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Mestre Fafá: ‘É uma felicidade comandar a bateria da Grande Rio’

De promessa do Olaria até o estrelato na Grande Rio, Fabricio Machado deixa os campos do subúrbio carioca para se tornar camisa 10 em Duque de Caxias. Calma, você não está enlouquecendo e tampouco este texto está publicado de maneira equivocada. Fabricio Machado é mais conhecido como Mestre Fafá! Encarregado de resgatar a bateria da Grande Rio, o jovem mestre apresenta carisma, humildade e reforça a necessidade de respeitarmos e mantermos vivas as lembranças e feitos do passado.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A princípio podemos pensar que a missão de resgatar a bateria da Grande Rio é grande responsabilidade para um ritmista de apenas 31 anos, todavia, Fafá carrega o samba, o carnaval e a paixão tricolor desde o berço. Filho do ex-mestre Du Gás, ele entrou na escola aos 13 anos de idade fazendo parte da escola mirim Pimpolhos da Grande Rio. Foi ritmista, diretor de bateria, coordenou o carro de som, voltou a ser ritmista, porém, desta vez na Grande Rio e hoje podemos vê-lo comandando a bateria da invocada. Fafá passou a vida dentro da escola, logo, pode dizer que a quadra da tricolor da baixada é uma espécie de segunda casa para ele, onde ele se sente à vontade com os amigos e ancestrais.

“Cara, é uma responsabilidade sem tamanho, porque comandar uma bateria por onde já passou meu pai (Du Gás), Odilon, Ciça, Thiago Diogo, Maurício, Jorjão, Maurão, Paulão… comandar pessoas que são crias de Caxias comigo, que são meus amigos, irmãos de farda, de vida e de sangue. Eu acho que na verdade não é uma responsabilidade, mas é uma felicidade, porque estar aonde você gosta, fazendo o que gosta e com pessoais especiais é melhor ainda, então é uma alegria muito grande, é uma alegria toda vez que estou aqui”.

Sendo uma das referências de ritmo no carnaval, mestre Fafá esbanja conhecimento e respeito as diversas formas de se pensar a bateria. Em temas que estão em voga, como o debate a respeito dos andamentos, ele demonstra rara capacidade de explicar de modo sucinto e claro quais são os seus pensamentos.

“Eu acho que cada um tem o seu e merece ser respeitado, cada um tem sua característica, tem gente que gosta mais pra frente e tem quem goste mais pra trás e isso é questão de gosto. E não é só usar o andamento, né? Se você coloca um andamento que sua escola responde, ela canta e pulsa, acho que é um andamento válido”.

Quando perguntado sobre se o andamento do carnaval de 2022 será diferente do andamento de 2020 e se ele teria um naipe trunfo nas mangas, ele não titubeou ao falar.

“Não, na verdade não tem diferença de 2020 para 2022. O naipe trunfo é o nosso conjunto. A gente sempre busca fazer com que a galera entenda que ninguém precisa tocar mais alto que ninguém, todo mundo na verdade precisa tocar no mesmo volume e na mesma pegada até mesmo para termos harmonia entre os instrumentos, então acredito que nosso naipe trunfo é a equalização, é tocar para a bateria, o conjunto é nosso naipe trunfo”.

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Fafá também enaltece a presença da rainha de bateria, Paola Oliveira, no conjunto responsável pelo sucesso da bateria da escola. Enaltece o ser humano Paola antes de mostrar o quanto valoriza a rainha.

“Falar da Paola é em primeiro lugar falar de uma pessoa fantástica, é falar de uma pessoa que durante uma pandemia de oito meses ela entregou 300 cestas básicas por mês para sua bateria. É falar de uma pessoa que no meio da pandemia saia da sua casa para ir até a quadra buscar entender como ajudar as pessoas, então antes de rainha ela é um ser humano incrível. Sabe? E como rainha, ela é fantástica, é dedicada, ama sua comunidade, respeita sua bateria, então é uma honra poder trabalhar com ela”.

O carinho e respeito apresentados ao falar da rainha, também se fazem presente ao alerta sobre a necessidade de maior valorização dos ritmistas e lembra que eles (ritmistas) são fundamentais na promoção da alegria fomentada pelo carnaval.

“O ritmista é muito desvalorizado e eu digo isso porque sou um eterno ritmista, vejo todo dia o que eles passam e dá para valorizar mais sim. Acho que é preciso dar mais valor para os ritmistas, até porque são pessoas que se doam demais para a escola, ensaiam direto, debaixo de sol, chuva, tempestade, são responsáveis por fazerem a escola pulsar, responsáveis por fazerem a alegria de muita gente”.

Ele também informa como sua escola vem atuando no sentido de valorização dos ritmistas, quais são os planos dela para um futuro recente e deixa claro que o discurso de respeito a ancestralidade e lembrança dos fatos passados não é da boca para fora, é um pensamento executado com ações práticas, logo, ele não esquece de mencionar a participação do mestre Ciça no processo de amadurecimento da Grande Rio.

“Tem uma frase que aprendi com o Ciça que é “temos que trabalhar na valorização dos ritmistas”, então o ritmista precisa ser valorizado, respeitado, cuidado… na Grande Rio a gente vem evoluindo, muito graças ao Ciça, então como exemplo: Vamos construir o espaço do ritmista atrás do nosso palco, nós vamos fazer uma praça lá homenageando nossos mestres, criando um espaço em que o ritmista possa relaxar, descansar, conversar… eu acho que ainda falta muito para valorização do ritmista, mas já começamos a olhar, acho que os presidentes das escolas de samba estão começando a entender isso, então vamos evoluir nesse sentido”.

 

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Foto: Reprodução / Instagram

Além de mestre Ciça, ele também aprecia e se inspira em trabalhos como do mestre Valdomiro da mangueira e mestre Odilon. Para o mestre Fafá, a onda de renovação que está acontecendo neste momento no carnaval do Rio de Janeiro só é possível, porque a nova geração conseguiu oportunidades que são frutos dos trabalhos dos mestres passados. Seguindo os passos dos antigos é que a nova geração foi compreendendo toda a necessidade de estudos e como possuem uma tecnologia mais avançada que em tempos passados, acabam tendo acesso a muitas informações e recursos para desenvolvimentos das baterias.

“Acho que a gente traz muito de estudos, até mesmo por conta das facilidades. Temos os meios digitais, muita tecnologia…, mas você veja que os mestres antigos estão começando a embarcar nessa também, olha o Ciça, o Ciça ta com instagram, Casagrande, Marcão… e estão bombando nas redes. Eu acho que o cara que gosta de bateria acaba ficando viciado e hoje a gente tem facilidade para estudar muito, mas temos humildade para pegar toda a experiência do passado, com carinho e sabedoria porque isso é preciso”.

E quanto a tecnologia estar servindo no julgamento das baterias, Fafá é receptivo e acredita que a utilização tecnológica de maneira sábia pode ser uma ferramenta para amadurecimento e melhoria dos desfiles. Parabenizou a postura da LIESA, que promoveu um debate sobre a utilização do metrônomo digital na avaliação do carnaval 2022, exaltou o bom trabalho das baterias e aguarda por um bom espetáculo na Marquês de Sapucaí.

“A gente (mestres de bateria) teve uma reunião com o corpo julgador e foi uma reunião muito produtiva. Conseguimos trocar uma ideia com eles e descobrimos como cada um pensa, eles na verdade sempre usaram o metrônomo, mas dessa vez eles vão usar o digital e eu particularmente acho que se for para ajudar no espetáculo isso é muito bom. Eles explicaram como vão usando, então espero que seja um bom espetáculo”.

“Eu realmente acho que a reunião deixou tudo muito bem explicado, muito claro e gostaria até de parabenizar a LIESA, porque eu particularmente nunca tinha participado de uma reunião dessa e eu gostei. Nós falamos de um lado, eles falaram de outro, conseguimos conversar e foi tudo ok, então acho que quem ganhou foi o espetáculo e as baterias. Hoje em dia é muito difícil encontrar bateria ruim, porque todas vem muito bem, mas é claro, dentro de suas propostas, então é muito difícil ver bateria vindo ruim. Agora esperamos que seja um julgamento justo para todos e que no final vença a melhor”.

Do Guajupiá ao Baobá

No carnaval de 2020, a Portela foi para Marquês de Sapucaí realizando uma homenagem aos povos originários indígenas no enredo “Guajupiá, terra sem males”. Sendo a última escola a desfilar, a Portela teve como um dos destaques uma rica palheta de cores que em conjunto com o nascer do sol encantaram a avenida e a comunidade portelense. Elogiada pela imprensa do carnaval, a Portela foi vencedora do prêmio Tamborim de Ouro de melhor escola e foi vista como uma candidata ao título, no entanto, a apuração do último carnaval trouxe perplexidade a quadra da azul e branca. Sua comissão de frente não recebeu uma nota dez e o primeiro casal também foi penalizado. Sendo assim, o portelense acostumado desde 2014 a estar no desfile das campeãs acabou amargando um sétimo lugar.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Para o desfile que irá passar na avenida em 2022, a aposta está no passado. Repetindo a fórmula usada no título conquistado em 2017, a Portela recorre a ancestralidade. Naquele ano, utilizou da própria história da agremiação para desenvolver um desfile vencedor. Em 2022 a escola mais uma vez visita sua história, todavia, desta vez se inspira no carnaval de 1972, quando trouxe o enredo afro “Ilu Ayê”. Último enredo afro da escola, é lembrado como sendo o enredo de um dos desfiles épicos da escola e embora não tenha sido a campeã daquele ano, conquistou um celebrado terceiro lugar.

O atual enredo, “Igi Osè Baobá”, busca trazer para avenida as diversas faces ancestrais, passeando pelo misticismo dos Baobás e sua relação de diálogo entre o mundo dos mortos e dos vivos, a apresentação da velha-guarda enquanto guardiã da memória que não pode ser esquecia, as baianas como referência das festividades e o brasileiro enquanto bom filho da diáspora. Apostando nessa harmonia ancestral, a escola conquistou o apoio da comunidade, que vem para o carnaval de 2022 com expectativa alta.

“É um enredo lindo, tenho certeza de que vamos arrasar, até porque a Portela está falando da nossa cor, da nossa gente. Nós somos África, querendo as pessoas ou não, nós somos África e precisamos valorizar isso.” Afirmou Vera Lucia, baiana da escola.

“Nós vamos vir com muita garra e alegria. Vamos vir arrasando e pode anotar, Portela 2022 na cabeça.” Contou a baiana Maria Helena que desfila na Portela desde 1998.

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Foto: Vera Lucia e Maria Helena se preparando para o último ensaio na quadra da Portela em 2022

Quem chega na quadra da Portela irá se deparar com uma comunidade que abraçou o enredo “Igi Osè Baobá”, mas também encontrará uma comunidade que está confiante no trabalho do casal carnavalesco Márcia e Renato Lage. Outro ponto a se destacar, é a fala dos componentes a respeito do samba e do carnaval enquanto ferramenta de cura de seus males. Depois de dois anos sem carnaval por conta da pandemia do covid-19, os foliões estão ansiosos para pisar na avenida e ajudarem a Portela em ir atrás do 23° título.

“Eu acredito que esse ano a escola está mais organizada, também estão dizendo que o barracão está superando as expectativas e eu como bom portelense, acredito que esse ano voltamos para o g6. A quadra está maravilhosa, o samba cresceu muito e eu acredito que esse ano vai dar bom” disse o componente Mario Jorge, que está indo para o seu sexto ano desfilando pela azul e branca.

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Foto: Mario Jorge na chegada do último ensaio na quadra da escola

“A expectativa é que a Portela seja campeã, porque esse enredo é maravilhoso. Esse enredo traz a força negra, traz a crença, ancestralidade e o samba da escola está muito bem elaborado também, eu brinco que o samba desse ano nem é um samba, ele é uma oração. O desfile desse ano vai ser maravilhoso”, afirmou o compositor, Adilson Franco.

“Essa pandemia foi uma loucura, muita gente sofreu e não teve o escape do carnaval para sorrir e celebrar, mas esse ano tem carnaval e eu espero que a Portela ajude a trazer alegria para o povo” contou Norma Santos, que desfila pela Portela a 52 anos.

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Foto: Adilson Franco e Norma Santos aguardando o começo do ensaio portelense

Em noite marcada por erros, Viradouro é destaque e se mantém na briga pelo bicampeonato consecutivo

O Grupo Especial teve em sua primeira noite de apresentações no Carnaval 2022 os erros das escolas como ponto determinante. Dentre todos os computados a Unidos do Viradouro demonstrou porque é a escola a ser batida no momento. Embora não tenha passado ilesa nas falhas (o mestre-sala Julinho perdeu o sapato durante apresentação no primeiro módulo de julgamento no setor 3) a escola de Niterói foi quem menos errou e segue muito forte na briga pelo bicampeonato consecutivo. A Beija-Flor vinha se colocando como principal adversária da Viradouro, mas com a entrada complicada de seu abre-alas na pista deixou abrir um buraco já na pista e que chegou ao setor 3, visível pela cabine de julgamento. O casal Claudinho e Selminha também sofreu com falhas em sua apresentação. Detalhes que devem afastar a escola do sonhado título.

Merecem destaque ainda as apresentações de Salgueiro e Imperatriz. A Academia do Samba passou com um brilhante conjunto visual, mas pecou muito em evolução e por pouco não estourou o tempo. A Imperatriz cumpriu a promessa de realizar a maior abertura do Grupo Especial nos últimos anos e Rosa Magalhães exibiu todo o seu recital de bom gosto na avenida. A Mangueira teve uma apresentação correta, mas não deixou a sensação avassaladora de outros anos com o carnavalesco Leandro Vieira. A São Clemente é quem tem mais motivos para se preocupar. Uma série de erros cometidos pela escola deve complicar seriamente a intenção da agremiação de permanecer no Grupo Especial em 2023. Leia abaixo sobre cada escola.

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE

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A Imperatriz voltou ao Grupo Especial e fez jus à missão de abrir o principal grupo do Rio de Janeiro após mais de dois anos sem carnaval devido à pandemia. O encontro Rosa Magalhães, Imperatriz e Arlindo Rodrigues trouxe alegorias e fantasias luxuosas, misturando a estética dos dois carnavalescos que mais representam o estilo clássico da Imperatriz. O início da escola impressionava pelo alinhamento entre a enorme locomotiva da comissão de frente, o tripé trazendo a figura do homenageado e o abre-alas com o Theatro Municipal. Destaque também para a bateria de mestre Lolo e para a comissão de frente com bons efeitos e traduzindo com irreverência e bom humor o enredo. As fantasias com boa leitura eram luxuosas, de bom gosto e com materiais que foram consagrados pelo carnavalesco homenageado. O único ponto negativo foi a irregularidade na harmonia, que alternou algumas alas cantando muito e outras nem tanto. Com o enredo “Meninos eu vivi…Onde Canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine”, a Imperatriz abriu a primeira noite de desfiles do Grupo Especial encerrando com o tempo de 67 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

MANGUEIRA

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Um presente para os mangueirenses, assim pode ser definido o desfile da Estação Primeira de Mangueira nesta noite, predominante verde e rosa, foi a primeira vez que o carnavalesco Leandro Vieira utilizou tanto as cores da escola nas fantasias e alegorias desde que chegou na escola. O capricho nas fantasias impressionou, foi um show de bom gosto de Leandro, com muito volume, as alas tinham acabamentos maravilhosos e leitura era fácil, o mesmo vale para as alegorias, que contaram o enredo de forma clara. A comissão de frente emocionou com homenagem a Nelson Sargento, o mesmo vale para Squel e Matheus, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira desfilou na frente da bateria e contou com umas fantasias mais bonitas que já usaram na Mangueira. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

SALGUEIRO

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Terceira escola a desfilar no Grupo Especial já na madrugada deste sábado, o Salgueiro apresentou um conjunto estético impecável de Alex de Souza. Fantasias luxuosas, alegorias grandes e bem acabadas se destacaram na apresentação da escola. A comissão de frente e o casal de mestre-sala e porta-bandeira também brilharam. Contudo, a escola pecou algumas vezes em evolução e a grandiosidade de alguns figurinos pode ter atrapalhado a leitura do enredo, o que pode tirar a agremiação da briga pelo título. A escola se apresentou em 70 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

SÃO CLEMENTE

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A São Clemente foi a quarta escola a desfilar na Sapucaí, nesta noite de sexta-feira, homenageando o ator Paulo Gustavo. A agremiação de Botafogo apresentou o enredo “Minha vida é uma peça” cantando a trajetória artística do ator e comediante. As dificuldades na manobra das alegorias no início do desfile e os problemas de evolução acabaram complicando a passagem da escola. Destaque positivo para o canto dos componentes, apesar da oscilação em alguns momentos. A comissão de frente trouxe Dona Déa, mãe de Paulo Gustavo, mas também sofreu com problemas em seus efeitos especiais. O desfile durou 69 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

VIRADOURO

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A Unidos do Viradouro trouxe todo o lirismo do carnaval de 1919 para mais uma vez fazer um desfile com alto padrão de qualidade tanto na parte visual como nos quesitos de chão. A comissão de frente, outro destaque, aliou boa coreografia com efeitos surpreendentes e emocionou ao entregar a chave da cidade voando pela Sapucaí direto até o Rei Momo no alto do elemento cenográfico que representava o mundo renovado pós pandemia. As alegorias eram enormes e as fantasias bastante volumosas. A escola não errou em evolução e apresentou uma boa harmonia. Com o enredo “Não há tristeza que pode suportar tanta alegria”, a Viradouro foi a quinta escola do primeiro dia de desfiles do Grupo Especial encerrando sua apresentação com 67 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

BEIJA-FLOR

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Última escola a encerrar o primeiro dia de desfile do Grupo Especial, a Beija-Flor voltou aos tempos de imponência e luxo na Sapucaí. Com carros alegóricos gigantes e bem acabados, e com fantasias impecáveis, a escola de Nilópolis foi irretocável na parte plástica. No entanto, a agremiação cometeu alguns erros de evolução, teve ausência de composições na segunda alegoria e somou problemas na apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira A Beija-Flor cruzou o Sambódromo em 67 minutos. * VEJA FOTOS DO DESFILES // LEIA A CRÔNICA COMPLETA DO DESFILE

Segmentos da Grande Rio vivem expectativa da escola superar o desfile de 2020

Em 2020, a Grande Rio realizou o que muitos consideram ser o maior desfile de sua história, sem dúvidas entrou para a galeria de grandes desfiles não só da escola, mas também do carnaval carioca, porém, a homenagem a Joãozinho da Goméia apresentou problemas de evolução, o que fez com que a escola perdesse o título para a Viradouro no quesito desempate. Quem pensa que isso desanimou a escola está muito enganado, o clima é de muita garra, determinação e foco no tão sonhado título do Grupo Especial.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A reportagem do site CARNAVALESCO conversou com alguns integrantes sobre essa expectativa para o desfile e o que é possível fazer para superar o último.

O presidente da escola, Milton Perácio, destacou que a escola tem a expectativa de brigar pelo título todos os anos, inclusive, além de 2020, já bateu na trave em outros anos, como em 2006 e 2007, porém, para o próximo carnaval a agremiação buscou corrigir os erros do passado e se empenhou muito para fazer um carnaval grandioso.

“A gente peca pelos nossos próprios erros, mas estamos nos policiando bem para fazermos um grande desfile, em 2020 foi um desfile genial, nós ficamos em segundo lugar, a bolinha do sorteio não foi generosa com a gente, foi bem entregue a Viradouro o título, mas o nosso lema é buscar o título, queremos fazer um carnaval superior ao de 2020, essa é nossa expectativa e nós temos certeza que vamos fazer, a comunidade está ansiosa, estamos trazendo tudo na ponta do lápis. Estamos incansavelmente buscando esse título, uma hora ele vai chegar, já dizia o samba: qualquer dia eu chego lá”, disse o presidente.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Parte da reformulação da escola vem a partir da chegada do diretor de carnaval, Thiago Monteiro, questionado sobre o que a escola precisa fazer para superar o carnaval passado, Thiago disse que confia muito no trabalho realizado pela equipe de carnaval.

“Queremos fazer o maior desfile da história da Grande Rio, independente do resultado estamos muito felizes com o trabalho que foi feito nesse pré-carnaval, com esse samba, com enredo e com essa comunidade eu não tenho dúvidas de que podemos fazer um desfile melhor que o de 2020, queremos mais coisas, é muito trabalho de todos os segmentos, a escola toda junta, preparada e forte para dar o seu melhor”, conta Thiago.

Já o mestre de bateria, Fafá, acredita que a comunidade será responsável por levar a Grande Rio a voos mais altos, ele agradece o carinho dos componentes da escola e diz que eles são fundamentais para o sucesso da tricolor da Baixada.

“A gente espera realizar um grande desfile como em 2020, ou tão bom quanto, para se Deus quiser alcançar esse título, hoje a nossa comunidade e nosso chão são diferenciais para gente conseguir nossos objetivos, desde o que ocorreu com a gente em 2018, a comunidade começou abraçar a Grande Rio de uma forma muito diferente, abraçou o enredo de 2019, que não era um grande enredo, veio 2020 e abraçaram com uma força absurda, surreal, e agora em 2022 está mais do que provado o quanto eles estão cantando e apaixonados por esse samba, acredito que eles vão ser o grande combustível que vai impulsionar a escola para esse título”, destaca Fafá.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Na escola desde 2019, o intérprete Evandro Malandro acredita que chegou o ano da escola ser campeã e para isso, os problemas do último carnaval foram corrigidos e o carinho do público é primordial para que a escola faça um bom trabalho.

“Primeiramente, no mínimo devemos fazer um desfile tão bom ou parecido com o de 2020, algumas coisas que aconteceram já foram resolvidas, já foram corrigidas, depois da aclamação do público no ensaio técnico, esse é o caminho certo pra gente chegar lá e fazer um ótimo desfile”, comenta Evandro.

Casal nota 10 no último carnaval, Daniel Werneck e Taciana Couto vivem a expectativa de realizarem uma apresentação ainda melhor que a última, para eles, a força do enredo será fundamental para a escola conquistar grandes coisas.

“Nós temos que manter essa união que temos, na nossa equipe não é cada um por si, é todo mundo brigando por todos, a união da família Grande Rio, o diálogo com a comissão de frente, com o mestre de bateria, com os diretores de harmonia, somos um conjunto e é isso que a escola precisava, se unir em prol do que a gente quer, que é o campeonato para a escola”, disse o mestre-sala.

“Esse enredo é muito importante, ele esteve presente dentro de vários enredos, mas nunca ganhou um destaque maior, então agora a escola deu esse destaque, o samba caiu no gosto popular e tem tudo para dar muito certo. Acho que devemos manter o mesmo nível de trabalho, a galera conseguiu manter, vocês vão ver na avenida um trabalho ainda mais lindo”, pontua Taciana.

Claudinho e Selminha Sorriso celebraram 30 anos de parceria e desfilaram ‘carecas’ com fantasia que representa o ‘Esplendor de Kemet’

Inspirados nas referências dos adornos da arte kemética, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, Claudinho e Selminha Sorriso, completam neste carnaval, 30 anos de parceria, sendo 26 dedicados a defender o pavilhão da azul e branca da baixada. Com o enredo “Empretecer o Pensamento é Ouvir a Voz da Beija-Flor”, o casal desfila no segundo setor, que busca trazer de volta toda a cultura e intelectualidade que a história escondeu, a fantasia deles, mostra que o esplendor de uma civilização não está apenas em suas conquistas territoriais, mas sim na importância de construir heranças que irão inspirar seus descendentes a construir uma sociedade mais justa para seus irmãos.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Em entrevista, Selminha explicou a estética da fantasia, predominantemente preta, com detalhes em azul, a indumentária é de um primor inigualável, a porta-bandeira, que ostenta um cabelão, desfila dessa vez “careca”, assim como Claudinho, na concentração, quem passava ficava curioso com o visual dos dois. Selminha ainda destacou a importância desse enredo que desde que foi anunciado emocionou a todos.

“A fantasia representa a força da mulher egípcia, que constrói com amor, a construção da vida só é sólida quando é construída com amor, quando existe respeito, educação, quando existe a família, eu represento essa força da mulher preta egípcia, porque construir destruindo é para os homens de mau coração, infelizmente estamos no século XXI ainda vivendo isso”, conta Selminha.

Sobre o enredo, a porta-bandeira conta que ele fez com pudesse se enxergar de outra forma, segundo ela, o enredo foi um presente e ao mesmo tempo uma grande missão.

“Esse enredo pra mim caiu como grande presente, simultaneamente com uma missão, presente porque eu me descobri enquanto mulher preta, eu descobri o que os livros didáticos não me contaram, eu descobri que tantas vezes fomos influenciados pelo pensamento europeu. Durante muitos anos eu tinha vergonha da minha origem, ao longo dos anos eu fui perdendo essa vergonha e fui me encontrando, mas com esse enredo eu me encontrei com tanta alegria, eu nunca mais quero ser aquela Selma de 50 anos atrás, porque com 51 eu descobri o Empretecer o Pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”.

Ao longo de três décadas de apresentações memoráveis, Claudinho e Selminha acumularam prêmios e sempre defenderam a dança do mestre-sala e porta-bandeira como um bailado em puro estado de arte.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A pandemia de covid-19 foi um momento duro para toda sociedade, para o mundo do samba não foi diferente, o cancelamento do carnaval em 2021 foi difícil, para o casal, poder pisar na avenida dentro desse contexto é ainda mais especial.

“É mágico, ainda mais depois de um momento que ficamos parados por dois anos, tentamos nós reinventar, foi um ano que a gente não tava acostumado, foram muitas perdas de pessoas que foram vítimas, vidas foram perdidas, eu mesmo perdi a minha mãe e outros amigos, parentes, então eu acho que o dia de hoje é a celebração da vida, vamos entrar nessa Marquês de Sapucaí e dar o máximo em respeito a todos que já se foram”, pontua Claudinho.

Ao longo desses dois anos de preparativos para este desfile, Selminha incorporou as bases do enredo da escola e atuou na linha de frente da escola pela luta antirracista. A porta-bandeira lutou pelo cumprimento da Lei 11.645, que trata o ensino da arte, cultura e histórias afro-brasileiras nas escolas da rede pública.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“A reparação tem que se fazer presente no dia a dia do brasileiro, que a lei 11.645 tem que ser posta em prática, porque um povo esclarecido é um povo evoluído,  é um povo que aprende a respeitar o seu semelhante, tantas atrocidades que acontecem no nosso dia a dia é por desinformação, até mesmo entre nós pretos acontece o erro, muito por conta da falta de informação, é estrutural, no passado o preto não podia estudar, então essa reparação com a lei de cotas é fundamental que nós consigamos alcançar o que lá atrás foi tirado de nós, que é o direito a oportunidades iguais”, destaca Selminha.

Selminha fala sobre esses projetos e sobre a importância da escolinha de mestre-sala e porta-bandeira, iniciativa que já está na quarta geração de crianças aprendendo sobre o samba, segundo ela, isso garante a perpetuação da arte do Samba na Beija-Flor.

“Faço um trabalho com as crianças do instituto Beija-Flor, um trabalho que eu não tive a oportunidade de vivenciar, a escolinha não ensina somente a dançar, mas ensina noções de valores, de cidadania, de ética. É a Beija-Flor sendo mantida viva, hoje nós estamos, amanhã eles estarão, então temos um amor muito grande por essas crianças, já estamos na quarta geração. É necessário que eles entendam a importância de se assumir, de ter orgulho da sua cor, da raça, entender o quanto é importante respeitar o seu semelhante, independente da sua cor entender que eles tem que reivindicar os seus direitos”.

“A reparação tem que se fazer presente no dia a dia do brasileiro, que a lei 11.645 tem que ser posta em prática, porque um povo esclarecido é um povo evoluído,  é um povo que aprende a respeitar o seu semelhante, tantas atrocidades que acontecem no nosso dia a dia é por desinformação, até mesmo entre nós pretos acontece o erro, muito por conta da falta de informação, é estrutural, no passado o preto não podia estudar, então essa reparação com a lei de cotas é fundamental que nós consigamos alcançar o que lá atrás foi tirado de nós, que é o direito a oportunidades iguais”, finaliza a porta-bandeira.

Dragões da Real se destaca na plástica, mas sofre com acidentes

Última escola de samba a pisar no sambódromo do Anhembi, a Dragões da Real sofreu com os atrasos e o sol forte, e viu favoritismo desaparecer. O atraso na primeira noite de desfiles afetou diretamente a Dragões, por ser a última, pisou na pista com um sol forte.

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Mestre-Sala e Porta-Bandeira

A primeira porta-bandeira da agremiação sofreu uma queda de pressão em frente ao setor B. Médicos e integrantes da diretoria ajudaram no canto da pista. A responsabilidade de levar o pavilhão oficial ficou na conta do segundo casal, Gabriela e Lucas.

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Comissão de frente

Pra fazer uma representação ao samba, a comissão de frente da escola trouxe um tripé que representou uma caixa de fósforo, e nas laterais cenografia pra ilustrar um bar. A caixa de fósforo é uma associação direta ao homenageado, Adoniram Barbosa, que sempre utiliza o objeto pra acompanhar suas canções.

Os bailarinos também se caracterizam conforme o objeto, por isso os bailarinos estavam de palitos sambistas (versão masculina e feminina), e um que representou o Adoniram Barbosa.

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Interação com a platéia em momentos distintos, principalmente durante a coreografia no tripé, é uma das características marcantes do coreógrafo Ricardo Negreiros, e foi notada no desfile da escola.

Harmonia

Inegavelmente o quesito sofreu uma queda de rendimento por conta dos acontecimentos, mas não significa que a escola deixou de cantar. As últimas alas cantaram forte e fecharam o desfile com animação.

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Enredo

Importante citar que a homenagem da escola ao sambista Adoniran Barbosa foi feita através das obras musicais do artista, o que não segue uma ordem cronológica da vida. O que deu uma liberdade criativa pra escola abordar as características que suas músicas carregavam. Por exemplo: Sarcasmo, críticas sociais, bom humor, noitada, relacionamentos, parcerias e muito mais.

A escola apresentou elementos criativos, que não necessariamente tem ligação com o universo do samba, mas fez sentido com a proposta. As caveiras presentes no abre-alas nada mais é que uma ironia ao nome “Túmulo do samba”, dada à São Paulo.

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Outro ponto de destaque criativo é terem enxergado a possibilidade de criar uma ala tendo como referência o samba “Torresmo à milanesa”. O acidente com a porta-bandeira pode afetar o quesito.

Alegorias

Pra aprofundar o tema já comentado acima, o carro abre-alas: “Túmulo do samba – Abraçando a batucada, saudades vou cantar”, era uma representação irônica, uma brincadeira, ao fato de Vinicius de Moraes ter chamado São Paulo como o túmulo do samba. Pra mostrar que tal afirmação é mal fundamentada, as caveiras levantam do túmulo e balançam o esqueleto. Revertendo então a ideia.

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Já a segunda alegoria é uma homenagem à Saudosa Maloca. Como a música sintetiza a dureza da vida social de forma leve e bem humorada, a escola resolveu materializar essa comunicação através de coreografia.

A alegoria seguinte foi um grandioso trem, uma associação rápida à música “Trem das Onze”. O carro então sintetizou também o que o local representava, por isso notou-se momentos idas e vindas.

A quarta, e última alegoria, trouxe o símbolo maior da escola, o Dragão, que conduziu as homenagens aos baluartes do samba paulistano.

Fantasia

A questão criativa presente nas alegorias, também ganhou destaque nas fantasias. A ala 02 (As gárgulas e as “Arma penada”), continha uma espécie de asa e, ao abrirem, mostravam letras. Os componentes, que evoluíam de forma coreografada, se juntavam na ordem que as letras formavam o nome do homenageado, “Adoniran”. Outros componentes também chamaram a atenção pelo tamanho da caveira como costeiro.

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A agremiação encerrou o desfile com uma homenagem às escolas de samba, e por isso contou com várias alas que homenagearam escolas de samba, como: Nenê, Vai-Vai, Peruche e muito mais.

Samba

Novidade no carro de som do Renê Sobral, as vozes femininas ganharam destaque. Notou-se uma segunda voz feminina, no trecho: “Dragões, amanheço em teus braços. Rene também fez variações, utilizou cacos e sustentou o samba.

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Evolução

O acidente fez a escola ficar parada por um tempo, mas ao retomar o padrão no andar, seguiu da mesma maneira. Assim como dito no quesito de harmonia, pode ser repetido em evolução: os acidentes atrapalharam pra alcançar um desempenho maior.

Graves falhas de evolução comprometem desfile e Tatuapé pode brigar na parte de baixo

Sexta escola a passar pela pista nesta primeira noite de desfiles, a Acadêmicos do Tatuapé levou o enredo “Preto Velho conta a saga do café num canto de fé”. A apresentação foi marcada pelo o péssimo desempenho da evolução da escola. O abre-alas emperrou e abriu um buraco gigante entre tal alegoria e o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Os responsáveis pelo andamento do desfile, não conseguiam resolver o problema e o caos foi instaurado por volta de três minutos. Uma enormidade. A repercussão foi imediata. Diante disso, muito provavelmente a agremiação irá levar notas baixas na apuração. Um desfile recheado de expectativa com briga pelo título, virou um drama. Agora, o Tatuapé pode facilmente brigar nas posições mais baixas da tabela. * VEJA FOTOS DO DESFILE

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Comissão de frente

A comissão do Tatuapé, liderada pelo coreógrafo Leonardo Helmer, consistiu em mostrar o amor que Preto Velho tem pelos seus divinos orixás. A sensação é que realmente a entidade está em Aruanda, que é o paraíso espiritual dos orixás. Dentro da dança, se tem o próprio Preto Velho, além dos orixás Nanã, Iemanjá, Obá, Oxum, Oxalá, Obaluaê, Logum Edé, Iansã, Ossain, Xangô, Oxumaré, Ogum, Exú e Oxóssi. Todas essas entidades, vestiam grandes costeiros e cada um carregava seu adereço de identidade significativa na mão. Destaque para os martelos de Xangô, arco e flecha de Oxóssi e espelho de Oxum. Outra ressalva também é a maquiagem de todos os integrantes da ala. Apesar da proposta do enredo enfatizar a história do café contada pelo Preto Velho, na encenação, vimos apenas as entidades. A coreografia inteira foi executada no ritmo da melodia do samba.

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Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Diego do Nascimento e Jussara de Sousa, representando a “Realeza Africana”. A dupla fez uma dança enérgica, onde giravam e apontavam um para o outro o tempo todo. Mantiveram o sorriso no rosto o tempo todo durante o ato de bailar. Porém, foram prejudicados pelo buraco que se formou no recuo entre eles e a primeira alegoria. Ficaram bastante tempo dançando em um terço à frente do recuo, quando era para basicamente estarem no fim das apresentações para os jurados. Nessa questão, o planejamento foi por água abaixo devido à fraca evolução do Tatuapé. A fantasia de ambos era preta e branca, combinando com as cores do abre-alas. Dificilmente se vê cores neutras em casais de mestre-sala e porta-bandeira e, a Tatuapé, decidiu fazer diferente com Diego e Jussara.

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Harmonia

Novamente, o canto do Tatuapé foi gigante no Anhembi. Há um bom tempo a comunidade ‘Zona Leste Guerreira’, vem se mostrando ótimos desempenhos em relação ao quesito. Em questão de puxar a comunidade para o samba, o intérprete Celsinho Mody é um dos melhores do carnaval paulistano. Ele colocou uma energia impressionante do início ao fim. A aceleração da bateria dentro da melodia do samba, culminou para tal desempenho da comunidade para com essa parte do desfile. Como nos ensaios técnicos, é até difícil dizer qual ala cantou mais ou menos, mas vale destacar o empenho da ala das baianas, que cantaram fortemente. As partes mais cantadas foram o refrão principal, onde a palavra ‘saravá’ é entoada com mais força. A última estrofe do samba, onde se canta ‘aruanda’, também se destaca dentro da letra.

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Enredo

“Preto Velho canta a saga do café num canto de fé”, foi uma boa sacada da escola. O enredo une a entidade Preto Velho com o precioso e histórico fruto que é o café. Dentro disso, o primeiro setor contou como o fruto foi propagado pelo mundo. O café passou pela Arábia até chegar na África. Também é falado do fruto nas senzalas, como os endinheirados enriqueceu através dele no uso do trabalho escravo. O desfile também passa pelo café na arte, onde levou uma alegoria com escultura de pintor e do cantor Roberto Carlos. Por fim, fechou com o carro alegórico de Aruanda, berço divino dos orixás e lar de Preto Velho.

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Evolução

A evolução da escola foi péssima. Em frente ao recuo, o abre-alas empacou e abriu um enorme buraco entre o casal de mestre-sala e porta-bandeira, causando divisão da escola. Nessa situação, os responsáveis pela alegoria e harmonia da agremiação, não souberam como resolver e, só depois de 3 a 4 minutos, o carro andou, o que significa uma enormidade em um desfile de escola de samba. Devido a isso, a escola teve que correr consideravelmente para passar no tempo, fechando o desfile com 1h03m.

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A coreografia dentro do samba, têm algumas partes padronizadas. Na parte do ‘Aruanda’, todos levantam o braço para cima. Logo após o primeiro refrão, onde o samba fala ‘incorporei’, os componentes movimentam o corpo para trás e para frente. Esse efeito, com as plumas dos costeiros, deu um efeito especial dentro da pista.

Samba-enredo

A letra do samba-enredo traz uma concepção diferente. A parte do ‘tanacinê, tanasanã, ina inê, tanuotã’, trouxe um algo a mais e pegou dentro da obra. Já era esperado. Os componentes puderam cantar e coreografar de maneira satisfatória devido à essa parte. As alas coreografadas também usaram bastante desse verso. O intérprete Celsinho Mody teve uma grande atuação e, junto da bateria ‘Qualidade Especial’, regida pelo mestre Higor, conseguiu obter sucesso dentro do quesito.

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Fantasias

Diferente dos últimos anos, o Tatuapé inovou em suas fantasias e levou vestimentas criativas. Apostou bastante em plumas e detalhes minuciosos dentro de costeiros. Não se resumiu apenas em fazer o básico dentro do quesito. A revolução das fantasias não condiz tanto com as alegorias da escola, que será o próximo tópico a ser abordado.

Alegorias

A primeira alegoria, veio representando “Cazuá do Preto Velho e África berço do café”, onde tinha uma grande escultura central do Preto Velho junto com as velas, simbolizando um terreiro. No acoplamento, pudemos ver animais e esculturas com vestimentas afro, simbolizando a África. Na frente da alegoria e no centro, pudemos ver um efeito em que saía aroma de café.

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O segundo carro, simbolizou “A Casa Grande e Senzala: reluziu o ouro negro, ‘meu sinhô”. No centro, a figura do Preto Velho e, ao lado dele, esculturas de escravos carregando sacos. No topo, uma figura de um homem segurando uma nota de dinheiro, ou seja, enriquecendo em cima do trabalho escravo.

A terceira alegoria, representou o café e a arte, onde pudemos ver esculturas do artista Roberto Carlos e, no topo, a figura de um pintor. No carro inteiro, havia latas de tintas. Também um efeito que soltava aroma de café.

Por fim, a quarta e última alegoria, simbolizou Aruanda, que é o paraíso divino dos orixás e, nele, tinha figuras de oxum.

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Ao todo, o Tatuapé mostrou o mesmo nível de alegoria dos anos anteriores. Esculturas simples, trabalhando apenas para apresentar algo que traga nota de qualquer forma. Não se preocupou com o belo. Lembrando que nos últimos dois anos, a agremiação perdeu dois campeonatos devido a esse quesito.

Outros destaques

A bateria ‘Qualidade Especial’, teve um desempenho satisfatório. O andamento foi feito da forma que o samba pede. A forma acelerada de se batucar, virou característica da escola e, as bossas desempenhadas, foram executadas com sucesso. Destaque para o arranjo de Aruanda, onde a bateria faz uma pequena paradinha, deixa a escola gritar a palavra pelas duas vezes e volta na chamada do samba.

Dragões da Real 2022: galeria de fotos do desfile