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Vídeos e fotos: Beija-Flor faz desfile pela Cidade do Samba

Série Barracões: Renascer quer surpreender com abertura de desfile em homenagem as rezadeiras

Por Diogo Sampaio

No carnaval de 2020, a Renascer de Jacarepaguá prestará uma homenagem às mulheres que dedicam sua vida a interceder pelos outros, que através da oração ou da benção, curam pessoas e afastam o mal, sem cobrar nada por isso. A partir dessa premissa, a agremiação do Largo do Tanque levará para Marquês de Sapucaí o enredo “Eu que te benzo, Deus que te cura”. Porém, quem espera uma apresentação com uma estética mais rústica, com grande uso da palha e da madeira, ou espera a utilização da cor branca em larga escala, certamente irá se surpreender, pelo menos é o que garante Ney Júnior, carnavalesco da vermelha e branca.

“Não tem nenhuma ala branca na escola. É tudo muito colorido. E o abre-alas ao contrário do que estão pensando, de que virá uma coisa mais branda, o pessoal vai se assustar. É algo muito diferente disso”, afirmou Ney. “Acredito que esse ano, sem falsa modéstia, a nossa entrada é completamente diferente de todas as escolas do grupo. Claro que cada agremiação tem uma temática, cada profissional tem um estilo próprio, mas particularmente na Renascer ela vem totalmente diferente dos últimos cinco anos. O primeiro setor da escola é bem impactante”, adiantou ainda o artista.

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Para o site CARNAVALESCO, Ney Júnior revelou que irá adotar diferentes estilos, materiais e cores para cada um dos setores do desfile da Renascer deste ano.

“A gente trabalha com uma estética no abre-alas, trabalha com outra estética totalmente diferente no carro dois, e a gente trabalha com uma terceira no carro três. O primeiro setor vem um pouco mais no farrapo, na pintura artística, na leveza dos elementos e dos tecidos, para dar uma um efeito na entrada da escola. O segundo é algo muito mais artesanal, feito à mão mesmo, com muito recorte, muita colagem, muita florzinha, tudo feito vagarosamente, mas que tem um capricho especial. E o terceiro setor, a gente propõe uma exaltação ao luxo, onde usamos um pouco mais de pedra, um pouco mais de espelho… Então, essas três estéticas faz com que eu consiga desenvolver nesses três caminhos e isso está sendo muito bom para mim”.

Em meio a mais grave e acentuada crise da festa do momo, o artista relatou ter explorado em seu projeto o uso de materiais de baixo custo ou alternativos. Porém, prezou na hora da escolha, os efeitos que os mesmos podem ter ao passar pela Avenida.

“O feltro é um tecido bem bacana de se trabalhar, porque ele consegue te dar uma boa forma para recorte e para aplicação. Trabalhamos muito nesse carnaval também com tecidos leves, como o voil e a juta, que a gente está utilizando no carro dois e principalmente no abre-alas. O vento da Sapucaí, junto com balanço do carro, pode criar um efeito inusitado, de acordo com a proposta da Renascer esse ano. Essa máxima vale tanto para as alegorias, quanto para as fantasias. Toda escola tem materiais muito baratos, mas que impactam pelas cores e que dão uma leveza para o componente, para que aconteça a magia da evolução, para que tudo fique com muito movimento. Temos penas com tecidos mais leves para que dê movimento, temos capas com tecidos mais leves para que quando o componente rode, a capa consiga atravessar a fantasia inteira… São fantasias que as pessoas vão olhar e vão identificar uma coreografia, por exemplo, mas que não são coreografadas. A própria fantasia vai fazer com que o componente se mexa, sem fazer com que ele se mexa tanto. É isso que estou prezando: cores muito vibrantes e muito forte, além de fantasias que deem essa percepção mesmo de movimento na escola inteira. Nossas alegorias estão bem altas, não estão grandes, não estão faraônicas, mas também não é o objetivo, até porque o enredo não pede”, detalhou Ney.

Escolha e desenvolvimento do enredo

Durante a entrevista para o site CARNAVALESCO, Ney Júnior contou como surgiu a ideia de fazer um enredo reverenciando a figura das benzedeiras ou rezadeiras. O artista ainda narrou como foi o processo de pesquisa, elaboração e desenvolvimento da proposta.

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“O Salomão (Antônio Carlos Salomão, presidente da Renascer) pediu um enredo de fácil entendimento e também financeiramente um pouco mais barato. Apresentei uma ideia para ele, que foi a das benzedeiras, através de um jantar em que estávamos conversando sobre as possibilidades de enredo. Ele propôs um tema, uma outra pessoa propôs outro e eu propus esse. No momento em que eu falei, o presidente abraçou de pronto, até porque ele já teve uma vivência também com as rezadeiras, parece que a avó dele era rezadeira ou alguma coisa assim. E logo que ele adorou a proposta, me pediu para que eu já começasse a desenvolver o tema. O tema rezadeiras está presente na vida de todas as pessoas. Quando você se depara com o ato da sua mãe te benzer ou quando você sai de casa e sua mãe fala para ir com Deus, ela já está fazendo uma reza pedindo para que você volte bem. Esse enredo é muito pessoal, acho que as pessoas vão se ver muito representadas nas alegorias e nas fantasias pois já passaram, em algum momento da sua vida, por esse tipo de cena”, relatou.

Estreia na Renascer e na Marquês de Sapucaí

Debutando na Série A do carnaval carioca, Ney Júnior tem larga experiência nos desfiles da Intendente Magalhães. Estreou como carnavalesco em 2011, no antigo grupo E, assinando o Arame de Ricardo, escola na qual trabalhou por sete anos consecutivos. Ao longo desse tempo, no currículo, acumulou passagens ainda pela extinta Império da Praça Seca, Unidos de Bangu e Unidos de Lucas. Neste ano, recebeu a oportunidade, através da Renascer de Jacarepaguá, de realizar sua estreia na Marquês de Sapucaí.

“Já estava lutando há oito anos na Intendente Magalhães, quando recebi a ligação da Tatiana (Mello, vice-presidente da escola) pedindo para que eu viesse colaborar na parte artística da escola, o quê de pronto eu aceitei. Sabia das dificuldades, que são imensas, mas a gente tem que começar de alguma forma. E graças a Deus tem pessoas que me ajudam nesse desafio, como Cristiano Plácido que é um cara que está sempre comigo no barracão, o próprio Cláudio (Rocha, pesquisador) e toda a direção. Acho que esse enredo foi algo que abraçou todos os seguimentos para que pudessem nos ajudar no processo de criação do carnaval. Então, a recepção foi muito boa. Claro, como sou uma pessoa nova ainda na escola e na Série A, existe uma resistência, uma desconfiança, mas isso eu tentei ir abolido do meu pensamento e fui trabalhando para que essa desconfiança se tornasse uma confiança no final do processo, e acredito que estou conseguindo fazer isso. No decorrer do desfile, indo tudo bem, eu consigo tirar esse peso das minhas costas. Mas até agora, está super bacana, a direção está me apoiando bastante, os seguimentos como um todo, não tenho nada para reclamar”.

Dificuldades e soluções em meio à crise da folia

Para Ney, a experiência adquirida na Intendente é fundamental para ele hoje conseguir driblar as inúmeras dificuldades enfrentadas pela Renascer e todas as demais escolas da Série A.

“Cinco anos atrás, a Intendente Magalhães em comparação com a Série A, existia uma diferença muito grande. Hoje em dia, a dificuldade é praticamente a mesma nos dois grupos. Trago um pouco dessa herança da transformação, de utilizar materiais e esculturas que já existiam, o que era preto vira branco e o que era branco vira preto em um passe de mágica. Esses truques da Intendente Magalhães a gente afirma muito na Série A, até porque o problema é maior. Na Intendente, o problema é um carro; na Série A são quatro. Portanto, você tem que dar soluções para quatro carros com quatro temáticas diferentes. Então, para conseguir isso, a gente pega um pouco de tudo que a gente já passou, para tentar transformar algo que visualmente não era bonito em algo belo. A Marquês de Sapucaí é de uma visibilidade muito maior do que a Intendente, por isso você tem que fazer algo muito mais caprichado. No entanto, o básico a gente aprende na Intendente Magalhães: a forração da boia, a gente aprende na Intendente Magalhães; esticar o tecido porque não tem mais, a gente aprende na Intendente Magalhães… Isso é uma coisa que só engrandece. Quando você está em um patamar muito acima e cai, você fica meio assustado, mas quando você já vêm de coisas muito piores, você tem um pouco mais de conforto para tentar fazer algo melhor. Por mais que a situação financeira não esteja boa, aqui tem um pouco mais de estrutura do que tudo que já vivi. Isso é bacana, porque eu posso mostrar um pouquinho a mais do meu trabalho, que a Intendente não me permitia”, avalia.

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Segundo o artista, essa política de transformação fez com que muitas das estruturas do ano passado fossem reaproveitadas no projeto deste ano. “Tem algumas alegorias que a gente não mudou, que não aconteceram mudanças estruturais nelas: a casinha que era uma coisa, esse ano é outra. A gente tenta acrescentar um projeto com a estrutura que já tem”, disse.

Carnaval para jurado ver?

Por se tratar de seu primeiro ano como carnavalesco na Passarela do Samba, Ney não esconde seu nervosismo e apreensão perante a avaliação dos julgadores. No entanto, destacou que não quer fazer um trabalho apenas voltado para não perder pontos.

“A princípio eu estou muito preocupado com essa questão jurado. Até por conta de ser meu ano de estreia. Você precisa causar uma boa impressão para quem julga o seu trabalho. Mas no segundo tempo desse meu pensamento, procuro não ficar tão preso a isso, porque senão eu vou ter que desfilar com a cartilha dos jurados de baixo do braço e eu não quero isso. Quero mostrar um pouco do meu trabalho. Se for bem aceito, beleza; se não for, paciência, no próximo ano a gente tenta acertar. Acho que o trabalho artístico é entregue para as pessoas e elas recebem da forma que acharem melhor. Claro que o foco é o jurado, até porque a escola depende de notas. Então, o trabalho é direcionado para eles, mas não podemos esquecer o público que está assistindo”, frisou.

Entenda o desfile

Sexta e penúltima escola a se apresentar na primeira noite de desfiles da Série A, a Renascer de Jacarepaguá levará para Marquês de Sapucaí entre 1200 a 1500 componentes, divididos em 21 alas, três alegorias (sendo nenhuma delas acoplada) e um tripé. O carnavalesco Ney Júnior contará a história do enredo “Eu que te benzo, Deus que te cura” em três setores, como explica abaixo:

Setor 1: “O primeiro setor a gente vêm com uma pegada mais lúdica, a gente brinca com algo que remete um pouco mais ao universo dos sonhos, algo mais fantasioso”.

Setor 2: “O segundo setor a gente vai começar a contar a história da formação das rezadeiras, das benzedeiras, das influências que elas receberam para hoje terem os estereótipos que elas têm”.

Setor 3: “O terceiro setor é uma grande homenagem as rezadeiras, aos santos que as ajudam no ato de curar e no ato de benzer. É um setor onde a gente cita algumas doenças que fazem as pessoas procurarem elas. Na última alegoria, representamos a rezadeira como objeto central e um instrumento de cura para as pessoas que estão doentes, que estão carentes, que estão mal-humoradas, que estão depressivas… A gente pega essa figura como a própria pomba da Renascer, que simboliza a libertação”.

Entrevistão com Giovanna: ‘A Mangueira foi faculdade e na Tijuca comecei a encarar como trabalho’

Por Gabriella Souza

Giovanna da Silva Justo é uma porta-bandeira renomada e com uma longa trajetória no carnaval. Em seus 25 anos de carreira já conquistou quatro títulos. Estreou na Avenida em 1995, na Mangueira, comunidade em que nasceu. Foi ali onde consolidou sua grande parceria com o mestre-sala Marquinhos, que já vinha desde a escola mirim Mangueira do Amanhã. O casal desfilou junto durante 22 anos em diversas escolas do Rio. Giovanna também já passou por Unidos da Tijuca, Vila Isabel,Viradouro e Tuiuti. Em 2019 passou a representar a São Clemente junto do mestre-sala Fabrício, parceria que se mantém firme para 2020. Veja abaixo a entrevista com ela.

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Após títulos e prêmios o que você ainda quer conquistar no carnaval?

Giovanna Justo: “Conquistar é uma palavra forte. A gente sempre está correndo lá na frente para conseguir nossos objetivos, eu sempre gostei do que faço que é a arte da dança de mestre-sala e porta-bandeira. Eu posso dizer que sou uma pessoa iluminada por Deus, porque tudo o que quis na minha vida eu consegui aos poucos e no caso de conquistar algo mais na minha carreira de porta-bandeira eu realmente não sei dizer, vou deixar essa perguntinha vaga, porque eu já consegui tanta coisa e eu sou agradecida por Deus por tudo que já conquistei. O que me resta agora é dançar e passar alegria para esse povo que nos assiste”.

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Parece que o Fabrício foi feito para você e você para ele. Como foi essa união e o que pode falar dele como mestre-sala? 

Giovanna Justo: “O Fabrício é um lorde, essa relação minha com ele é muito boa, igualzinha a que eu tinha com o Marquinhos, além de ser um bom mestre-sala ele é um bom ser-humano que tem caráter. Ele é uma pessoa bem calma e eu agitada, em uma dupla tem que ter esse equilíbrio, nos damos muito bem. E eu sou muito agradecida por tudo e por isso também, até porque eu nunca havia trocado de mestre-sala na minha vida, o Fabrício foi o primeiro e está sendo ótimo”.

Qual foi uma fantasia sua que achou inesquecível? E qual você não gostou?

Giovanna Justo: “Eu vou falar duas. Da Mangueira de 2009 que foi uma fantasia em que eu entrei e parecia uma caixinha de jóias, adorei. E também em 2012 na Tijuca, que o Marquinhos era o Lampião e eu a Maria Bonita, gostei muito dessa fantasia. Foram as duas fantasias que eu gostei mais, fora as outras que também foram belíssimas, mas como tem que escolher. Uma que eu não gostei tanto foi a de 99 na Mangueira que era vazada, ela arrebentou logo no setor 1 e na época eu vinha à frente da bateria, lembro como se fosse hoje. Sabe quando você está no Maracanã e só escuta aqueles gritos do público? Eu escutei tudo isso, eles gritando e eu andando pelo setor e perguntando o que tinha acontecido e ninguém queria me falar nada, porque rasgou toda na parte de trás. O impressionante é que eu não senti. E antes de eu vestir a fantasia, Marquinhos fez força nela, puxou bastante, balançou para poder checar e nada aconteceu e foi acontecer logo na Avenida. Quando eu passei pelo setor 1 eu só vi o Moranguinho, que hoje é mestre-sala e na época era meu ajudante, ele estava recolhendo as partes da fantasia no chão e amarrando em mim e acabou sustentando a fantasia. Eu só escutei a vibração do público, e para mim aquilo era para a bateria porque eu realmente não a senti rasgando. E essa fantasia me marcou com tristeza. O engraçado foi que eu não perdi ponto devido a fantasia ter arrebentado, mas sim pois justificaram que a Mangueira havia saído da tradição dela, já que ela veio com uma roupa vazada da porta-bandeira. É incrível”.

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Aliás, quando você tem a conversa com o carnavalesco o que você pede sobre a fantasia?

Giovanna Justo: “Eu sempre deixo por conta do carnavalesco a idealização da fantasia. O único que eu cheguei para conversar mais sobre e já cheguei falando que tinha medo dele foi o Paulo Barros, eu cheguei e falei para ele que a única coisa que tinha medo era o que ele ia propor para minha fantasia, mas ele me tranquilizou e falou que todas as minhas fantasias seriam tradicionais como é o meu estilo mesmo e cumpriu com a palavra dele”.

Você fez história no carnaval ao lado do Marquinhos. Doeu muito desfazer essa dupla?

Giovanna Justo: “Eu saí de uma parceria de 22 anos com o Marquinhos, estivemos juntos na Mangueira, Tijuca, Vila, Viradouro, Tuiuti. Mas a vinda para a São Clemente não foi junto com ele, porque o carnaval mudou muito e espero que seja para melhor. Eu pensava que nunca iria desfazer essa parceria, como se fosse mesmo um casamento de marido e mulher, mas só que às vezes temos que dar um passo para trás para podermos conquistar mais coisas lá na frente”.

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Ele acabou ficando fora do carnaval. Você conversa com ele? Ele já disse que quer voltar a dançar com alguma porta-bandeira?

Giovanna Justo: “Claro que ele tem vontade de voltar para o carnaval, como eu que estou aqui por tantos anos. Ele é o filho do Lilico da Mangueira, grande mestre-sala de grandes carnavais. E ele vai voltar, porque ele é um excelente mestre-sala. É porque o carnaval mudou, a gente entra em uma escola e já encontra a parceria, eu cheguei na São Clemente e encontrei o Fabrício, e antes desse deslocamento meu e do Marquinhos, nós já tínhamos conversado sobre, que se alguma escola o convidasse era para ele aceitar e se alguma escola me convidasse eu aceitaria, nem eu nem ele deixaríamos passar essas oportunidades. Tanto que muitos anos atrás, eu lembro como se fosse hoje, eu queria que ele dançasse com a Danielle na Portela que estava sem mestre-sala e eu cheguei até a ligar para ela falando dele. Há pouco tempo agora eu também queria que ele dançasse com a Cristiane na Mocidade quando o Diogo saiu e ela ficou sem mestre-sala, eu liguei para ela e pedi também, ela disse “que vocês vão voltar” e tudo mais. A minha vontade é que ele volte a dançar, porque ele é um grande mestre-sala. E ele vai voltar, eu tenho certeza disso”.

Quando vocês saíram da Mangueira simbolizou uma mudança grande. O que você sentiu na época?

Giovanna Justo: “Ainda bem que está me perguntando isso hoje, que tenho só lembranças, porque foi difícil. Costumo dizer que a Mangueira foi uma grande faculdade para mim e a Unidos da Tijuca foi um trabalho, lá que eu comecei a receber um salário por mês certinho. A nossa saída não foi devido dinheiro nem nada disso, foi mesmo porque tínhamos que mudar, renovar a nossa vida e carreira como casal. A Mangueira foi a escola onde fui nascida e criada, minha família é toda de lá, minha avó morreu com 111 anos morando lá. Para ter uma noção da época, quando eu saí da Mangueira uma tia minha, que não está mais aqui, ficou 1 mês sem falar comigo, eu chegava lá para visitar a família e eu pedia ‘bença’ para ela e ela virava o rosto. Depois de um mês ela veio, me abraçou, chorou e ficou tudo bem. Acho muito engraçado isso, para ver como aquilo foi forte para todos nós,
coisas que só mangueirense faz”.

Qual foi o seu maior desfile na vida? E por que?

Giovanna Justo: “Meu melhor desfile foi em 2002 com a Mangueira campeã. Nós passamos várias dificuldades esse ano, não com a escola mas como casal, porque o Marquinhos ficou doente no período dos ensaios. Teve até um ensaio técnico em que eu ensaiei sozinha na Marquês de Sapucaí e saímos todos chorando porque ele ainda estava internado e essa cena não sai da minha cabeça. O presidente na época chegou até me perguntar se eu queria que colocassem o segundo mestre-sala e eu escolhi fazer sozinha mesmo e fiz os passos todos da coreografia como se ele estivesse ali e todo mundo olhava e achava aqui inédito porque eu dava a mão para ‘ele’, rodava, ia nos jurados e tudo sem ele ali. Ao final chorei muito, mas consegui passar esse ensaio com o apoio de todos. Chegou no dia do desfile e ele estava ali e ganhamos. Então meu choro não foi em vão”.

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Qual desfile que você viu de alguma escola e queria ter participado? 

Giovanna Justo: “Quando eu estou no lugar eu estou de corpo e alma, para representar a minha escola. Mas teve um ano na Mangueira que eu já não estava mais lá e assisti o desfile em prantos, em 2011. Aquela bateria estava linda com aquela ‘paradona’, eu estava em um camarote e quase já querendo ir para a pista acompanhar eles. Gostei muito desse desfile, foi inesquecível e o povo também vibrou muito”.

Santa Cruz vende últimas fantasias disponíveis para o Carnaval 2020

Embalada pelo enredo “Santa Cruz de Barbalha: Um Conto Popular no Cariri Cearense”, a Acadêmicos de Santa Cruz vende as últimas vagas ainda disponíveis em alas comerciais. Quarta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, no Sábado de Carnaval pela Série A, a agremiação está em reta final para fechar o seu contingente para 2020.

As últimas unidades estão à venda através do telefone ou Whatsapp 2197000-8934, onde Beth Malveira, uma das responsáveis pela organização da escola, atende aos interessados em pisar no Sambódromo com a verde e branca. Os preços variam entre R$ 200 e R$ 250.

De acordo com o carnavalesco Cahê Rodrigues, o carnaval de superação está sendo transformado em de muita esperança.

“Tudo está mais organizado que em 2019. Começamos mais cedo. O barracão está funcionando, as fantasias sendo produzidas”, disse o artista, que também ressalta a “invasão” de cearenses por conta do enredo.

A Santa Cruz também disponibiliza vendas em dias de ensaios, todas as quintas-feiras às 20h, onde os interessados podem conferir pessoalmente as fantasias. No próximo dia 8 de fevereiro, durante mais uma edição da feijoada, as que ainda estiverem disponíveis ficarão expostas. Os ingressos para o evento custam R$ 20 e são vendidos na secretaria da escola.

A Acadêmicos de Santa Cruz fica na Rua do Império, 573, na Reta da Base Aérea de Santa Cruz.

Ensaios técnicos do carnaval de Vitória começam nesta segunda

O Carnaval de Vitória 2020 acontece entre os dias 13, 14 e 15 de fevereiro, no Sambão do Povo em Vitória e nesta segunda-feira,dia 3, os Ensaios Técnicos começam, e a expectativa é grande, tanto para as agremiações quanto para a comunidade e a organização. “É uma antecipação do que será apresentado em um dos eventos mais concorridos do Estado”, afirma o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (LIESGE), Edvaldo Teixeira. “Além disso, é um grande teste para as Escolas”, garante Edson Rodrigues de Freitas Neto, presidente da Liga Espírito Santense das Escolas de Samba (LIESES). Os Ensaios começam às 21 horas e acontecem no Sambão do Povo, sendo aberto ao público.

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Para o presidente da LIESGE, Edvaldo Teixeira, o capixaba pode esperar uma festa linda e surpreendente neste ano. “Para quem gosta da folia, o Carnaval está a todo o vapor, tenho acompanhado o trabalho nos barracões e estou surpreso em como as escolas estão adiantadas, nem a chuva atrapalhou”, garante Teixeira. “Os desfiles serão surpreendentes pelo que vi, pois as fantasias e alegorias que já apreciei, estão belíssimas e com esculturas bem vistosas, com tamanhos enormes que vão encantar os presentes, estou bem animado”, conta.

Sobre a estrutura que está sendo montada para o Carnaval de Vitória 2020, segundo um dos organizadores, Raimundo Nonato, o cronograma está dentro do previsto: “A montagem já está adiantada, a iluminação, parte elétrica como um todo e a sonorização”, afirma.

Ensaios Técnicos

Os ensaios acontecem entre os dias 3 e 9 de fevereiro, no Sambão do Povo, às 21 horas e são gratuitos. Abaixo a ordem e o horário.

(Durante a Semana) – Horário concentração 20h30 / Início: 21h

Sábado e Domingo – Horário concentração 18h30 / Início: 19h

Dia 03/02/20 (Segunda-feira)

Mocidade da Praia e Imperatriz do Forte

Dia 04/02/20 (Terça-feira)

Boa Vista e Novo Império

Dia 05/02/20 (Quarta-feira)

São Torquato e Piedade

Dia 06/02/20 (Quinta-feira)

Jucutuquara e MUG

Dia 07/02/20 (Sexta-feira)

Chega Mais e Andaraí

Dia 08/02/20 (Sábado)

Barreiros e Chegou o Que Faltava

Dia 09/02/20 (Domingo)

Rosas de Ouro e Pega no Samba

Série Barracões: Com homenagem ao rei Dom Sebastião, Colorado do Brás unirá Brasil e Portugal em seu desfile

Por Gustavo Lima

A reportagem do CARNAVALESCO foi ao barracão do Colorado do Brás e entrevistou Leonardo Catta Preta, que irá para o seu quarto ano na escola, sendo mais uma vez responsável pela montagem do desfile da agremiação. A escola, que irá para seu segundo ano consecutivo na elite do carnaval paulistano, abordará desta vez o enredo “Que rei eu sou?”, uma homenagem a Dom Sebastião.

“Esse enredo é uma ideia que eu tinha há algum tempo e esse ano o presidente Ka me deu a oportunidade de trazer um enredo próprio pra escola. Além de ser um trabalho que eu faço pra agremiação, também tem essa questão de ser uma ideia minha, então tem um amor a mais nessa questão do enredo”.

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Leonardo explicou como faz para transformar um enredo “mais pesado” por conta das guerras que envolve a história de Dom Sebastião, em algo mais descontraído.

“A história de Dom Sebastião nós iniciamos ela em uma guerra, só que quando eu projetei esse enredo, quem acompanha o meu trabalho sabe que eu não faço enredo crítico e nem essa parte política, e eu transformei um enredo que automaticamente seria crítico, com essa parte pesada das guerras, eu transformo em algo lúdico, em colorido, que é a minha pegada. Também quebro a paleta de cores, não sigo nenhum padrão, muitas pessoas me perguntaram ‘Léo, vai ter muito dourado?’ Não, pelo contrário, eu vou fazer a mesma coisa do ‘Hakuna Matata’, que era África, todos imaginaram algo voltado pra essa questão do preto e eu quebrei também, e esse ano não será diferente, eu quebro essa questão da paleta de cores, venho com algo mais lúdico e brinco com o enredo na avenida”.

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O Colorado do Brás teve a responsabilidade de abrir o carnaval paulistano, além do fato de a agremiação não ter disputado o Grupo Especial desde 1993 até então, o que joga uma certa pressão, mas a escola veio bem e está tentando se firmar cada vez mais na elite do carnaval de São Paulo.

“Na verdade, eu sabia que eu tinha a responsabilidade de abrir o carnaval do Brasil, eu trabalhei em cima desse enredo, voltado para o projeto de abrir, mas dessa vez eu não vejo como diferente, eu abro o carnaval para o Paulo Barros, que eu sou fã, então eu sei que vem um trabalho belíssimo e é uma honra ser novo como carnavalesco e abrir para um cara que é um marco, não tem o que falar desse profissional e está sendo uma honra, um grande trabalho, então eu fiz o carnaval do Colorado pra abrir para o Paulo Barros. Então a mesma questão da comissão de frente que abriu o desfile do Colorado, eu me baseei pra esse ano, então eu tenho uma grande abertura, que vai gerar o mesmo impacto do ano passado e preparei esse carnaval pra gente se manter, o que é difícil. Muitas pessoas podem falar que deu sorte, que o enredo ajudou, mas esse ano eu estou fazendo o trabalho pra permanecer com o Colorado e quem sabe, buscar o lugar ao sol”.

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Leonardo também afirmou que faz um carnaval voltado para o manual que as escolas recebem, para poder alinhar a visão de quem está assistindo no Anhembi, do telespectador e jurados. O carnavalesco ressalta que o uso do colorido facilita a leitura de todas as vertentes.

“Eu faço um carnaval direcionado pelo manual que nós temos e eu trabalho com essa coisa lúdica, colorida, que é mais fácil de leitura também. Eu faço algo que não só eu entenda, mas que quem está assistindo possa identificar o que eu estou levando pra avenida. Esse enredo como tem bastante parte histórica, poderia se tornar um pouco difícil na questão de alegorias e fantasias, mas eu fiz uma coisa mais leve, pegando apenas pinceladas deste século, pois muita gente não conhece a história, mas o pincelei tudo isso para fazer fantasia leves e que seja de fácil entendimento”.

Abertura e encerramento serão destaques do desfile da agremiação

O carnavalesco falou sobre o andamento do barracão e comentou sobre as injustiças que as escolas que estão localizadas na Fábrica do Samba II, sofrem.

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“É o que eu sempre falo para as pessoas que me perguntam e hoje eu posso dizer que está 80% pronto, mas assim, o Colorado me dá a oportunidade de fazer um carnaval grande, porque eu venho da Império de Casa Verde e tenho essa pegada do gigantismo.
A única coisa que atrapalha e de a gente não ter finalizado o trabalho, é a questão do ambiente, o barracão nosso todo mundo sabe que é pequeno ainda, diferente das outras que estão na Fábrica do Samba, então a gente perde um pouco disso e eu sinto uma injustiça em relação a isso. Algumas tem um espaço melhor do que as outras, mas isso também não tira o nosso mérito, nós estamos fazendo um trabalho digno do Grupo Especial e eu acho que até no dia do desfile, estará tudo pronto”.

Leonardo Catta Preta disse que, para surpreender o público, assim como no ano passado, a abertura do desfile será gigante, assim como o encerramento, onde fará uma união entre Brasil e Portugal.

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“O que eu preparei para esse desfile do Colorado foi uma grande abertura, eu julgo que hoje é muito importante prender as pessoas que estão te assistindo e terei essa ‘big’ abertura. É uma coisa minha, eu gosto de misturar essa coisa de Brasil e trago esse ano Portugal, então será uma mistura entre os dois países, especialmente no Nordeste, eu trago São Luís do Maranhão. Depois o grande impacto vai ser a última alegoria, em que eu faço a união de Dom Sebastião com a Praia dos Lençóis, como foi a aranha no ano passado. Então nós criamos essa ideia de impactar no início e no fim do desfile”.

Conheça o desfile:

A escola levará 2200 componentes, em 23 alas e 5 alegorias.

SETOR 1: ENCANTARIAS

“No setor 1 nós falaremos das encantarias de Dom Sebastião. Na verdade, a gente faz a junção dos três anos até os vinte e quatro anos quando ele desapareceu. Nós também vamos trabalhar com essa questão do céu, do encantado e traremos também São Luís do Maranhão. Essa será a abertura da escola”.

SETOR 2: MARROCOS

“No meu segundo setor eu abordo a questão da guerra, dizem que ele desapareceu, que é o Marrocos, e eu conto todas as pessoas que ajudaram, todos os países que estavam junto com ele e com Portugal nessa guerra”.

SETOR 3: IGREJA CATÓLICA

“No terceiro setor eu conto a questão da religião de Dom Sebastião, que ele era muito católico. Falo da questão da inquisição, o caça às bruxas, o poder da igreja católica na época. Coloco também o fato da monarquia e o clero estarem juntos”.

SETOR 4: LENDAS DO REI

“No setor quatro eu já conto as lendas que partiram depois que ele sumiu. Criaram lendas que o rei foi pra Veneza, pro Egito, então tudo que envolve o sumiço do rei, estará neste setor”.

SETOR 5: DOM SEBASTIÃO NO BRASIL
“E no último setor eu já trago ele pro Brasil, então eu já trago Antônio Conselheiro, o boi-bumbá, que é uma referência, a lenda do boi encantado. Toda essa parte do rei do Brasil estará representada no meu último setor”.

Será que ela volta? Luma de Oliveira participa de encontro das rainhas na Mangueira

O tradicional ensaio da Estação Primeira de Mangueira no Palácio do Samba teve um toque de realeza. Convidadas pela rainha de bateria da Verde e Rosa, Evelyn Bastos, estiveram presentes na quadra da Mangueira para a “Noite das Rainhas”, além da anfitriã, Viviane Araújo, do Salgueiro; Aline Riscado, da Vila Isabel; Raíssa de Oliveira, da Beija-Flor; Raíssa Machado, da Viradouro; Raphaela Gomes, da São Clemente; Giovana Angélica, da Mocidade; Gracyanne Barbosa, União da Ilha; Jullia Farias, princesa da Tuiuti; e a eterna rainha Luma de Oliveira, um show de simpatia e samba no pé na Quadra da Mangueira.

A festa no Palácio também contou com a corte do carnaval carioca. O Rei Momo Djeferson Mendes da Silva, a Rainha Camila Aparecida da Silva e as princesas Deisiane Jesus e Cinthia Aparecida Martins de Oliveira, estiveram no palco da Mangueira durante a apresentação das rainhas, com sambas de suas agremiações.

De alma lavada! Viradouro faz ensaio debaixo de chuva e mantém alto nível

Por Victor Amancio. Fotos de Nelson Malfacini

O domingo foi de chuva forte na cidade do Rio e não foi diferente em Niterói. Na Amaral Peixoto, a Viradouro ensaiou exalando garra. O canto da escola não caiu nenhum minuto de rendimento e a bateria de mestre Ciça segue dando um show.

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“O ensaio foi maravilhoso, a chuva dificulta algumas coisas, principalmente, a logística para chegar até aqui mas tivemos um contingente muito bom, escola praticamente toda na avenida, tecnicamente o ensaio foi muito bom, mesmo com a chuva. Bateria conseguiu manter o andamento, comunidade cantando e evoluindo, desenvolvendo o quesito harmonia de forma perfeita junto com o carro de som. Escola feliz antes de tudo e ciente do que tem que fazer. O brilho no olhar e o samba na ponta da língua”, falou o presidente Marcelinho Calil.

Samba-Enredo

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Segue na crescente. Zé Paulo joga o hino de 2020 para as cabeças e consegue tornar o samba prazeroso em ouvir. O trecho que antecede o refrão principal é o trecho mais cantado e joga o samba para cima dando um gás a mais na comunidade que abraçou o samba.

Harmonia

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Nem a chuva desanimou o componente da escola que apesar do mal tempo apareceu quase que por completo para o ensaio e não deixou a desejar em nada. O canto pode-se ouvir alto e forte do início ao fim do treino. O carro de som, a bateria e o canto da escola estão em total sintonia, resultado de muito ensaio.

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“De alma lavada. A escola está feliz, está em harmonia e temos uma estrutura maravilhosa de trabalho que afeta diretamente no trabalho da harmonia e chega no componente. O componente que ensaia feliz ajuda muito mais no desenvolvimento da escola. Sempre tem uns detalhes para acertar mas com certeza estaremos prontos na avenida”, explicou Mauro, diretor de harmonia.

Evolução

Parece que a chuva deu gás para o componente, com a alma lavada, dançou e evoluiu com alegria. Pode-se notar que a escola conta com diversas alas coreografadas, que por sinal, estão muito bem entrosadas e sincronizadas. O andamento do ensaio se mantém do início ao fim.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

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Julinho e Rute dançam juntos há 13 anos, e, na Viradouro vivem um momento grandioso na carreira. A união entre a elegância do mestre-sala e a garra da porta-bandeira nos brinda com uma apresentação emocionante. Em sua dança, Rute traduz o empoderamento presente no enredo e presenteia o público com sua dança.

Bateria

Ciça segue desenvolvendo seu trabalho em alto nível e a bateria Furacão Vermelho e Branco realizou seu ensaio executando bossas do início ao fim. O destaque fica por conta da bossa em cima dos timbais que valoriza o canto da escola.

“É bom treinar na chuva também. Sabemos que sempre cai um pouco da afinação mas fomos no andamento 147 BPM (batidas por minuto) do início ao fim, estamos numa levada boa para fazer um grande desfile. Eu estou muito feliz com o resultado”, explicou o mestre.

Galeria de fotos: ensaio de rua da Viradouro

Últimas fantasias à venda em alas comerciais da Portela

Quer desfilar pela Portela, mas não sabe como? As seis alas comerciais da escola são as melhores opções para quem não conseguiu vaga nas alas de comunidade, ou mesmo para quem mora fora do Rio e não pode ensaiar regularmente. Turistas estrangeiros também são bem-vindos.

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Faltando poucos dias para o desfile, a Portela ainda tem fantasias a preços que cabem no seu bolso. Os contatos devem ser feitos diretamente com os responsáveis pelas alas comerciais. Todos os telefones e fotos dos figurinos se encontram no site oficial da agremiação (www.gresportela.com.br). As alas comerciais são a Mocotó, Amor e Paz, Águia na Folia, Explode Coração, Raízes da Portela e Sambola. O preço, em média, é de R$ 1.500.

Maior campeã do carnaval carioca, a Azul e Branco de Oswaldo Cruz e Madureira será a sétima escola a desfilar na Sapucaí, no domingo de Carnaval. O enredo é “Guajupiá, Terra Sem Males”, dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. A concentração será pelo lado do prédios dos Correios.