias, a Beija-Flor também atende a outra demanda dos mais apaixonados pelo seu pavilhão. A escola está com vendas abertas para suas alas comerciais, criadas para suprir os pedidos de torcedores que têm o sonho de viver a experiência de cair na folia com a Deusa da Passarela e não podem cumprir integralmente com a agenda de ensaios. Os modelos já foram disponibilizados no site e nas redes sociais da escola, assim como as informações de contatos dos responsáveis por cada ala.

Vale ressaltar que as fantasias comerciais estão à venda em: https://beija-flor.com.br/venda-de-fantasias

Entrevistão com Marquinho Art Samba: ‘Todo dia procuro conquistar um pouco mais o mangueirense’

No dia 14 de junho de 2008 morria um dos maiores intérpretes de sambas-enredo do Brasil. José Bispo Clementino, o Jamelão, deixou a Estação Primeira de Mangueira orfã de cantor após ocupar por quase 60 anos o cargo de intérprete oficial. Após seu falecimento, o palco da verde e rosa foi ocupado por diversos profissionais de extrema qualidade como Luizito, Zé Paulo Sierra, Rixxa e Ciganerey.

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Passado o carnaval de 2018, na famosa dança das cadeiras, a Manga foi ‘ás compras’ e trouxe de Madureira, Marquinho Art’Samba, que cantou no Império Serrano no carnaval daquele ano. Seguindo a série ‘Entrevistão’, o site CARNAVALESCO conversou com o intérprete pé quente e campeão de 2019. No bate-papo, Art’Samba contou sobre seu casamento, a amizade com Alemão do Cavaco e a sua ‘lua de mel’ com a torcida mangueirense.

Desde a chegada na Mangueira rolou uma grande identificação entre você e a comunidade. Passa pela sua cabeça entrar para o seleto grupo de cantores que fizeram história na escola?

Marquinho: “Passa sim, sempre passa.. Com muito trabalho e muita humildade. Cada um deles teve o seu momento. O mestre (Jamelão) é o Mestre, está em outro nível. Agora junto da minha equipe do carro de som, esperamos fazer muita história na escola e esperamos também diversos campeonatos pela frente”.

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Em 2019 a Mangueira optou por samba diferenciado, com características que fugiam do padrão conhecido de samba-enredo. Foi preciso mudar seu estilo da canto?

Marquinho: “O samba do ano passado foi bem diferente dos outros que já cantei. Esse ano o samba é mais com cara de samba-enredo”.

A parceria com Alemão do cavaco tem rendido bons frutos para você, como cantor, e para a escola. Como é sua relação com ele?

Marquinho: “O Alemão é um cara excepcional. Estamos aprendendo cada vez mais com ele. Principalmente pelo lado profissional. É um cara que sempre tenta chegar na perfeição”.

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Seu casamento foi muito comentado nas redes sociais. Como surgiu a ideia da temática africana?

Marquinho: “A ideia foi 100% da minha esposa. Até minha roupa foi sugerida por ela. A única coisa que fiz foi assinar os cheques (brinca). Graças a Deus conseguimos realizar, ainda devemos algumas coisas mas deu tudo certo”.

Muitos intérpretes reclamam a respeito do julgamento do quesito harmonia. Você acha que assim como em São Paulo, e na própria Série A, o carro de som deveria ser sub-quesito?

Marquinho: “Acho que sim. Haveria mais profissionalismo. A escola entenderia isso de forma mais séria. Já esta praticamente assim tendo em vista o julgamento dos últimos anos. Na hora de tomar ‘porrada’ o jurado não hesita em dar na gente”.

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Você é um dos cantores mais requisitados nas disputas de samba. Qual sua opinião sobre as encomendas de samba-enredo?

Marquinho: “Não acho legal. Acho que mata as alas de compositores. O grande momento do compositor é quando chega junho e julho e as sinopses são distribuídas. Isso tudo está acabando e vai esfriando. As escolas precisam rever isso e voltar com as disputas”.

Foi difícil conquistar o coração do torcedor mangueirense?

Marquinho: “A conquista é igual marido e mulher. Todo dia é necessário um conquistar o outro para ter longevidade. Todo dia procuro conquistar um pouco mais o mangueirense”.

Alguns profissionais da Mangueira como Evelyn, Leandro e Squel possuem posicionamento político firme e claro. Você é um cara mais reservado que não expõe muito seu pensamento. É opção sua não querer se envolver ou é apenas mais discreto?

Marquinho: “Não é questão de se envolver. As vezes deixo minha opinião clara. Por exemplo: o que o prefeito está fazendo é sacanagem. Não só com o carnaval mas com toda população do Rio de Janeiro. Isso aí temos que falar. Agora tem coisas que não gosto de ficar comentando. Quando se trata das mazelas eu faço questão de expor minha opinião”.

Vigilância Sanitária capacita ambulantes que vão atuar no entorno do Sambódromo

    Como mais uma ação prévia para o carnaval 2020, a Subsecretaria de Vigilância Sanitária do Rio realizou nesta terça-feira a capacitação em higiene na manipulação de alimentos da primeira turma de ambulantes que vão atuar no entorno do Sambódromo nos dias de folia. Cerca de 30 profissionais participaram do curso realizado e ainda tiveram a licença sanitária emitida ao fim da aula de três horas realizada no auditório da nova sede da Superintendência de Educação do órgão, no Humaitá.

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    “Práticas referentes a cuidados com a conservação dos alimentos, o descarte correto de resíduos, a não utilização de adornos como, brincos, anéis e mesmo unhas e cílios postiços são fundamentais para a redução do risco de contaminação”, ressaltou a médica-veterinária Jane Azevedo, da equipe da Superintendência de Educação.

    O vendedor João Luiz de Souza, que comercializa caldo de cana e pastel há mais de cinco anos no entorno do Sambódromo, participou pela primeira vez da capacitação da Vigilância.

    “Aprendi bastante, inclusive, sobre a lavagem correta das mãos e do armazenamento adequado dos alimentos. Também não sabia que era preciso controlar a temperatura de alimentos quentes e frios”, destacou.

    Após a qualificação, todos os participantes recebem certificados e a carteira oficial de manipulador de alimentos da Vigilância.

    Entrevistas SP: Mestre Moleza, da Vila Maria, é gerente bancário, mestre de bateria e diretor de carnaval

    Mestre Moleza, da Unidos de Vila Maria, detalha organização entre vida pessoal e carnaval, e comenta sobre peso em ser referência para os ritmistas mais novos.

    Liesa divulga julgadores de Bateria, Samba, Harmonia e Evolução

      Com a participação dos julgadores dos quesitos bateria, samba-enredo, harmonia e evolução, a Liesa encerrou, em sua sede, na noite desta segunda-feira, a apresentação e o curso daqueles que serão responsáveis pelas avaliações das escolas de samba do Grupo Especial no carnaval 2020.

      jurados

      Lembrando que serão cinco julgadores para cada um dos nove quesitos, todas as notas serão lidas, com o descarte da maior e da menor nota.

      O sorteio dos módulos que cada julgador ocupará nos desfiles ocorrerá no domingo de carnaval.

      Edição de carnaval da Feijoada Bon Vivant! neste domingo com show de Diogo Nogueira

        A quarta edição da Feijoada Bon Vivant! acontece neste domingo, 9 de fevereiro, a partir das 13h, no Varandão Bistrô do Grand Mercure Riocentro, casa do Camarote Vivant!, no Carnaval 2020. Com uma vista incrível e clima agradável, é o local perfeito para uma tarde com feijoada e muito samba. Diogo Nogueira, Primeiro Amor, Manda V e as baterias da Estácio de Sá e Unidos de Padre Miguel são as atrações.

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        1º Lote:
        Pista com Feijoada – R$ 69,90
        Pista sem Feijoada – R$ 49,90
        Infantil (até 12 anos) com Feijoada – R$ 39,90
        Camarote – R$ 1 200,00 (12 pessoas com Feijoada) – ESGOTADOS