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Ala de Passistas do Paraíso do Tuiuti adota figurino agênero e celebra a inclusão no Carnaval

No Carnaval de 2025, uma das grandes inovações da escola de samba foi a criação de figurinos agêneros para sua ala de passistas. A ideia foi ousada e desafiou as normas tradicionais, ao apresentar um figurino único e sem distinções entre passistas masculinos e femininos. O conceito por trás dessa escolha não é apenas estético, mas também uma poderosa mensagem de inclusão e igualdade de gênero.

‘’Eu gostei da ideia, entra também dentro do enredo da história, creio que para te  todas as pessoas terem a consciência e mesmo não fazendo parte da bandeira, é importante apoiar e dar força a essa bandeira e as situações que infelizmente as pessoas trans passam, sobre essa parte triste, mas a gente vai estar entrando aqui na avenida com toda força de Xica Manicongo, esse encanto’’, diz o ator e passista da agremiação, Vitor Marcelo, de 21 anos.

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Para os passistas, a experiência de vestir um figurino sem gênero foi uma verdadeira quebra de paradigmas. Diversos membros da ala destacaram como a roupa trouxe não só conforto, mas também uma sensação de empoderamento, já que não havia mais a expectativa de se alinhar a um modelo de beleza ou comportamento preestabelecido.

“Me surpreendeu! É bem colorida trazendo muita diversidade, achei leve e a gente vem mostrando um colorido, mostrando o quanto Xica é colorida’’, declara Marcela, de 16 anos e componente do Paraíso do Tuiuti há 5 anos.

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Já a passista veterana, considera que o figurino agênero representa uma mudança necessária. “Eu achei ela maravilhosa, super confortável. Adorei muito as cores, estão belíssimas. Está muito linda e não tem que distinguir as coisas, está muito bonita, é o que a gente pediu’’, afirma Soraia, de 40 anos, e está de volta como passista da escola há 2 anos.

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O figurino das passistas intitulado de ‘’Caboclada’’, remete à Xica enjuremada, quando conheceu a ancestralidade indígenas e conheceu com os caboclos e caboclas a ciência das folhas sagradas, sendo idealizado para ser agênero. Em tons vibrantes de azul, amarelo, laranja e verde, é revestido de penas nos braços, miçangas no pescoço e a cabeça com flores azuis nas laterais.

O enredo da escola de samba deste ano, que aborda a liberdade de expressão, o respeito às diferenças e a luta contra os preconceitos, se encaixa perfeitamente com a ideia de um figurino agênero. O carnavalesco da escola, Marcos Souza, explica que a escolha do traje reflete o momento atual da sociedade e a necessidade de transformar a festa popular em um espaço mais inclusivo.

A escolha de um figurino agênero, sem dúvida, marca um novo capítulo na história do Carnaval. Em um momento em que questões relacionadas à identidade de gênero ganham cada vez mais relevância, a escola de samba está mostrando que é possível abraçar a diversidade e fazer com que todos se sintam parte da grande festa popular.

‘’Achei uma ideia super legal do carnavalesco. Foi uma criatividade boa dele, a qual o sexo masculino e feminino pudesse estar bem representado e ninguém se sentir menosprezado porque hoje em dia no mundo que a gente vive, a gente LGBT, a gente enfrenta muito o preconceito. Por isso eu achei uma ideia bem bacana. Eu fiquei muito feliz com o enredo porque a gente hoje em dia vive em um mundo em que muitas pessoas, na verdade se sentem discriminadas e enfrentam muitas coisas, então foi uma inovação, porque acredito que nenhuma outra escola pudesse estar fazendo nesse enredo e eu tô feliz por isso’’, finaliza Jonathan Silva, de 27 anos, passista da escola.

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Ala Rainha das Rainhas – representatividade e resistência trans no desfile da Paraíso do Tuiuti

O Paraíso do Tuiuti trouxe para a Sapucaí um desfile que dá voz e visibilidade à comunidade trans, homenageando figuras históricas como Xica Manicongo e Eloína dos Leopardos. A ala batizada de “Rainha das Rainhas” se destacou como um símbolo de resistência, representatividade e inclusão.

Composta por mulheres trans e travestis, participantes do projeto Transcidadania no Samba, iniciativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) em parceria com o Paraíso do Tuiuti. O grupo homenageia Eloína dos Leopardos, a primeira rainha de bateria da história das escolas de samba, que desfilou à frente dos ritmistas da Beija-Flor de Nilópolis em 1976. Eloína, uma figura icônica, foi uma das primeiras a quebrar barreiras e abrir caminho para a presença de mulheres trans em posições de destaque no Carnaval.

A ala é formada por passistas, bailarinas e artistas que, além de representar a comunidade trans, carregam consigo histórias de luta, superação e orgulho. Para muitas delas, desfilar na Sapucaí é mais do que uma realização pessoal; é um ato político de visibilidade e resistência.

Vozes da Ala: experiências e significados

Mykaella Nazário, de 28 anos, artista e estudante de administração, compartilhou sua emoção ao desfilar pela primeira vez no Carnaval do Rio: “É uma honra representar a comunidade trans em um enredo que fala sobre nossa resistência e história. O Tuiuti está mostrando ao mundo que somos mais do que estereótipos, somos potência e parte fundamental da sociedade”.

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Rebeca Souza, de  34 anos, destacou a importância da homenagem a Chica Manicongo, uma figura histórica da resistência trans no Brasil: “A escola está trazendo à tona uma história que muitos desconhecem. Xica Manicongo viveu no século XVI e é um símbolo de luta. Ver isso no Carnaval é um passo enorme para a visibilidade da nossa comunidade”.

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Larissa Duarte, 36 anos, bailarina, refletiu sobre o impacto do projeto Transcidadania no Samba em sua vida: “Esse projeto mudou tudo para mim. Além de me dar a oportunidade de desfilar, me ajudou financeiramente e profissionalmente. Agora, sou uma Larissa mais confiante e preparada para ocupar outros espaços na sociedade”.

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Já Serena da Silva, de 44 anos, cabeleireira, falou sobre a evolução do reconhecimento da comunidade trans no Carnaval: “Ainda há muito a melhorar, mas vejo avanços. A Tuiuti está dando um exemplo ao abrir espaço para nós. Precisamos que outras escolas sigam esse caminho e nos permitam ocupar todos os lugares, seja na comissão de frente, nas alas ou como musas”.

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O Projeto Transcidadania no Samba: transformando vidas

O projeto Transcidadania no Samba, criado pela ANTRA em parceria com o Paraíso do Tuiuti, teve como objetivo oferecer formação em samba e dança mulheres trans e travestis, além de proporcionar bolsas de estudo e apoio financeiro. Para muitas participantes, o projeto representou uma mudança radical em suas vidas, não apenas no aspecto profissional, mas também na autoestima e no reconhecimento social.

Mykaella, Rebeca, Larissa e Serena são exemplos de como o projeto tem impactado positivamente a vida de suas participantes. Além de aprenderem técnicas de samba e dança, elas ganharam confiança para ocupar espaços que antes pareciam distantes. “O projeto me ajudou tanto profissionalmente quanto financeiramente, agora tenho essa experiência no samba, o que foi uma mudança para mim. Era uma Larissa e agora sou outra”, declarou.

 

Resistência e luta contra a opressão

A luta contra a opressão ressoa profundamente com as histórias das integrantes da Ala 28. Ao homenagear Chica Manicongo e Eloína dos Leopardos, a escola não apenas celebra o passado, mas também reforça a importância de continuar lutando por direitos e visibilidade no presente.

“O Carnaval é um espaço de alegria, mas também de denúncia e conscientização”, disse Rebeca. “Ao trazer a história das mulheres trans para a avenida, estamos mostrando que nossa luta é antiga e que merecemos respeito e igualdade”, concluiu.

O futuro da representatividade trans no carnaval

Apesar dos avanços, as integrantes da Ala  concordam que ainda há muito a ser feito para garantir a inclusão e o respeito à comunidade trans no carnaval e na sociedade como um todo. “Precisamos que mais escolas abram espaços para nós, não apenas como passistas, mas em todos os cargos e alas”, afirma Serena.

Para Larissa, as escola precisam abrir mais espaços para que as pessoas trans ocupem espaços no mundo do samba. “E se as mulheres trans e travestis ocuparem os espaços que elas quiserem? E se ela quiserem estar na ala das Baianas, na Comissão de Frente, num carro como destaque, como musa, como passista? As escolas precisam abrir mais espaços para nós”, declarou.

O Paraíso do Tuiuti, com sua Ala “Rainha das Rainhas”, está dando um passo importante nessa direção. Ao celebrar a história e a resistência trans, a escola não apenas faz história, mas também inspira outras agremiações a seguir o mesmo caminho.

A Ala “Rainha das Rainhas” do Paraíso do Tuiuti é mais do que um grupo de passistas; é um símbolo de resistência, orgulho e representatividade. Ao desfilar na Sapucaí, Mykaella, Rebeca, Larissa, Serena e tantas outras mulheres trans estão mostrando ao mundo que suas vidas importam, que suas histórias merecem ser contadas e que o Carnaval pode ser um espaço de transformação e inclusão. Como diz Mykaella: “Nós somos muito mais do que aquilo que pensam de nós. Somos parte da sociedade e estamos aqui para transicionar o mundo”.

O legado de Eloína dos Leopardos e Chica Manicongo vive na Sapucaí, e a Ala Rainha das Rainhas é a prova de que a luta por visibilidade e respeito continua, com samba no pé e muita resistência.

A Magia da Pororoca: baianas da Grande Rio celebram o encontro das águas

Compondo o segundo setor “Barreira do Mar, Raízes da Encantaria”, a Grande Rio trouxe as suas baianas com a fantasia “Jóias d’Água”, simbolizando aquelas que guardam a sabedoria ancestral do Samba e os fundamentos maiores dessa festa mítica. Segundo o professor, Cláudio Didimano, entrevistado no início da pesquisa do enredo, em março de 2024, na cidade de Belém, as entidades turcas que chegaram às praias do Grão-Pará, seguiram pela floresta amazônica adentro e se ajuremaram, em busca da cura.

Unindo as mães-baianas, guardiãs da sabedoria ancestral do samba, à simbologia da cura ajuremada, a Tricolor de Caxias apresentou uma fantasia em tons de verde-água, que se misturam ao azul-turquesa do início do enredo, representando as “águas claras”. Os adornos remetem ao enredo e à tradição das baianas, com romãs prateadas penduradas: os frutos, que simbolizam o imaginário turco, também são balangandãs na tradição da ourivesaria negra brasileira (as chamadas “joias de crioula”).

O carnavalesco Gabriel Haddad explicou que a fantasia das baianas, nada mais é do que a simbologia da pororoca.

“As baianas são as joias da água, elas vêm atrás do abre-alas, elas fazem essa transição entre Turquia, as águas salgadas e as águas doces”, disse o carnavalesco.

As baianas ficaram encantadas com a fantasia, toda cheia de brilhos e simbolizando a cura da jurema sagrada.

“Desfilar como baiana pela primeira vez é uma emoção indescritível! Estou muito feliz por representar a Grande Rio em uma fantasia tão deslumbrante, que nos transforma em verdadeiras ‘Joias d’Água’. Nossa saia, com seus tons e movimentos, parece dançar como as águas encantadas, refletindo a beleza e a ancestralidade dessa história mágica”, disse Maristela Oliveira, caxiense, motorista de ônibus de 57 anos.

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Desfilando pela Grande Rio desde a escola mirim, a estudante Beatriz do Carmo, está pela primeira vez na ala de baianas ao lado de sua avó.

“É a minha primeira vez desfilando como baiana, e a sensação é mágica! Vestir essa fantasia tão rica em detalhes me faz sentir parte desse encanto que atravessou mares e chegou até aqui. Quando giramos, parece que as águas dançam junto conosco, refletindo a história das Princesas Turcas. É uma honra representar essa tradição e viver esse momento inesquecível na Avenida”, declarou a estudante de 22 anos.

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“Este é meu primeiro ano desfilando como baiana, mas já faço parte da comunidade há três anos e sempre tive um carinho enorme pela escola. Estar aqui hoje, vestindo essa fantasia deslumbrante, é um momento muito especial para mim. A fantasia ‘Joia d’Água’ representa as três princesas turcas encantadas, que atravessaram o ‘Espelho do Encante’ e se tornaram parte das águas brasileiras. Assim como elas, nós, baianas, giramos a história, representando o mar que encontra o rio, como na Pororoca. A mistura do azul-turquesa e do verde das nossas saias reflete essa fusão mágica entre culturas e elementos da natureza. Cada detalhe da fantasia, das romãs prateadas aos bordados, carrega um significado poderoso. É emocionante sentir que estamos dando vida a essa lenda com nossa dança, trazendo a força e a beleza das águas para a avenida. Me sinto parte dessa magia, dessa joia encantada que é o mar”, disse a professora Vanessa Costa, de 44 anos.

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Na harmonia entre história, e encantaria, as baianas da Grande Rio transformaram a avenida em um verdadeiro oceano de memórias e devoção. Como guardiãs das águas e da tradição, fizeram de cada giro um elo entre passado e presente, unindo culturas e celebrando a beleza da ancestralidade.

Segundo carro da Mocidade traz a grandiosidade da galáxia para a Sapucaí

A Mocidade apresentou na noite de terça-feira o enredo “Voltando para o Futuro – Não Há Limite para Sonhar”, em um desfile futurista e reflexivo. A segunda alegoria da escola levou para a avenida o tema da exploração espacial.

“Esse carro simboliza o espaço, a lua, a primeira vez que o homem pousou na lua e tudo mais. Está muito especial. A gente vai fazer uma performance com o circo. Vai ter acrobacia, vai ter uma magia que vocês vão conferir na Sapucaí. Tem um ponto de gravidade zero, simulando a gravidade do espaço real. É um carro diferente, é uma inovação da escola trazer o circo, uma prática milenar e super tradicional, dentro desse tema de tecnologia. Esse carro promete”, disse o artista circense Jodson Brito, de 30 anos, em sua primeira vez na Mocidade.

Jodson

“Eu gostei muito da iluminação. É porque agora tá apagado, não dá para ver, mas a iluminação é linda e os detalhes, são bem acabados em todos os detalhes. Você vê a camurça e não consegue ver a conexão entre uma e outra. As crateras estão bem pintadas, as fantasias estão muito bem feitas e tem várias surpresas nele. É um carro muito bem feito e que é visualmente impactante, que mesmo quem não conhece o enredo, quando olhar vai reconhecer, vai saber o que é. É de fácil identificação. É muito interessante”, comentou a médica Ketlen Cheab, 29 anos. Sou médica. É a terceira vez que Ketlen desfila pela Mocidade.

Ketlen

“Aqui é o céu, os planetas. É muito interessante porque o trabalho do Renato é muito limpo. O carro é aberto, você visualiza todo ele. É um trabalho primoroso”, elogiou Elisângela, de 54 anos, componente da Mocidade há pouco menos de 30 anos.

Elisangela

O enredo da verde e branco de Padre Miguel resgatou o estilo do carnavalesco Renato Lage, que se destacou nos anos 90 com desfiles high-techs e recursos luminosos. Renato volta à escola após 23 anos afastado.

“O enredo retrata a evolução e o que se o que vem a partir dela, o bem e o mal. Se não a tecnologia for bem usada, ela pode destruir também. Esse enredo é mais em função da volta do Renato: reviver os tempos em que ele esteve na Mocidade, agora retornando e mostrando que, com a evolução do tempo, muita coisa foi destruída”, explicou Elisângela.

“O enredo nos convida a parar, olhar para si mesmo e pensar que nós estamos todos conectados, porque vem dessa ideia de que todos nós surgimos do Big Bang, da primeira estrela. Todos nós temos a mesma composição de matéria. Isso faz a gente ter uma um senso de união, que é muito presente, inclusive, na comunidade. Foi muito legal essa sacada de interligar uma coisa com a outra. Ele traz a ideia de que o universo é gigante, mas que não é infinito, no sentido de que as nossas atitudes aqui na Terra, tudo que a gente faz, influenciam”, afirmou Ketlen.

Questionada para onde iria caso tivesse a oportunidade de visitar o espaço, a médica se mostrou pensativa.

“Ai, difícil, muito difícil… Se eu pudesse escolher um lugar no espaço para ir, é engraçado, eu iria para Saturno, porque tem uns aneis lindos, tem as nebulosas. É muito bonito e é um dos maiores planetas que a gente tem no nosso sistema solar”, respondeu.

Já Jodson e Elisângela optaram por uma viagem mais curta, com menor fuso-horário.

“Eu gostaria muito de conhecer a lua. porque é o corpo celeste que a gente mais tem acesso, tem contato. Por estar próxima à Terra, por ter grandes mistérios, por ser ainda pouco explorada, a gente tem essa curiosidade”, pontuou o artista circense.

“Eu tenho muita conexão com a lua. As fases da lua me atraem, me dizem muita coisa. Eu sou muito esotérica, gosto muito de lidar com esses conhecimentos. Ela me energiza. Eu gosto da lua”, finalizou Elisângela.

A Nobreza Submersa: A Lenda das Princesas no Abre-Alas da Grande Rio

A Grande Rio abriu o seu desfile submerso nas águas marítimas, em uma embarcação conduzida por três sereias.  O navio traz a narrativa alegórica de uma história que tem início em “meia viagem”, pois ela foi engolida pelas águas do mar. Trata-se de uma narrativa muito conhecida nos terreiros da Mina paraense, segundo a qual um navio de guerra turco, que levava para longe das batalhas religiosas as filhas do Sultão, as Princesas Mariana, Herondina e Jarina, desapareceu em uma tempestade. Mas elas não morreram no naufrágio, mas sim atravessaram um redemoinho mágico e se encantaram, aportando, depois, em território brasileiro.

O Abre-Alas da Grande Rio transporta o público para o mundo místico do “Espelho do Encante”, onde as fronteiras entre o real e o imaginário se confundem. O enredo, inspirado em uma história popular dos terreiros de Mina paraense, narra o desaparecimento de um navio turco, carregando as filhas do Sultão, em uma tempestade. Ao contrário do que se imagina, as Princesas não sucumbem às águas, mas são encantadas por um redemoinho mágico e chegam ao Brasil, onde se tornam parte da cultura local. A alegoria, dividida em dois chassis, materializa essa jornada etérea através de uma estrutura flutuante, repleta de espelhos e detalhes encantadores.

O carnavalesco Gabriel Haddad, falou ao CARNAVALESCO como foi a concepção de um afogamento e fundo do mar projetados em uma alegoria.

“É uma alegoria que a gente vai imaginar a Turquia se afundando, a Turquia se encantando junto com as três princesas turcas. Então é um carro com bastante água, tem balões nas alturas para parecer que tudo se afundou junto com as princesas turcas e está tudo atravessando o portal da cantaria”, explicou o carnavalesco.

As componentes que representavam a “Realeza Submersa”, simbolizando a imersão das princesas nas águas encantadas.

“Somos a representação da nobreza marinha, eu não conhecia essa história, aprendi com a escola.Esse carro é deslumbrante, uma verdadeira viagem ao fundo do mar. As três sereias à frente da embarcação criam uma atmosfera mágica, evocando a lenda das ‘Três Maresias’ com muito encanto. As lanternas que se mesclam com águas-vivas tornam tudo mais mais impressionante. Eu já esperava algo grandioso, mas esse carro superou todas as minhas expectativas”, disse a economista, Ana Paula Souza, de 45 anos, que desfila na Grade Rio desde 2012.

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No primeiro chassi, o navio turco aparece como uma entidade luminosa, conduzida por três sereias que remetem à trindade turca e à cultura amazônica. A embarcação, que mais parece uma nave mágica, flutua serenamente, entrelaçada por criaturas marinhas de formas diversas, que evocam bestiários medievais e iluminuras. O segundo chassi segue o tema da magia e do encantamento, com elementos que simulam um palácio submerso, reforçado pelas cúpulas de mosaicos e os hipocampos que dançam nas águas. O trabalho minucioso de adereçaria, coordenado por Zé Paulo Conceição, transforma cada caquinho colado em uma obra de arte, criando uma verdadeira quimera luminosa que fascina a todos na Avenida.

A analista de sistemas,  Vanessa Moraes, está pela primeira vez no abre-alas e viu a energia paraense na alegoria.

“Eu acho que o carro está com uma energia muito grande do Pará, a gente vai abrir o desfile com a navegação das princesas turcas para poder contar toda a história da Pororoca.É onde começa a viagem das três princesas que conduziram esse navio. É como se estivéssemos dentro de um palácio submerso um conto de fadas aquático. A riqueza nos detalhes, com o trabalho manual de colagem de cada caquinho, mostra o quanto foi feito com dedicação. Fiquei sem palavras ao ver a fantasia, me surpreendeu de uma maneira linda!”, disse Vanessa, de 42 anos.

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“Esse carro está impressionante, não só pelo capricho no trabalho manual, mas também pelos movimentos que remetem ao fundo do mar. A alegoria transmite perfeitamente a mistura entre o mágico e o real, e me sinto honrada por representar a nobreza turca que se encantou e se perdeu nas profundezas das águas. Cada detalhe foi pensado para nos transportar para esse universo do encantamento e a beleza se misturam de forma única”, contou a professora Lia Silva, de 33 anos, que desfila há 5 anos pela escola.

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A alegoria misturou elementos culturais da Turquia e da Amazônia, representando a travessia das princesas em uma embarcação mágica. O carro apresentou criaturas marinhas e palácios submersos, criando um enredo visual que celebra o folclore e a mitologia. A narrativa é transportada de forma encantadora, desafiando o tempo e o espaço.

Carnaval da Tuiuti homenageia mulheres trans e travestis históricas em desfile emocionante

O Carnaval do Rio de Janeiro, conhecido mundialmente por sua grandiosidade e diversidade, foi palco de um momento histórico este ano. O Paraíso do Tuiuti trouxe para a avenida uma homenagem que celebrou a resistência e a luta de 28 mulheres trans e travestis que marcaram a história do Brasil e do mundo. O desfile, além de uma festa, foi uma aula de respeito, diversidade e visibilidade para a comunidade LGBTQIA+.

Em uma homenagem que une ancestralidade africana e luta contemporânea, a ala “NGangas Ancestravas” celebrou a ancestralidade da primeira travesti não originária do Brasil. Em um tributo à resistência, a fantasia homenageou 28 mulheres trans e travestis que fizeram de suas vidas uma bandeira de guerra. Figuras como Brenda Lee, Dandara Ketley e Gisberta Salce foram homenageadas pela suas lutas por igualdade e respeito no figurino que mesclou as cores da bandeira do movimento trans com os NGangas Africanos.

Wissone Landim, 20 anos, francês morando no Brasil, expressou seu orgulho em participar da homenagem. “É uma novidade e quero que essa novidade seja uma mensagem positiva para a sociedade. A mensagem da ala é de tolerância, algo que estamos precisando muito neste mundo que está de cabeça para baixo”, afirmou.

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Wissone destacou a importância de trazer à tona histórias que muitas vezes são ignoradas. “Muitas dessas mulheres tiveram seus feitos apagados por não corresponderem ao padrão da sociedade. Precisamos mudar essa visão”, declarou.

Ralph Duccini, 32 anos, componente da ala, compartilhou sua emoção ao representar uma fantasia que homenageia essas mulheres. “Como pessoa transmasculina, me sinto honrado em representar essa parte da nossa história. É importante lembrar aquelas que vieram antes de nós e que foram assassinadas, mas que deixaram um legado de luta e resistência”, disse Ralph. Ele destacou a importância de figuras como Brenda Lee e Dandara, estampadas na fantasia da ala, que inspiram pela coragem e pela luta por direitos básicos.

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Sayoan Príncipe, de 33 anos, ressaltou a importância da homenagem para sua existência como homem trans. “Essa homenagem significa minha existência. As mulheres trans sempre estiveram à frente na luta, e sem elas, não estaríamos onde estamos hoje. Esse desfile é um fato histórico”, afirmou. Sayoan destacou a importância de personalidades como Dani Balbi e Giovana Baby, que lutam pelos direitos da comunidade trans.

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Aloísio Costa, de 31 anos, que desfilou pela primeira vez na Sapucaí, falou sobre a importância de dar voz a essas histórias. “Essas pessoas existem, têm nome, força e rosto. Passar pela avenida com esse tema é algo histórico, é dar voz a quem sempre foi silenciado”, disse ele. Aloísio acredita que a sociedade precisa ser mais empática e entender que as pessoas trans são seres humanos como qualquer outro, com necessidades e direitos.

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Para Daniel Hassen, de 26 anos, o desfile do Tuiutí pede respeito à comunidade trans. “O Carnaval é uma festa conhecida mundialmente, e trazer esse tema para a avenida é uma forma de mostrar para o mundo que precisamos de mais respeito e compreensão”, afirmou Daniel. Ele ressaltou que a luta por direitos e visibilidade deve continuar além do Carnaval.

O desfile da Tuiuti foi mais do que uma celebração; foi um ato político e educativo. Ao homenagear mulheres trans e travestis que foram apagadas pela história, a escola de samba trouxe à tona a importância de reconhecer e valorizar a diversidade. Em um mundo onde a intolerância ainda é uma realidade, o Carnaval da Tuiuti mostrou que a luta por respeito e igualdade deve ser constante e coletiva.

A mensagem do desfile ecoou além da avenida: é preciso olhar para o passado para construir um futuro mais justo e inclusivo. As histórias dessas 28 mulheres, agora celebradas, servem de inspiração para continuar lutando por um mundo onde todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, possam viver com dignidade e respeito.

O Traviarcado Brilha na Avenida: Paraíso do Tuiuti Exalta Acolhimento e Inclusão em Carro Alegórico Histórico que homenageia em vida mulheres trans e travestis da sociedade brasileira

O Paraíso do Tuiuti promete um dos momentos mais marcantes do Carnaval deste ano com a sua quinta alegoria que celebra o acolhimento, a inclusão e a força do Traviarcado, um termo que simboliza o empoderamento das pessoas trans e travestis na sociedade brasileira. No centro dessa grandiosa alegoria, estarão 29 personalidades trans e travestis de diferentes gerações e áreas de atuação, representando a resistência, a arte, a política, a cultura e o ativismo LGBTQIAPN+.

O carro, que trará uma cenografia imponente inspirada em templos de acolhimento e resistência, será adornado com elementos simbólicos como asas douradas, espelhos gigantes e um grande abraço esculpido, representando a proteção e o amparo da comunidade LGBTQIAPN+. A alegoria reflete a importância da inclusão e da valorização de corpos historicamente marginalizados no Brasil.

‘’Estar aqui hoje é sem dúvidas o melhor momento de uma reparação histórica brasileira. O Brasil é um país que mais assassina a população de travestis e transexuais, mas ao mesmo tempo é o que mais consome a pornografia trans, esse enredo se faz muito necessário, fazer esse momento de visibilidade desse corpo transvestigênero, nesse espaço, que é a maior festa do mundo e que vai estar aí colocando em volta a população de travestis que vive na esquina, que vive na rua e que não tem escolaridade, que não tem empregabilidade e que não tem o nome garantido. Estaremos todas travestis, a maioria assim vários estados, são 28 traviarcas do movimento trans no Brasil que serão homenageadas em vidas. A gente tem o costume de homenageá-las mortas e nesse momento a importância para mim é dizer que eu estou viva para ver uma escola falar sobre a população travesti e transgênero no Brasil’’, declara Mara Cunha, Diretora executiva do grupo conexão G, uma organização que trabalha com a população LGBT de favelas.

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Entre as homenageadas, nomes como Isa Silva, estilista brasileira e Monique Reis, a primeira mulher trans a fundar e presidir uma escola de samba no Brasil, a Imperatriz do Morro de Taubaté, primeira jornalista a fazer a cobertura de um carnaval e a primeira historiadora chefe do Jornal do Brasil.

Para Isa Silva, é muito importante estar nesse lugar de destaque em um desfile que faça sobre Xica Manicongo. ‘’O Brasil é o país que mais mata pessoas trans e quando o Tuiuti traz isso para o carnaval está entrando na televisão das pessoas, onde minha avó assistia, onde todas as pessoas assistem e apresentam para a família brasileira quem somos, as nossas travestis. Isso é muito importante, a gente está entrando pela porta da frente na casa das pessoas’’, relata a estilista.

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Isa diz estar tão honrada com o convite e muito feliz de estar com outras mulheres nessa alegoria, como cantoras, atrizes, advogadas e ativistas.

Já Monique Reis se emociona ao falar sobre o significado do desfile ‘Minha vida é carnaval, amo carnaval, nunca imaginei estar aqui sendo homenageada, já me imaginei de estar aqui musa, mas sendo homenageada é algo que superou todas as expectativas e eu espero que o traviarcado agora mostre sua força e seja igual a repartição pública, toda escola de samba que tiver uma travesti que coloque uma foto do Jaque no quadro porque ele merece. Estar aqui é o resultado de uma vida. Em 1994, eu estava na minha casa com a minha avó, eu vi a Imperatriz Leopoldinense com os leques do Fábio de Melo e eu decidi amar o carnaval, fundei a escola chamada Imperatriz do Morro, que é a filha da Imperatriz Leopoldinense e já fiz muita coisa, dediquei minha vida por isso. Viva  Jaque, viva a Tuiuti, viva o traviarcado e eu sou travesti’’, declara a jornalista.

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As fantasias foram desenhadas para refletir a diversidade e a grandiosidade dessas personalidades. Cada uma delas usará figurinos inspirados em divindades e realeza que tem a ver com a origem de Xica Manicongo. ‘’Esse último carro foge um pouco do restante da história da escola para partir mais para a atualidade de realeza e vem as mulheres,  mulheres trans, travestis que são importantes para comunidade no Brasil. Ele tira um pouco dessa característica de carnavalesco e coloca mais como realeza com essa despegada mais colorida e com a pegada e representação de cada mulher trans que está vestindo ele’’, relata Samira Fiori, aderecista da escola.

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A alegoria retrata uma Xica Manicongo estilizada com uma estética ‘’queer’’ em tons de rosa assentada na frente do movimento traviarcal, onde todas estão super coloridas como se fossem um arco-íris.

O Paraíso do Tuiuti, que já tem tradição em enredos politizados e sociais, escreve mais um capítulo importante no Carnaval carioca. O carro do acolhimento e da inclusão não será apenas uma alegoria desfilando na Sapucaí, mas um símbolo de luta, orgulho e pertencimento.

Entre Homens e Máquinas: o futuro em debate no desfile da Mocidade

Ao se tratar de futuro, a Mocidade traz o presente e suas tecnologias. A inteligência artificial também está no enredo. No setor 4 “Conexões Planetárias”, a escola questiona a relação do homem com a tecnologia, as dependências da máquina, a crença de que uma vida automatizada consegue superar as adversidades da natureza.

Com a alegoria “A Inteligência Artificial Desafia O Pensador”, a Mocidade faz um alerta questionando onde o pensamento humano chegará com o uso massivo de inteligência artificial. Pontuando a ausência de pensamento crítico e a falta de ética.

Colocando o questionamento de “quem pensa é o homem ou a máquina?” como o grande dilema do mundo contemporâneo, o carro veio com diversos robôs em posição pensativa e um cérebro no meio da alegoria, simbolizando essa relação conflituosa entre o ser humano e a tecnologia.

As componentes da alegoria, chamadas “Conexões Veredas”, representavam a crescente interação entre o homem e a tecnologia e destacaram ao CARNAVALESCO o tom crítico e reflexivo da obra.

“Esse carro é perfeito, a fantasia está incrível, muito linda. Somos uma crítica e um alerta ao uso da inteligência artificial e da tecnologia. Pois, até certo ponto a IA nos beneficia, mas tem que saber ser usada. Dependendo da forma como ela é usada, ela pode atrapalhar mais do que ajudar. Eu acredito que o ser humano pode se tornar dependente do pensamento gerado pela IA. Eu até uso, mas pouco, sempre com moderação”, contou a estudante de publicidade Letícia Altina, de 21 anos e que há 3 desfila na Mocidade.

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“Somos mais um carro muito futurístico, as cores vão brilhar demais no desfile. Ele vem falando do uso da inteligência artificial, além da relação da tecnologia com o meio ambiente, questionando como vai ser daqui para frente com a IA entrando na nossa rotina cada vez mais. Eu acredito que o uso de toda a tecnologia tem que ser muito dosado, mas eu não repúdio nenhuma tecnologia, porque isso fez a gente chegar até onde a gente está hoje, seja na educação, na ciência, que são áreas muito importantes. Mas sem um controle podemos nos tornar dependentes. Se não tiver uma legislação boa e um órgão representante regulamente isso, iremos ter problemas. Tanto que agora está proibido o uso de celulares em escolas, porque isso tem um grande impacto social. Eu faço uso de IA, porque faço faculdade e algumas pesquisas a gente consegue com uma rapidez fazendo o uso. Mas tem coisa que só se consegue realmente lendo e pesquisando”, disse a estudante de economia, Fernanda Lopes, de 20 anos, há 3 como componente da escola.

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É perceptível que a alegoria fez com que as componentes refletissem sobre o uso de IA no seu cotidiano, o carro sendo composto majoritariamente por jovens universitárias, deixa nítido que a mensagem foi entendida.

“O nosso carro ele vem criticando inteligência artificial, tanto o carro, quanto o desfile todo é  uma crítica de que a gente tem que olhar para o nosso passado, para enxergar o nosso futuro. Tem coisas que somente o ser humano pode dar para outros seres humanos. E isso não vai ser substituído por inteligência artificial ou qualquer outro tipo de tecnologia”, pontuou Ana Luisa Ribeiro, estudante de direito de 21 anos, que desfila há 5 anos pela Verde e Branco.

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Também houve críticas, agora em tom político, em outra alegoria da Mocidade. O tripé “Jogos Vorazes Do Terceiro Milênio”, relembrou a alegoria  “Diversões eletrônicas” do garoto jogando vídeogame do enredo de 1993: “Marraio, feridô sou rei”, a imagem é emblemática por advertir para os perigos da alienação provocada pelos jogos eletrônicos. O tripé de 2025 trouxe dois robôs jogando um jogo de luta, no qual os lutadores são pessoas influentes, na política e na tecnologia.

“Como todo o enredo, o Renato e a Márcia, que nos deixou, fazem releituras de obras que foram sucesso em carnavais feitos por eles no passado. O carro do robô jogando videogame é uma alusão ao menino que joga videogame de 1993. E agora, no ano de 2025, a gente traz uma proposta de um jogo que se chama “Combate Tecnológico”, onde tem a disputa pelo poder, pela força da tecnologia no mundo, primeiro representando grandes potências como Estados Unidos e China, nas figuras de Elon Musk e Xi Jinping. A gente também traz outros grandes homens das big techs como Mark Zuckerberg, Lou Fuli, que despontou através da inteligência artificial Deep Seek da China, e Jeff Bezos da Amazon. E a gente faz uma brincadeira de carnaval, com os nomes abrasileirados para cada um deles. Elon Musk como Elias, Xi Jinping como Chico, Luo Fuli como Luana, Jeff Bezos como Jefferson e Mark Zuckerberg como Marcos. E eles lutam num cenário de um Rio de Janeiro futurista e distópico e o árbitro desse combate  é ninguém mais, ninguém menos que o próprio carnavalesco Renato Lage”, contou o criador da projeção, Felipe Machado, de 31 anos.

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A Mocidade, com sua abordagem crítica e futurista, buscou provocar reflexões profundas sobre o impacto da inteligência artificial na sociedade. O enredo destacou tanto os benefícios quanto os desafios desta tecnologia, questionando até que ponto ela pode substituir a essência humana. Com criatividade e um olhar atento para o futuro, a escola reafirmou o papel do carnaval como espaço de debate e conscientização.

Renato Lage e a Mocidade: a magia está de Volta

Resgatando o seu passado, a Mocidade reflete sobre o futuro na avenida resgatando sua identidade. Na volta do carnavalesco Renato Lage à escola, onde ganhou três dos seis títulos da escola, a Verde e Branco da Zona Oeste faz tem como enredo um tributo aos seus anos de glória e a relação bem sucedida com o Mago, apelido de Renato.

O futurismo sempre esteve presente na história da Mocidade. Em 1985, por exemplo, a escola brilhou com o enredo “Ziriguidum 2001, Um Carnaval nas Estrelas”. Essa característica foi ainda mais marcante com Renato Lage, responsável por consolidar a estética high tech na Verde e Branco, com carros vazados e uma estética vanguardista, que sempre causava surpresa e comoção ao virar o joelho da Sapucaí.

Para muitos independentes, o enredo de 2025 tem a intenção de presentear esses independentes, que desde meados dos anos 2000 pedem a volta desses enredos e da estética do Mago. Em resumo, é uma oportunidade para o independente se reconectar com aquele seu eu jovem, apaixonado por essa escola diferenciada. É um carnaval para o independente se reencontrar com sua fase vencedora. É um carnaval para o independente se reconectar com sua identidade.

O CARNAVALESCO ouviu alguns componentes da concentração da escola e a felicidade de ter o Renato Lage novamente na escola é unânime e as expectativas estão nas alturas.

“A volta do Renato é algo maravilhoso! Nós estávamos esperando isso há muito tempo. A Mocidade ama o Renato, também estamos bem doídos com a partida da Márcia, mas foi o tempo dela. O que mais me chamou a atenção aqui foram os carros que estão divinos, é a marca registrada do Renato, então está bem dentro do enredo. A volta para o futuro e não esquecendo do passado. O carro dos Flintstones está maravilhoso, achei encantador! Está tudo maravilhoso. Estou torcendo muito para termos uma boa colocação, quiçá, campeões. O Renato está sempre à frente do seu tempo, talvez ele seja aquariano. Mas com ele de volta à nossa escola, a nossa emoção está no auge, estamos muito encantados com o enredo, com as alegorias. Será um verdadeiro reencontro da Mocidade com a sua própria identidade, com a sua história”, disse a componente da velha guarda, Regina Maranches, de 75 anos e componente da escola há 8.

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“Sou Mocidade há vida toda, vi o Renato chegar, sair e agora vê-lo voltar é maravilhoso. Acredito que esse enredo que ele criou trouxe paz. Essas fantasias trazem paz para a gente, são lindas, um trabalho maravilhoso. O trabalho do Lage sempre trouxe essa estética tecnológica, essa coisa de luz, carro vazado e eu acho maravilhoso, esse é o caminho para o futuro”, afirmou Miriam Bastos, aposentada de 64 anos de idade.

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Há 17 anos na Sapucaí pela Mocidade, Thais estava tremendo na concentração e apaixonada pelos carros da escola.

“Para a gente que ama a escola e que viu tudo que o Renato fez pela gente, é muito emocionante estar aqui e poder fazer parte disso tudo de novo. Ele é um gênio. Se a gente está aqui hoje, se a gente é o que a gente é hoje, tem muito a mão dele e também da Márcia. Então, é como estar nas nuvens, estou torcendo para que tudo dê certo e a gente faça o melhor, se Deus quiser. Tudo que relaciona a tecnologia no carnaval, começou com ela, com toda modéstia, óbvio, e respeito a todas as outras, mas fomos o espelho para que as outras viessem fazer isso depois, é uma honra para gente e tê-lo de volta. Eu estou olhando aqui emocionada porque é uma coisa que eu, quando criança, vi nos outros desfiles e eu estou podendo participar. Então é muito emocionante, eu estou muito feliz. Olhando essas fantasias, os carros, as luzes de led, a gente vê a Mocidade e se você olhar, ela acesa ou ela apagada, você sabe que quem fez foi o Renato. A gente que vive a escola o ano inteiro, fica feliz por tudo que acontece com ela, então eu estou nervosa, me tremendo, mas estou muito confiante que vai dar tudo certo e que a gente vai fazer um carnaval muito bonito, se Deus quiser”, contou Thais Mallet, recepcionista de 31 anos.

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A justificativa do enredo defende que  a escola está fazendo uma viagem intergaláctica até sua estrela guia, onde ela se reconecta com o seu brilho mais intenso, o de uma estrela ainda jovem despontando na passarela do samba, foi dessa maneira que a Mocidade viveu os seus anos de glória na década de 90. E hoje pisa na Sapucaí saltando mais uma vez para o futuro, trilhando caminhos desenhados pelas estrelas que de qualquer maneira, fará com que a escola se encontre com o seu passado, com a própria identidade, soberana, singular e visionária.

“A escola está linda, as fantasias estão leves, dá para evoluir. Esse enredo é a cara da escola, ela revoluciona com os carros, ela chegou trazendo muita coisa nova e sempre trouxe muita surpresa. Então vai ser lindo, podem esperar, quem está na arquibancada nem imagina, meu filho, o coração está acelerado e louco para entrar na avenida, para evoluir. Aquele povo todo na arquibancada vai gritar. É maravilhoso, é uma sensação maravilhosa. Dá vontade de chorar quando na avenida”, disse Kátia Narciso, de 60 anos, desfilando há 11 pela Mocidade.

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É uma unanimidade, a Mocidade pisa na avenida em 2025 reencontrando sua história, suas glórias e características que já fizeram sua estrela brilhar.

“É o primeiro ano que eu desfilo na Mocidade, mas eu sou independente desde que nasci, moro em Bangu e estou sempre lá na Vila Vintém. Eu achei maravilhoso a volta do Renato, porque ele sempre trouxe títulos para a gente. Tomara a Deus que esse ano seja mais um. Eu adorei essas coisas cósmicas que falam do espaço cideral, além das cores, a vibração do pessoal que está dançando, é tudo maravilhoso. O enredo e a volta do Renato é um encontro da Mocidade com sua própria história, a gente sempre falou de futuro, ela sempre teve essas cores neon, sempre esteve a frente no tempo dela. Então estrear na minha escola esse ano vai ser uma emoção única no mundo. Que a gente esteja lá junto com a mesma animação que a gente veio nos ensaios técnicos e agora vai ser nota 10, com certeza”, contou a professor Marilene de Castro, professora de 66 anos.

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Com isso, a Mocidade ressurge em busca de sua memória, inovação e paixão. O retorno de Renato Lage não é só a retomada de uma estética vanguardista, mas também a reconexão da escola com sua essência. Entre luzes, cores e emoção, a Verde e Branco da Zona Oeste reafirma sua identidade e mostra que, ao revisitar o passado, é possível projetar um futuro ainda mais brilhante.

Camarote Rio Praia na Sapucaí: Exaltação ao samba e Experiência Inesquecível no Carnaval Carioca

O Carnaval do Rio de Janeiro é um dos maiores espetáculos do mundo, e para quem busca uma experiência exclusiva, os camarotes da Marquês de Sapucaí são a melhor opção. Entre eles, o Camarote Rio Praia se destaca por sua sofisticação, atrações de alto nível com artistas do samba e uma visão privilegiada dos desfiles das escolas de samba.

Com uma nova roupagem, a marca do Camarote retrata fielmente o Rio de Janeiro. Julia Rodrigues, Head de Marketing do camarote Rio Praia,  diz que “a gente idealizou trazer uma marca atualizada que tivesse a ver com o Rio Praia, porque o Rio Praia é um nome muito forte. Quando a gente pensa em Carnaval, quando a gente pensa em turista, a primeira coisa que eles vivenciam antes de vir para a Sapucaí, é o Rio de uma forma geral e a praia. quando a gente fala Praia, eu penso que em Copacabana. O meeting point do Rio Praia, há 7 anos, é Copacabana. Por que não? Por que que a gente não traz as nuances do mar, da praia de Copacabana, do calçadão, para dentro dessa logo para gente comunicar esse camarote”.

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Com uma pegada mais carioca, a nova marca do Rio Praia reflete amor e paixão, uma identificação encontrada em uma conversa do marketing com os sócios, que têm esse amor e valorização pelo Carnaval, sendo o principal atrativo do camarote.

“Nossa maior atração são as escolas de samba. É toda a arte propagada na Marquês de Sapucaí.Quando a gente se deparou para entender quais são esses shows, esses shows também são 100% samba. São os nossos maiores artistas, tanto da atualidade, quanto os mais experientes da música popular brasileira, que é o samba”, afirma Júlia.

 

Valorização aos artistas do samba

O diferencial dessa nova identidade é continuar levando os artistas do Carnaval para essa comunicação, desde já renomados, até os que ainda estão crescendo nas redes sociais, sendo um lugar para aproximar o mercado das escolas de samba,

“trouxemos a Amanda Oliveira, que é uma das musas da comunidade da Portela, na verdade foi a primeira musa da comunidade da Portela para fazer a ativação de marca, a primeira campanha dela junto a Pandora, então a primeira campanha dela da vida foi uma marca internacional. A gente entendeu o nosso lugar, nós somos um lugar que pode aproximação, nos colocamos como um subproduto das escolas, porque sem elas a gente não existiria, a gente não ia ter esse lugar de glamour, então esse novo reposicionamento é justamente para entender o lugar também que o camarote está na Marquês de Sapucaí, que ele nunca está acima ou à frente das escolas de samba. Nós somos parceiros aliados para fazer esse espetáculo maior ainda”, declara a Head de Marketing.

 

Embaixador Rio Praia

O ator Samuel de Assis é o único homem embaixador do camarote e relata sobre o sentimento de orgulho e felicidade por esse posto, sobre a importância e a valorização da origem dessa grande festa que é o Carnaval.

‘É um resultado de uma luta grande, de uma luta minha, de tentar e conseguir me transformar em um homem do Carnaval, é uma luta de todos que compõem a equipe do Rio Praia em poder conseguir ir inovar dessa forma. Demorou para isso acontecer, que pena, mas eu estou muito feliz de ser pioneiro nesse lugar, de brigar por isso, de dizer homens musos, lindos, todos apareçam, venham. A gente também tem que estar nesse lugar, principalmente sendo um homem preto porque eu acho que a minha luta sempre foi, vai continuar sendo sempre brigar para que as pessoas entendam de onde o Carnaval nasceu, de onde o Carnaval veio. Entendam que o Carnaval é uma festa preta, que é a mais democrática do mundo, que é para todo mundo e todo mundo é muito bem-vindo. Ninguém entra no médico sem saber onde aquele médico estudou, sem saber que que especialidade aquele médico tem. Ninguém entra em qualquer trabalho, em qualquer festa, sem saber da procedência da festa’’.

Samuel complementa que tem essa luta, e é uma luta que o Rio Praia começou a ter e me isso o orgulha bastante, a ponto de ter esse encontro muito feliz nessa luta conjunta assim. O carnaval está na vida do ator desde muito tempo, ele diz que ‘’desde que eu nasci assim, eu lembro, eu vivi, eu vivo o carnaval desde que eu nasci literalmente. Eu tenho memórias de muito pequeno aprendendo a andar, aprendendo a falar e fantasiado já nos carnavais de clube de Aracaju, que é de onde eu sou. sei Se você falar das melhores memórias que eu tenho na vida, é sempre de Carnaval’’.

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Com  muito comprometimento e responsabilidade, Samuel reforça o quanto é importante enquanto pessoa pública  valorizar os verdadeiros artistas do samba e estar em um lugar que garante isso.

‘’Eu acho que nós como pessoas públicas temos esse dever, de fazer com que o público em geral lembre a verdadeira origem do Carnaval. Lembre que eles são bem-vindos, mas que eles tem que saber onde eles estão pisando. Acho que esse é o nosso principal papel. Por isso que eu criei o Carnaval de Samuca, por isso que eu aceitei esse embaixador do Rio Praia’’, declara Samuel.

O embaixador finaliza ressaltando que ‘’o camarote está lindíssimo de viver. É muito show bom, muita bebida boa, muita gente bonita, um local privilegiadíssimo’’.

Parcerias

A Non Stop, uma das maiores agências de influenciadores da América Latina, foi chamada para agregar a esse trabalho de comunicação para fortalecer a marca, as pessoas entenderem essa nova roupagem, essa nova identidade, que é como se o camarote estivesse criando uma nova marca, praticamente.

“É um novo reposicionamento do camarote e a marca veio para trazer grandes influenciadores que também nunca vivenciaram a experiência para poder chancelar essa marca para o público e a gente mostrar que o Rio Praia, ele tá aqui de braços abertos para receber quem quer que seja, porque a gente entende que o carnaval é para todos, porém a gente também sabe que é uma cultura preta que a gente precisa valorizar, e o que a gente quer mostrar para esse público que quer estar na na Sapucaí, é o que o preto tem de melhor”, destaca Júlia Rodrigues.

Além da Non Stop, o Rio Praia  iniciou o  trabalho depois da identidade visual com a Pandora. A marca Pandora, que já está no Carnaval do Rio de uma forma mais intimista, indo para o seu 4º ano, estava buscando um novo lugar para fazer o camarote da Pandora no Carnaval.

“A gente acabou entendendo que tudo que a gente estava retratando como planejamento para trabalhar fazia sentido com o planejamento da marca Pandora, e através disso a gente identificou que a marca comunica para a grande América Latina, né? Lógico, ela ultrapassa essa barreira. A gente está falando de uma marca internacional, mas o foco da marca é muito a América Latina. E através disso, por que não também fazer com que o Rio Praia ultrapasse essa barreira junto com a marca?”, enfatiza Júlia.

Estrutura e Serviços

Localizado em uma posição estratégica na avenida, o Camarote Rio Praia está no setor 10, em frente ao segundo recuo da bateria e oferece uma vista panorâmica da Passarela do Samba. Com uma estrutura moderna e confortável, o espaço conta com lounges, áreas de descanso, há um serviço de open bar com drinks exclusivos e opções gastronômicas sofisticadas, garantindo que os foliões desfrutem de uma noite memorável.