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Presidente Adilson José e o intérprete Wander Pires estão confiantes de que o título da Vila Maria está perto de chegar

A Unidos de Vila Maria, foi a quinta escola a desfilar. Levando o enredo: “O mundo precisa de cada um de nós, a Vila é porta-voz”, a escola mostrou um ótimo conjunto alegórico, apesar dos incidentes com as iluminações dentro das alegorias. Os foliões passaram corretamente e, ao fechar dos portões na dispersão, a comemoração foi insana. Alguns componentes até cantaram uma música onde a letra diz que o título da Vila Maria chegará em algum momento.

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“Meu entrosamento com o mestre Moleza sempre foi divino e maravilhoso. Mas hoje, foi melhor ainda. Atingimos a perfeição. Mestre Moleza é o maior, junto com o meu mestre Dudu lá no Rio. Meu carro de som, graças a Deus, só tenho a agradecer. Tudo que eu pedi a eles, executaram muito bem. Agradeço todo o time. Também tenho que agradecer a todos os orixás, que me ajudaram bastante. Foi um desfile maravilhoso. Superamos ano passado e fizemos um desfile digno de subir ao pódio. Eu venho sonhando com isso há 5 anos junto com a Vila Maria. Está chegando o nosso momento”, disse.

“Foi um desfile emocionante pelo tempo sem desfilar. Optamos por grandes alegorias. Deus abençoou e passamos bem. Sobre as alegorias apagadas, é algo que não cabe nem à escola. A gente contrata e, de repente, as pessoas não fazem o devido. Podemos pensar que no atraso, a escola pode ter sido prejudicada também, porque a capacidade do gerador pode ter sido prejudicada nesse sentido. Mas, vamos buscar o campeonato. A escola está cada vez mais madura. Tomara que seja esse ano”, comentou.

Segundo os responsáveis pelo desenvolvimento do desfile da Colorado, a escola fez o seu maior carnaval da história

A Colorado do Brás, que passou pela avenida na última sexta-feira, saiu com o dever totalmente cumprido. O clima na dispersão, após o término do desfile, foi de muita emoção por parte dos componentes e personalidades da escola. Como enredo, a agremiação levou o enredo “Carolina – A Cinderela negra do Canindé”. Pessoas que trabalham diretamente dentro da escola, como o presidente Ka e o diretor de carnaval, Jairo Rozen, disseram que a comunidade do Canindé realizou o melhor desfile de sua história.

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Jairo Rozen, diretor de carnaval da Colorado, avaliou o desfile. “A gente veio disposto a fazer o maior desfile da história da Colorado e cumprimos a nossa missão. Depois de dois anos, sem pisar no Anhembi, foi histórico pra gente falar de Carolina de Jesus, lutar contra a intolerância, preconceito e racismo. Hoje a gente entregou o sapatinho da Cinderela da Carolina de Jesus e, se Deus quiser, ela vai entregar pra gente a melhor colocação da história da nossa escola. Eu vou sempre exaltar o Chitão Martins (intérprete), a ala musical, nosso samba pra cima e alegre, mas a plástica que o André Machado deu para a escola, mudando completamente nosso paradigma, vai ficar marcado e vai mudar o rumo da Colorado. O destino da escola é alcançar a melhor colocação da sua história. Agora é aguardar os jurados dizerem qual vai ser essa colocação”, disse.

Chitão Martins, intérprete da agremiação, falou sobre o samba-enredo dentro do desfile e, também, os 10 anos que está completando na Colorado do Brás. “O samba funcionou muito bem, passou muito alegre, a arquibancada veio junto, a bateria encaixou. Foi um belo espetáculo e eu fiquei muito feliz com o resultado da ala musical, da matéria. Eu peguei a Colorado desde a UESP, fui crescendo, amadurecendo e fomos junto até o Grupo Especial. Sou muito grato à escola, porque geralmente quando as escolas chegam no Grupo Especial, vão procurar um cantor de nome, mas o presidente Ka acreditou no meu trabalho e o resultado está aí. Hoje o pessoal me considera um bom cantor e eu fico feliz com isso”, comentou.

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Allan Meira, diretor de bateria, avaliou a apresentação e falou do seu entrosamento com o intérprete Chitão Martins. “É muito emocionante desfilar depois de quase dois anos e meio. A escola veio muito bonita e eu acho que foi o melhor carnaval que a escola já fez. A bateria fez tudo que a gente ensaiou, acredito que sem erro nenhum. Estou meio extasiado ainda para saber o resultado, mas acredito que a Colorado vai conseguir o melhor objetivo. Sobre o Chitão, são seis ou sete carnavais ao lado do Chitão e é uma pessoa sensacional. O sincronismo acaba vindo com o tempo, a gente sempre se deu bem. Espero que essa parceria continue por muitos”, analisou.

Chorando, o mestre-sala Ruhanan Pontes, conversou brevemente. “Acho que foi um desfile muito bom. O mais emocionante da minha vida. Parece que a imagem de Carolina desceu aqui, porque a história dela é incrível. A Ana Paula (porta-bandeira), depois da minha mãe, é o maior amor da minha vida. O que ela faz por mim e o que já fez, não tem ideia”. disse

Presidente Ka, contou toda a emoção que o desfile levou. “Estou desde os cinco anos de idade na escola e posso falar com propriedade, foi o melhor desfile. Existia uma Colorado antes de Carolina de Jesus e agora existe outra com o André Machado (carnavalesco). Foi muita luta para colocar a escola na avenida e é um choro de dever cumprido. Nosso objetivo é alcançar o nosso espaço e mostrar que não podemos ser subestimados. Estamos trabalhando para mudar esse conceito”, observou.

Leonardo Antan: ‘Em dia com desfiles históricos, Tijuca e Grande Rio promovem renovação na estética do carnaval’

Vimos a História ser escrita na segunda noite de desfiles do grupo especial carioca. De propostas visuais inovadoras e arrojadas até o ótimo desempenho histórico de sambas e baterias, algumas agremiações presentearam o público com momentos que ficarão na memória da festa para sempre. Em um ano especial pela volta da folia após tanto tempo, vimos comunidades emocionadas e pulsando pela pista. Foi histórico!

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Abrindo os caminhos, o Paraíso do Tuiuti reencontrou a Pista sob a batuta criativa do carnavalesco Paulo Barros. O enredo marcou o primeiro enredo “afro” da carreira do artista, que desejou a desejar no desenvolvimento bastante “temático” da narrativa, passaram em alas e alegorias grandes personalidades negras sem maiores fios narrativos que justificassem uma sensação de eterna “lista de chamada”. Outro equívoco da proposta artística foi o uso excessivo de “legendas”: a cada ala havia um estandarte apresentado a foto do homenageado, entre as fantasias que já representavam algo havia ainda os componentes um destaque “fantasiado” como os homenageados. Outro problema do enredo foi privilegiar elementos norte-americanos, falando pouco da cultura negra brasileira. Nas alegorias, os já conhecidos truques de Paulo Barros não se justificaram na busca por ajudar no desenvolvimento do enredo e ainda prejudicaram uma evolução já bastante complicada da azul e amarelo. Faltou comunicação com o público, tão importante no trabalho do artista. Com muita correria, houve estouro no tempo em dois minutos. O destaque positivo do cortejo ficou para a bateria Supersom, comandada por Mestre Marcão, que apresentou um trabalho incrível ao lado de carro de som e ótimo samba da agremiação.

Casa pra se respeitar, a Portela também falou da presença negra na nossa sociedade, mas a partir da diáspora afro-atlântica simbolizada a partir do Baobá, árvore sagrada e síntese da resistência. O enredo, infelizmente, apresentou um desenvolvimento genérico e pouco inspirado, passeando por lugares comuns e sem grandes nuances. Em meio a busca por novas formas de contar a história do povo negro na Sapucaí durante os dias dias, a proposta da azul e branco deixou a desejar. Ainda sim, a qualidade visual do conjunto se destacou na condução brilhante de Renato Lage e Márcia Lage e precisa ser destacada. O conjunto alegórico se sobressaiu pelo estilo requintado e o trabalho artesanal, como no terceiro carro realizado em palha e outros materiais rústicos, que apesar da beleza apresentou problemas de acabamento por problemas na curva da Avenida. Entre o visual em tons terrosos, se destacou o uso bem pontuado de azul, num excelente trabalho
cromático entre a proposta “afro” e as cores da agremiação. Realização que mostrou a competência da Márcia Lage e domínio absoluto da artista na questão cromática. Além de bonito de ver, a Portela também teve um excelente desempenho musical, unindo a bateria primorosa de Mestre Nilo com uma grande atuação de Gilsinho, que garantiram um ótimo rendimento a um samba menos inspirado da safra.

O tributo à Oxóssi da Mocidade Independente foi o terceiro tema “afro” seguido da noite, mas apresentando uma visão completamente diferente das propostas anteriores. A mitologia nagô-iorubá e seus mitos foram contados na Avenida, mostrando ainda a relação entre a bateria da verde e branco com o orixá. Homenageados pelo cortejo, portanto, os ritmistas de Mestre Dudu se destacaram na condução do excelente samba-enredo, que animou a Sapucaí. A potência do desfile da alviverde foi apresentar ao Brasil figuras como Tia Chica, mãe de santo que realizou o “batismo” do ritmo da agremiação ao orixá da caça e seu “aguerê”. O que foi representado na penúltima alegoria do cortejo, uma das poucas que não apresentou problemas de acabamento e belo visual, que lembrou os trabalhos de Arlindo Rodrigues e Renato Lage no início dos anos 1980. No geral, as alegorias apresentavam concepções bem interessantes, mas possuíam várias avarias e problemas de finalização. O conjunto de fantasias se destacou positivamente. Foi uma pena o espetáculo musical não ter sido acompanhado pelo visual, o que deve prejudicar a agremiação na busca por melhores posições na apuração.

Exaltando a cultura indígena, a Unidos da Tijuca mostrou porque desfile se faz na pista. Após uma série de boatos e críticas no período de pré-carnaval, a agremiação fez uma das grandes apresentações do ano. O carnavalesco Jack Vasconcelos se provou mais uma vez um dos maiores enredistas da festa, desenvolvendo com brilhantismo a história mitológica em torno do Guaraná, a partir de um olhar de fábula infantil. Um espírito leve e lúdico tomou conta do cortejo, guiado pela belíssima obra musical e a voz potente de Wantuir e sua filha Wictória, que se alinhou ao trabalho estético. Na pista, as fantasias foram um belo conjunto e um tapete cromático bem desenvolvido, desde o início que explorou as cores do Borel até o setor todo vermelho que trouxe a etnia Sateré-Mawé. A inspiração de Jack no estilo do grande carnavalesco Oswaldo Jardim foi vista na paleta e representações lisérgicas, sobretudo na ala de baianas, coroando um desenvolvimento visual bastante gráfico e que remetia as animações e quadrinhos infantis. Um grande trabalho artístico que trouxe assinatura e identidade artística, aliado a uma importante retomada do orgulho e dos bons desfiles da comunidade do Borel.

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Por falar em personalidade artística, foi o que não faltou no cortejo da Grande Rio. Caminhos abertos pela talentosa dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad, que seguiram uma linha visual revolucionária, deixando brilhos e paetês de lado para apostar em tecidos e sobreposições de formas rústicas. Do tripé da Comissão de Frente à ultima alegoria, vimos um conjunto visual bastante ousado e grandioso, apostando em formas volumosas e no acúmulo de elementos. A reciclagem de materiais também foi uma constante no cortejo, mostrando a potência e transformação de Exu, orixá homenageado pelo desfile. A narrativa se mostrou múltipla e abrangente como deveria, abrindo sete chaves de interpretação do mundo a partir da energia do protetor das ruas. Um conjunto visual de alto nível poucas vezes visto na história da festa, brilhante e inspirado de ponta a ponta. O trabalho visual se somou a uma equipe brilhante, da grande atuação do casal Taciana Couto e Daniel Wenerck até a bateria de mestre Fafá. Foi uma apresentação histórica, tanto do ponto de vista artístico, como em termos simbólicos já que falar de Exu foi um grito contra a intolerância religiosa e vilanização das culturas afro-brasileiras. Mensagem potente que chegou nas arquibancadas, que se encantaram e fizeram uma divertida coreografia com as
bandeirinhas distribuídas pela tricolor no início do desfile. Caminhos abertos para o esperado primeiro título da comunidade de Caxias.

Sem descanso pro público, a Vila Isabel seguiu escrevendo história e mantendo a energia lá em cima, ao celebrar Martinho da Vila, um dos maiores baluartes da arte brasileira. A esperada homenagem promoveu uma catarse do público, embalada por um excelente desempenho da bateria do povo de Noel e o rendimento do samba-enredo da escola. A comunidade engalanada da azul e branco vibrou e se emocionou na Avenida. Infelizmente, assim como na Mocidade, ouve um descompasso entre o visual e o samba. Se no chão, a agremiação emocionou, o enredo desenvolvido a partir da atuação de Martinho deixou bastante a desejar, num desenvolvimento confuso e que utilizou diversos clichês bastante problemáticos, como na terceira alegoria, que representou um “Navio negreiro”, num enredo que deveria celebrar o orgulho do povo preto. Após duas propostas ousadas e arrojadas nas agremiações anteriores, vimos um visual mais tradicional em cores e formas. O estilo opulento de Edson Pereira foi visto desde o abre-alas grandioso e no conjunto de fantasias, que deve ser bem avaliado pelos jurados. Com quesitos fortes, a Vila deve brigar pelas
boas posições.

Após grandes apresentações, resta saber como o júri avaliou os cortejos e como será eternizada a folia. Foi, sem dúvidas, um ano bastante disputado e que promete surpresas na apuração. Várias agremiações cometeram pequenos erros, mas se credenciaram para a briga. De doze agremiações, quase todas se gabaritam a retornar nas campeãs e oito delas possuem reais chances de briga. É tudo tão incerto que tem escola que poderia ficar em terceiro ou oitavo lugar que não seria surpresa. A magia da pista é realmente fascinante.

‘Foram realizações de sonhos. Meus, do Martinho e da comunidade de Vila Isabel’, declara Edson Pereira

A Vila Isabel teve a responsabilidade de homenagear Martinho da Vila e encerrar os desfiles do Grupo Especial. A agremiação do Morro dos Macacos fez uma belíssima apresentação, se credenciando a forte candidata ao título e fechando a folia com chave de ouro. O homenageado veio na comissão de frente e voltou para encerrar o desfile no final da escola. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o coreógrafo Márcio Moura trouxe para a Sapucaí o trabalho intitulado “No trono de Omolu, a ascensão de um novo Rei”.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“O Martinho é a sensação, não precisa fazer muito, é só deixar ele aparecer e contar a história dele. Muitos meses de ensaio onde ele esteve presente. Espero que a gente tenha feito uma homenagem à altura”.

Moisés Carvalho, diretor de carnaval, falou sobre a importância de ter conseguido fazer um desfile digno para Martinho da Vila: “Foi o que a gente sonhou e deu certo. A gente sabia que tinha nas mãos um grande enredo, um excelente samba, uma comunidade fortíssima e deu tudo certo”.

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O samba da Vila Isabel foi um dos mais cantados no pré-carnaval e o mesmo aconteceu na avenida. Não tinha quem não soube o trecho “Modéstia a parte, o Martinho é da Vila”. Um dos compositores da obra é André Diniz, que já assinou várias lindos sambas da escola.

“A gente na Vila tem algumas inspirações, o que me fez ser apaixonado pelo Martinho foi meu pai. Que o resultado seja o que a gente merece, mas é uma honra ter o samba escolhido pelo próprio Martinho”.

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O responsável pela magia acontecer foi Edson Pereira, que declarou está honrando de ter sido o escolhido para fazer o carnaval que homenageou a vida e a obra de Martinho José Ferreira, o Martinho da Vila.

“Foram realizações de sonhos. Sonhos meus, do Martinho e de toda uma comunidade do morro dos macacos. Então, é muito importante, muito digno e me sinto muito honrado de estar ministrando essa ópera da vida do Martinho”.

‘Ficamos dois anos ouvindo que a gente não sabia desfilar e acho que provamos que sabemos’, diretor de carnaval da Grande Rio

A Grande Rio foi a quinta agremiação a entrar na Sapucaí no segundo dia do Grupo Especial e fez o que pode ser considerado o maior carnaval da história da escola. De forma arrebatadora, levantou o Sambódromo e, é fortíssima candidata ao título. Com o enredo o “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”, Gabriel Haddad e Leonardo Bora optaram por levar para avenida sete setores, uma referência às sete chaves de Exu.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A responsabilidade de coreografar a comissão de frente Hélio e Beth Bejani. O trabalho foi intitulado “Câmbio Exu” e representou o pedido de proteção para a abertura dos caminhos, apresentou uma interpretação poética para o que os espectadores pudessem imaginar o Exu em sua essência.

“Foi um desfile maravilhoso e além do que a gente imaginava. A gente já trazia uma energia uma forte na comissão, mas a energia do público foi maior ainda e explodiu. Foi uma troca incrível. Nós somos católicos, mas estudamos o enredo desde que foi escolhido”, declarou Beth Bejani, em entrevista para o site CARNAVALESCO.

A bateria “Invocada” comandando pelo Mestre Fafá fez uma apresentação impecável, que mostrou um vasto repertório de bossas, brincou bastante com o samba, fizeram alguns coreografias e empolgou o público por onde passou.

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“Muito emocionado e feliz com o que a Grande Rio apresentou. Muito feliz com o desempenho da bateria e espero que seja nota 10. A Grande Rio merece isso, é uma escola que vem entregando tantos carnavais belíssimos, acho que uma hora tem que acontecer, uma hora tem que ir e espero que venha logo”.

Evandro Malandro conduziu o samba com maestria. Quando o intérprete começou com o “Boa noite, moça”, a sensação é de que a Sapucaí inteira respondeu.

“Estou muito feliz e satisfeito com o trabalho da Grande Rio e de toda a comunidade. A gente vinha percebendo nos ensaios que estava todo mundo querendo muito cantar esse samba na Sapucaí e não teve jeito, quando a gente deu o primeiro ‘Boa noite, moça’, a Sapucaí veio abaixo. Acho que foi um desfile muito marcante”.

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Ao final do desfile, o diretor de carnaval, Thiago Monteiro estava bastante emocionado e fez um desabafo: “Ficamos dois anos ouvindo que a gente não sabia desfilar e acho que provamos que a gente sabe desfilar. A escola cumpriu seu papel técnico, emocional, Estou muito feliz porque a escola mostrou que é uma escola de samba, de comunidade, é uma escola que os artistas adoram estar e a comunidade adora receber os artistas. É uma escola preta, da baixada, que sonha há 33 anos em conquistar um título que nós ainda não ganhamos, mas se Deus quiser, faltam poucos dias”.

‘Foi covardia o que fizeram com a gente nas redes sociais, mas fizemos um grande desfile’, declara mestre de bateria da Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca foi a quarta escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, com o “Waranã – A reexistência vermelha”, contando o mito de surgimento da etnia Mawé – os filhos do guaraná, os peles vermelhas do Brasil. A escola narrou a formação do guaraná a partir da saga de Kahu’ê, o inocente curumim, cuja presença breve sobre o plano terreno se dá em face das disputas das forças cósmicas e do embate entre Tupana (o bem) e Yurupari (o mal). A agremiação cometeu alguns erros de evolução que podem prejudicar na classificação, mas o canto forte da comunidade e bateria deram conta do recado. A comissão de frente dirigida por Sérgio Lobato representou “A reexistência vermelha” e emocionou o público.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Foi muito bom. Claro que a gente sempre busca a excelência, mas deu para curtir o momento, curtir esse retorno. Foi um receptividade muito boa do público”, declarou Sérgio Lobato, para o site CARNAVALESCO.

No pré-carnaval, a Unidos da Tijuca foi alvo de muitas críticas, mas trabalharam em silêncio e apresentaram um trabalho muito bem executado. O diretor de carnaval, Fernando comentou sobre os julgamentos feitos durante o processo de construção do desfile.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“É difícil a gente ter a visão de tudo, mas pelo que estavam falando, parece que foi tudo certo. A evolução, o andamento do samba. Esse samba pedia alegria e foi isso que vimos. De tudo que foi falado contra a gente, que a Tijuca não tinha nada, que o barracão tava vazio, que não tinha pagamento, que estava todo mundo em briga, e está aí o resultado. Cutucaram onça com vara curta”.

Casagrande é um dos maiores Mestres do carnaval do Rio de Janeiro. A frente da bateria “Pura Cadência”, fez mais uma apresentação para ninguém colocar defeito. As execuções das paradinhas nos módulos de julgadores foram muito bem realizadas. Ao fim do desfile, fez um desabafo sobre tudo o que falaram da escola.

“Falaram muito da nossa escola, a gente aguentou muita coisa, foi covardia o que fizeram com a gente nas redes sociais e foi aquilo que falei: ‘Carnaval é decidido na avenida’. Escola compacta, visual colorido, proposta diferente do enredo e funcionou. Fizemos um grande desfile”.

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Foto: Site CARNAVALESCO

A mente responsável por criar o desfile da Unidos da Tijuca foi de Jack Vasconcelos. Com um bom trabalho de fantasias e alegorias, declarou que imaginava que o trabalho pudesse causar um certo estranhamento, mas que estava muito satisfeito com o resultado.

“Só vi o final, mas parece que o pessoal gostou. A gente teve uma proposta de estética muito arrojada. A gente que estava trabalhando sabia que podia causar um certo estranhamento, mas a gente apostava muito no desfile. Quero muito estar aqui sábado”.

 

Carlinhos Brown elogia bateria da Mocidade: ‘Dudu é uma maestro e regente que faz as coisas com muita perfeição’

A expectativa pelo desfile da Mocidade com o enredo “Batuque ao Caçador”, uma homenagem a Oxóssi, padroeiro da escola, era bem grande. Quando a agremiação entrou na avenida, o setor 1 já começou a cantar “É campeã”. Porém, aos longo da apresentação, alguns problemas foram aparecendo e dificultando a briga pelo campeonato. O carro abre-alas teve dificuldade de locomoção e os tambores acoplados à frente não avançaram e precisaram ser empurrados, passando pelo último modelo de jurados desacoplados.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Tivemos alguns problemas de montagem nas alegorias e isso influenciou em erros técnicos que cometemos no desfile, algo que não vinha acontecendo nos últimos anos. Temos sete quesitos fortes. Isso nos coloca na condição de pleitear uma vaga nas Campeãs”, declarou Marquinho Marino, diretor de carnaval, para o site CARNAVALESCO.

“Desfile de muita emoção depois de tanto tempo ausente por tudo que aconteceu”, declarou Luíz Claudio, vice-presidente.

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Foto: Site CARNAVALESCO

O samba era um dos mais elogiados do pré-carnaval e respondeu muito bem no Sambódromo. Um dos trechos mais cantados pelos componentes e arquibancadas foi “Oh, juremê, oh, juremá”. O carro de som comandando por Wander Pires soube levar muito bem e foi um dos pontos altos da escola: “Foi lindo, um momento mágico e um desfile esplendido. Foi um dos anos que mais me emocionei”, declarou o intérprete.

Um dos compositores da obra é Carlinhos Brown, que destacou a energia da Mocidade e elogiou bastante o Mestre Dudu, responsável pela “Bateira não existe mais quente”.

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“Essa pavilhão na avenida demonstra uma energia coletiva gigantesca de pessoas muito bem preparadas para fazer o que fazem. Dudu é uma maestro e regente que faz as coisas com muita perfeição, fazendo com que soe tão harmônica com os cavaquinhos e o canto. Tomara que os jurados gostem como a gente gostou”, declarou Brown.

‘Conseguimos cumprir o sonho tão sonhado’, declara carnavalesca da Portela

O casal Lage desenvolveu o segundo carnaval à frente da Portela e apresentou uma beleza plástica nas fantasias e alegorias. Com o enredo enredo “Igi Osè Baobá”, a escola contou a história e a simbologia das gigantescas e milenares árvores que representam a ancestralidade, religiosidade, identidade e a memória do povo africano. Em entrevista para o site CARNAVALESCO, Márcia Lage se mostrou satisfeita com o resultado final.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Conseguimos cumprir o sonho tão sonhado e realizar da melhor maneira possível. O importante é a consciência que a gente tem de um trabalho bem realizado”.

Marlon Lamar e Lucinha Nobre são sempre a certeza de um espetáculo e só confirmaram isso ainda mais. A fantasia do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira foi chamada de ”Entre o Céu e a Terra”, que de acordo com a mitologia Iorubá, que representava as grandes árvores sagradas que são pontes de contato entre o Orun e o Ayê, isto é, o mundo dos vivos e dos mortos, ou o material e o sobrenatural. A dupla mostrou muita sintonia, uma coreografia linda e, em alguns momentos, com um estilo mais afro.

“Queria dedicar para todas as pessoas que não conseguiram chegar até aqui. Recentemente a gente perdeu Monarco e tem sido sofrimento. Esse grito entalado na garganta, ensaios solitários, durante a pandemia a gente quase não conseguiu se ver, a gente fez muito ensaio remoto e foi uma luta chegar até aqui. Tenho 46 anos, 30 anos de Sapucaí, mas a emoção de pisar nessa avenida continua a mesma. Tenho muito orgulho de representar a Portela”, declarou Lucinha Nobre, que estava emocionada.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Estou extremamente grato por tudo e muito feliz que deu certo. Tenho 16 anos de Sapucaí e, é a primeira vez que minha mãe vem me ver dançar, aí tenho o dobro de motivos para comemorar”, disse Marlon Lamar.

A escola teve alguns problemas de evolução por conta da dificuldade do segundo carro alegórico de entrar na avenida, que acabou deixando um buraco visto no primeiro módulo de jurados. Dessa forma, a Portela pode acabar perdendo pontos nesse quesito. Mesmo com esse problema, o diretor de carnaval, Junior Scafura, gostou do que viu: “Portela é emoção e coração. Escola cantando o tempo inteiro, evoluindo brincando, isso é Portela”.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Quem também estava feliz e radiante era Tia Surica, baluarte da Portela e uma das figuras mais importante do carnaval brasileiro: “Sem palavras. Apesar que eu vim no abre-alas e não dá pra ver nada, mas conforme a reação do público, a gente sabe quando a nossa escola passa com um bom desfile e a reação da arquibancada foi maravilhosa”.

‘Foi uma emoção sem tamanho. Após o último jurado, eu desabei porque foi um misto de sentimentos’, declara mestre-sala do Paraíso do Tuiuti

O Paraíso do Tuiuti foi a primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial e a expectativa para ver o que queriam apresentar era bem grande. Com o enredo Ka Ríba Tí Ye – “Que nossos caminhos se abram”, a agremiação teve muitos problemas durante a apresentação. Vários buracos foram vistos durante a apresentação em frente aos módulos julgadores e na tentativa de não estourar o tempo, a escola precisou correr bastante, mas não conseguiu e perdeu dois décimos por ter estourado o tempo limite em dois minutos. Mas ainda assim, o Tuiuti teve pontos que merecem destaque, como a comissão de frente e o casal de mestre-sala e porta-bandeira.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Em entrevista para o site CARNAVALESCO, a coreógrafa Cláudia Mota falou sobre a comissão de frente, que foi composta por 15 homens que fizeram uma representação do momento de criação do homem na terra, ordem de Olodumarê a Oxalá, que teve dificuldades para realizar o pedido.

“Deu tudo certo. Nós ensaiamos muito para isso. Foram muitas coisas, muita demanda, muitos detalhes de dança. Me surpreendi com todo elenco, apesar de muito esforço, de muito trabalho. Graças a minha equipe, ao Paulo Barros, a gente colocou a avenida para virar com a gente”, declarou Cláudia Mota.

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Foto: Site CARNAVALESCO

O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, veio representando Zumbi e Dandara dos Palmares, que simbolizavam a resistência e a força da ancestralidade africana. A dupla estava fazendo um belo desfile quando no terceiro módulo de jurado, Dandara esbarrou o pavilhão de forma leve em Raphael. Isso não entristeceu o casal, que terminaram a apresentação sorridentes.

“Foi uma emoção sem tamanho. Após o último jurado, eu desabei porque foi um misto de sentimentos. Foram dois anos sem carnaval, a gente lutando contra o racismo, contra o preconceito com o carnaval, muita gente queria que o carnaval acabasse, o engraçado é que essas pessoas que lutaram para o carnaval acabar, estão aqui curtindo. Então, esse carnaval estar acontecendo é uma vitória. É a nossa estreia como casal, nossa estreia na escola e a gente batalhou muito e deu tudo certo”, declarou Raphael Rodrigues.

“Pra mim foi um presente essa fantasia e vir de Dandara. É uma emoção muito grande e fiquei muito feliz que a gente conseguiu realizar tudo que a gente se propôs, que era dar o nosso melhor, o nosso máximo. Estamos felizes com o início da parceria”, disse Dandara.

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Foto: Site CARNAVALESCO

O samba também merece destaque. Era possível ouvir os componentes e as arquibancadas cantando, principalmente o refrão. Celsinho Mody e o carro de som fizeram um ótimo trabalho conduzindo a escola com maestria pelo Sambódromo.

“Foi maravilhoso. Cantar no Paraíso do Tuiuti é um presente que Deus me deu. Agradeço ao presidente e serei sempre grato”, declarou Celsinho.

‘Não se pode subestimar ninguém’, declara presidente da Beija-Flor

A Beija-Flor teve a missão de encerrar o primeiro dia de desfiles do Grupo Especial. A Nilopolitana veio com o enredo “Empretecer o pensamento é ouvir da voz da Beija-Flor”, para enaltecer personagens negros, como a própria Selminha, Claudinho, Neguinho da Beija-flor, Pinah e Laíla. Apesar de encantar quem estava na Sapucaí, a escola teve problemas que podem lhe custar pontos preciosos, como em evolução e Mestre-Sala e Porta-Bandeira.

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Foto: Site CARNAVALESCO

Claudinho e Selminha Sorriso, que completam 30 anos de parceria, vieram representando o ‘Esplendor de Kemet’, que significa ‘terra negra’. A dupla acabou se esbarrando em um momento da apresentação, com isso, o mestre-sala deixou escapar o pavilhão na hora de mostrá-lo aos jurados. O casal ficou visivelmente abalado e não conseguiu ter o mesmo desempenho magistral que lhe é esperado e conhecido. Apesar disso, em entrevista para o site CARNAVALESCO, Claudinho fez questão de enaltecer a parceria.

“São 30 anos de parceira. É o momento de repensar e comemorar a vida porque perdemos muitas maravilhosas. Então, é um momento de reflexão, é o momento do carnaval homenagear todas essas pessoas que se foram. Nilópolis está de parabéns por esse desfile”, declarou o Mestre-Sala.

A comissão de frente comandada por Marcelo Misailidis chamou bastante atenção. O grupo era formado por 15 homens que representavam Macuas, povo originário de Moçambique. O coreógrafo falou da responsabilidade de conseguir passar uma mensagem diante de um assunto tão importante, a memória arrancada e o apagamento da cultura do povo preto durante e pós-escravidão.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“A gente estava precisando falar sobre uma metáfora do apagamento, do apagamento cultural que acontece com todo o povo preto. Então, a forma da gente entender isso, é entender que essa metáfora começa por onde chegou, que foi pela Costa Brasileira, e ver aquilo né, como é que é cruel você olhar para trás e não vê o teu passado”.

O chão da comunidade nilopolitana é muito forte e aguerrido. Os componentes cantaram alto o samba e deu para ouvir bem de toda Sapucaí e deixou o presidente Almir orgulhoso. Outro quesito que merece destaque é a bateria Soberana, dos Mestres Rodney e Plínio, que teve uma apresentação firme e com ótima afinação.

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Foto: Site CARNAVALESCO

“Dever cumprido. É o que eu tenho dito, não se pode subestimar ninguém, todas as escolas foram bem. Os jurados vão ter dor de cabeça agora. A Beija-Flor é sempre uma surpresa, as pessoas ficam sempre esperando para ver o que vai acontecer”, declarou o presidente.

“Foi perfeito. Gostaria de parabenizar a bateria pelo andamento perfeito. Estou feliz pelo rendimento da galera”, disse o Mestre Rodney.