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Grande Rio passa ensaiar na rua aos sábados

O Acadêmicos do Grande Rio alterou o dia da semana em que tradicionalmente realiza seus ensaios de rua. Já a partir de sábado, dia 19 de março, passa a ocupar a Avenida Brigadeiro Lima e Silva aos sábados, com concentração iniciando às 20h30. Também houve mudança no local de início do ensaio, que será na altura do número 1920 da mesma via onde os treinos vinham sendo feitos, ou seja, no sentido inverso. A referência para os componentes e torcedores é o restaurante Kuca’s.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Os ensaios de rua estão previstos para acontecerem nos dias 19 e 26 de março e no dia 9 de abril. A Grande Rio será a quinta escola a desfilar na Marquês de Sapucaí no dia 23 de abril, apresentando o enredo “Fala, Majeté: Sete Chaves de Exu”, desenvolvido pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

Serviço:
Ensaio de rua da Grande Rio
Data: 19 de março
Horário: concentração a partir das 20h30
Local: Avenida Brigadeiro Lima e Silva, altura do número 1920 (restaurante Kuca´s)
Evento gratuito

De 2017 para 2022, dupla campeã na Portela volta e enaltece trabalho com os carnavalescos Márcia e Renato Lage

Após cinco anos, Leo Senna e Kelly Siqueira voltaram para a Portela com a responsabilidade de assumirem a comissão de frente no lugar de Manoel Francisco. Para os coreógrafos, em entrevista ao CARNAVALESCO, o retorno depois do campeonato de 2017 e com um enredo afro é uma oportunidade muito boa e desafiante. De acordo com Leo Senna, estar na Portela novamente é uma volta para casa, em um momento muito especial, pois estão voltando em um período após dois anos sem carnaval.

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Os coreógrafos da comissão de frente da Portela. Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

“Todo mundo está numa expectativa muito grande, nós e os portelenses. É algo que faz o coração pulsar junto, todo mundo e o que leva pra frente e para a vitória”, conta o coreógrafo.

Falar sobre “Igi Osè Baobá”, a árvore que representa a vida, tem tudo a ver com a escola. Ainda mais que durante esse período sem carnaval, a instituição perdeu muitos componentes, e o saudoso mestre Monarco. Mesmo assumindo a comissão de frente em pouco tempo, a dupla de coreógrafos optou por começar a coreografia do zero com o aval, proposta e concepção dos carnavalescos Márcia e Renato Lage. O time de bailarinos é composto só por homens negros e também conta com um bailarino africano. Os carnavalescos da Majestade do Samba deram total abertura para a dupla de coreógrafos trabalharem. A coreógrafa Kelly Siqueira citou a formação do time.

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“A gente tem um time muito forte com os bailarinos, e, inclusive, temos um que é africano, trazendo uma propriedade bem original que tem tudo a ver com o enredo”.

Para Leo e Kelly, trabalhar com o Márcia e Renato Lage, é extremamente maravilhoso e a troca é muito boa. “Eles tem uma estrada, uma bagagem de muitos anos e a gente está aprendendo muito e podendo trazer isso. É uma coisa muito boa que aconteceu, porque eles permitem fazer essa troca, pergunta e está sendo maravilhoso”, diz Leo Senna.

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Em entrevista ao site CARNAVALESCO, a dupla foi perguntada sobre o que a comissão de frente vem representando no desfile e abordaram também o ensaio técnico da Águia Altaneira Sapucaí.

“No ensaio trouxemos uma celebração da ancestralidade da Portela e abrindo os caminhos para ela entrar celebrando o Baobá que faz essa ligação sagrada entre o céu e a terra para os africanos”, explicou Kelly Siqueira, que fez mistério sobre a performance do desfile oficial.

Salgueiro faz festa para receber Dandara Mariana

Na contagem regressiva para o desfile que mostrará a Resistência Preta no Rio de Janeiro, os Acadêmicos do Salgueiro recebem no sábado, 19, Dandara Mariana que será apresentada como musa da escola. Carioca nascida e criada no Grajaú, a atriz estreou na agremiação em 2020, ano em que a vermelha e branca homenageou Benjamin de Oliveira , o primeiro palhaço negro do Brasil. Na ocasião, ao lado do pai, Romeu Evaristo, que também estará na Sapucaí este ano, Dandara brilhou na última alegoria da escola.

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Foto: Vinicius Mochizuki/Divulgação

Convidada pelo presidente André Vaz, Dandara encerrará o desfile, à frente do último carro, que traz latente, a resistência em todas as suas vertentes. “ A Dandara é perfeita para mostrar a necessidade que temos em valorizar, respeitar e entender a importância deste legado ancestral em todos os segmentos da sociedade. Já passou da hora de derrubar de vez o racismo e ter empatia com o nosso semelhante, independente de sua cor de pele. Ela é uma artista completa, jovem e em ascensão, que vem lutando pelo seu espaço e representará muito bem o Salgueiro na Avenida”, comenta o gestor.

A festa começa às 20h com show de pagode comandado pelo grupo Pegada Brasileira. Em seguida, a Bateria Furiosa, Emerson Dias e Quinho do Salgueiro comandam o show com a apresentação de todos os segmento relembrando os grandes carnavais apresentados pela vermelha e branca em seus quase 70 anos de história. Ao som do hino oficial de 2022, a nova musa salgueirense , que já confirmou presença no ensaio técnico da Sapucaí, estreará oficialmente no posto.

Os ingresso são vendidos a R$50 diretamente na bilheteria da escola , no dia do evento que tem classificação etária de 18 anos. A apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID 19 É OBRIGATÓRIA. Informações sobre reservas de mesas e camarotes podem ser feitas através do telefone (21) 2238 9226. A quadra do Salgueiro fica na rua Silva Teles, 104 – Andaraí.

Serviço: ensaio show do Salgueiro com apresentação da musa Dandara Mariana
Data: 19 de março, sábado
Horário: a partir das 20h
Atrações: Pegada Brasileira, bateria Furiosa e elenco show do Salgueiro
Valor: R$50
Informações e venda de camarotes: (221) 2238 9226
Classificação: 18 anos

Série Barracões São Paulo: Tatuapé promete um desfile diferente, exaltando o Preto Velho e a história do café

Iniciando a série “Barracões” do carnaval de São Paulo, o site CARNAVALESCO visitou o barracão do Tatuapé e conheceu o projeto da escola para o carnaval de 2022. A agremiação irá para a avenida com o enredo: “Preto Velho conta a saga do café num canto de fé”. O carnavalesco Wagner Santos conversou com a nossa equipe e explanou o tema que irá abordar: a entidade Preto Velho e o café.

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Carnavalesco Wagner Santos

“É um enredo que foi idealizado pela diretoria e desenvolvido pelo departamento cultural da escola e, plasticamente, está sendo desenvolvido por mim. Somos uma equipe, cada setor faz uma parte e assim, conseguimos errar menos, porque temos pessoas para dar a mão de obra, assistir e tudo fica mais fácil. Sobre o tema, ele é muito interessante. Tudo acontece dentro de um terreiro de umbanda, onde ogãs, pais de santo e mães de santos, preparam um ritual para receber uma entidade muito querida na umbanda, que é a figura do Preto Velho e, assim, é lhe oferecido um café”, contou.

Por mais que o Preto Velho seja uma entidade muito simbólica dentro da umbanda, não é tão citada dentro do carnaval como poderia. Algum desfile ou outro, tanto em São Paulo como no Rio, dá para notar. Porém, na maioria das vezes, não como a atração principal. Apenas citações. Mas, segundo o carnavalesco, aparecerá de uma forma bastante impactante.

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“Eu pretendo trazer o Preto Velho de uma forma bem impactante. Vem de uma forma muita legal, mas também respeitosa, porque a gente vê como uma entidade muito adorada, querida e de muita luz. Na minha infância, eu tive a oportunidade de ver a figura
do Preto Velho. Eu tinha uma senhora amiga da família que recebia e tive um contato muito verdadeiro. Falou algo que somente eu poderia saber”, disse.

Wagner Santos prometeu fazer algo diferente e ousar no desfile e, segundo ele, o que mais fascinou, foi o estudo de encontrar uma forma de fazer um trabalho diferenciado.

“O que mais me fascinou foi a questão de encontrar uma forma de fazer um trabalho diferenciado e foi isso que me preocupou desde o início. Minha proposta mais ousada deste ano, foi uma boa escolha de cor para o abre-alas, do tema e trazer isso de uma forma diferente. O desafio de mudar o esquema e trazer uma nova proposta visual pro desfile do Tatuapé”.

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A escola ganhou o carnaval nos anos de 2017 e 2018. Se não fossem os erros de 2019 e 2020, o Tatuapé poderia ter engatado mais dois canecos para sua galeria. Wagner disse que pretende corrigir os erros com muito trabalho.

“Infelizmente nós erramos. Não tem como prever acidente de carnaval, isso em qualquer agremiação. Sambista não pode achar que o carnaval de outro dê problema seja bom e é trabalhar para não errar mais. Temos trabalhado com a equipe de Parintins para corrigir alguns erros e coisas que acontecem no barracão. Também a gente tem aquele problema de chegar no Anhembi, pegar chuva sem trégua com os carros alegóricos e não tem material que aguente. Ele se destrói, perde o encanto e tudo isso é muito ruim, fora os acidentes de manuseio que podem acontecer. São várias coisas que não podemos prever”.

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Indo para o seu quarto desfile na agremiação, Wagner Santos mostra muito gratidão ao pavilhão. “Eu vejo o Tatuapé como um pavilhão que eu tenho muito a agradecer, porque foi a escola que me deu a oportunidade de dar o meu título de campeão do carnaval de São Paulo. Eu já tive a oportunidade de fazer outras agremiações, mas por todas que eu passei, bati na trave e não carreguei nenhum caneco. O Tatuapé é uma comunidade que me recebeu de braços abertos, desenvolvi trabalhos e eu só tenho que agradecer, porque foi um presente que me deu”, disse.

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Conheça o desfile:

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Setor 1
“Quando o Preto Velho chega, lhe é oferecido um café e, nesta aparição, ele falou que contaria como apareceu esse fruto, como trouxe riqueza, mas também como trouxe sofrimento para alguns povos que foram escravizados para o plantio do café. Depois, nós chegamos no nosso abre-alas, onde o Preto Velho começa a contar que o café surgiu na África. E assim vamos chegando nas alas, onde vão contar mais detalhes dessa história no mundo”.

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Setor 2
“Já no segundo carro, vem fazendo uma homenagem ao café no Brasil, onde temos a figura do Preto Velho, senzala e casa grande. Vamos mostrar como o café se tornou o principal produto de exportação do Brasil. Café gerou riquezas, títulos aos donos, barões e baronesas do café. O carro também retrata muita dor e sofrimento dos escravos”.

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Setor 3
“Nosso terceiro carro, vai fazer uma homenagem ao café na cultura. O café na música, cinema, literatura, pintura e em diversos setores artísticos, porque quando foi considerado o principal produto brasileiro, o Portinari fez diversas obras e, hoje tem uma das obras mais caras dele, que é a colheita do café. Também temos diversos livros que contam a história do café do Brasil e no mundo. Temos o café na música do rei Roberto Carlos, onde ele cantou a música ‘café da manhã’ e nós temos Bach que também fez uma homenagem”.

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Setor 4
Nosso último carro, é o retorno do Preto Velho ao paraíso espiritual dos negros, que é Aruanda. Nesse carro, nós vamos ter as figuras dos principais orixás, que são a origem religiosa do Preto Velho. Lá nós temos baianas, vamos ter diversas figuras gigantescas no carro de entidades espirituais africanas. Nós vamos ter Oxalá, Iemanjá e os 14 orixás compondo o carro, que parece um plano espiritual. Tem uma proposta de retratar um lugar de evolução, de luz, todo trabalhado em azul, branco e prata”.

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Ficha técnica

Alegorias: Quatro
Componentes: 2100
Alas: 18
Diretor de barracão – Antônio de Castro
Supervisão de fantasias e ateliê – Rosângela da Rocha Coelho

Entrevistão com Julinho e Rute: ‘Somos muito felizes na Viradouro. A gestão, além de profissional, é muito humana’

Tricampeões do Grupo Especial e com mais um título do Grupo de Acesso juntos, Rute Alves e Julinho Nascimento, em 2022, vão para o seu 14 desfile como casal de mestre-sala e porta-bandeira, o quarto pela Viradouro. Dupla que se formou para o carnaval de 2008 na Vila Isabel, escola onde seriam campeões em 2013, repetindo o feito no ano seguinte, mas pelas cores da Unidos da Tijuca, o casal ainda ajudou a Viradouro a subir em 2018 quando surpreendentemente aceitaram o convite para trabalhar no Grupo de Acesso. Em 2020, foram coroados com mais um título.

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Em entrevista para o site CARNAVALESCO, Rute e Julinho contam como foi a decisão de aceitar o convite da Viradouro para participar do projeto de reconstrução da escola ainda no Grupo de Acesso, no carnaval de 2018, relembram desfiles inesquecíveis, e falam sobre a mudança em algumas características no bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira, além da renovação de nomes no quesito e a grande expectativa para voltar a pisar na Sapucaí em um desfile.

A dança de mestre-sala e porta-bandeira mudou tanto como dizem?

Rute: “É um quesito que ao mesmo tempo é exigido coisas novas, também é exigido que mantenha característica, que mantenha a dança tradicional. A gente meio que se pega ali em fazer uma bossa, fazer uma graça e outra, mas mantendo o tradicionalismo. Eu lembro que quando a gente começou, até por vir a frente da bateria, a gente não tinha aquele momento certo do samba para entrar, na cabine dos jurados. A gente fazia praticamente uma apresentação que a gente fazia na quadra. Apresentação de bandeira e as obrigatoriedades. Não tinha aquilo de cumprir uma passada do samba. Com os casais indo lá para frente, já passou a ter a hora certa de entrar, e eu não posso precisar quando começou essa mudança, e quando a gente viu, todo mundo estava montando um desenho coreográfico”.

Julinho: “Eu não vejo uma mudança na dança não, respeitando os momentos, cada época, eu não vejo porque hoje os casais dançam mais porque são mais exigidos fisicamente. Acho que cada momento, cada época, teve a sua exigência, hoje a exigência que se tem de um casal de mestre-sala e porta-bandeira é em função do que evoluiu o carnaval”.

Ainda neste contexto, o que é principal na visão de vocês para o sucesso de uma apresentação do casal?

Julinho: “Acho que o principal para o sucesso de um casal hoje é o entrosamento. É essa química, essa cumplicidade que o casal tem no olhar, porque não basta só ensaiar. Ensaiar, a gente pode ensaiar 24 horas por dia, e repetidas vezes. Mas, eu acho que não é só a questão técnica ou mecânica da dança, tem algo mais na dança do casal, falo de uma avaliação que isso fica presente e notório quando se percebe a troca de olhares, a cumplicidade dos dois, o ritmo que os dois imprimem, um complementando o outro. Isso é além da questão técnica. Pode se ter uma excelente porta-bandeira que realiza todos os pré-requisitos, pode ser excelente mestre-sala. Mas, se não houver essa química entre os dois, que vem ao longo do tempo e não adianta só com ensaio, com um mês de ensaio, isso vem ao longo do tempo. O amadurecimento da dupla”.

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A preparação física dos casais hoje é cada vez mais intensa. É o padrão mesmo e deve aumentar ao longo dos anos?

Rute: “Até pelo fato de hoje se exigir mais dos casais, não falo ser melhor ou pior, as fantasias hoje serem mais pesadas, muito mais elaboradas do que eram antigamente, não querendo dizer ser melhor ou pior, mas até pelo material, pelo luxo que se é exigido, principalmente do primeiro casal, passou-se a ensaiar mais, e por conta disso, ter uma preparação física. Hoje, os casais não só dançam, são atletas também. A cada ano se buscam coisas novas, trabalhos diferentes. Hoje, a gente já tem uma preparação física específica, que não é qualquer profissional que faz, não basta chegar em uma academia e buscar um personal que não vai fazer essa preparação que a gente precisa. A cada ano é buscado coisas novas que não só a gente, mas os casais procuram para agregar para essa preparação. É um caminho sem volta”.

Julinho: “Acho que essa questão de o casal trabalhar mais, ensaiar mais e tudo, é nada mais do que o próprio desfile pede. Se, antigamente, o desfile não pedia que se parasse em determinados pontos do desfile, hoje você vê que a comissão de frente, tem tantas passadas do samba para chegar em determinado ponto do desfile, ou na frente de uma cabine, o casal de mestre-sala e porta-bandeira que vem logo atrás, é tudo certinho, é um tecnicismo no desfile e começou a se exigir isso, mas esse fato não quer dizer que outrora não fosse exigido. Cada um, dentro das suas exigências. Hoje a nossa performance é exigida fisicamente, a gente tem esse acesso a esse tipo de informação, coisas que a um tempo atrás não tinham, mas eles não deixavam de se preparar”.

Como dupla qual foi o desfile inesquecível de vocês? E qual foi o desfile que gostaria de não lembrar muito?

Rute: “Inesquecível, sem dúvida, foi Angola (Vila Isabel 2012). Foi um ano que a gente passou por muitas coisas, o Júlio teve uma lesão no reto femoral, a gente ficou muito tempo sem poder ensaiar, ele teve que fazer um tratamento muito rigoroso. A minha sorte, a sorte da Vila Isabel, é que ele é uma pessoa muito comprometida, ele é muito bom profissional, ele é muito responsável. O que precisou fazer para ele se recuperar, ele fez. Até cirurgia no Flamengo ele fez, com o doutor José Runco. Também 2018, a nossa chegada na Viradouro foi inesquecível, juntos. Um para mim, que mudaria, ou que pudesse nem teria acontecido, 2017, Unidos da Tijuca”.

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Julinho: “A nossa cumplicidade é tanta que eu vou falar a mesma coisa. Angola arrepia. Por tudo que a gente está vivendo hoje, pela nossa causa, Angola representa muito disso. O que foi aquele enredo, aquele samba, aquele desfile meu e da Rute. Foi um presente porque a grande Rosa Magalhães tinha já desenhado uma roupa para gente, e a Rute pediu naquele ano para colocar a boneca representando o neném angolano nas costas. Foi um ano de representatividade, de fortaleza, afirmação, quarto carnaval com a Rute. Aquele ano, não foi só o desfile, mas foi a passagem, toda a preparação para o carnaval foi marcante demais. O ano de 2018 foi maravilhoso na chegada a Viradouro, mas aí, eu vou discordar, não acho nem o ano do campeonato, mas para mim foi o segundo ano, 2019, o primeiro ano de retorno da Viradouro no Especial, a gente estava retornando, o renascer das cinzas como ela falava e a gente fazendo parte desse projeto, a Viradouro foi a segunda escola a desfilar no domingo, a gente pegou chuva, pista molhada, mas a gente estava com uma energia, uma áurea. Aí falando de 2017, que não foi um ano, um processo, uma passagem feliz. Nesse ano até o carnaval de 2017, eu e Rute passamos por muitas dificuldades, muitas intempéries até o momento daquele Carnaval de 2017. Mas, em 2019, Deus mostrou para gente que a gente poderia confiar nele, que tudo que a gente passou nos preparou para aquele momento de glória”.

Fora da dupla, qual o desfile inesquecível que participaram?

Rute: “Fora da dupla, inesquecível meu, foi minha estreia na São Clemente. Primeiro ano, como primeira (porta-bandeira) já, ali na São Clemente, uma escola tão potente, em 1997”.

Julinho: “Como a Rute tem uma memória muito boa da estreia como porta-bandeira, eu também tenho da minha dançando com a minha madrinha Vilma (Nascimento), carnaval de 1990, porque era um sonho que eu tinha de criança, de dançar com ela, e ela já tinha deixado de dançar. E, eu alimentava que um dia eu ia dançar com ela, mas não sabia de que forma, e de repente, ela volta a dançar e naquele processo eu já estava segundo mestre-sala e consegui realizar meu sonho”.

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Uma das maiores surpresas do carnaval foi quando vocês aceitaram sair da Tijuca para ir para Viradouro no Acesso. Como isso aconteceu?

Rute: “ Na verdade, nós fomos dispensados da Unidos da Tijuca, com muito carinho, com muito respeito. Eu nunca vi o seu Fernando Horta tão emotivo. Quando ele conversou com a gente para dispensar a gente, ele se emocionou e falou que nunca tinha trabalhado com um casal tão humano quanto a gente. Foi entendido da nossa parte. E, o que pesou mais, foi a gente poder dançar juntos. Porque tinha escola do Grupo Especial que me queria e não queria o Júlio. Tinha escola do Especial que queria o Julinho e não me queria. A gente não queria se separar”.

Julinho: “Desde o primeiro momento, os Marcelos (Calil), a forma como eles nos receberam, a forma como eles conversaram conosco, a forma humana desde então que eles nos tratam. Não é só uma relação de gestor, existe sim, a questão da gestão, do profissionalismo, mas a questão humana, a preocupação do ser humano, isso tem funcionado com escola. Na época pela escola estar buscando um resgate, e a gente estar buscando algo novo, que nos renovasse. Juntou o útil com o agradável”.

Já ouvimos vocês falarem e muito do carinho e cuidado da Viradouro com vocês. Como vocês podem detalhar isso para o público o que é feito para vocês estarem tão bem na escola?

Rute: “Somos muito felizes na Viradouro, e costumo falar que a situação da Viradouro me deixa feliz, mas ao mesmo tempo triste, porque com 25 anos como porta-bandeira, há quatro anos que eu tenho o respeito, que eu tenho o que eu preciso, que eu tenho a estrutura que eu tenho na Viradouro. É triste saber que uma coisa que era para ser comum, seria normal, não é. A nossa classe sabe o quanto é difícil você ter uma estrutura, você ter uma voz, você ser respeitada na sua escola”.

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Julinho: “Foi no momento certo que a gente veio para escola, esse momento de resgate que eles queriam e conseguiram, de resgatar a alegria do componente, de retornar e conseguir um campeonato. E, a gente fazer parte desse projeto, e saber que eles (os Marcelos Calil) queriam e contavam conosco, foi maravilhoso. Os segmentos da escola receberam eu e a Rute com um carinho enorme e acho que é recíproco, nós, a partir da gestão da escola, já chegamos super felizes na escola, querendo dar o nosso melhor. A gente tem uma relação muito forte com a escola e o Marcelo costuma a dizer para nós ‘esse povo ama vocês’, claro que também com outros segmentos da escola, mas falando de nós dois, os componentes eles dizem que o povo se identificou muito com a gente, com a simplicidade, com a maneira como a gente chegou. E tendo tudo isso, dessa forma, não tem outro jeito que não retribuir. E como? Com carinho, com empenho, com dedicação, com comprometimento, com seriedade, com profissionalismo. Tudo isso faz existir essa reciprocidade entre nós e a comunidade da Viradouro”.

O que vocês aperfeiçoariam no julgamento do quesito?

Rute:” Hoje eu não tenho como falar para você o que poderia ser mudado no julgamento. O que eu gostaria em particular que houvesse era uma troca, ou uma conversa mesmo, entre os casais e os jurados. Já teve a algum tempo com os segmentos, mas não foi com o casal. Era bom que a Liga propusesse isso para os casais. Para a gente entender, para a gente ouvir, para a gente se esclarecer e esclarecer também os jurados. Ia ser muito bom essa troca. Mas, exatamente o que seria mudado, não sei, talvez alguma coisa mais esclarecedora que a gente tem dúvidas, e pela dúvida, a gente acaba não fazendo, isso poderia ser esclarecido com eles”.

Julinho: “Eu acho que no quesito, hoje, é difícil. Acho que a gente se adaptou tanto à evolução do desfile, que o carnaval veio evoluindo. A gente vai aprendendo com o passar do tempo”.

A coreografia na dança tem que existir, porque é pedida, mas também é canetada se for excesso. Como vocês trabalham essa questão?

Rute: “No regulamento não se exige que tenha uma coreografia não. Os casais buscam mais esse desenho coreográfico, por a gente já ter um tempo certo para entrar, ter um tempo certo que normalmente é de uma passada do samba para estar se apresentando. A gente faz um desenho coreográfico em cima disso, para ter um elemento a mais, para o casal se diferenciar. Isso é mais para o casal poder oferecer algo diferente, uma cereja do bolo. Não que isso seja exigido”.

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Julinho: “A impressão que eu tenho, neste período que eu venho desfilando como mestre-sala, é que se aumentou a exigência no sentido de que a performance, hoje, é uma performance que você, às vezes, tem que ter uma maturidade para você atingir um grau de performance, e ao mesmo tempo, a naturalidade que pede a dança tradicional de um mestre-sala e porta-bandeira. Quando a gente tenta fugir um pouco desse tradicionalismo, pode ocorrer em detrimento dessa questão tradicional da dança, que você perde a dança, a harmonia, o sorriso. Isso é uma maturidade que vem com o tempo. Eu não sei até onde que essa questão que é mais subjetiva do quesito, a exigência a esse ponto, tenha esse tipo de preocupação, e possa ocorrer isso em detrimento da naturalidade que as pessoas esperam”.

Como funciona com vocês o processo de produção da fantasia para o desfile? Hoje, os jurados tiram pontos por saias curtas e etc. Qual análise de vocês sobre o peso do julgamento na hora de avaliar também o figurino, além da dança?

Rute: “Essa situação da altura da saia, é uma coisa que não diz no regulamento, mas que a gente sabe que é pontuado. Seria uma das coisas legais para serem conversada com os jurados e até se for o caso a Liga botar no regulamento, uma altura permitida, porque acaba com isso. E voltando aquilo que a gente falou do que a Viradouro proporciona, a gente tem uma voz, a gente é consultado. Desde onde confecciona a nossa fantasia, a gente pode escolher um ateliê que a gente confia. Até mesmo a elaboração. Eu lembro esse ano, que quando foi escolhido o enredo, aí eu já pedi para os carnavalescos ‘ não me bota de colombina não, por favor’ (risos). Tem esse carinho, tem esse respeito, e a gente aqui tem voz”.

Julinho: “A gente tem uma entrada, uma abertura. Os ‘Marcelos’ participam, a direção de carnaval participa, os carnavalescos participam e nos dão abertura. Não que a gente decida o que vai ser. Porque isso não é papel nosso. Mas, perguntam, ‘e aí, o que vocês acham? ’, ‘gostaram? ’, ‘precisa mudar alguma coisa? ’. Ouvir isso e ter esse carinho é muito importante. Não é a estrutura de fazer a roupa mais bela, mais rica, com os melhores materiais. Não é essa a questão. A roupa tem que estar adequada para a gente realizar. A gente se prepara ao longo do ano, fisicamente e mentalmente, e a gente precisa que a roupa esteja embutida nesse processo”.

Vocês capricham nos figurinos de ensaio de quadra, rua e até os técnicos no Sambódromo. É uma forma de agradar ao público também?

Rute: “Primeiro assim, eu gosto. Eu trabalho com figurino, eu faço figurino para teatro. E, isso não é o Júlio e a Rute, são dois personagens, o mestre-sala e a porta-bandeira. Sempre que possível, e a escola também permite, porque não é uma coisa fácil e nem barata, é uma coisa que exige ter recursos. Então, sempre que tem oportunidade de a gente fazer, a gente pesquisa, a gente pergunta. Eu meio que já pergunto para ele (Julinho) determinando, não dou muita confiança (risos). Eu tenho o carinho de pensar uma coisa bacana para ele. E, ele também vem com ideias bacanas”.

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Julinho: “É um comprometimento que a gente tem primeiramente um com o outro e em seguida com a escola. A gente tem noção do que a gente representa. Nós somos meio que o cartão de visitas da escola porque a gente protege e porta o símbolo maior de uma agremiação. A Rute, enfim, moda, quando ela já tem as ideias, ‘vamos fazer uma roupa assim? ’, eu já fico “tá bom, vamos fazer” (risos). E a Rute tem umas sacadas, umas ideias muito legais. E a gente tem esse comprometimento de estar bem vestido porque isso faz parte das obrigações de um mestre-sala e uma porta-bandeira. Mas, o bem trajado não quer dizer que você não possa usar algo original, algo pertinente a dança ou ao enredo”.

Muitos casais estão optando por bandeiras menores, facilita na dança e a bandeira fica quase sempre esticada. Como é a de vocês? E o que pensam sobre o tamanho das bandeiras?

Rute: “O tamanho da minha bandeira é o tradicional, eu tenho medo de diminuir alguma coisa assim, porque desde que eu comecei foi sempre esse tamanho, e em time que está ganhando não mexe, independente de notas, a gente mantém. Mas, eu acho que cada uma tem o direito e deve adequar, se é permitido, se não tem essa obrigatoriedade também que não tem no regulamento, acho que cada um deve, tem o direito de adequar a bandeira ao tamanho que for melhor para a porta-bandeira. Porque já é o peso, já é a roupa, a tensão do momento. Não vai ser o tamanho do pavilhão que vai significar o respeito ou a dança”.

Julinho: “Já tem essas questões de chuva e vento também. Eu acho que a porta-bandeira tem que ter esse livre arbítrio para poder desempenhar a função dela da melhor maneira. Agora se ela vai adequar porque a bandeira é um pouco menor ou um pouco maior, ou se é mais ou menos rígida, acho que isso não vai fazer diferença. O que vai fazer diferença é o girar dela com a bandeira. É a bandeira desfraldada. A gente, mestre-sala, sempre pensa também em estar se adequando, porque ela está carregando uma fantasia que tem um diâmetro, tem determinado peso, e ainda tem a questão da bandeira, vento, chuva, e a gente precisa procurar facilitar a vida delas”.

Estamos vendo grandes revelações chegando como porta-bandeira e mestre-sala. Acreditam que o quesito está bem resguardado pelos próximos 10 anos?

Rute: “Eu sinto que meio que mestre-sala e porta-bandeira tem uma época que surge, novos talentos, tem uma época que dão uma parada, que não surge tantas pessoas novas. O que eu fico mais feliz com isso, é poder estar vendo tantos projetos de mestre-sala e porta-bandeira nas escolas, no Manoel Dionísio, no Minueto, da Viviane, e do Tio Galo. Isso é muito legal, e ver as crianças querendo, almejando, isso sim faz com que a gente veja que a nossa arte, a nossa classe vai perdurar e vai estar sempre tendo renovação. Porque as crianças e as galerinhas estão procurando. E vejo também que os veteranos estão dando conta, estão correndo atrás e fazendo o dever de casa, estão se cuidando”.

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Julinho: “Eu acho que o carnaval está bem, eu vejo que futuramente teremos grandes mestres-salas e porta-bandeiras. É óbvio que isso depende de uma série de fatores. Por mais que se tenha grandes valores surgindo, não é só a questão do ser enquanto se está dançando, tem uma série de questões, de comportamento, de responsabilidade, que isso vai formar e vai trazendo maturidade, e vai dar longevidade a carreira de um mestre-sala e de uma porta-bandeira. Mas, eu vejo sim talentos no Grupo de Acesso, no Grupo Especial, dos que estão surgindo, dos que já estavam mais tempo, eu vejo um momento muito gratificante para o quesito ou segmento”.

Por fim, o que significará para vocês quando entrarem na Avenida defendendo o bicampeonato consecutivo da Viradouro após dois anos sem desfiles?

Julinho: “Eu estou achando que esse vai ser o carnaval dos carnavais. Eu acho que vai ser, pela expectativa que está sendo gerada nos próprios sambistas. Eu acho que para nós, vai ser um carnaval muito diferente, porque todas as escolas, todos os componentes vão entrar emocionados, extasiados, eu acho que não vai ter aquela escola de ‘precisamos de um algo mais para escola entrar’, ou porque o samba não encaixou, ou porque aquele enredo não foi esperado. Acho que isso não vai existir no carnaval, não só no Grupo Especial, como em todos os grupos. Eu acho que todo componente, aquele sambista, aquele desfilante que entrar na Avenida, ele vai se emocionar, independente do grito de guerra, do aquecimento da bateria. Quando ele se ver diante de tudo que ele passou e continua passando, as atrocidades que estão acontecendo que a gente está vendo no mundo e todo esse processo, essa dificuldade que o carnaval está enfrentando para acontecer, então, isso vai mexendo com as pessoas de uma forma que quando o sambista estiver ali e ver ‘caramba, é carnaval de fato’, eu acho que não vai ter um componente que não vai entrar com um gás a mais, e não vai ser necessário pedir isso”.

casal viradouro2

Rute: “Vai ser o desfile da emoção como o Julinho falou. O que eu discordo do Júlio, é que todas as escolas vão passar bem, e não vai ter ‘a escola’. Eu ainda acho que vai ter a escola, ainda vai ter o samba, o samba da ‘carta’. Acho que o samba da carta vai ser o samba do carnaval. Acho que ainda vai ter esse diferencial. A bateria, o casal, vai ter porque somos humanos, porque ali é um momento, porque por mais que todo mundo ensaie, todo mundo se prepare em todos os quesitos, tem aquela situação, tem aquele momento, tem aquela fantasia que vai fazer a diferença. Mas vai ser muito emocional. E todo mundo perdeu alguém, e a gente quando entrar ali vai ser por eles, mas por nós também, porque a gente sobreviveu, então vai ser muito vitorioso. A gente vai ter que controlar muito isso. E a Viradouro particularmente está trabalhando muito, porque é a escola a ser superada pelo título do último campeonato, é a escola que está mantendo há dois anos o título e agora a gente quer manter mais para poder viver tudo aquilo que uma campeã vive e a gente não viveu por conta da pandemia”.

Confira a nova programação para os ensaios técnicos do Carnaval SP 2022

A Liga-SP divulga alterações no calendário dos ensaios técnicos no Anhembi. Confira abaixo.

18/03 – SEXTA-FEIRA
21H45 MANCHA VERDE

19/03 – SÁBADO

18H00 CAMISA 12

19H15 MOCIDADE ALEGRE

20H30 ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO

23H00 CAMISA VERDE E BRANCO

20/03 – DOMINGO

18H00 IMPERADOR DO IPIRANGA

19H15 MORRO DA CASA VERDE

20H30 PÉROLA NEGRA

21H45 COLORADO DO BRÁS

25/03 – SEXTA-FEIRA

21H45 UNIDOS DO PERUCHE

26/03 – SÁBADO

18H00 TORCIDA JOVEM

20H30 ACADÊMICOS DO TUCURUVI

21H45 BARROCA ZONA SUL

23H00 IMPÉRIO DE CASA VERDE

27/03 – DOMINGO

19H15 ACADÊMICOS DO TATUAPÉ

20H30 DRAGÕES DA REAL

21H45 ROSAS DE OURO

ABRIL

01/04 – SEXTA-FEIRA

20H30 UNIDOS DO PERUCHE

21H45 CAMISA VERDE E BRANCO

23H00 NENÊ DE VILA MATILDE

02/04 – SÁBADO

16H45 UIRAPURU DA MOOCA

18H00 MORRO DA CASA VERDE

19H15 LEANDRO DE ITAQUERA

20H30 ESTRELA DO TERCEIRO MILÊNIO

21H45 GAVIÕES DA FIEL

23H00 UNIDOS DE VILA MARIA

03/04 – DOMINGO

18H00 INDEPENDENTE

19H15 ACADÊMICOS DO TUCURUVI

20H30 MOCIDADE UNIDA DA MOOCA

21H45 PRIMEIRA DA CIDADE LÍDER

08/04 – SEXTA-FEIRA

20H30 DOM BOSCO DE ITAQUERA

21H45 X-9 PAULISTANA

23H00 VAI-VAI

09/04 – SÁBADO

16H45 IMPERADOR DO IPIRANGA

18H00 BARROCA ZONA SUL

19H15 ÁGUIA DE OURO

20H30 MOCIDADE ALEGRE

21H45 MANCHA VERDE

23H00 TOM MAIOR

10/04 – DOMINGO

16H45 TRADIÇÃO ALBERTINENSE

18H00 COLORADO DO BRÁS

19H15 DRAGÕES DA REAL

20H30 ACADÊMICOS DO TATUAPÉ

21H45 IMPÉRIO DE CASA VERDE

Protocolos anticovid-19

Para assistir aos ensaios técnicos gerais, o público deve apresentar o Passaporte da Vacina ou outro comprovante de imunização contra a covid-19, com ao menos duas doses.

 

Componentes da Grande Rio comentam importância do enredo sobre Exu: ‘Desmistificar’

Com enredo ‘Fala, Majeté! As sete chaves de Exu’, a Grande Rio conta com o apoio da comunidade para ter sucesso no desfile em abril de 2022. O dançarino Aly Moreira, de 32 anos, integrante da comissão de frente da escola de Caxias, comentou a importância do enredo da agremiação.

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Fotos de Nelson Malfacini

“Quando as pessoas escutam esse nome de Exu, vem esse impacto pela força do orixá. Mas ele é o orixá da dualidade, e não voltado para um lado ‘maligno’ ou ‘demoníaco’. Então esse é o papel da Grande Rio, de desmistificar isso. Todo orixá tem muito do ‘querer da pessoa’ e não da entidade, não é sobre ser ruim ou mau”, disse Aly.

Na última década, a Grande Rio prezou por enredos mais populares, como as homenagens a Ivete Sangalo, Chacrinha, cidade de Santos e Maricá, o que não rendeu boas colocações. Contudo, no último Carnaval, de 2020, trouxe Joãozinho da Gomeia como enredo, e aliado a um grande desfile, chegou ao vice-campeonato.

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“A Grande Rio está em um momento muito bom de se redescobrir, de se reconectar com a comunidade. Os enredos que faziam muito sucesso estão voltando para a escola. Depois de enredos mais populares, de ‘oba-oba’, a escola está resgatando nossa raiz, que é a cultura negra e afro-brasileira. A comunidade e os dirigentes estão muito felizes com essa escolha”, encerrou Aly.

Deise Sanchez, de 50 anos, que é do Candomblé, componente da ala Zumbi dos Palmares, comentou a importância de Exu e também falou sobre a mudança de perfil de enredos da escola de Caxias. “Esse enredo é muito importante, principalmente para os candomblecistas, assim como eu, que sou ialorixá. Nós vamos poder mostrar para as pessoas que Exu é caminho. Estamos ensinando o quanto ele pode mudar a nossa vida de forma positiva. Para nós é um orgulho e alegria poder falar sobre esse orixá”, disse, antes de emendar.

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“A importância da mudança no perfil dos enredos já foi vista no último Carnaval, quando a Grande Rio quase chegou ao título com o Joãozinho da Gomeia. Nós sentimos que a energia daquele enredo foi muito boa, vamos repetir neste ano e eu acho que vai dar bom na Sapucaí”, completou Deise.

Super Som realiza ensaio na Sapucaí e mestre Marcão comemora: ‘Sensação de dever cumprido’

A quarta-feira foi marcada pelo ensaio da bateria do Paraíso do Tuiuti no setor 11 da Marquês de Sapucaí. Sem carro de som, apenas com os ritmistas do mestre Marcão, a Super Som fez grande trabalho na Avenida para ajustar os detalhes para o ensaio técnico do próximo domingo. Marcão falou sobre o desempenho da equipe no Sambódromo nesta noite e a escolha de uma atividade exclusiva para a bateria.

“Essa rapaziada é sem comentários, compraram uma causa, de um novo mestre de bateria, vindo de fora. Eu cheguei e falei ‘pessoal, é só trabalhar que a gente chega no nosso êxito’, e a prova está aí. Tem gente de Friburgo e São Paulo aqui, isso é Tuiuti. É um ajudando o outro. Espero que domingo seja ainda melhor, mas hoje a gente cantou, tocou, tudo no mesmo andamento, as bossas entraram. Esse samba já tem um andamento próprio, então é só executar o trabalho”, comentou Marcão, antes de emendar:

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Fotos: Leonardo Damico/Site CARNAVALESCO

“A sensação é quase de dever cumprido. Agora temos o ensaio técnico no domingo para em abril a gente brilhar. Hoje foi só com a bateria, pra gente ver o que está certo, o que está errado e corrigir as pontas que estão frouxas. Só com a bateria aqui, a gente tira tudo de dentro da gente, do sangue, da alma, principalmente quem é da comunidade. De repente no dia ocorre um problema no carro de som, aí a gente vai estar cantando tudo, por isso hoje fizemos sem o carro de som”, completou.

Para o desfile oficial, a Super Som levará 250 ritmistas, com cinco bossas planejadas. Para o mestre Marcão, a bossa do ‘robô’, que será feita com timbal, pode surpreender na Avenida. O comandante da bateria do Paraíso do Tuiuti também comentou sobre a utilização do metrônomo pelos jurados. O aparelho vai mensurar o BPM (batidas por minuto) das baterias nos desfiles.

“Bateria de escola de samba é sentimento. Cada uma tem sua característica, tem umas mais para trás, outra para frente. Eles não podem mudar isso. Eles não podem comparar uma escola com a outra. Não deve haver um parametro. A bateria da Mangueira é própria, a da Mocidade é própria, e a da Tuiuti também”, analisou Marcão.

Apesar de não ter cantado nesta quarta-feira, o intérprete Celsinho Mody marcou presença no ensaio da Super Som, assim como o corpo de passistas da escola, que fez atividade no Sambódromo. O cantor da Paraíso do Tuiuti falou sobre o retorno à Sapucaí e a importância do ensaio da bateria no local. O intérprete também projetou o desfile da agremiação de São Cristóvão.

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“Pra mim é uma experiência nova. Nunca participei do ensaio nesse setor, então estou muito feliz. Agradecer a oportunidade de fazer mais um carnaval maravilhoso como esse e de estar ao lado do meu povo. Cada local tem um tipo de som, na quadra, na rua, aqui. Mas é bom vir aqui sentir a energia e a sonoridade. A expectativa para o desfile é a melhor possível. A Tuiuti vem para fazer mais um carnaval histórico e terminar levantando a taça de primeiro lugar”, comentou Celsinho.

Unidos de Padre Miguel ensaia nesta sexta no Ponto Chic

A Unidos de Padre Miguel realizará na próxima sexta-feira, 18 de março, mais um ensaio de rua, em Padre Miguel. Com concentração a partir das 21h, a direção do Boi Vermelho convoca toda comunidade e segmentos para mais um treino de harmonia e evolução, no ponto mais tradicional do bairro, o Ponto Chic.

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Foto: Nelson Malfacini/site CARNAVALESCO

Vale lembrar que a agremiação ainda está recebendo inscrições de componentes para suas alas de comunidade. Interessados podem se inscrever todas as sextas, antes do ensaio de rua, com direção de Harmonia, basta levar 2 fotos 3x 4, xerox do RG, xerox do comp. residência e carteirinha de vacinação, além da taxa de R$ 35,00.

No carnaval de 2022, a Unidos de Padre Miguel levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “IROKO – é tempo de Xirê”, que contará a história da Árvore-Orixá, de autoria do carnavalesco Edson Pereira. A UPM será a quinta escola a se apresentar, na quinta-feira, dia 21 de abril.

Mocidade volta a ensaiar na rua neste domingo

Acabou a espera! Neste domingo, dia 20 de março, a partir das 17h, a Mocidade Independente de Padre Miguel retoma seus ensaios de rua para o desfile oficial. Como é tradição, a concentração da escola acontece na Praça Guilherme da Silveira e todos os componentes estão convocados.

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O cortejo em verde e branco segue até a quadra antiga da agremiação, na Vila Vintém, e lá acontece uma grande roda de samba comandada pelo intérprete Wander Pires na sequência.

A Estrela Guia da Zona Oeste será a terceira escola a desfilar no sábado, dia 23 de abril, com o enredo ‘’Batuque ao Caçador’’. O tema tem o desenvolvimento do carnavalesco Fabio Ricardo.