A Liga-SP informou que Cinco setores do Anhembi estão esgotados para os desfiles do Grupo Especial no Carnaval 2024. São eles: A, C, D, E e H. Ainda é possível garantir os ingressos no site do Clube do Ingresso ou nas bilheterias físicas: Shopping Metrô Tatuapé, Carioca Club e Fábrica do Samba.
Foto: José Cordeiro/ SP Turis
O Carnaval SP em 2024 promete muitas novidades. Além de um critério de julgamento totalmente reformulado, com a participação dos artistas envolvidos nos nove quesitos, e a manutenção das iniciativas que têm contribuído para o crescimento do espetáculo — como a antecipação dos desfiles do grupo de Acesso 2, com entrada gratuita, e a promoção de ingressos — a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo conta com parcerias para continuar transformando a experiência do público no sambódromo do Anhembi. Neste novo ciclo, com processos mais colaborativos, a cocriação está em evidência, a começar pela identidade visual, escolhida em concurso aberto para profissionais das comunidades de São Paulo e de todo o Brasil.
Os desfiles das escolas de samba de São Paulo retornam ao Sambódromo do Anhembi nos dias 3, 9, 10, 11 e 17 de fevereiro de 2024. A entrada para assistir às agremiações do grupo de Acesso 2, no sábado, 3 de fevereiro, é gratuita.
A primeira Feijoada Nota 10 do ano de 2024, que acontece neste domingo, dia 7 de janeiro, a partir das 13h, na quadra da Unidos da Tijuca será um espetáculo de samba, cultura e axé. Samba de Caboclo que atualmente é o evento mais disputado da cidade que fecha as portas dos eventos por onde passa, recebe o Grupo Arruda e Samba na Folha para um grande encontro que também faz parte das comemorações dos 92 anos da Unidos da Tijuca.
Foto: Divulgação
As batidas envolventes dos tambores ecoarão pelo local, enquanto o aroma irresistível da tradicional iguaria brasileira irá se misturar com a energia contagiante do nosso povo na aldeia tijucana.
O povo celebrará a tradição e a alegria, dançando ao som dos nossos ritmos. Será uma festa que transcenderá barreiras, unindo pessoas em uma experiência única de celebração da rica cultura carioca e do nosso samba.
A Acadêmicos do Grande Rio abriu 2024 com o pé direito. No primeiro ensaio de rua do ano, realizado na Avenida Brigadeiro Lima e Silva, na noite deste sábado, a agremiação de Duque de Caxias, mais uma vez, mostrou a força da comunidade e o grande desempenho do samba-enredo. Agora, a semanas do desfile, a escola busca acertar pequenos detalhes e promete fazer um grande ensaio técnico no dia 28 de janeiro.
O treino também é o primeiro da temporada que ocorre aos sábados. A diretoria da escola considera importante acompanhar os preparativos do carnaval na Sapucaí e afirma que a mudança visa possibilitar que a agremiação prestigie os ensaios técnicos das coirmãs na Passarela do Samba. Em 2024, a Grande Rio levará para a Avenida o enredo “Nosso destino é ser onça”, dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, e será a quarta escola a desfilar no domingo de carnaval.
Segundo o diretor de carnaval Thiago Monteiro, o ensaio deste sábado destacou o entrosamento entre os quesitos e mostrou que a comunidade abraçou o samba. Para ele, o ‘termômetro’ do treino deu uma resposta positiva para o ensaio técnico e o desfile. Levando em consideração o treino na Sapucaí, a escola terá cerca de quatro ensaios de rua antes do grande dia do desfile.
“Gostei muito desse primeiro ensaio do ano. Como sempre falo, destaca, uma crescente na nossa preparação. É a reta final. Acredito que a escola está chegando no ponto que a gente gostaria. O ensaio técnico do dia 28 vai nos dar algumas respostas e também vai acertar o que precisar. A harmonia mostrou mais uma vez como a comunidade é madura e como ela ‘comprou’ esse samba. A comunidade é o nosso maior foco para que possamos atingir o nosso objetivo. Se ela está feliz e satisfeita, isso é importante para um grande carnaval. Estou satisfeito com o canto e o entrosamento dos quesitos”, afirmou Thiago.
Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO
Mestre-sala e Porta-bandeira
Mais uma vez, responsável por abrir o ensaio de rua, a dupla Daniel Werneck e Taciana Couto deu um show na avenida. Nem o imprevisto com os sapatos da porta-bandeira foi capaz de atrapalhar o desempenho do casal. Ela precisou retirá-los e concluiu parte do ensaio com meias. A ótima conexão entre os dois destaca que, mais uma vez, a dupla vai brigar pelos 30 pontos do quesito. Para o mestre-sala, o primeiro ensaio de rua de 2024 foi um dos melhores do casal.
“A gente conseguiu sentir a energia ainda mais. Acredito que a comunidade já entendeu a mensagem e a importância desse canto. Já começamos o ano com o pé direito. Lógico que ainda temos algumas coisas para colocar ou adaptar, mas já estamos no esqueleto do que queremos levar para a Avenida. Deu para sentir isso”, avaliou Daniel.
Já Taciana conta que o trabalho apresentado se aproxima do que será levado para a Avenida e promete uma excelente apresentação da escola no ensaio técnico. “Foi uma energia incrível. A cada ensaio conseguimos acertar detalhes. A tendência é melhorar até o dia do desfile. Estamos bastante ansiosos para levar esse trabalho para a Avenida. O trabalho da escola, no geral, está nos deixando animados. Acredito que a Grande Rio vai apresentar um trabalho magnífico no ensaio técnico”, analisa a porta-bandeira.
Harmonia
O canto da comunidade tem sido destaque nas análises do CARNAVALESCO e é reflexo de um grande show que o chão da escola dá durante os ensaios de rua. Os componentes mostram-se cada vez mais engajados em defender a força do samba-enredo e cantam a obra por completo. Destaque para a ala 5, que desfilou bastante animada e com o samba na ponta da língua. O entrosamento do carro de som comandado por Evandro Malandro e da bateria do mestre Fafá também não pode passar batido. Clayton Bola, que é um dos membros da comissão de harmonia da Grande Rio, analisou o desempenho do segmento até aqui.
“Era uma expectativa muito boa. Eu, particularmente, gosto muito dos ensaios aos sábados. Sobre a harmonia, sempre acho que tem o que melhorar ou acertar. Sou uma pessoa que me cobro muito e também cobro a galera. A cada dia nós temos que aprimorar alguma coisa. É uma equipe que está junta desde 2018, hoje todo mundo sabe o que fazer e se entende pelo olhar. Acredito que o trabalho da harmonia da escola é algo que vem melhorando a cada ano. Aqui é a nossa Sapucaí e agora vamos com tudo para o ensaio técnico”, avaliou Clayton.
Evolução
O ensaio começou por volta das 21h45 e teve aproximadamente uma hora de duração. Havia alas coreografadas e com adereços de mão. Além da mudança de dia, o treino ocorreu em um trecho mais curto: uma quadra a menos que o habitual. De acordo com o diretor de carnaval, nos primeiros ensaios a escola ensaiava em um percurso superior ao da Sapucaí para compensar a ausência de fantasias e preparar o componente. Agora, com a mudança para o sábado e a poucas semanas do desfile, os ensaios na Avenida Brigadeiro Lima e Silva ocorrem em uma distância similar à da Marquês de Sapucaí. O diretor de carnaval da tricolor de Caxias explica a proposta.
“Aqui não temos alegorias e fantasias, todo mundo está de short ou camiseta e com alguns adereços de mão – que não chegam perto do que será na Avenida. Mas, na nossa filosofia, tentamos incutir no componente a liberdade, para que eles não trabalhem em forma de quartel ou marcha, mas sim soltos, livres, brincando e defendendo o quesito. Nisso a gente tem conseguido uma resposta bacana. O sábado tem uma dificuldade maior de logística na Avenida Brigadeiro, que é uma grande via de Caxias e com comércios importantes na área do nosso desfile. Daí a gente só chega um pouco pra frente – uma quadra depois -, mas não prejudica em nada”, conta Monteiro.
Samba-enredo
Como dito anteriormente, a obra foi abraçada pelos torcedores e por toda a escola. O bom desempenho também é fruto do trabalho entre o carro de som e a bateria. O intérprete Evandro Malandro conta que alguns ajustes estão sendo feitos para o ensaio técnico e ressalta o ótimo clima na comunidade caxiense.
“Tivemos o nosso ensaio de quadra na terça-feira, onde a comunidade já mostrava que queria muito cantar e chegar na Avenida para mostrar. Quem vem na rua sente o clima e a energia da nossa comunidade. Para nós, foi maravilhoso. Estou muito satisfeito com esse primeiro ensaio de rua do ano. Estamos limpando algumas coisas e todo esse ajuste é para a gente chegar na Sapucaí e não precisar ficar acertando detalhes. Queremos desfilar para mostrar o canto da comunidade. É um samba maravilhoso e que vocês vão perceber uma grande apresentação no ensaio técnico”, comenta Evandro.
Outros destaques
Segundo mestre Fafá, a bateria já está encaminhada para o desfile e agora acerta os últimos detalhes. Ele conta que o foco é acertar tudo até o ensaio técnico, para que os últimos dois ensaios de rua tenham o foco de deixar a bateria leve e confiante para a busca dos 30 pontos.
“Hoje ensaiamos com cerca de 50% da bateria. Com os ensaios técnicos, sabemos que tem uma galera que prestigia as escolas do grupo de acesso – e justamente. A escola está fluindo bem a cada vez mais. Testamos algumas coisas e eu e Evandro conversamos muito. A gente ensaia três vezes por semana para deixar tudo perfeito. Tudo que há para ajustar temos que fazer até o ensaio técnico, para que nos últimos dois ensaios a bateria fique confortável para o desfile. Esperamos conseguir, mais uma vez, ajudar a escola com os pontos para que ela possa brigar pelo título”, conta.
A disputa do carnaval de 2024 será, de fato, bastante acirrada. Sambas antes criticados por algumas pessoas, hoje tornaram-se xodós de suas comunidades. Apaixonado por carnaval, o mestre de bateria contou que acompanha os ensaios das coirmãs e acredita que o carnaval está em aberto. Confiante, ele afirma que a Grande Rio tem um dos barracões mais bonitos do carnaval carioca e segue firme na briga pelo título.
“A briga está grande. Vejo que as baterias estão muito boas. Não tem mais esse negócio de pré-carnaval, vai ser decidido lá dentro da Sapucaí. É um passo de cada vez mas, se Deus quiser, iremos chegar. Estamos com uma fantasia extremamente incrível e temos tudo para fazer mais um ano de um grande trabalho. O barracão da Grande Rio é um dos mais bonitos do carnaval e isso empolga a gente cada vez mais. Tenho certeza que a escola vai pulsar bastante no ensaio técnico para que a gente possa se sentir bem para repetir isso no desfile, com os carros alegóricos. Espero que a gente consiga trazer, mais uma vez, o caneco para Caxias”, diz Fafá.
Por Lucas Santos, Guibsom Romão, Maria Clara e Matheus Morais. Fotos de Nelson Malfacini
Fechando a noite de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí da Série Ouro, a Estácio de Sá dominou esta primeira leva de apresentações com bom canto e chão da comunidade, alto rendimento do samba, um dos melhores da safra e com a comissão de frente de Ariadne Lax impressionado o público, além de boa apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira Feliciano Júnior e Thais Romi. Com cerca de 50 minutos de desfile, o Berço do Samba deixou um bom recado de que quer brigar por acesso no carnaval de 2024.
O enredo para o próximo carnaval da Estácio de Sá é “Chão de Devoção: Orgulho Ancestral” e está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Paulo. A ideia é trazer para a Sapucaí o povo preto que disseminou sua cultura e transformou a diáspora africana em solo brasileiro. A arte, religião e dança estarão presentes, conferindo protagonismo ao povo preto e nomeando os heróis e heroínas. Em 2024, o Berço do Samba será a quinta escola a se apresentar na sexta-feira de carnaval.
“Muito bom, é um ensaio, e é para isso que ele serve, pra gente corrigir falhas, aprimorar alguma coisa, e para gente foi muito bom. O treino no campo de jogo é muito bom e a gente tira muito proveito disso. Para mim, tecnicamente foi perfeito. Sempre tem algo para aperfeiçoar, é para ter. Essa é a grande busca, não dá pra gente chegar pronto hoje, vamos ver o que precisa ser melhorado e o trabalho de correção começa amanhã. Vamos desfilar com 2300 a 2500 componentes, não dá pra ser mais do que isso. Tem muita gente querendo e tem poucas vagas. No barracão está tudo dentro do nosso planejamento. Lógico que tem um pouquinho de atraso, que é natural que o tenha, porque a gente tem as nossas dificuldades financeiras que fazem parte do Grupo de Acesso, mas dentro do nosso planejamento, a gente está tranquilo”, explicou Edvaldo Fonseca, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Os bailarinos comandados por Ariadne Lax trouxeram uma coreografia muito intensa, bastante pertinente ao enredo, em alguns momentos até chocante e impressionante , principalmente, quando por exemplo trazia uma cena um pouco mais violenta em que algumas das integrantes eram agredidas por homens representando todo o sofrimento do povo preto na diáspora africana. A indumentária era simples, mas muito bem dentro do enredo, com boa unidade visual e colocação das cores, inclusive. Os componentes incorporaram bem os personagens e os gritos davam um tom ancestral e tribal para a exibição. No fim, a bandeira do Estácio, Berço do Samba, surgia do personagem principal da apresentação como que oferecendo as divindades. Outro ponto alto foram as palmas marcadas no contratempo do samba realizadas pelos bailarinos e a aparição de mulheres claramente representando Vovó Cambinda e Vó Maria Conga.
“Para o primeiro dia de ensaio técnico a gente foi uma loucura de final de ano juntando com festa, início de ano e voltando com 2024 iniciando. Meus bailarinos são incríveis, eu sou muito feliz de ter essa equipe. Eu fiz hoje 50% do que vai ser no dia. Aguardem”, prometeu a coreógrafa Ariadne Lax.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Feliciano Júnior e Thais Romi, agora dançando juntos na Estácio, fizeram uma apresentação de muita qualidade. Vestidos predominantemente de branco em roupas que faziam alusão às religiões de matriz africana, a dupla apostou em uma coreografia buscando em diversos momentos pontuar os trechos do samba nos movimentos corporais. Importante citar a intensidade e a correção dos movimentos como pontos altos da apresentação. Já no refrão final, os passos faziam alusão ao “Vovó Cambinda chama Vó Maria Conga…”, muito emocionante e com beleza estética. Mesmo nos movimentos mais intensos, não se observou nenhum problema com a bandeira que esteve sempre bem esticada, inclusive nas fortes e rápidas “bandeiradas” de Thais. Apresentação de alto nível.
“Para nós, casal, foi bem produtivo, a gente conseguiu mesclar o trabalho que vai ser colocado na avenida, ver como vai ficar o andamento, trouxemos alguns elementos afros, foi bem gostoso, a gente curtiu. Foi nossa primeira experiência juntos, é o primeiro ano da nossa parceria. A fantasia é linda, luxuosa, digna desse pavilhão ancestral”, garantiu o mestre-sala.
“Foi a minha estreia na Estácio, sentir a força desse chão foi muito especial. Conseguimos colocar em prática tudo que a gente propôs, com muito amor, felicidade, respeito e alegria. Eu tô muito feliz, acho que foi uma estreia bem abençoada. O nosso olhar é sempre muito crítico, vamos estudar o que fizemos e vamos ver o que pode melhorar, hoje é o dia de errar. Só posso falar que a fantasia do desfile é linda”, comentou a porta-bandeira.
Harmonia
Comandados por Tiganá e Charles Silva, o carro de som se entendeu muito bem. Conduzindo um samba que é um dos melhores da safra, o trabalho principal da dupla era não atrapalhar o alto rendimento natural da obra. Charles segurava mais na força e explosão do samba, enquanto Tiganá se arriscava em algumas vocalizações. Houve bastante generosidade entre a dupla na condução da música. E com um processo bem desenvolvido no carro de som, no chão a escola mostrou sua força que tantas vezes ajudou em outros tempos quando o samba não era tão bom. Facilitado pela grande qualidade da obra, as alas cantaram com muita força, inclusive setores como comissão de frente, casal, velha-guarda e bateria. Apenas nas alas do final e mais para o fim da pista houve uma pequena queda no rendimento da obra. Nada que preocupe, mas importante solucionar para poder sonhar com voos altos. Boa resposta do público também.
Evolução
A evolução da Estácio se deu de forma muito tranquila e principalmente se valendo do foco no espontâneo. À vontade com o samba, a comunidade mostrou a melhor evolução da noite, com uma escola feliz mas consciente da mensagem que pretende passar com este desfile. Sem correrias ou paradas por muito tempo, com um deslocamento pela Marquês de Sapucaí marcado pela fluidez e cadência, o Berço do Samba não apresentou buracos ou alas emboladas e mostrou a força da comunidade para brigar pelas primeiras posições. A escola apostou em balões de ar para produzir um bonito efeito enquanto ganhava o chão da passarela do samba. Terminou o desfile com calma e com os componentes curtindo ao máximo o samba e a apresentação da agremiação.
Samba-enredo
A obra foi composta por Júlio Alves, Claudio Russo, Magrão do Estácio, Filipe Medrado, Thiago Daniel, Diego Nicolau, Tinga, Dilson Marimba, Guilherme Karraz, Barbara Fonseca, Telmo Augusto e Marquinhos Beija-Flor. O samba é sem dúvidas um dos melhores da safra da Série Ouro deste ano. Forte, intenso, mas também melódico com pontos altos como os dois refrãos que chamam o componente a cantar mais forte. O do meio “Ôôôô… segue o tumbeiros, segue o tumbeiros no mar…”ainda tem um ar mais melodioso que se relaciona muito bem com a letra falando sobre os tumbeiros e todo o sofrimento da travessia dos povos pretos para o Brasil. A escola mostrou grande desenvoltura com a obra e isso se refletiu no canto dos componentes já falado acima. A obra pode impulsionar um grande desfile se tomar pelo o que foi este ensaio técnico.
“Primeiro ensaio técnico nosso, a bateria já vai ensaiando na rua pra esse treino de hoje. Pelo o que a Estácio mostrou aqui hoje, vocês podem esperar muito mais no dia do carnaval no dia do desfile, porque vai ser um show. O entrosamento com a bateria é perfeito, não tem o que dizer”, disse o cantor Tiganá.
“Para mim foi o rendimento perfeito, a gente tem total dimensão que graças a Deus a gente foi abençoado com um dos melhores sambas da safra e agora hoje serviu como um bom treino para gente. Agora é a gente se preparar ainda mais pra ser ainda melhor no desfile. Casamento perfeito com a bateria”, afirmou o intérprete Charles Silva.
Outros destaques
A rainha de bateria Nathalia Hino compareceu ao ensaio com um mais comportado, porém bonito, vestido vermelho, à frente dos ritmistas da bateria Medalha de Ouro comandada por mestre Chuvisco. Nathalia ainda se apresentou um pouco mais contida pois teve bebê a pouco tempo. No esquenta, Tiganá e Charles cantaram “Explode Coração” em homenagem ao intérprete Quinho que faleceu esta semana. Foi um grande momento de catarse em que o público respondeu ao calor da escola. Elegantes, as baianas trouxeram perfumados “galhinhos” de arruda e outras ervas para benzer a escola e quem acompanhava o ensaio da Estácio. Na abertura do desfile, após casal e comissão de frente, a escola trouxe um tripé nas cores da agremiação com proporções volumétricas avantajadas, com destaques e tudo. E os tradicionais passistas da escola, que no desfile de 2023 sofreram sem a fantasia que não chegou, estavam elegantes de vermelho esbanjando samba no pé.
“Eu achei a bateria muito boa, esse ensaio aqui ele é maravilhoso. É onde a gente consegue detectar vários detalhes. Do que foi que funcionou, do que não funcionou e agora é parar com a minha direção de bateria, a gente conversar entre a gente, analisar tudo e ver o que que pode melhorar. É claro que hoje aqui não, a gente não tá 100% ainda, a gente está no meio do caminho de preparação. As novas são complexas e a gente precisa mais de ensaio.Vou intensificar um pouco mais agora, para poder todo mundo fazer tudo com segurança, com firmeza e da forma que tem que ser feita. Já que a gente tá falando de ancestralidade então a gente está colocando os atabaques esse ano e muita coisa em cima deles. Tem aí também um solo de caixa que é o nosso instrumento de característica da escola. Ele é bem grande também e requer muito treino para poder sair tudo limpinho e perfeitinho. A fantasia é tranquila, não vai incomodar nada”, comentou mestre Chuvisco.
Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara e Matheus Morais. Fotos de Nelson Malfacini
O Império da Tijuca foi a terceira escola a pisar na Marquês de Sapucaí na noite de sábado, primeiro dia de ensaios técnicos da Série Ouro para os desfiles de 2024. Com um contingente visivelmente menor em relação aos anos anteriores, a escola do Morro da Formiga realizou um ensaio marcado pela precisão e desempenho da bateria comandada por mestre Jordan e por uma excelente apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira formado por Renan e Lais Lúcia. Por sua vez, a agremiação apresentou falhas em harmonia, com apenas os refrãos sendo cantados de forma mais forte pelos componentes. Até por não ter vindo grande em relação ao número de desfilantes, o Império encerrou seu ensaio em 45 minutos, segurando o ritmo nos minutos finais. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
A verde e branco terá cerca de um mês para se preparar até o desfile oficial. A escola será a segunda a desfilar na sexta de carnaval, 09 de fevereiro, com o enredo “Sou Lia de Itamaracá, cirandando a vida na beira do mar”.
“A gente hoje veio aqui para trabalhar muito o andamento, pelo fato da gente estar sem a quadra. Viemos trabalhar entrada de recuo, módulo. E eu fiquei satisfeito, a gente conseguiu manter um andamento padrão da escola do início ao fim, isso traz confiança pra gente. Sempre tem algo para melhorar, vamos analisar os setores, consertar alguns erros. Mas, quanto a isso, a escola vem bem. Vamos desfilar com 1800 componentes. A gente esse ano sofreu um pouco com essa falta de grana, o dinheiro saiu logo em cima da virada do ano novo. A gente sabia que seria um carnaval apertado, a gente correu antes com o que é mais demorado, que são as fantasias. Nossos carros a gente já iniciou logo após a virada, mas já estava em andamento. As fantasias nós vamos conseguir entregar todas elas agora no final de janeiro, as alegorias vamos estar finalizando tudo na semana, por conta dessa questão do atraso da grana. Estamos sempre acostumados a estarmos sempre adiantados, geralmente vira o ano e o Império da Tijuca já está com 80% do carnaval pronto, mas sofremos o baque do atraso da verba, mas com certeza o Império não vai deixar a desejar e vai trazer um belo carnaval para a avenida”, explicou Luan Teles, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
A comissão comandada pelo coreógrafo Jardel Lemos se apresentou com 14 integrantes, seis homens e oito mulheres, sendo uma representação de Lia de Itamaracá. A apresentação de passagem foi correta, bem sincronizada, com Lia sendo erguida pelos homens que representavam os pescadores da Ilha de Itamaracá. O figurino do grupo deu um toque ainda mais especial ao número, com as saias estampadas gerando um belo efeito.
“Nós estamos muito felizes, cumprimos com o planejado, deu tudo certo tanto a coreografia 1, quanto a coreografia 2 e quanto a 3. No desfile oficial a gente tem uma alegoria, então a gente encaixou hoje a coreografia 2 e 3 porque a gente vem com várias surpresas, convidados especiais na nossa comissão de frente que a gente vai mostrar só no dia e hoje nós fizemos exatamente uma brincadeira. De spoiler a gente tem a nossa alegoria, a gente tem uma participação especial de uma pessoa muito importante que vai homenagear a Lia de Itamaracá e é isso”, revelou o coreógrafo Jardel Lemos.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Renan Oliveira e Lais Lúcia fizeram um ensaio impecável. Com total precisão nos movimentos, postura corporal de extrema elegância e forte entrosamento, os dois alcançaram um desempenho impressionante. Lais mostrou, além de sua técnica, uma energia visceral e um sorriso que não saía de seu rosto. Renan teve a elegância de seus movimentos como destaque. Um grande momento do ensaio do Império e de toda a noite.
“Me diverti com a coreografia e com o samba. Eu amei nosso ensaio técnico, agora vamos avaliar os vídeos e analisar o que dá para mudar, o que dá para tirar, o que vai ficar, pra gente chegar um pouco mais preparado do que hoje no nosso desfile. Estamos testando algumas coisas para saber se vai rolar ou não, quando chega aqui na avenida tudo muda, é bem diferente dos nossos ensaios”, disse a porta-bandeira.
“A gente leva bem a sério o ensaio técnico. Em critério de avaliação, saímos bem felizes da avenida, cumprindo exatamente o que a gente combinou. Esperamos agradar os jurados e se Deus quiser vamos gabaritar e sairmos satisfeitos como saímos hoje”, completou o mestre-sala.
Samba-enredo
A obra musical do Império teve um desempenho sem grande destaque na noite deste sábado. Em termos técnicos, o samba deixa a desejar, principalmente na questão melódica, onde a obra parece não se encontrar. Também por conta disso, apesar da costumeira competência do intérprete Daniel Silva e seu carro de som, composto por várias mulheres, o samba não mostrou o fôlego capaz de sustentar um grande canto da escola durante todo o ensaio. Os dois refrãos tiveram um desempenho mais linear, com o restante do samba passando de forma mais discreta.
“Aqui é sempre um treino com um pouco mais de tempero para a gente saber como está o samba e como está o andamento, se tem que ajustar alguma coisa. Sempre tem até o desfile dá um jeitinho aqui, dá uma pitadinha ali para o tempero da comida no dia do desfile estar impecável. Achei bom, o samba sustentou, a bateria sempre impecável, a escola passou tranquila. Eu estou feliz! Tem muita coisa para melhorar ainda, mas de hoje eu posso dizer que eu estou satisfeito. Foi um ensaio muito bom, tem gente nova no carro de som, não só na parte dos músicos, mas na parte de canto. Hoje foi uma experiência também para saber como vai ficar com todo mundo. É a mesma coisa que eu falei em relação com o samba, ainda tem coisa para acertar, mas até o desfile vai ficar tudo zero bala”, garantiu o intérprete Daniel Silva.
Harmonia
O ponto mais falho do ensaio da escola da Formiga. Excetuando nos refrãos, pouco se ouviu o canto dos componentes, sobretudo na primeira parte, onde inúmeras alas passaram praticamente mudas. Esse desempenho acaba chamando a atenção de forma negativa, ainda mais tendo em vista o que a mesma escola já fez em um passado recente. A ala de passistas foi um destaque positivo no quesito em comparação com as outras alas da agremiação.
Evolução
A evolução do Império da Tijuca não teve maiores sobressaltos, apesar de a escola ter segurado o ritmo nos últimos minutos para não cruzar a chegada de forma muito rápida, pelo reduzido número de componentes. Não foram abertos grandes espaços, e uma ala logo atrás do primeiro setor trouxe seus integrantes evoluindo pelas laterais e meio das alas, fugindo das costumeiras fileiras, dando um pouco mais de vigor à evolução da escola, que no geral foi correta.
Outros destaques
Mestre Jordan é um nome de destaque entre os mestres de bateria da Série Ouro e comandou mais um excelente desempenho da Sinfonia Imperial, com extrema precisão. A bossa executada na segunda parte jogou o samba pra cima antes do refrão principal. A bateria do Império da Tijuca vem em uma crescente muito grande e tem tudo para fazer um grande trabalho no desfile oficial.
“Foi espetacular, graças a Deus, tudo que nós viemos ensaiando durante esses oito meses, fizemos tudo, e deu tudo certo. Você vê pela alegria dos ritmistas no final do desfile, todo mundo vindo falar comigo, me dando os parabéns. Estamos em um bom caminho, a gente vai caminhando devagar. Estamos conseguindo fazer tudo de uma forma legal, onde conseguimos encaixar certinho com o samba. Sempre a gente tem que aperfeiçoar. Às vezes é uma coisinha aqui, uma coisinha ali, a gente nunca está satisfeito como a gente está fazendo. Vamos melhorar mais ainda para quando chegar no dia do desfile, conseguir as três notas dez que é o nosso objetivo. O naipe de chocalho está dando um show. Fazem a dancinha lá no meio da bateria, vem representando a Lia, vieram com vestido longo, parecido com ela e está muito bonito”, garantiu mestre Jordan.
Por Lucas Santos, Guibsom Romão, Maria Clara e Matheus Morais. Fotos de Nelson Malfacini
Segunda escola a pisar na Sapucaí para a realização do ensaio técnico da Série Ouro, o Arranco do Engenho de Dentro viu uma dupla que está iniciando sua trajetória juntos se destacarem. Yuri Souzah e Gislaine Lira fizeram uma apresentação muito singela, forte e receberam uma boa resposta do público. Já o restante do desfile do Arranco deixou um pouco a desejar, principalmente, pelo baixo rendimento do canto da comunidade da tradicional escola da Zona Norte. O samba, uma obra mais melodiosa, também não conseguiu impulsionar um desfile mais alegre da agremiação, ou mais delirante como manda o enredo. Com pouco mais de 50 minutos de ensaio, o Arranco realizou o seu principal treino para o próximo carnaval. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Para 2024, a Azul e Branco da Zona Norte vai trazer o enredo “Nise – reimaginação da loucura”, desenvolvido pelo carnavalesco Nícolas Gonçalves, que busca exaltar a importância de Nise da Silveira e abordar o seu legado para a saúde mental brasileira, de uma forma afetuosa e carnavalizada, dando enfoque à sensibilidade da homenageada diante da imensidão dos mundos da loucura. A agremiação será a terceira escola a pisar na Sapucaí no sábado de carnaval.
“Eu avaliei que a gente ainda tem muito que melhorar, mas como aqui é para treino, então é para isso. O samba foi bem cantado, a evolução temos que trabalhar mais, mas eu acho que a gente está em bom passo. Acho que a escola evoluiu bem, saímos em 52 minutos. Certo que a escola que compacta aqui, não é a mesma que vai para o desfile, por causa dos carros, mas eu acho que a gente ainda tem tempo de concertar as coisas que precisam. A gente vai chegar quase em 1.900/2.000 componentes e isso cortando porque todo mundo quer desfilar”, disse Cosme Márcio, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
Os bailarinos das coreógrafas Suelen Gonçalves e Karen Ramos apresentaram uma coreografia mais parecida com os movimentos preparados para o minidesfile no lançamento oficial do álbum da Liga-RJ na Cidade do Samba em dezembro. A indumentária impressionou um pouco menos do que a utilizada naquele evento também. A coreografia trazia um pouco da loucura que trata o enredo, muito voltada para o delírio, apostando em dança e passos mais marcados, sem nenhum artifício de surpresa ou efeito especial. Um dos pontos altos era quando uma bailarina era erguida pelos componentes. O efeito das saias dos integrantes também foi um ponto positivo do desfile do Arranco.
“O ensaio foi super positivo, viemos super bem, fizemos o que imaginavamos. Foi bem legal, bem bacana, a escola veio bem forte como um todo. Vamos contar a história da Nice e a sua relação com os seus clientes, de uma maneira muito bacana, simples e amorosa, do jeito que ela era”, explicou a coreógrafa Suelen Gonçalves.
“O ensaio técnico é um termômetro para a gente sentir como está a escola e o andamento da comissão de frente em relação à escola. É muito importante a comissão não prender a escola ou correr demais, então hoje foi bem bacana, bem positivo, apesar da gente não ter mostrado o que a gente vai mostrar no dia, obviamente, para não dar spoiler. Mas o andamento é mais ou menos esse, a velocidade e a energia é essa. O que eu posso dizer é que nós estamos preparados para emocionar a Sapucaí, com essa história da Nice (da Silveira, médica psiquiatra e tema do enredo) que mudou todo o método da psiquiatria e transformava a vida dos seus clientes (maneira que Nice se referia aos seus pacientes) através da arte, isso vai emocionar a Sapucaí”, completou Karen Ramos.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal Yuri Souzah e Gislaine Lira, estreando a parceria para o carnaval deste ano, optou por um bailado mais clássico, focando nos passos mais tradicionais do casal de mestre-sala e porta-bandeira. A exceção foi um pequeno passo marcado realizado para entrar na coreografia bem no início da cabeça do samba de forma bastante singela e sincronizada. Ambos estavam com uma indumentária prateada, Yuri ainda possuía um charmoso chapéu. É importante elogiar a postura corporal do casal e a sensualidade principalmente de Gislaine ao ser cortejada pelo mestre-sala. A porta-bandeira também mostrou bastante arrojo e personalidade em seus movimentos. Apresentação muito madura do casal.
“Eu estou emocionada, eu estou aqui tremendo com vontade de chorar. Nosso Arranco tomou a Avenida e foi uma sensação única! Mais uma vez, o Arranco me dando essa sensação incrível de me emocionar ao pisar nesse chão e defender esse pavilhão que eu amo tanto. Eu estou muito feliz com o resultado de hoje e agora é rumo ao nosso desfile. A cada ensaio a gente percebe que pode ser melhor. A gente pensa muito, é uma questão de perfeccionismo né, até o último dia e o último instante a gente sempre pode melhorar mais. Hoje a gente saindo desse desfile vamos revisar e vamos ver mais ou menos e vamos sentir a energia, como é que fica nosso estado físico, lógico que no dia do desfile tem a fantasia, mas tem como a gente fazer uma pré avaliação e planejar o que a gente vai fazer daqui pra frente e da melhor forma porque a gente quer atingir um objetivo maior da escola”, disse a porta-bandeira.
“Foi emocionante, conseguimos exercer todos os nossos combinados, todas as nossas coreografias a gente conseguiu exercer e o que restou para gente é só felicidade, alegria e emoção. A gente veio emocionado do início ao fim e rumo ao carnaval, falta pouquinho e bate aquela ansiedade grande, mas eu sei que no final tudo dá certo. A Arranco está linda, a escola está linda, está grande e é isso daí. A fantasia é segredo, mas estamos totalmente dentro do enredo, já é um spoilerzinho”, completou o mestre-sala.
Harmonia
Conduzido por Thiago Acácio e Pâmela Falcão, o carro de som teve um desempenho satisfatório com a obra, beneficiado também com um equipamento de som melhor que no início da noite de apresentações no Sambódromo. Mas, Thiago e Pamela, também mostraram o entrosamento de sempre e fizeram com que a obra passasse bem, ainda que não tenha mexido tanto com público e componentes, até pela sua característica mais melódica. Já o canto da comunidade começou até positivo, bem nas alas iniciais, mas ao longo do desfile e da escola foi diminuindo. Era possível ver muita gente não cantando ou só cantando os refrões.
“A gente hoje a gente teve essa oportunidade de estar pisando pela primeira vez na Sapucaí com esse samba incrível, o trabalho está sendo feito de uma forma muito linda. Hoje a gente teve alguns pequenos problemas de som, que a gente tem certeza que a gente vai ajustar para o desfile. Conseguimos fazer um trabalho bacana, o desfile rolou até o final, conseguimos trazer uma otimização e é bom que a gente observa as coisas que pode melhorar já para o desfile. O Arranco está fazendo um carnaval lindo, nossa escola veio linda, cantando, nossa bateria ‘Sensação’ está um arraso, estou feliz demais com esse momento”, garantiu Thiago.
“Acho que a gente conseguiu encontrar o tempo certo, o andamento certo. O samba cresceu absurdamente desde a nossa primeira gravação e eu acho que caiu na graça. Na graça dos arranquistas. Um refrão muito fácil, todo mundo explode. Não é à toa que o meu caco que é exatamente esse: ‘Agora, minha escola’ e aí a gente sobe no refrão e vira, não é delírio não”, comentou Pâmela.
O intérprete citou também o entrosamento do carro de som com a bateria. “Esse entrosamento que está muito gostoso porque a gente está curtindo o processo desde o início. As bossas que foram montadas, foram com a gente, junto com os diretores de bateria na quadra, cantando samba. Porque assim, da mesma forma que eu estou estreando, a Pâmela está nesse ano tão especial pra ela, o segundo ano, trazendo enredo, tem muito a ver com ela e com a vivência dela. Mestre Gilmar retornando agora pro Arranco. Essa equipe toda do Arranco é uma galera que está trazendo um sonho muito grande para poder realizar aqui na Sapucaí junto. A gente tá de mão dada pra fazer esse sonho acontecer”.
Evolução
Para uma escola que traz uma importante mensagem, mas ainda assim uma busca pelo delírio, faltou um pouco mais na Sapucaí. Algumas pessoas andavam. Ainda que sem buracos e sem alas emboladas, para uma evolução satisfatória desse desfile, faltou mais alegria ao componente. Sobre as alas coreografadas só se observou o fenômeno em uma que vinha logo depois do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, com pompons na mão, fazendo movimentos que em algum momento todos se uniam ocupando um corredor imaginário mais para o centro da pista. A fluidez do desfile pode ser citada como ponto alto da evolução, a escola demorou pouco parada e sempre se movimentou com fluidez.
Samba-enredo
A obra dos compositores Gegê Fernandes, Negô Vinny, Robson Ramos, Niu Souza, Bello e Dilson Marimba tem um caráter mais melodioso e o andamento desta noite também acabou não conseguindo fazer o desfile explodir. Os refrãos foram os versos mais cantados, principalmente o do meio “No templo da arte, mandalas em cores”. Apesar de não ter impressionado muito o público, o samba teve em Thiago e Pamela um consolo para melhorar o canto até o desfile. Destaque para a melodia bastante funcional da obra que facilitou o aprendizado do público.
Outros destaques
A rainha de bateria Graciele Bracco, a “Chaveirinho” veio vestida com uma malha em tons claros realçando sua beleza. Em seu discurso a presidente Tatiana dos Santos agradeceu pela dedicação de todos os componentes. A dupla de intérpretes fez o grito de guerra em homenagem ao Quinho que faleceu esta semana. O colorido da fantasia e pelo samba no pé das passistas do arranco impressionou. Os meninos também mostraram muita desenvoltura. O samba escolhido para o esquenta foi o de 2009, quando a escola ainda frequentava o Grupo B. As musas e os destaques do chão capricharam no colorido e nos delírios em maquiagens bastante abstratas.
“Melhor que isso eu não poderia pedir, tivemos o andamento que eu queria. No mini desfile, foi um andamento que não era tão confortável para mim, um andamento que eu não estou acostumado a trabalhar. Mas hoje a bateria veio leve, eu pedi para eles virem hoje se divertir. As bossas que nós ensaiamos foram bem executadas, claro que, isso aqui é uma prévia para o desfile, ainda vamos sentar para analisar e discutir, mas no geral, eu posso falar que estou muito feliz com o resultado de hoje. A gente sempre tem o que aperfeiçoar, a gente não pode chegar no ensaio técnico e dizer que estamos prontos, tem que aperfeiçoar, limpar algumas notas que possam ter estado fora, temos que ver o que funcionou e o que não funcionou em bossas. Eu gosto muito do naipe de terceira, o desenho que meu diretor é lindo. Não só ele, eu tenho que falar do encontro do tamborim com o chocalho, o naipe de cuíca, o agogô, no geral, eu estou muito satisfeito. Como eu falei para eles, 100% desse trabalho que vocês viram aqui hoje, eu dedico à minha diretoria. O entrosamento foi perfeito com o carro de som. Hoje eu fiquei muito impressionado em ver como os ensaios que a gente fez lá, funcionaram no dia de hoje”, afirmou mestre Gilmar.
Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara e Matheus Morais. Fotos de Nelson Malfacini
Um dos maiores momentos do carnaval finalmente chegou. Teve início na noite deste sábado, por volta das 19h, na Marquês de Sapucaí, os ensaios técnicos da Série Ouro. Quatro escolas do grupo desfilaram: União do Parque Acari, Arranco do Engenho de Dentro, Império da Tijuca e Estácio de Sá. As agremiações e a Liga-RJ, entidade que organiza o principal Grupo de Acesso, mostraram bastante pontualidade e respeito ao sambista, que compareceu em bom número nos primeiros setores da avenida e foi enchendo as frisas ao longo do evento. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Fotos: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO
A missão de abrir os ensaios da Série Ouro coube ao Parque Acari, que no carnaval do ano passado ficou em segundo lugar no primeiro dia de desfiles da Intendente Magalhães. A escola fará seu primeiro desfile da história na Marquês de Sapucaí, levando o enredo “Ilê-Ayê – 50 anos de luta e resistência”, de autoria do carnavalesco André Tabuquine, para valorizar a cultura afro-brasileira através do cinquentenário do grupo musical. A agremiação não fez feio, mas mostrou que ainda precisa trabalhar seus quesitos se quiser permanecer no grupo de acesso.
“Foi para mim um ensaio muito produtivo, não só para mim como para toda a comunidade, a gente esperava realmente isso, a gente está vindo trabalhando para isso e mostrando que a escola veio e veio pra ficar. É uma coisa que todos almejavam já há muito tempo e agora o sonho se tornou realidade”, disse Xande Ribeiro, diretor de carnaval.
Comandados pelo coreógrafo Valci Pelé, o grupo de bailarinos era formado por homens e mulheres pretos. Os rapazes usavam saias vermelhas e as moças usavam saias amarelas. Elas ainda usavam um top, já eles vinham com o tronco despido. Todos tinham pinturas brancas pelo corpo. O grupo mostrou uma dança bem sincronizada entre os componentes e acompanhando bem o samba, mas sem tanta força e vigor, tendo em vista o teor do enredo. Sempre é bom lembrar que raramente as escolas levam a coreografia oficial para o ensaio técnico.
“Hoje foi um test drive, eu estou na construção da coreografia há um mês e meio. Colocando em pauta o que colocamos na avenida hoje, eu acredito que faltam algumas coisas, limpeza, alinhamento…mas fizemos uma bela apresentação. O bacana da comissão é que ela é toda composta por passistas. São 15, hoje viemos com 14 porque uma pessoa adoeceu, mas iremos vir com 15. Vamos vir com um tripé, ainda está na construção com a galera de Parintins. Mas posso te dizer que virão surpresas, eu garanto! A União do Parque Acari merece, vieram da série prata e hoje estão estreando na Sapucaí. E o bloco Ilê Aiyê que completa 50 anos (tema do enredo) também merece, esse acolhimento e um belo desfile que o nosso carnavalesco André está realizando”, afirmou o coreógrafo Valci Pelé.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Vinicius Jesus e Layne Ribeiro, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, tiveram um bom desempenho no ensaio, mas também podem evoluir até o desfile oficial. A dupla fez uma dança bem tradicional, com alguns movimentos específicos encaixados no samba. O casal parecia ainda um pouco preso, não utilizando tanto o espaço da pista e sem tanta ousadia. O vento também parece ter atrapalhado um pouco a porta-bandeira. Há espaço para melhora da sincronia e força dos movimentos.
“Eu estou muito feliz, a escola vem dando todo o suporte para mim e para minha porta-bandeira. Meu primeiro ano como mestre-sala da União do Parque Acari, estou muito feliz! A Layne já estava e eu cheguei para dar todo suporte para ela também e todo apoio. A gente vem fazendo uma parceria super especial, não tenho o que reclamar, ela vem me dando todo o suporte. As vezes não dá para ensaiar por causa do meu filho, trabalho e faculdade, mas ela vem junto comigo falando ‘não pretinho hoje não, mas amanhã a gente ensaia’ e eu estou muito feliz”, disse o mestre-sala.
“Nossa é uma emoção incrível, eu estou muito feliz! Foi como o Vini falou, eu não ganhei só um parceiro, só um mestre-sala, eu ganhei um irmão e eu acho que isso é muito importante, a parceria se torna mais prazerosa, a gente tem trabalhado muito e eu tenho certeza que vai dar tudo certo se Deus quiser. Olha representando o Bloco Ilê Aiyê que é um bloco emblemático na Bahia, a gente vem trazendo uma grande surpresa”, completou a porta-bandeira.
Samba-enredo
O samba do Parque Acari tem uma pegada bem animada, com pode o enredo, mas não é dos melhores em termos de letra e melodia. Alguns versos são bem batidos e simples. A melodia, embora seja bem “pra cima”, não possui tantas variações. Além disso, o carro de som apresentou problemas durante o ensaio. Em vários momentos era difícil ouvir a voz do intérprete principal Leozinho Nunes. A voz de Tainara Martins, também intérprete oficial, acabou se sobressaindo, em conjunto aos cantores de apoio.
“É a primeira vez que o Parque Acari está na avenida estreando hoje, e a gente tem que agradecer a toda comunidade pelo o trabalho, o desempenho, é difícil chegar aqui, mas a escola está fazendo um bom trabalho, a comunidade veio alegre, veio leve, cantou, é um samba leve e a gente vai está na avenida isso aí ó, levinho. Tudo tem que melhorar sempre, tudo, carro do som, casal, comissão de frente, sempre todos tem que melhorar. Nunca vai está perfeito nada, a gente vai tentar sempre chegar no máximo possível da perfeição para que os jurados entendam, e a gente tenta tirar esse tão sonhado dez, né? E ficar no Grupo de Acesso. Eu já eu já conhecia os meninos (mestres) que eles eram ritmistas da minha antiga agremiação, que eu tenho maior carinho, que é a São Clemente. Já conhecia a bateria, o carro de som, a comunidade, porque eu sou um cara que eu rodo em todas as comunidades, eu vou cantar ali, vou cantar aqui. O entrosamento com a bateria é o melhor possível e só agradecer a minha comunidade do Amarelinho e do Acari”, comentou Leozinho Nunes.
Harmonia
Diretamente impactada pela qualidade e desempenho do samba-enredo, a harmonia do Parque Acari deixou bastante a desejar. O que se viu notou foi um baixo volume de canto dos componentes. Muitos pareciam nem saber o samba por completo. Apenas no refrão principal podia se ouvir um aumento no canto, mas ainda bem longe do que se espera para uma escola que quer permanecer no grupo. Mas é bom lembrar que ainda faltam mais de 30 dias para o desfile oficial e a agremiação pode usar esse tempo para melhorar sua harmonia.
Evolução
Ponto positivo da agremiação no ensaio técnico. O Acari mostrou uma boa organização de seu contingente de desfilantes. A evolução foi bem tranquila na primeira apresentação da escola na Sapucaí. O ritmo foi constante, sem qualquer tipo de lentidão ou correria. Nenhum buraco entre as alas foi notado na pista. Entretanto, um ponto que deve ser melhorado é a animação dos componentes, inclusive tendo em vista a pegada do enredo, que é uma celebração de 50 anos de um grupo afro-brasileiro, o Ilê-Ayê.
Outros destaques
A bateria dos mestres Daniel e Erik foi uma grata surpresa no ensaio técnico. Mostrando que evoluiu bastante, o grupo de ritmistas apresentou uma levada muito propícia para o samba-enredo, além de bossas bem encaixadas no samba que enriqueceram o trabalho. Esse é um quesito que pode ser essencial para a escola no dia do desfile oficial.
“Na minha visão foi bom, mas creio que o calendário foi algo que não favoreceu a gente por conta das festas de fim de ano, ficou tudo muito em cima, foi uma semana de correria. Mas foi bom demais, tô muito feliz com o rendimento da bateria, mas vamos melhorar e correr atrás da perfeição. Aperfeiçoar o geral. A base é essa aí, vamos com essas três bossas, vamos aperfeiçoar e trabalhar, ensaiar para chegar lá. Trabalhar como Leozinho é muito fácil, ele tem uma bagagem enorme. Para a gente que é estreante, trabalhar com um cara que tem experiência deixa tudo mais fácil, ele passa tranquilidade para gente trabalhar. Iremos vir de acordo com a roupa dos ritmistas do bloco Ilê Aiyê, vai ser bem levinha, revelou mestre Daniel Silva”.
“Concordo com o que o Daniel falou, a gente tá muito feliz, mas a gente pode melhorar bastante. Temos mais trabalho pela frente, vamos limpar tudo para que no dia do desfile a gente vir 100%. Ainda estamos encaixando as bossas certinho. Mosso foco é o conjunto da obra, nenhum naipe especial”, completou mestre Erik Castro.