InícioGrupo EspecialFreddy Ferreira analisa a bateria do Salgueiro no desfile

Freddy Ferreira analisa a bateria do Salgueiro no desfile

A bateria do Acadêmicos do Salgueiro fez um bom desfile, sob o comando dos mestres Guilherme e Gustavo. Uma musicalidade baseada no que solicitava a melodia do samba-enredo foi produzida. Todas as execuções de bossas pela pista foram efetuadas de forma satisfatória, exibindo consistência durante as exibições nos módulos.

A cozinha da bateria contou com uma afinação de surdos bem grave, plenamente inserida nas características musicais da escola . Os marcadores de primeira e segunda foram firmes e precisos durante todo o cortejo. Surdos de terceira deram um balanço irrepreensível a bateria “Furiosa”, no ritmo e principalmente em paradinhas, onde praticamente funcionou como espinha dorsal musical. Repiques coesos também foram notados, assim como repiques mor auxiliaram tanto na sonoridade como em paradinhas. Caixas de guerra com bom volume se uniram aos taróis salgueirenses, com seu toque genuíno, para preencher a musicalidade da bateria da Academia.

A cabeça da bateria ficou marcada pela qualidade musical elevada das peças leves. Um belo naipe de chocalhos tocou de modo ressonante, adicionando valor sonoro à cabeça da bateria. Uma ala de cuícas de alta técnica foi percebida. Um naipe de tamborins que tocou com firmeza uma convenção rítmica simples, mas extremamente funcional, preenchendo a musicalidade da bateria do Salgueiro de forma substancial.

Um breque na primeira do samba se aproveitou do próprio desenho rítmico do naipe de tamborins, para consolidar o ritmo. O arranjo musical exibiu impacto sonoro, aliado a uma integração considerável com a música.

Já outro breque na segunda do samba se aproveitou da pressão dos surdos de primeira e segunda, que param de tocar por um momento, voltando em seguida após uma nuance rítmica das terceiras, provocando impacto sonoro, devido ao peso das marcações devido a afinação de timbre grave.

A bossa mais complexa e de grau de dificuldade elevado foi a do refrão principal. Uma conversa rítmica intimamente conectada à música, dando ao samba o que a melodia pede. Com surdos de primeira e segunda parando de tocar, numa levada clássica que permite apreciar o aspecto furioso do ritmo salgueirense, com as terceiras fazendo papel de centrador na primeira passada do estribilho. Depois disso, solistas do repique mor chamam os demais naipes para um diálogo musical, repetido pelas peças. A paradinha é concluída com a pressão provocada pelos surdos, além de toques ritmados de diversas peças. Um arranjo eficiente e musicalmente corrente.

A elaborada bossa na segunda do samba também se aproveitou da pressão sonora proporcionada pelo aspecto grave da “Furiosa”. Essa paradinha deixou evidente o trabalho musical profundamente acima da média das terceiras salgueirenses. As frases rítmicas dos surdos de terceira estavam plenamente encaixadas e conectadas ao que a musicalidade pedia. O detalhe musical fica por conta da ousadia envolvendo a finalização. Uma conclusão fabulosa no início do refrão de baixo, quando as terceiras executam desenho rítmico semelhante ao dos tamborins no final do estribilho, colocando a concepção musical num nível que merece exaltação. Uma construção moderna, com sonoridade sofisticada, sendo bem executada ao longo de todo o cortejo.

As apresentações da bateria do Salgueiro nas cabines de julgadores foram corretas e seguras. Já que o enredo do Salgueiro era abstrato, não houve necessidade de atrelar a sonoridade da “Furiosa” à qualquer cultura musical que não fosse fornecer à própria variação melódica da obra salgueirense as frases rítmicas consolidadas através de suas nuances. Isso resultou numa concepção bastante alinhada à música, impactando positivamente no bom desfile da bateria “Furiosa” do Salgueiro, comandada pelos mestres Guilherme e Gustavo.

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