Início Site Página 1438

Audiência sobre obras no Sambódromo nesta quinta na 1ª Vara da Fazenda Pública

    A 1ª Vara da Fazenda Pública do Rio convocou para esta quinta-feira, a realização de uma audiência especial para tratar das obras de segurança do Sambódromo.

    sambodromo
    Marquês de Sapucaí. Foto: Riotur

    No encontro, a Riotur terá de comprovar o cumprimento das exigências feitas pelo Ministério Público e Corpo de Bombeiros para obter a liberação do alvará definitivo da passarela do samba. A audiência acontece às 13h.

    Vídeos e fotos: Unidos da Tijuca faz apresentação com Lexa para RJTV

    Bailinho da Portela recebe Fanfarra Black Clube, Só Damas e Tabajara do Samba nesta quinta

    A terceira edição do Bailinho da Portela vai agitar o Espaço Marzipan, na Cinelândia, nesta quinta-feira, a partir das 18h, com apresentação da Fanfarra Black Clube, roda de samba e bateria da Portela. Com formato inovador e ares de happy hour, o evento resgata os míticos carnavais de salão do Rio, além de oferecer uma experiência única sobre a cultura carioca.

    bailinho

    Formada em 2014, a Fanfarra Black Clube, conhecida pelo naipe variado de instrumentos de sopro e percussão, promete sacudir o público com repertório amplo, sempre em ritmo de carnaval, passando por Tim Maia, Amy Winehouse, Pharrell Williams, Jorge Ben Jor, Marvin Gaye e outros ícones. A performance contará, ainda, com a participação da cantora Bruna Barros.

    O grupo Só Damas, composto só por mulheres, homenageia Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Clara Nunes e outras estrelas do samba e da MPB na abertura da festa, dividindo espaço com o DJ João Rodrigo, revelação da noite carioca.

    Ritmistas e passistas da Portela vão encerrar a festa em grande estilo, ao som de sambas-enredos antológicos da Azul e Branco. O destaque maior do repertório será “Guajupiá, Terra Sem Males”, com o qual a agremiação de Oswaldo Cruz e Madureira disputará o 23º título de sua história.

    Outro grande momento será entrega das faixas de musos do Bailinho para o músico e agitador cultural Tarcísio Cisão e a atriz Karen Julia. Para dar ainda mais charme ao evento, o público terá glitter, purpurina e maquiagem gratuitamente num estande exclusivo, com a presença de maquiadores profissionais. Tudo isso num belíssimo salão art déco da década de 1940. E o melhor: torcedores com camisa da Portela e pessoas fantasiadas pagam apenas R$ 25. O Espaço Marzipan fica na Avenida Rio Branco, 251, 3º andar, Cinelândia (ao lado do metrô).

    Serviço:
    Bailinho da Portela
    Data: Quinta-feira, dia 6 de fevereiro
    Horário: das 18h à meia-noite
    Local: Espaço Marzipan
    Endereço: Avenida Rio Branco, 251, 3º andar, Cinelândia (perto da saída Santa Luzia do metrô e em frente ao Cine Odeon)
    Entrada: R$ 25 (lista amiga, pessoas fantasiadas e torcedores com camisa da Portela) / R$ 35 (público em geral). Os nomes para a lista amiga devem ser enviados para o direct do Instagram @bailinhodaportela.

    Vendas pela internet: www.sympla.com.br

    Classificação: 18 anos
    Informações:
    (21) 99521-0017
    (21) 97953-7120

    Lá no futuro! Bianca Monteiro revela desejo de passar coroa de rainha de bateria para menina da comunidade

    Por Lucas Santos

    Estreante em 2017 como rainha da bateria no ano em que a Portela quebrou um jejum de mais de 30 anos sem títulos, Bianca Monteiro é cria da comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira. A frente da Tabajara do Samba, a rainha brilhou fantasiada de índia vestida com uma malha trazendo em alguns pontos o azul da escola.

    Bianca Monteiro falou à reportagem do CARNAVALESCO sobre a responsabilidade de defender um pavilhão tão tradicional do carnaval carioca e sobre o trabalho realizado na escola.

    bianca portela

    “A gente está falando da escola que tem mais títulos, uma escola respeitada e amada, todo lugar que eu passei nesse ano eu fui cumprimentada por isso, pois em todo lugar há um portelense. Então representar uma instituição como a Portela, a Tabajara do Samba, a emoção eu não consigo nem expor em uma palavra. Eu sou da comunidade, a gente vem fazendo um trabalho gradativo, recentemente fizemos uma reforma na sala de bateria em prol do melhor da Tabajara, do mestre Nilo e dos 40 pontos e eu vou ficar até quanto tiver que ficar, até quando estiver contribuindo”.

    portela samba2020 8

    Ao ser perguntada se há algum preconceito dentro do carnaval com rainhas de comunidade por não trazer patrocínio, Bianca tratou de ressaltar alguns requisitos importantes para a função que são independentes da origem de quem ocupa.

    “Eu acho que cada escola tem uma tradição, tem uma forma de ver. Pelo o que eu ouvi falar, a Portela já não tinha uma rainha de comunidade há muito tempo e eu cheguei já sendo campeã do carnaval. Mas eu acho que independente de quem está ali na frente, você tem que amar, você tem que entender o chão e respeitar cada ritmistas porque eu convivo com eles quase todos os dias e eu vejo a luta e nem sempre eles são valorizados da melhor maneira possível no mundo do samba sendo de uma importância tão grande para o carnaval”.

    Portela Final 2020 056

    Apesar de não limitar a escolha das rainha a gente dá comunidade, Bianca expressou o desejo de ser substituída por alguém com uma história parecida com a sua.

    “Claro que eu vou querer passar a minha coroa para uma menina da comunidade. Eu vejo os olhares de admiração das crianças. Eu nunca tive uma rainha de bateria que olhasse por mim e eu acho que por isso o meu trabalho aumenta mais. A minha missão é maior quando eu penso no futuro dessas crianças”.

    Portela Desfile2019 042

    Assim como pretende inspirar jovens da comunidade a buscar seu sonhos, Bianca revela que também se inspirou em rainhas que foram formadas em comunidades voltadas para o samba.

    “Sempre amei a Raíssa dá Beija Flor, porque a Raíssa é uma pessoa maravilhosa. A Evelyn da Mangueira por seu uma pessoa guerreira e lutar, realmente sair do morro e ter seu pensamento e opinião e colocar em prática. Sempre importante ter pessoas que defendem a nossa raça. Mas eu acho que todas tem que ser respeitadas porque todas fazem um trabalho bem feito, e no final de tudo nós temos que nos unir. Eu quero continuar fazendo esse trabalho e espero que outras escolas possam perceber a importância de valorizar a prata da casa”.

    Ouça ao vivo a Rádio Mania

      CLIQUE NO BOTÃO PLAY PARA OUVIR AO VIVO

      Série Barracões: Mostrando a força das mulheres, Mocidade Alegre homenageia as orixás femininas

      Por Gustavo Lima

      A reportagem do CARNAVALESCO visitou a quadra da Mocidade Alegre e entrevistou Edson Pereira, um dos profissionais que integra a comissão de carnaval da agremiação. A escola irá para a avenida com o enredo “O canto das Yabás”, uma homenagem às orixás femininas.

      “Quando eu cheguei na escola pra fazer o carnaval, me pediram para que eu fizesse um carnaval sobre as mulheres, e essa espinha dorsal eu encontrei pra falar não só da mulher negra, mas da mulher de uma forma geral, porque acredito que a mulher é a forma mais sublime da manifestação da vida, partindo do princípio que elas nos dão a vida. Falando de vida, de esperança, de atitude de mulher guerreira e orixá, não poderíamos deixar de falar de uma escola que é administrada por uma mulher guerreira e forte como a Solange é, como foi assim durante muito tempo pela irmã dela, que sonhou com esse enredo também. Então, eu acho que é o momento propício não só pra Mocidade, mas pelo momento que a gente está vivendo da valorização da mulher”.

      edson morada

      O carnavalesco também revelou que o enredo é um projeto antigo da escola e resolveu acatar o tema.

      “Foi proposto pela escola e eu abracei a ideia. Não acredito em enredo ruim, acredito que pode ser uma condução errada, mas a gente está apostando muito nesse tema, porque eu tenho certeza que não vai ser só mais um enredo, vai nos ensinar muito e nos trazer muita coisa pra gente refletir e acredito que será um grande carnaval da Mocidade”.

      alegre 7

      Como não foi um enredo de ideia do carnavalesco, talvez a pesquisa para desenvolver os itens do desfile seja mais árdua, ainda mais pelo fato de Edson Pereira ocupar o cargo de carnavalesco oficial da Unidos de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, e ter que se dividir entre as duas escolas. Porém a agremiação conta com uma comissão de carnaval, o que não sobrecarrega muito e facilita todo esse processo.

      alegre 6

      “A pesquisa é algo que a gente faz em primeiro plano, quando nós definimos o enredo. Nesse momento já está bem encaminhado, e nós fomos buscar subsídios para trazer boas imagens e mexer com a emoção do carnaval da Mocidade, porque eu acho que carnaval tem esse comprometimento com a interação da nossa cultura. Não tem que ser só bonito, ele deve passar uma mensagem, e é essa mensagem que nós estamos em busca”.

      alegre 5

      Para unir a visão dos jurados, público e telespectadores, não é uma tarefa fácil, mas Edson declara que para esse “problema” ser sanado, busca sempre o melhor, mesmo sabendo que não irá agradar a todos.

      alegre 4

      “A gente nunca vai conseguir agradar deuses e troianos, e o que é a gente faz é sempre tentar elaborar o melhor, mas o mais importante é fazer um trabalho com verdade e sentimento, e dessa forma você consegue atingir o máximo do seu trabalho. Tudo bem que o carnaval é direcionado hoje para uma disputa, onde existe o julgamento dos jurados, mas eu acho que quando a gente faz com verdade e emoção, trazendo o melhor pra nossa cultura, que fez chegar como o maior espetáculo da terra, e eu falo não só do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil, a gente consegue fazer o melhor se fizer com verdade”.

      alegre 3

      A Mocidade Alegre sempre quando escolhe temas com religiões afros, desenvolve bons desfiles, vide 2016, que conseguiu a 3ª colocação, e 2012, que se sagrou campeã com o enredo “Ojuobá”, uma homenagem à Jorge Amado, considerado por muitos o maior enredo e melhor desfile da história da agremiação. Tal fato, consequentemente gera uma pressão para o desenvolvimento desse desfile, mas Edson Pereira encara isso com tranquilidade.

      alegre 2

      “Eu não sinto pressão, porque eu sou um trabalhador do carnaval, quem conhece a minha história no carnaval, sabe que eu enfrento desafios e eu acho que esse é um desafio que eu me propus. Fazer o carnaval da Mocidade pra mim, hoje, não é só uma experiência profissional, é também uma experiência que eu vou agregar valores na minha vida profissional e muito mais. Então não é só um desafio, é muito mais do que isso, é um aprendizado”.

      Trabalho da presidente Solange vem sendo fundamental para o desfile de 2020

      Edson também comentou sobre o andamento do barracão, disse estar praticamente tudo pronto e destacou o ótimo trabalho feito pela presidente Solange Bichara, de sempre estar presente para que tudo aconteça.

      alegre 1

      “A gente está trabalhando desde muito cedo e nosso carnaval eu posso dizer que está 90% pronto e os últimos 10% vão ser feitos nas últimas semanas. É um trabalho satisfatório, a Solange é uma guerreira, é uma pessoa que não se cansa, que está ali constantemente fazendo que as coisas aconteçam, porque o carnaval não é feito por uma pessoa só. A gente é um cérebro, uma pessoa só e dirigimos tudo isso, mas depende de uma série de questões para que tudo isso aconteça e seja eficaz, e a Solange é uma peça fundamental nisso tudo, por isso a mulher de frente, presente nesse projeto, e que talvez seja a mulher mais presente nesse enredo. Hoje o barracão da Mocidade é pleno, tranquilo, temos nossos prazos todos em dia e o cronograma está encaixando tudo de forma correta. Então eu acho que vai ser tudo dentro do que a gente espera”.

      Conheça o desfile:

      SETOR 1 – CLAMOR A OLORUM
      “A gente vem com a proposta de que a mulher foi escolhida pra salvar o mundo, de todo esse caos que nós vivemos, não só o caos de destruição à natureza, mas também a autodestruição do homem. Então, as yabás pedem a Olorum para que ele permita que
      elas influenciem a humanidade, e elas criam a primeira Yaô, que é designada pra salvar o mundo e transformá-lo em uma nova morada, então a gente entra na avenida com esse clamor a Olorum, que será um abre-alas bem grande, estaremos com mais ou menos 45 metros por 15 de altura, com muito movimento”.

      SETOR 2 – IEMANJÁ
      Na segunda alegoria a gente fala da mãe de todas, que é Iemanjá. O mundo submarino, submerso de Iemanjá, que é a mãe de todas as cabeças, a mãe maior, que vai pedir a Olorum pra que conceda a permissão pra salvar o novo mundo.

      SETOR 3 – O SABER DE NANÃ
      Na terceira alegoria a gente traz o conhecimento e a sabedoria de Nanã, que é a renovação. Quando as pessoas falam que Nanã seria a morte no estigmatismo africano, a morte nada mais é do que a renovação, conhecimento e sabedoria.

      SETOR 4 – A IMPORTÂNCIA DAS YABÁS
      “Na penúltima alegoria eu trago o que seria a junção de todos esses elementos que são representados por essas mulheres, ou seja, Iansã, Oxum e todas as yabás vão estar representadas nesta grande mandala que permite o movimento do universo e que faz o mundo girar”.

      SETOR 5 – A NOVA MORADA DO SAMBA
      “E a gente fecha com o clamor da nova morada, quando essa menina se transforma em uma grande mulher, que salva o universo e transforma em uma grande morada, que também é a nossa Morada do Samba”.

      Consulado da Portela de São Paulo lança livro infantil sobre história da escola de samba carioca

      Uma galerinha muito animada chega à Academia do Samba Natalino José do Nascimento, sede de uma das maiores instituições de cultura popular do país, a escola de samba Portela. Maravilhados e curiosos para saber mais sobre aquele ambiente mágico, a turma se encontra com Mestre Monarco que faz um passeio cheio de sabores e história enquanto responde todas as dúvidas.

      Capa livro Vamos Falar da Portela

      Esse é o mote de Vamos Falar da Portela, um livro dirigido ao público infantil que será lançado no dia 8 de fevereiro na Biblioteca do Parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo, a partir de 15h. Escrito por Paulo Toledo e Carlos Tatta, o projeto é um sonho antigo do Consulado da Portela de São Paulo que agora está se tornando real.

      “Graças ao apoio das pessoas conseguimos realizar mais esse projeto. O livro foi feito de forma totalmente colaborativa e será distribuído de forma gratuita às crianças por onde o Consulado passar”, informa Toledo, que é presidente do Consulado da Portela na capital paulista.

      O Consulado é uma representação da escola de samba carioca para atuar como difusor da cultura do samba em geral e da história da azul e branco de Madureira bem como de seu repertório musical, que figura entre as obras mais relevantes do samba com nomes como Paulo da Portela, Zé Keti, Candeia, Monarco, Casquinha e Paulinho da Viola.

      Segundo o autor Carlos Tatta, é uma honra participar de um projeto tão importante. “O Consulado da Portela mostra nessa obra que a escola de Oswaldo Cruz precisa ser conhecida por todos, independentemente da idade”, afirma.

      Primeira representação da Portela a ser formada, em 2015, o Consulado em São Paulo, tem investido nos últimos anos em ações educativas para disseminar o repertório dos grandes baluartes da escola, em projetos como o Geração Portela, que dá aula de percussão e samba a jovens de Paraisópolis, e o Portela Em Canto, uma parceria com a Estação Casa Amarela de Caçapava, no Vale do Paraíba.

      “Nosso objetivo é mostrar a relevante produção cultural e musical da Portela de todas as formas possíveis”, justifica Paulo Toledo. “Para isso, mostrar nossa história para as novas gerações é fundamental”, resume.

      No dia do lançamento, que será realizado no espaço cedido pela SP Leituras, dentro do Parque Villa-Lobos, haverá uma exibição dos jovens do Geração Portela e tarde de autógrafos pelos autores.

      LANÇAMENTO DO LIVRO VAMOS FALAR DA PORTELA

      Serviço

      Tarde de autógrafos e apresentação musical do projeto Geração Portela

      Quando: 8 de fevereiro , das 15h às 18h
      Onde: Biblioteca Parque Villa-Lobos

      Endereço: Av. Queiroz Filho, 1205, Alto de Pinheiros (Parque Villa-Lobos)

      Unidos da Tijuca realiza penúltimo ensaio de rua nesta quinta

      Se aproximando da reta final de preparação para o dia do desfile oficial, que acontecerá no dia 22 de fevereiro na Marquês de Sapucaí, a Unidos da Tijuca realizará nesta quinta-feira seu penúltimo ensaio de rua para o Carnaval 2020.

      Carro de Som 1

      A concentração para o início do ensaio acontece a partir das 20 horas na quadra da agremiação, localizada na Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Leopoldina. A partir das 21h a escola toma a rua Via D, situada atrás da quadra, para realizar o seu treino que terá a presença da rainha de bateria Lexa.

      Neste carnaval a azul e amarelo apresentará o enredo “Onde Moram Os Sonhos” que vai passar a temática arquitetura e urbanismo. O desenvolvimento é do carnavalesco Paulo Barros.

      São Pedro dá trégua e Império da Tijuca faz ensaio de bateria no Sambódromo dando show de ritmo

      Por Victor Amancio

      Após dois dias seguidos de muita chuva na cidade, a Sinfonia Imperial realizou seu ensaio nesta terça-feira no Setor 11. Mestre Jordan e sua bateria se apresentaram na Sapucaí mantendo o ritmo e a cadência durante o ensaio. A realização das bossas e as convenções foram executadas sem erros perceptíveis, demonstrando que a bateria tem grande potencial para garantir a nota máxima no desfile. Em comunhão com o carro de som, liderado por Daniel Silva, pode-se ver uma sintonia entre os dois segmentos, o que enriquece a harmonia da escola.

      “Graças a deus tudo correu bem, fizemos um bom ensaio a sinfonia está num bom caminho e se tudo der certo na avenida vamos conquistar a nota máxima para escola. Hoje, São Pedro cooperou para realizarmos esse ensaio sem chuva pois domingo nosso ensaio foi debaixo de muita chuva. É muito bom ensaiar no palco onde vamos desfilar, temos o contingente bem melhor e podemos treinar a dinâmica do desfile”, finalizou o mestre Jordan.

      Veja fotos abaixo:

      Série Barracões: Clássica e moderna ao mesmo tempo, Viradouro exalta primeiras feministas do Brasil

      Por Gabriella Souza

      A Viradouro vem desde 2018 em uma ascensão impressionante quando em sua retomada ao Especial conquistou o vice-campeonato de 2019. Na busca do título em 2020 a vermelho e branco representará a cultura, história de vida e trabalho das ganhadeiras de Itapuã, que como contam os carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, são reconhecidas como as primeiras feministas do Brasil.

      “As ganhadeiras se autodenominam como as primeiras feministas do Brasil, porque no período do século XVIII ao XIX elas enriqueceram muito e conseguiram dominar o comércio entre Itapuã e Salvador. Essas mulheres andavam 50 km por dia na areia para vender os seus produtos e conseguir o pecúlio, que era a forma de ganho que se tinha na época, e para assim conquistar sua alforria, de suas parceiras e familiares. Elas conseguiram alforriar muitas pessoas e a ponto de, no período, o governo começar a se preocupar com esses ganhos expressivos. Com isso, foi feita a poupança da Caixa Econômica Federal justamente por conta delas, para que se pudesse controlar as finanças dessas mulheres”, conta Zanon.

      viradouro barracao2020 1

      Para ditar o ritmo de seus árduos trabalhos, as ganhadeiras e lavadeiras entoam cantos que carregam como cultura particular desde de suas ancestrais, que o cantavam à beira da Lagoa do Abaeté. Músicas essas que são de domínio público e que em 2015 vieram a se materializar em um CD denominado “As Ganhadeiras de Itapuã” que solidificaram o trabalho deste grupo cultural de mulheres, já formado há 15 anos.

      Marcus Ferreira conta como surgiu a ideia de trazer as ganhadeiras como enredo e como foi a recepção da proposta pela presidência e diretoria da escola.

      viradouro barracao2020 6

      “Esse enredo surgiu para nós em 2015 quando a ganhadeiras fizeram um circuito em homenagem à Chica da Silva, era um espetáculo chamado “Toda mulher é Chica da Silva”, que a Zezé Motta também participou. Criamos uma amizade com ela, que nos presenteou com este CD. A partir disso, nós passamos a escutar e acompanhar tudo o que saía delas. E durante esses cinco anos, fomos amadurecendo essa ideia de trazer as ganhadeiras como enredo por carregar uma grande força cultural. Quando chegamos na Viradouro, o apresentamos junto com mais três propostas e a presidência de cara escolheu esse”, declara.

      Estilo próprio e referenciais estéticos dos carnavalescos

      A Viradouro tem um histórico de enredos sobre mulheres, já foram Tereza de Benguela, Dercy Gonçalves e Bibi Ferreira. Segundo Marcus, é uma escola que tem uma alma feminina, que eles procuraram achar e resgatar. Destaca que com o enredo, tentam traduzir essa delicadeza e ao mesmo tempo adicionar o arrojo da juventude, que é necessário nesse momento de mudanças para o carnaval.

      viradouro barracao2020 3

      “A gente quis primar por um enredo que fosse inédito, algo que sempre procuramos em nossos trabalhos, o carnaval necessita de temas diversos e que as pessoas desconheçam. É uma das nossas marcas, sempre querendo trazer uma história nova para o carnaval, uma página desconhecida. Como fez muito bem na década de 70, o carnaval trouxe à tona Chica da Silva, Zumbi dos Palmares, por exemplo. E que hoje fazem parte dos nossa biblioteca nacional, o carnaval tem que ter essa contribuição”, enfatiza Marcus.

      Zanon explica que o estilo deles é de sempre tentar aliar o moderno com o clássico, onde eles possuem um olhar carinhoso com a história do carnaval e com os ensinamentos de seus mestres, daqueles que construíram a identidade artística carnavalesca.

      “É claro que quando as pessoas observarem o nosso carnaval na Viradouro elas vão ver características e traços da identidade histórica da festa. Mas também não podemos esquecer das características da escola, que também devemos nos adequar”, ressalta.

      viradouro barracao2020 2

      A dupla de carnavalescos formada pela Viradouro já possui uma larga trajetória na Série A com passagens por diversas escolas e com a conquista de títulos. Zanon estava anteriormente na Estácio de Sá, já há seis anos e Marcus no Império da Tijuca. A responsabilidade deles é grande, em defender um pavilhão onde já estiveram figuras como Joãozinho Trinta, marco do carnaval, e também do renomado Paulo Barros. Marcus destaca o peso deste posto e comenta desta responsabilidade.

      “A Viradouro é uma das grandes escolas do carnaval carioca e a nossa responsabilidade é fazer o melhor, já viemos com a nossa maturidade da Série A e estamos muito conscientes de tudo. E sempre sonhamos em alcançar esse objetivo, de chegar no Especial e de estar em uma escola que é muito estruturada e organizada, que dá uma tranquilidade para qualquer artista”.

      viradouro barracao2020 9

      A geração nova de carnavalescos que vem despontando no carnaval possuem a marca de propor e realizar carnavais com temas mais contemporâneos, muito devido ao suporte da internet. Zanon fala que quando o enredo foi revelado eles tiveram uma resposta muito boa do público.

      “Recebemos mesmo muitos elogios e aplausos por estarmos trazendo um enredo cultural e social, uma página da história brasileira que poucas pessoas conheciam e que é tão importante para todos nós, creio que conseguimos agradar 98% do público”, conta.

      Dificuldades de verbas para o carnaval de 2020

      Em meio a dificuldades na disponibilização de verbas para a viabilização do carnaval de 2020, Zanon ressalta a situação em que se encontra a preparação da Viradouro.

      “A Viradouro nesse sentido tem um certo privilégio por ser uma escola de Niterói e termos um aporte financeiro de lá. Mas isso não é o suficiente para se construir um grande carnaval, temos uma organização estrutural muito boa, a diretoria e presidência possuem um pensamento de gestão empresarial que faz com que o carnaval comece muito cedo. Com isso, podemos planejar o nosso cronograma de uma forma muito tranquila e conseguir fazer tudo com um custo muito menor”.

      viradouro barracao2020 7

      Ele ressalta também que o foco das confecções será na parte mais artesanal, visto ser um enredo regional. A parte artesanal será realmente o foco da escola, como forma de retomar, homenagear e representar as confecções das ganhadeiras artesãs.

      “Nós temos um estoquista que já é da escola há muito tempo e que possui guardado materiais até da época do Joãosinho Trinta. Conseguimos reciclar esses materiais e com isso trazer mais mão de obra para o nosso trabalho, empregando mais pessoas, que é um papel muito bacana. Será um enredo extremamente artesanal, se você me perguntar se o carnaval da Viradouro é caro eu te digo que não em material e sim em mão de obra”, explicou Zanon.

      viradouro barracao2020 8

      Carnavalescos falam da mensagem principal que o enredo pretende passar

      Zanon ressalta que a “nossa grande responsabilidade é trazer dentro desse enredo sócio-cultural a mensagem dessas mulheres, da força e da garra delas que lutaram muito e continuam lutando por liberdade, espaço e oportunidade, que representam todas as mulheres brasileiras. No fundo, nosso enredo é uma grande homenagem a todas as mulheres, o que elas sempre dizem, “no fundo toda mulher é ganhadeira” e é o que a gente acredita de verdade, é o que nós queremos passar para a Avenida. E como grandes lavadeiras que são, poder lavar a alma do brasileiro, do carioca e dos sambistas”.

      viradouro barracao2020 5

      Marcus diz que o tom do desfile é social mas que o ‘Viradouro de alma lavada’ é um enredo de uma escola que nunca se enxergou partidária.

      “O repertório delas em nenhum momento fala de escravidão e de dor, fala sim de bravura e de enfrentamento, de luta pela vida. E até independente da Viradouro, a gente nunca vai querer levantar bandeira, claro que a gente só vai levantar bandeira do geral e é o que a gente está fazendo. Estamos falando da mulher, da força das primeiras heroínas brasileiras, uma linguagem motivacional. Durante todo o processo de construção do carnaval a gente se encontrou chorando, se arrepiando com essas histórias de superação. A gente não quer tocar nosso carnaval de uma forma partidária, mas um carnaval que luta pelas classes populares do país, através da história delas”.

      Entenda o desfile:

      A Viradouro virá com 6 alegorias, sendo o abre-alas acoplado e com 4 tripés, o limite máximo permitido. Algo que é um grande desafio, visto ser um carnaval grandioso e com uma volumetria, mas Zanon afirma que as equipes estão muito bem preparadas e seguras do que estão produzindo.

      O que se viu no Barracão da Viradouro foi uma extrema organização, limpeza e mesmo uma qualidade do espaço. Embora ainda estivesse com alguns carros em confecção, os que estavam sendo finalizados mostraram uma qualidade de pintura e estética. Destaque para delicadeza dos detalhes nas alegorias.

      Setor 1: A Viradouro abre seu desfile contando sobre a lavagem e a pesca, as primeiras formas de ganho, o primeiro contato delas com a água . Representarão o grande “prelúdio das águas”, que é uma de suas músicas.

      “Resolvemos dar uma sutileza e sensibilidade maior para esse setor porque é a abertura da escola e justamente porque essas mulheres acordavam muito cedo para ir lavar. E se tem toda uma mística envolvendo isso, porque enquanto elas lavavam, também cantavam sob o nascer do Sol. Segundo os relatos delas, ouviam a voz da sereia cantar e a partir daí elas replicavam as músicas dessas sereias, com isso elas começaram a compor esses cantos entoados à beira da lagoa”, conta Zanon.

      Setor 2: O ‘fuá da mercação’ contará a história de como começou esse ganho. ‘Fuá’ é um termo que elas utilizam para designar ‘bagunça da mercação’ e remete ao ato delas de pegar produtos da natureza, principalmente caranguejos, cocos, frutas, para poder fazer o comércio de rua, que serão representadas pelas baianas da escola. Junto disso também será representada a bica de Itapuã, local onde essas mulheres se encontravam para poder confabular as alforrias, onde também elas pegam a água para poder vender.

      “Mostramos aqui as primeiras formas de ganho das quituterias, que são essas figuras baianas tão conhecidas, as que fazem o acarajé, o quindim, o vatapá. Elas são as primeiras ganhadeiras que vem na representação da ala de baianas. Após isso, chegamos na bica de Itapuã, nesse período do século XVIII não se tinha água encanada, então existia esse ponto de encontro. E a gente termina esse setor com as vendedoras de água, conhecidas como as aguadeiras”, explica Zanon.

      Setor 3: Será o último momento do ganho, onde as ganhadeiras recebem uma nova denominação, que são as ganhadeiras ‘caxinheiras’, quando a manufaturas passam a fazer parte da venda dessas mulheres. Onde iniciam a venda do artesanato de retalhos, de aviamentos, muito do que os senhores tinham em casa e a negritude e os povoados de Itapuã não podiam ter em seus cotidianos.

      “A gente fecha o setor falando da principal manufatura que o negro trouxe da África para Salvador, que é a arte do metal, a metalurgia. As mulheres alforriadas criam as ‘joias de crioulas’ para poder mostrar a sua autoridade e liberdade, o seu empoderamento frente a sociedade, que eram feitas pelas descendentes de africanas já alforriadas. Os balangandãs e toda aquela arte de pulseiras que a gente conhece, como os colares da Bahia”, conta Marcus.

      Setor 4: Será quando as ganhadeiras conquistam a liberdade nas ruas de um bairro de Itapuã, e, com isso passam a fazer parte das grandes entidades culturais e rítmicas do bairro. A primeira manifestação cultural é o ‘rancho das flores, um local onde se tinham raízes negras, indígenas, cafuzas, o terno de reis que persiste até o hoje, e a primeira folia de reis de Itapuã que vem com a figura dos palhaços.

      “Falaremos aqui dos afoxés que é um ritmo muito disseminado na Bahia e principalmente em Itapuã, o ‘Malê Dêbalê’ que influenciou culturalmente muito o repertório musical das ganhadeiras e o ‘Oyá Odê” que é um afoxé que fazia menção as entidades do candomblé. Falamos também das cheganças marítimas que é uma procissão de marujos, uma espécie de marujada em que eles encenavam à beira-mar de Itapuã. Fechamos esse setor com o quarto carro que faz menção a contribuição desses grupos para a formação do sambas das ganhadeiras de Itapuã, que elas denominaram como ‘samba de mar aberto, já que a praia de Itapuã é a primeira em que se tem a total ligação com o Oceano Atlântico. Esse carro faz menção a imagem que temos das ganhadeiras no carnaval de Itapuã, o carnaval de orla, abaixo do farol de Itapuã, que também é vermelho e branco. Ou seja, a cultura delas sendo a síntese de tudo o que elas tiveram como contribuição cultural do bairro, de Salvador e do Nordeste também, com as cirandas, o samba batido na palma da mão, o pé na areia, os grupos de afoxés e os sambas de roda”, afirma Marcus.

      Setor 5: É um setor religioso de representação das festas religiosas e como um espaço de agradecimento delas, que elas são muito gratas por tudo o que conquistaram: “A maioria delas é católicas e parte são candomblecistas. Mas elas são anti-sincréticas e não gostam de utilizar palavras do sincretismo, que para elas só as afasta. No entanto, todas participam de ambas festividades, quando se faz um balaio pra Oxum, as católicas participam e quando se faz a lavagem da igreja de Nossa Senhora da Conceição, todas as candomblecistas comparecem, é uma relação muito respeitosa. Nesse setor passamos por todas essas festas, o bando anunciador que especificamente em Itapuã passa para anunciar as festas religiosas; a missa de São Tomé que elas são devotas; a Missa do Anzol de São Pedro que é o santo pescador; um mar de flores para Iemanjá, porque a primeira forma de economia dessas ganhadeiras foi a extração do óleo da baleia e hoje isso é proibido, então elas participam de um bloco chamado de “a festa da baleia” onde um artista de Itapuã constrói uma grande baleia para ofertar à Iemanjá como se fosse uma oferenda, devolvendo para o mar tudo aquilo que elas retiraram no passado. Termina o setor com a lavagem da escadaria Nossa Senhora da Conceição, onde teremos uma grande surpresar nesse carro”, destaca Zanon.

      Setor 6: Consagram, por fim, outros grupos de mulheres que assim como as ganhadeiras, possuem suas identidades locais e culturais com a musicalidade em seus trabalhos: “Abrimos aqui uma grande ciranda para que essas mulheres, junto com as ganhadeiras, possam celebrar a força da mulher brasileira. Citamos aqui as destiladeiras de fumo; as quebradeiras de coco babaçu do Maranhão; as farinhadas de Barrocas; as cantadeiras do sisal, que são dois grupos baianos; as lavadeiras de almenara que assim como elas lavam e mantém até hoje o sustento de suas famílias. Encerramos o desfile da Viradouro trazendo as ganhadeiras de Itapuã como esse símbolo de empoderamento feminino e visão para o futuro, de mulheres que hoje remontam a sua história na afirmação da identidade da mulher brasileira”, finaliza Marcus.