Caçula entre as finalistas do concurso que vai eleger a nova rainha de bateria da Beija-Flor, Lorena Raíssa de 15 anos, é filha de Aline Souza, que já foi grande passista da Beija-Flor. Lorena tem ainda 15 irmãos, seis no mundo do samba. A jovem passista contou ao site CARNAVALESCO um pouco de sua trajetória no mundo do samba. A final do concurso acontece na quinta-feira. As outras duas candidatas vão ser entrevistadas na terça e quarta.
Fotos: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
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Fotos: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
“Eu nasci em 2007, e quis vir ao mundo em pleno ensaio técnico, quatro ônibus tiveram que parar para eu nascer na maternidade. Em 2013, eu fui o pequeno Beija-flor em uma coreografia, acho que até do Patrick Carvalho. Em 2014 eu entrei na ala das passistas, foi no enredo sobre o Boni. Em 2015, o falecido tio Laíla me colocou em um Abre-alas e foi uma coisa incrível para mim, uma emoção pois eu já pequeninha desfilando no carro Abre-alas. Era um dos meus maiores sonhos naquele momento. Passaram-se esses anos dentro da escola, em 2022, esse ano, eu fui representando Mercedes Batista no baile de passistas, no Terceiro Baile dos Passistas, e esse ano estou aqui no concurso de rainha de bateria, uma das finalistas”, conta a jovem postulante.
Lorena revelou que o seu desfile inesquecível pela escola foi em 2018 no enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que Os Pariu).
Fotos: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
“Para mim o desfile mais inesquecível foi 2018. Eu vim na ala dos Passistas, só que na ala dos passistas mirins em frente da ala das crianças. Foi pelo título, mas eu não sei explicar direito, teve algo diferente ali, sempre é emocionante estar pisando na Avenida, entrar em todos os anos, é emocionante, mas naquele ano para mim, eu senti que tinha um sentimento diferente. Fomos campeãs e foi incrível”.
Consciente da responsabilidade que carrega, Lorena explicou o que em sua opinião representa ser passista e ser comunidade da Beija-Flor.
“Muita gente acha que é só sambar, mas é levar o amor pelo pavilhão. O samba, o carnaval, para algumas pessoas, ainda é mal visto, falam que é uma coisa muito adulta, que criança não pode participar, que fica feio, e usam algumas palavras inadequadas, mas o passista tem que levar o samba, mostrar que é uma cultura, uma dança, além de tudo, mostrar o que é amor pelo samba, pelo pavilhão e pela arte. Ser comunidade não precisa nascer ali dentro para ter amor pela Beija-Flor. A Beija-Flor recebe com muito carinho qualquer um. Para ser comunidade é você querer mesmo estar ali dentro, comunidade é o grupo de amados, um grupo de pessoas que amam, um grupo que está ali um por todos e todos por um e amar o pavilhão. Comunidade é estar ali sempre em todo o ensaio de quinta-feira, é tudo isso e mais um pouco”, define Lorena.
A jovem passista, claro, pensa em como será sua vida se vencer o concurso, mas revela que pretende não deixar que muitas coisas mudem, para continuar agindo com todos da mesma forma que sempre agiu.
“Claramente vai mudar algumas coisas na minha trajetória, mas eu não mudaria nada, deixaria tudo do jeito que está, falar com cada pessoa do mesmo jeito, e ser quem eu sou, que é o que mais as pessoas querem de mim. Acho que só vai mudar algumas coisinhas”.
Sobre referências no samba no pé, Lorena revelou que tem algumas meninas e mulheres.
“Tenho muitas meninas, muitas mulheres maravilhosas, mas para mim é a Raíssa (Oliveira), a minha mãe, a minha irmã Lorrayne e a Mayara Lima. Minha mãe foi uma das primeiras passistas da Beija-Flor”, conta a jovem passista.
A mãe Aline Souza, citada como referência de samba no pé por Lorena, é também a grande inspiração que a jovem tem no mundo do samba, em quem se espelha.
“A minha mãe, posso te dizer que a minha mãe é minha maior referência no carnaval. Nasceu ali dentro, foi criada ali dentro e está trazendo os filhos, os netos a passar por tudo que ela passou e vir ao mundo do samba como ela”.
Por fim, ao ser perguntada sobre o que poderia mudar no carnaval como um todo, Lorena Raíssa acredita que as pessoas do samba deveriam melhorar um pouco alguns comportamentos.
“Eu acho que o que podia melhorar eram as pessoas se unirem mais. Muita gente ‘ ah estou desfilando aqui, mas eu vou falar daqui’, ‘ah estou desfilando aqui mas vou falar mal de lá, porque o meu aqui está melhor’. Eu acho que deveria se unir mais e todos mostrarem o que querem de verdade entregar para o público que é a cultura do samba e do carnaval”.
Jogo rápido com Lorena Raíssa:
Time do coração: Flamengo
Samba-enredo predileto: “O monstro é aquele que não sabe amar” (Beija-Flor 2018)
Filme predileto: “Era uma vez”
Comida favorita: Estrogonofe
Lugar inesquecível que visitou: Cristo Redentor
Lugar que desejaria visitar: Disney
Carnaval é espaço para política: Sou muito nova para pensar nessas coisas
Faleceu nesta segunda-feira, Cláudio Cardoso, o popular ex diretor e mestre de bateria Claudinho Meião, vítima de um infarto fulminante. Responsável pela formação musical de inúmeros ritmistas cariocas, tendo atuado inclusive como professor na escolinha Tamborim Sensação, entre outras oficinas, era conhecido pela simpatia, sorriso escancarado e jeito boa praça. Não se incomodava de compartilhar seus conhecimentos rítmicos e fazia disso uma maneira de estreitar relações, difundindo toda sua bagagem musical por onde passou.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Atuou de forma proeminente como diretor de bateria de escolas como Unidos da Tijuca, Mangueira e Cubango. Também chegou a ser Mestre de Bateria de duas escolas de samba, sendo elas Acadêmicos da Abolição e Arranco do Engenho de Dentro.
O legado musical deixado por Cláudio Cardoso, assim como cada lição de ritmo, é simplesmente eterno. Felizes foram aqueles que tiveram o privilégio e a honra de poder absorver parte de sua inestimável musicalidade. Seu ouvido diferenciado tinha uma percepção sublime em relação aos timbres graves. Devido a isso era um dos mais renomados afinadores de surdo do carnaval carioca.
Todo seu talento musical e vocação pro ritmo tiveram reconhecimento ao longo dos anos, permitindo que o ex mestre atuasse como um dos julgadores do prêmio Troféu Bateria, distribuído por gente envolvida nas mais diversas agremiações, avaliando as baterias de forma detalhada naipe a naipe. Deixamos nossos sinceros sentimentos a toda sua família e amigos nesse momento de dor profunda, bem como estendemos nosso carinho a seu irmão de ritmo, que atuou fazendo dupla na regência de baterias, Henrique Bilucka.
Compositores: Alessandro Falcão, Cláudio Russo, Gustavo Clarão, Julio Alves, Moacyr Luz, Pier Ubertini e W Correia
Intérprete: Wander Pires
Cadê o boi?
O mogangueiro, o mandingueiro de oyá
Meu tuiuti não tem medo de careta
Traz o boi da cara preta do estado do Pará
Num mar de tempestade e ventania
Foi trazendo especiarias que o barco naufragou
Nós moscada, cravo, iguarias
No caminho para as índias a história eternizou
O marinheiro se perdeu na madrugada
O mogangueiro correu para o igarapé
A curuminha entoou uma toada
Enquanto abria se a flor do mururé
E nesse encontro entre o rio e o oceano
A grande ilha que cultiva o carimbó
Dizem que bichos ainda falam com humanos
Há muitos anos na ilha de Marajó
É! Batuqueiro no samba de roda curimbó
Quero ver você cantar como canta o curió
Okê caboclo onde vai a piracema?
Rio acima segue o voo de uma juriti pepena
Há mão que modela a vida
No barro marajoara
E o búfalo que pisa
Esse chão do parauara
Chama o mestre damasceno
Pra entoar esta canção
Das cantigas da vovó
Do tempo da escravidão
É lá! É lá! É lá!
Canoeiro vive só morená
É lá! É lá! É lá!
Mas precisa de um xodó
Após 19 obras iniciarem o processo de escolha do samba-enredo da Academia para 2023, agora só restam três hinos sonhando em ocupar esse posto no próximo carnaval. O enredo “Delírios de um paraíso vermelho” está sendo desenvolvido pelo recém chegado carnavalesco Edson Pereira. Pedrinho da Flor, Moisés Santiago e Marcelo Motta encabeçam as parcerias finalistas. O site CARNAVALESCO conversou com um representante de cada uma dos três grupos para saber como anda a ansiedade para a grande final e sobre o que veem de mais especial em suas obras. * OUÇA OS SAMBAS FINALISTAS
Foto: Ewerton Pereira/Divulgação Salgueiro
Na parceria de Pedrinho da Flor estão também Arlindinho, Leonardo Gallo, Gladiador, Vanderlei Sena, Ramon Quintanilha, Renato Galante e o compositor vitorioso pelo Salgueiro Demá Chagas que faleceu recentemente. Leonardo Gallo falou sobre a sensação de concorrer em mais uma disputa de samba.
“Está sendo diferente, indescritível porque é muita emoção. Cada disputa é diferente. E essa está tendo um sabor, porque é depois da pandemia e o povo abraçar da forma que abraçou, igual agora na nossa passagem. Não tenho palavras, é muito emocionante. E o nosso samba ele fala na essência do Salgueiro. A gente já começa com ” avistei na subida da ladeira o paraíso “, então já é o morro do Salgueiro. O paraíso é no morro e a nossa escola em si. E o refrão arrebatador”, acredita o poeta.
Com Marcelo Motta também estão os compositores Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves, Fabrício Fontes, Ralfe Ribeiro e Francisco Aquino. Ralfe Ribeiro contou um pouco da sua história como compositor no Salgueiro.
“Salgueiro é a minha escola do coração. Sempre parecer ser a primeira vez. A minha história aqui já vem de dois campeonatos, já tenho dois sambas na Avenida. Com esse enredo maravilhoso, nós gostamos bastante da história que o carnavalesco desenvolveu para a gente contar. Nosso desenvolvimento foi muito bom. E sobre o nosso samba acho que a parte que mais vai emocionar é na saída de segunda quando a gente fala ‘quem vendeu a eternidade /que descanse em paz, tô por conta do pecado/ hoje eu quero é mais’ a gente quer brincar, quer festejar do nosso jeito, a gente quer festejar do jeito que o Salgueiro sempre fez na Avenida e com respeito total a toda forma de viver”, entende Ralfe.
Já a parceria de Moisés Santiago também conta com a participação de Líbero, Serginho do Porto, Celino Dias, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Gilmar L Silva e Marquinhos Bombeiro. O compositor Serginho do Porto acredita que são grandes obras concorrendo e espera que a sua seja a escolhida pela diretoria.
“Para mim é uma emoção muito grande. Há dois carnavais que a gente vem aqui, sempre indo para as finais, e a gente espera se Deus quiser conseguir ganhar o concurso de sambas-enredo. Mas, a gente sabe que a gente fez um trabalho, esse trabalho não depende da vitória nossa, depende da vitória da diretoria. E se ela achar que esse é o samba que vai para a Avenida, só temos a agradecer “, explicou o compositor.
O Salgueiro vai realizar a grande final para escolha do samba que vai embalar o seu desfile de 2023 nesta terça-feira, dia 11 de outubro, na quadra da escola localizada na Rua Silva Teles.
A Vila Isabel escolheu o samba-enredo da parceria de Dinny da Vila, Kleber Cassino, Mano 10, Doc Santana e Marcos para o desfile no Carnaval 2023. A final aconteceu na noite de domingo e a quadra recebeu as presenças da rainha de bateria, Sabrina Sato, do carnavalesco Paulo Barros, do patrono Capitão Guimarães, e ainda teve uma linda homenagem para o intérprete Gera. No ano que vem, a escola do bairro de Noel vai apresentar o enredo “Nessa festa, eu levo fé”, desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros, que retorna para agremiação em sua terceira passagem. A proposta é mostrar as mais diferentes festas e celebrações ao redor do mundo. * OUÇA AQUI O SAMBA CAMPEÃO
Festa da parceria campeã na Vila Isabel. Fotos: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
“É uma vitória que a gente está esperando há muito tempo. Faz 30 anos que um samba da comunidade não vem para final e ganha. É muito gratificante, a nossa escola merece, vamos apresentar um carnaval maravilhoso, temos um carnavalesco maravilhoso que é o Paulo Barros. Já fui campeão em 2008 e houve uma junção. Dessa vez, eu acredito que a humildade, o respeito e a união da parceria foram fundamentais para essa vitória, claro, a mão de Deus fez toda diferença, estamos muito felizes”, disse o compositor Dinny da Vila.
Parceria de Dinny da Vila, campeã na disputa de samba para o Carnaval 2023
“Sentimento único, um samba realizado por mim, pelo Mano 10, pelo Dinny da Vila, pelo Doc Santana, pelo Marcos França, e por toda a comunidade de Vila Isabel. O sonho virou realidade graças a Deus. A gente acha que a gente tem os dois refrões muito forte, a melodia totalmente para cima, e a letra toda dentro do enredo, conforme a gente tirou as dúvidas com o carnavalesco Paulo Barros”, comentou o compositor Kleber Cassino.
Presidente da Vila festeja com os compositores vencedores
“Indescritível! Somos nascidos e criados em Vila Isabel, no morro dos Macacos, sempre admiramos todos os compositores desta escola. Tínhamos muita fé de que um dia também poderíamos conseguir. O ‘Evoé’ nos trouxe essa vitória”, completou Mano 10.
Compositores campeões ressaltaram força da comunidade no samba
Ao CARNAVALESCO, Paulo Barros falou sobre o retorno para Vila Isabel e a expectativa pelo desfile de 2023. “Estou muito feliz e muito animado com esse retorno para Vila. A gente tem uma escola que com o Luizinho e o Guimarães tem um apoio fantástico que a gente precisa, eu não tenho do que reclamar. Estou feliz sim, a gente vai fazer uma grande festa, essa é a vontade da Vila Isabel. Queremos festejar a alegria, a gente rezou pra isso acabar (pandemia), essa reza se transforma em enredo, trouxe as festas religiosas, os ritos de alegria, de emoção e diversidade. Esse é o intuito do nosso carnaval, festejar a alegria”.
Carnavalesco Paulo Barros retornou para Vila Isabel
Presidente mais novo do Grupo Especial, Luiz Guimarães, conversou com o site CARNAVALESCO sobre a nova geração chegando forte no comando das escolas de samba.
Luiz Guimarães é o presidente mais jovem do Grupo Especial
“Acredito que é um outro olhar para o carnaval. A gente tem outra percepção não só de coisas que podem somar, mas podem agregar também não só de desfile, mas para o espetáculo como um todo. A nossa geração está procurando passar essas ideias para os mais velhos. É uma responsabilidade ainda maior. Independente das críticas é poder realmente apresentar o trabalho que está sendo feito, independentemente da idade, o foco é o melhor para Vila Isabel. Com o tempo também eu vou aprendendo, sou muito novo ainda, tenho noção de que tenho muito o que aprender ainda no carnaval com os mais velhos, sempre querendo o melhor para colher os frutos lá na frente”.
Capitão Guimarães festejou com os compositores o samba da Vila para 2023
O dirigente prometeu um grande desfile da Vila Isabel em 2023. Segundo ele, será de fácil leitura e sem perder a essência do carnaval.
“O Paulo Barros está muito feliz, muito esperançoso. Ele conversa com a gente. Conseguimos entregar para ele a confiança novamente. Tenho certeza que tem tudo para dar certo essa dobradinha. Ganhar ou não é consequência, o carnaval é de alto nível, são grandes escolas, nivelado por cima. É um detalhe e estamos disputando. Vamos fazer um grande carnaval, acho que só tem como mostrar isso no dia, mas o pré-carnaval vai ser fundamental também. Carnaval de coisas bem tradicionais, de fácil leitura, mas também não perdendo a essência da escola, não perdendo a essência do carnaval. Temos um enredo altamente criativo”, garantiu Luiz Guimarães.
Moisés Carvalho, diretor de carnaval da Vila Isabel
Responsável pela direção de carnaval da Vila Isabel, Moisés Carvalho comentou a oportunidade de voltar a trabalhar com o amigo Paulo Barros e revelou detalhes da preparação da escola. “O Paulo é um amigo conquistado no carnaval e fora isso, é muito bom trabalhar com um artista do nível do Paulo. Nós nos conhecemos bem. Eu entendo bem ele e ele me entende. Nós escolhemos o samba hoje. Só vamos voltar os ensaios no dia 26. Vamos trabalhar o canto da escola, o carro de som, que já começou, porque estamos com aulas de canto, trabalhando em conjunto com o Tinga. Bateria com carro de som”, explicou Moisés Carvalho.
Elegência do casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel
O diretor fez um balanço do desfile de 2022 e comentou como está o trabalho no barracão.
“O ano de 2022 foi maravilhoso. Queremos manter a pegada e a alegria. Para 2023 vamos trazer mais e mais a valorização da comunidade. É só ver nossa disputa do samba, com muita disponibilidade de entrada franca, sambas da comunidade, muita carteirinha distribuída. Essa é nossa intenção. Queremos estar cada vez mais próximos da comunidade, porque ela é muito especial e fundamental para um grande desfile. Estamos com os protótipos de fantasia finalizados e estamos começando o processo de reutilização. Já estamos trabalhando nas alegorias. Estamos em desenvolvimento de ferro, madeira, escultura, cumprindo com todo o projeto já aprovado pelo presidente”.
Cris e Marcinho na final de samba da Vila Isabel
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho Siqueira e Cris Caldas, revelou empolgação com a fantasia para o desfile de 2023. Eles ainda fizeram um balanço da exibição deste ano.
“A ideia é manter como foi em 2022. Ficou legal e gostamos. Já começamos a nos preparar para 2023, porque queremos algo diferente e para isso é preciso muito ensaio. Eu prefiro não responder (sobre a fantasia), porque senão entrego, mas vai continuar dando o que falar. Vocês vão ver”, contou a porta-bandeira.
Casal da Vila Isabel dança na quadra na final de samba
“Vamos manter o estilo apresentado em 2022, mas iremos acrescentar mais coisas. A fantasia foi uma proposta apresentada e a gente gostou, mas ainda estamos estudando, porque está em desenvolvimento”, completou o mestre-sala.
Escolhido o samba da Vila para o Carnaval 2023, o desafio de mestre Macaco Branco, da “Swingueira de Noel”, é desenvolver o trabalho da bateria com bossas e arranjos que se adequem a um enredo que tem por natureza uma diversidade muito abrangente de ritmos por falar de tantas manifestações religiosas.
Mestre Macaco Branco é o comandante da Swingueira de Noel
“É um enredo muito abrangente, ele viaja pelo mundo todo, são festas religiosas e toda religião tem o seu tema musical, a sua característica musical. Isso para a ‘Swingueira’ vai ser muito legal, a gente poder passear um pouco nos ritmos do mundo todo e se Deus quiser com esse grande samba trazer o título para a nossa Vila Isabel, pois a Vila já está há 10 anos em jejum”.
Conhecido pelo seu DNA inventivo, o carnavalesco Paulo Barros sempre procurar inovar em diversos segmentos. E um dos que em geral reservam mais surpresas para o público é a bateria. Paulo já colocou ritmistas em cima de carro alegórico, já fez bolas de gás saírem dos chapéus dos componentes e já abriu a bateria para a passagem de um carro cheio de gangsters. É possível pensar que vem coisa boa por aí na Vila. Mestre Macaco Branco, inclusive, já conversou com o carnavalesco sobre possibilidades para a “Swingueira de Noel”.
Gera, Macaco Branco e Tinga na final da Vila Isabel
“Já conversamos sim, estamos bolando uma coisa diferente, uma surpresa na Avenida, se Deus quiser a arquibancada vai se emocionar com o trabalho que nós vamos fazer juntos com o nosso carnavalesco Paulo Barros. E vamos essa semana começar a pensar na gravação do samba porque a disputa estava muito acirrada, tinha três grandes sambas, nós fomos saber o resultado mesmo aqui. Agora, nós vamos começar a trabalhar o samba que não é mais da parceria, é da Vila Isabel”.
Diretor de harmonia, Marcelinho Emoção, citou a vontade da direção em ter a comunidade ainda mais próxima da agremiação. “A única mudança é na comissão de frente e no carnavalesco. O resto continua na mesma pegada, com uma equipe forte, com o presidente novo, e a experiência do nosso patrono. Junto a isso, temos um samba vindo da comunidade. A Vila só tem a ganhar para 2023. Temos agora o Douglas como diretor musical e estamos trabalhando para alcançar nota máxima na harmonia. Esse ano em harmonia vamos focar em recuperar a nota máxima. A escola está muito unida com sua comunidade e é fruto do trabalho do presidente e do patrono. Eles estão buscando recuperar a ligação com a comunidade”.
Marcelinho Emoção, diretor de harmonia da Vila Isabel
Comandante do carro de som da Vila Isabel, o intérprete Tinga está acostumado a vencer finais de samba. Na escola em que trabalha, ele assiste de camarote. Ao CARNAVALESCO, o cantor respondeu se tem algum segredo para tantas vitórias e falou sobre não ter Martinho e nem André Diniz na decisão da azul e branco.
“Não tem segredo não, é só cantar com amor e alegria sempre. Não pode nunca faltar alegria. Hoje é um pouquinho diferente, porque são dois nomes (Martinho e André Diniz) muito presentes, principalmente, o André. Mas ele tomou a decisão dele, porque tem um trato e uma amizade com o Martinho. Os sambas que estavam concorrendo eram ótimos, são da comunidade e teremos um samba ótimo”.
Solta o bicho! Tinga é o intérprete da Vila Isabel
Festa com show dos segmentos
A Vila Isabel realizou sua final de samba com bom público, principalmente em relação a um domingo, e fez a apresentação dos segmentos antes da disputa propriamente dita. O início teve alguns sambas de autoria de seu presidente de honra Martinho da Vila, cantados por Tinga e seu carro de som, e com a apresentação de passistas.
Em seguida, o grande repertório da Vila Isabel esteve presente com um passeio a sua história, de sambas mais antigos como “Cirandeiro, Cirandeiro” e ” Kizomba”, até os mais recentes e vitoriosos como “Festa no Arraiá” e “Soy Loco por ti América”, e outros que não chegaram a vitória mais emocionaram como “Semba de Lá”. Para encerrar a apresentação, a escola tocou o hino de 2022 em homenagem a Martinho da Vila com a tradicional coreografia de estátua, em que todos ficam parados segundos antes de entoar o “Partideiro, Partideiro Ó”.
Vila Isabel homenageia Gera com o nome do cantor no palco da escola de samba
Antes da apresentação dos sambas finalistas, a Vila Isabel fez uma linda homenagem para o intérprete Gera. O palco foi batizado com o nome do cantor. “Há 40 anos chegamos (Capitão e Perlingeiro) o Gera já estava por aqui batalhando e cantando, foi campeão em 1988, com o Kizomba. O Gera é uma figura ímpar na Vila Isabel. É mais do que merecida essa homenagem, entre tantos que merecem na Vila Isabel, o Gera é um dos que mais merecia”, disse Capitão Guimarães.
Análise das apresentações das parcerias na final
Parceria de JC Couto: A primeira parceria a se apresentar na grande final da Vila Isabel trouxe como intérpretes principais Emerson Dias e Dowglas Diniz. Em relação a apresentação, fora da torcida que estava bem empolgada, não se percebeu tal comoção nos segmentos e no público em geral. Poucas pessoas fora da parceria estavam cantando o samba. A parte de maior destaque era o refrão principal que citava “Com a Vila eu vou nessa festa”. Na parte visual a parceria trouxe balões e bandeiras nas cores da escola.
Parceria de Dinny da Vila: A segunda parceria teve como voz principal Ito Melodia e trouxe o rei momo Wilson Dias, que sambou no palco evidenciando o trecho do refrão principal que dizia “O rei Momo convidou minha Vila Isabel…”, trecho que pegou no público, principalmente em seu final no trecho que se repetia, “Evoé, Evoé”. Em comparação com a primeira parceria e terceira, no samba de Dinny da Vila foi percebido um interesse maior da comunidade e segmentos em relação ao canto e festa propriamente dita, envolveu e o clima mudou na quadra. No aspecto visual, a torcida trouxe bandeiras nas cores da Vila Isabel. Uma chuva de balões vindo do teto caiu sobre a torcida mais para o final da apresentação.
Parceria de Tinguinha: A última parceria a se apresentar na final da Vila Isabel tinha como cantores principais Celsinho Mody e o próprio Rafael Tinguinha que encabeçava a parceria. A obra tinha como grande ponto de destaque no canto o refrão “É a festa do povo…”. Em relação ao público, o samba teve um grande desempenho na apresentação pela energia dos intérpretes. Nos segmentos esteve um pouco mais frio. No aspecto visual, a parceria trouxe bandeiras e balões, e antes do samba começar, com a quadra com a iluminação mais diminuída houve pela torcida o uso de celulares, realizando um bonito efeito. Uma cascata de faíscas caiu do teto iluminando a torcida.
Faltando pouco para conhecer o samba-enredo que vai embalar o desfile da Unidos de Vila Isabel, a diretoria da escola e segmentos com certeza já devem ter suas obras preferidas. Se ainda não é o momento de revelar para o público em geral, pelo menos para o site CARNAVALESCO foi apresentado os pontos importantes que os componentes têm levado em consideração para a escolha da obra. Para o presidente da agremiação, Luiz Guimarães, a melodia tem recebido uma atenção maior até mesmo do que a letra pela característica do enredo que a escola escolheu. * OUÇA AQUI OS SAMBAS FINALISTAS
Foto: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO
“Acho que a melodia, mais do que letra, melodia. O Paulo ganhou os títulos tanto na Tijuca como na Portela, mais na Tijuca não com grandes obras, não com grandes sambas, com sambas que defendiam bem o enredo , mas com carnavais diferentes. Eu acho que a gente tendo um samba alegre, que defenda bem o enredo, a gente não precisa ter uma grande obra, não tirando o mérito das três obras que vão estar na final, que são três obras , vão nos representar muito bem, mas a melodia eu acho que é o principal, acho que hoje as pessoas vêem mais a melodia que a letra, acho que uma melodia chiclete tem tudo para alavancar a escola e a gente conseguir alavancar para o campeonato”, explica o jovem mandatário da Azul e Branca do bairro de Noel.
Já o diretor de carnaval Moisés Carvalho manteve a mesma preocupação com a melodia trazendo também o acréscimo de que a ideia é ter um samba para frente e alegre.
“A gente pediu aos compositores que a gente tenha um samba leve, alegre, com uma melodia para frente, que empurre a escola e que case com tudo que a gente está preparando dentro do barracão, um desfile lindo, rico em fantasia, rico em alegoria e que a gente tenha um samba que tenha tudo isso e amarre nosso desfile”.
Escolhendo qualquer uma das três obras finalistas, quem vai ter a responsabilidade e privilégio de conduzir a obra na Sapucaí , será o intérprete Tinga. O cantor, que vai para o seu quarto carnaval consecutivo pela Vila desde que retornou a escola em 2019, tem boas expectativas para o samba escolhido e vê a qualidade da obra como fundamental para que a agremiação possa fazer um grande desfile.
“O que não pode faltar é alegria, um samba para motivar a nossa escola, uma boa melodia e um samba é meio caminho andado para um bom desfile, tem que ter um grande samba, acho que um samba é 50 por cento do desfile. Tem que ter um samba bem alegre com a melodia bem bonita para o couro comer bonito na Avenida”.
Macaco Branco inicia preparação da bateria já visando o desfile em 2023
Outro bastante interessado na escolha do samba, é mestre Macaco Branco, indo para mais um carnaval no comando da Swingueira de Noel, Macaco já retornou os ensaios da bateria há mais de uma mês e explica de que forma tem se dado o trabalho.
“A bateria já está ensaiando já faz um tempinho, um mês e meio mais ou menos, nós mudamos nosso ensaio para quarta-feira para poder estar agregando mais para a Vila Isabel, até porque é um dia mais vazio, tem menos coisas nas escolas de samba ensaiando e para os ritmistas terem mais tempo de ensaiar . Iniciamos com um trabalho de revitalização, preparando o ritmista para fazer um bom desfile. Quando vira o ano, a gente inicia um trabalho do zero para quem chega querendo fazer teste para fazer parte da escola. A gente abre algumas vagas para teste, a galera que já desfilou tem uma certa prioridade, é um trabalho em que cada ano é um ciclo diferente. Assim que escolher o samba, a gente faz um trabalho voltado para o arranjo da obra e focado para a Avenida”, explicou o mestre de bateria da Swingueira de Noel.
Em 2023, a Vila Isabel será a terceira escola a desfilar na segunda noite de desfiles do Grupo Especial.