Início Site Página 1010

Primeiro casal da Sossego desfila de Xapiris

Sossego05Para encerrar a primeira noite dos desfiles da Série Ouro, a Sossego, inspirou-se nos relatos de David Kopenawa (Xamã Yanomami) sobre a saga épica e imaginária entre o presente e o futuro. A fantasia do primeiro Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Fabrício Pires e Giovanna Justos, representa o espírito Xapiris, que são os espíritos ancestrais que auxiliam os Xamãs nas jornadas espirituais. Além de revelar aos sábios os segredos para salvar a população das armadilhas do mundo.

O Mestre-Sala Fabrício Pires, explicou que o espírito Xapiris tem o poder de salvar a terra e evitar o caos. Sobre o desenvolvimento da escola ao longo dos anos e as perspectivas para o futuro, o membro da comunidade não esconde a positividade.” Imagino que seja o melhor desfile da Sossego na Sapucaí, embora ainda seja muito nova. Acredito que nesse desfile a escola poderá ser vista com maior potencial. E nos outros anos, seja encarada de maneira mais e com possibilidades”, afirma Fabrício Pires.

Quem também concorda com essa opinião é a Porta-Bandeira Giovanna Justos. “A cada ano a experiência é diferente. Já desfilei em outras escolas, mas viver com a Sossego é completamente diferente. O Largo da Batalha é uma escola que está chegando agora, que abraça as pessoas de forma que as pessoas se sentem em casa, me sinto muito aplaudida e feliz. Desejo que seja um belo carnaval para todos na Marquês de Sapucaí.”

Ambos desfilaram na Sossego pela primeira vez em 2022 e revelaram o carinho pela azul e branco de Niterói. “Tenho muitas experiências, mas em cada escola é diferente. Sinto uma nova emoção e paixão”, ressalta Giovanna. “Tenho ótimas visões sobre a Sossego e acredito no potencial da escola para emocionar o público”, finaliza Fabrício.

“A fantasia veio para representar a realeza da África”, destaca ritmista da Sossego

Sossego04A bateria comandada pelo mestre Laion Rodrigues será a sétima ala a adentrar a Sapucaí pela Acadêmicos do Sossego. O grupo de ritmistas carrega o nome “Tambores ressoam pelo vento” no enredo que trouxe para a Marquês profecias indígenas que alertam sobre um possível colapso do planeta Terra.

A fantasia veio à Sapucaí apostando em cores que lembram a riqueza, principalmente, o dourado, com adereços brilhosos. Com uma fantasia pensada na praticidade dos ritmistas, contou com os braços totalmente livres de qualquer impeditivo que pudesse interferir no rufar dos tambores da Sossego.

A ala sete da azul e branca de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, levou para os espectadores do Sambódromo a África sendo o berço da humanidade, como o ponto de partida da experiência humana. Em todos os pontos do continente, os Xamãs tocam os seus tambores para evocar os deuses para o ritual do grande encontro. A importância de trazer essa fantasia para o enredo é que veio representando a realeza e a riqueza da África, comentou Rosane Blanco, ritmista da escola niteroiense.

A escola que foi oitava colocada no carnaval de 2020, com 268.1 pontos, buscou inovar em todos os aspectos da escola. Contando com um Rei na bateria, além da já tradicional rainha, Juarez Soares trouxe a Conexão Indígena em sua fantasia. Um importante ponto a se destacar na ala dos ritmistas é sempre o quão prática e funcional ela é para a evolução e desenvoltura da bateria da Azul e Branca de Niterói.

Jurema tem a cura! Acadêmicos do Sossego trouxe à Sapucaí as baianas sendo a cura do mundo

Sossego02Nesta quarta-feira, a última escola do dia, em uma fantasia simples mas que passava o recado que queria. A décima quarta ala que veio à Sapucaí pela escola foi a das baianas, com o título de “Jurema tem a Cura”. Maria Madalena, desfilante da Sossego há mais de 10 anos, relatou, em entrevista para o CARNAVALESCO, o que achou do resultado final da fantasia.

“A fantasia veio leve, e ótima para um desfile perfeito. Com cores vibrantes e dando destaque ao verde que é para os espectadores poderem remeter à Jurema. O figurinista pensou bastante no lado de quem desfila e pôde planejar uma fantasia em que fosse rica mas que não nos impediria de fazer a merecida festa no desfile. Concluindo, no quesito fantasia, as baianas estão nota 10”, cravou.

O figurino assinado por André Rodrigues, trouxe para o desfile a árvore sagrada, Jurema. A planta da família das leguminosas é comum no Nordeste brasileiro e têm princípios psicoativos. Esta planta tem muita importância no culto espiritual dos caboclos e, também é usada na Região Norte do Brasil, tanto que dá nome a um culto chamado de “Culto à Jurema”. No desfile da azul e branco, as baianas representaram a cura do mundo, em que Jurema tem a cura e o axé. É importante trazer a representação desta árvore para nosso desfile, pois em suas folhas estão os segredos para a cura das doenças que tanto nos deixam aflitos e depois dos últimos anos que enfrentamos, é importante trazer o assunto cura para a Sapucaí, mostrar que sempre existe uma luz no fim do túnel, comentou Rosângela Salvador baiana da Sossego.

Sossego01A ala da Escola niteroiense, conta hoje com Lúcia Maria Rêgo, a baiana mais antiga com seus 75 anos. Nos primeiros anos das escolas, só homens saíam neste setor da escola. Porém, hoje em dia, sua evolução e a riqueza de seus trajes sempre emocionam o público. A composição da fantasia conta com uma saia rodada, bata, torso e pano de costa. Ao longo desses anos foi cada vez mais se adaptando ao enredo, virando noivas, estátuas, animais e até mesmo seres espaciais. Lecy Vicente, que desfila na Sapucaí há 15 anos, discursou em entrevista para o site sobre como é desfilar em uma das alas de maior destaque da escola.

“A sensação é diferente de qualquer outra. Parece que nós tiramos força de nem onde sabíamos que tínhamos para dar nosso melhor no desfile. Nós desfilamos nessa ala para sempre deixar a memória latente das tias que lutaram e ajudaram o samba a ser o que é hoje. A ala das baianas, é a única ala que é atemporal, podem falar o que quiser mas sempre lembrarão de como as baianas vem, em qualquer desfile”, disse.

União da Ilha apresenta a Festa no Santuário de Aparecida

Ilha Aleg02Mãe preta do Brasil, rogai por nós! Entre tantos milagres, Nossa Senhora Aparecida, a Mãe Negra do Brasil é o tema do enredo da União da Ilha do Governador. Em forma de oração e com fé na santa, a Ilha apresentou a celebração da vida e a união dos povos. A Festa no Santuário foi o tema do terceiro carro alegórico, que simboliza o templo que existe em cada pessoa, é uma manifestação de agradecimento e devoção aos milagres da padroeira do Brasil.

Ao longo dos anos, muitos fiéis frequentam o Santuário de Aparecida para pedir, agradecer, colocar uma intenção ou até mesmo rezar. A devoção que é nacional e internacional é comprovada por visitantes. “Fui duas vezes em uma excursão com os meus vizinhos. Gostei muito. A cidade é impressionante. Nossa Senhora Aparecida é do Brasil. E outra afinidade que eu tenho também é do espiritismo, porque eu sou filha de Oxum. Sou devota da Mãe Aparecida”, declara a artesã Maria Helena Fortes, 72 anos.

O ator Flávio Bauraqui, 56, também participou do desfile da União da Ilha. O apresentador ressaltou a importância de falar sobre a cultura e a representatividade negra. “Uma semana antes do convite para desfilar comprei uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e dei de presente pra minha mãe. Ela é apaixonada por Aparecida e se tornou atriz aos 63 anos de idade. Nada que acontece é por acaso. O Zacarias é parecido com a figura negra que temos hoje de vencedor, príncipes. Isso que queremos mostrar. Somos todos Zacarias”, finaliza Flávio.

IlhaAleg 03A uruguaiana Nuria Campos, 76, visitou o Santuário, e fez da experiência uma verdadeira história e fé. “Nossa Senhora Aparecida é mãe de todos nós. Quando chegamos em Aparecida do Norte, somos inundados por uma paz, alegria e harmonia interior. Quem já visitou sabe como é bom. É importante para o nosso interior. Só pisando no local para sentir verdadeira sensação. Fiz várias promessas, fui atendida em todas elas e a minha fé é inabalável”, finaliza a pedagoga Nuria.

Coreógrafo da Unidos de Bangu, Vinicius Rodrigues ressalta “malandragem carioca” de Castor de Andrade na comissão de frente

Bangu 10Não há como falar de Castor de Andrade sem falar do jogo do bicho. Justamente pensando nessa relação do antigo patrono da Mocidade, Vinicius Rodrigues, coreógrafo da Unidos de Bangu, resolveu trazer os bichos do jogo para a Marquês de Sapucaí. Porém, havia um bicho que não pertencia a banca do jogo, o castor, símbolo da família Andrade e do famoso bicheiro.

Em entrevista ao CARNAVALESCO, Vinicius falou sobre a criação do projeto da Comissão de Frente da Vermelha e Branca da Zona Oeste, que arrancou aplausos do público. Além do jogo do bicho, o coreógrafo queria ressaltar o lado malandro e carioca do famoso bicheiro.

“A gente juntou dois pontos do nosso enredo: o jogo do bicho, que é a cara do Castor de Andrade, um dos pontos mais importantes da vida dele e a gente trouxe o lado boêmio, o carisma, a alegria do malandro carioca. A gente trouxe a malandragem junto ao jogo do bicho. É uma coreografia muito raiz, muito samba no pé, tanto que a gente não traz nem o tripé da Comissão de Frente, justamente para destacar isso.”, contou.

Ao falar sobre a figura homenageada do enredo, Vinícius ressalta a importância da figura de Castor de Andrade, até hoje adorado, para o bairro de Bangu e comenta o desafio de retratá-lo na comissão.

“O Castor de Andrade é uma lenda do carnaval e do samba, em si. Estou muito feliz de estar participando da Unidos de Bangu, neste ano, que é muito marcante para escolar falar do Castor, da Zona Oeste. É Bangu falando de Bangu. Estou muito honrado de estar fazendo parte disso”, afirmou.

Bangu 09Ao final do desfile da Unidos de Bangu, surgiu uma pergunta entre o público presente na Marquês de Sapucaí: Quem era o Castor na Comissão de Frente da escola? Trata-se de Phil Sam, dançarino há anos. Ao CARNAVALESCO, ele falou sobre a figura que representou na avenida.

“Estou muito feliz de estar representando essa figura tão importante para o Rio de Janeiro. Estou representando, na verdade, um pouco da personalidade dele, a irreverência, essa malandragem. Eu não tenho nenhuma ligação direta com o Castor, só tenho admiração pela pessoa que ele foi, ajudou muito o bairro e a zona Oeste e as pessoas tem muito carinho por ele”, disse.

Meninas do time feminino do Bangu falam sobre homenagem ao ícone Castor de Andrade

Bangu 06“A torcida reunida até parece a do FlaxFlu…. Bangu, Bangu, Bangu”. É impossível para qualquer carioca escutar o hino do Bangu Atlético Clube e não lembrar de Castor de Andrade. Benfeitor da Zona Oeste, o bicheiro foi homenageado pela Unidos de Bangu no primeiro dia de desfiles da Série Ouro. Dentre as alegorias da escola, uma retratava a relação de Castor com o clube do bairro, que em suas mãos, chegou a ser vice-campeão brasileiro, em 1985.

Na alegoria, o carnavalesco da Unidos de Bangu, Marcus Paulo, fez diversas referências à Era de Ouro do clube. Dentre as glórias retratadas no carro alegórico, destacavam-se as glórias do time feminino do clube, que ganhou destaque na gestão de Castor de Andrade. De blusa vermelha e saia de bolinhas, as composições do carro vinham todas representando “As vitórias do time feminino do Bangu do Castor”.

Bangu 07Em entrevista ao site CARNAVALESCO, algumas delas falaram sobre a sensação e a importância de homenagear o ícone do bairro e da região, Castor de Andrade. Uma delas, Cris Keller, além de moradora de Bangu, é musa do time e ocupou o mesmo posto no Campeonato Carioca de 2020.

“Esse enredo sobre o Castor se mistura com a história da minha vida porque eu fui musa do Campeonato Carioca de 2020, sou musa do Bangu Atlético Clube e é muito gratificante pra mim estar aqui hoje na avenida, representando meu time. Estou desfilando pelo Bangu e por um bairro que eu amo e tudo isso se mistura com a história do Castor de Andrade. Ele era uma referência para o BAC e para o bairro inteiro. Estou muito feliz de estar participando dessa grande festa do povo banguense e estar representando meu time. Sou torcedora e musa do Bangu. Bangu é tudo para mim. Ali na região, nós temos também a mocidade, minha escola de coração e ali, eu cresci, com esse povo de Bangu”, contou Cris.

Estreante na Marquês de Sapucaí e moradora de Campo Grande, também na Zona Oeste, Bianca da Costa também ressalta, sem titubear, a importância de Castor para a região, mesmo sem ter convivido com o contraventor.

Bangu 08“É a primeira vez que vou desfilar e é na escola do bairro de Bangu. Eu só conheço o Castor por nome porque eu não sou criada em Bangu, mas a minha família é da região e eu conheço a história. Ali, o Castor é muito bem falado por todos porque ele levantou Bangu e o entorno, Realengo e outros. Além disso, ele é muito bem falado por causa da escola, da Mocidade, ele levantou a Zona Oeste. Ele foi uma personalidade original, daquela época, nos anos que ele viveu, e até hoje existem vários outros como ele por aí.”, destacou Bianca.

Na emoção de homenagear o clube do coração, Sabrina Alves, de Bangu, afirmou ser torcedora de carteirinha do time alvi-rubro. Emocionada, reafirma a relação do seu bairro de origem e o antigo patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel.

“Torço para o Bangu, sim. Quando tem jogo no Maracanã, a gente aluga ônibus, faz caravana, o pessoal lá é bem animado. Somos apaixonados por carnaval e futebol. O Castor sempre foi muito bom lá pra nossa região, pra Bangu. Ele participava da Mocidade, onde ele fazia tudo na comunidade e sempre foi respeitado por todos nós. É uma emoção muito forte estar representando essa escola”, afirmou.

Bateria da Bangu joga com o resgate da história e faz belas parcerias na Sapucaí

Bangu 03Para o Carnaval de 2022, a bateria da Bangu vestiu uma fantasia que remete aos tempos áureos do Bangu Atlético Clube. A fantasia possuía meião branco, calção branco e a tradicional camisa listrada na vertical nas cores vermelho e branco. O time de futebol teve laços estreitos com o homenageado Castor de Andrade. Na época em que o Castor estava a frente do Bangu, havia a cultura da charanga nas arquibancadas do estádio Moça Bonita, um dos pontos de referência do bairro.

Tendo Castor de Andrade como uma agulha de tricô, futebol e samba fazem uma bela costura na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nos conta um pouco dessa relação, o ritmista Rafael, que desfila na Bangu a três anos e se mostra empolgado com a referência ao futebol.

“Eu sou Vasco, mas o estádio de Moça Bonita foi o primeiro estádio em que fui. Por isso eu passei a ter um carinho especial pelo estádio e pelo clube também e por mais que eu more mais para perto de Padre Miguel, acabei criando uma relação com a Bangu, por causa desse contato do futebol”, afirmou Rafael, ritmista da escola no Carnaval de 2022.

Bangu 04Parece que a aposta da Bangu em apresentar Castor, foi um tiro certeiro nas raízes do bairro. Levantando a autoestima da sua comunidade, a Bangu mostra a história da região com o apoio de componentes orgulhosos e emocionados. Caso de Eduardo Ferreira ritmista da escola a quatro carnavais.

“É uma experiência boa, porque traz referência da bandinha do Bangu e de toda cultura ao redor. A gente traz a Mocidade e por um acaso nós também tocamos na escola. Então tem características da Mocidade aqui, tem a bandinha e a alegria do Castor”, contou ao site CARNAVALESCO.

A bateria da Bangu também proporcionou para além do encontro do público com a história do bairro, o encontro entre componentes crias da região e o compartilhamento de suas memórias.

Bangu 05“Esse ano está sendo maravilhoso e ainda estamos realizando um grande feito. Depois de 20 anos, estamos finalmente desfilando uma no lado da outra”, disse Vivian Lessa, que desfila na Bangu desde 2015.

“E o sentimento de resgate é verdadeiro. Nós somos moradoras do bairro, então desfilar nesse enredo é resgatar a infância no bairro”, afirmou Vivian.

“Eu morava no lado do Moça Bonita. Escutava o jogo todo”, completou a colega de bateria, Aline Freitas.

“Estamos curtindo bastante trazer a Mocidade no desfile e quem for Mocidade, consegue identificar elementos dela na nossa bateria”, disse Vivian finalizando a conversa com o site CARNAVALESCO.

Homenageando Castor de Andrade, Bangu traz a coirmã Mocidade em seu desfile, relembra a história da Zona Oeste e emociona componentes

Bangu 02Fazendo alusão aos antigos bailes de carnaval do bairro de Bangu e proximidades, a terceira alegoria da Bangu prestou uma homenagem à escola Mocidade Independente de Padre Miguel. Enorme, a Alegoria esbanjava muitas tonalidades de verde, com belas estrelas verdes com detalhes em brilhante por todo o carro e enfeites que remetiam às decorações dos bailes. Aos fãs e simpatizantes da Mocidade, o carro tira suspiros com um bem acabado escudo da escola no topo. Outro ponto a ser destacado, foi a quantidade de pessoas em cima dele. Um verdadeiro baile.

A homenagem trouxe para avenida um símbolo de respeito e união. Caminhando pela comunidade presente no desfile deste primeiro dia de carnaval 2022, foi fácil encontrar componentes que se sentiram felizes e identificados com a homenagem. É o caso de Suelen Soares, que ao desfilar pela terceira vez na Bangu, falou ao site CARNAVALESCO

“Assim como tenho relação com o Bangu, tenho relação com a Mocidade. Minha tia mora em frente à quadra antiga da escola, então desde criança eu frequento a quadra e sambo muito com a escola”, afirmou Suelen.

É preciso lembrar que essa homenagem a união acontece, porque a Bangu faz um resgate da história da região da Zona Oeste. É isso que nos atenta a fala da Monalisa Marques, torcedora da Mocidade desde criança, esse ano ela resolveu desfilar pela Bangu e foi agraciada com uma vaga no terceiro carro da escola.

Bangu 01“Independente de ser o carro da Mocidade, eu já senti uma emoção forte ao saber que eu iria desfilar, porque a Bangu resolver trazer a história da nossa área. Eu sou nascida e criada em Bangu, então quando fala de Moça Bonita e Castor, já volto a minha infância e lembro dos ensaios na Guilherme. É um privilégio estar nesse desfile” contou Monalisa Marques.

“Eu não vivi a época do Castor, mas os nossos mais velhos não nos fazem não esquecer da importância dele para o bairro, o que ele fazia pelo nosso time, o que ele trazia de melhorias para comunidade e como era presente nas escolas. Hoje, estar desfilando nesse enredo me faz ter o sentimento de estar participando da história. Eu não tive a oportunidade de conhecer o Castor, mas estou conhecendo na avenida”, contou Thaiza Marques ao site CARNAVALESCO.

Essa capacidade de levar o público a visitar o passado e resgatar valores que por vezes podem estar esquecidos, é um trunfo do carro que completa sua mágica na fantasia das componentes que estão trajadas com uma roupa rica em verdes, assim como o carro, tem inspiração no bobo da corte e nas fadas.

‘Minha mãe sempre fez promessa para Aparecida’, revela porta-bandeira Danielle Nascimento

Ilha CasalCom o enredo ‘O Vendedor de Orações’, a União da Ilha, quinta escola a desfilar na noite de quarta-feira, brilhou na Marquês de Sapucaí. O
primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Marlon Flores e Danielle Nascimento representaram a fé do escravo Zacarias, semente que espalhou por
todo País, não apenas um grito de liberdade, mas um apoio àqueles que acreditam nas forças no bem e nos poderes. Com roupas adornadas com fitas, medalhas, crucifixos, terços e outros símbolos de devoção, o casal representou a fé do povo.

A Porta-Bandeira Danielle Nascimento não esconde a emoção ao homenagear a senhora do Brasil, que leva uma multidão de devotos ao Santuário para pedir, agradecer e colocar as intenções.

“A minha relação com Nossa Senhora é muito linda e especial. Minha mãe faz promessa a Aparecida e pede que eu cumpra. Sou muito devota dela e da minha Exú, ela sempre esteve comigo e me abençoou. Em 2017 fui abençoada na Portela e tenho certeza de que vai me abençoar esse ano outra vez”, declarou Daniele Nascimento.

Ilha Casal01O pavilhão encarna a bandeira, que pode mover céu e terra, unido a padroeira do Brasil. “Viemos falando um pouquinho do milagre que ocorreu
com Zacarias, que a partir desse acontecimento ficou responsável por transmitir a fé em Nossa Senhora Aparecida e falar sobre a história dela. Não era muito devoto, depois que a escola escolheu esse tema como enredo, pesquisei mais sobre
ela e tenho muito carinho”, revelou Marlon.

Vendedores de oração, guardiões de relíquias, oferendas, romarias e outras alas renderam homenagens à Mãe Preta. Com a fé em Nossa Senhora Aparecida, a Ilha celebrou a vida, ao derramar samba e religião.

“A relação samba e carnaval é muito importante, pois o contato com a religião é algo natural”, opinou Marlon. “Eu trabalho e desfilo com muita fé, isso me fortalece no carnaval”, ressaltou Danielle com um brilho no olhar.

Ala das baianas da Ilha presta homenagem a “Mãe Preta” exaltando a beleza negra de Aparecida

Ilha Baiana03 1A grande aposta da União da Ilha para a ala das baianas foi “Mãe Preta”. As baianas representam o que há de mais sublime no sincretismo, incorporando simultaneamente, a beleza negra de Aparecida, extraída da argila do Paraíba, com a pureza da ancestralidade africana, latente na pele de Oxum.

Na parte superior da cabeça, o adereço alterna entre o azul e o dourado. Quanto a roupa, apresenta um laço amarelo no centro e uma saia leve de cor predominantemente azul com alguns detalhes em laranja.

A baiana Maria Josemar de 73 anos, se mostrou bastante satisfeita com o resultado final de seu figurino. Alegou leveza da fantasia e com isso, uma maior facilidade para evoluir.

Ilha Baiana02 1“Tenho uma ótima relação com Nossa Senhora e estou sempre pedindo proteção a ela por mim e pelos meus”, concluiu a doméstica.

Coopera de 63 anos, Vera Lúcia dos Santos, também baiana da escola, similarmente pontuou sobre a leveza de sua fantasia, que foi de seu total agrado.

“Nossa ala representa bastante alegria, a fantasia leve acaba ajudando na empolgação. Ano retrasado a nossa fantasia estava bem pesada. Sou devota de Nossa Senhora, então me encontro muito ansiosa para desfilar e almejar o Grupo Especial”.

Ilha Baiana03 1A baiana Damiana Maona de 58 anos, não mediu palavras quando também questionada sobre o enredo da escola e a representatividade de sua fantasia. Defensora do enredo, a advogada acredita que o tema reacende a fé das pessoas mesmo em época de folia, carnaval.

“Com essa pandemia, senti que as pessoas ficaram muito egoístas, então desfilar com esse enredo maravilhoso e regado de amor e carinho é maravilhoso, principalmente para a nossa ala das baianas. Essa fantasia foi tudo o que eu pedi durante os meus cinco anos como baiana. Leve e belíssima, estou encantada ainda”, contou.

“Sou espiritualista, não sou devota de Nossa Senhora Aparecida, mas sou devota de Nossa Senhora da Conceição. Acredito que a representatividade esteja ligada ao fato de todas serem Nossa Senhoras. Temos que amar todas elas, mães daquele que morreu para nos salvar e que até hoje não damos o devido valor”.