O empresário e conselheiro da Beija-Flor, Gabriel David, é atualmente um dos personagens do carnaval carioca que mais é procurado pelos diversos veículos de comunicação. O jovem está cada vez mais ativo no comando da azul e branco de Nilópolis. Na noite de sexta-feira, ele participou de uma live do site CARNAVALESCO e afirmou que será divulgado, no dia 21 de junho, a sinopse do enredo “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”.
“Vamos divulgar a sinopse no dia 21 de junho. Estamos finalizando um vídeo e vamos gerar a maior quantidade possível de conteúdo sobre o tema. Pensamos em fazer um show, mas achamos que não é o momento para festa. Todo mundo vai gostar do enredo. A ideia é incrível, bem legal. Se vai ter Carnaval em 2021 é secundário, mas vai ter carnaval um dia e essa resposta queria dar como Beija-Flor. Vamos fazer sinopse e começar a disputa de samba, tudo online e respeitando todas as regras sanitárias, como se o carnaval fosse acontecer em fevereiro. No meu entendimento é respeito com quem vive de carnaval”.
Gabriel explicou como chegou a ideia do enredo do próximo carnaval e deu detalhes do que vem por aí na escola de Nilópolis.
“Fazer enredo atual é uma necessidade. Os outros dois textos falavam de problemas sociais, mas com foco geral, parecido com o que fizemos em 2018. O texto do enredo de 2021 faz sentido para nossa escolha. A Beija-Flor, ao longo da sua história, teve vários enredos que falaram de racismo, negritude, igualdade das raças. Esse tem a base africana, que a comunidade pedia muito. Eu não queria contar a história de um lugar, minha ideia era falar de algo que esteja presente hoje na vida as pessoas, isso que eu pedi muito aos carnavalescos. É lógico que o momento que a gente está passando no mundo influencia na escolha. O racismo precisa ser debatido e corrigido no mundo para ontem. O que importa é que a luta pela igualdade tem que acontecer. É delicado falar de enredo de negritude, porque sou branco, sei do meu limite, mas quero que a comunidade abrace a causa e daí utilizarmos a visibilidade da Beija-Flor para que as pessoas negras tenham um mundo mais igual. Vão ter pessoas negras trabalhando nesse enredo o tempo inteiro, desde quem fez o texto. A Beija-Flor, com a maioria da sua comunidade negra, fará tudo que puder diante desse cenário de racismo”, disse o conselheiro da azul e branco.
O empresário frisou que o enredo não terá um tom de lado partidário, mas não escondeu que é político.
“O enredo da Beija-Flor é político. Isso é óbvio. Não tem como não ser. O enredo é a base e depois surgem as outras ideias, como carros alegóricos, samba e fantasias. Quando a primeira ideia se comunica com todo mundo ela já é eficaz. A Beija-Flor não vai entrar em hipótese alguma em viés partidário. É uma crença minha como gestor, porque a escola representa um inúmero absurdo de pessoas e não posso escolher por elas. Entendo, de certa forma, que os movimentos de esquerda dão mais importância e relevância para os debates sociais, mas o nosso enredo não tem lado esquerdista ou de ultra direita. O enredo passa pela intelectualidade negra de forma geral. É o fio condutor. Algumas personalidades negras vão surgir ao longo. Poucas. Não é o enredo baseado nas pessoas, mas no todo. Do ponto de vista de homenagem as pessoas negras da escola essa figura vai ficar representada por uma só pessoa que é o Cabana (compositor e considerado um dos fundadores da escola)”.
Para o próximo carnaval, Gabriel David garante para o torcedor nilpolitano que a Beija-Flor seguirá no projeto de resgatar seu estilo grandioso de fazer desfile, embora, não seja possível fazer uma exibição tão exuberante como aconteceu em 2007 com o enredo “Áfricas”.
“O cenário atual não da para fazer um desfile como Áfricas. O carnaval não tem o poderio financeiro como naquela época. No início do enredo vamos falar da África e o fim será com o mundo atual e com tom no Brasil. Imagino que será um pouco de tudo. Tentar ter luxo e grande, como a Beija-Flor tem que ser, mas não vamos abdicar de termos inovações”.
Perguntado sobre a data do próximo desfile e a transmissão da TV Globo, Gabriel contou novidades e ressaltou que mudanças podem demorar, mas vão acontecer no carnaval.
“A notícia que tenho é que a primeira parcela que todo ano é paga em junho, esse ano não será. Tem um contrato em vigor, mas todo ano é assinado um contrato para o pagamento da primeira parcela e ele não foi assinado ainda. A minha ideia é que se até novembro não puder fazer ensaio vale uma negociação para adiar o carnaval para junho. É minha ideia, mas isso não está sendo conversado na Liga. Sobre os desfiles de 2021, meu pai fala mais com o Jorginho (Jorge Castanheira, presidente da Liesa). Deve acontecer uma reunião com todos os presidentes em breve para decidir o futuro. A Liga está montando várias estratégias e possibilidades para serem votadas por todas escolas. Nos últimos tempos, eu fui uma das pessoas que mais bateu no Jorginho (Jorge Castanheira, presidente da Liesa), mas tenho que dar o braço a torcer para ele, porque tem escutado muito os novos projetos e as opiniões das pessoas. Realmente, eu acho que o carnaval está se preparando para a reestruturação. Entendo esse início ser devagar e todas as preocupações sobre essas mudanças, mas tenho certeza que elas vão acontecer”.
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