A origem da arte negra no carnaval é o grande destaque da exposição “Nossas sensações não são nossas”, no MIS, Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. A mostra promove um encontro entre arte contemporânea, música e carnaval, exaltando a arte negra na festa popular. A mostra pode ser vista até 5 de maio, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. O Museu da Imagem e do Som fica na Lapa, região central da capital fluminense.
Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO
A exposição, que faz a integração de obras do acervo do MIS, com as artistas da atualidade, leva o público a refletir sobre como uma criação do passado ainda pode repercutir no tempo presente.
E, a curadora Ana Paula Rocha, enfatiza que os artistas reverenciados na exposição – como Heitor dos Prazeres, Clementina de Jesus, Aracy de Almeida, Sinhô e o grupo Os Oito Batutas integrado por Pixinguinha, por exemplo – são homens e mulheres, todos negros, que tiveram a coragem de criar arte, fazer Carnaval e levar reflexões e felicidade para um Brasil extremamente racista e hostil.
A curadora explicou que os artistas negros do passado foram, muitas vezes perseguidos, evidenciando em suas músicas não só alegrias, mas práticas de exclusão. Já os artistas de hoje vêm para dialogar com essas obras, demonstrando muitas vezes ressonância entre essa produção e as suas próprias, fazendo ecoar imagens, sons e a mesma luta nos tempos atuais.
Segundo Ana Paula, o título da exposição é um trecho de um depoimento para posterioridade – projeto de memória do museu – de Alberto Ribeiro, um dos compositores da marchinha Chiquita Bacana. Ele comentou que a inspiração era fruto de experiências coletivas.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Sinfônica do Samba será comandada pelo mestre de bateria Vitinho. Campeão da Série Ouro em 2022, ele foi um dos destaques do Reizinho de Madureira no último desfile, alcançando os 30 pontos.
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO
Filho de Faísca e neto de Alcides Gregório, Vitinho faz parte da terceira geração de sua família no comando da premiada bateria do Império Serrano. Ele agradece a oportunidade de seguir com o trabalho na Sinfônica para o próximo ciclo carnavalesco:
“Estou muito feliz em poder continuar no Império. Aqui fui criado, pude crescer e irei para o terceiro desfile como mestre de bateria. O trabalho tem sido muito positivo e as notas dizem isso. Agradeço a oportunidade dada pelo Flavinho, nosso presidente eleito, e tenho convicção que faremos mais uma grande apresentação em 2024”, destaca Vitinho.
No último Carnaval, o Império Serrano apresentou o enredo “Lugares de Arlindo”, no Grupo Especial. A escola da Serrinha vai buscar a volta à elite no próximo ano, quando irá desfilar pela Série Ouro, na sexta-feira ou no sábado, na Marquês de Sapucaí.
O Império Serrano conheceu o seu novo presidente na manhã deste domingo, 26, em Assembleia Geral realizada em sua quadra, em Madureira. Flávio França, o Flavinho, foi eleito o novo presidente da escola de samba para o triênio 2023-2026. Sua escolha foi por aclamação, pois somente a Chapa “Serrinha custa, mas vem” havia sido inscrita para participar do pleito.
Foto: Emerson Pereira/Divulgação
Na composição da nova chapa, apenas duas mudanças em relação à atual diretoria administrativa do Reizinho de Madureira. Flávio França entra no lugar de Sandro Avelar à frente da presidência, com José Luiz Escafura tornando-se o novo vice-presidente de carnaval, cargo ocupado até então por Paulo Santi. Márcio Araújo, Wagner Rogério e Paula Maria seguem como vices financeiro, social e cultural, respectivamente.
Para o Conselho Deliberativo, Valdemir dos Santos Lino (Priminho) será o presidente e Wanderley Marzzano o vice. Já Oswaldo Pereira vai assumir a presidência do Conselho Fiscal, tendo Miltinho como vice.
A partir desta segunda-feira, terá início o processo de transição entre a gestão Sandro Avelar para a de Flávio França. O novo presidente será empossado no dia 21 de maio, em nova Assembleia Geral, dando início ao seu mandato de maneira oficial, que terá como objetivo reconduzir o Império Serrano ao Grupo Especial.
Confesso que tento entender pessoas que apenas curtem carnaval de escola de samba falarem em enredos repetitivos, desfiles iguais e outras narrativas que desfavorecem os artistas e a cultura popular. Agora, o que me revolta é ler opinião de “gente nossa” com as mesmas asneiras.
Fotos: Riotur/Divulgação
Quando vejo essas pessoas escrevendo que não aguentam mais temática afro, nordestina e indígena, eu penso como elas descobriram essa paixão que dizem ter pelas escolas de samba. Não cabe gostar de carnaval e achar essas temáticas repetitivas e que deveriam ficar fora dos desfiles.
Desde que meu pai me apresentou ao mundo das escolas de samba, lá pelos meus 10 anos de idade, que aprendo constantemente com os enredos e desfiles. Como branco, privilegiado, fui criado no catolicismo, e, pela vivência no mundo do carnaval, sempre confrontei preconceitos sobre religião de matriz africana e escolas de samba. A minha infância e adolescência foi baseada nos ensinamentos dos artistas das escolas de samba. Agradeço e muito aos meus pais.
A minha formação adulta ainda recebe cada vez mais estimulos culturais e educacionais vindos dos saberes das escolas de samba. Acima de tudo, respeito e celebro, tudo que aprendi assistindo na Avenida aos desfiles ou vivendo nas quadras.
Por isso, fico revoltado, triste e decepcionado quando leio comentários absurdos de sambistas (não sinto bem em julgar quem é ou não sambista, aliás, eu detesto quem faz isso) que não entendem que o discurso de uma escola de samba está 100% baseado na cultura preta, popular, nos saberes e ensinamentos das religiões de matriz africana.
Melhor momento artístico do carnaval?
Não vejo problema na sinergia com a Academia e os intelectuais, pelo contrário, esse encontro gera conhecimento para os acadêmicos e para os componentes. Oportunidade de fazer o trabalho educacional, pouco valorizado, que acontece dentro das quadras. A escola de samba é tão forte que comporta gera saberes para todos. O repúdio fundamental é ao preconceito e aos malfeitos de quem tenta destruir nossa cultura.
Estamos aprendendo, como nunca, nos enredos propostos por Leandro Vieira, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, Tarcísio Zanon, Jack Vasconcelos, Annik Salmon e Guilherme Estevão, André Rodrigues, entre outros. Certamente, o momento dos artistas que produzem os desfiles é um dos melhores da história do carnaval. Posso colocar no momento patamar dos artistas que chegarem nos anos 1960.
Aqui, eu deixo um pensamento, que pretendo abordar em outro texto, não esperem de mim o cancelamento de ninguém, seja por questão política ou por falta de educação social. Como citei acima, cresci louvando os artistas do carnaval e minha memória afetiva ultrapassa limites que não são toleráveis para outras pessoas. É pessoal, e, como vivo no mundo político profisionalmente, também sei que muitos idolatrados, não “rezam a missa” como seus fãs de carteirinha acreditam.
Sinal de mudança
É bom perceber que os presidentes estão “comprando” os enredos com discursos. Sinal de mudança. Acredito que não seja tão racional e mais passional, ou seja, estão percebendo os resultados e dando corda aos artistas. Não sei se a liberdade é 100%, mas isso agora não vem ao caso. Necessário é notar o entendimento que a sinalização de um grande enredo, pode gerar um grande samba e quem sabe um ótimo desfile.
Assim, eu torço e celebro que tenhamos mais e mais enredos de temáticas afro, indígena e nordestina. É a formação do povo brasileiro. Aliás, viva o povo! Ele é o dono do espétáculo!
Artistas responsáveis pelo desfile da Grande Rio, os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora disseram que o enredo para o Carnaval 2024, “Nosso destino é ser onça”, começou a ser pensado em 2016, através do livro do escritor Alberto Mussa que “restaura” o mito tupinambá da criação do mundo, os artistas propõem uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria. A sinopse do enredo será divulgada em breve.
Foto: Raphael Lacerda/Site CARNAVALESCO
“Começamos a pesquisar esse enredo em 2016. O livro de Alberto Mussa narra que a onça possui papel central na cosmovisão dos Tupinambá, dado que nos levou a pensar na importância dessa simbologia para as narrativas míticas de outras nações indígenas brasileiras e latino-americanas. Assim o enredo foi sendo costurado, pegada por pegada, caminhando pelos impérios sertanejos da Pedra do Reino, pela memória de alguns carnavais incríveis, pela utilização da onça enquanto símbolo de lutas do presente, vide a produção de uma série de artistas e coletivos contemporâneos. Não é um enredo preso ao passado, fora do tempo: é uma narrativa de eterna devoração, que salta para o futuro e pensa o Brasil de hoje, terra indígena, tão complexo e diverso em sua riqueza cultural”, destacou Haddad.
Sobre a proposta estética do desfile de 2024, Leonardo Bora adianta que o público verá na Avenida já pode ser percebido no cartaz de divulgação do enredo, elaborado pela dupla em parceria com o artista Aislan Pankararu.
“A arte de Aislan nos faz refletir sobre as ideias de cura, semeadura, floração, transformação. É interessante como a onça está diretamente associada a rituais xamânicos de cura, ocupando posição destacada em um sem fim de histórias, causos, mitos, narrativas de artistas tão expressivos como Rosa Magalhães e Guimarães Rosa. A gente está bebendo desse caldo, construindo um enredo que parte do mito tupinambá para visões e projeções muito contemporâneas – daí a importância do diálogo, já na arte de divulgação do enredo, com a produção de um jovem artista como Aislan Pankararu. Mais uma vez, não é algo óbvio, mas um cartaz com diferentes técnicas artísticas, como pintura, fotografia e bordado, algo que nos encanta bastante. Fazer arte, para nós, é provocar, instigar, gerar discussão, é movimento. Foi assim com Exu e será assim novamente”, demarca Bora.
A Rosas de Ouro anunciou na manhã deste sábado a contratação do intérprete Carlos Jr. Ele estava no Tucuruvi no Carnaval 2023. Confira abaixo o vídeo da escola.
Uma Grande Rio que volta a aprender com a sabedoria das florestas, a mergulhar nas cosmovisões dos povos originários e a passear, encantada, por causos, lendas, matas e giras: eis a proposta do enredo “Nosso destino é ser onça”, mais uma criação autoral dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Guiados pela narrativa mítica de “Meu destino é ser onça”, livro do escritor Alberto Mussa que “restaura” o mito tupinambá da criação do mundo, os artistas propõem uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, tocando em temas como antropofagia e encantaria. A sinopse do enredo será divulgada em breve.
Pôster ilustrativo do enredo elaborado pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora com a colaboração do artista Aislan Pankararu.
Essa “proposta de devoração”, como denominam os carnavalescos, vem sendo pesquisada há 7 anos, como destaca Haddad: “Começamos a pesquisar esse enredo em 2016. O livro de Alberto Mussa narra que a onça possui papel central na cosmovisão dos Tupinambá, dado que nos levou a pensar na importância dessa simbologia para as narrativas míticas de outras nações indígenas brasileiras e latino-americanas. Assim o enredo foi sendo costurado, pegada por pegada, caminhando pelos impérios sertanejos da Pedra do Reino, pela memória de alguns carnavais incríveis, pela utilização da onça enquanto símbolo de lutas do presente, vide a produção de uma série de artistas e coletivos contemporâneos. Não é um enredo preso ao passado, fora do tempo: é uma narrativa de eterna devoração, que salta para o futuro e pensa o Brasil de hoje, terra indígena, tão complexo e diverso em sua riqueza cultural.”
Sobre a proposta estética do desfile de 2024, Leonardo Bora adianta que o público verá na Avenida já pode ser percebido no cartaz de divulgação do enredo, elaborado pela dupla em parceria com o artista Aislan Pankararu. “A arte de Aislan nos faz refletir sobre as ideias de cura, semeadura, floração, transformação. É interessante como a onça está diretamente associada a rituais xamânicos de cura, ocupando posição destacada em um sem fim de histórias, causos, mitos, narrativas de artistas tão expressivos como Rosa Magalhães e Guimarães Rosa. A gente está bebendo desse caldo, construindo um enredo que parte do mito tupinambá para visões e projeções muito contemporâneas – daí a importância do diálogo, já na arte de divulgação do enredo, com a produção de um jovem artista como Aislan Pankararu. Mais uma vez, não é algo óbvio, mas um cartaz com diferentes técnicas artísticas, como pintura, fotografia e bordado, algo que nos encanta bastante. Fazer arte, para nós, é provocar, instigar, gerar discussão, é movimento. Foi assim com Exu e será assim novamente”, demarca Bora.
Aislan Pankararu, o artista a que Leonardo Bora faz referência e cujo trabalho não apenas inspirou, mas pode ser visto na peça de divulgação do enredo, é nascido em Petrolândia, Pernambuco. Ele é originário do povo Pankararu e formado em Medicina. Segundo Aislan, seu trabalho nasce “da memória de suas origens, da necessidade de entrar em contato e expressar a sua ancestralidade.” Já o livro que orienta a construção do enredo foi publicado originalmente em 2009 e se trata de um experimento literário do escritor Alberto Mussa, que, a partir da leitura crítica dos relatos de cronistas como André Thevet e Hans Staden, propôs a restauração do mito tupinambá, narrativa fantástica que explica a importância das ideias de devoração e transformação para os povos originários brasileiros. Os carnavalescos exaltam a troca com o autor: “As conversas com Alberto Mussa foram muito importantes para a expansão do nosso olhar criativo, algo em permanente processo. Apostamos em um samba forte, valente, com a ‘pegada’ de que os torcedores tricolores tanto gostam. É por essa trilha que estamos seguindo”, destaca Haddad.
A Mocidade Independente de Padre Miguel anunciou nesta sexta-feira três renovações para o Carnaval 2024. O coreógrafo Paulo Pina segue no comando da comissão de frente, George Louzada como coordenador da ala de passistas e André Félix continua como diretor musicial. Veja abaixo o comunicado da escola.
Foto: Allan Duffes e Nelson Malfacini/site CARNAVALESCO
“André Félix segue como diretor Musical da Estrela Guia para o nosso carnaval. Vamos juntos com nossa amada equipe do carro de som para mais um show na avenida em 2024”.
“Cria do meu chão, o Independente George Louzada segue como coordenador da Ala de Passistas da Estrela Guia. Vamos por mais e mais, George”.
“Paulo Pinna segue como coreógrafo da minha comissão de frente para o próximo carnaval. Vamos juntos, Pinna”.
Após conquistar o vice-campeonato e divulgar a sua equipe para o próximo ano, a Unidos de Padre Miguel definiu o enredo que levará para a Marquês de Sapucaí em 2024. Desenvolvido pelos carnavalescos Edson Pereira, Lucas Milato e pelo pesquisador Leandro Thomás, o Boi Vermelho da Vila Vintém irá em busca do título de campeã da Série Ouro com o enredo “O Redentor do Sertão”.
Apoiado na figura de Padre Cícero, o enredo é um convite a viajar no imaginário místico popular do povo sertanejo. Causos fantásticos, visões e milagres fazem parte da história do padim, que configura, para seus devotos, uma representação divina. A narrativa desenvolvida pela equipe da Vila Vintém trará luz às emoções do sertanejo, evidenciando a ligação de suas histórias de vida com as benfeitorias e obras do padre.
“Trata-se de um enredo cuja narrativa traz uma visão sobre a vida de Padre Cícero e suas benfeitorias a partir do imaginário popular, usando diferentes representações da vida e obra do “Padim” e com três os sentimentos que irão guiar a nossa história: a fé, o medo e a esperança” contou Lucas Milato.
“É com muita alegria e devoção, que a Unidos de Padre Miguel, desvenda o mistério e anuncia que Padre Cícero Romão Batista é o Redentor do Sertão ! Nesse dia especial em que Padre Cícero completa 179 anos, o presente é para a nossa Comunidade e para Nação Romeira de todo o Brasil”, revelou Edson Pereira.
A data da divulgação do enredo coincide com o aniversário do homenageado. Se vivo fosse, Padre Cícero estaria completando neste dia 24 de março, 179 anos de nascimento.
O Império Serrano vai escolher o seu novo presidente no próximo domingo, dia 26. Com apenas a Chapa “Serrinha custa, mas vem” inscrita, encabeçada por Flávio França, a escola irá realizar Assembleia Geral, a partir das 10h, em sua quadra, para aclamar a nova diretoria para o triênio 2023 – 2026.
Foto: Divulgação
Flavinho, como popularmente é conhecido, é nascido e criado no Morro da Serrinha. Jogueiro, percussionista e gestor cultural, ele tem 31 anos e será um dos mais jovens a presidir o Império Serrano.
Por ter somente uma chapa registrada, a Assembleia Geral irá referendar a composição da nova diretoria do Império Serrano. A eleição da agremiação estava prevista para maio, mas foi antecipada para que a escola pudesse ter tempo para montar a equipe visando o Carnaval 2024, quando vai buscar o acesso ao Grupo Especial.