ESTÁCIO DE SÁ
VIRADOURO
MANGUEIRA
TUIUTI
GRANDE RIO
UNIÃO DA ILHA
PORTELA
SÃO CLEMENTE
VILA ISABEL
SALGUEIRO
UNIDOS DA TIJUCA
MOCIDADE
BEIJA-FLOR
ESTÁCIO DE SÁ
VIRADOURO
MANGUEIRA
TUIUTI
GRANDE RIO
UNIÃO DA ILHA
PORTELA
SÃO CLEMENTE
VILA ISABEL
SALGUEIRO
UNIDOS DA TIJUCA
MOCIDADE
BEIJA-FLOR
Por Leonardo Antan
Depois de uma noite de alto nível criativo no domingo, as agremiações de segunda-feira não deixaram o sarrafo cair e o que se viu foi uma das brigas mais regulares e disputadas da história do carnaval. Apresentando trabalhos primorosos em propostas artísticas das mais diferentes linguagens, diversas escolas se colocaram na briga pelas primeiras posições, cada uma apresentando erros e acertos em seus vários quesitos. No geral, nenhuma agremiação fez um desfile arrebatador e que saiu na frente como a possível campeã de modo inânime… Sobre as narrativas da noite, tivemos tantos temas bem desenvolvidos como outros que pecaram em alguns aspectos.
Começando pelos destaques negativos, Unidos da Tijuca e Beija-Flor apresentaram vícios parecidos no desenvolvimentos dos seus temas. Ambas resolveram fazer um passeio pela história da humanidade com pontos de paradas para lá de conhecidos de todos os sambistas: Egito, Roma, Feníncios, Maias, Gregos e todo o tipo de povo importante da antiguidade. Um show de clichês que poderiam ter sido evitados se as duas agremiações apostassem em uma liberdade poética maior para abordar a arquitetura e as ruas. Na azul e amarela do Borel, o samba-enredo ainda tentou apresentar uma linha poética interessante ao abordar as construções em seu aspecto social e simbólico, mas não foi isso que se viu nas alegorias de Paulo Barros. Os efeitos do mago dos truques também não funcionaram também, apresentando um conjunto estético irregular e bem abaixo da expectativa. A novidade da linguagem da escola foi a aposta em pequenos tripés que se assemelhavam a maquetes e traziam os monumentos abordados no enredo, uma aposta interessante. Outro bom ponto do enredo foram as fantasias desenvolvidas por Marcus Paulo, apresentando bom gosto e clareza na proposta. Ainda sobre a Beija-Flor, a agremiação se reencontrou com seu estilo opulento e clássico, que andou sumido nos últimos carnavais. O enredo confuso e mal setorizado apresentou uma série de imagens clichês, faltando uma aposta numa narrativa mais ousada. As alegorias tinham pequenos problemas de acabamento, apesar do bom trabalho de volumetria. O apelo que fica para essas escolas é que não é sempre obrigatório contar a história de algo passando por toda a história da humanidade, um enredo é uma obra artística poética e aberta a interpretação, que não precisa de amarras tão historicistas.
Quem soube mesclar um mergulho mais histórico sem perder o rumo e ainda apresentar uma interessante crítica social foi a São Clemente. O enredo até voltou no Brasil colonial para contar as origens da expressão “Conto do Vigário”, mas não se preocupou em elencar elementos de maneira cronológica, mas soube brincar com os vários golpes e trapachas que marcaram a cultura brasileira de maneira leve e bem-humorada. As fantasias e alegorias se destacaram pelo amadurecimento do traço cartunesco e jocoso de Jorge Silveira, mesclando uma excelente leitura e coesão estética. Foi, sem dúvidas, um dos grandes trabalhos artísticos do ano, que pecou apenas pela falta de animação da preta e amarela ao vestir tão bem a proposta do artista em resgatar a identidade da agremiação.
Mesmo com o destaque positivo para São Clemente, veio de Padre Miguel o enredo mais bem desenvolvido da noite. A espera homenagem a cantora Elza Soares passou de modo competente pelas criações de Jack Vasconcelos, que nos últimos anos se destaca com um dos grandes enredistas do carnaval. A narrativa não deixou a desejar ao contar a trajetória da homenageada e mesclar a crítica social e as pautas de militância que a artista muito defende em sua trajetória. Surpreendeu apenas uma aposta numa estética mais tradicional de Jack, as belas fantasias apostaram nas tradicionais plumas e as alegorias em formas simples e facilmente identificáveis, além do uso de muitas palavras de ordem e letreiros que tentavam dar contar de sublinhar a ideia a ser passada. Elza e Mocidade são dois monumentos da cultura brasileira, seu encontro num merecido tributo foi uma das mais belas páginas da folia.
Quem também fez uma importante homenagem a um artista negro foi o Salgueiro. Celebrando os cento e cinquenta anos do palhaço Benjamim, a Academia do Samba levou a cabo este apelido e cumpriu mais uma vez sua função de trazer um personagem pouco lembrado da cultura nacional e que merece todos os tributos. Lá no morro salgueirense, o negro nunca saiu de cartaz! Apesar da importância política do tema, o que se viu foi um enredo que pecou em ser pouco biográfico demais e não apresentar tanto a vida do artista, mas sim explorar com bastante densidade o universo circense, não faltaram malabaristas, mágicos, músicos e lonas. Na estética, a aposta foi num visual mais hollywoodiano e internacional, uma aposta consciente de Alex de Souza num universo visual mais rico e alegórico do que teria sido os circos onde Benjamim se apresentou. Apesar de mais um trabalho competente do carnavalesco, ficou a sensação que as formas alegóricas e fantasias podiam ter sido mais ousadas e menos tradicionais.
Encerrando nossa narrativa sobre “narrativas”, a Vila Isabel dividiu opiniões ao apostar numa fábula para homenagear os 60 anos de Brasília. Ao invés da história linear da cidade, se viu um passeio pelo território nacional guiados por menino indígena chamado Brasil e guiado por Jaçanã. O tema, apesar de pouco contundente, apresento uma tentativa interessante em desencadear setores que apresentavam diversas ligações com a construção da nossa capital. Sem contar, que o tema apesar de problemático, fui muito bem materializado pelo bom gosto de Edson Pereira, que criou uma imponente e luxuosa abertura para azul e branco de Noel.
Renovação parece ser a palavra de ordem. Conteúdo também. Não cabem mais enredos batidos e rasos no carnaval, o surgimento de uma nova geração de carnavalesco reafirma um feliz momento de reinvenção artística da festa. Novas proposta em vários setores se destacam e ajudam a manter um alto nível de proposições, que se destacam pelo sua pluralidade. Em meio a isso, parece importante observar como artistas já consagrados e com longa carreira parecem se portar na Avenida e que soluções e criações eles apresentam nesse cenário em meio a tantas mudanças, alguns parece insistir em velhos truques que já não comunicam como antes, mais alguns outros seguem numa estética competente mais tradicional demais. O que se espera pro futuro da festa? Descobriremos na quarta-feira com apresentação o julgamento irá contemplar, seja qual ela for, certeza que muitas escolas vão correr atrás de repeti-las. É do jogo da festa.
A mensagem que fica dos desfiles é o tamanho das nossas escolas de samba, se foi um ano de crise não foi o que se viu na pista. A briga acirrada e equilibrada pelo título marca uma festa em pleno processo de reencontrar com usas principais vocações. Viva o carnaval!
Por Philipe Rabelo
A maior campeã do carnaval carioca teve a missão de fechar o domingo carnaval, e fez isso com maestria. Com o enredo “Guajupiá – Terra sem males”, assinado pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage, a azul e branca de Madureira desfilou com os primeiros raios de sol da segunda-feira e o que se viu foi uma escola bem vestida, com alegorias suntuosas. Seus quesitos de chão passaram no “jeito Portela de ser”. Sem exageros, cantando o samba e evoluindo muito bem.
Para Renato e Márcia Lage foi um desfile ainda mais especial. Era a primeira vez de ambos assinando carnaval na águia altaneira. Após o desfile, o casal avaliou a estreia.
“Melhor impossível. Foi como nós imaginamos. Um trabalho muito prazeroso pra toda escola e estou muito feliz”, disse Renato. Também satisfeita, Márcia comentou com o site CARNAVALESCO sobre o projeto inicial e o que foi apresentado.
“Foi um desfile maravilhoso. Conseguimos executar 100% do projeto de tudo que foi programado. E essa águia? Ficou espetacular”. concluiu.
Se por um lado havia um casal estreante a frente do desfile, na parte musical dois grandes talentos deram mais uma vez um show a parte. Gilsinho e Nilo marcaram mais uma vez seu nome na história Portelense e executaram ambos um excelente trabalho.
“Achei que foi um desfile ótimo. Mas precisamos esperar o jurado. Temos a certeza que até onde vimos o trabalho foi bem feito. Cantamos e evoluímos muito bem, agora é aguardar as notas. A bateria do Nilo veio perfeita, com andamento gostoso que queríamos pra escola evoluir e sambar”, afirmou o cantor.
Comandando uma das baterias mais respeitadas do carnaval, Nilo Sérgio estava na dispersão completamente feliz e satisfeito. Segundo ele, a expectativa é da nota máxima.
“Graças a Deus foi um andamento maravilhoso. Eu e o Gilsinho colocamos no andamento correto pra Portela fazer um belo desfile. Vamos brigar pelas cabeças e queremos a nota máxima hoje. Serei eternamente grato”, disse o mestre.
O presidente Luis Carlos Magalhães não conseguiu a emoção. Emocionado, o dirigente confessou que apesar desse enredo não ter sido a primeira opção da escola, foi muito bem desenvolvido pelos carnavalescos e que a chance de título é alta.
“Eu já esperava isso. Porque presenciei no barracão a construção do carnaval. Eu nunca vi a Portela tão bonita. Foi um casamento perfeito das tradições da escola com o novo carnavalesco. Assim como aconteceu com o Paulo Barros. Foi muito importante para eles e para nós. Até o enredo que não seria esse foi a maravilha que vimos. Agora é esperar o resultado. Temos a certeza que fomos competitivos e se bobearem a gente ganha”, disse Luis.
A frente da Tabajara, Bianca Monteiro estava deslumbrante. Entrosada com seus súditos e executando passos que iam de encontro as bossas propostas pela bateria, a rainha disse estar de alma lavada.
“Nosso dever foi cumprido. A Portela passou maravilhosamente bem. Estava linda e principalmente foi Portela. Todo mundo cantando na arquibancada mesmo de manhã foi emocionante. Tenho muito orgulho de defender essa bandeira e esse pavilhão. Estou de alma lavada”, concluiu.
O quesito Harmonia é o critério de desempate na apuração do Grupo Especial do Rio de Janeiro. O sorteio da leitura das notas foi feito na tarde desta quarta-feira, na sede da Liesa, e transmitida ao vivo pelo site CARNAVALESCO.
Confira abaixo a ordem de leitura dos quesitos: Fantasias, Samba-Enredo, Comissão de Frente, Enredo, Alegorias e Adereços, Bateria, Mestre-sala e Porta-Bandeira, Evolução e Harmonia. São cinco notas por quesito sempre com a mais alta e mais baixa descartada por quesito.
A equipe do site CARNAVALESCO acompanhou todos os desfiles da Liesb, pela Série B, na noite de terça-feira. Abaixo, você pode saber como foi cada apresentação. É só clicar no nome da escola.
‘Arma o circo e chama o povo, Salgueiro!’ A terceira escola a desfilar na Marquês de Sapucaí na noite da última segunda-feira decidiu exaltar uma personalidade negra pouco conhecida do grande público. Com o enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, a vermelha e branca fez uma homenagem ao palhaço Benjamin de Oliveira, ator, diretor, dançarino e precursor do circo-teatro que em 2020 comemora 150 anos de nascimento. Para compor o 5º carro alegórico, a agremiação convidou artistas negros para representarem os ‘milhões de Benjamins’.
Para o ator Aílton Graça, 55, que interpretou Benjamin de Oliveira ao lado dos artistas Nando Cunha e Hélio de La Peña, a emoção falou mais alto. Ele conversou com a reportagem do CARNAVALESCO minutos antes de passar na Avenida.
“A escola está linda de ponta a ponta, os brincantes do Carnaval vão se deliciar quando ver o Salgueiro passar”, ressaltou o ator emocionado com o convite da vermelha e branca . A jornalista Clarice Lispector e o Rei Momo estavam na lista de possíveis enredos, mas durante a pesquisa surgiu o nome de Benjamin que foi aprovado pela comunidade.
O presidente da escola, André Vaz, acreditou no potencial da escola e defendeu o enredo do carnavalesco Alex de Souza que apostou em um tema mais descontraído e com empolgação de sobra.
“Minha expectativa é que seja um desfile alegre, rico e que passe alegria para o público, nós estamos cansados de apanhar todos os dias com notícias tristes precisamos levar alegria para Sapucaí e convidá-los para entrar no circo do Salgueiro”, afirmou o presidente ainda na concentração da escola.
Os componentes também estavam ansiosos para pisar na Avenida e levar alegria aos espectadores. Rafael Eboli, 42, calouro na Sapucaí esperava com ansiedade o momento para o desfile.
“Nós vamos representar a vida do palhaço negro e mostrar a história dele, estamos firmes e fortes para conquistar esse título marcante na minha história e na história da escola”, explicou o carioca pouco antes da estreia como um dos vários palhaços no último carro da escola.
Outra que não conseguia esconder a ansiedade era a fotógrafa Fabiana Freitas, 43, que tem fortes laços com a escola e, desde criança participa das atividades na quadra.
“Minha mãe desfilou grávida com 21 anos, quando eu nasci comecei na escolinha depois fui para escola mãe onde estou até hoje. A minha alegoria vai representar milhares de Benjamins nas laterais do carro com a cabeleira do palhaço. A cada ano é uma emoção diferente que eu não tenho como explicar”, confessou a foliã.
Quem entra na sala de Gabriel David no barracão da Beija-Flor se depara com uma imagem curiosa. O dirigente, ainda criança, em 2010, ao lado do pai, o presidente de honra da escola, Anísio Abrahão Davi, momentos antes do desfile da Deusa da Passarela. A imagem deixa claro: Gabriel não caiu no carnaval de para-quedas, embora possua conceitos modernos sobre a festa.
Gabriel recebeu a reportagem do CARNAVALESCO para a série ‘Entrevistão’. O bem sucedido empresário nega que seu camarote na avenida desrespeite o espetáculo com som vazando para a pista, admite erros que levaram a Beija-Flor ao seu pior desfile da era Sambódromo e não foge do debate político: ‘Eu acho que a crítica deve ser geral, não enviesada. A escola de samba não pode ser usada como instrumento ideológico’, opina.
A Beija-Flor tem suas estrelas, Neguinho, Selminha. Mas tem recebido figuras como Jojo Toddynho e Gabigol. É uma política de aproximar a escola dessas personalidades?
“Na verdade, convidamos duas pessoas em 2018. A Jojo e a Pablo. A Jojo comprou o barulho, virou Beija-Flor na veia. A casa dela sempre que ela quiser. Não vejo como uma política. Quem quiser conhecer a quadra é muito bem-vindo. Temos sim um trabalho para atrair cada vez mais gente. Muitas escolas aboliram seus ensaios,. Nossa ideia era movimentar, gerar mais uma receita. É legal ir para o ensaio da Beija-Flor”.
A escrita de fechar carnaval e vencer será mantida em 2020?
“Toda vez que a Beija-Flor fechou ela fez excelentes desfiles. Não é só porque vai fechar que já é campeão. Isso é coincidência”.
O desfile de 2019 é para esquecer ou é um aprendizado?
“De maneira nenhuma quero esquecer. Se você esquecer seus erros como vai melhorar? Erramos e precisamos aprender. Entendo o que foi bom, o que foi ruim e evoluir”.
Quem é a grande adversária na disputa do título?
“Eu acho que é ela própria. Quando encerramos carnaval com cara de Beija-Flor com atmosfera a coisa flui. A Beija-Flor é julgada com muito rigor. Não estamos preocupados com outras mas com o nosso. Ganhar será consequência do grande desfile”.
Almir e Dudu Azevedo são muito parceiros na condução do projeto. Como é a parceria com eles?
“Com Almir é uma parceria de longa data. É um amigo da família. Tenho um carinho de filho por ele. Ele é quem me coloca no chão, quando eu viajo muito. Às vezes ideias muito mirabolantes não têm como serem realizadas. Ele ama a Beija-Flor tanto quanto eu e meu pai. Dudu faz a junção entre o administrativo e o artístico. É uma surpresa maravilhosa. A comunidade o abraçou. A figura de um diretor de carnaval fez muita falta em 2019. Tem sido um cara incansável. Acho que ele vai permanecer aqui por um longo tempo”.
Muitos dizem que você pensa em acabar com baianas, velha-guarda. Como são suas ideias nesse sentido da tradição?
“As pessoas falam muito também. Eu nunca disse isso. Estou no carnaval por amor. Eu não ganho dinheiro aqui. E se eu gosto é pelo que o carnaval já é. Eu penso que precisamos unir o tradicional e o inovador. Eu busco esse caminho. A mesmice eu não gosto, mas a tradição precisa ser respeitada sempre. Agora temos que colocar da melhor forma. Questionar é interessante. Não me meto na criação, Mas tento alfinetar buscando a inovação. A inovação é bem-vinda. Não pode ter medo de errar. Se não deu certo tura. O regulamento cerceia muito os artistas”.
O Paulo Barros é o seu sonho de consumo?
“Paulo é Beija-Flor doente. Eu sou fã demais dele, nunca escondi, nem pretendo esconder. Hoje somos 100% Cid e Louzada. Penso sim em assistir os desfiles dele, não em trazer ele. Mas não fecho porta para ninguém, o que dirá para um cara desse talento. Mas Cid e Louzada tem demonstrado um entrosamento incrível, estou muito satisfeito com eles”.
Como você analisa os enredo com críticas sociais e políticas?
“Se a crítica for geral ela é válida porque ela dá voz ao povo. Mas não pode haver a tomada de partido. O carnaval não pode agredir entidades públicas só porque você discorda. Eu friso isso porque a escola de samba não pode ser de esquerda, nem de direita. Ela tem que dialogar com o povo. Essa discussão nunca pode estar nos desfiles. Nossa crítica em 2018 foi diferente da Mangueira. Estamos indo para um viés apelativo. Eu não gosto. Pedi muito que não tivéssemos qualquer viés político esse ano. Me arrependo de ter batido nessa tecla em 2018. Em 2018 negociamos com a Caixa na época do governo Temer. O que o carnaval fez? Colocou o presidente de vampiro. O Crivella é um péssimo prefeito, mas deu R$ 1,5 milhão para cada escola. O que fizemos? Colocamos o prefeito como diabo. Agora o governador Witzel está nos ajudando. O que vamos fazer? Bater nele? Acho que a negociação com o poder público pode ser mais dura, mas é preciso ter muito cuidado na hora de bater, pois queiram ou não eles são figuras importantes. Se você tem outra ideologia faça suas críticas de maneira privada. Não usa a escola de samba para isso”.
Como a escola de samba pode comunicar melhor?
“Falta dinheiro para fazer coisas bacanas. Mas bato muito nessa tecla. A comunicação tem que ser mais eficaz. Aproximar o público do entendimento do desfile. A gente que é fanático e entende sabe o que acontece ali. Mas e o cara que não é, acho que precisamos pegar esse público. Existem mecanismos que poderiam ajudar”.
Os camarotes vão ocupar o lugar das frisas em um futuro próximo? E como resolver a questão do som vazando para a pista?
“Acho que o som não vaza. Se vazasse seríamos notificados pela Liesa e pagaríamos uma multa. O que acontece é que nos intervalos fazemos ações, não vou deixar o cliente sem nada. Eu entrego experiência. Temos também que parabenizar a Liesa, a Central de Vendas, pois desde 2012 não se vendia tudo com tanta antecedência. No futuro os camarotes serão segmentados. Acho que vão tomar o espaço das frisas sim, não sei quanto tempo vai demorar”.
Por Lucas Santos. Fotos de Magaiver Fernandes
Última escola da Liesb a desfilar na Intendente Magalhães, o Império da Uva de Nova Iguaçu apresentou as ideias do pensador Darcy Ribeiro para modificar o contexto social que afligem os indígenas, negros e pobres mas pecou na estética das fantasias, em evolução e na harmonia.
De positivo ficou o enredo, de fácil leitura e bem apresentado com uma bonita mensagem pelo carnavalesco Silvio César Ribeiro, assim como os carros coloridos e de boas soluções de iluminação. A escola foi a campeã do grupo C em 2019 e se conseguir continuar no grupo ficará a sensação de ter cumprido seu objetivo.
Comissão de frente
A comissão de frente trouxe uma coreografia que não apostavam tanto em movimentos acrobáticos mas dialogava de forma expressiva com a letra do samba. Efeito observado no refrão quando há o trecho ” e samba” em que os componentes literalmente sambavam. Outro momento foi no trecho da ditadura militar da obra que os integrantes seguravam uns aos outros em movimentos bruscos A fantasia representava uma espécie de guarda com bonitas penas no chapéu na cor verde da escola. Apesar de não ter um acabamento tão perfeito, trazia um bom gosto principalmente nas armaduras que reluziam em efeito de pedras preciosas.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal Cristiano Foguinho e Edna Ramos apostou em uma coreografia mais focada em movimentos graciosos e sensuais. Edna apresentava em alguns momentos expressões e movimentos mais descontraídos nos trechos do samba que remetiam mais à leveza da vida de Darcy, como o que falava da”passarela do samba, reduto de gente bamba”. Como ponto negativo da apresentação ficou a falta de proximidade do casal. Ainda que demonstrasse muita sensualidade e leveza, faltou aproximação aos dois.
Evolução
A evolução vinha bem dançando sem correria até a escola ter um pequeno problema por conta de dificuldade em empurrar a segunda alegoria. O problema poderia ter sido pontual mas deixou um pequeno buraco logo antes do terceiro módulo de julgamento. Depois deste momento a escola retomou a boa evolução mas voltou a pecar de novo no fim do desfile demorando a encerrar a apresentação, evoluindo de forma muito lenta.
Harmonia
O carro de som comando por Rogério Santos até chamou os componentes mas o canto da escola não foi legal. Parecia que apenas algumas alas da comunidade realmente estavam cantando. A grande maioria passou sem mexer a boca.O único destaque talvez ficou com a última ala da escola que trazia a velha guarda declamando a obra com vontade.
Fantasias
O Império da Uva apostou em trazer no um início de desfile cores mais cítricas nas penas do chapéu. O verde da escola também estava bastante presente. Mas o aspecto visual da parte de baixo das fantasias não impressionou. O investimento maior estético foi na cabeça e esplendores. O nível até aumentou depois do primeiro carro mas já no final do segundo setor as fantasias voltaram a apresentar o mesmo problema.
Alegorias e Adereços
Um dos destaques do desfile foi as três alegorias que possuíam uma qualidade muito interessante e uniforme. A primeira alegoria trouxe o povo indígena um dos personagens que mais sofrem pelo contexto social assim como citado no enredo. Alguns animais ornavam a alegoria, como a onça e peixes, que era completada por foliões em bonitas fantasias indígenas. Na segunda alegoria, uma bonita imagem de Darcy Ribeiro e componentes fantasiados de lápis em um colorido interessante representando a importância que o pensador dava a educação. Por fim, o terceiro carro encerrava o desfile com muito bom gosto trazendo a passarela do samba destacando um casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira com o pavilhão do Império da Uva, alguns pierrots e colombinas na parte da frente, e a bandeira de outras escolas de samba atrás. A aposta em todos as alegorias foi em uma iluminação simples mas bastante funcional.
Enredo
O enredo “Darcy Ribeiro – O homem muito além do seu tempo” passou bem o recado apostando em setorizar de forma clara no início aqueles que Darcy queria ajudar principalmente com suas ideias, no segundo setor as ações e as dificuldades que o pensador teve que enfrentar como a ditadura e na última parte, um recado para que as pessoas possam valorizar a cultura brasileira, representada pelo carnaval, como artifício usado por Darcy para enfrentamento da desigualdade social.
Samba-enredo
O samba-enredo veio em primeira pessoa trazendo uma visão do próprio Darcy de suas experiências desde o nascimento em Minas Gerais e depois em um segundo momento falando de suas realizações. Apesar de uma letra poética como no trecho “no sonho que nasce no amor verdadeiro, guerreiro de fé é o povo brasileiro”, os refrões mais dolentes faziam com que o samba não apresentasse um clímax para o canto.
Bateria
A bateria de mestre Dó apostou em passar de uma forma um pouco mais reta e trouxe apenas algumas bossas que mais serviam para manter o andamento do samba. Destaque para um toque mais afro no trecho do samba que cita “o negro oprimido” e no trecho logo antes do segundo refrão onde era feita uma pequena paradinha para que os componentes cantassem “Sou eu Império da Uva de Nova Iguaçu”
Outros destaques
As baianas da escola trouxeram uma interessante mistura de tons cítricos, amarelo, laranja ainda com um pouco do verde da escola. Na cabeça algumas frutas para que estás pessoas pudessem ser homenageadas representando o que o enredo chama de “fruto do saber”.
No segundo setor destaque para a ala da ditadura que trazia as pessoas fantasiadas de operário com um diabo nas costas. Por fim, os ritmistas da bateria comandada por Mestre Dó vieram fantasiados de “formandos” usando uma bata com o verde da escola.
Por Victor Amancio. Fotos de Magaiver Fernandes
Desfilando uma homenagem ao grande malandro Carlinhos de Jesus, a Em Cima da Hora fez um desfile empolgante com uma comissão que arrancou aplausos e gritos de euforia de quem assistia.
Comissão de frente
Ponto alto do desfile, trazendo malandros da ralé com muito samba e gingado a comissão foi um acerto do desfile. Bem dançada e com uma boa coreografia o público se empolgou com a apresentação. Os malandros dançaram e no último ato da apresentação surge um menino sambando e por fim ele erguido pelos bailarinos ergue uma placa com a frase ‘eu amo o samba’.
Casal
Fantasia o casal com requintes de luxo e impressiona pela beleza. Contudo, o casal deixa a desejar com bailado que pareceu inseguro. Sem sincronia o mestre-sala dançou num tempo diferente da porta-bandeira. Ele mais rápido e ela mais lenta.
Harmonia
O samba foi cantado pelos componentes mas oscilou em algumas alas. O cantor segurou bem o samba junto com a bateria que fez boa apresentação.
Evolução
Evoluindo de forma correta, sem correria e soltos, os componentes da Em Cima da Hora fizeram um bom desfile em termos de evolução.
Samba enredo
O samba funcionou na comissão com o público que cantou junto com a escola deixando o desfile mais empolgante.
Enredo
O enredo da Em Cima da Hora fez uma reverência aos malandros sambistas, independente das mazelas que vivem e classes sociais que pertencem. A partir dessa linha, o enredo homenageia o grande malandro sambista Carlinhos de Jesus.
Alegorias
O abre-alas veio com uma escultura do sambista e tinha diversos dançarinos fazendo coreografias e sambando em cima do carro. Alegorias não apresentaram nenhum problema e passaram bem no desfile.
Fantasias
Simples e com algumas falhas de acabamento. Ala das baianas da escola veio com algumas partes caindo e as senhoras precisaram segurar para não cair. Pode ser um dos problemas da escola na apuração.
Bateria
Sem cometer falhas e permitindo um bom desempenho do samba, a bateria fez bossas criativas e caiu nas graças do público.