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Sambas concorrentes mais ouvidos do Grupo Especial para o Carnaval 2023

O site CARNAVALESCO divulga a terceira lista dos sambas concorrentes mais ouvidos em três escolas de samba do Grupo Especial: Grande Rio, Imperatriz, Salgueiro Império Serrano, Portela, Mangueira e Viradouro. Os números do Tuiuti, Mocidade, Vila Isabel e Tijuca só vamos divulgar na semana que vem. Semanalmente, a lista será divulgada com atualização. Diferente dos anos anteriores, vamos soltar até o fim de setembro os três mais ouvidos de cada escola. A primeira lista geral sairá apenas no dia 1 de outubro. Lembrando que o cálculo é feito em cima do link de cada samba publicado no nosso site e não em redes sociais ou players de áudio.

Portela (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Samir Trindade: 5.113 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Mariene de Castro: 5.052 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Wanderley Monteiro: 4.879 audições – Ouça aqui o samba

Mangueira (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Lequinho: 5.506 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Gilson Bernini: 4.994 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Nelson Rufino: 4.787 audições – Ouça aqui o samba

Viradouro (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Claudio Mattos: 5.008 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de PC Portugal: 4.992 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Julio Alves: 4.986 audições – Ouça aqui o samba

Império Serrano (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Sombrinha: 3.118 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Pretinho da Serrinha: 2.985 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Paulo César Feital: 2.958 audições – Ouça aqui o samba

Grande Rio (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Igor Leal: 4.984 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Derê: 3.833 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Toninho Gerais: 2.652 audições – Ouça aqui o samba

Imperatriz (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Zé Katimba: 2.351 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Manu da Cuíca: 2.301 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Me Leva: 2.297 audições – Ouça aqui o samba

Salgueiro (Ouça aqui todos os concorrentes)
Parceria de Marcelo Motta: 2.855 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Xande de Pilares: 2.824 audições – Ouça aqui o samba
Parceria de Pedrinho da Flor: 1.806 audições – Ouça aqui o samba

Presidente Cátia Drumond conta bastidores de conversas com Leandro Vieira para acerto com a Imperatriz Leopoldinense

Grande trunfo da Imperatriz para o carnaval 2023, o carnavalesco Leandro Vieira retornou à Rainha de Ramos, onde foi campeão do Acesso em 2020, buscando agora ajudar a escola a encerrar um jejum de 22 anos sem ganhar o título do Grupo Especial. Leandro acumula também passagens no Grupo de Acesso por Caprichosos de Pilares em 2015, e Império Serrano, onde foi campeão este ano. Na Mangueira foram seis carnavais no Especial, dois títulos, 2016 e 2019, e apenas um ano fora do desfile das campeãs. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, durante a apresentação da equipe para o próximo carnaval, a presidente Cátia Drumond revelou alguns detalhes das conversas que teve com o renomado carnavalesco, depois que ele decidiu encerrar o ciclo na Estação Primeira de Mangueira, para que o acerto entre o artista e a Verde e Branco de Ramos se concretizasse. * OUÇA AQUI OS SAMBAS CONCORRENTES DA IMPERATRIZ

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Foto: Nelson Malfacini/Imperatriz

“Meu pai quando faleceu, deixou uma equipe já montada. E como ele faleceu no meio da pandemia, a equipe já era a equipe do carnaval de 2022, só não tínhamos a comissão de frente, que foi contratada depois, e eu sempre quis ter a equipe dos meus sonhos. O Leandro era o carnavalesco dos meus sonhos e aí a gente teve uma conversa antes do carnaval, e se ele tivesse o interesse de sair da Mangueira, e fosse procurar uma outra escola de samba, eu queria que sentasse comigo para conversar, pois eu teria o interesse de trazer ele de volta para a Imperatriz”.

A presidente continua e aponta que sua vontade de brigar pelo título também encontrou respaldo na busca do carnavalesco por novos desafios.

“Fui procurada pelo Leandro depois que saiu o resultado, nós conversamos, e eu falei para o Leandro que queria ser campeã e para eu ser campeã, eu preciso ter se não a melhor, uma das melhores equipes do carnaval. E disse a ele que para ser campeã ‘eu preciso de você’. ‘Você é a mina peça chave’. Aí ele falou ‘olha, você falou com tanta vontade que quer ser campeã, que é isso que eu também quero, eu quero um desafio de pegar uma escola e de fazer com ela o que eu fiz na Mangueira’ “, revela Cátia.

A presidente Cátia Drumond projeta, com os novos contratados e com a permanência de outros ícones como mestre Lolo, uma Imperatriz brigando lá em cima dessa vez, apagando a colocação recebida dos jurados em 2022.

“O meu sonho é que em 2023, a gente cada vez que abra as notas, a gente escute um 10 para a Imperatriz, que a gente tenha a certeza que a gente esteja lá brigando pelo primeiro lugar, sei que não é fácil, mesmo você tendo uma grande equipe, porque tem outras equipes tão fortes concorrendo com a gente, mas eu quero tirar esse gosto amargo do décimo lugar e eu sei que eu não merecia. É investir pesado, e sonhar, se você não sonhar não chega a lugar nenhum”.

O diretor executivo da Imperatriz, João Drumond, se disse muito alegre com a nova equipe estruturada para o próximo carnaval e fez questão de ressaltar o ambiente positivo que os profissionais tem gerado.

“Feliz, agora estamos começando a trabalhar, muito feliz com a equipe, mas acima de tudo com o convívio, porque quando você trabalha com pessoas que você admira, que você é fã, mas que você também tem um diálogo, que você tem uma afinidade, é o importante. Porque você pode trabalhar com o melhor profissional do mundo, mas se você não tiver um bom ambiente de trabalho e uma afinidade entre todos que fazem parte desse trabalho, o negócio não flui. E a afinidade é muito grande, e a admiração é recíproca entre todos que trabalham juntos”.

Ashley Kirk é a nova madrinha dos passistas da Inocentes

A diretora de serviços de saúde, Ashley Kirk, é a nova madrinha das passistas da Inocentes de Belford Roxo. O convite foi feito pela direção da agremiação, juntamente com os coordenadores da ala: Luciene Santinha e Yago Sensação. A nova missão da beldade será desfilar na frente dos malandros e cabrochas da escola de Belford Roxo em 2023.

Foto: Divulgação

“É um privilégio e uma honra ser madrinha dos passistas da Inocentes de Belford Roxo. Gostaria de agradecer à comunidade e aos dirigentes da escola pela oportunidade de desfilar num enredo que fala do empoderamento da mulher. Vou cumprir meu papel com respeito e amor pela Inocentes, pelos passistas e pelo samba no pé”, disse a madrinha dos passistas da Inocentes, Ashley Kirk.

A afro-americana, Ashley, conheceu a arte do samba no pé, em San Francisco, na Califórnia em 2012, daí em diante procurou se aperfeiçoar. Em 2020, no Brasil desfilou no Império Serrano, e no último carnaval passou na avenida pelo Cubango.

A tricolor da Baixada Fluminense será a última agremiação da Série Ouro da Liga-RJ, a desfilar no sábado de carnaval, no Sambódromo, no próximo carnaval, com o enredo “Mulheres de Barro”, do carnavalesco Lucas Milato, que fala sobre as paneleiras de Goiabeiras, da cidade de Vitória, Espírito Santo. Elas são grandes mulheres artesãs, que produzem panelas de barro para sustento de suas famílias.

Unidos de Padre Miguel faz última chamada para recadastramento e inscrição de novos componentes

Termina no próximo sábado, 17 de setembro, o recadastramento e as inscrições de novos componentes para as alas de comunidade da Unidos de Padre Miguel para o carnaval de 2023. Os interessados devem comparecer na quadra da escola, de segunda à sexta-feira, das 18h às 21h30, e no sábado, das 10h às 17h para realizar o cadastro.

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Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

Necessário apresentar uma (1) foto 3×4 (recente), xerox da identidade e do CPF (visíveis), comprovante de residência e carteirinha de vacinação. Será cobrado uma taxa de R$50,00 (cinquenta reais). Com o pagamento da taxa, o componente receberá uma camisa e carteirinha da escola. A quadra da Unidos fica na Rua Mesquita, 8 – Padre Miguel.

Em 2023, a Unidos de Padre Miguel levará para a Marquês de Sapucaí o enredo “Baião de Mouros”, de autoria dos carnavalescos Edson Pereira e Wagner Gonçalves. A Vermelha e branca da Vila Vintém será a quinta agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, pela Série A, do Rio de Janeiro, em busca do tão sonhado título e o acesso ao Grupo Especial.

Caprichosos de Pilares lança logo oficial do enredo para o Carnaval 2023

Após anunciar a reedição do enredo e samba de 19995 da Portela, a Caprichosos de Pilares apresenta a logo oficial que vai ilustrar a comemoração do centenário portelense. Desfilando pela Superliga, na Série Prata da Intendente Magalhães, ela será a décima escola a passar pela avenida, no dia 24 de fevereiro, com o enredo “Gosto Que me Enrosco – Caprichosamente Vamos Reviver”, desenvolvido pelo carnavalesco Leo Jesus.

enredo 2023

“Trazer de volta para a avenida um desfile que foi tão marcante na história da Portela, nos enche de honra, orgulho e gratidão. Falar de Portela é falar de história, de resistência, de arte e de cultura. E a Caprichosos com a sua característica irreverente vai mexer com os corações portelenses e trazer à tona, a emoção e o grito de campeã que ficou preso na garganta da comunidade lá em 1995. A Caprichosos vai em busca do título e do seu retorno para a Sapucaí reverenciando a madrinha centenária”, comentou o presidente Carlos Leandro.

Vigário Geral terá casal de mestre-sala e porta-bandeira com síndrome de down

A Acadêmicos de Vigário lançou o seu enredo e apresentou oficialmente os mais novos contratados para 2023, no último domingo, dia 11. E a escola tem uma grande novidade. Para conduzir o quarto pavilhão da tricolor da Zona Norte, a escola terá Josias Araújo e Sophya Canuto. Eles têm síndrome de donw e fazem parte do projeto da Pimpolhos da Grande Rio há mais de 8 anos. A mandatária Elizabeth Cunha comentou um pouco sobre os mais novos defensores.

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Foto: Divulgação

“Josias e Sophya são duas crianças extremamente incríveis e iluminadas. Quando os conheci pela primeira vez, logo os convidei para fazer parte do nosso time de casais. A representatividade dos dois é muito importante e para a escola é mais importante ainda”,  comentou a presidente.

A Acadêmicos de Vigário Geral será a terceira escola a cruzar na Marquês de Sapucaí em 2023, no dia 17/02, com o enredo “A Fantástica Fábrica da Alegria” desenvolvidos pelos carnavalescos Marcus do Val, Alexandre Costa e Lino Sales.

Beija-Flor abre inscrições para rainha de bateria neste sábado

Não é só a Inglaterra que está de corte nova. Vem aí um novo reinado na Beija-Flor de Nilópolis. A azul e branca abre inscrições para o concurso de rainha de bateria neste sábado, 17, das 10h às 13h, na quadra da escola. Podem concorrer candidatas maiores de 16 anos – completos até o Carnaval 2023 – e que comprovem, no ato da inscrição, história com a ‘Deusa da Passarela’. As interessadas devem levar cópia da identidade, uma foto de corpo inteiro e descrever, em até 5 linhas, sua relação com a Beija-Flor. Para menores de idade, será exigida matrícula de comprovante colegial. As inscrições são gratuitas.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Quem não conseguir se registrar no sábado, 17, terá também a segunda-feira, 19, das 19h às 22h, para garantir a participação no concurso. A quadra da agremiação fica na Rua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025.

“A marca da Beija-Flor é a comunidade, e teremos novamente uma rainha que represente isso. Quantas meninas e mulheres da nossa escola sonharam com esse momento? Queremos dar essa oportunidade a quem faz parte da Beija-Flor e vai manter o brilhante legado de Soninha Capeta e Raíssa”, disse Dudu Azevedo, diretor de Carnaval da azul e branca.

Após o Carnaval 2022, Raíssa de Oliveira deixou o posto de rainha de bateria. Cria da comunidade, a sambista venceu um concurso em 2002 e estreou, em 2003, aos 12 anos de idade, substituindo Sônia Capeta.

Na época, a nova rainha foi considerada um amuleto de sorte da agremiação, já que nos três primeiros anos (2003-2005), a escola conquistou o tricampeonato. Ao todo, foram 20 anos de reinado, com 8 títulos e 3 vices.

Feijoada da Ilha recebe Beija-Flor e Bloco União neste domingo

A União da Ilha do Governador promove no domingo, dia 18 de setembro, mais uma edição da “Feijoada da Ilha” que acontece mensalmente e já é sucesso no calendário da escola. Com entrada gratuita, a partir das 12h, a escola recebe a co-irmã, Beija Flor de Nilópolis e o Bloco União, afilhado paulista da União da Ilha. O público poderá, também, curtir muito samba com o grupo Samba Enredo de Raiz cantando os melhores sambas antológicos do carnaval carioca, além da apresentação da bateria do mestre Marcelo Santos, sambas inesquecíveis na voz do intérprete oficial, Igor Vianna, e sua equipe do carro de som, apresentação dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, show de passistas, baianas, velha guarda e muito mais.

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Foto: Divulgação

“Estamos preparando mais uma grande feijoada para a comunidade insulana e convidados como temos feito em todas as edições. Chame seus parentes, amigos e sambistas para curtirem mais um domingo feliz na União da Ilha do Governador”, convida o presidente da escola, Ney Filardi.

O prato de feijoada custa apenas R$ 25 e a mesa R$ 20,00 (antecipado). Para saber mais informações, basta entrar em contato pelo telefone (21) 98009-8449. A quadra da União da Ilha fica na Estrada do Galeão 322, Cacuia, na Ilha do Governador.

Sinopse do enredo do Arranco do Engenho de Dentro para o Carnaval 2023

Enredo: “Zé Espinguela – Chão do meu terreiro”

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AS RAÍZES

Meu Arranco do Engenho de Dentro,
Sua terra é preta e preto é o tambor que nossa gente toca nessa Avenida, o mesmo tambor que tocava em meu terreiro. É matriz de samba, herdeiro de semba, ancestralidade. Sou negro, filho de negros, neto de negros, negros de tantas raízes africanas que atravessaram terras e tempos até se misturarem às amendoeiras, jaqueiras, mangueiras, tamarineiras das ruas do Rio de Janeiro, dos subúrbios — até se fazerem novas raízes nesses nossos terreiros, dessa nossa gente. Meu nome é José Gomes da Costa, mas podem me chamar de Zé Espinguela.

Arranco, seu chão é o meu chão.

Fiz dele minha casa. Como muitos fizeram em cada chão uma casa, em cada corpo uma casa, em cada canto uma fé. O sangue malê que corre em meu corpo alufá é o sangue do saber e da transformação. Ele está em cada búzio lançado no opon ifa, em cada destino adivinhado nas areias, no tanto de axé, encantamento e de tantas fés que correm em tuas ruas suburbanas, nas muitas macumbas que nos definem. O Rio que carrego comigo é também um lugar de festa. Reza, luta e festa. Carnaval. Aqui eu me misturei às folias nos blocos de sujo, me fantasiei para os banhos de mar, batuquei com Zé Pereira e me encantei com os ranchos colorindo a Praça Onze nos braços de tias pretas. É esse Rio de encruzilhadas que eu vejo agora enquanto ouço seus tambores, Arranco, se preparando para tomar a Marquês de Sapucaí, na mesma Praça Onze onde o samba nasceu.

Durante muito tempo meu carnaval foi de festa e também de briga. Eu brincava nos Arengueiros do Morro de Mangueira. Rapaziada boa de samba e boa de briga. A gente descia as ladeiras do morro e ia se encontrar com o Faz Vergonha, dos meninos de Vila Isabel, na Praça Maracanã. Muitos outros blocos, muitas outras brigas. Ali era batalha de ginga, canto, verso, braço e perna. Às vezes navalha.

Eu gostava de estar em Mangueira. Onde tem batuque e reza a gente se encontra e vai ficando. Eu ia pras casas das mães pretas do morro, casas de canto e encanto. Bati cabeça com elas nos terreiros, reverenciei seus orixás. Oxóssi, Iansã, Ogum, Xangô. Me dava com a gente do morro. Cartola, Carlos Cachaça, Maçu, Saturnino, Zé da Zilda, Zé Com Fome, os outros. Foi num dia assim, de batuque, cachaça e conversa, na casa de Seu Euclides, que fundamos a Estação Primeira de Mangueira. Cartola tinha escrito “Chega de Demanda” pra pôr fim naquelas batalhas de arengueiros. Tava certo, o Angenor. A Mangueira chegou pra pacificar as coisas e colorir de verde e rosa o nosso carnaval.

A SEMENTE

“Foi em 1929 […]. Realizei no Engenho de Dentro. Sagrou-se vencedora a Portela, sabiamente dirigida pelo Paulo. Mangueira também se apresentou pujante, tendo os seus sambistas Cartola e Arturzinho apresentado dois sambas monumentais.” (Entrevista de Espinguela, Jornal A Nação, 1935.) Rio, 20 de janeiro de 1929. Dia de Oxóssi, de São Sebastião. Antes de tudo existir, já estava tudo aqui: a batucada, os versos, as bandeiras. Os fundamentos e assentamentos, a festa, a disputa. Tudo aqui.

Na minha casa, na Adolpho Bergamini, criei uma disputa de samba para saber quem era melhor. Eu tinha feito um concurso no ano anterior, mas esse de 29 é que ficaria marcado para sempre na História. Convoquei o povo da Deixa Falar, do Conjunto de Oswaldo Cruz e da minha Mangueira. Uma se transformaria no que é hoje a Estácio de tantas glórias. O outro viraria a Portela, que emprestaria o azul e branco de sua bandeira para amadrinhar sua história, Arranco. E a Mangueira… bem, a Mangueira segue sendo a Estação Primeira.

As agremiações trouxeram para o terreiro o que tinham de melhor, e o teu chão de engenho foi riscado por muitos e grandes bambas. Das bandas do velho Estácio vieram Ismael e Benedito Lacerda. De Oswaldo Cruz, Paulo Benjamim de Oliveira, Heitor dos Prazeres e Antônio Caetano. Minha Mangueira mandou Cartola e Arturzinho. Estavam todos aqui.

Ainda estão.

Naquele dia de Oxóssi e São Sebastião, a Sapucaí era aqui, nessa terra em que piso. Cada compositor cantava seus versos. As torcidas vibravam, a batucada foi até tarde, uma farra. O vencedor foi Heitor dos Prazeres, com “Não adianta chorar”, mas, como seria costume dali em diante, a apuração e o anúncio do vitorioso causaram uma baita confusão.

A solução foi decretar que todos eram vencedores e dar um troféu para cada agremiação. Dizem por aí que eu fui o primeiro a virar a mesa no carnaval… Mas veja bem, Arranco, aqui no nosso chão, naquele momento, uma nova semente foi
lançada em teu solo suburbano — e logo as raízes desse samba começaram a se espalhar. O Rio de Janeiro veria novas escolas aparecerem, criadas a partir de blocos e batucadas, assentadas nos muitos terreiros da cidade. Depois passaram a desfilar na avenida. Alas, carros alegóricos, enredos, sambas de enredo, comissões de frente, tudo foi chegando e foi ficando. No fundo, os fundamentos do concurso de 1929 estarão sempre presentes. O tambor, o terreiro, o samba e o sambista: é a isso que chamam chão. O nosso chão.

O TRONCO

“Espinguela, preciso que você faça um trabalho pra mim”. Quando ouvi o maestro Villa-Lobos dizendo essas palavras, pensei cá comigo: “ué, o maestro é chegado numas mandingas?, tá querendo que eu faça um despacho pra livrar ele de mau olhado, pra arrumar um amor, será que é isso?” Era não. Ele me conhecia do jornal Vanguarda, onde eu trabalhava, e só queria ajuda para reviver os cordões.

O Sodade do Cordão seria um cordão com o jeito dos antigos carnavais. Nada de briga, nada de bagunça, só festa, fantasia, dança e amor. Transformei meu terreiro numa espécie de barracão, desses que hoje ocupam a Cidade do Samba. Lá eu mesmo confeccionei as fantasias de caboclos, homens-sapos, cucumbis. Nas alas, vieram reis, rainhas, morcegos e diabos. De cacique, eu saí na frente do cordão.

O Sodade abriu caminhos para outros convites. Villa Lobos trouxe um outro maestro, Leopold Stokowski, para apresentá-lo à cultura brasileira. Gravamos nossas músicas a bordo do navio Uruguai, ancorado na Praça Mauá. Cartola, Pixinguinha, João da Baiana e Donga estavam lá. Native Brazilian Music foi o nome que deram para o disco — achei “o fino”, como se dizia. Deixei três gravações com meu Grupo do Pai Alufá: “Macumba de Oxóssi”, “Macumba de Iansã” e “Cantiga de Festa”.

Essa era minha vida: as rezas, as giras, os cantos, o samba, as ruas. Durante muito tempo foi assim.

OS FRUTOS

Quando parti deste mundo, queria ter, ainda em vida, aquela sensação boa que via nos gurufins. Queria aquela mistura de tristeza e de festa, queria percorrer as ruas suburbanas e subir as ladeiras do morro de Mangueira anunciando minha partida. Queria ouvir o surdo batendo no ritmo da minha minha primeira estação, os tambores dos nossos terreiros batendo, sentir o cheiro da terra e das pessoas do morro, a ladainha nas capelas, o jogo de bola, o povo do samba se divertindo no Buraco Quente, a algazarra das biroscas, o barulho que a criançada faz quando brinca, as juras de amor declaradas nos quartos de dormir, os cantos de festa e de dor, quis me despedir da vida onde ela me foi mais bonita. Adeus, Mangueira. A gente parte chorando, como disse no samba, mas parte sabendo que deixou uma semente.

Essa semente, meu Arranco do Engenho de Dentro, deu muitos frutos. Era o destino revelado no opele. São frutos nascidos nos terreiros, nas rodas e nas quadras, no fundo dos nossos quintais, nos quilombos transformados em favelas, nos templos de persistência da cultura negra e popular. Eles continuam frutificando onde os tambores batem mais forte, onde nossos corações batem mais forte, onde a vida segue e resiste como arte. O nosso chão semeado é o chão da gente negra; o nosso chão é o chão das escolas de samba.

Os fogos anunciam o início do Carnaval de 2023 na Marquês de Sapucaí. Quase cem anos se passaram desde aquele dia 20 de janeiro e posso ver agora que as marcas deixadas no nosso terreiro permanecem. Elas estão em cada pavilhão, em cada passista, na dança de mestre-sala e porta bandeira, nos versos dos poetas, na roupa alinhada que veste a velha-guarda, no suor da harmonia, na gente que trabalha escondida nos barracões, na alegria das alas no toque do repique, no barulhinho bom que vem no giro das saias das baianas, no brilho e no perfume que cada escola de samba tem. O nosso Brasil é um terreiro e toda escola é um quilombo.

Posso ver tudo isso agora enquanto olho nossa gente vestida de azul e branco entrando na avenida e comemorando 50 anos de sua história. E como é bonito te ver, meu Arranco, defender nossas raízes, nossos quilombos de resistência e arte, nossas heranças e suas novas sementes plantadas. E como você está lindo, meu Arranco. Sua gente feliz, teus santos felizes, teu canto feliz.

Zé Espinguela

Carnavalesco: Antônio Gonzaga
Texto e pesquisa: Antônio Gonzaga, Renato Lemos e Ana Rosa Alves
Presidente: Tatiana Alves
Vice Presidente: Dona Diná
Presidente de honra: Antônio Carlos Júnior
Diretores de Carnaval: Junior Fionda e Michel Porto

Jockey Club, na Zona Sul do Rio, vai sediar feijoada da Portela no sábado

No sábado, a partir das 14h, o Jockey Club Brasileiro (Praça Santos Dumont, 31 – Gávea) vai receber a Feijoada da Portela. Os ingressos já estão à venda pelo site https://www.ingresse.com/feijoada-da-portela-jockey-club – Para ficar ainda melhor, os sócios vão ter 50% de desconto, basta usar o código SOCIOPORTELA. A promoção é válida para sócios contribuintes e sócios torcedores.

feijoada no jockey

A feijoada terá show da Velha Guarda da Portela, Elenco Show, com casais de mestres-salas e porta-bandeiras, passistas, e claro, a Tabajara do Samba sob o comando do mestre Nilo. A abertura do evento fica por conta do grupo Samba D’ Passista.

Não fique de fora dessa! Corra e garanta já o seu ingresso!

Serviço:
Feijoada da Portela no Jockey Club
Data: 17 de setembro, sábado
Horário: a partir das 14h
Endereço: Praça Santos Dumont, 31 – Gávea.
Ingressos: 1 ° lote
Entrada R$ 50
Entrada + feijoada R$ 80