Grandes nomes do samba contam como passarão a virada de ano e quais são seus desejos para 2024
Chegamos ao último dia do ano. Podemos dizer que 2023 representou um grande momento para o carnaval do Rio de Janeiro. As escolas de samba apresentaram mais um grande espetáculo na Marquês de Sapucaí. Após uma disputa de alto nível, a Imperatriz Leopoldinense se sagrou campeã do Grupo Especial. A escola voltou a conquistar o título depois de um jejum de 22 anos, deixando a comunidade de Ramos eufórica e mostrando que ainda é uma potência. Diversas outras agremiações fizeram belos desfiles e podem se orgulhar do trabalho apresentado. Também marcante foi o novo rebaixamento do Império Serrano, o que muitos consideram injusto até hoje. E o retorno da Porto da Pedra ao grupo de elite, após 11 anos de afastamento.
O ano vai se aproximando do final e, com isso, o carnaval de 2024 começa a bater em nossas portas. Faltam pouco mais de 40 dias para a folia. Ao mesmo tempo em que os artistas celebram a virada do ano, agradecendo por sua saúde e paz, também já pensam no carnaval que está por vir, desejando sucesso em mais um trabalho. Como é costume do povo brasileiro, eles têm seus rituais específicos para o momento, como o uso de roupas de determinada cor, e também a realização de pedidos e orações. Mas se engana quem pensa que a virada é só de celebração para os sambistas. Muitos passam o dia se preparando para se apresentar em diversos shows espalhados pela cidade do Rio de Janeiro.
A reportagem do site CARNAVALESCO conversou com alguns nomes importantes da nossa folia para saber como eles irão passar a virada de ano e qual é a importância desse momento.
Cris Caldas, porta-bandeira da Vila Isabel
“A minha virada do ano vai ser num cantinho no meio da natureza, bem isolada, cercada de muito verde, longe de toda agitação que a gente já vive diariamente. Vamos aproveitar esse momento pra descansar bastante, relaxar e ficar em paz. E também porque, quando voltarmos, vamos entrar na rotina de 100% carnaval, afinal fevereiro já é logo ali. Vestimos sempre roupa branca, faz parte do nosso ritual de todo ano. Tomamos banho de ervas e sempre mentalizamos coisas boas para o ano que vem. À meia noite estouramos uma champanhe. Acredito que a virada do ano significa mudança. Renovação. Esperança de coisas melhores, pra mim, pro próximo e pro mundo”.
Bruna Santos, porta-bandeira da Mocidade
“Nesse ano, a virada será aqui em casa, com toda minha família. Vamos comemorar juntos. E depois da meia-noite, estarei fazendo um show, me apresentando no clube do Fluminense, com a minha Mocidade. Todo ano passo a virada de branco e com acessórios dourados. Pra mim, esse momento representa novas oportunidades, novas chances. Espero que 2024 seja um ano iluminado como foi esse ano que vai acabar”.
Júnior Schall, diretor de carnaval da Portela
“Vou passar a virada de ano no Rio de Janeiro, na região da Tijuca, com a minha esposa e um grupo de bons amigos apaixonados por carnaval. Por conta da energia que desejamos e precisamos captar e compartilhar, eu sempre busco usar roupa branca. Bebida é bem tranquilo, não consumo álcool. Mas a comida é uma provação. Adoro doces, mas preciso segurar a onda. A rabanada é algo ‘dos deuses’, devia até ter um dia especial. Não tenho superstição, mas a crença poderosa na gratidão e em toda positividade que você emana. A questão do branco vem daí, pulsar boa energia. A virada é um marco simbólico que precisa se tornar, de fato, um ponto de virada real para aquilo que é necessário para a nossa evolução. Agradecer sempre, fazer uma reflexão honesta, refazer os caminhos para evoluir. É pra isso que estamos aqui. E pra comer algumas rabanadas também, afinal é uma comemoração”.
Fafá, mestre de bateria da Grande Rio
“Minha virada de ano será com a bateria da Grande Rio, mais uma vez. Às vezes, eles são até minha primeira família. A gente vai tocar no Hotel Nacional, entre outros lugares. Pra mim, sempre é uma honra estar ao lado deles. Geralmente uso roupa branca para pedir bastante paz para o meu próximo ano. Um minuto antes da virada, faço uma oração para Nossa Senhora Aparecida, agradecendo por mais um ano de vida, com muita saúde e aprendizado. O momento da virada representa a lembrança de tudo que você fez de bom e também de ruim, para que a gente aprenda com os erros e não os cometa no próximo ano. É um momento de agradecimento por você estar bem, por poder estar trabalhando. E mentalizar tudo aquilo que você quer para o ano que começa”.
Mauro Quintaes, carnavalesco da Porto da Pedra
“Vou passar minha virada de ano no Hotel Windsor para assistir a queima de fogos. Sempre estou com uma pessoa que está me fazendo bem, geralmente uma companheira ou uma amiga. Precisamos ter ao nosso lado pessoas que agregam positivamente nesse momento. Estarei vestindo roupa amarela. Alguém um dia me disse que era legal passar assim e estou seguindo. Sempre faço uma oração para os que se foram, para os que estão precisando, que são próximos de mim. Pedindo todas as graças possíveis para que a gente possa enfrentar essa última etapa do carnaval. O momento da virada representa a celebração das amizades, das vitórias e das conquistas. Da consolidação da minha carreira, já que faço 40 anos de carnaval. Só tenho a agradecer”.
Alcione revela emoção ao ser enredo da Mangueira no Carnaval 2024
A cantora Alcione, que completa 50 anos de carreira, será a grande homenageada do enredo “A Voz Negra do Amanhã”, criado e desenvolvido pelos carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão. A dupla escolheu como base para a narrativa os caminhos percorridos pela cantora na construção de seu amanhã. A rainha do palácio da Estação Primeira de Mangueira, Alcione está radiante em ter sido escolhida como enredo para o Carnaval 2024. Ao CARNAVALESCO, ela explicou ficou honrado quando soube da homenagem.

“Eu nunca pensei em ser em enredo da minha escola. Para mim, isso é o máximo que um artista pode querer alcançar, é ser em enredo de uma escola de samba, principalmente da Estação Primeira de Mangueira. Estou muito feliz, muito orgulhosa, por mim, pela minha família, pelo meu estado, que é o Maranhão, e por todos os meus amigos. A Mangueira é uma instituição séria, maravilhosa, então fico muito lisonjeada, honrada de ser enredo dessa escola”.
Perguntada sobre o que não pode faltar no desfile de 2024 da Mangueira, a Marrom contou que as “coisas do Maranhão”, sua terra natal, estarão na exibição da Verde e Rosa.
“Não pode faltar alegria, o prazer de desfilar. É isso que o mangueirense tem. As coisas do Maranhão eu sei que os carnavalescos estão cuidando disso, que a Mangueira não vai deixar de fora, mas agora cabe ao desfilante que ama essa escola, que veste com orgulho o verde e rosa, dar o seu melhor. Então, não pode falar é a felicidade e o charme do mangueirense”.
A cantora disse que aprovou o samba-enredo composto em sua homenagem.
“Eu me senti muito especial, muito vaidosa de ter sido convidada para essa gravação. Nossa Senhora, fazer parte da gravação do samba-enredo da Estação Primeira é tudo para mim. Eu estou muito orgulhosa, muito feliz de participar e mais ainda com o resultado”.
O suspense ficou por conta da posição em que estará no desfile da Mangueira.
“Ainda vai ser conversado. Até o momento, não sei onde eu venho. Agora, uma coisa que eu garanto é que eu venho, de qualquer forma. Em relação a minha posição de desfile, não tenho preferência, onde a Mangueira me colocar estou bem. O importante é desfilar”.
Por fim, Alcione deixou claro que a Mangueira entrará na Avenida na busca pelo título do Grupo Especial.
“O mangueirense é uma pessoa especial, que pertence a uma escola especial. Eu sempre achei o seguinte: antes da mangueira passar, ninguém sabe quem ganhou o Carnaval. É com esse espírito que nós vamos para a Avenida”.
Barracões Acesso 2 SP: Primeira da Cidade Líder levará ao Anhembi a história centenária da Portela através de seus baluartes
A centenária águia altaneira inspira a Primeira da Cidade Líder para o desenvolvimento de seu desfile para o carnaval 2024. Após os bons resultados obtidos nos anos anteriores, a escola da Zona Leste se prepara para levar ao Sambódromo do Anhembi a história da maior campeã do carnaval carioca através do enredo “Salve ela! A Majestade do Samba Portela!”, assinado pelo carnavalesco Ewerton Visotto.

Contar a história tão vencedora de uma agremiação que esteve presente em todas as fases daquele que hoje é conhecido como “o maior espetáculo da Terra” é um desafio que requer criatividade, afinal como dizia Monarco: “Se for falar da Portela hoje não vou terminar”. O caminho escolhido pela Líder é narrar a jornada da comunidade de Oswaldo Cruz e Madureira através de seus baluartes desde a fundação até chegar nos tempos atuais. A equipe do site CARNAVALESCO esteve presente no barracão da Primeira e conversou com Ewerton e o vice-presidente Rodrigo Minuetto sobre os preparativos para o desfile.
A sede de conhecimento da Primeira da Líder
A repercussão do desempenho da Primeira da Cidade Líder no desfile anterior sobre os 70 anos de outra escola carioca, o Salgueiro, foi positiva. O samba foi aclamado como um dos melhores de 2023 e na Avenida a história de uma das entidades mais vanguardistas do carnaval foi contada de maneira digna. A Líder gostou de beber da fonte de conhecimento proporcionada por essa experiência, e de acordo com Ewerton Visotto, surge daí a vontade de falar novamente de uma gigante agremiação.
“A ideia surgiu de aprender com gigantes. A gente teve uma experiência em 2023 bastante assertiva com os 70 anos de Salgueiro em que a comunidade comprou a ideia, cantou, foi a campo e a gente enriqueceu com isso entendendo sua vanguarda. Para 2024 a gente vai fazer com o mesmo gabarito, com o mesmo teor, agora com os 100 anos de Portela entendendo sua tradição. A Portela trouxe essa questão para a escola com o seu centenário. Como que ela funciona, como não funciona e como ela cresceu nesse cenário todo, respeitando o carnaval que veio da rua até chegar nesse profissionalismo que está hoje. A gente quer aprender com os gigantes e a Portela está nos ensinando a trabalhar em cima desse crescimento. A expectativa era alta, e a aceitação da comunidade foi muito grande. Conseguimos surpreender com essa dinâmica de trazer ‘Salve ela, a Majestade do Samba Portela’. Trabalhando esse enredo para 24, a gente espera atender uma expectativa muito grande não apenas de quem é da comunidade, mas do carnaval como um todo”, declarou o carnavalesco.
A história da Portela contada através dos baluartes
A Portela foi fundada em 11 de abril de 1923 por Paulo da Portela, Antônio Caetano e Antônio Rufino, originalmente como um bloco chamado Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, passando a ter o atual nome nos anos 1930. O azul e branco do pavilhão portelense é em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da escola, e a águia foi escolhida como símbolo por Caetano por ser em sua visão “a ave que voa mais alto”. O desfile parte dessas simbologias para referenciar aos primeiros baluartes que serão o fio condutor do enredo.
“A gente trabalhou a questão dos ícones da Portela nesses cem anos, com as suas referências a cada ano trabalhado. A gente vem dividindo a escola nesse cenário, trabalhando essa construção em quatro tempos. Desde a inspiração, que é a questão do manto sagrado da padroeira até chegarmos a Clara Nunes lá na ponta. Ela vem nessa divisão de personagens da Portela que marcaram a escola e que a gente vem contando nesse cenário todo. A gente fala de Monaco, de Clara Nunes, de Paulo, Caetano e Rufino, que estão no começo da letra do samba. Natal, Candeia, Tia Surica, Paulinha da Viola, Manacéia e entre outros. A gente tenta fazer um apanhado de todos os grandes baluartes da Portela, que são muitos”, explicou Ewerton.
“No início, a gente conta a fundação da Portela através de Paulo, Caetano e Rufino. Paulo da Portela, o grande mestre de tudo isso, chega em Madureira com a irmã e com a mãe, e vai morar em Madureira, na Estrada do Portela, onde tem a ideia da fundação. Logo em seguida, a gente conta do Natal, que foi um grande precursor para as coisas acontecerem na Portela também. A gente, em seguida, também fala de Candeia, que foi um grande poeta da Portela, consagradíssimo. Logo em seguida a gente também passa por Clara Nunes, Monarco, que foi o presidente de honra há alguns anos atrás. E a gente finaliza fazendo uma menção ao centenário da Portela, a esses baluartes e aos enredos. Não dá pra citar todos, mas a gente vai tentar citar os mais importantes, os que fizeram mais história. São 100 anos, 22 títulos, a maior campeã do carnaval carioca. Imagine para gente como foi destrinchar a forma de falar da Portela. Para nós foi bem difícil, então a gente escolheu alguns baluartes para contar esse determinado período de que eles fizeram história na Portela”, detalhou Rodrigo Minuetto.
“É uma celebração que a gente pretende trazer dessa essência da alegria da Portela com o que a Líder propõe na Avenida. Ninguém é Líder por acaso, então venha! Vamos cantar e vamos acontecer! A gente destaca esses principais momentos, a influência da Portela nesse carnaval brasileiro, essa alegria contagiante, as cores vibrantes. A gente propõe fazer jus a essa grandiosidade que a Portela tem buscando encantar agora o público do Anhembi. A gente vem ousando aprender com essa gigante que com 100 anos de história permitiu que a gente buscasse entender como ela fez história e como a gente pode construir a nossa. Essa é a linha do pensar”, completou o carnavalesco.
O carinho da Portela com a homenagem da Líder
Quando uma escola de samba é homenageada por outra, é inevitável que hajam questionamentos a respeito da forma como ela irá reagir e se comportar diante dessa homenagem. Os portelenses não apenas receberam a homenagem de maneira positiva como também se demonstraram animados e dispostos a participar do desfile da Primeira da Cidade Líder, algo que Rodrigo fez questão de destacar.
“Além de tudo isso eu queria falar da recepção que a Portela fez para a nossa escola lá no Rio de Janeiro. Foi uma coisa sensacional. O presidente Fábio Pavão, o vice-presidente Junior Escafura, o diretor de carnaval Higor Machado, o Felipe do financeiro, a Nilce Fran. Muita gente nos recebeu muito bem quando fomos até lá pedir para fazer o enredo sobre a Portela. Algum tempinho atrás nós fomos visitar eles lá na Feijoada e a gente foi muito bem recebido. Fomos com o nosso casal, cantamos samba lá no palco. Fizemos umas entrevistas com personalidades da Portela como a Tia Surica, o próprio presidente Fábio Pavão deu uma entrevista para nós. De verdade, está todo mundo muito empolgado. Eles confirmaram a presença. Se bobear, a galera vai vir toda de lá para desfilar a gente. Está todo mundo muito empolgado não só aqui na escola, mas a galera de lá também está todo mundo muito empolgada para participar. O presidente Fábio Pavão disse que vem para participar do nosso desfile, então a gente está muito feliz com essa recepção que eles tiveram com a gente. Então é isso, vamos arrebentar se Deus quiser”, exaltou.
“Não é só uma homenagem. É mais um respeito e amor a essa escola de samba pelo que ela contribuiu. De novo, a gente está aprendendo com os gigantes. O desafio está aí. O que encantou a gente foi a receptividade deles, até em permitir que a gente cantasse o samba lá. Foi esplendoroso a ponto de serem convidados para o desfile e aceitarem vir aqui ficar com a gente”, concluiu Ewerton.
Ficha técnica
Enredo: “Salve ela! A Majestade do Samba Portela!”
700 componentes
2 alegorias
13 alas
Ordem de desfile: Oitava escola a desfilar no dia 3 de fevereiro de 2024 pelo Grupo de Acesso 2
Fé no milagreiro! Componentes da Unidos de Padre Miguel garantem que estão sentindo um clima especial para o Carnaval 2024
A comunidade da Unidos de Padre Miguel está cheia de esperança e determinação para conquistar o tão sonhado título na Série Ouro no Carnaval 2024. Com o enredo “O Redentor do Sertão”, que celebra o Padre Cícero no ano de seu 180º aniversário, a escola se prepara para ser a quinta a entrar na avenida no sábado, 10 de fevereiro.
Wallace Ramos, de 18 anos, desfila pela primeira vez na escola como componente da bateria. Com os olhos brilhando, ele expressou sua emoção pelo enredo deste ano.
“Tenho certeza que 2024 tem que ser o nosso ano, e acho que esse enredo vai ser nossa grande vitória. É um samba pra cima, que convida todo mundo a cantar e sentir a energia”.

A escola brilhou, mais uma vez, ao se apresentar para o público, na Cidade do Samba, nos minidesfiles, que agora viraram uma nova tradição do carnaval carioca.
“A UPM sempre vem com essa vontade de gritar o tão esperado grito de campeão, e se Deus quiser, 2024 será o nosso ano,” disse Jéssica Ferreira, a porta-bandeira da Unidos de Padre Miguel. “Estou apaixonada pelo samba que foi criado, ele é simplesmente maravilhoso. A repercussão tem sido incrível, e nosso carnavalesco, junto com a comissão de carnaval, tem feito um trabalho maravilhoso”, completou.

O enredo deste ano é uma homenagem poética à figura do Padre Cícero, entrelaçando fé, cultura e história em um espetáculo que promete capturar os corações dos jurados e do público. A narrativa, inspirada na literatura de cordel, não é apenas uma celebração religiosa e cultural, mas também um reflexo da própria essência da UPM: uma comunidade unida pelo amor e a paixão pela agremiação.
“Nós, da UPM, somos uma família unida e guerreira, e essa garra e amor pela escola são nosso maior diferencial. Vamos lutar com tudo que temos para fazer desse enredo um marco na história do carnaval e para finalmente conquistar o título que tanto almejamos”, disse a porta-bandeira.

Os componentes, ao serem questionados, definem com unanimidade que o diferencial da escola é a união e o acolhimento. Roberta Ribeiro é professora, tem 44 anos e desfila há cinco anos na vermelha e branca da Vila Vintém. Ela explica que mesmo não sendo da região, a escola abraçou ela.

“Mesmo não sendo da Vila Vintém, uma vez que você entra na UPM, você aprende a amar o samba e se torna parte dessa grande família. A escola tem uma forma única de acolher todos, não importa de onde você venha. A verdadeira força da UPM está na garra e no coração da comunidade. Todos aqui estão comprometidos uns com os outros, e essa união e dedicação são o que nos diferenciam”, afirmou.
Erika do Nascimento, enfermeira de 49 anos, sente que o carnaval de 2024 é um momento especial para a Unidos de Padre Miguel. “Nos ensaios, dá para ver e sentir que estamos perto de ganhar. Esse enredo é nossa vida agora. Cada passo que a gente dá, estamos mais perto de realizar nosso sonho de chegar no Grupo Especial. A gente quer muito vencer, e a força da nossa comunidade é o que nos empurra para frente,” diz Erika, compartilhando a ansiedade e a esperança que sente.

O tempo está passando rápido, e a empolgação para o carnaval só aumenta. À medida que se preparam para desfilar, eles levam consigo não só o orgulho da escola, mas também o coração e a esperança de toda a Vila Vintém. Caso se concretize a vitória da escola, assim como preveem os fãs, a letra ficará como o milagre alcançado na memória de todos.
“Meu Boi Vermelho, o milagreiro vem, Traz o milagre pra Vila Vintém, De toda maneira na quarta feira, Que os Anjos digam amém”.
Superliga Carnavalesca participa de evento na Colômbia
A gestão de Pedro Silva à frente da Superliga Carnavalesca do Brasil vem rendendo bons frutos, não somente nos avanços que a entidade que organiza os desfiles das Séries Prata, Bronze e grupo de Avaliação tem mostrado com eventos, até então inéditos para as 81 escolas que integram a instituição, mas também na construção de parcerias institucionais e corporativas.

A convite da organização da 66ª Feria de Cali, evento que acontece desde 1950, o gestor está na cidade colombiana para conhecer o festival que é o evento cultural mais importante da região e reúne, anualmente, milhares de pessoas ao longo dos 5 dias de realização. É uma celebração da identidade cultural da região, famosa pela maratona de salsa, pelos desfiles a cavalo e pelas festas dançantes.
“Está sendo uma troca de experiências necessária, construtiva, educadora. A música e a dança também são fortes elementos dentro da cultura e arte colombiana, assim como são no Brasil, e a salsa, sem dúvida é ponto de referência em comparação ao samba não apenas no aspecto cultural, mas também social, pois é um ritmo popular inserido em todas as camadas da sociedade colombiana, principalmente em suas comunidades carentes”.
Segunda maior cidade negra da América Latina, Cali é conhecida como a capital mundial da salsa. O local onde acontecem as apresentações chama-se “salsódromo”, por onde passam cerca de 200 mil pessoas por noite. Segundo Pedro, toda a construção do evento, é muito similar ao Carnaval da Intendente Magalhães, principalmente por conta da atmosfera popular.
“A chegada da Superliga à Colômbia a convite da Secretaria de Cultura de Santiago de Cali, com o apoio da RioTur, promove uma conexão entre as culturas de Brasil e Colômbia, exaltando a força da arte latino-americana e, esta conexão entre as duas festas, chama à semelhança a infraestrutra, público e principalmente impacto e comportamento social. Sem dúvida voltaremos ao Rio de Janeiro com ótimas lembranças na bagagem, deixando também um pouquinho da nossa arte e vivência, concretizando essa feliz união entre nossos povo através da arte”, diz Pedro.
Além do gestor, integram também a comitiva brasileira, Patrícia Ramos e Tati Rosa, representando o carnaval carioca através da Riotur, e Kaxitu Campos, presidente da Federação Nacional do Samba (Fenasamba).
Unidos da Tijuca realiza Pré-Réveillon neste sábado com Cacique de Ramos
Antecipando-se ao calendário, a Unidos da Tijuca promove neste sábado, 30 de dezembro, a partir das 21 horas, seu pré-réveillon, no último ensaio do ano. Na abertura da festa, o grupo Swing Carioca aquece o público para o show da bateria de Mestre Casagrande. Completando 92 anos de fundação dia 31 de dezembro, a tradicional queima de fogos está garantida. Depois, intérpretes da escola cantam diversos sambas que fizeram história no Pavão. A programação segue com a participação de passistas, baianas, casais de mestre-sala e Porta-bandeira e o intérprete Ito Melodia, que canta o samba da Unidos da Tijuca para 2024, “O Conto de Fados”. O encerramento ficará por conta do Cacique de Ramos.

Para dar o clima de réveillon na quadra, a agremiação solicita que o público compareça vestido de branco. A entrada é franca até 23 horas retirando a cortesia no Sympla, após R$ 20,00, direto na bilheteria da quadra.
Com cerveja gelada e muitos petiscos, a quadra da Tijuca abre seus portões para quem procura samba de qualidade e muita alegria, além de ficar localizada num ambiente de fácil acesso na zona portuária do Rio de Janeiro e próxima à rodoviária Novo Rio e estação do VLT Praia Formosa. Os ingressos poderão ser adquiridos antecipadamente pelo Sympla ou no televendas 21 96492-0940.
A Unidos da Tijuca será a quinta escola a desfilar no domingo de carnaval, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo Especial. A quadra de ensaios é situada na Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo. Há estacionamento amplo no local.
Ensaio Show da Unidos da Tijuca – Pré-Reveillon
Data: 30/12/2023
Horário: 21h
Endereço: Avenida Francisco Bicalho nº 47 – Santo Cristo
Ingressos: Vip até 23 horas retirando a cortesia no site do Sympla – Pista – R$ 20,00 /Mesa – R$ 150,00 (com 4 ingressos)/ Camarote Inferior – R$ 300,00 (com 10 ingressos)/ Camarote Superior – R$ 400,00 (com 10 ingressos) / Pulseira individual para camarote coletivo – R$ 100
Vendas On-line: https://www.sympla.com.br/evento/pre-reveillon-da-unidos-da-tijuca-30-12-2023/2264365
Televendas: 21 96492-0940
Classificação: 18 anos
Inocentes de Belford Roxo focada no trabalho para o Carnaval 2024
No barracão da Inocentes de Belford Roxo os trabalhos de confecção dos carros alegóricos estão a todo vapor. Carpinteiros, ferreiros, escultores de Parintins, mecânicos, eletricistas e aderecistas estão trabalhando direto, incluindo os feriados. Todos comandados pela diretora geral de barracão, Sandra Dinha.

“Nosso trabalho está saindo como planejado, no que se refere ao tempo, graças aos excelentes profissionais que estão conosco nessa missão. Estamos driblando a crise financeira com criatividade e sabedoria, matando um leão por dia. Aqui o trabalho não pára nem no feriado!”, disse Sandra Dinha.
A Inocentes será a quarta agremiação a desfilar, na sexta-feira de carnaval, no Sambódromo, pela Série Ouro da Liga-RJ, com o enredo ”Debret pintou, camelô gritou: Compre 2 leve 3! Tudo para agradar o freguês”, dos carnavalescos Cristiano Bara e Marco Falleiros.
Barracões Acesso 2 SP: Imperatriz da Paulicéia levará ao Anhembi os ritos do maracatu
Exaltar outras manifestações carnavalescas também faz parte do infindável repertório das escolas de sambas para o desenvolvimento de seus desfiles. Seguindo inspirada por elas, a Imperatriz da Paulicéia levará para a Avenida em 2024 “Maracatu, bendito é seu rito”. Assinado pela comissão de carnaval formada por Wagner Miranda, o Bimbo, Deuseni Ignotti e Clayton Kaomi, o enredo reproduzirá no Sambódromo diferentes rituais que compõem o tradicional festejo pernambucano.
A Azul e Branco da Gamelinha pretende continuar no embalo da ótima fase da escola nos últimos anos, campeã dos três principais grupos da UESP de forma consecutiva e com a permanência consolidada no Grupo de Acesso 2. O vice-presidente da Imperatriz, Junior Batata, recebeu o site CARNAVALESCO para uma conversa no barracão e contou detalhes dos preparativos para o desfile.
Desejo antigo enfim realizado
Algumas escolas de samba costumam planejar seus enredos com anos de antecedência, e é o caso da Imperatriz da Paulicéia. De acordo com Junior Batata, enredo para 2024 já constava nos planos da escola há um bom tempo, mas precisou ser adiado por diferentes motivos.

“O Maracatu era para ser o enredo do carnaval de 2022, mas o que aconteceu? Ele está desde 2018, 2019 pronto, junto com o enredo do Ilú (“Ilú Obá de Min – Mãos femininas que tocam tambor!”, enredo campeão do Grupo Especial de Bairros da UESP de 2022). Resolvemos fazer o Ilú primeiro e o Maracatu seria no ano seguinte, só que em 2021 não teve o carnaval e o Ilú se estendeu para 2022. Quando chegou em 2023 nós já tínhamos o enredo da Vila Esperança, que era pertinente porque em 2023 era o centenário do carnaval dela. Não tinha como deixar passar porque todos nós somos nascidos e criados na Vila Esperança. A gente falou: ‘bom, vamos fazer em 2023 o Vila Esperança e em 2024 a gente faz o Maracatu’. A gente está muito feliz porque o enredo é fantástico igual ao do Ilú. São histórias ricas demais, e a gente resolveu fazer agora em 2024, rezando para ninguém ter ideia antes”, revelou o dirigente.
Os ritos do maracatu do baque virado
Além de ser uma manifestação cultural secular carregada de histórias e tradições, o maracatu possui diferentes formas de expressão. Dentre elas, a Imperatriz optou por focar nos ritos do maracatu nação, também conhecido como baque virado. O primeiro deles é o próprio desfile das agremiações do maracatu, que será retratado na parte inicial do a apresentação.
“A Dama do Paço é a comissão de frente, que virá com a Nação Imperatriz que é a gente participando da festa. A escola estará dividida em dois setores com os carros, e no primeiro carro a gente vai explorar muito a parte do maracatu mesmo. Muito colorido, muita alegria, o mais encantador do maracatu. Ele vai vir muito vistoso pela parte alegre, é uma parte de como que é a festa em Recife. A gente vai explorar muito esse lado”, explicou Batata.
A Noite dos Tambores Silenciosos
As alas que virão após o primeiro carro terão o papel equivalente a setorização de um tradicional desfile do baque virado, inspirado nas antigas tradições de cortejos de coroação dos reis e rainhas do Congo. Os segmentos também serão responsáveis por fazer a transição com o segundo setor, que representará o ritual conhecido como Noite dos Tambores Silenciosos.
“A gente virá explorando muito a parte de ancestralidade. Vamos falar do Recife Antigo, das Pombas da Manhã. No próprio enredo quando os tambores silenciam, que eles fazem para a Virgem do Rosário e é quando soltam-se pombas brancas. A gente vai ter alas que vão simbolizar também essa parte do rito para dar uma amenizada no peso. Se você for analisar o rito ele é muito cercado de coisas que realmente não foram legais para a ancestralidade negra. É muito legal a gente explorar também essa parte”, explicou.
Um dos momentos mais simbólicos das festividades carnavalescas relacionadas ao maracatu, a Noite dos Tambores Silenciosos é um ritual ecumênico que ocorre na noite da segunda-feira de carnaval. Após o desfile dos maracatus, essas agremiações se reúnem no Pátio do Terço, em Recife, onde juntos cessam as batidas dos tambores para louvarem a Virgem do Rosário, padroeira dos negros, e fazerem orações na língua iorubá para saudar os ancestrais africanos escravizados durante o período colonial. Esse é um elemento que chamou atenção especial na visão de Batata.
“O que chamou a atenção da gente é a origem. A finalidade de reverenciar a Virgem do Rosário, como é feito toda segunda-feira de carnaval. O fato de os tambores silenciarem à meia-noite. O rito é muito rico e ele é feito sempre no mesmo horário e na mesma data. Conversei até com um amigo um tempo atrás que ele foi para lá e ele se deparou com essa festividade. Ele achou fantástico e eu falei: ‘pô não erramos’. Às vezes você se depara com algumas coisas que te surpreendem. Você fala: ‘caramba, como que eu nunca vi isso?’. A gente começou a pesquisar e realmente a história do maracatu é muito rica”, declarou.
Um desfile dedicado a Clayton Kaomi
Na semana anterior a realização da visita ao barracão, a Imperatriz da Paulicéia se despediu do diretor artístico Clayton Kaomi. Vítima de um mal súbito, Clayton foi um dos responsáveis por assinar o projeto da escola para o carnaval de 2024. Em mensagem póstuma, a presidente Mara Lazarini falou a respeito da importância do diretor para a fase vencedora da Imperatriz.
“O Clayton está na nossa agremiação desde o primeiro dia da nossa gestão e estará nos nossos corações até o último. Fizemos uma singela homenagem para que a comunidade de agora e que chegar saiba o quanto ele é importante para nós”, disse Mara.
Ficha técnica
Enredo: “Maracatu, bendito é seu rito”
Diretor de barracão: Gilson Sousa
Alegorias: 2
Alas: 14
Componentes: 700
Ordem de desfile: Terceira escola a desfilar no dia 3 de fevereiro de 2024 pelo Grupo de Acesso 2