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Império da Uva traz bonita mensagem para Darcy Ribeiro mas não empolga

Por Lucas Santos. Fotos de Magaiver Fernandes

Última escola da Liesb a desfilar na Intendente Magalhães, o Império da Uva de Nova Iguaçu apresentou as ideias do pensador Darcy Ribeiro para modificar o contexto social que afligem os indígenas, negros e pobres mas pecou na estética das fantasias, em evolução e na harmonia.

De positivo ficou o enredo, de fácil leitura e bem apresentado com uma bonita mensagem pelo carnavalesco Silvio César Ribeiro, assim como os carros coloridos e de boas soluções de iluminação. A escola foi a campeã do grupo C em 2019 e se conseguir continuar no grupo ficará a sensação de ter cumprido seu objetivo.

Comissão de frente

A comissão de frente trouxe uma coreografia que não apostavam tanto em movimentos acrobáticos mas dialogava de forma expressiva com a letra do samba. Efeito observado no refrão quando há o trecho ” e samba” em que os componentes literalmente sambavam. Outro momento foi no trecho da ditadura militar da obra que os integrantes seguravam uns aos outros em movimentos bruscos A fantasia representava uma espécie de guarda com bonitas penas no chapéu na cor verde da escola. Apesar de não ter um acabamento tão perfeito, trazia um bom gosto principalmente nas armaduras que reluziam em efeito de pedras preciosas.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal Cristiano Foguinho e Edna Ramos apostou em uma coreografia mais focada em movimentos graciosos e sensuais. Edna apresentava em alguns momentos expressões e movimentos mais descontraídos nos trechos do samba que remetiam mais à leveza da vida de Darcy, como o que falava da”passarela do samba, reduto de gente bamba”. Como ponto negativo da apresentação ficou a falta de proximidade do casal. Ainda que demonstrasse muita sensualidade e leveza, faltou aproximação aos dois.

Evolução

A evolução vinha bem dançando sem correria até a escola ter um pequeno problema por conta de dificuldade em empurrar a segunda alegoria. O problema poderia ter sido pontual mas deixou um pequeno buraco logo antes do terceiro módulo de julgamento. Depois deste momento a escola retomou a boa evolução mas voltou a pecar de novo no fim do desfile demorando a encerrar a apresentação, evoluindo de forma muito lenta.

Harmonia

O carro de som comando por Rogério Santos até chamou os componentes mas o canto da escola não foi legal. Parecia que apenas algumas alas da comunidade realmente estavam cantando. A grande maioria passou sem mexer a boca.O único destaque talvez ficou com a última ala da escola que trazia a velha guarda declamando a obra com vontade.

Fantasias

O Império da Uva apostou em trazer no um início de desfile cores mais cítricas nas penas do chapéu. O verde da escola também estava bastante presente. Mas o aspecto visual da parte de baixo das fantasias não impressionou. O investimento maior estético foi na cabeça e esplendores. O nível até aumentou depois do primeiro carro mas já no final do segundo setor as fantasias voltaram a apresentar o mesmo problema.

Alegorias e Adereços

Um dos destaques do desfile foi as três alegorias que possuíam uma qualidade muito interessante e uniforme. A primeira alegoria trouxe o povo indígena um dos personagens que mais sofrem pelo contexto social assim como citado no enredo. Alguns animais ornavam a alegoria, como a onça e peixes, que era completada por foliões em bonitas fantasias indígenas. Na segunda alegoria, uma bonita imagem de Darcy Ribeiro e componentes fantasiados de lápis em um colorido interessante representando a importância que o pensador dava a educação. Por fim, o terceiro carro encerrava o desfile com muito bom gosto trazendo a passarela do samba destacando um casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira com o pavilhão do Império da Uva, alguns pierrots e colombinas na parte da frente, e a bandeira de outras escolas de samba atrás. A aposta em todos as alegorias foi em uma iluminação simples mas bastante funcional.

Enredo

O enredo “Darcy Ribeiro – O homem muito além do seu tempo” passou bem o recado apostando em setorizar de forma clara no início aqueles que Darcy queria ajudar principalmente com suas ideias, no segundo setor as ações e as dificuldades que o pensador teve que enfrentar como a ditadura e na última parte, um recado para que as pessoas possam valorizar a cultura brasileira, representada pelo carnaval, como artifício usado por Darcy para enfrentamento da desigualdade social.

Samba-enredo

O samba-enredo veio em primeira pessoa trazendo uma visão do próprio Darcy de suas experiências desde o nascimento em Minas Gerais e depois em um segundo momento falando de suas realizações. Apesar de uma letra poética como no trecho “no sonho que nasce no amor verdadeiro, guerreiro de fé é o povo brasileiro”, os refrões mais dolentes faziam com que o samba não apresentasse um clímax para o canto.

Bateria

A bateria de mestre Dó apostou em passar de uma forma um pouco mais reta e trouxe apenas algumas bossas que mais serviam para manter o andamento do samba. Destaque para um toque mais afro no trecho do samba que cita “o negro oprimido” e no trecho logo antes do segundo refrão onde era feita uma pequena paradinha para que os componentes cantassem “Sou eu Império da Uva de Nova Iguaçu”

Outros destaques

As baianas da escola trouxeram uma interessante mistura de tons cítricos, amarelo, laranja ainda com um pouco do verde da escola. Na cabeça algumas frutas para que estás pessoas pudessem ser homenageadas representando o que o enredo chama de “fruto do saber”.

No segundo setor destaque para a ala da ditadura que trazia as pessoas fantasiadas de operário com um diabo nas costas. Por fim, os ritmistas da bateria comandada por Mestre Dó vieram fantasiados de “formandos” usando uma bata com o verde da escola.

Em Cima da Hora homenageia Carlinhos de Jesus em desfile na Intendente Magalhães

Por Victor Amancio. Fotos de Magaiver Fernandes

Desfilando uma homenagem ao grande malandro Carlinhos de Jesus, a Em Cima da Hora fez um desfile empolgante com uma comissão que arrancou aplausos e gritos de euforia de quem assistia.

Comissão de frente

Ponto alto do desfile, trazendo malandros da ralé com muito samba e gingado a comissão foi um acerto do desfile. Bem dançada e com uma boa coreografia o público se empolgou com a apresentação. Os malandros dançaram e no último ato da apresentação surge um menino sambando e por fim ele erguido pelos bailarinos ergue uma placa com a frase ‘eu amo o samba’.

Casal

Fantasia o casal com requintes de luxo e impressiona pela beleza. Contudo, o casal deixa a desejar com bailado que pareceu inseguro. Sem sincronia o mestre-sala dançou num tempo diferente da porta-bandeira. Ele mais rápido e ela mais lenta.

Harmonia

O samba foi cantado pelos componentes mas oscilou em algumas alas. O cantor segurou bem o samba junto com a bateria que fez boa apresentação.

Evolução

Evoluindo de forma correta, sem correria e soltos, os componentes da Em Cima da Hora fizeram um bom desfile em termos de evolução.

Samba enredo

O samba funcionou na comissão com o público que cantou junto com a escola deixando o desfile mais empolgante.

Enredo

O enredo da Em Cima da Hora fez uma reverência aos malandros sambistas, independente das mazelas que vivem e classes sociais que pertencem. A partir dessa linha, o enredo homenageia o grande malandro sambista Carlinhos de Jesus.

Alegorias

O abre-alas veio com uma escultura do sambista e tinha diversos dançarinos fazendo coreografias e sambando em cima do carro. Alegorias não apresentaram nenhum problema e passaram bem no desfile.

Fantasias

Simples e com algumas falhas de acabamento. Ala das baianas da escola veio com algumas partes caindo e as senhoras precisaram segurar para não cair. Pode ser um dos problemas da escola na apuração.

Bateria

Sem cometer falhas e permitindo um bom desempenho do samba, a bateria fez bossas criativas e caiu nas graças do público.

Fotos: Desfile da Em Cima da Hora no Carnaval 2020

Lins Imperial canta forte e entra na briga para desfilar na Sapucaí

Por Bernardo Cordeiro. Fotos: Magaiver Fernandes

A busca para retornar a Sapucaí se torna cada vez mais perto para a escola de samba Lins Imperial. Com o enredo, “Pinah, a soberana” a verde e rosa do Lins apresentou a divindade suprema que a sambista Pinah alcançou por toda a sua representatividade e força da negritude, reforçando que o título de realeza lhe pertence para sempre.

Além disso, a escola percorreu diversos momentos na história de Pinah no último setor, focando mais no viés da negritude no conjunto da escola, trazendo uma imagem clara e belíssima: é necessário recordar as memórias da travessia por Kalunga Grande e as nobrezas vindas da África que atracaram em um Brasil que tentou apagar suas histórias.

Destaque para a presença de diversas referências a grandes destaques negros que já morreram, mas que vivem eternamente na lembrança e na importante realeza que atingiram durante a vida como Luiz Gonzaga, Ismael Silva, Tia Ciata e tantos outros.

Comissão de Frente

Dança com referência a rituais africanos, a Comissão de Frente demostrou sincronia, força e entrosamento com o samba de maneira muito correta. Além disso, o público se emocionou e aplaudiu muito quando no toque do tambor, Pinah aparece e sambou em cima do elemento cenográfico, um grande tambor africano.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O casal Weslen Santos e Manoela Cardoso executou uma dança com bailado rápido, dinâmico e regular. O entrosamento dos dois junto a melodia do samba enredo, foram um destaque importante. No geral, o casal foi extremamente técnico na dança.

Alegorias e Adereços

O ponto alto e certeiro para o desfile da Lins Imperial alavancar na frente na busca do título. Eduardo Minucci e Ray Menezes, carnavalescos da escola, demonstraram toda a capacidade técnica e criativa para executar os carros alegóricos com riqueza de detalhes e esteticamente impecável. Destaque principal para o abre alas com a Águia, símbolo da agremiação, em perfeito movimento nas asas e no pescoço.

Fantasias

A criatividade foi o diferencial no desfile da verde e rosa do Lins. Todas as alas eram extremamente detalhadas, com a paleta de cores combinando entre os setores e principalmente, a boa qualidade dos matérias que eram leves, luxuosos e brilhavam ao refletir a luz.

Evolução

Talvez, o único quesito que possa atrapalhar a escola. No primeiro módulo, o ultimo carro demorou a andar pela dificuldade ao empurra-lo devido ao grande tamanho e peso. Porém, a escola se apresentou coesa e com bom rendimento pelo resto do desfile.

Harmonia

Mais um bom quesito para a Lins Imperial. A melodia e a letra agradavam quem estava na Intendente Magalhães por volta das 2h. Todas as alas cantavam o samba, principalmente no refrão da cabeça com o verso ”Pinah,ê ê,ê, Pinah” que ecoou pela escola com muita força.

Samba Enredo

O samba mais cantado com uma melodia muito boa de se escutar e cantar. A letra parece estar em contato direto com o enredo. O início da letra sobre as raizes africanas e a navegação por Kalunga Grande, encaixa perfeitamente com a coroação de Pinah na Deusa da Passarela, Beija-Flor, com “alma azul e branca”. Destaque para o refrão da cabeça extremamente forte e com riqueza melódica.

Enredo

A genialidade se confirmou quando o enredo foi para pista na Intendente Magalhães. Apesar de ser titulado “Pinah, a soberana” a escola conseguiu mostrar que a sambista, negra e mulher se transformou em divindade porque é herdeira e produto de memórias, sempre exaltando a negritude. A leitura das alas e alegorias era de fácil compreensão em junção ao enredo. Não era necessário o abre alas para entender a mensagem que a escola transmitia durante a apresentação. Um enredo necessário, poético e brilhante, com essência e força.

No geral, a Lins Imperial é forte candidata ao título de 2020 na Série B graças ao seu desfile correto, luxuoso, emocionante e principalmente, necessário para recordar as memórias das raizes africanas.

Engenho da Rainha traz Hollywood para o Nordeste brasileiro em desfiles com altos e baixos

Por Diogo Sampaio. Fotos: Allan Duffes

A Acadêmicos do Engenho da Rainha fez uma apresentação mediana, de altos e baixos nos quesitos, ao retratar o Nordeste como a Hollywood brasileira através do enredo “De Roliúde ao Sertão: Luz, Câmera e Ação”, assinado pelo carnavalesco Leo Jesus. A agremiação foi a sexta escola do segundo dia de desfiles do Grupo Especial da Intendente Magalhães, só cruzando a passarela de fato já na madrugada desta quarta-feira. A primeira academia do samba terminou sua passagem com 45 minutos no total.

Comissão de Frente

A comissão de frente assinada pelo coreógrafo Rodrigo Avellar trouxe em sua apresentação um total de 12 integrantes, sendo oito deles vestidos com trajes coloridos e carnavalizados, e outros quatro com fantasias mais próximas a figurinos. Com uma coreografia que mesclava dança e teatralização, a comissão tinha seu grande momento quando os personagens que a formavam ficavam em volta do componente que representava Jesus, puxando, em seguida, parte da saia da roupa, para no final, mostrar através dos panos cartazes de filmes sobre o Nordeste ou que se passam lá. O grupo passou pelas cabines sem cometer erros, com exceção da primeira, onde um dos integrantes teve dificuldades e atrasou para fazer o movimento de puxar o pano.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

No segundo ano como casal principal de mestre-sala e porta-bandeira da Engenho da Rainha, Rafael Gomes e Mônica Menezes, mostrou muita cumplicidade e entrosamento. Com uma roupa leve e sem luxo, a dupla se apresentou pelas cabines de julgamento e deve perder pontos pela indumentária da porta-bandeira, que tinha graves falhas de acabamento na saia.

Harmonia

A escola teve uma harmonia que cresceu ao longo do seu desfile. No início, ficou evidente a falta de canto das alas, escancarada por uma paradinha em que os ritmistas e o carro de som ficavam em silêncio por alguns segundos. Entretanto, ela foi crescendo durante a apresentação, com os componentes tendo abraçado o samba e o defendido com vontade, principalmente a partir do meio para o fim do desfile.

Evolução

Ao longo de sua passagem pela passarela popular da Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, Zona Norte do Rio, a Engenho da Rainha apresentou alguns pequenos clarões, principalmente em frente ao último módulo, devido a uma correria para completar o desfile. O espaçamento entre componentes, além do embolamento entre alas distintas, foram outras consequências que devem acarretar em descontos de décimos no quesito.

Fantasias

Idealizado pelo carnavalesco Leo Jesus, o conjunto de fantasias do Engenho da Rainha se destacou pela concepção criativa aliada ao bom emprego de materiais baratos. De fácil leitura, as indumentárias traziam em sua maioria cabeças grandes ou adereços de mão, recursos utilizados para crescer em volumetria as alas da escola.

Alegorias e Adereços

Assim com as fantasias, as alegorias também apostaram na simplicidade e na fácil leitura. No entanto, os carros não obtiveram o mesmo resultado final, tendo falhas de acabamento.

Enredo

Por meio do enredo “De Roliúde ao Sertão: Luz, Câmera e Ação”, a proposta do carnavalesco Leo Jesus era homenagear o cinema nacional brasileiro, além de falar da representatividade do Nordeste na produção e na ambientação de filmes. Com uma estética que alinhava simplicidade e baixo custo, a agremiação conseguiu passar com clareza a mensagem.

Samba-Enredo

Em sua estreia no microfone oficial da agremiação, o intérprete Dowglas Diniz conduziu com segurança o samba escrito por Jorginho Moreira, Bilico do Ponto e parceiros. Porém, não foi o suficiente para que a obra tivesse um rendimento maior que regular no desfile. Com letra simples e melodia animada, o samba não empolgou ao público presente, além de não ter sido cantado por algumas alas e componentes.

Bateria

Ao longo de toda a apresentação do Engenho da Rainha, os ritmistas comandados pelo Mestre Leonardo Jorge mantiveram um bom desempenho e não cometeram erros aparentes. Em referência a temática nordestina do enredo, a bateria da escola apostou na realização de bossas e convenções inspiradas em ritmos da região, como o forró e o baião.

Beija-Flor resgata sua identidade e volta a fazer alegorias luxuosas

Sendo a última escola a pisar na Avenida, na noite da última segunda-feira, a Beija-Flor de Nilópolis fechou o ciclo de desfiles das escolas de samba do grupo especial em 2020. Com o enredo “Se essa rua fosse minha”, a Deusa da Passarela narrou a evolução do homem e sua trajetória pelas ruas e caminhos. No quesito alegorias, a escola da baixada resgatou algumas de suas raízes e apresentou duas composições grandes e luxuosas, com destaque para o abre-alas e o segundo carro.

A alegoria que abriu o desfile da agremiação, intitulada “O Voo do Beija-Flor Glacial”, retratou o homem de Cro-Magnon, que viveu a última era glacial e teve seus caminhos abertos e iluminados pelo sol. O enorme carro era elaborado em tons de branco e azul-claro e contava com um Beija-Flor, símbolo da escola, na dianteira. A composição foi uma das favoritas entre os nilopolitanos.

“Agora estamos com a cara da Beija-Flor. Carros luxuosos e grandes. Foi isso que fez com que nós fôssemos apelidados como a Deusa da Passarela. Estamos acostumados com isso, desde a época de Joãozinho Trinta. O abre-alas é muito bonito, bem-feito, o meu preferido”, afirmou Neide Tamborim, madrinha da bateria da agremiação.

Outra composição que chamou a atenção pelo tamanho foi a alegoria número dois. O carro, nomeado como “Todos os caminhos levam a Roma”, fez uma homenagem ao Império Romano, precursor na construção de grandes estradas. Tendo sua estrutura semelhante a arquitetura e cotidiano da época retratada, levou para a Avenida esculturas de cavalos e escadarias com componentes vestidos como gladiadores.

Alessandra Oliveira, que é coreógrafa da ala Emoções e irmã de Fran Sérgio, o ex-carnavalesco da agremiação, estava torcendo pelo retorno da escola à antiga forma de fazer alegorias.

“Grandiosidade sempre foi o estilo da Beija-Flor. Eles tentaram uma nova abordagem, porém essa é a marca da escola, não tem jeito”, afirmou a professora de dança, que está na azul e branca de Nilópolis há mais de duas décadas.

No ano anterior, a agremiação levou para a Avenida carros pequenos e com uma leitura teatralizada. A escolha não funcionou no desfile e também prejudicou as notas da escola. A esperança dos componentes da Beija-Flor é de que a “Deusa da Passarela” se erga da décima primeira posição alcançada em 2019. O retorno das composições luxuosas pode ser o primeiro passo para que a agremiação retorne no sábado das campeãs.

União de Maricá faz desfile com problemas de evolução e estoura o tempo máximo

Por Victor Amancio. Fotos: Allan Duffes

Problemas de evolução marcaram o desfile da União de Maricá. O desfilei iniciou mais lento e encerrou com correria para não estourar o tempo. Destaque para o casal que fez uma boa apresentação. Levando o enredo ‘Tempos idos’ a agremiação terminou o desfile com 53 minutos.

* VEJA AQUI FOTOS DO DESFILE

Comissão de frente

Comissão de frente bem dançada com bailarinos fazendo uma coreografia forte e com passos sincronizados. No primeiro módulo o cinto de um dos bailarinos caiu podendo atrapalhar na avaliação.

Casal

O primeiro casal da escola dançou com um bailado, precisão nos passos e sintonia entre o primeiro casal da agremiação. Vestindo uma fantasia simples representando Oxossi e Oxum os dois utilizaram na coreografia passos afros e arrancaram aplausos do público. No primeiro módulo a bandeira tocou no mestre-sala na finalização da coreografia.

Harmonia

O intérprete Matheus Gaúcho desempenhou bem a função e cantou bem o samba da escola. Por mais que o intérprete tenha se esforçado a comunidade não comprou a briga e o canto foi fraco.

Samba Enredo

O samba da União de Maricá desfilou dentro da proposta de enredo da escola porém, não teve bom desempenho por causa do canto.

Enredo

O enredo da escola trouxe para o desfile a África no Brasil, o povo, seus orixás e principalmente sua história. Era possível visualizar nas fantasias a história que foi contada.

Evolução

O início do desfile começou mais lento, a escola não evoluía para frente e no fim acabou tendo que correr e estourou o tempo máximo, encerrando o desfile com 53 minutos. Os componentes evoluíram com pouca alegria e expressividade.

Alegorias

O abre alas representava um navio em referência à chegada ao cais do Valongo. Os destaques era bem vestidos porém a alegoria apresentou problemas com iluminação e passou apagado. Desfilando com um tripé simples e quase sem informação. O segundo carro bonito com esculturas representando a malandragem do Rio fechou o desfile.

Fantasias

Fantasias simples mas de fácil entendimento e dentro do enredo proposto. Passou sem defeitos aparentes nas roupas dos componentes.

Bateria

Desfilou bem, fazendo diversas bossas e sem atrapalhar o andamento do samba-enredo.

Fotos: Desfile do Império da Uva no Carnaval 2020

Parque Acari empolga o público cantando o amor, mas tem contratempo com o pavilhão do primeiro casal

Por Eduardo Fróis. Fotos: Allan Duffes

Segunda escola a desfilar pela Estrada Intendente Magalhães na noite de terça-feira, a União do Parque Acari veio falando das histórias de amor. A entidade que é oriunda da junção entre as escolas Corações Unidos do Amarelinho e Favo do Acari fez uma apresentação empolgante. Porém, a União cometeu falhas que devem dificultar um possível acesso da escola à Série A do carnaval carioca.

Enredo

O título do enredo da agremiação era: “No início a criação, o céu, a terra e o mar, com isso a junção cada um com o seu par. Viva o amor”. A escola trouxe para a passarela do samba histórias de amor que se tornaram famosas. As alas e alegorias eram de simples associação ao tema proposto, contribuindo para a compreensão da passagem da União do Parque Acari.

Comissão de Frente

Os onze componentes da comissão de frente estavam representando a “água”, a “terra” e o “ar”, vestindo fantasias leves nas cores verde-água, marrom e azul. Eles realizaram um bailado sincronizado, cantando o samba da escola com muita energia. A coreografia era dinâmica, intercalando movimentos acelerados e leves, sendo um ponto alto do desfile da Acari.

Samba-Enredo

O hino da União do Parque Acari para 2020 citava em sua letra famosos casos de amor, indo de “Scherek e Fiona” a “Lineu e Nenê”. Com autoria de Nego do Ninho, Fogueira, Amauri Inspiração e Sr. Miguel, o samba foi interpretado por Sandro Jota R e agitou as arquibancadas da Intendente. Destaque para os versos do refrão do meio: “Amor bandido fere o coração/ Se não é correspondido, violência não/ Até o corcunda se apaixonou/ Branca de Neve com um beijo se apaixonou”.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Rafael Gomes e Nani Ferreira estavam muito bem vestidos nas cores da escola: rosa, amarelo e branco. A saia de Nani carregava brasões da União do Parque Acari, envolvidos por penas amarelas e plumas rosas. Rafael vestia amarelo e dourado, esbanjando carisma e desenvoltura nos passos. Ambos passaram muito bem no primeiro módulo de julgamento, apresentando o pavilhão da escola e arrancando aplausos do público e dos jurados.

No entanto, durante o bailado em frente a segunda cabine, a ponta do pavilhão se desprendeu do mastro, enrolando a bandeira da União. O casal não se deixou abalar pelo incidente, dando continuidade a apresentação enquanto a direção de harmonia efetuava a troca de pavilhão, substituindo pela bandeira que vinha com o segundo casal.

Harmonia

A União se apresentou com uma comunidade que cantava desde o início. As primeiras alas vieram com muita empolgação. Porém, haviam pessoas desfilando sem saber o samba-enredo. As alas da branca de neve e das baianas pareciam sentir o cansaço da apresentação. O último setor da escola voltou a cantar forte, levantando a arquibancada, que passou a acompanhar o desfile com palmas.

Evolução

A agremiação de Acari demonstrou boa evolução em sua entrada na Intendente Magalhães. Ja no meio da pista, a escola parou alguns instantes enquanto era feita a troca do pavilhão do primeiro casal, após a segunda cabine de julgamento. Logo depois, a União retomou seu desfile com a empolgação do início. No final, a escola abriu alguns buracos na pista: antes e depois do segundo casal, e na frente do terceiro carro. A União fechou sua passagem com 43 minutos.

Alegorias

Foram apresentados três carros alegóricos, bem acabados e dentro do enredo da União do Parque Acari. O abre-alas era amarelo, dourado, rosa e verde, trazendo os símbolos da escola: um aperto de mão e uma coroa. Nas laterais, referências às agremiações que, ao se fundirem, deram origem a União: Corações Unidos do Amarelinho e Favo do Acari. A segunda alegoria era um jardim, com uma árvore no centro e a decoração inteira em verde. Destaques do carro representavam a fauna e flora, dando variedade de cor ao carro. Já o último carro passou extremamente colorido, encerrando o desfile.

Fantasias

A União apresentou, no geral, um bom conjunto de fantasias em suas alas. Os figurinos facilitavam a leitura do enredo da escola, que cantou o amor. Destaque para a uniformidade dos componentes da escola, que vieram com a fantasia completa. As alas do último setor passaram com vestimentas mais simples, porém nada que comprometesse o conjunto visual da Acari.

Bateria

A bateria manteve a sustentação do desfile da União do Parque Acari, com uma forte pulsação que empolgou as arquibancadas da Intendente. O andamento foi constante durante toda a apresentação da escola da Zona Norte.

Aydano André Motta: ‘No Carnaval da indefinição, todo mundo tem um ‘mas’ para chamar de seu’

    Por Aydano André Motta

    A fila da criação carnavalesca andou – não para, na verdade – e embaralhou o resultado do desfile das grandes escolas de samba. Os novos artistas da festa ganham espaço crescente, com leituras diferentes, abordagens inéditas e atitude renovadora, que modifica a estética e as narrativas do espetáculo. Com qualquer desfecho para 2020, nada será como antes na Sapucaí.

    Houve o tempo em que tudo era Joãosinho Trinta, Rosa e Renato, Paulo Barros. Acabou. Leonardo Bora e Gabriel Haddad, Edson Pereira, Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, Leandro Vieira, Jorge Silveira, João Victor Araújo chegaram para oxigenar o Carnaval, que, numa ciranda virtuosa, ganhou sambas melhores e desfiles mais interessantes.

    Viva a diversidade!

    Dela, nasce agora a mãe de todas as perguntas: quem vai ganhar? Nada menos do que oito escolas podem sair campeãs nesta Quarta de Cinzas, quantidade inédita na história recente do babado. Viradouro, Mangueira, Grande Rio, Portela, Vila Isabel, Salgueiro, Mocidade e Beija-Flor (pela ordem do desfile, notou?) vão tentar pôr o sono de volta no lugar, na noite da terça-feira, sonhando com a primeira colocação. E todas elas igualmente podem sequer voltar no Sábado das Campeãs.

    Um ponto de interrogação maior do que o Cristo negro crucificado da Mangueira – imagem definitiva do Carnaval 2020 – serve de emblema ao desfile. Vamos lá:

    – A Viradouro levantou a plateia com seu “Ó mãe, ensaboa mãe”, mas passou com carro apagado.

    – A “Estação Primeira de Nazaré” foi ousada e imponente com sua versão para a história de Jesus, mas teve problemas com o canto e o samba.

    – A Grande Rio empolgou com o hino mais lindo de sua história e o trabalho da dupla Bora/Haddad, mas se enrolou na entrada do abre-alas.

    – A Portela teve a águia do revigorado Renato Lage e seu chão incrível, mas sofreu no início de sua apresentação.

    – A Vila Isabel contrariou os gatos-mestres do pré-carnaval com excelente desfile, mas não conseguiu explicar o enredo.

    – O Salgueiro surgiu lindo e com a força encarnada que marca sua trajetória gigante, mas toureou um samba fraco e acelerado.

    – A Mocidade cantou apaixonadamente por Elza Soares, mas pecou na estética de alguns carros.

    – E a Beija-Flor retomou seu lugar de Deusa da Passarela cantou como nos seus grandes momentos, mas tinha outro enredo indecifrável e ainda correu no fim.

    Reparou? Todo mundo tem um “mas” para chamar de seu. É a nova era do espetáculo, com mais nuances e surpresas.