Início Site Página 459

Camisa Verde abre maratona de ensaios técnicos com trabalho coeso em vários segmentos

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Abrindo o sábado de oito ensaios técnicos no Anhembi, o Camisa Verde e Branco fez questão de mostrar a força de um pavilhão nove vezes campeão do carnaval paulistano e a gana de quem retorna ao Grupo Especial após doze anos distante do principal pelotão da folia na cidade de São Paulo. Ao menos dois quesitos tiveram destaque no evento: comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira. Houve, entretanto, um deslize envolvendo outros segmentos da agremiação, que cantará o enredo “Adenla – O Imperador nas terras do Rei”, que será apresentado no primeiro horário da sexta de carnaval (09 de fevereiro).

Comissão de frente

Representando todos os célebres filhos de Oxóssi, orixá protetor do Trevo, o segmento trouxe componentes com camisas brancas e saias/shorts verdes, combinando com as cores da tradicional agremiação. Dois integrantes eram exceções, vestindo apenas saiões verdes. Eles, aliás, tiveram destaque na coreografia – um vindo à frente de todos os outros e, o outro, atrás. Um deles, por sinal, será coroado quando o samba-enredo entra na parte final, em homenagem a Adriano Imperador – ex-centroavante que jogou a Copa do Mundo de 2006 pela Seleção Brasileira.

CamisaVerde et Comissao

Mestre-sala e Porta-bandeira

Mesmo com fortes rajadas de vento, Alex Malbec e Jessika Barbosa souberam sustentar e defender muito bem o pavilhão ao longo de toda a passarela. Muito bem sincronizados, ambos giraram de maneira mais suave que boa parte dos demais casais vistos até aqui – primeiro no sentido horário e, depois, no anti-horário. Vale destacar, também, a ótima sincronização nos movimentos feitos pelos guardiões da dupla.

CamisaVerde et Casal

Sobre o evento, a dupla aprovou do próprio desempenho. “No geral, gostamos. Colocamos em prática tudo que ensaiamos. O vento atrapalhou um pouquinho, mas é normal: são adversidades que fazem parte do processo. No geral, conseguimos cumprir com tudo que a gente esperava”, comentou Jessika. O companheiro aproveitou para destacar como o casal entende o segmento. “Foi tranquilo, fizemos tudo que nós ensaiamos: aquela dança de guardião do pavilhão e condutor, minha preocupação maior é protegê-la e guardar o pavilhão. Fazemos uma dança espontânea e livre: claro que para o jurado tem movimentos específicos que precisam ser feitos, mas, ao longo do desfile, vamos sentir e ver o que vai acontecer”, afirmou Alex.

Perguntado sobre o quanto as reformas no Anhembi impactaram o bailado do casal, Alex fez um comentário com que Jessika concordou. “Ontem nós ensaiamos na chuva e estava bem escorregadio, mesmo de tênis. No seco, porém, está normal”, finalizou.

Harmonia

A cabeça (ou seja, os primeiros segmentos) da escola tiveram excelente canto – com destaque para os dois primeiros setores e para a ala das baianas, inteiras de branco, que vieram à frente do abre-alas. Se não tinham o mesmo desempenho dos dois primeiros setores, os que vieram mais para o final do ensaio técnico não decepcionaram e cantaram, ainda que sem tanta volúpia quanto os já destacados anteriormente.

O segmento foi elogiado por João Victor Ferro, diretor de carnaval do Trevo. “Foi um ensaio proveitoso para caramba! É um horário diferente, a galera não está acostumada a ensaiar às 16h e achei que a escola veio. Todas as alas estavam presentes em cima do contingente de gente que já tinha combinado, então deu certo. Achei que a Harmonia com relação ao canto foi o destaque da escola, estava cantando bem para caramba – mesmo estando na cabeça da escola dava pra perceber. Com relação à Evolução, as coisas também aconteceram. É um trabalho de crescente. Acho que hoje foi vantajoso, está dentro daquilo que a gente estava esperando para o ensaio. Dia 20 vai estar melhor e dia 26 melhor ainda para a gente poder chegar aí no dia nove afinado”, comemorou.

CamisaVerde et Passists

Samba-enredo

Das canções para 2024 mais elogiadas pela comunidade carnavalesca, a obra foi muito bem defendida pelo carro de som da agremiação, comandado por Igor Vianna – cada vez mais à vontade no Trevo, por sinal. A música, além de ser marcada pela comissão de frente, também fez com que todos da escola fizessem coreografias nos refrões de cabeça e do meio.

O próprio Igor Vianna, em entrevista, concordou com a análise. “Na minha humilde opinião, foi um grande reencontro com o Anhembi. Ai as alas cantando, uma escola aparentemente coesa. Agora é ver a análise da Direção de Carnaval e de Harmonia, ver onde podemos melhorar e entrar em ação. O ponto alto foi o clima muito bom, a rapaziada muito emotiva. Um misto de garra e emoção, um clima maravilhoso. Curti muito!”, vaticinou.

Evolução

Além das já citadas coreografias nos regrões, também é importante destacar a energia com que boa parte dos componentes dançou, se entregando completamente ao evento. Foi no quesito, entretanto, que uma falha foi detectada no momento em que a bateria entrou no recuo. Para começar o movimento, os ritmistas, à priori, pararam antes de fazer a entrada, mas o restante da escola seguiu. Um pequeno clarão foi aberto – com alguns diretores e até o tradicionalíssimo pandeirista da bateria pedirem mais atenção das alas que vinham à frente. Até mesmo o componente que estava com uma fita para demarcar o espaço destinado ao carro abre-alas liberava mais do rolo para tentar conter o clarão.

CamisaVerde et Componente1

Outros destaques

Além do já citado pandeirista, Sophia Ferro, rainha de bateria, estava presente à frente dos ritmistas. Mestre Jeyson, diretor da Furiosa, tradicionalíssima bateria da agremiação, comemorou o ensaio dançando na frente dos duzentos ritmistas na Dispersão. O motivo? O resultado final do evento. “Gostei do ensaio técnico! Mas, saindo daqui, vamos pegar o vídeo e analisar, ver os pontos que vamos ter que corrigir e tentar limpar algumas coisas para que no dia 09 de fevereiro esteja tudo pronto”, destacou.

CamisaVerde et RainhaSophia

O diretor de bateria da Furiosa aproveitou para destacar a qualidade do samba-enredo do Camisa Verde e Branco para 2024. “Para trabalhar em um samba que todo mundo elogia é muito mais gostoso e fácil! Quando escolhem o samba que a comunidade quer, como foi nesse ano, a bateria tira onda. Só tem a melhorar e a escola só tem a evoluir bem”, finalizou.

Os staff da agremiação, por sinal, estavam bastante atentos a tudo que acontecia e não se furtavam a cobrar componentes para que eles cantassem e dançassem mais – além de verificar se precisavam de algum tipo de ajuda.

Chuva no Rio! Liesa adia para outra data os ensaios técnicos da Portela e Tijuca na Sapucaí

A Liga Independente das Escolas de Samba, através do presidente Jorge Perlingeiro, informa que, devido às intensas chuvas que têm afetado a cidade do Rio de Janeiro, os ensaios técnicos das escolas de samba Unidos da Tijuca e Portela, originalmente programados para este domingo, serão adiados. Veja abaixo o comunicado.

ensaiotecnico
Entorno do Sambódromo terá diversas vias interditadas para os ensaios técnicos – Foto: Arquivo/Prefeitura do Rio

“Esta decisão é tomada com a máxima responsabilidade, visando a segurança de todos os envolvidos, incluindo participantes, equipe técnica e espectadores.

Estamos trabalhando para definir novas datas para os ensaios, e as informações atualizadas serão divulgadas em breve. Agradecemos a compreensão de todos neste momento e reafirmamos nosso compromisso com a realização de eventos seguros”.

Sacudiu! Debaixo de temporal, Ilha faz grande ensaio e mostra força para buscar o título da Série Ouro

Por Rafael Soares, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes

A União da Ilha do Governador mostrou na noite de sábado, na Marquês de Sapucaí, porque é uma escola de nível do Grupo Especial. A tricolor insulana foi a quarta agremiação do dia a realizar seu ensaio técnico para os desfiles da Série Ouro, que começou por volta das 23h. Já na arrancada do samba-enredo, a escola exibia sua força. E isso ficou ainda mais evidente quando uma chuva torrencial desabou sobre os componentes em plena pista. Mesmo em condições adversas, a comunidade cantou a obra musical com muita animação e volume. O experiente intérprete Nêgo conduziu o samba com sua maestria costumeira. Além disso, a bateria de mestre Marcelo teve uma ótima atuação, impondo um andamento que permitiu com que os integrantes brincassem bastante na avenida. Destaque também para o casal de mestre-sala e porta-bandeira Thiaguinho e Amanda, que deram um show de bailado e irreverência. Assim como a comissão de frente liderada por Márcio Moura, que mostrou um número com muita dança e sincronia, mesmo na pista molhada. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

A azul, vermelho e branco será a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro. A Ilha levará para a avenida o enredo “Doum e Amora: Crianças para transformar o mundo!”, de autoria do carnavalesco Cahê Rodrigues, que abordará a luta antirracista sob o olhar de crianças pretas.

“Muito molhado, mas de alma lavada. Não estou molhado de chuva, estou molhado de alma lavada. Porque é muito difícil acordar de manhã e ver o tempo desse jeito, ficar na dúvida do que a gente vai encontrar aqui. Mas, dúvida eu não tenho mais, não. Eu tenho uma grande escola, grande bateria, grande comunidade, meu casal, minha comissão de frente, minha harmonia. E um presidente que luta muito para botar essa escola digna da avenida. Só que eu vou dizer, a gente veio digna para brigar pelo título. E hoje a gente provou embaixo d’água. E a gente vai provar sábado, debaixo de lua, que a gente pode ser campeão desse carnaval. Acho que tem poucas coisas para ajustar, até porque faltam 20 e poucos dias. Sempre tem alguma coisa para ajustar, mas a escola já tem o cheiro de briga produtiva. A Ilha vem com 1400 componentes, de chão e carro, certinha, correta, nem muito, nem pouco, respeitando sempre o regulamento, mas vem grandiosa na vontade de ser campeã”, explicou Dudu Falcão, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Comandada por Márcio Moura, a comissão de frente da Ilha não deu importância para a pista bastante molhada pela chuva. O grupo de bailarinos estava vestido como se fossem crianças e com os rostos pintados de várias cores. Todos eles vestiam calças coloridas e camisas brancas com personalidades pretas estampadas, como Zumbi, Dandara, Mandela, Marielle, entre outros. Eles mostraram muita energia e animação em todo o número, além de bastante irreverência, em uma coreografia que alternava momentos em que todos interagiam e momentos em que se dividiam em subgrupos. No final da apresentação, o grupo se reunia e deixava uma das integrantes bem em destaque no centro da roda.

ilha et24 4

“A chuva faz parte do processo. É difícil ensaiar com chuva, principalmente, comissão de frente que tem que trazer quesitos, tem que trazer surpresas, coisas que a chuva impossibilita, porque o que a gente pensa para o dia do desfile está preparado para chuva e para o ensaio técnico não, porque o investimento é um pouco menor, mas a gente entendeu o andamento, entendemos a relação de público com a nossa distância, parte técnica, afinal de contas, ainda é o ensaio técnico e a galera está cantando muito mesmo embaixo dessa chuva. A comissão vem para fazer a representatividade real de que crianças pretas com todo o apoio, a presença de paz do estado, com toda essa presença, ela pode se transformar em alguém de fato, que ela não precisa passar o que passa. Falaram para gente em outros momentos que as crianças pretas não tinham líderes crianças pretas. Óbvio, essas crianças têm que estar na rua para arrumar comida para gente de casa, elas se transformam em adultos e só quando são adultos que sofreram o que sofreram quando são crianças que pensam em mudar a realidade dessas crianças. Acho que a comissão vem dando esse olhar no dia, essa representatividade”, contou o coreógrafo.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da União da Ilha, Thiaguinho e Amanda, fizeram uma excelente apresentação, mesmo sob forte chuva e vento. Ele estava vestido como se fosse uma criança e ela representava uma joaninha. Mostrando muita graça e leveza, os dois bailaram com bastante técnica. Utilizando um bom espaço da pista, eles realizaram uma dança clássica mesclada com passos coreografados de acordo com o samba. Sempre com muitos sorrisos, trocas de olhares e interações. Ao final, o mestre-sala mostrou irreverência ao brincar com um carrinho que levou para a pista.

ilha et24 8

“Foi leve e divertido como a gente esperava. O fator chuva foi bom para nos preparar. A gente vem ensaiando sem parar, não tivemos férias, então é justamente para isso, chegar aqui e sentir o corpo e a mente pronta para dançar, então fizemos o melhor que poderíamos fazer, executando a coreografia completa, mas não finalizada. Como a coreografia não é oficial, já temos certeza do que iremos descartar dela para o desfile. Mas agora vamos trabalhar em cima daquilo que não era oficial, mas iremos trazer para a avenida”, comentou a porta-bandeira.

“Foi perfeito, mais perfeito que isso, só se não estivesse chovendo. Foi o melhor que pôde acontecer, dentro das circunstâncias de hoje, a pista encharcada, escorregadia e a bandeira super pesada na mão da Amanda, a gente fez um trabalho lindo. Eu nunca tinha ensaiado com chuva, mas como é um ensaio técnico, acredito que todas as escolas deveria ensaiar com som. Dessa vez eu notei que com chuva o som da bateria fica muito mais distante da gente, causando um delay. Seria bacana que todas as escolas pudessem ter um som só para ela”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

Apesar de gerar dúvidas em algumas pessoas até o dia do ensaio, o samba da Ilha teve um ótimo rendimento na noite de sábado. Mesmo contando com passagens mais simples, como o refrão principal, a obra musical demonstrou a força que o enredo pede. O refrão de meio é um grande acerto, sendo muito gostoso de cantar. A melodia tem variações bem interessantes, deixando a obra bem versátil. Somado a tudo isso, a segura e potente atuação do intérprete Nêgo impulsionou ainda mais o desempenho do samba-enredo.

Harmonia

A comunidade da Ilha do Governador deu uma aula de canto na Sapucaí mesmo debaixo de uma tempestade. Todas as alas da escola passaram entoando a obra musical com bastante volume. Não se percebeu ninguém que não soubesse cantar. Os dois refrões e a parte em que Doum e Amora são citados foram pontos altos. O quesito foi um grande destaque do ensaio. Se mantiver ou até aumentar o nível, a Ilha deve levar a nota máxima com tranquilidade no desfile oficial.

ilha et24 26

“O samba rendeu muito. A harmonia funcionou muito bem. A bateria muito bem. Carro de som maravilhoso. Violão, cavaquinho. E todos se empenharam o máximo para a gente fazer um grande trabalho aqui na Marquês de Sapucaí. Eu tenho certeza que a Ilha vai brigar pela ponta. Nós estamos bem preparados para fazer um grande desfile. Muito obrigado ao presidente Ney Filardi e toda a sua diretoria que depositou toda a confiança nesse crioulo. Muito obrigado por tudo. Muito obrigado a todo o povo da Ilha que confiou no nosso trabalho. Muito obrigado mesmo de coração. Foi maravilhoso. Mesmo com chuva, o povo abraçou, cantou o samba. E eu fico muito feliz com isso. Primeiro a escola de samba tem que ter garra, e a Ilha tem garra, tem vontade de ganhar. É isso que eu preciso de uma escola que tem garra, uma escola que tem força para poder superar todas as situações, isso é muito importante, todos estão de parabéns, a Ilha do Governador é maravilhosa. O nosso povo canta mesmo com vontade”, afirmou o intérprete Nêgo.

Evolução

Mais um quesito defendido com excelência pela tricolor insulana. O ritmo de desfile utilizado se mostrou perfeito, fazendo com que a escola brincasse bastante, com muita animação e energia. Não foi aberto qualquer tipo de buraco entre suas alas, além de não se notar aceleração ou lentidão. Um conjunto de desfilantes leve e feliz, exibindo muita satisfação com o enredo e com o samba.

ilha et24 36

Outros destaques

A bateria comandada por mestre Marcelo fez uma grande apresentação no ensaio técnico. Mostrando um peso bem característico, os ritmistas tocaram em um andamento muito propício para o seu samba-enredo. Além disso, exibiram bossas de qualidade e bem encaixadas na obra musical, impulsionando ainda mais o desempenho da escola na avenida.

“Muito feliz com esse desafio de ensaiar, que é um ensaio importante, debaixo de uma chuva dessa e a bateria se comportar do jeito que se comportou, só tenho que agradecer a essa rapaziada. Hoje, sem modéstia nenhuma, a bateria da ilha conseguiria tirar a nota 10 mesmo com toda essa chuva. Foi um dilúvio e a bateria se comportou super bem, afinação, andamento, bossas, rapaziada, parabéns, muito feliz, de verdade. O Nêgo tem que respeitar, quando chega aqui, ele bota toda a bagagem que ele tem, coloca nas costas e canta muito. Em todo o nosso andamento, nosso entrosamento com o Nêgo, o carro de sol e a bateria, foi o melhor possível e hoje todo mundo viu aí que o que promete é ainda ser melhor no sábado de carnaval, dia 10 de fevereiro”, garantiu mestre Marcelo Santos.

Bateria e desempenho do carro de som são destaques da Bangu em ensaio marcado pelo canto irregular da comunidade

Por Raphael Lacerda, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes

A Unidos de Bangu foi a terceira escola a entrar na Marquês de Sapucaí no segundo sábado de ensaios técnicos da Série Ouro. Impactada pelas fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Rio, a agremiação pisou na Passarela do Samba com um contingente reduzido, afetando o canto da comunidade. A apresentação da comissão de frente e o desempenho do carro de som e da bateria foram os destaques do treino. Neste ano, a escola de samba vai levar para a Avenida o enredo “Jorge da Capadócia”, do carnavalesco Robson Goulart, e será a sétima agremiação a desfilar no sábado de carnaval. Agora, a equipe da Zona Oeste terá cerca de três semanas para se acertar e levar uma boa apresentação para a Passarela do Samba. * VEJA FOTOS DO ENSAIO

“Foi um ensaio atípico. Porque o que está acontecendo lá em Bangu agora, com várias casas alagadas, dificuldade, o trânsito difícil, ficaram muitas pessoas fora do ensaio por conta disso, mas mesmo assim, a gente fez um ensaio compacto. Eu acho que a marca da Bangu é essa, essa ousadia, a gente cai para dentro mesmo, a gente gosta de dar esse show, eu acho que foi proveitoso, eu acho que a gente mostrou um pouquinho do que a gente pode fazer no desfile oficial. Hoje foi um ensaio que eu não posso nem buscar defeitos. As pessoas que chegaram aqui chegaram com uma dificuldade descomunal. São guerreiros que vieram e chegaram aqui após quatro, cinco horas no trânsito. Porque a nossa concentração foi marcada para às 17 horas. Eu não posso nem avaliar nada de maneira negativa. Eu só avalio positivamente a garra do povo de Bangu”, explicou Marcelo do Rap, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

Comandada pelo coreógrafo Fabio Costa, a comissão de frente de Bangu contou com 14 bailarinos e foi marcada por uma coreografia bem sincronizada, com muitas expressões corporais e bastante garra. Mesmo com a chuva, a comissão conseguiu cumprir seu papel e realizou uma boa apresentação.

bangu et24 9

“A análise é a melhor possível, porque acho que com chuva, muita chuva até, vento frio e os meninos conseguiram manter a energia de sempre, conseguiram manter o canto, a vibração. A galera está de parabéns. A gente deixou uma surpresinha guardada para o desfile, mas assim, o deslocamento, a coreografia do deslocamento a gente testou a oficial. Só a coreografia de frente da cabine que tem algumas movimentações diferentes do dia do desfile. O spoiler que eu vou dar da comissão é que vai ter muita fé. A galera acho que pode esperar uma coisa legal”, garantiu o coreógrafo Fábio Costa.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O primeiro casal da agremiação, formado por Jorge Vinicius e Veronika Lyma, apostou em uma linda roupa azul e vermelha. O mestre-sala usou uma espada como adereço de mão em referência a São Jorge. Apesar da elegância e experiência do casal, eles foram diretamente afetados pela chuva e os fortes ventos, que não cessaram durante todo o desfile. Ainda no primeiro módulo, a dupla conseguiu superar as adversidades e fez uma boa apresentação. Já no segundo, o vento ainda mais forte impactou a apresentação do pavilhão, infelizmente, a bandeira chegou a enrolar.

bangu et24 12

“Foi um ensaio maravilhoso, gratidão por esse ensaio. Porque o ensaio é assim, com lutas, com chuva, com vento, é um ensaio que só vem aprimorar a nossa dança, porque a gente se acostuma e aí a gente fica preparado e hábil, para o que pode acontecer no dia do desfile. A gente está ensaiando há meses o sincronismo. Pôde ver que o nosso ensaio está surtindo efeito, resultado, porque com toda dificuldade que a gente pegou de vento, chuva, o chão escorregando, a gente viu hoje que a gente está no caminho. A gente vem representando São Jorge, igual a Bangu inteira que vem de São Jorge. Sobre a cor vamos deixar no ar, na imaginação do povo. Cada um tem São Jorge, uns como azul, devido a Ogum, para outros São Jorge é vermelho, então vamos deixar na imaginação de vocês”, disse a porta-bandeira.

“Para mim, é uma experiência inesquecível, dançar na chuva ao lado dessa deusa maravilhosa que é a minha porta-bandeira e pegar mais um pouco de experiência com ela. Juntos, nós estamos fortes. Acho que isso foi uma nota máxima para mim, para que eu possa me aprimorar. Ensaiando na chuva, a gente já pega a resistência e vamos juntos. Ninguém solta mão de ninguém”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

Mesmo com o brilhantismo do intérprete Igor Vianna – um dos destaques da escola no ensaio técnico – com a companheira Pipa Brasey, o samba assinado pelos compositores Tem-Tem Jr, Dudu Senna, Marcelinho Santos, Jefferson Oliveira, Rafael Ribeiro, Ronie Oliveira, Cândido Bigarin, Binho Percussão VR, Jorginho Via 13, Juca, Renan Diniz e Denis Moares não teve um grande rendimento na Avenida. Por sua vez, a obra tem a força e a potência que o enredo pede, mas não funcionou neste primeiro teste na Sapucaí. Destacar que após cantar em São Paulo, no fim da tarde de sábado, Igor voltou para o Rio e conseguiu fazer uma grande condução, carregando a escola durante o desfile.

bangu et24 31

“Na minha opinião, o samba rendeu muito bem, muito bem mesmo. Hoje foi o nosso primeiro encontro com a minha dupla, a Pipa, e eu não tinha preocupação porque eu conheço o trabalho dela, e a gente, o carro do som, só tenho a agradecer a minha rapaziada, foi ótimo. Sempre tem algumas coisas a colocar no lugar, mas a gente tem tempo hábil pra isso e vamos fazer isso. Vai dar tudo certo no dia do desfile”, comentou Igor Vianna.

“Olha, eu achei que foi muito bom, o pessoal está cantando muito bem, nossa bateria está afinadissima, eu acho que promete muito no desfile de fevereiro. A gente está muito unido, esperançoso, motivado, vai ser maravilhoso. A gente tem que manter isso, manter essa vontade de vencer”, completou Pipa Brasey.

Harmonia

O ponto mais falho da Vermelho e Branco neste ensaio técnico. O canto irregular surpreendeu negativamente, já que a escola realizou grandes apresentações neste pré-carnaval. No mini desfile da Cidade do Samba, por exemplo, Bangu cantou forte e teve um bom desempenho harmônico. Neste sábado, as primeiras alas eram as que menos cantavam e alguns dos componentes entoavam apenas alguns trechos do samba, como o refrão. A Unidos de Bangu vai precisar redobrar o trabalho no segmento durante as próximas semanas que antecedem o carnaval.

Evolução

A agremiação foi para a Marquês de Sapucaí com um número reduzido de componentes devido a chuva que atingiu toda cidade do Rio de Janeiro. Ainda no início do ensaio, o carro de som informou que o bairro de Bangu era castigado pelo temporal. Segundo o Sistema Alerta Rio, por volta das 19h, a região foi uma das mais afetadas. Como resultado, a escola foi uma das mais impactadas neste segundo dia de ensaios da Série Ouro. Apesar do quantitativo reduzido, não foram abertos grandes espaços.

Outros destaques

Destaque para a bateria da Unidos de Bangu. Conhecida como “Caldeirão da Zona Oeste”, os ritmistas fizeram jus ao apelido e mostraram que vai brigar, mais uma vez, pelos 40 pontos do quesito. Comandados por mestre Laion, eels deram um show na Avenida e foram um dos pontos altos do desfile. A jovem Wenny Isa, rainha de bateria, chegou em um tripé que representava São Jorge. Totalmente adaptada ao carnaval, ela tira onda na Avenida.

bangu et24 3

“Me sinto realizado por essa noite, mas uma noite chuvosa que não é fácil para ninguém. Mas acho que, independente das adversidades que tivemos, realizamos um grande ensaio. Estou muito feliz mesmo com o que a bateria ‘Caldeirão da Zona Oeste’ apresentou aqui hoje. Acho que demos um passo muito a frente para o que a gente vai apresentar no dia oficial. O ensaio é para errar e acertar. Hoje não deixa de ser um técnico, um pré-oficial, só que no desfile é tudo ou nada. Agora, acho que é poucos detalhes que temos para acertar. A bateria vem de duas cores. O público que estiver assistindo vai associar a Ogum e São Jorge, mas o tema é sobre as cavalhadas, batalhas que tem no norte do país. E dentro do nosso samba eu vou fazer uma brincadeira com o pagode. Acho que no dia de São Jorge tem o verdadeiro pagode e com isso vou fazer uma festa que só vai parar na quarta-feira de cinzas”, prometeu mestre Laion.

Atuação do carro de som e performance do samba são destaques no ensaio da Niterói; canto da escola foi irregular

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes

A Acadêmicos de Niterói foi a segunda escola a pisar na pista da Marquês de Sapucaí no
sábado, e fez um ensaio regular. A agremiação da “Cidade Sorriso” apresentou uma evolução com dificuldade em seu início e com algumas alas bem espaçadas entre si, além de um canto que não foi forte em sua totalidade, sobretudo, na segunda metade da escola. O samba da azul e branco se destacou durante a apresentação, se mostrando envolvente e tendo suas qualidades evidenciadas pela competente condução do intérprete Tuninho Junior, estreante na escola. No primeiro dia de desfiles da Série Ouro, sexta 09 de fevereiro, a escola será a sétima escola a desfilar trazendo “Catopês – Um Céu de Fitas”.

* VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“Este ensaio é o resultado de todos os nossos ensaios na quadra e na Amaral Peixoto. Hoje a gente provou que conseguimos o resultado de tudo que a gente queria e que a escola está preparada para o dia 9 de fevereiro fazer o melhor possível nesse desfile. Agora, a gente vai estudar mais o canto, vamos conseguir chegar no ponto ideal de canto e evolução da escola. Mas o que a gente fez hoje é quase o ponto que desejamos chegar nesses quesitos que falei. A Acadêmicos de Niterói vai surpreender. O ateliê está adiantado. As fantasias já estão finalizando, pouquíssimas alas que ainda estão saindo do processo de costura. Nosso barracão está a mil por hora. Estamos já com bastante coisa pronta e embalada já para o nosso desfile”, disse Ygor Silva, diretor de carnaval.

Comissão de frente

A comissão, coreografada por Fábio Batista, veio vestida como os catopês com suas roupas
de fitas penduradas e apostou em movimentos mais teatrais. Obteve um bom efeito, apesar de pequenos descompassos de sincronia na altura da segunda cabine; no geral, a comissão fez uma apresentação correta.

niteroi et24 8

“Foi um grande teste, chovendo o tempo todo, a gente tinha feito coisas que tinham uma certa agilidade, tivemos que diminuir um pouco a pressão, porque eles estão com o pé no chão, a pista é um pouco escorregadinha, mas foi uma execução maravilhosa. A gente tem um elemento alegórico, então, não conseguimos fazer tudo aquilo que necessariamente a gente poderia fazer aqui, porque tem muita coisa que está em deslocamento. Trouxemos uma coreografia mesclando o que era especialmente para o deslocamento aqui na Marquês, mas também coisas que a gente quis trazer para alegrar o público também”, contou o coreógrafo Fábio Batista.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Os irmãos Vinicius e Jack Pessanha mostraram todo entrosamento na apresentação. Apesar da chuva que apertou em alguns momentos do ensaio, eles tiveram bastante sintonia, com algumas coreografias em cima da letra do samba e souberam driblar a chuva com garra e firmeza, principalmente, a porta-bandeira que teve um ótimo desempenho em seus movimentos.

niteroi et24 11

“O ensaio foi ótimo, mesmo com a chuva, já que no dia do desfile, se estiver chovendo, nós temos que entrar igual, com garra e dando o nosso melhor, então para mim foi perfeito”, disse a porta-bandeira.

“A gente fez um ótimo desfile, o ensaio técnico está aí para mostrar as adversidades que podem acontecer no desfile. Então, eu acredito que fizemos um bom trabalho hoje. Sempre fica algo para melhorar, eu sou muito crítico com o meu trabalho, sempre quero aperfeiçoar e melhorar alguma coisa. A gente vai sentar amanhã e conversar para ver o que foi bom e o que não foi bom”, completou o mestre-sala.

Samba-enredo

O ponto alto da apresentação da agremiação de Niterói. Um samba que fluiu sem mostrar
cansaço durante todo o ensaio, de forma linear e com um belo refrão de cabeça, pontos de
destaque ressaltados pelo excelente desempenho de Tuninho Junior, que sustentou o
samba com força do início ao fim do ensaio.

niteroi et24 27

“Rendimento muito bom alegre valente até o final empolgando ainda mais no refrão. Melhorar temos que melhorar sempre pois cada ensaio é um desfile, mas estamos no caminho certo para o dia 9 de fevereiro. Carro de som e bateria foi ótimo na minha opinião, uma cadência muito boa. Mestre Demétrius e seus ritmistas sem deixar cair. Muito gostoso de cantar e de ouvir também, o carro de som me dando total apoio pra que eu possa ficar tranquilo pra fazer as viradas do samba! Entrosamento ótimo”, citou o cantor.

Evolução

Niterói não teve uma evolução perfeita. A escola demorou para avançar na pista em seu
início e foi tomando a avenida sem mostrar muita empolgação; do meio pra parte final do
ensaio o ritmo de evolução melhorou. Porém, algumas alas desfilaram muito espaçadas,
com os componentes distantes entre si.

niteroi et24 29

Harmonia

As primeiras alas da escola de Niterói apresentaram um canto razoável, mas com
crescimento no refrão de cabeça; outros trechos do samba não tiveram um grande canto
por parte dos componentes em nenhum momento do ensaio. As alas que vieram após a
bateria pecaram ainda mais no quesito, cantando pouco também o refrão principal e
fechando de uma forma morna o ensaio da agremiação.

Outros Destaques

Mestre Demétrius segue mostrando sua competência no comando da bateria da Acadêmicos de Niterói. Com boas bossas e excelente afinação, os ritmistas contribuíram para que o samba fosse o destaque do ensaio da azul e branco.

“Apesar de muita chuva, foi muito bom, deu para aproveitar bastante o ensaio de hoje. As paradinhas estão bem firmes, o andamento, agora é só terminar os ensaios e aguardar o dia do desfile. A fantasia é surpresa, aí tem que aguardar mais um pouquinho”, fez mistério o mestre Demétrius.

União de Maricá faz seu primeiro ensaio técnico na Sapucaí e mostra samba na ponta da língua dos componentes

Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes 

A União de Maricá abriu a noite de ensaios de sábado debaixo de uma insistente chuva e
com bastante empolgação, vista no canto forte da escola durante todo o tempo na pista. O
samba foi cantado com força pelos componentes em todas as suas passagens, com uma
ótima sustentação em todos os momentos da obra, principalmente, no refrão principal “Maricá é meu país, meu país é Maricá”. A evolução animada e redonda também foi um destaque do ensaio, mesmo com a pista escorregadia pela chuva que não parou de cair em toda a apresentação da escola. Estreante na Série Ouro, a União de Maricá desfilará na sexta de carnaval, dia 09 de fevereiro, sendo a sexta escola a desfilar com o enredo “O Esperançar do Poeta”. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“A avaliação é a melhor possível. A galera cantando muito. Porque a gente já sabe o que está acontecendo lá em Maricá. Que o pessoal aqui do Rio não vai ter essa noção do que tem acontecido lá. Mas é muito emocionante você ver uma comunidade nova, uma prefeitura que enxerga o carnaval como um vetor de mudança social na vida das pessoas, através da educação, através da saúde, através de tudo de bom que o carnaval pode proporcionar. A União de Maricá não vai ser só investimento num grande desfile da parte plástica. Isso aqui (o ensaio) é importante. Para disputar com o Império Serrano, União da Ilha, Estácio de Sá, a gente precisa disso aqui. A gente precisa de chão. E a Maricá tem chão também, mostrou isso aqui hoje. Do ponto de vista de evolução, de produção, de canto, a gente vai ficar sempre cobrando um pouco mais, mas a gente já está perto do que a gente quer para o desfile. É muito uma questão de comunicação, coisas internas mesmo na equipe, entendeu? Mas, no ponto de vista do ensaio, saio mega feliz, foi super positivo”, explicou Wilsinho Alves, diretor de carnaval. Ele revelou que a escola desfilará com 1800 componentes.

marica et24 30

Comissão de frente

A comissão de frente, comandada por Patrick Carvalho, veio com seus integrantes vestidos de malandros da rua, mais pop com calça jeans, cordões e uma criança representando a conhecida figura do malandro sambista, neste caso, uma alusão ao compositor Paulinho Guará. Mesclando passos de charme e samba, a comissão mostrou uma boa dança e obteve comunicação com o público.

marica et24 5

“Acho que hoje foi para lavar mesmo. Eu estava precisando dessa chuva. Pressão, muito trabalho, Maricá e Salgueiro. Dois projetos grandiosos, muito grandiosos. Duas escolas que não economizaram no investimento das minhas ideias. E, falando de Maricá, parece que eu já estou na escola há dez anos, eu estou muito feliz. É um time de profissionais. Acho que a gente vai trazer uma comissão de frente nível especial no Grupo de Acesso. É uma composição de samba, é uma pegada de samba. Essa comissão de frente, eu escrevi ela com muito carinho. Me inspirei na minha história, porque eu sou esse cara que nasci na comunidade do Cantagalo e a minha vivência foi nos becos e vielas. A minha dança tem a assinatura das vielas do meu humor e a comissão vai ter isso”, revelou o coreógrafo Patrick Carvalho.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A pista bem molhada e o vento foram obstáculos para uma apresentação mais solta do casal Fabricio e Giovanna, sobretudo, na altura da primeira cabine. Porém, eles usaram a experiência para conseguirem uma atuação segura mesmo sem o cenário ideal. Na segunda cabine o casal teve um desempenho mais confortável.

“A gente aproveitou que choveu e aí lapidamos os movimentos, sem correria, até porque estava escorregando muito. Com os movimentos bem colocados, tudo bateu no tempo certinho, os movimentos corretos e tudo mais. Só falta só a pegada do dia, que aí, com o terreno seco, a gente espera que possa estar mais fácil para a gente. avaliamos alguns gestos que a gente pode aumentar ou diminuir, esse tipo de coisa. Mas é praticamente só ajuste mesmo. A nossa fantasia propícia para que a gente possa fazer uma boa evolução, uma evolução forte, uma fantasia leve. E a gente espera isso, que seja bastante leve no dia, para que a gente possa evoluir da maneira que se precisa”, disse o mestre-sala.

marica et24 8

“Para mim, foi excelente, até porque com chuva o brilho não é o mesmo, fica tudo muito apagado, nós fomos com a nossa raça, com a nossa alegria e correu exatamente do jeito que nós queríamos. Nós ensaiamos com chuva na São Clemente. Há uns três ou quatro anos. A gente pegou um dilúvio que a água vinha quase até o joelho. E nós viemos também no mesmo esquema, com calma, assim tudo foi tranquilo. Nosso grande medo no ensaio com chuva, há poucos dias do desfile, é cair e se machucar. Eu falei para ela, calma, sem correria, colocação de posição. Eu sou muito eufórica, mas a coisa corre e fica perigoso. A fantasia de 2024 é segredo, mas adianto que é o jeito que eu adoro. E posso dar uma dica, vou vir com faisão”, emendou Giovanna.

Harmonia

O canto foi o grande destaque do ensaio da União de Maricá. Foram poucos os
componentes que deixavam de cantar algum trecho do samba. Todas as partes eram
entoadas em uníssono, mostrando uma escola totalmente azeitada neste quesito. No refrão
principal o já forte canto explodia, sobretudo no trecho que inflama mais os componentes,
“Maricá é meu país, meu país é Maricá”.

marica mini 20

“Posso dizer que está tudo encaixadinho, porque eu, Mateus e toda ala musical, juntamente com a bateria, o mestre Paulinho Esteves, a gente vem trabalhando muito. Incansavelmente! A gente estava ensaiando toda sexta na quadra e também tinha as quartas. Ensaio com a bateria, carro de som, posso dizer que agora o rendimento está muito legal, o samba também está sendo bem aceito. Está saindo para fora da bolha, como dizem, porque as pessoas estão cantando, principalmente, o refrão e essa estrofe do ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. Vamos esperar agora a diretoria comunicar a gente também no carro de som se eles acharam que faltou alguma coisa ou querem acrescentar alguma coisa, vai dar um ‘bizu’ na gente. Já estamos preparadose a gente vai está mais preparado ainda para o desfile”, comentou o intéprete Nino do Milênio.

“Acredito que a grande sacada do samba como o Nino falou é o ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. A gente costuma falar muito que escola que quer ser campeã não escolhe dia, não escolhe horário, não escolhe tempo. A gente ensaiou sob muita chuva e fizemos um grande ensaio técnico. Nossa comunidade que não está cantando o samba, está gritando o samba. Nossa escola vai estrear com o pé direito fazendo um grande trabalho no dia 9 de fevereiro”, garantiu o cantor Matheus Gaúcho.

Evolução

Maricá evoluiu de forma tranquila e com bastante animação na avenida, sem maiores descompassos, mesmo com a pista bem molhada. Desfilantes mostrando muita garra no andamento do ensaio, e a escola manteve um ritmo constante até o final de sua
apresentação.

marica et24 27

Samba-enredo

Além do citado canto dos componentes, o samba teve uma boa sustentação por parte dos
intérpretes Nino do Milênio e Matheus Gaúcho, e teve uma agradável passagem ao longo
do ensaio técnico. O samba dos compositores Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior
Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do
Posto 7 mostrou força e foi bem cantado pelo público que estava nas grades da avenida, o
trecho que cita o nome da escola e consequentemente da cidade da mesma caiu na boca de quem assistiu ao ensaio. O refrão central com uma bonita melodia também chamou a
atenção.

“Tenho uma bateria com 230 ritmistas e eu acho que 130 nunca desfilaram na Marquês de Sapucaí. A bateria veio da Intendente Magalhães. Ela se comportou como uma bateria deve se comportar na Marquês de Sapucaí. Não vou dizer que ela já está no patamar lá de cima, não. Mas eu acho que ela chegou e conseguiu desempenhar o melhor dela e o que a gente vinha fazer nos ensaios. Agora, a gente vai ajustar uma coisinha ou outra. A chuva atrapalhou um pouquinho. Mas nada que comprometesse esse trabalho. Eu tenho certeza que até o desfile vai estar 100%”, afirmou o mestre Paulinho Esteves.

Outros destaques

A ala de passistas se apresentou muito bem vestida e com samba no pé e canto afiados,
sendo mais um ponto positivo da agremiação em seu ensaio.

Freddy Ferreira analisa baterias de Maricá, Niterói, Bangu e Ilha no ensaio técnico

Clique nos nomes das escolas para ter cada análise

UNIÃO DA ILHA
BANGU
NITERÓI
MARICÁ

freddy ferreira
Freddy Ferreira é colunista de bateria do CARNAVALESCO

Freddy Ferreira analisa a bateria da Ilha no ensaio técnico

Uma apresentação excelente da bateria da União da Ilha do Governador, comandada por mestre Marcelo Santos. Num ritmo pautado pelo equilíbrio entre os naipes e uma equalização privilegiada, nem mesmo o dilúvio torrencial tirou o ânimo dos talentosos ritmistas da União.

ilha et24 1

Foi possível perceber uma afinação de surdos extremamente acima da média na parte de trás do ritmo, que obviamente foi se modificando pela pista, já que uma chuva forte desabou de forma ininterrupta. Marcadores de primeira e segunda foram seguros e principalmente educados durante todo o ensaio. O preenchimento dos médios esteve simplesmente impressionante. Com repiques técnicos altamente coesos e um naipe de caixas de guerra com qualidade absurda, pode ser dito que o casamento musical entre os médios serviu como plataforma musical, dando base de amparo aos demais naipes.

Na parte da frente do ritmo, um naipe de tamborins de altíssimo nível tocou de forma integrada a uma ala de chocalhos soberba. O “Tamborilha” culturalmente é uma ala referência no carnaval brasileiro, mas o que tem feito o naipe de chocalhos da agremiação insulana merece uma menção pra lá de positiva. Complementando a sonoridade da cabeça da “Baterilha”, um naipe de agogôs com um ressoar metálico diferenciado esteve impecável, junto de uma boa ala de cuícas. Na primeira fila do ritmo foi possível notar ritmistas com atabaques, que inclusive se encaminhavam corredor adentro para executar bossas.

Bossas altamente musicais e profundamente eficientes foram apresentadas. Todos os arranjos se aproveitavam da melodia do samba insulano, consolidando o ritmo através das nuances. Na paradinha do refrão do meio, agogôs entravam na bateria junto dos atabaques, possibilitando um toque afro virtuoso. Já na bossa do refrão principal, atabaques tocavam com baquetas, fazendo ilusão ao toque sagrado do Aguidavi, enquanto ritmistas erguiam os braços pedindo respeito e igualdade durante a primeira passada do estribilho. Uma paradinha potente, tanto pela sonoridade, quanto pela questão energética. Provavelmente será um dos momentos de impacto positivo no aspecto da interação popular.

Uma exibição que mostrou uma “Baterilha” de mestre Marcelo pronta para ir atrás da almejada nota máxima, quiçá sonhar com premiações. Um bateria da União da Ilha que manteve o andamento cadenciado com excelência e executou suas bossas de maneira funcional. Vale mencionar positivamente a adição de atabaques, que contribuíram tanto em ritmo quanto principalmente em paradinhas, além de atrelar toques afros à sonoridade, demonstrando ser um acerto cultural em relação ao tema da Ilha.

Freddy Ferreira analisa a bateria de Bangu no ensaio técnico

Um ensaio técnico muito bom da bateria da Unidos de Bangu, sob o comando de mestre Laion. Atual ganhador do Estrela do Carnaval com a bateria “Caldeirão da Zona Oeste”, Laion e os ritmistas da CZO tiveram uma exibição que confirmou a boa fase. Um ritmo pesado e plenamente integrado à obra da agremiação de Bangu.

bangu et24 27

Na cozinha da bateria da Unidos de Bangu, uma boa afinação foi percebida, que deixava a bateria relativamente pesada, puxada num timbre mais grave. Os marcadores, tanto de primeira, quanto de segunda foram corretos e firmes durante o ensaio. Já os surdos de terceira foram os responsáveis pelo swing da parte de trás do ritmo. Que ainda contou com caixas de guerra com bom volume e repiques coesos.

Na parte da frente do ritmo, uma ala de tamborins de nítida técnica musical executou uma convenção rítmica de elevado grau de dificuldade, contribuindo com a sonoridade em um toque entrelaçado com um valioso e talentoso naipe de chocalhos. O ressoar de ambos se mostrou bastante integrado. Um naipe de agogôs correto também auxiliou no preenchimento musical da cabeça bateria, junto de cuícas seguras, que auxiliaram com valor sonoro, além de exibirem uma capa vermelha nas cores da agremiação, para proteger o couro do instrumento da chuva persistente.

Bossas atreladas ao samba-enredo foram notadas. Arranjos que se aproveitavam a todo o tempo da afinação mais pesada da bateria, gerando impacto sonoro. Numa concepção arrojada, uma paradinha na cabeça do samba simulava uma marcha, com a bateria virando para o julgador na execução, atrelando culturalmente o ritmo da Bangu ao enredo da escola. Promete ser um momento musicalmente e até energeticamente impactante no desfile oficial.

Uma apresentação contundente e consistente da bateria “Caldeirão da Zona Oeste”, de mestre Laion. Um ritmo enxuto foi exibido, contando com impacto sonoro da boa afinação de surdos e criações musicais com certo refino. Um treino que mostrou uma bateria da Unidos de Bangu praticamente pronta para o Carnaval 2024.