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Com muita chuva, São Miguel volta ao Anhembi e bateria é destaque com bossas

De volta ao Anhembi após longo período na UESP, a Unidos de São Miguel fez seu primeiro ensaio técnico neste retorno. Com o enredo “Um príncipe negro na corte dos esfarrapados”, será a primeira escola a desfilar no sábado do Grupo de Acesso II. Nesta sexta-feira ensaiou sobre muita chuva no Sambódromo do Anhembi, sendo a terceira agremiação no dia e também terceira no ciclo do carnaval de 2024. O que não amenizou nada a forte e intensa chuva durante toda a montagem da agremiação até o fim do desfile. A bateria brincou com bossas e paradinhas, foi o grande destaque, enquanto a comissão de frente que é sempre um mistério, mas tem pontos a melhorar.

Comissão de Frente

É bem verdade que nos ensaios técnicos, o primeiro quesito, a comissão de frente sempre esconde o jogo. Mas, na São Miguel vieram intensos, e com o coreógrafo ajustando marcações. Em alguns momentos teve ajustes a serem feitos na sincronia quando as linhas precisavam alinhar, teve um certo delay, mas ao longo da pista deu para sentir que foi melhorando. Pois neste começo teve essa questão de membros do lado direito, faltou sincronia com o lado esquerdo em dois momentos da coreografia, em um que faziam duas fileiras, e outra uma fileira única, todos lado a lado. No mais, teve momentos bem especiais com dois personagens que variavam com uma coroa e eram reverenciados, em um momento na saia de um deles, era aberta e frase: ‘Favela no Anhembi’. Os dançarinos vieram de dourado e com um chapéu de Águia.

SaoMiguel et Comissao 2

Mestre-sala e Porta-bandeira

Um dos quesitos que mais atuou na tranquilidade nesta estreia de ensaios técnicos foi o de casal, e não foi diferente para Pedro Trindade e Laís Andrade, que estavam vestidos de vermelho, digamos que um grená, combinando no estilo. Seguraram o passo devido a pista muito molhada, escorregadia, portanto, pouco mostraram o jogo. Em alguns momentos na hora de apresentar para as novas cabines de jurados do Anhembi, soltavam um pouco mais, apresentavam o pavilhão e faziam uma coreografia básica. Mas de modo geral, foi bem cadenciado e sem sustos com a pista.

SaoMiguel et CasalPedroLais

Harmonia

A agremiação teve momentos que estourou no canto justamente quando teve apagões da bateria, em dois momentos específicos, um com cerca de 16 minutos da apresentação, e outro na metade do ensaio. Em ambos o canto foi correspondido, principalmente em um dos trechos do refrão: “É luta, fé e amor, o povo te coroou O príncipe da preta cor” e outro momento de explosão é no refrão de cabeça: “Cheguei! Meu legado vou deixar, Negra voz que jamais se calará”. Durante o ensaio, o canto foi regular considerando a intensidade da chuva que a escola teve em sua montagem e em todo seu ensaio, foi dentro, a escola mostrou vontade e superou percalços climáticos.

Evolução

A escola veio bem compacta, as alas não eram tão cheias, e com bexigas repetindo como vieram na apresentação do Lançamento dos Sambas de 2024. O que dá um visual legal, e no geral a evolução foi bem tranquila. Veio com um contingente dentro do exigido Acesso II, e gostei da leveza dos componentes mesmo diante a chuva. Muitas pessoas alegres, cantando, dançando, mas sem deixar de seguir o ritmo, o andamento, e olha que a chuva estava bem chata realmente. O que podia atrapalhar, não atrapalhou, com isso passaram dentro do tempo com tranquilidade e leveza para encerrar seu ensaio.

SaoMiguel et Baianas

Samba-enredo

Conduzido pelo intérprete Jorginho Soares, que uma voz marcante no carnaval de São Paulo, participa da ala musical da Dragões, mas na São Miguel é a voz principal. Correspondeu em um ritmo que o samba pede, junto com sua ala musical. O samba fluiu e foi ajudado pela bateria para explodir principalmente no refrão de cabeça e do meio que tem frases de impacto. No restante do samba, seguiram na regularidade, claro, pequenos ajustes nesta parte serão importantes para trazer a comunidade mais ainda no canto, ainda que tenha sido regular.

SaoMiguel et InterpreteJorginhoSoares

Outros destaques

A bateria “Swing da Nitro” merece uma menção honrosa, ou melhor, o grande destaque do ensaio técnico da São Miguel. Mestre Wallace comandando, e mesmo em meio a chuva, vimos bossas sendo feitas, tem trechos do samba que o chocalho junto com tamborim faz uma bossa muito legal. Passaram pela pista soltando bossas, leves, e também duas paradonas que ajudaram demais a alavancar o ritmo da comunidade.

SaoMiguel et Comissao

Vale destacar o presidente Renato Buchudo que deu um discurso bem forte para a comunidade antes de entrar na pista, deu para sentir a fala do coração e impulsionando comunidade na volta ao Anhembi. Veio a frente da segunda ala no início, cantando e empurrando a escola, depois foi para outros setores, no fim do ensaio, muito tempo depois, apareceu para retirar as faixas deixadas na pista e olha que tava uma baita chuva. Ou seja, participativo.

SaoMiguel et MadrinhaIndy

A rainha Samanta Castro veio de roxo com pedras brancas, um chapéu seguindo esse ritmo. A madrinha Indy Garcez veio com um look mais ousado. E mesmo com a chuva intensa arriscaram no samba, passando com tranquilidade e leveza pela pista do Anhembi. Destaque para a ala de passistas, não era tão grande, mas com samba no pé e com uma destaque a frente delas, a chuva não atrapalhou nada e muita delas optaram por vir descalças.

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SaoMiguel et Passista 2 SaoMiguel et MestreWallace SaoMiguel et Passista SaoMiguel et RainhaSamanta SaoMiguel et Comissao1 SaoMiguel et Bateria

Apesar da forte chuva, comissão de frente se destaca em primeiro ensaio técnico da Colorado do Brás

Por Gustavo Lima e fotos de Fábio Martins

A Colorado do Brás realizou na noite de sexta-feira o seu primeiro ensaio técnico visando a preparação para o Carnaval 2024. Com muita chuva, os componentes compareceram ao Anhembi para dar o pontapé inicial. Vale destacar que novamente a agremiação fez ensaios sobre essas condições, visto que em três treinos do ano passado, dois foram chovendo. Agora, começa dessa forma também. O principal destaque da vermelho e branco foi a comissão de frente. Com grupos soltos, coreografias leves e de fácil identificação, a ala não se intimidou com as condições climáticas e se sobressaiu no teste. Com o enredo “Os encantos da raiz do Mandacaru”, a Colorado do Brás será a quinta a desfilar pelo Grupo de Acesso I.

Comissão de frente

Foi o ponto alto da escola no ensaio. Os integrantes, vestidos com diferentes fantasias, se dividiam em três grupos. O primeiro, o que gerou surpresa, era um homem e uma mulher. Tal encenação, o rapaz colocava a moça dentro de uma mala de viagem, andava por um tempo e depois ela saía para formar um par de dança com ele, sendo com muitas coreografias acrobáticas.

ColoradoDoBras et Comissao1

O segundo grupo da comissão também eram casais dançando, só que tinha a função de saudar o público, além de apresentar outras danças, como o xaxado e festa junina. E no terceiro momento, um grupo pegava chapéus de frevo para encenar dentro de um elemento alegórico. Neste quadripé, ainda havia um efeito onde os integrantes da comissão rodeavam e ficava um colorido, em uma espécie de carrossel.

Vale destacar que, apesar de toda a chuva, a ala não se intimidou e conseguiu desempenhar bem a sua função no treino.

Mestre-sala e porta-bandeira

O casal Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo, devido à forte chuva que caía e, consequentemente, a pista molhada, optou por priorizar as coreografias dentro do samba. Poucas vezes a dupla realizou o padrão giro horário e anti-horário. Na conduta do pavilhão, Jéssica obteve êxito e não deixou a bandeira enrolar. Dentro dessa estratégia adotada, o jovem casal teve um desempenho satisfatório.

ColoradoDoBras et CasalBrunoJessica

Harmonia

O canto da escola foi linear. Nem oscilou, caiu e nem teve grande evolução. Foi igual o tempo todo durante as alas. Claro que um componente ou outro deu um gás a mais. Entretanto, apesar da alta participação da comunidade no quesito, dá para notar que é algo que ainda pode evoluir, visto que a Colorado do Brás é enxergada como uma agremiação que é alegre e canta forte. Além disso, deve-se bater novamente na tecla da chuva. Talvez, tenha freado o ímpeto da comunidade e até afastado o contingente. Vale destacar o lindo canto da ala de baianas.

Evolução

Na concentração, antes da escola entrar na pista, o presidente Ka pediu para a escola ter cuidado na evolução, não queria ninguém se acidentando, pois a pista estava escorregadia. O pedido maior era para focar no canto. Contudo, o quesito foi uma grata surpresa para a agremiação, visto que houve bastante movimento nas alas, sendo componentes indo de um lado para o outro no seu devido espaço, baianas girando normalmente, passistas tendo digna performance e tudo mais. Porém, vale ressaltar que lá para o final do ensaio, já perto do setor F, algumas alas já vinham em ritmo lento. Nitidamente, eles tiraram o pé do acelerador devido a situação da chuva.

ColoradoDoBras et Colorado

Samba-enredo

O intérprete Léo do Cavaco está bem entrosado com a escola. O samba alegre, animado e que possibilita brincar na avenida, está como uma ‘mão na roda’ para o cantor da Colorado. Com sua performance, ele coloca a comunidade para cima, especialmente com os ‘cacos’ que faz, principalmente o ‘tira o pé do chão’, antes de embalar o refrão principal.

ColoradoDoBras et InterpreteLeoDoCavaco

Tal samba-enredo está na boca dos componentes do Brás e só tende a melhorar, como dito no parágrafo da harmonia, além de possibilitar bastante a parte coreografada da comunidade. Destaque para o refrão principal, que por vezes virou uma explosão com a melodia da obra.

Outros destaques

Vale destacar a bateria “Ritmo Responsa”, que está sob nova direção. O mestre Acerola de Angola fez o seu primeiro ensaio técnico com o Colorado do Brás. É um dos mestres mais bem conceituados de São Paulo, pois consegue executar rápidas mudanças por onde passa. Foi assim no Peruche, local que desfilou em 2023 e Barroca Zona Sul em carnavais anteriores. Algumas bossas foram feitas e até ‘apagão’ arriscou.

ColoradoDoBras et RainhaCamilaPrins

Destaque para a rainha de bateria Camila Prins, com uma bela fantasia recheada de penas pretas com asas.

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ColoradoDoBras et Bateria ColoradoDoBras et Ala1 ColoradoDoBras et GrupoCenico ColoradoDoBras et Comissao ColoradoDoBras et Madrinha ColoradoDoBras et PresidenteKa ColoradoDoBras et MestreAcerola ColoradoDoBras et Princesa

‘Povo pra lá de valente’ da Dom Bosco vence chuva para abrir ensaios técnicos em SP

Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

A temporada de ensaios técnicos em 2024 foi inaugurada por uma escola que estreia em uma divisão: a Dom Bosco, que pela primeira vez desfilará no Grupo de Acesso I. Nesta sexta-feira, a escola de Itaquera. Com ótimo desempenho em boa parte dos quesitos, a agremiação se adaptou muito bem à forte chuva que caiu durante toda a noite – apesar de um erro bastante pontual. O evento, que já seria considerado bastante satisfatório em condições climáticas favoráveis, pode ser considerado de ótima qualidade graças ao aguaceiro enfrentado. Com o enredo “Um causo arretado de um povo pra lá de valente…O cordel de um nordeste independente”, a azul e amarelo abrirá o pelotão em que está no dia 11 de fevereiro.

Comissão de Frente

O primeiro setor de uma escola de samba costuma ser um dos que mais sofre quando a chuva cai – e ainda mais quando ela é persistente. Não foi o que aconteceu com a Dom Bosco – ao menos na noite de sexta-feira. Com movimentos mais simples (embora rápidos), todos os componentes executaram bem a coreografia proposta, sempre em sincronia. Vale destacar também o “spoiler” dado pelos integrantes: um carrinho com vários objetos que remetem ao Nordeste – como uma sombrinha de frevo e um Sol. A trupe possuía dois homens com roupas diferentes das demais componentes, todas mulheres, que vieram com vestimentais iguais: tops e shorts azuis.

DomBosco et Comissao

Mestre-sala e Porta-bandeira

Outro quesito que costuma ser com chuvas, a adequação de Leonardo Henrique e Mariana Vieira foi bastante prudente durante todo o ensaio técnico. Sem poder executar movimentos bruscos e rápidos, ambos mostraram-se bem sincronizados na defesa do pavilhão. Engana-se, porém, quem pensa que eles não fizeram giros: com predominância no sentido horário, ambos tiveram destaque ao rodar – com velocidade bastante diminuta para impedir erros. Não foram notados erros no desfraldamento do pavilhão ou com relação a ventos.

DomBosco et Casal

Evolução

Mesmo com a chuva, a Dom Bosco veio bastante leve para o Anhembi – e isso ficava evidente na predominância de alas que não eram coreografadas ao longo da escola. Mesmo assim, a agremiação estava bastante solta: brincando, sambando e se movimentando. Mesmo com ótimo contingente de pessoas, todos os setores estavam bem organizados e aproveitando a honra de ser a primeira escola a fazer um ensaio técnico no Anhembi em 2024. Importante destacar, também, a cobrança que o staff da escola fazia aos componentes, pedindo mais canto e movimentação a todo instante. O bom desempenho no quesito pode ser visto pelo recuo de bateria: de quando os ritmistas viraram para o box até a ala seguinte ocupar totalmente o espaço à frente, foram cerca de cem segundos – tempo exíguo para movimento tão importante.

DomBosco et Componente1

Samba-enredo

Muito elogiado desde quando foi apresentado à comunidade e aos sambistas em geral, a obra teve boa aceitação na passarela e nos presentes no Sambódromo – ainda que poucos, concentrados sobretudo na Arquibancada Monumental (Setor B). O carro de som, novamente muito bem comandado por Rodrixo Xará, teve desempenho abrilhantado por Ariane Cuer e Yara Melo, que iniciaram o samba-enredo com versos musicados relativos ao enredo.

Harmonia

No seco, já daria para dizer que a escola teve bom canto ao longo de toda a passagem pelo Anhembi. Se pensarmos na persistente chuva que caiu durante todo o evento, entretanto, é justo dizer que Itaquera teve desempenho fantástico ao defender o samba-enredo da escola. Foi no quesito, entretanto, que aconteceu o único deslize da agremiação na noite: durante um dos apagões da Gloriosa, bateria muito bem comandada por mestre Bola, as duas primeiras alas da agremiação estavam em tempos diferentes do samba – quando o verso cantado por uma estava começando, a outra já estava no final. Embora houvesse o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira entre elas, tal situação não pode acontecer na noite do desfile. É importante destacar que, em todos os outros apagões dos ritmistas, o canto desritmado não foi notado – sendo, portanto, algo extremamente pontual.

DomBosco et InterpreteRodrigoXara

Outros destaques

A corte de bateria tinha três integrantes: duas mulheres e um homem. Como as arquibancadas não estavam cheias por conta da chuva, todos fizeram questão de interagir com os demais componentes da escola, incentivando-os a cantar e evoluir ainda mais.

DomBosco et RainhaMayra

Vale destacar, também, a ala das baianas já com uma saia bufada, sempre com as cores azul e amarela da escola – ainda que não fantasiadas. Também foi possível observar alguns pontos sobre alegorias: o abre-alas é bastante extenso, e traz pessoas fazendo, ao menos, dois tipos distintos de coreografia – deixando todos curiosos a respeito.

DomBosco et MadrinhaMac

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Coreógrafos da comissão de frente da Beija-Flor querem ir além de 2023

Prestes a fazer o segundo desfile desde a chegada na Beija-Flor de Nilópolis, a dupla de coreógrafos formada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon já está mais do que entrosada com a escola. Mesmo com o nervosismo da estreia, os dois responsáveis pela comissão de frente conseguiram apresentar um trabalho elogiado pela direção da agremiação e que obteve os 40 pontos dos jurados. Agora, a missão, segundo eles, é manter esse patamar e ir ainda mais além.

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Foto: Nelson Malfacini/CARNAVALESCO

“Quando mudamos de escola é um gás a mais, porque tem que suprir as expectativas. Ficamos muito felizes com o resultado e a Beija-flor também ficou. Esse segundo ano não tem jeito, a gente tem compromisso com a excelência, então nunca vamos relaxar. A gente sempre quer mais. É uma agremiação maravilhosa, com uma família que abraçou a gente e uma estrutura fora do normal. Estamos com todos os pré-requisitos preenchidos e agora só cabe a nós mesmos fazer o que deve ser feito”, garantiu Saulo Finelon, em entrevista na final de samba para 2024.

“Como o Saulo falou, foi o primeiro ano. No segundo já ficamos um pouco menos tensos. A escola tem uma estrutura incrível e nós temos todas as condições de fazer um bom carnaval. É o que estamos buscando. A comunidade nos abraçou e isso também nos deixou mais tranquilos – ficamos oito anos em uma escola. Esse carinho da comunidade faz a gente se sentir em casa. Nesse segundo ano a coisa está melhor ainda”, completou Jorge Teixeira.

Freddy Ferreira: ‘A importância dos ensaios na Sapucaí para as baterias’

Se tem uma ocasião em que ritmistas, diretores e mestres aguardam com ansiedade é o dia de levar a bateria para ensaiar na Sapucaí. Seja o treino mais reservado do setor 11 ou mesmo o ensaio técnico oficial, indiscutivelmente, se tratam de momentos preciosos para que seja avaliada a bateria e definido o norte do trabalho na reta final do pré-carnaval.

bateria
Foto: Alexandre Vidal/Divulgação Rio Carnaval

Nesses ensaios algumas coisas podem ser notadas, absorvidas e quiçá posteriormente modificadas. Por meio deles é plenamente possível avaliar se a integração musical das bossas casou com o samba pela Avenida. E, consequentemente, se a conjugação dos sons ocorre de forma equilibrada e com uma equalização de timbres que permita a apreciação total de cada detalhe do ritmo. Ainda que uma bateria ensaie na rua, a sonoridade proporcionada pela Marquês é diferenciada, devido a sua própria arquitetura e alguns detalhes musicais só podem ser conferidos por lá mesmo. É um momento próspero para refletir sobre ajustes, caso alguma dificuldade envolvendo a execução de algum naipe seja percebida.

Também acaba sendo um momento propício para acompanhar o andamento do samba e sua manutenção. Vale, inclusive, constatar se esse andamento oscila tanto na realização de bossas, quanto na retomada do ritmo. Outra atitude válida é conferir a limpeza dos naipes, buscando a fluidez rítmica. As peças leves, por causa de possuírem timbres mais agudos, normalmente são as que requerem mais atenção nessa análise, pois às vezes por mais sutil que seja uma eventual alteração, ela poderá ser benéfica para todo o ritmo, de forma geral. Por mais árduo que seja, refletir de forma minuciosa pode sim representar uma avaliação musical positiva, contribuindo para a almejada nota máxima.

Outro detalhe que poucos avaliam ou mesmo notam diz respeito às cordas do carro de som. Sabemos da qualidade indiscutível de inúmeros músicos do nosso Carnaval. Entretanto, a criação rítmica precisa e merece ser respeitada, evitando assim ser encoberta por violões e cavacos que, por vezes, tentam repetir o que determinados naipes fazem.

Claro que algumas nuances musicais são pra lá de benéficas, desde que não impossibilitem a assimilação rítmica total dos arranjos da bateria. Se as cordas não estão contribuindo nas paradinhas ao fazer coisa a mais, tocam por cima das bossas impedindo a audição plena ou mesmo estão de certa forma “sujando” o arranjo musical é primordial que seja reavaliado e principalmente corrigido. Ensaios da Sapucaí são os momentos mais pertinentes para esse tipo de análise.

Outra boa oportunidade que esses treinos já no campo de jogo oferecem é a possibilidade de conferir o impacto da interação popular com o ritmo e com as paradinhas. O quanto os arranjos musicais propostos para o Carnaval balançam o público e permitem que a experiência sensorial provocada cative a plateia. Ainda que não seja critério de julgamento, bateria de escola de samba gosta demais de dar espetáculo, faz parte da cultura rítmica carioca, portanto, a busca invariável pelo sacode.

Uma coisa incompreensível é um som extremamente alto num ensaio de bateria no setor 11. São treinos nos dias de semana, sem presença maciça de público, cuja função principal é poder avaliar o ritmo. Colocar um volume elevado dificulta a percepção musical de todos os naipes da bateria. É praticamente jogar aquele ensaio importante fora colocar um carro de som estridente, devido ao volume excessivo, num dia que a bateria é o foco principal do treino. É preciso tomar cuidado com essa questão e assim maximizar o potencial de evolução e crescimento de um treino com caráter diferenciado.

Sejam em escolas de grupo Especial ou de Acesso, os ensaios de ritmos na Sapucaí são os que têm maior quórum. No caso do Acesso, inclusive, são praticamente os únicos de bateria verdadeiramente cheia para a maioria das agremiações. Sendo assim, é possível afirmar que culturalmente o técnico na Avenida é o ensaio mais importante para qualquer bateria de escola de samba.

Sua importância vem junto com um temor cada vez mais crescente entre as baterias, o do pré-julgamento. Quanto um erro de um ritmo no ensaio técnico impacta ao tendenciar a avaliação dos jurados no Carnaval? Inicialmente, soa particularmente injusto que qualquer bateria seja julgada por causa de algo ocorrido em um ensaio. Ensaio é onde eventuais erros ocorrem. Vale mencionar que os treinos existem exatamente para que através dos equívocos, as correções sejam devidamente realizadas. Carnaval é na Avenida e Ritmo de Bateria deve ser julgado pelo ocorre na pista, no dia do desfile oficial.

Viradouro reforça time de musas com Jammily Marques

Carioca, 20 anos, nascida e criada no subúrbio, sambista, atriz e integrante do casting da Ford Models, Jamilly Marques é a nova musa da Unidos do Viradouro.

musa viradouro
Foto: Marina Sampaio/Divulgação Viradouro

A ligação da beldade com o universo das escolas de samba começou aos sete anos de idade quando, levada pelos pais, conheceu as quadras do Império Serrano e da Portela. Foi na agremiação da Serrinha, inclusive, que ela estreou na Sapucaí como componente da ala das crianças e onde ocupa, desde 2022, o posto de Musa da Comunidade.

Jamilly vai se unir ao time de musas da escola de Niterói, formado por Lore Improta, Bellinha Delfim, Carolina Macharethe e Thays Busson. A mais nova componente da Família Viradouro conta que foi surpreendida com o convite da Viradouro.

“Quando o Marcelinho (Calil, ex-presidente e atual diretor-executivo) formalizou o convite, assim que terminamos de conversar, imediatamente me visualizei nos ensaios de quadra e de rua, riscando o asfalto da Amaral Peixoto. Fiquei muito honrada em ter a oportunidade de fazer parte dessa escola que tem um elenco tão potente. Agradeço muito aos meus ancestrais, a Bessen, e a todos que vieram antes de mim, abrindo o caminho pra eu chegar até aqui”.

A apresentação oficial de Jamilly na Viradouro será no ensaio de quadra do próximo dia 16.

Sob chuva, comunidade canta forte e é destaque de mais um ensaio de rua da Mangueira

Nem a chuva desanimou a comunidade. O ensaio de rua da Estação Primeira de Mangueira, na noite de quinta-feira, foi marcado pela força do canto da escola. O chão Verde e Rosa transformou o bairro em uma grande Passarela do Samba. Agora, a agremiação busca se aperfeiçoar para chegar com o pé direito no ensaio técnico da Marquês de Sapucaí, no dia 28 de janeiro.

O treino ainda contou com a presença da comissão de frente e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Oliverio e Cintya Santos. De acordo com a diretoria da agremiação, a escola estará completa em todos os ensaios de rua. Um dos diretores de carnaval da escola, Junior Cabeça contou que a avaliação da diretoria é que este foi o melhor ensaio da temporada. Para ele, o canto da comunidade e o bom samba são os destaques do pré-carnaval mangueirense.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

“Em comum acordo com a direção achamos que esse foi o melhor ensaio da temporada, mesmo debaixo de chuva. Foi um ensaio importante. A comunidade cantou bastante e conseguimos fazer tudo o que estava programado – comissão de frente no ensaio, primeiro casal também. A parte técnica foi colocada em prova e, graças a Deus, foi o melhor ensaio de todos até agora. Agora é só acertar o canto – que já está perfeito – e o andamento da escola para brigarmos por este carnaval. A comunidade da Mangueira é sempre o ponto alto do nosso ensaio”, afirmou o diretor de carnaval.

Neste ano, a Mangueira vai levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “A Negra Voz do Amanhã”, dos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon, e será a quarta agremiação a desfilar na segunda-feira de carnaval.

Comissão de Frente

No ensaio desta quinta-feira, a comissão de frente comandada pelos coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dantas levou cerca de 13 integrantes. O grupo apresentou uma coreografia bastante avançada e entrosada para o treino. Segundo Lucas, cerca de 28 pessoas estão envolvidas no projeto.

Mestre-sala e Porta-bandeira

Conhecidos como “casal furacão”, Matheus Oliverio e Cintya Santos fazem jus ao apelido. A dupla de mestre-sala e porta-bandeira mostrou muita conexão, carisma e desenvoltura. Cintya, como sempre, mostrou seu domínio e força nos giros, enquanto Matheus deu um show à parte com seus passos. Nem o asfalto molhado foi capaz de atrapalhar o primeiro casal mangueirense.

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Fotos: Raphael Lacerda/CARNAVALESCO

Harmonia

Por mais uma vez a harmonia Verde e Rosa foi um caso à parte. Cantar forte é a especialidade do chão da Mangueira e no treino desta quinta-feira não poderia ser diferente. Na verdade, até foi: a comunidade se superou e cantou ainda mais forte. Nem mesmo a chuva desanimou os componentes, que cantaram cada verso do samba com muita alegria e força. Os trechos “ê bumba meu boi!//ê boi de tradição!//tem que respeitar maracanã//que faz tremer o chão” e “Mangueira! de Neuma e Zica//dos versos de Hélio que honraram meu nome//levo a arte como dom// um brasil em tom marrom que herdei de Alcione”, eram os ápices do samba e a comunidade cantava ainda mais forte. Se depender do componente, o show na Marquês de Sapucaí será incrível.

Para Helton Dias, vice-presidente de harmonia da escola, a tendência é de evolução a cada ensaio, em busca da perfeição. Agora, a equipe tenta acertar pequenos detalhes para o ensaio técnico da Marquês de Sapucaí. Ele destacou o desempenho da comunidade e da bateria.

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“Foi mais um dia para aprimorar o que erramos no último ensaio, para fazer uma boa exibição no nosso ensaio técnico e preparar um bom desfile. Foi um ensaio espetacular, onde conseguimos alcançar o objetivo que conversamos na reunião da semana. A comunidade cantou muito e a bateria está fazendo algumas bossas e está valorizando muito (o samba). A gente tem que estar preparado para tudo. A chuva é também um teste e dá um combustível para a sustentação do canto. Foi um ensaio muito positivo”, comentou Helton.

Evolução

O ensaio começou por volta de 20h40 e teve cerca de uma hora de duração. Alegres, os componentes puderam evoluir com calma e brincaram carnaval. Algumas alas destacavam-se pela alegria somada ao canto forte, como a ala 23. Em poucas alas há a necessidade de treinar para manter o ritmo e a boa evolução durante toda a avenida – algo que ainda há bastante tempo para acertar. No geral, a escola deu show em mais um ensaio de rua.

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Samba

O carro de som comandado pelos intérpretes Dowglas Diniz e Marquinho Art’Samba levantou o samba-enredo de maneira absurdamente perfeita. O entrosamento e o talento da equipe levanta o astral do ensaio de rua e fortalece ainda mais o canto da comunidade. Como sempre, os mangueirenses abraçaram a obra, e mostram a cada ensaio que podem fazer ainda melhor. A força do chão Verde e Rosa somada ao talento do carro de som têm tudo para resultar em um espetáculo na Marquês de Sapucaí. O ensaio técnico será o grande termômetro.

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Assim como outros componentes da agremiação, Dowglas considerou que o treino desta quinta foi o melhor da temporada. Para ele, a equipe conseguiu colocar em prática o que planeja levar para a Avenida, e acredita que o bom desempenho do canto da comunidade é fruto de um grande samba.

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“Nós conseguimos achar o andamento certo junto com a bateria e o carro de som. Foi um ensaio modelo. O carro de som está bastante entrosado, graças a Deus. É a questão do trabalho junto com a direção de bateria. Estamos realizando quatro ensaios por semana, os mestres de bateria acompanham o ensaio do carro de som e nós acompanhamos o ensaio da bateria. Isso torna o entrosamento mais fácil. A Mangueira tem um samba maravilhoso, que nos deixa confortáveis para cantar e que toca no coração de cada mangueirense. Eleva a alma e faz o componente cantar com garra e emoção. Tem tudo para o samba ‘acontecer’ na Avenida”, afirma o intérprete.

Outros destaques

Apesar da chuva, a bateria da Mangueira mostrou estar preparada para qualquer cenário. Afinal, chuva também é uma possibilidade para o grande dia na Passarela do Samba. Para o mestre Taranta Neto, que comanda a bateria junto com Rodrigo Explosão, o carnaval Verde e Rosa deste ano pede um trabalho mais musical. Até o ensaio técnico, a expectativa é que os ritmistas estejam praticamente prontos para o desfile oficial.

“Quando cai a chuva cai, atrapalha, mas também ajuda. É uma forma da gente se preparar – ver como vai ressoar a afinação junto com o plástico. A chuva não estragou tanto o couro. É claro que a afinação cai muito, mas acredito que a gente conseguiu se dar bem e os diretores conseguiram reafinar os surdos. Acredito que neste ano estamos com um trabalho mais musical do que o ano passado. Como estamos falando do Maranhão e da Alcione, isso pediu um trabalho mais musical. Tenho certeza que conseguimos acertar nisso. Acredito que até o ensaio técnico vamos chegar prontos em pelo menos 95%”, comentou Taranta Neto.

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Outro destaque na bateria mangueirense é a presença feminina. Neste ano, cerca de 37 mulheres compõem a equipe de ritmistas. Destas, 18 vão à frente da bateria sob o comando do xequerê. Segundo o mestre Rodrigo Explosão, a ideia foi baseada nas mulheres do “Bumba meu boi”, tradicional festa popular do Maranhão. As ritmistas também levarão um pouco de coreografia e gingado para a bateria da escola.

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“Elas trouxeram um brilho a mais para a bateria. No ano passado, vieram atrás do ganzá. Mas elas têm uma desenvoltura muito boa e a gente sempre foi aquela bateria mais ‘fechada’. Neste ano, tentamos inovar. Elas estão até colocando a gente para dançar (risos). Trouxeram uma alegria que estávamos precisando – passar e transmitir felicidade. A gente é uma bateria que é muito séria, e todo mundo que é mais antigo já traz essa tradição. Precisamos mudar um pouco. A bateria abraçou, ainda mais sendo um enredo da Alcione – nada melhor do que as mulheres representando na frente”, contou Rodrigo Explosão.

Comunidade da Tijuca mostra força em um grande ensaio de Harmonia e Evolução

A Unidos da Tijuca está mordida e quer mostrar que não vem para ser coadjuvante no próximo desfile. Antes do ensaio desta quinta-feira, os componentes se reuniram na quadra da escola, onde receberam palavras de incentivo da direção de carnaval. Com esse gás, todos rumaram para a rua D1, local do treino, que começou por volta das 22h. Demonstrando muita força e animação, a escola fez um ótimo ensaio, com destaque para o canto da comunidade e a para a evolução muito correta. A bateria, de mestre Casagrande, segue mostrando toda sua qualidade na sustentação do ritmo, permitindo que o samba tenha um excelente rendimento, em conjunto ao intérprete Ito Melodia, um dos melhores da atualidade, e seus cantores de apoio.

“Nosso carnaval está praticamente pronto. Foi uma semana de muito trabalho. Evoluímos bastante e agora temos todas as fantasias finalizadas. As alegorias estão 99% prontas. O abre-alas já está ensacado. Digo com certeza que é um carnaval muito bonito, de alto nível, para brigar pelo título. Então, a nossa comunidade tem que acreditar nisso e mostrar já no ensaio técnico e também no desfile que vamos lutar por esse campeonato”, disse o diretor de carnaval Marquinho Marino.

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Fotos: Rafael Soares/CARNAVALESCO

No carnaval de 2024, a Unidos da Tijuca levará para a avenida o enredo “O Conto de Fados”, de autoria do experiente carnavalesco Alexandre Louzada, abordando as lendas de Portugal. A escola será a quinta a desfilar no domingo de carnaval.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O ensaio desta quinta-feira não teve a participação da equipe de comissão de frente. Então, coube ao primeiro casal da escola, Matheus André e Lucinha Nobre, abrir o treino. Mesmo sendo o primeiro ano de parceria, a dupla já mostra um bom entrosamento. Lucinha desfilou toda sua segurança e experiência ao usar muito bem sua técnica. Sempre exibindo sorriso e leveza, ela deu mais tranquilidade para que Matheus pudesse mostrar seu bailado e elegância. A dança dos dois possui elementos tradicionais mesclados com alguns passos marcados de acordo com o samba. Em certos momentos, a dupla parece estar dançando um fado, o que confere muita originalidade ao número.

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Harmonia

O desempenho de canto dos componentes da Unidos da Tijuca está cada vez melhor. Foi fácil perceber que todos sabiam o samba completo. Todas as alas passaram cantando em um ótimo volume, gerando um conjunto muito forte. Os pontos altos de harmonia são os dois refrões da obra musical. Enquanto o refrão principal foi cantado com bastante potência, o refrão de meio foi entoado com muita animação e irreverência, conferindo uma harmonia diferenciada para a escola.

“Eu falo que ninguém pode querer mais que a gente. Sei que a comunidade consegue desfilar muito bem e tem consciência disso. Mas nós da direção de carnaval e de harmonia vamos fazer de tudo para que nosso canto e garra sejam as melhores possíveis no dia do desfile. Tudo fica mais fácil quando estamos todos juntos”, falou o diretor de carnaval Marquinho Marino.

Evolução

Quem sabe não esquece. A Tijuca mostrou que consegue desfilar com muita segurança e potência. O ritmo do ensaio foi bastante correto, sem qualquer tipo de lentidão ou correria. Também não se viu nenhum buraco aberto entre as alas. Porém, o que mais chamou a atenção nesse quesito foi a animação e espontaneidade dos componentes. Todos se mostraram muito alegres em desfilar cantando esse samba, interagindo em diversos momentos da obra. Algumas alas coreografadas também se fizeram presentes, formando um conjunto ainda mais interessante para a agremiação.

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Samba-enredo

Muito criticado desde o momento da sua escolha, o samba escolhido pela Unidos da Tijuca, de autoria de Claudio Russo e parceiros, vem mostrando evolução ao longo dos ensaios, e parece estar perto de chegar ao ápice de rendimento. Mesmo que a letra tenha momentos não tão inspirados, a melodia impulsiona bastante o canto por conta de suas variações. Um dos responsáveis por esse crescimento do samba certamente é o intérprete Ito Melodia, que segue dando um show de animação e energia, contagiando toda a escola. Como de costume, a bateria comandada pelo mestre Casagrande deu uma aula de cadência, sustentando muito bem o samba para que os componentes pudessem cantar e evoluir perfeitamente. As bossas são oportunas e bem encaixadas na obra musical, impulsionando ainda mais os desfilantes.

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“Essa bateria realmente é um caso à parte na minha vida. Sabemos que temos uma margem de erro para o domingo no ensaio técnico, mas a gente está pronto. Ensaiamos muito nessa semana, com bastante conversa entre os ritmistas. Hoje, cerca de 90% da bateria veio e ensaiou. Isso é importante. Não vou dizer que será perfeito, porque é difícil chegar na perfeição. Mas acredito que estamos prontos, a palavra certa é essa”, avaliou o mestre Casagrande.

Outros destaques

O mestre Casagrande fez questão de falar com sua comunidade antes do ensaio, se mostrando muito satisfeito com o trabalho de barracão da escola e passando muita garra para os componentes.

“Nos últimos anos da Unidos da Tijuca, eu nunca vi um barracão tão organizado. Agradeço demais ao Marino pela organização e pela compreensão. A nossa roupa de bateria já está pronta há mais de 30 dias. Está ensacada. Se a gente quisesse entregar amanhã, entregaríamos. A roupa das baianas já está entregue. Abre-alas já está envelopado. Então, no domingo a gente vai lá para mostrar porque a Unidos da Tijuca é gigante. Vamos mostrar porque fazemos parte dessa escola”, disse o mestre.

Outro destaque foi o time de musas da Unidos da Tijuca e a rainha de bateria Lexa. Todas elas se fizeram presentes, mostrando dedicação à escola. Com bastante samba no pé e animação, elas deram um brilho ainda mais especial ao ensaio.

Luiz Guimarães, presidente da Vila Isabel: ‘Nosso diferencial é ter uma equipe muito forte para defender os nove quesitos’

A Unidos de Vila Isabel certamente é uma das maiores escolas de samba do carnaval. Após o campeonato de 2013, a branca e azul do bairro de Noel passou por um período de grande instabilidade, com diversas trocas de mandatários e crise financeira. A partir de 2019, a agremiação voltou a se estabilizar. Mas foi com a entrada de Luiz Guimarães, filho de Capitão Guimarães, na presidência da escola em 2022, que a Vila se fortaleceu e tornou a disputar o carnaval na ponta da tabela. No ano de 2023, fez um grande desfile, muito elogiado pela excelência nos quesitos e pela forma mais solta de brincar o carnaval. O título foi disputado décimo a décimo com Imperatriz e Viradouro, mas não veio por pouco. Quem assiste aos ensaios da escola no Boulevard 28 de Setembro, nas noites de quarta-feira, consegue verificar que a Vila segue mordida e virá com muita força para brigar pelo tão sonhado quarto campeonato.

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Foto: Rafael Soares/CARNAVALESCO

Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente falou sobre a expectativa dele para o carnaval de 2024 da Vila Isabel e o resultado que pode ser alcançado.

“A expectativa é muito grande. Dá para ver no ensaio. Comunidade toda cantando. Todo mundo entendendo o que significa essa reedição para a gente. Significa acreditar que o título é possível. Então, temos uma comunidade feliz, uma escola aguerrida, uma escola sonhando alto. E não tem como ser diferente. A gente vai brigar. Nosso pensamento sempre vai ser brigar nas alturas. Se Deus quiser, vai dar tudo certo”.

Mais uma vez, o renomado e multicampeão carnavalesco Paulo Barros assinará um desfile da Vila Isabel. Será o quarto trabalho de Paulo na escola, sendo o segundo em sequência. No ano passado, o artista mostrou mais um grande espetáculo na Sapucaí, sendo muito elogiado pela inventividade e beleza das alegorias e fantasias. O carro que trazia um São Jorge todo estilizado foi tão marcante que virou peça de decoração na Cidade do Samba. O presidente Luiz falou sobre o que o público pode esperar do próximo carnaval de Paulo Barros.

“As pessoas podem esperar mais um trabalho de muita criatividade. Obviamente, sem perder a essência do enredo, que é fundamental. A gente conversa muito. Vamos buscando orientar dentro do possível. Mas também temos que deixar o artista criar. O poder de criação dele é algo inexplicável. Às vezes, a gente olha um carro e parece que ele está cru ainda. Mas, de um dia para o outro, ele se transforma. O carnaval do Paulo é assim. É o inesperado. O público sempre aguardando mais um carro dele entrar na avenida, mostrando algo de diferente. A gente viu no ano passado vários carros geniais dele. O São Jorge foi memorável. E esse ano não será diferente. A gente virá com um conjunto de alegorias bem diversificado, muito rico e acreditando muito no trabalho novamente”.

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Pelo teor do enredo “Gbalá”, que deposita nas crianças a esperança de um mundo melhor, é esperada a presença de um grande contingente de meninos e meninas ao longo do desfile. Apesar da preocupação de alguns, o presidente da Vila confirmou que o carnaval da escola terá muitas crianças, em diversos momentos e com diferentes conotações.

“É um carnaval repleto de crianças. Obviamente, o nosso enredo pede. A mensagem final é passada através das crianças. Então, é um desfile que tem muitas crianças em diversos momentos. Desde a comissão de frente até o último carro. São várias inserções. Algumas serão mais para o lado emocional, outras serão mais pela representatividade das crianças em si dentro do enredo”.

Nas últimas semanas, muitos comentários começaram a ser feitos no mundo do samba sobre um possível atraso nos trabalhos de barracão da Vila Isabel. Isso se deu após algumas fotos de alegorias da escola aparecerem nas redes sociais no momento em que estavam sendo manobradas para fora do barracão. O presidente da Vila afirma não dar importância para esse tipo de comentário e se mostra muito seguro sobre o andamento do trabalho e o que será apresentado no desfile.

“A gente vai mostrar no dia 12 de fevereiro. Vamos deixar falar quem quiser falar. O nosso carnaval é grande. A gente não está fazendo carnaval só no nosso barracão. Também estamos fazendo no barracão da Estácio. Estamos fazendo duas alegorias lá, pelo volume e tamanho do nosso carnaval. A gente vai continuar fazendo o trabalho da mesma forma que viemos fazendo ao longo das últimas administrações. Um carnaval imponente, um carnaval rico dentro do possível e do que o enredo pede. E a gente vai mostrar novamente o nosso trabalho. A nossa resposta tem que ser no desfile”.

A equipe da Vila Isabel é tida por muitos como uma das melhores entre todas as escolas do Grupo Especial. Fartos elogios são feitos aos profissionais, principalmente ao intérprete principal Tinga e ao mestre de bateria Macaco Branco. O presidente da agremiação comentou sobre esse entrosamento de seu time, além de dizer o que considera ser o diferencial da escola:

“Um conjunto que não poderia ser melhor. O Tinga e o Macaco Branco têm uma troca e uma conexão muito profunda. Deu super certo na Vila Isabel. A gente vem de ótimos resultados nos quesitos que cada um representa. É um carro de som perfeito, uma bateria tecnicamente excelente, do mais alto nível. E a gente defende quesito. Esse é o nosso diferencial. A gente entende que consegue defender os nove quesitos muito bem. No carnaval, o nível está muito elevado. Será novamente no detalhe. Então, a gente tem que fazer carnaval. Temos uma equipe maravilhosa. Toda ela é de excelência”.