Início Site Página 739

Estrela do Terceiro Milênio canta forte em seu primeiro ensaio técnico como escola do Grupo Especial

A Estrela do Terceiro Milênio realizou na noite de terça-feira o seu primeiro ensaio técnico visando o carnaval de 2023. Foi a primeira vez que a agremiação do Grajaú pisou no sambódromo do Anhembi como uma escola do Grupo Especial. A comunidade cantou muito. Foi praticamente um grito de libertação após tantos anos brigando para se estruturar e atingir tal feito. O destaque também fica para a comissão de frente, que foi de simples leitura, mas de grande riqueza teatral. Interações com o público e humor definiram bem como a Terceiro Milênio pode abrir o seu desfile e contar o enredo. A bateria com as bossas e paradinhas do mestre Vitor Velloso também chamaram a atenção no treino.

“A gente fez o primeiro para ver a parte técnica como estava. Hoje a gente se preocupou com o canto, bateria e todos os itens técnicos para poder analisar. Nós filmamos, vamos para casa, assistir com calma, avaliar e ver o que podemos melhorar para chegar no próximo mais arrumado, mas estava dentro do que a gente esperava. A comunidade chegou em uma véspera de feriado e, agora, a ideia é chegar sábado melhor ainda. A gente está trabalhando muito no canto da comunidade do Grajaú. O que vocês viram hoje, para nós não é surpresa. A escola está cantando muito, mas tem que cantar mais. A verdade é que a gente está tendo uma disputa dura. Tem vários concorrentes com a gente. Nós estamos trabalhando isso nos ensaios de quadra, de rua e não é surpresa. Agora temos que melhorar mais”, avaliou Carlão, diretor de carnaval da agremiação.

Comissão de frente

Foi um dos destaques da escola no ensaio. A ala interpreta totalmente o que é cantado no samba. E tudo isso é feito de forma teatral e humorística. Os integrantes interagiram com o público e, dentro das encenações, simularam intensos risos uns com os outros. Pode até não ser, mas aparentava comportamentos de palhaços. Também havia uma criança enfrentando a censura e a repressão. Aparentemente, no dia do desfile, a comissão também irá se fantasiar de personagens humorísticos conhecidos. As danças foram feitas em grande parte no tripé com escadas que a ala irá desfilar.

TerceiroMilenio et ComissaoDeFrente
Fotos de Fábio Martins/Site CARNAVALESCO

Harmonia

O canto da comunidade do Grajaú ecoou muito forte no Anhembi. As alas da escola são bastante comprometidas com essa questão e sempre se dedicam ao máximo. Nesta noite não foi diferente. Houve até paradinhas de bateria e carro de som para avaliação. Dentro das próprias alas tudo ocorreu dentro dos conformes e como já prometido. Porém, houve irregularidade entre uma ala e outra dos setores. A ausência do carro de som atrapalhou demais o andamento do samba para os componentes de algumas alas. Enquanto um setor cantava, outro estava em sintonia diferente. Mesmo com a comunidade tendo o hino na ponta da língua e bradando forte, os integrantes da agremiação devem se atentar a essas questões.

TerceiroMilenio et GraziBrasilBrunoRibas

O diretor de harmonia, Japa, avaliou o ensaio e aprovou o desempenho. “A gente veio fazer um teste no Anhembi onde ensaiamos há meses na nossa quadra e avaliar como está a nossa escola. Olhando a nossa parte de harmonia e evolução, foi muita boa. Agora a gente vai assistir os vídeos. Não estamos em todos os pontos da escolas. Vamos conversar, avaliar e chamar todo o time de harmonia para ver cada setor, mas olhando em um todo, acredito que a gente tenha alcançado o objetivo hoje. Nós cantamos alto, o objetivo é esse. Não deixar o samba cair”, disse.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Daniel de Vitro e Edilaine Campos fizeram um ensaio seguro. Juntos, a dupla estreou no solo do Anhembi. Executaram os movimentos horário e anti-horário e, o principal, o sorriso no rosto e a simpatia de ambos chamaram a atenção no treino. Esbanjaram felicidade em estampar o pavilhão da Estrela do Terceiro Milênio neste primeiro ensaio técnico como uma agremiação do Grupo Especial. Dentro da coreografia, fica o destaque para o verso “minha coruja voar ao infinito”, onde o casal fazia o movimento de voo de forma sincronizada.

TerceiroMilenio et PrimeiroCasal

Evolução

Se as alas cantaram bastante, a comunidade evoluiu no ritmo delas. Todos os componentes dançavam de um lado para o outro e pulava na explosão do refrão principal. Entretanto, a escola teve pequenos problemas de alinhamentos das fileiras em algumas alas. Especialmente no último setor. O próprio departamento de harmonia era obrigado a corrigir tal posicionamento em alguns momentos. Os componentes não fazem nenhuma coreografia dentro do samba. Pode ser uma estratégia para deixá-los à vontade no canto e na própria evolução como desfile em si.

TerceiroMilenio et Baiana

Samba-Enredo

Vale ressaltar que esse samba não era o preferido entre os dois finalistas por grande parte da comunidade. Porém, a obra cresceu muito nas vozes de Bruno Ribas e Grazzi Brasil, logo caiu nas graças dos componentes e foi abraçado. Em 2020, Grazia fez parceria com o intérprete Pitty de Menezes, que se desligou. Mas a diretoria da escola foi certeira em escolher o experiente Bruno Ribas para sucessor o então cantor da Imperatriz Leopoldinense. Ambos estão mostrando grande sincronia e fazendo os famosos ‘cacos’ na hora certa. Sem atrapalhar um ao outro. As partes mais cantadas do samba são os últimos cinco versos que são emendados com o refrão principal.

TerceiroMilenio et 16

“Estamos em um trabalho bem intenso. Muito lindo, mas pode ficar melhor ainda, é claro. Todos nós, é um processo. Mas quando chegar no dia tudo vai dar certo, se Deus quiser”, declarou a intérprete Grazzi Brasil.

Eu discordo dela. Eu discordo pelo seguinte. Todos estão muito bem preparados, todos já vem numa fluência de ensaios há pelo menos cinco meses, e o que precisava alinhar foi alinhado ontem. Todo mundo foi para o estúdio, houve um bate-papo. Eu não pude estar, mas a Grazzi estava lá, bateu um papo legal, foi muito bom. O grupo é muito unido, é muito leve, todos aqui são amigos. Não há um domingo que a gente não saia para comer juntos. Saímos do ensaio na quadra e vamos comer juntos. Que não pare para bater um papo. Então é um grupo muito coeso”, completou a sua dupla, Bruno Ribas.

Outros destaques

A bateria ‘Pegada da Coruja’, sob o comando do mestre Vitor Velloso, teve um grande desempenho neste treino. O mestre comandou a batucada para fazer várias bossas em determinados momentos da pista.

TerceiroMilenio et MestreBateria

O diretor de bateria falou sobre o ensaio. “É um momento muito importante por todos nós da comunidade. Estreia no Especial, primeiro técnico geral pelo Especial. E bateria estamos ensaiando há muito tempo, e hoje foi um dia que serviu para quebrar o gelo também. Todo mundo estava bem ansioso, o gelo foi quebrado, conseguimos entender algumas coisas que a gente vinha fazendo na quadra. Então tem que mexer em algumas coisinhas ali e aqui. Mas no geral foi muito bom, bacana, aproveitar e mandar um beijão para toda comunidade que fez um belo ensaio e um abraço para o presidente Silvão que fortalece o trabalho, diretor Carlão e Japa, enfim, geral da escola que apoia o trabalho”, avaliou.

TerceiroMilenio et Torcida

Vitor também revelou a quantidade de bossas e as paradinhas realizadas. “Isso daí são as aventuras do nosso diretor de carnaval (apagão longo), o Carlão, então todo ensaio técnico ele faz isso daí para ver como está a escola, para ver o canto, se está legal, bacana. É um diferencial da Terceiro Milênio. Estamos fazendo desde 2020, e é isso, foi um apagão que deu para perceber que a escola está cantando bem. Temos cinco bossas. O apagão inteiro não vai para o desfile, vai um apagão antes do refrão de cabeça, que é menorzinho, pega da entrada do refrão de cabeça para a primeira parte do refrão, quando vira no bis do refrão, a bateria volta”, completou.

A estreia da nova madrinha de bateria, Carla Diaz, foi cercada de expectativa. Houve ótima sinergia entre ela, bateria e a comunidade e, além disso, Carla cantou bastante alguns trechos do samba. Está aprendendo aos poucos, mas não tirou o sorriso do rosto.

Tijucanos mordidos! Após ficarem fora das campeãs em 2022, componentes prometem desfile ainda melhor

Após o belo carnaval apresentado ano passado na Marquês de Sapucaí não levar a Unidos da Tijuca de volta ao desfile das campeãs, alguns tijucanos mostram superação e cabeça erguida na busca do sucesso no Sambódromo, mas ainda há aqueles que estão ‘mordidos’.

tijuca et2023 17
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

No ensaio técnico na Passarela do Samba, a voz da arquibancada e dos componentes se uniram, mostrando que da parte deles, folego, garra e entrega não faltarão m busca de um desfile ainda melhor. Em entrevista ao CARNAVALESCO, componentes da Unidos da Tijuca falaram sobre a ferida deixada pelo último carnaval e o sonho de retornar ao desfile das campeãs, algo que não ocorre desde 2016 – época em que realizou o feito pela sétima vez seguida (2010-2016) – além do que estão preparando na tentativa de voltar a ficar entre as seis.

Anderson Silva, de 25 anos, é passista da escola e não escondeu a angústia de ter ficado de fora, mas acredita que a Tijuca está vindo para surpreender no Sambódromo.

anderson passista

“Com certeza, estou mordido. Eu acredito que a gente deveria ter ido ao desfile das campeãs, mas acontece. Carnaval é isso mesmo. Vamos mostrar que estamos prontos para voltar e voltar a brilhar como sempre fizemos. Acredito que a Unidos da Tijuca vai fazer um desfile bem diferente do que ela costuma trazer. Acho que a Bahia vai trazer um outro aspecto para a Tijuca que ninguém está esperando”, afirmou Anderson.

Ainda na conversa, o passista disse acreditar que a Unidos da Tijuca se encontrou. Para ele, investir em enredos que enaltecem a cultura brasileira é o segredo para vir com tudo na Avenida, e também revelou o que ele acredita ser o trunfo para o sucesso.

“O resgate dos enredos culturais, enredos que valorizam a nossa cultura era o que faltava. No ano passado, com a lenda do guaraná, e neste ano, com a Bahia, a gente viu que a Unidos da Tijuca está conseguindo se renovar. Com certeza a gente vai conseguir voltar a brilhar. O trunfo será o canto da nossa comunidade, que está cantando muito. Esse ano eu tenho certeza que os jurados não terão motivos para tirar o nosso ponto”, confiante, completou Anderson.

Já Adriana Dorico, que tem 52 anos e desfilará na ala 18, disse estar magoada com o resultado do ano passado e foi um pouco mais polêmica ao dizer o que faltava para que a agremiação chegasse ao sucesso. Rindo, ela declarou que o segredo para um bom desfile seria força de vontade e… “retirar os estrangeiros que desfilam na Tijuca”.

adriana

“Fizemos um belíssimo desfile e mesmo assim não levamos nada. Não teve erros, fomos perfeitos. Para o sucesso precisamos de garra, coragem, mais dedicação e menos gringos – porque a gente tem que gritar por eles, que nem o samba sabem (risos)”, disse Adriana.

Adriana completou dizendo que não existe trunfo, mas sim fé, amor e dedicação para entregar um lindo desfile e buscar mais um título. “Só Deus. Não tem carta na manga. É fazer um belíssimo desfile, vir confiante, o povo cantar o samba, muito samba no pé e rumo a vitória. A expectativa é que a Unidos da Tijuca será a campeã deste carnaval”, concluiu Adriana.

Há quem disse ter superado. O famoso “passado é passado”. Dona Noelma Luiza, de 58 anos, acredita que não falta nada para um bom desfile. Já o trunfo, é segredo para ser revelado somente na avenida.

noelma

“Vida que segue. Ano passado ficou para trás. Esse ano é outra coisa. Eu acho que não falta nada para o desfile. Na verdade, só falta um olhar melhor dos jurados, porque a escola está ótima”, confessou Noelma.

Mordidos ou não, os tijucanos deram um show no ensaio técnico e prometem fazer o mesmo na Sapucaí. A Unidos da Tijuca irá desfilar no domingo de carnaval, sendo a quarta agremiação a entrar na avenida.

Leonardo Bessa entra no carro de som da São Clemente para o Carnaval 2023

O intérprete Leonardo Bessa volta para São Clemente para integrar o carro de som da escola no Carnaval 2023. Leozinho Nunes segue como cantor oficial da agremiação. Veja abaixo a publicação de Bessa sobre o retorno. A São Clemente levará para Avenida o enredo “O Achamento do Velho Mundo”. O desenvolvimento é do carnavalesco Jorge Silveira.

278286954 992219708071109 7351573967801603830 n e1650635009454
Foto: reprodução / Instagram

“Obrigado presidente @renatinhosaoclemente por esse presente que foi o seu convite para integrar o carro de som da escola que me lançou como interprete no carnaval lá em 2002. E com muito orgulho em apoiar esse jovem talento, que já é uma realidade, o intérprete oficial @leozinhonunesoficial e emprestar um pouco da minha experiência ao logo desses meus quase 20 anos como interprete no carnaval. Vai ter Bessa na Sapucaí sim e em preto e amarelo… Não é uma volta pra casa, pois eu sempre estive lá desde 1992… Obrigado São Clemente!!! Tá bom???”

Prefeitura faz primeira reunião operacional para o carnaval da ‘nova Intendente’

Uma semana depois do lançamento da Nova Intendente, a Prefeitura do Rio deu o pontapé inicial para a organização operacional do desfile dos blocos de enredo e das escolas de samba na nova passarela da Avenida Ernani Cardoso. Uma primeira reunião, coordenada pela Subprefeitura da Zona Norte, foi realizada entre os órgãos municipais envolvidos no evento, as polícias militar e civil e o Corpo de Bombeiros junto com a Superliga Carnavalesca do Brasil, entidade que faz a organização artística do desfile das escolas das Séries Prata e Bronze e do Grupo de Avaliação.

reuniao sub
Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio

“Seguimos o plano operacional da Sapucaí, que vem dando certo durante muitos anos. Reuniões semanais que geram visitas em campo para ter o ajuste fino. Vamos ensaiar muito para ganhar um 10 na avenida”, disse o subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz.

Nessa primeira reunião, foram discutidos assuntos como a questão da iluminação, a forma e quando serão efetuadas as interdições de trânsito no entorno da passarela e até mesmo o recolhimento do lixo.

“Queremos causar o menor impacto possível para a região ao mesmo tempo em que vamos facilitar a vida das agremiações, dos desfilantes e do público interessado. Por isso, começamos esse alinhamento com os órgãos a fim de que as ações ocorram de forma ágil para que todos fiquem satisfeitos”, afirmou Vaz.

Junto com a subprefeitura da Zona Norte, representaram o Município a Riotur, a Guarda Municipal, a Mobi Rio, Rio-Luz, a Comlurb e a Cet-Rio, além das secretárias de Transportes e de Conservação.

Na próxima semana, está marcada uma nova reunião da qual sairão as primeiras decisões. Na ocasião, a Superliga apresentará seu planejamento operacional para a Prefeitura, com horários das saídas das alegorias dos barracões e que trajetos elas vão cumprir até chegar à Ernani Cardoso.

“Será um evento de grande porte. Estamos dando a devida importância operacional para que tudo ocorra em plena normalidade”, concluiu o subprefeito.

O sonho que virou realidade: Pitty de Menezes faz sua estreia no Grupo Especial pela Imperatriz prometendo muita emoção, alegria e diversão

Quando dava seus primeiros passos como cantor mirim no começo dos anos 2000, Luiz Fellype de Menezes Alves, no seu subconsciente já se projetava para voos maiores. Pitty de Menezes como é conhecido hoje, tem formação musical gospel, toca saxofone e é uns dos intérpretes mais elogiados da nova geração do carnaval. Atuando pela escola Virando Esperança, escola mirim da Viradouro, o garoto foi destaque nos primeiros ensaios. Como todo intérprete tem que ter seu grito de guerra, quando foi gravar o samba em 2007, ele ainda não tinha pensado em nada para o momento, só falava que o seu sonho teria virado realidade, e assim Pitty de Menezes contou como nasceu o seu famoso grito de guerra.

imperatriz et2023 29
Foto: Nelson Malfacini/site CARNAVALESCO

“Começou na escola mirim da Viradouro. Na minha vida eu sempre coloquei metas e realizações, sempre acreditei que a gente pode realizar sonhos, para isso, tem que correr atrás ser determinado, ter dedicação e humildade que a gente chega e realiza. Como disse antes começou lá na escola mirim no dia que fui gravar o samba em 2007, quando me falaram que precisava gravar o grito de guerra, eu falei: ‘Gente eu não tenho grito de guerra, mas hoje o meu sonho está se tornando realidade. Começou daí, ‘O sonho virou realidade'”.

Ao longo de sua carreira Pitty de Menezes teve grandes inspirações o saudoso Dominguinhos do Estácio foi quem o levou para cantar pela primeira vez no carro de som da Viradouro, porém ele se inspira também em outros grandes nomes do carnaval carioca e não mensurou palavra de admiração para falar de alguns que foram e são importantes para sus carreira.

‘’Minha maior referência todos sabem que é o Dominguinhos do Estácio. Foi o cara que mais me ajudou no carnaval, me levantou e colocou para cantar na Viradouro. Tenho outras também. O Tinga é um cara que dispensa comentários, Wander Pires, Gilsinho, grandes intérpretes”.

Ele falou mais sobre o Gilsinho, destacou sua afinação e fez grandes elogios ao intérprete da Portela. “O Gilsinho também é uma grande referência, agora que o Dominguinhos está no céu, eu acho que um dos caras mais afinados do carnaval do Rio de Janeiro. A gente tem que falar e deixar registrado isso, porque é um cara que é totalmente musical e exemplo para gente que está começando”.

Além de cantor de apoio na Viradouro, Pitty de Menezes passou por outras agremiações como, Unidos da Tijuca e Renascer de Jacarepaguá. Em 2019 foi convidado para dividir o microfone com Luizinho Andanças, na Porto da Pedra, já em 2020 assumiu o posto de intérprete onde pela primeira vez fez o desfile solo na Sapucaí.

Após o desfile de 2022 Pitty pediu seu desligamento da Tigre de São Gonçalo e foi contratado pela Imperatriz Leopoldinense, onde este ano fará sua tão sonhada e esperada estreia na principal categoria do carnaval carioca, o Grupo Especial. Ele falou o que isso representa para sua vida e a expectativa para esta estreia.

‘’Representa muito para mim, chegar no Grupo Especial é a confirmação de um sonho. Este sonho de criança que sempre almejou estar no palco por onde passaram grandes intérpretes, eu estou pisando na passarela do samba no grupo especial, para mim é tudo a realização desse grande sonho. Agora, eu estou ansioso para o grande dia”.

A escola da Leopoldina busca a reafirmação no carnaval carioca, detentora de 8 títulos do Grupo Especial, o último conquistado em 2001, e após um duro golpe em 2019 que foi seu rebaixamento. A Imperatriz voltou logo no ano seguinte ficando em 10° lugar. Pitty explica se esse é o momento certo da sua chegada para a agremiação e da expectativa para o carnaval de 2023.

“No geral é o momento certo, não poderia ser o momento melhor para eu estar aqui na Imperatriz. Acho que Deus faz tudo no momento certo. A escola está e vem forte é uma Imperatriz diferente, que vai arriscar pisar forte nessa avenida”.

imperatriz et2023 1

Pitty de Menezes já conquistou muitos prêmios e vitorias na carreira, tanto como intérprete, quanto compositor. Ele foi bicampeão na disputa de samba na Mangueira em 2015 e 2016, também no ano de 2016 fez parte do grupo vencedor do samba da Unidos da Tijuca. Como intérprete, além de cantar no carnaval carioca ele também já se aventurou em outras cidades e estados chegando a cantar em Belém do Pará, Minas Gerais, onde conquistou o bicampeonato como melhor intérprete em 2010 e 2011.

Agora, no Grupo Especial, ele não esconde o desejo de conquistar títulos individuais, mas ressalta que o mais importante é a Rainha de Ramos. “A gente tem nossos sonhos e metas, se falar que não tenho sonho de ganhar vou mentir para você, eu quero ganhar prêmio. O meu maior foco é confirmar, poder continuar no Grupo Especial e ajudar a Imperatriz a conquistar o tão sonhado título, levar esse troféu para Ramos é o que mais quero. Prêmio individual é consequência do trabalho bem-feito na avenida”.

Uma equipe só funciona bem com entrosamento, respeito e amizade, ao longo de sua vida Pitty teve a companhia de pessoas especiais que cresceram se desenvolveram e começaram a carreira junto com ele é o caso de muitos integrantes da sua equipe de som, ele nos contou a relação e do dia a dia desse pessoal que o ajuda a levar o samba da Imperatriz. “A equipe do carro de som são três pilares que sempre vou levar comigo, pessoas totalmente profissionais, musicais e amigos, família porque meu carro de som é uma família. A gente conversa, brinca, sai todos os dias. Brigamos também e depois saímos para jantar e resolver essas situações é uma família mesmo, não canso de ressaltar isso. Somos amigos, se você for ver são pessoas que vieram comigo na escola mirim, o Jonathan Fragoso, Lucas Macedo, a Tati, crescemos juntos ela na escola mirim do Estácio, o Chicão também, ou seja, somos todos amigos e isso faz a diferença. Fica mais fácil trabalhar, a gente se entende no olhar. Foi dessa forma que montamos o carro de som”.

imperatriz minidesfile23 25

A recepção que Pitty de Menezes teve ao chegar na Imperatriz foi excelente. Em pouco tempo já estava ambientado e se sentindo em casa. Com humildade, sabedoria e trabalho ele conquistou uma sinergia enorme com a “Swing da Leopoldina”, do mestre Lolo. O cantor destacou como foi sua chegada e como foi esse encontro com a bateria da escola.

‘’O mestre Lolo é muito receptivo, assim que cheguei na Imperatriz ele me abraçou, olhou para mim e disse, tinha que ser você, vamos juntos e conquistar tudo. Ficou fácil, não tem vaidade ali na Imperatriz, se você for no barracão da escola vai ver alegria, leveza é muito leve trabalhar aqui, não sei nem como explicar, é bom, trabalho com prazer. A bateria me abraçou, cheguei lá já fui recebido com churrasco feito pelos ritmistas, ficamos lá conversando, comendo, essa bateria eu já admirava sempre fui muito fã é um estilo que eu gosto e não tem um segredo, tem a conexão sem vaidade. A gente faz com alegria, se pegar o vídeo do mini desfile vai ver essa alegria, com responsabilidade, mas todos brincando a Imperatriz vai fazer isso, um carnaval sério, mas vamos brincar na avenida e fazer que o publico venha com a gente para brincar também, carnaval é isso”.

finalimperatriz2223 07

A estreia oficial de Pitty de Menezes na Sapucaí vai acontecer na segunda de carnaval, a Imperatriz Leopoldinense será a 4° escola a se apresentar com o enredo ‘O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida’, onde contará historia de Lampião através da literatura de cordel, e como diz o grito de guerra de Pitty de Menezes: “O sonho virou realidade”.

Entrevistão com mestre Dudu, da Mocidade: ‘a bateria está sendo constante com uma pitada dos mestres André e Jorjão’

Comandante da “Não existe mais quente”, mestre Dudu conversou com o site CARNAVALESCO para a série “Entrevistão”. Confira abaixo o bate-papo completo.

mocidade rua2023 0801 3
Foto: Allan Duffes/Site CARNAVALESCO

O que representa para você estar à frente da bateria da Mocidade?

Mestre Dudu: “Sou filho de mestre e a cada momento que eu estou na frente da bateria é como se passasse um filme na minha cabeça. A bateria que foi do Mestre André, do Jorjão, dentre outros, e seguir esse legado é de muita importância. Vivemos um momento diferente e precisamos nos enquadrar nas novidades e normalidades. A bateria da Mocidade é muito peculiar, cheia de referências, no carreteiro, tamborim, a afinação das caixas chocalhos, tudo muito rico. Fico muito feliz e lembro muito do meu pai, com esse peso todo na história da escola, penso quem sou eu… mas me sinto primeiramente muito honrado”.

Após tanto tempo no comando da bateria da Mocidade qual é o balanço que você faz do trabalho?

Mestre Dudu: “Estou indo para o meu 11º ano de bateria. Desde de 2011 para cá estamos fazendo muitas mudanças em afinações, levada de caixa, fizemos um trabalho muito maçante. Depois desse trabalho “naipeado” conseguimos entender a dificuldade de cada pessoa e naipes. Conseguimos afinar toda a bateria. O Carnaval de 2017 até hoje o trabalho da bateria só trouxe comentários positivos. O trabalho é árduo, mas eu acho que a Mocidade tinha essa troca de mestre constante e isso para mim danifica a bateria, não é assim que se faz. Finalmente, a bateria está sendo constante com uma pitada de mestre André e Jorjão”.

Em termos de ritmo, qual seu melhor desfile? E por qual motivo?

Mestre Dudu: “Confesso que em 2001 quando a bateria teve que raspar a cabeça, pois não era nada fácil para conquistar tal coisa. É muito marcante para mim. E em 2018 que mudou o comando e me marcou pois só mostra os ganhos e colheitas do que estamos fazendo desde esse “trabalho de formiguinha” que temos feito”.

Quem é sua referência na bateria, tirando o seu pai? E por qual motivo?

Mestre Dudu: “Sem sombra de dúvida o Odilon, que é muito meu amigo e era muito amigo do meu pai, ele que teve uma passagem brilhante pela Grande Rio. Eu sou um tipo de mestre que sou adpeto a cadência, e hoje eu fico feliz de ver todas as baterias fazendo um andamento para trás. A Mocidade fazia isso, e antigamente era considerado feio, e ver que hoje as baterias têm andamento para trás graças ao Odiilon, não tem como não citá-lo aqui. Outra referência também é Sombra, de São Paulo, da Mocidade Alegre, que também faz parte da minha família e por onde passo o menciono”.

E qual foi o desfile que você não gostou da bateria?

Mestre Dudu: “É difícil escolher, pois a bateria da Mocidade é sempre reinventada. Nos ensaios técnicos podem ter diversos problemas, mas durante o desfile em si a bateria realmente fala por si só. Não há um desfile que eu lembre que tenha tido um erro muito grave, somente o único em 2004 devido a chuva criamos uma bossa para um samba que era em cima dos surdos, e como havia chovido muito não dava mais como reconhecer as afinações”.

O que foi mais difícil quando você assumiu e teve que enfrentar o Grupo Especial do Rio de Janeiro?

Mestre Dudu: “Não encontrei dificuldade, assumo. Eu fui mestre na Unidos de Padre Miguel quando meu pai veio a falecer, e eu já tinha experiência na época. Quando eu cheguei na Mocidade de 2011 para 2012 foi mais tranquilo, só não tinha o suporte do meu pai. Até pensei em parar com o carnaval, mas continuei forte, preciso cumprir o legado dele. Fluiu bastante, ajustei muitas coisas do meu jeito, os ritmistas e outras áreas já conhecia bastante gente, diferente do acesso, onde fiquei pouco tempo, mas mesmo assim me adaptei bastante”.

E coreografias gosta que a bateria faça?

Mestre Dudu: “Acho uma característica única da Mocidade e é muito legal. Já botei o papel picado, de tudo e esse ano a bateria vai fazer dois lances diferentes na coreografia, o que eu acho muito bacana, mexe muito com o público. Na minha opinião, o desfile não é somente para os jurados como para com o público e os torcedores”.

O que você ainda sonha em fazer com a bateria, mas que ainda não conseguiu realizar?

Mestre Dudu: “Já me sinto uma pessoa realizada, porque de fato a bateria me mudou muito. Eu praticamente só comando a bateria somente com o olhar, se tornou muito fácil. Ainda sonho em fazer as coreografias bem elaboradas como a Mocidade Alegre faz com o mestre Sombra, como já citei que sou muito fã. Requer muito trabalho e tempo de ensaio, e como sabemos o tempo é curtíssimo. Parabéns para o Sombra e espero um dia chegar no nível dele, fazendo os caracóis, banda marcial, um dia quem sabe”.

Sobre fantasia, como foi até hoje a conversa com os carnavalescos que passaram pela escola e como está sendo agora com o carnavalesco para o desfile de 2023?

Mestre Dudu: “Nunca tive nenhum tipo de estresse com nenhum carnavalesco, eles sempre me deram muitas opções de escolha, os acordos são sempre bons. Atualmente, o Marcos Ferreira é bem flexível, sempre há conversa. Ele também já passou por uma escola grande como a Viradouro e já sabe como funciona. Fico muito contente que não houve estresse”.

mocidade mini desfile dia 1 33

Após tantos anos com o Wander Pires, como está o trabalho da bateria com o intérprete Nino do Milênio?

Mestre Dudu: “Wander dispensa comentários. Nino hoje em dia encaixou muito bem, no início ele era mais contido, mas hoje ele já se soltou muito mais. Sabemos que ele assumiu o microfone que era do Wander Pires, e imagino a responsabilidade que seja. Ele sofreu muito com as redes sociais, e a Mocidade é uma escola que tem torcedores que realmente se envolvem muito, que brigam e reclamam demais e ele precisa aprender isso. Eu mesmo já apanhei muito em rede social, mas hoje em dia demos a volta por cima com o nosso trabalho e é o que ele vem fazendo, desde o mini desfile ele já está se soltando. É notório que já está muito envolvido e domingo poderemos ver o resultado disso tudo”.

O que esperar tecnicamente da bateria da Mocidade em 2023? Mudou algo de 2022 para 2023?

Mestre Dudu: “Esperar pelo grande show, com uma bateria muito esperada, o tema Nordeste fica mais fácil de trabalhar, do baião, xote, frevo, forró. A bateria dará seu nome e tem dado há um tempo. A cada ensaio que passa as bossas vêm encaixando mais, se tornando mais precisas, está tudo bem confortável e esperamos que a escola. Pelo menos eu sei que a bateria será muito comentada nesse carnaval.

Especial Barracões SP, Dragões da Real homenageia João Pessoa e promete inovar em seu desfile no Carnaval 2023

Dando sequência a Série Barracões São Paulo, a equipe do site CARNAVALESCO visitou o barracão da Dragões da Real para conversar com o carnavalesco Jorge Freitas e conhecer o projeto de desfile da escola para o carnaval 2023. A agremiação irá fazer uma homenagem à cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. O enredo tem como título “Paraíso Paraibano – João Pessoa, a Porta do sol das Américas”.

dragoes barracao23 4
Fotos: Gustavo Lima/Site CARNAVALESCO

“Como já diz o enredo, os primeiros raios de sol das Américas aparecem em João Pessoa. Às 4h30 e 5h da manhã já é dia e aquele sol irradiante. Nada melhor do que a gente ser a última escola do carnaval paulistano encerrando o desfile com um enredo sobre esse amanhecer. O nosso protagonista da história é o sol. A cidade de João Pessoa é homenageada por ser conhecida como o extremo oriental das Américas”, explicou o carnavalesco Jorge Freitas.

A exaltação da capital paraibana

Jorge Freitas já teve experiência com um enredo parecido, só que foi desenvolvido no carnaval carioca. Em 1999, na Unidos de Vila Isabel, o artista assinou o tema intitulado como “João Pessoa, onde o sol brilha mais cedo”. Entretanto, de acordo com Freitas, o contexto atual é totalmente diferente, pois muita coisa mudou dentro da capital paraibana. O carnavalesco também deu mais detalhes do que a agremiação irá levar para a avenida e contou sobre as riquezas que a cidade oferece.

dragoes barracao23 3

“Fiz esse tema em 1999 com uma abordagem completamente diferente do que vai ser hoje. João Pessoa cresceu muito. Além de ser a terceira capital mais antiga do Brasil, ela passou por uma evolução muito grande. Muitos acham que é um enredo CEP, mas não. É o fato de você valorizar as cidades que tem o foco no que me interessa. O que me interessa em João Pessoa é que ela preserva as suas raízes mesmo com o contemporâneo. A questão cultural que a gente vê muito na Europa, onde constroem uma cidade preservando a história da cidade antiga e João Pessoa também faz muito isso. Acho que é por isso que o pessoense se tornou um ser humano muito enraizado, mas de uma cultura muito diversificada, porque é um povo cultural. O que nós vamos colocar na avenida são as manifestações culturais de João Pessoa. Tanto é que nosso símbolo, que é o dragão, chega no paraíso que é João Pessoa e ele se depara com uma das maiores manifestações carnavalescas da cidade, que é a Muriçocas do Miramar. Acontece na quarta-feira que antecede a quarta-feira de cinzas e é uma espécie de micareta que reúne milhares de pessoas. Nada melhor do que a gente ser recebido dentro de um pré-carnavalesco onde a manifestação do carnaval está no povo da Paraíba. Ali a gente começa a fazer uma grande viagem através de algumas manifestações. João Pessoa é conhecida como a capital mundial das quadrilhas juninas, é a capital mais verde do Brasil e a segunda mais verde do mundo. A peculiaridade do povo pessoense é que eles são hospitaleiros. Por isso, nada melhor do que a Dragões para homenagear, porque é um povo feliz. Acho que o enredo de João Pessoa para a Dragões da Real foi um tema bem encaixado dentro da filosofia que a escola tem desde a sua fundação. A gente tem tudo para fazer um grande espetáculo”, explicou.

A pesquisa de enredo e a diferença plástica

O carnavalesco é conhecido por fazer desfiles luxuosos e ter muitos requintes em seus materiais. Além disso, suas alegorias são muito detalhadas e com fácil entendimento. Jorge Freitas falou que a Dragões da Real vai inovar na parte plástica e que todas as execuções de pesquisas foram montadas com sucesso.

dragoes barracao23 1

“O módulo visual contempla enredo, alegoria e fantasia. A parte plástica, todos que puderem ter a oportunidade de ver a Dragões, é totalmente diferente do que a escola vem mostrando, mas também é uma ousadia pela questão do folião. Ele que vai ter que trazer a questão do aplauso. Ele vai brincar de carnaval. As nossas fantasias não têm um volume muito grande, mas tem uma confecção extraordinariamente de qualidade. As pessoas vão poder ver um carnaval muito bem construído. A parte de pesquisa que a gente escreve e a execução, é o que se mostra na avenida. A adequação e execução estão muito bem montadas. Vocês vão poder acompanhar um carnaval muito didático e audiovisual. Vai ouvir o samba e vai ver através das alegorias e fantasias, tudo passando na avenida. Acho que a primeira coisa é a leitura. É ouvir, olhar e identificar. Isso é primordial de um tema e que na execução no dia do desfile, a gente tem que mostrar o que está sendo cantado e colocado na sinopse”, afirmou.

Um tema para a comunidade

Jorge Freitas quis levar um tema descontraído para a agremiação. De acordo com o carnavalesco, houve uma comoção muito grande. De fato dá para ver que a comunidade aceitou prontamente, principalmente o samba-enredo. “O que eu queria fazer no meu primeiro carnaval da Dragões era um enredo descontraído. Nada melhor do que eu ter uma linha histórica apurada de diversos anos que eu vou a João Pessoa para desenvolver um tema que eu acho que logo assim que foi apresentado o enredo para a escola e logo assim que foi escolhido o samba, houve uma comoção muito grande por parte dos componentes. Eles se integraram muito bem ao tema e ao samba”, declarou.

Buscando um grande espetáculo e resultado

Desde que estreou no Grupo Especial, no ano de 2012, a Dragões da Real têm feito grandes desfiles e em seis oportunidades, foi ao desfile das campeãs, sendo duas vezes vice. Agora, a agremiação contratou um dos carnavalescos mais renomados do carnaval paulistano. Desde que chegou, em 2000, Jorge Freitas conquistou seis títulos por diversas agremiações, além de revolucionar a forma como as escolas desfilam, trazer outros profissionais que viraram carnavalescos e inspirar outros artistas. É uma grande aposta da entidade, mas Freitas pregou cautela e, acima de tudo, quer proporcionar um espetáculo para a folia paulistana.

dragoes barracao23 9

“Falar de título é claro que todos querem. Não vamos ser demagogos. Nós estamos indo pra lá pra disputar e ganhar, mas hoje a nossa preparação é de fazer um grande espetáculo. A gente vai fazer com que as pessoas que estiverem assistindo carnaval, que brinquem com a Dragões. Um carnaval descontraído, solto e alegre para que os componentes possam realmente se divertir, brincar e, acima de tudo, um comprometimento muito grande com a nossa comunidade e por parte de todos os integrantes da Dragões da Real”, disse.

Conheça o desfile

Setor 1

“A nossa abertura é uma das manifestações de João Pessoa. O povo pessoense além de ter essa raiz cultural muito forte, ele ama a sua terra. A gente atravessa o mar na nossa visão, ele recebe os raios de ouro do sol. De plano de fundo a gente vem fechando com o nosso abre-alas, que é a chegada do nosso símbolo maior, que é a terra de João Pessoa”.

dragoes barracao23 2

Setor 2

“O segundo setor a gente vem falando das Muriçocas do Miramar que é a nossa bateria. Depois vem com o bloco das acácias, que é maravilhoso. Depois os arlequins verdejantes por ser a capital mais verde do Brasil e o Bloco da Arla Ursa que é uma manifestação de João Pessoa e eles se apresentam no carnaval. A gente fecha esse setor com a quarta-feira de fogo, que é uma ala coreografada e, encerrando de plano de fundo o cenário, o carro das Muriçocas do Miramar. Está muito bem amarrado com uma diversidade de cores fenomenal”.

dragoes barracao23 5

Setor 3

“A gente parte para o setor da manifestação junina, que é o ciclo junino de João Pessoa que é muito forte. Vamos para a quadrilha do Cariri, as nossas baianas vão representar os santos São João, Santo Antônio e São Pedro. Depois a gente vem com a ala do xaxado, que é dança e com a ala da questão cultural que é a cavalhada artesanal deles. Depois fechamos esse setor com a alegoria da força da mulher paraibana”.

dragoes barracao23 6

Setor 4

“A gente abre logo em seguida falando do artesanato, gastronomia, verdes matas, já fazendo alusão às raízes da formação do povo paraibano, que é os tabajaras, cariris e potiguaras. Toda essa junção indígena é que deu origem cultural e enraizada ao pessoense. Depois a gente encerra o nosso carnaval com ele que vem traçando toda a nossa viagem, que é o sol. Vamos fazer uma grande viagem ao paraíso paraibano”.

dragoes barracao23 7

Ficha técnica
Quatro alegorias
2300 componentes
Carnavalesco: Jorge Freitas
Diretor de Carnaval: Márcio Santana
Diretores de barracão: Igor Remondini e Rick Wesley

Enredos 2023: as homenagens aguardadas que serão cantadas na Avenida

Voltamos para encerrar nosso passeio pelos enredos do Grupo Especial carioca para 2023. Das últimas vezes, tentei reunir os enredos propondo alguns recortes que os aproximavam. No primeiro texto, exploramos os temas que falam de céus e paraísos. Já no segundo, falamos daqueles que exploram regiões brasileiras ao norte e nordeste.

Esse último grupo de quatros enredos restantes — formado por Grande Rio, Império Serrano, Viradouro e Vila Isabel — não forma exatamente uma seleção homogênea de temas. Pelo contrário, reafirmam a diversidade das escolhas narrativas, apesar de alguns deles se aproximarem também. Um exemplo disso é a dupla formada por Caxias e o Reizinho de Madureira, ambas homenagearão grandes sambistas brasileiros: Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

VEJA OS OUTROS TEXTOS
As narrativas que vão explorar a riqueza cultural Brasileira
Fugindo da crítica, enredos passeiam entre céus e paraísos

Os dois artistas são frutos de uma mesma geração, surgidos na década de 1980 nas sombras da Tamarineira do Cacique de Ramos. Quiseram os orixás que dois amigos tão próximos desfilassem seguidos na Avenida, abrindo a folia deste ano no domingo. Além de tocarem em universos próximos, a condução das narrativas pelos carnavalescos também se aproximou ao optarem por abordagens geográficas.

zeca beija
Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação

Na Grande Rio, a narrativa começa exatamente no dia 23 de abril, dia do cortejo campeão da tricolor. Após saudar Exu, a escola segue a gira com Ogum (o segundo a baixar no xirê) e vai até a alvorada de São Jorge para procurar Zeca Pagodinho. O enredo então segue uma busca pelo artista, inspirado na canção “Zeca, Cadê Você?”, a partir de lugares afetivos de sua história: Irajá, Del Castilho, Ramos, Madureira e Oswaldo Cruz, até chegar em Xerém, distrito da cidade de Duque de Caxias, onde o artista fez o seu recanto pessoal.

Desenvolvido por Leonardo Bora e Gabriel Haddad, com pesquisa de Vinícius Natal, o enredo é bem construído exatamente por essa condução inteligente e bem amarrada que foge a uma biografia habitual. Se tivesse que ser encaixado num gênero literário, inclusive, a narrativa não estaria tanto para um texto biográfico, mas sim uma verdadeira crônica do subúrbio e da cultura carioca, que será conduzida a partir da obra do homenageado.

arlindo imperio

Quem também trará a devoção por São Jorge logo na sua abertura será o Império Serrano. O padroeiro da agremiação é quem abre a narrativa proposta por Alex de Souza, que também se inspirou numa música. Dessa vez o clássico “Meu Lugar” se expandirá para virar os “Lugares de Arlindo” — explorando a vasta obra musical do marido de Babi Cruz.

Apesar de tantas semelhanças entre os dois enredos — o que não se configura como um problema de modo algum — a narrativa da verde e branco tem um caráter afetivo maior por louvar um nome de sua própria história. Afinal, a própria Serrinha é um dos “lugares” do homenageado, o que garante também um passeio pela história da agremiação e seus baluartes. Já é um trunfo e tanto apostar nessa emoção e afetividade para buscar a permanência no grupo especial. Uma escolha muito mais acertada do que na sua última passagem da Serrinha na elite da folia.

viradouro minidesfile23 14
Foto: Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Saímos do pagode contemporâneo e voltamos para o período colonial brasileiro. Pois foi no século XVIII que viveu Rosa Maria Egipcíaca, mais um enredo biográfico que vai passar na Avenida em 2023. A história da mulher negra que foi de meretriz a santa aclamada pelo povo será apresentada pelo Viradouro na segunda-feira de carnaval, sob a batuta criativa de Tarcísio Zanon, com desenvolvimento e pesquisa de João Gustavo Melo.

Apesar de ser tratado por alguns como um tema “católico” ou “religioso”, o passeio dos setores terá um recorte bem mais abrangente. Já que a narrativa parte da diáspora africana, segue pelo ciclo do ouro de Minas Gerais e explora ainda outros aspectos que permitem uma abordagem mais histórica. As possibilidades estéticas a serem exploradas são tão ricas que o carnavalesco definiu o tema como “afro-barroco”, prometendo um recorte inovador. Com uma das premissas mais originais do ano, a Viradouro vai cumprir aquele papel importante de uma agremiação: revelar ao público uma personagem pouco conhecida da história brasileira que merece ganhar mais holofotes.

vilaisabel minidesfile23 29

Por fim, temos um enredo que destoa bastante das outras propostas apresentadas. Se falamos de algumas propostas com forte densidade cultural e uma pesquisa apurada, a Vila Isabel deverá seguir por uma viagem mais temática. Celebrações religiosas espalhadas pelo mundo são a condução de “Nessa festa eu levo fé”. Simples assim, já que a peregrinação proposta não tem um desenvolvimento mais cuidadoso ou um fio-condutor definido.

Uma narrativa direta pode ter suas qualidades. A conferir se tal objetividade proposta não será apenas uma premissa de onde sairão os momentos visuais que Paulo Barros quer representar em alegorias, desvalorizando o enredo em detrimento da estética. Se esse tipo de proposta foi eficaz no passado, parece bem menos pertinente atualmente, principalmente em comparação com a variedade expressiva e qualitativa dos demais enredos. Verdade seja dita, a surpresa que o carnavalesco sempre busca atingir poderia ser mesmo a reinvenção do seu estilo já conhecido, que apesar de ter feito história na festa precisa seguir novos caminhos.

Lidas todas as sinopses, investigados os temas apresentados e especulado sobre eles, agora é hora de sair da teoria e conferir como os enredos se darão na Avenida. Pois é lá, na pista da Sapucaí, que as narrativas se concluem e podem ser analisadas de fato, no desenrolar de alegorias e fantasias. Chega logo carnaval!

Entrevistão com Guanayra Firmino: ‘Eu me posiciono como presidenta, como pessoa e como Mangueira’

A presidenta da Mangueira conversou com o site CARNAVALESCO sobre as expectativas para o Carnaval de 2023, gestão da verde e rosa e a influência de ex-presidentes. Guanayra Firmino está em seu primeiro ano de gestão como presidente, mas tem uma longa trajetória dentro da Estação Primeira de Mangueira. Trabalha ativamente na escola de samba desde a gestão presidencial de seu pai, Roberto Firmino dos Santos, entre 1992 e 1995. Responsável pela aproximação da agremiação com a comunidade, a presidenta diz que o povo do Morro da Mangueira a vê como liderança.

guanayra mangueira
Fotos: Matheus Vinícius/Site CARNAVALESCO

Ao site CARNAVALESCO, Guanayra falou sobre sua relação com os ex-presidentes Elmo José dos Santos, Álvaro Luiz Caetano, o Alvinho, Chiquinho da Mangueira e Elias Riche, além de comentar sobre os recursos financeiros da verde e rosa e a importância de se posicionar politicamente.

O que representa para você ser a presidenta da Mangueira?

“Além da honra, de tudo que a Mangueira representa para mim, para os meus ancestrais, para minha família, é o maior desafio da minha vida. É um desafio. Eu sou uma pessoa que sempre estive e sempre estou envolvida em algum movimento, alguma coisa popular. Estou na Mangueira desde o início da gestão do Chiquinho, sendo o braço direito dele ou, como ele dizia, ‘o braço direito e o esquerdo’. Fui vice-presidente do Elias. Então, dentro da Mangueira, eu já fui presidente de ala reunida, presidente de Comissão de Carnaval. Eu digo, dentro da Mangueira e para minha vida, [ser presidenta] é o maior desafio de eu me superar no que faço, no que eu acho que sei fazer”.

Pós-desfile de 2022 os mangueirenses ficaram preocupados com muitas saídas, mas depois o clima melhorou. Como aconteceram essas mudanças e por qual motivo?

“Na verdade, a Mangueira teve mudanças porque as pessoas pediram para sair. E foi bem antes da minha eleição – nada contra minha pessoa. A gente ia entrar em um processo eleitoral e aí carnavalesco resolveu sair, o coreógrafo da comissão de carnaval. As saídas maiores foram as pessoas que procuraram sair. Foram sentidas, mas a Mangueira segue, tem que seguir. Fechei com a porta-bandeira, a Squel, depois ela me procurou dizendo que ia parar. Também foi uma surpresa grande, mas no mesmo dia eu consegui uma ótima porta-bandeira. E os outros que foram diretor musical, mestre de bateria, são coisas que eu por estar aqui há nove anos na gestão fui vendo, fui pensando: ‘se eu fizer assim, se fizer assado’. E aí assumi a presidência e eu resolvi colocar minhas teorias na prática”.

Doeu a saída do Leandro Vieira ou foi o fim de um ciclo que deu certo, mas que sempre tem uma mudança para oxigenar?

“Leandro é uma pessoa querida. Chegou na gestão do Chiquinho e a primeira pessoa que abraçou ele fui eu. Me dou com ele, já fui na minha casa sem ser pela escola de samba, era muito amigo do meu filho. Doeu sim, mas vida que segue”.

A Annik já passou pelo Especial e o Estevão vai estrear. Com vocês chegou aos dois nomes?

“Eu sou uma pessoa admiradora do grupo de acesso. Eu prefiro até ver esses desfiles na televisão. Eu não gosto de ver carnaval por ver, eu gosto de estar olhando ‘esse trabalho aqui, esse carnavalesco, esse mestre de bateria’. Eu gosto muito de ficar em casa vendo acesso. Eu ficava aqui entregando fantasia de comunidade nesses nove anos, mas corria para casa para ver. Aí eu me encantei pelo trabalho dos dois assistindo o desfile, como também foi o caso da Cintya (porta-bandeira). A Annik eu já conhecia até de nome, o Guilherme ainda não. Me encantei com o trabalho deles e estavam aqui na minha cabeça. Já havia uma possibilidade de eu ser candidata [à presidência], mas claro que, se o Leandro estivesse aqui naquela época, eu não ia pensar em trocar. Como aconteceu do Leandro falar que ia sair, eu já tinha na minha cabeça essa ideia. Conversei com eles, os dois tinham ideias de enredo muito parecidas. Todos que entrevistei eu perguntava: ‘Se hoje você fosse me apresentar um enredo, qual seria?’ Eu sou encantada por enredos falando da brasilidade e da África, nem se fala. Eu sou um entusiasta desse tipo de enredo. Até a Mangueira faz muito pouco. Aí os dois me apresentaram ideias muito parecidas e eu estava querendo já montar uma dupla: bateu, casou. Conversei com um se aceitava o outro e começou o namoro. Agora já estão no noivado. Se dão muito bem”.

guanayra mangueira2

É falado nos bastidores que a Mangueira terá um pouco mais de “conforto financeiro” do que nos últimos anos pelo apoio da Bahia. É por aí o caminho?

“Nenhum centavo. Até que a gente está tentando, mas até hoje nada. Quando se fala de um estado, de um país, todo mundo acha que entrou um dinheiro. Eu estive na Bahia semana passada e me disseram que nós ganhamos R$ 2 milhões da prefeitura. [Quem disse] Isso foram amigos nossos de blocos, que vão até participar. Eu falei ‘quem dera, a gente está aqui buscando isso’. Nada, nada. Nem um real. Esperamos que chegue alguma coisa a tempo”.

Hoje, a Mangueira vive melhor financeiramente ou ainda tem que pagar dívidas de gestões passadas?

“A Mangueira não tem uma dívida como lá em 2013. Tem muita coisa paga nesse período. Eu peguei a escola que tem umas dívidas já organizadas, parceladas. E a gente segue pagando. A Mangueira não é uma escola rica e continua não sendo. A Mangueira não tem um patrocinador e continua não tendo. O que eu tenho feito é tentar otimizar a forma de usar os recursos. Só isso. Mas com toda dificuldade que a maioria ou todas escolas têm, a gente está colocando o Carnaval na rua. Não está sobrando dinheiro, continua faltando, mas a gente vai tentando administrar os recursos da maneira que a gente acredita que dá para ser. E tentar otimizar mesmo os processos”.

Nos ensaios de rua é possível ver a comunidade atuando o que não estava acontecendo ultimamente. Qual foi o caminho para trazer o pessoal do morro novamente para dentro da escola?

“A comunidade já está assim há muito tempo. Eu comecei um resgaste da ala da comunidade na gestão do meu pai em 1992, porque eu tinha um ressentimento de que a Mangueira se dizia uma escola de comunidade e não tinha uma ala de comunidade. Até saíam pessoas [da comunidade], mas nas alas comerciais. A gente começou timidamente com 300 pessoas na ala da comunidade e as alas comerciais tinham que doar 10% para a escola colocar pessoas da comunidade. E foi legal. Acabou a gestão do meu pai em 1995 e eu me afastei dessa parte, veio outra diretoria. Aí na gestão do Elmo e do Alvinho foi aumentando. Quando veio agora a gestão do Chiquinho, com o poder que eu tinha que fazer as coisas, eu voltei a mexer na comunidade do jeito que é hoje. E ela já vinha assim há bastante tempo, mas esse ano o pessoal está especialmente envolvido. Acho que tem muito a ver com o enredo. Em especial com a ala da comunidade, tem muito a ver com o fato de eu ser presidente ou presidenta, porque eu sou a pessoa responsável pela ala da comunidade. Ainda sou. Eu cuido de tudo. Tenho minha equipe que é a coordenação da comunidade, mas continuo coordenando a coordenação da comunidade. E eles têm uma conexão muito forte comigo, eu vejo a alegria deles, o abraço quando passo, o choro. Teve até choro lá no início. Eles se sentem bem representados pelo nosso enredo, pela presidenta preta da comunidade, que era e é ainda a liderança deles e da escola. Acho que deu um pouco mais de gás”.

guanayra mangueira3

Você sempre se posiciona politicamente. Qual é a importância da presidenta da Mangueira falar sobre assuntos que vão além do desfile e da escola de samba?

“Eu sou uma pessoa que me posiciono politicamente desde os meus 14 anos de idade. Eu acho importante porque eu acho que o Carnaval é político, o samba é político, a escola de samba é política, nós somos seres políticos, queiramos ou não. Acho que a Mangueira, com a representatividade que ela, na minha gestão, tem que se posicionar, mas não do jeito só que eu penso, mas se posicionar do lado do povo, que é também o meu pensamento. E aí eu me posiciono enquanto presidenta, como pessoa e como Mangueira porque eu acho que a Mangueira tem que sempre se posicionar do lado que a gente acha que é certo para o povo. A Mangueira é uma escola do povo, é uma escola extremamente política. A fundação da Mangueira, lá atrás, é extremamente política, aquela resistência do samba. A Mangueira tem que se posicionar da maneira que o povo acha e, hoje em dia, tem o toque da minha opinião também”.

Dentro da Liesa, a Guanayra fala ou prefere mais ouvir?

“Ouvir, até porque estou chegando agora na Liesa”.

Falam também que você não foge da responsabilidade, mas que também cobra os segmentos. Como é a Guanayra presidenta?

“Eu gosto muito de delegar, mas acompanho todos os processos como falei antes, faço questão. Acompanho a parte de comunicação, dou opinião, peço para fazer assim. Delego e vou acompanhando. Dentro do que eu acho que tem que ser, do que eu acredito, se eu achar que está faltando alguma coisa eu vou lá dou esse toque. Isso com os carnavalescos. Só não me meto na parte artística porque não tem como. Mas um toquezinho ‘olha isso aqui não está descascando’, ‘não tem que ver isso antes da Avenida’. Eu tenho esse olhar. Eu gosto de trabalhar assim. Eu gosto de ter uma equipe muito grande, eu não sou sozinha. Sempre para onde eu vou na vida eu carrego muita gente comigo. Dando poderes, mas acompanhando, afinal de contas a responsabilidade é minha”.

mangueira mini desfile dia 1 4

Qual seu samba e seu desfile inesquecível na Mangueira?

“2016. ‘Menina dos olhos de Oyá’. É o carnaval da minha vida. Um carnaval de superação. Eu sou amiga do ex-presidente Chiquinho há uns 33 anos, coisa que a gente construiu dentro da Mangueira. A gente trabalhou muito com o social dentro do Morro da Mangueira. Eu acompanho o trabalho lá desde o início do programa social da Mangueira. Quando o Chiquinho assumiu, me chamou para estar com ele. A gente vinha de uma escola com um processo eleitoral bem complicado naquela época e a gente tentou unir; a Mangueira não vinha de boas colocações apesar de ter estado nas Campeãs. E aí foi um carnaval de superação mesmo, de muito trabalho. O terceiro [da gestão do Chiquinho], a gente já estava mais estruturado. Com todas as dificuldades que a gente vinha, a gente conseguiu vencer aquele Carnaval. Quando saiu o resultado lá na quadra e eu achei que ia morrer. Me abaixei, me bati, foi uma coisa terrível. A minha afilhada dizendo: ‘Deixa ela!’. Mas eu tinha que tirar aquele nó gritando ‘Vencemos! Vencemos!’. Eu achava que a Mangueira merecia mais do que ela estava passando. Dali para cá estamos indo bem, a gente está sempre aí. Ganhamos mais um Carnaval. Sempre nas Campeãs. Esse ano não deu, a escola veio de uma gestão Elias-Guanayra difícil, pandemia, falta de recurso maior do que já é e foi até um bom resultado”.

Você é filha do ex-presidente Roberto Firmino. Qual lição sobre a Mangueira você aprendeu com ele?

“Meu foi presidente em uma época que era completamente diferente, entre 1992 e 1995. Nosso barracão era na Praça XI, a escola tinha bem menos recursos, recursos humanos, mão-de-obra. Naquela época, em termos de aprender para Carnaval, essa parte de barracão, de ateliê. A primeira vez que a Mangueira teve um ateliê próprio para fazer suas próprias fantasias de baiana, bateria, foi na gestão do meu pai e foi eu que criei. Era aqui no galpão de um artista plástico que eu acho que ainda existe. Aluguei um pedaço do galpão dele, fiz lá. A lição disso: de trabalhar com poucos recursos. Nós fizemos carnavais, independente de colocação, bonitos. A lição de agregar pessoas, meu pai era assim também. Eu sempre digo, e vou nesta entrevista, não achava meu pai um bom administrador na parte de gestão. Ele era sambista, entendia de samba, de harmonia. Meu pai foi o primeiro diretor de samba, de harmonia, mas essa parte de gestão não. Isso eu tenho bem diferente dele, porque eu sou gestora na vida. Eu faço gestão desde os 14 anos. Meu pai era aquele homem do samba, de harmonia, diferente. Então, nessa parte eu achei que ele não foi um excelente gestor, mas essa parte estrutural, de trabalho dentro do barracão, aprendi tudo com ele, na gestão dele, e com outras pessoas também. Meu tio Sinhozinho foi presidente também, eu era criança ainda. Lá em casa a gente tem esse sangue. O pai do meu tio, o seu Júlio, foi o segundo presidente, depois de Saturnino. Foi o primeiro diretor de harmonia, meu bisavô. É uma coisa que vem de família”.

guanayra presidentemangueira
Foto: Lucas Santos/Site CARNAVALESCO

A Mangueira tem diversos presidentes vivos e que foram muito importantes na história da escola. Como você lida com eles na sua gestão?

A gente vem em um grupo desde a gestão do Chiquinho composto no apoio a ele dos ex-presidentes Elmo e Alvinho. O Chiquinho virou ex-presidente e junto com Elmo e Alvinho veio apoiar a gestão do Elias. E, hoje em dia, eu tenho apoio dos quatro na minha gestão e participam. Ontem [terça-feira, 12 de janeiro] mesmo estava aqui o Elias e o Alvinho. Chiquinho está sempre aqui também. O Elmo está aqui toda hora. A gente fala muito, me orienta. Eu costumo dizer que eles são meus mentores. É bom ter o respaldo de presidentes tão importantes para a história da escola já que meu pai não está vivo. É muito bom ter o apoio deles, a participação e a parceria, é importante”.

Vocês criaram uma cerveja, entraram no Metaverso, o que mais você projeta de inovação?

“Tem muitas ideias, mas muitas coisas que não estão concretizadas e aí vou falar. Depois do Carnaval, a gente quer realizar bastante coisa. Agora a gente está muito focado no Carnaval. A gente tem muita ideia porque eu acho que a gente tem unir o tradicional ao novo à parte do Carnaval. As escolas não fazem pirotecnia? Por que não no dia a dia também? A gente tem muitas ideias para colocar em prática, tem coisas que vão acontecer já, mas a gente deixa para a próxima conversa”.

Na gestão do ex-presidente Alvinho sempre tinha uma obra anual na quadra. Você pensa em fazer algo no Palácio do Samba?

“No Chiquinho tinha mais, eram mais obras. Na gestão do Alvinho e do Elias, teve pintura. Nossa pintura está boa. O que preciso fazer agora é recapear aquela parte cinza que está toda estourada, está horrível! Todo dia que eu vejo uma foto de alguém que postou do samba, eu falo ‘Ai meu Deus!’. Mas tinha que parar, só que não podia parar. O carnaval começou em cima, depois veio as eliminatórias da escolha de samba, a gente tem fazer samba, porque o samba não fatura tanto, mas ajuda para uma conta do dia a dia. Não dava para parar, mas a gente pretende depois, nesse período parado, dar uma repaginada. Não é mudança, eu chamo de conservação. Não dá para fazer mudança, a quadra ali já é pequena, não tem o que fazer, aumentar para lá, para cá. A questão mesmo é deixar mais bonita, mais limpa com tintura, pintura”.

O que o mangueirense pode esperar do Carnaval 2023 da Mangueira e de encerrar o domingo do Grupo Especial?

“O mangueirense pode esperar uma escola feliz, aguerrida. Podem esperar da presidenta, ter certeza que eu estou fazendo o máximo para fazer um carnaval bonito, à altura da Mangueira, à altura de todas as escolas do carnaval carioca. Entregar um desfile à altura do nome da Mangueira, como a gente tem feito, mas agora com a minha marca”.